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Modelagem de Processos Prof. Me. Agnaldo Antônio dos Santos SUMÁRIO BLOCO 1. PROCESSOS E ORGANIZAÇÕES ......................................................................... 3 BLOCO 2. INTRODUÇÃO A MODELAGEM DE PROCESSOS .............................................. 13 BLOCO 3. FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE PROCESSOS ................................................. 31 BLOCO 4. MODELAGEM DE PROCESSOS ........................................................................ 44 BLOCO 5. ANÁLISE E OTIMIZAÇÃO DE PROCESSOS ........................................................ 63 BLOCO 6. AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS ........................................................................ 79 MODELAGEM DE PROCESSOS BLOCO 1. PROCESSOS E ORGANIZAÇÕES Você já teve curiosidade em entender como os processos acontecem? Os processos nos remetem a uma série de eventos que ocorrem nas empresas. Mas, o que significa a palavra “processo” e o que significa a palavra “organização”? Processos são atividades repetidas e de longa duração. Segundo o dicionário Aurélio (2002), processo é o “modo por que se realiza ou executa uma coisa; método, técnica. Já organizações são as empresas de modo organizado, em uma formação estrutural de um sistema de empresas e com um objetivo definido”. Por isso, neste bloco, você terá a oportunidade de conhecer as origens, a relação e a evolução dos processos e das organizações. 1.1. Organizações e seus modelos As organizações continuam vivas em funcionamento, convivem com constantes mudanças e, cada vez mais, com desafios complexos e de rápidas transformações. Organizações, como a conhecemos hoje, existem após a Revolução Industrial (entre os séculos XVIII e XIX). Antes de falar em modelos organizacionais, é importante apresentar a definição de organização: Organização são duas ou mais pessoas trabalhando juntas e de modo estruturado para alcançar um objetivo específico ou um conjunto de objetivos (STONER; FREEMAN, 1999). As organizações são entidades sociais que são dirigidas por metas e são desenhadas como sistemas de atividades deliberadamente estruturados e coordenados e são ligadas ao ambiente externo. (DAFT, 2002, p. 11) As organizações ajudam a transformar a sociedade, através de recursos para realizar serviços específicos ou para produzem mercadorias, em formas facilitadas para chegar até o seu cliente. Algumas organizações atuam com diversidades de produtos e serviços, nos diversos lugares do mundo, assim globalizados, ou localmente reconhecidas pela sua especificidade. Organizações são bem aceitas pela sociedade, que está cada vez mais seletivo, quando atuam com ética e responsabilidade social, preocupando-se e tendo boas relações com seus funcionários, fornecedores e investidores, buscando atingir suas metas organizacionais (DAFT, 2002). Segundo Stoner e Freeman (1999), as organizações: servem à sociedade; realizam objetivos; preservam o conhecimento; proporcionam carreiras. Sendo assim, através da organização do seu administrador, as organizações acompanham se atingirão suas metas e objetivos, se irão prosperar ou não, através do seu desempenho gerencial e organizacional, avaliando se seus administradores e as organizações estão fazendo certo as coisas (eficiência) e fazendo as coisas certas (eficácia). As empresas possuem dois modelos: mecanicista e orgânica. Empresas de modelo mecanicista são baseadas nas teorias clássicas e científicas da administração, apresentadas por Taylor, Fayol e Weber. Aqui cabe ressaltar que essa é uma das escolas do pensamento que contribuiu para a compreensão das organizações e suas características são aumentar a produtividade e a eficiência dos trabalhadores, determinando os métodos para a realização das tarefas para selecionar, treinar e motivar os trabalhadores (STONER; FREEMAN, 1999). Empresas de modelo orgânica são baseadas na escola comportamental, onde as pessoas formam a organização, e a escola clássica não proporcionou os resultados esperados. Houve uma quebra de paradigma, com a união de estudiosos da administração com formação em outras áreas de ciências sociais humanas, como por exemplo, a sociologia e psicologia, com o objetivo de entender a eficácia das relações humanas. As empresas de modelo mecanicista são adequadas às condições ambientais estáveis, enquanto que as empresas de modelo orgânica possuem condições ambientais dinâmicas, tendo como característica o mínimo de burocracia, hierarquia e especializações, formalidade e impessoalidade. Há uma importância maior nas pessoas em empresas de modelos orgânicas, embora seus processos funcionem de maneira eficaz, criam uma dependência entre as pessoas na sua atuação. Não é certo dizer que um modelo é melhor ou pior que outro modelo, mas que há empresas que preferem atuar utilizando um modelo em detrimento de outro em razão da facilidade de sua adaptação a esse modelo escolhido. Na próxima seção, será detalhado sobre os sistemas abertos e fechados relacionados com duas abordagens: funcional e processos. 1.2. Abordagens: Funcional x Processos Novas abordagens foram desenvolvidas, depois das teorias clássicas, onde a organização é visualizada como um sistema unificado de um ambiente interno e externo, com uma maior sinergia entre seus departamentos (comercial, financeiro, técnico, administração, entre outros). Uma das formas que as organizações se organizam é a criação de departamentos funcionais, que são atividades desenvolvidas por pessoas especializadas, que possuem tarefas similares e que buscam ações de inter-relações. As vantagens são a economia de escala e o compartilhamento de instalações e de conhecimento. Já uma desvantagem é a demora na adaptação e ruptura cultural. As inter-relações ocorrem através de suas operações e de suas entregas (produtos e/ou serviços). Tabela 1 ‒ Diferenças entre abordagem funcional x processos Característica Abordagem Funcional Abordagem por Processos Foco Principal Dirigente Cliente Relações diretas Níveis de comando Cliente/fornecedor Processo Decisório Dirigentes Participantes Direção das decisões Via Hierárquica Via Processos Estilo gerencial Centralizado Participativo Visão da organização Parcial Abrangente Responsabilidades Centrada Compartilhada Fonte: FNQ (2017) As organizações escolhem se preferem ou não ter uma interação com o seu ambiente (sistemas abertos e fechados), que dependem da variação de intensidade e de sua flexibilidade com novas situações e com o ambiente que convive (meio ambiente, economia, globalização, entre outros fatores). As organizações com abordagem funcional têm características de empresas que não preferem ter interação com o seu ambiente, tendo suas tarefas fragmentadas, muitas vezes, individuais, não se importando com os clientes. As organizações com abordagem por processos buscam atender os seus clientes, pois são as atividades exclusivas que possuem entradas (de insumos ou mão de obra), saídas (produtos e/ou serviços entregues) e que podem ser medidos, avaliados e gerenciados, possibilitando a manter a eficiência e eficácia da organização, ou seja, há uma preocupação na melhoria contínua dos processos. Enquanto as organizações com abordagem funcional estão com suas tarefas mais rígidas, as organizações com abordagem por processo apresentam dúvidas na condução dos processos, hierarquia, coordenação, avaliação de desempenho e desenvolvimento das pessoas. 1.3. Processos em Empresas Privadas e Públicas As empresas privadas, como a conhecemos hoje, possuem processos complexos, as empresas públicas também a possuem. Os processos e estratégias das empresas públicas são bem definidos e aplicados pela gestão pública, porém, direcionados para obem comum do desenvolvimento econômico e social dos indivíduos e organizações de uma sociedade. As empresas privadas “determinam suas ações e seus objetivos” traçados pelos seus acionistas e proprietários, já as empresas públicas são possuídas pelos Estados, pelos indivíduos e pelo “tesouro comum” (BARBOSA, 1978). Por definição da Lei 13.303/16, empresa pública é uma entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios (admite a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno bem como de entidades da administração indireta). Tabela 2 ‒ Comparação entre Empresas Privadas e Empresas Públicas Empresas Privadas Empresas Públicas Busca a geração de lucro para os proprietários Busca o bem-estar da sociedade e coletividade Princípios e valores são construídos sob a vontade do proprietário Deve seguir princípios constitucionais: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência Recursos são particulares Recursos públicos Recursos podem ser utilizados sob a vontade do proprietário Recursos devem ser empregados para o bem- estar coletivo A prestação de contas só é pública se a empresa é de sociedade anônima, as demais, não é obrigatório A prestação de contas é pública Fonte: adaptado pelo autor Dividem-se em empresas públicas, cujo capital social é detido exclusivamente pelo Estado, e sociedades de economia mista, que, embora tenham um ente federativo como acionista controlador, também contam com capital privado em sua composição acionária. As empresas públicas e as empresas de economia mista têm atuação destacada em setores-chave da economia brasileira – como o financeiro e o de infraestrutura – e impactam significativamente a produtividade e a competividade da indústria, assim como a qualidade de vida da população. Constata-se que as administrações públicas se tornaram mais empresariais, menos onerosas e, em geral, mais eficientes. As fronteiras — entre os órgãos públicos e os cidadãos, entre os setores público e privado — de fato receberam novos contornos, com base na privatização e na terceirização. As estruturas de controle e a natureza institucional das empresas de economia mista, porém, tornam mais complexa os seus processos, já que estão sujeitas a interesses potencialmente divergentes entre si: os de seu controlador imediato, o Estado, e do governo em exercício que o representa; os da sociedade civil, no atendimento com qualidade e eficiência às suas demandas; “e os dos sócios privados, cujas expectativas de retorno financeiro nem sempre condizem com a finalidade pública de uma empresa pública ou de economia mista” (IBGC, 2015). Independentemente de ser uma empresa privada ou empresa pública, o que essas empresas possuem são processos hierárquicos, com divisões de trabalho bem definidos, tornando suas atividades previsíveis e produtíveis. Chama-se essa definição de burocracia, teoria desenvolvida pelo sociólogo Max Weber, que viveu entre 1864 e 1920, contemporâneo de Fayol (STONER; FREEMAN, 1999). Hoje, as empresas públicas estão mais presas aos seus processos burocráticos que as empresas privadas, que possuem maior flexibilização e inovação nos seus processos. Empresas públicas seguem processos mais autoritários e menos democráticos, sem aperfeiçoar seus controles (BARBOSA, 1978). 1.4. Ruptura Cultural para Implantação de Processos A implantação de processos requer, em alguns casos, a ruptura cultural de processos anteriormente definidos, inclusive, alguns processos são implantados em detrimento de outros. Se as empresas públicas são menos flexíveis nos seus processos, as empresas privadas são mais propensas a mudanças e atentas ao ambiente que convivem. Cada vez mais, as empresas privadas necessitam de fluidez nos seus processos, ou seja, necessitam de processos menos burocráticos e autoritários e mais democráticos. Mudanças requerem cuidado com as pessoas da organização, principalmente com a cultura e com os valores, pois há uma alteração nos processos e na maneira de realizar negócios. As características são alteradas para implantar ou adaptar os processos. Em algumas etapas, inclusive, há necessidade de absorver a inclusão de mais pessoas, ou seja, aumentar a equipe para alcançar o sucesso da implantação do processo. Com a globalização dos mercados e a ascensão de países menos desenvolvidos, as empresas privadas passaram a atuar como organizações que mais se parecem como nações, tendo que conviver com realidades diferentes e, às vezes, adversas ao que foi proposto em sua concepção. Essa “conquista de novos mercados” necessita de uma busca contínua na adaptação e melhoria dos seus processos, algumas vezes, abruptamente rompendo sinergias, fluxos, burocracia, valores e culturas construídos desde a fundação da empresa. Ora os processos existentes são simplesmente adaptados, ora são modificados completamente, dando novas expertises e tornando as empresas privadas detentoras de novos conhecimentos. A quebra de paradigma é ter processos cada vez mais flexíveis, adaptáveis ao ambiente que as organizações pretendem atuar. 1.5. Inovações e Tendências em Processos para TI Na definição de inovação, segundo o Aurélio (FERREIRA, 2002) é o ato ou efeito de inovar; novidade. E a definição de inovar é renovar, introduzir novidade. Há uma série de ferramentas e práticas que tem a atribuição de auxiliar no aumento da competitividade, agilidade, estabilidade e escalabilidade e podem impactar na atuação de pessoas e grupos de trabalho. Então, tratar de inteligência artificial, big data, realidade virtual ou aumentada, internet das coisas e cloud computing são assuntos que podem impactar em mudanças dos processos das organizações, principalmente para a modernidade das organizações com o uso da tecnologia da informação. SAIBA MAIS A Associação Brasileira de Empresas de Software (ABES) publica anualmente um relatório de previsões, panorama e tendências do mercado brasileiro de software. Web: Mercado Brasileiro de Software: panorama e tendências (2017). Disponível em: <http://www.assespropr.org.br/wp-content/uploads/2018/03/ABES- Publicacao-Mercado-2017.pdf>. Acesso em: Mar. 2019. As organizações precisam preparar sua infraestrutura e recursos humanos para ganhar força, comportar os novos processos, armazenamento e troca de informações, desenvolver novas aplicações em ambientes digitais. Uma inovação que tem dado certo é o uso de softwares escaláveis é o surgimento de microcontainers, ambiente de virtualização de computadores que mantém o desempenho de softwares de maneira uniforme. Também, precisa preparar, treinar, qualificar e substituir funções já executadas por seus funcionários para essas mudanças. Se para uma vaga é necessária uma qualificação cada vez mais especializada, requer uma cultura organizacional flexível, que não só identifique esses funcionários experientes, mas que admita funcionários que possuem potencial talento, que aceite reciclagem e atualização de conhecimentos, trabalhar em grupos, que seja capaz de se adaptar com as novas culturas organizacionais, cada vez mais voláteis e ágeis. Nesse novo cenário, os processos tendem a ser mais orgânicos, com o mínimo possível de rigidez, pois, tarefas que ainda dependem muito de funcionários serão realizadas mais rapidamente por computadores através dos dados armazenados, utilizando de novas regras de negócios e de engajamento em outros processos. Novas empresas startups surgirão para facilitar nesse novo cenário, também, poderão concorrer com empresas já existentes há muito tempo. As organizações buscam por implantação de gerenciamento de processos como ferramenta para elevaro desempenho do negócio e para documentar e padronizar as atividades das pessoas. Pesquisas indicam que as empresas ainda buscam implantação de gerenciamento de processos em departamentos financeiros, deixando outras tarefas como secundárias. Há tendência que ocorra uma expansão natural da implantação de processos para tecnologia da informação, pois mesmo as organizações que possuem processos implantados, ainda estão embrionários. As empresas procuram modelar processos usando notação Business Process Model and Notation (BPMN) e Fluxograma Livre, para comunicação dos fluxos e na automatização dos processos. Há uma busca por automatização dos processos, aumento do desempenho de processos, documentação dos processos e padronização das atividades entre os departamentos, especificamente por processos baseados em meios digitais. A apresentação da modelagem para seus colaboradores pode ser pelos próprios portais de processos navegáveis. Com essa nova realidade, uma nova tendência é entender os processos como uma organização conectada internamente, então, sua organização considera uma visão holística das funções do negócio, não de um departamento. É ainda pouco executada, pois requer mudança de paradigma, pois necessita quebrar as barreiras departamentais, o que pode ser uma grande oportunidade. Conclusão do Bloco 1 Neste bloco, tratamos sobre os processos e organizações, especificamente o conceito de organização, modelos de processos usuais em organizações, privadas e públicas, sua cultura organizacional, inovações e tendências. As organizações possuem eventos repetitivos e de longa duração, sistematizados e com um objetivo, procurando executá-los de forma certa. Mas as organizações têm seus próprios modelos, algumas seguem os modelos clássicos da administração, que atendem aumentar a produtividade e no menor custo possível ou que atendem o que o cliente espera da organização. Hoje em dia, o que se espera é uma organização que analise o meio que está inserida, para atender cada vez melhor os seus clientes, não importando se é uma organização de natureza privada ou pública. Como a melhora contínua requer, muitas vezes, a quebra de paradigmas implantados, as organizações privadas procuram ser mais ágeis nas novas adaptações de processos, o que as fortalecem para atuar em outros locais, mesmo tendo culturas diferentes. É notório que as organizações estão precisando se utilizar de novas tecnologias disponíveis, mas precisam estar dispostas em investir na inovação e infraestrutura, especificamente no armazenamento de dados, na utilização dos dados para auxiliar na tomada de decisão, na reciclagem e engajamento contínuo dos seus colaboradores e nos novos experimentos dos clientes. Finalizando, o propósito foi percorrer sobre as mudanças dos modelos tradicionais de processos das organizações até as novas realidades apresentadas. Referências BARBOSA, V. V. Aspectos do Controle das Empresas Privadas e Públicas e a Meritocracia. Revista de Direito Administrativo, v. 133, p. 384-387, jul./set. 1978. DAFT, R. L. Organizações: teorias e projetos. Trad. C. K. Moreira. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. FERREIRA, A. D. Mini Aurélio Século XXI. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. PAIM, R. et al. Gestão de processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. STONER, J. A.; FREEMAN, R. E. Administração. Rio de Janeiro: LTC ‒ Livros Técnicos e Científicos, 1999. Glossário Business Process Model and Notation (BPMN): em uma tradução livre, significa modelo de processo de negócios e notação. BLOCO 2. INTRODUÇÃO A MODELAGEM DE PROCESSOS Depois de ter aprendido sobre a importância dos processos, que tal se aprofundar mais sobre esse tema? É o que faremos neste bloco, tratando de modelagem ou mapeamento de processos de negócios. Para entender, “a origem do termo modelagem de processo de negócio surgiu pela primeira vez em 1967 num artigo de S. Williams intitulado: “Business Process Modeling Improves Administrative Control”, em uma tradução simples, significa “Modelagem de processos de negócios melhora o controle administrativo” publicado na revista Automation (GEORGES, 2010). Modelagem de processos se resume em desenvolver workflows que mostram as atividades da empresa ou de uma área de negócios, e a sequência na qual são executadas. Por isso, neste bloco, você terá a oportunidade de aprender a definição de processos, os tipos de processos, o que é gerenciamento de processos de negócios e exemplificação de BPM nos negócios em tecnologia da informação. 2.1. O que é processo? A pergunta é pertinente, pois há uma confusão do conceito e, para cada vertente acadêmica, pode ter um conceito totalmente distorcido, como na Psicologia, Medicina e Direito, por exemplo. Na Administração e áreas afins, como Tecnologia da Informação, Gonçalves (2000, p. 12) afirma que “não existe um produto ou um serviço oferecido por uma empresa sem um processo empresarial. Da mesma forma, não faz sentido existir um processo empresarial que não ofereça um produto ou um serviço”. A Figura 1 ‒Etapas de um Processo apresenta as etapas Entrada, Processamento e Saída. Em um processo, a etapa Entrada é onde requer os insumos, recursos ou produtos para a entrega de um produto ou serviço, na etapa Saída. Figura 1 - Etapas de um Processo Fonte: adaptado pelo autor Entrada Processamento Saída Um processo é um modo sistemático (método ou técnica) por que se realiza ou executa algo (FERREIRA, 2002), utilizando de técnicas e ferramentas para criar um produto ou serviço, como resultado dos objetivos. Pavani e Scucuglia (2011, p. 113) utiliza da ABNT e da ABPMP para definir que processo é “um título dado a uma série de atividades/objetos, transformando entradas em saídas/produtos, de modo a atribuir determinado grau (tangível) de agregação de valor”. Segundo a Norma NBR ISO 9001:2008: É uma atividade ou conjunto de atividades que usa recursos e que é gerenciada de forma a possibilitar a transformação de entradas e saídas. [...] Frequentemente a saída de um processo é a entrada para um processo seguinte (ABNT, 2008, p. vi). Também pode ser definido como uma organização de atividades que são executadas de maneira relevante para suas metas e objetivos de uma empresa (DEBEVOISE; GENEVA, 2008). Os processos acabam sendo bem definidos, precisam gerar resultados dos objetivos e são contínuos, diferente de projetos, que são temporários e tem um único resultado. Cavalcanti (2017) apresenta algumas características dos processos de negócios, que: São “acionados” por um evento externo ou evento de negócios; transforma entradas em saídas usando recursos disponíveis, representados por regulamentações legais, requisitos de contexto, normas, regras e políticas; pode-se entender técnicas, métodos, ferramentas, sistemas de informação, recursos financeiros, regras, normas, políticas e todo o conhecimento envolvido no seu uso; a organização engloba não apenas aspectos organizacionais e estruturais, mas também seus agentes, ou seja, pessoas com sua qualificação, motivação, postura e outros atributos; a capacidade de aprendizagem da organização também é um dos seus elementos; o processo pode envolver diferentes setores organizacionais para sua execução completa. Paim (2002) apud Paim et al. (2009) detalha os itens da etapa Entrada: Os processos intrinsicamente relacionados aos fluxos de objetos na organização, sejam eles objetos materiais, informações, capital, conhecimento, ideias ou qualquer outro objeto que demande coordenação de seu fluxo. Aos processos cabe o desenvolvimento ou desenrolar dos fluxos de objetos enquanto às funções ou unidades organizacionais cabe a concentração de conhecimentospor semelhança. Os processos auxiliam as organizações a produzir valor para os seus clientes, de forma que há uma percepção de vantagem ou benefício em cada atividade com a organização. Há uma contínua melhoria dos processos, por meio de um método ou técnica, que tem contribuído para a modernização dos processos e, consequentemente, para a gestão por processos e para as empresas (CAVALCANTI, 2017): A evolução tecnológica, o aumento da competição e a necessidade de se adequar constantemente as mudanças têm tornado o gerenciamento de processos de negócios (BPM) cada vez mais necessário, pois as organizações precisam gerenciar os seus processos e automatizá-los com mais rapidez, eficiência e eficácia. Para a abordagem de processos, a tecnologia da informação tem uma grande importância, pois pode ser utilizada em diversas atividades de apoio (GONÇALVES, 2000): Na visualização de processos; automação do que é interessante automatizar na execução e gerenciamento do processo; sincronização de atividades; esforços de coordenação; comunicação de dados; no monitoramento automático de desempenho. Paim et al. (2009) esclarece que a tecnologia da informação possibilita a integração dos fluxos de informação entre os processos que permeiam áreas funcionais, viabilizando crescentemente a gestão por processos, até porque há um fenômeno do aumento contínuo da complexidade do trabalho humano e, para que as organizações consigam se posicionar à frente desta demanda, procuram investir em ferramentas de apoio à gestão do conhecimento, como intranet, data warehouse e repositórios de documentos. O próximo subtema tratará dos tipos de processos. 2.2. Tipos de Processos Tipos de processos são essenciais para o mapeamento e gestão por processos. O mapeamento e gestão por processos consistem em mapear todas as atividades dos cargos da estrutura organizacional de uma empresa, identificando as entregas que cada pessoa faz à outra, seja da estrutura hierárquica ou até de pessoas que estejam fora da organização (PAVANI JÚNIOR; SCUCUGLIA, 2011). São três os tipos de processos (PMKB, 2016): Processos primários (ou essenciais) Processos de apoio (ou de suporte) Processos gerenciais Detalhando os três tipos de processos, iniciamos a definição dos processos primários. Também conhecidos como processos essenciais, os processos primários são aqueles que agregam percepção de valor ao cliente. São os processos desenvolvidos para ter uma visão completa da cadeia de valor, inclusive, agrega processos de outras organizações que se conectam. Os processos de apoio têm a função de oferecer suporte para os processos primários, sem a obrigatoriedade de entregar valor ao cliente. Oliveira (2009) apud (MÜCKENBERGER et al., 2013) sugere que os processos que lideram são os principais a seguir, entre processos e processos críticos. Processos-chave são aqueles que são caros para uma organização e têm um alto impacto no cliente. Os processos são fundamentalmente os principais processos relacionados diretamente a uma estratégia organizacional. Os processos gerenciais buscam garantir a eficiência e eficácia da empresa quando os escopos operacionais, financeiros e regulatórios são cumpridos e alcançados. Para alcançar esses resultados, são feitas medições, monitoramentos e controles. Um processo de negócios é um fluxo de atividades organizado, coordenado e conduzido pelos participantes, atuando e decidindo com dados, informações e conhecimento, para alcançar um objetivo de negócios. 2.3. Introdução a BPM O assunto sobre BPM é relacionado diretamente com a qualidade de seus processos e à sua capacidade de gerar valor para o negócio. Por outro lado, quando os processos não são bem definidos, a organização pode perder na sua produtividade. O Business Process Management (BPM), na tradução livre significa gestão por processos de negócios, é a identificação, compreensão e gestão de processos de negócios que suportam o modelo de negócio de uma empresa. A Association of Business Process Management Professionals (ABPMP) é uma associação profissional sem fins lucrativos com o intuito de tratar sobre gestão de processos de negócios e define BPM como uma abordagem para identificar, desenhar, executar, documentar, medir, monitorar, controlar e melhorar os processos de negócio para que os resultados desejados possam ser alcançados (ABPMP, 2019). As razões que levam uma organização a buscar o BPM são privadas para cada organização. No entanto, você pode identificar os motivos mais comuns: A organização apresenta crescimento, levando a dificuldades em alcançar seus objetivos e perda de controle e agilidade para aproveitar oportunidades; Existem dificuldades no gerenciamento, com informações imprecisas e / ou conflitantes e a necessidade de cortar custos e aumentar a produtividade; Ocorre alta rotatividade, falta de preparo e insatisfação dos funcionários; Há um aumento no número de clientes, fornecedores ou parceiros e as demandas são levantadas para atendê-los através de um relacionamento de proximidade; Os produtos e serviços oferecidos são complexos e há duplicação de tarefas; Não há visão de processos end-to-end, gerando lacunas e falta de padronização e clareza em relação às responsabilidades; e Sistemas de informação são introduzidos ou eliminados. (MÜCKENBERGER, et al., 2013). Segundo Harmon (2010) apud Iritani et al. (2015), a BPM tem origem em três abordagens: a de gestão de negócio; a de gestão da qualidade total e a de tecnologia da informação. Os processos vinculam decisões com pessoas dentro de sistemas e entre organizações. Idealmente, os processos suportam um modelo de negócio que se http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2015000100164&lng=pt&nrm=iso#B32 adapta às mudanças na economia, preferências do cliente e melhores práticas. Mais frequentemente, a organização de curto prazo precisa criar processos. O escopo das carteiras de projeto do processo de teses é impulsionado pelo baixo desempenho e interrupções. Processos que não podem se adaptar à mudança das condições econômicas de operação terão uma vida curta (DEBEVOISE; GENEVA, 2008). O BPM possibilita a identificação eficaz das necessidades e das informações necessárias para suportar a operacionalização ou a automatização do processo de negócio. (...) Nos últimos anos, nas organizações governamentais brasileiras, houve um aumento na contratação externa do serviço de BPM. (CALAZANS, KOLOSKI e GUIMARÃES, 2016) Debruin e Doebeli (2009) apud Iritani et al. (2015), mencionam três tipos de abordagens para BPM: abordagem com foco em tecnologias e sistemas de informação; abordagem com foco na gestão e melhoria dos processos de negócio; e abordagem com foco na gestão organizacional por processo de negócio. Quanto à abordagem com foco na gestão organizacional por processo de negócio, foi feita uma classificação por meio de uma revisão bibliográfica, apresentado por Iritani et al. (2015). Na abordagem de aplicação de BPM, tecnologia da informação entende BPM como uma solução de software ou tecnologias para automatizar e gerenciar os processos de negócio; gestão e melhoria de processos de negócios entende como uma abordagem para gerencial e melhorar os processos de negócio com foco em seu ciclo de vida; e gestão da organização por processos de negócios entende como uma abordagem para gerenciar uma organização por meio da visão de processos de negócio, foco vai além dos processos de negócios (IRITANI et al., 2015). Sordi (2008) mostra dois cenários a serem criados em uma organização que deseja utilizar a metodologia BPM: cenário atual (AS IS) e cenário proposto (TO-BE). Também conhecido como modelagem TO-BE é realizada após o levantamento e análise de processos (AS IS), sendo uma representação gráfica deum processo a ser implementado por meio de uma técnica (PAVANI JÚNIOR; SCUCUGLIA, 2011). http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2015000100164&lng=pt&nrm=iso#B18 2.4. Aplicações do BPM A aplicação de BPM propicia uma vantagem competitiva às organizações. À medida que a maturidade das organizações com relação a processos evolui, as organizações passam a contar com forte apoio das ferramentas, utilizando diferentes métodos como, por exemplo, redesenho de processos, gerenciamento de workflow, entre outros. Embora haja uma forte relação entre BPM e tecnologia da informação, BPM vai além da implantação de tecnologia, pois requer implantação de técnicas, controle e melhoria contínua, busca por inovação e pela possibilidade de obter flexibilidade. Uma das inovações dos últimos tempos é a automação, principalmente automação dos processos em uma organização, e permite a execução de processos de maneira mais rápida e eficaz, com a aplicação de uma ferramenta de gerenciamento de processos de negócios, são sistemas que permitem mapear, executar e monitorar processos intra e interfuncionais, também conhecidos como Business Process Management System (BPMS). Uma associação de institutos de pesquisa e de empresas da área de tecnologia da informação funda a Business Process Management Iniciative (BPMI), entidade que propõe arquiteturas BPMS para estabelecimento de padrões, desenvolvimento de especificações técnicas e assistência às empresas desenvolvedoras de ferramentas, metodologias e técnicas. Cabe ressaltar que BPM é diferente de BPMS, pois o primeiro é uma área de conhecimento para gerenciamento de processos e BPMS é uma ferramenta de suporte. Para Paim et al. (2009), é importante que BPMS seja capaz de: Captar e identificar os processos críticos e necessários à gestão do negócio; Entender, aceitar e operar o esquema de identificação, o sequenciamento e a interação desses processos; Tornar possível a integração do sistema de gestão de processos com o ambiente de tecnologia da informação; Aceitar o conjunto de critérios e métodos adotados pela organização, visando a assegurar a efetiva operação e o monitoramento desses processos; Fornecer e disponibilizar, a tempo e na hora certa, informações sobre esses processos; Possibilitar o monitoramento de atividades; Fornecer ferramentas para análise da estrutura atual, simulação e otimização de processos; Fornecer recursos e facilidades para a implementação de ações, visando à obtenção de resultados planejados e à melhoria contínua desses processos. Como exemplo, podemos pegar qualquer processo que acontece em uma organização. Entre eles, um processo conhecido é a contratação de um funcionário, que envolve o departamento contratante, o departamento de recursos humanos, o departamento de tecnologia da informação e o departamento pessoal. O funcionário entrega a sua documentação no departamento pessoal, que realiza o seu registro. Depois, é solicitado que o profissional seja encaminhado para treinamentos e é criado um e-mail corporativo. Esse processo poderia ser automatizado, começando pela digitalização dos documentos, sendo postados em uma plataforma que faz a checagem da entrega dos documentos. Após a identificação da documentação, pode-se realizar a criação de uma identificação corporativa, por onde a organização e o funcionário estabelecem uma comunicação. O funcionário receberá um acesso a um portal que possui uma trilha de treinamentos sobre a cultura, processos, produtos e serviços realizados pela empresa e com cumprimento de prazos e entregas de atividades, assim, finaliza o processo de contratação. Diversas organizações estão surgindo com suas atividade e processos totalmente online, como bancos eletrônicos que não possuem agências físicas. Os seus clientes podem enviar seus documentos digitalizados pela plataforma bancária, é feito uma conferência eletrônica e, em alguns minutos, a conta corrente do cliente é aberta. Outra atividade que está sofrendo uma transformação digital é o gerenciamento de emissão e armazenamento de nota fiscal eletrônica. O que até pouco tempo atrás era necessário à emissão física em papel do registro do produto para sua circulação e entrega, hoje, as notas fiscais eletrônicas podem ser conferidas a qualquer momento, pois ficam armazenados em um repositório eletrônico, devidamente validadas nos órgãos oficiais de fiscalização. Dentre os exemplos de alguns estudos de caso estão: Tabela 3 ‒ Exemplos de Casos BRMALLS “(...) tinha intuito de centralizar os backoffices distribuídos em cerca de 50 shoppings em todo Brasil. Como eles eram os responsáveis por um grande volume de processos transacionais, esses backoffices necessitavam de padronização, definição de Service Level Agreement (SLA), ou Acordo de Nível de Serviço (em uma tradução), controle de produtividade e qualidade que deveriam ser centralizados”. Processos desenhados para melhorar as práticas nos processos financeiros, de recursos humanos e tecnologia da informação o fizeram criar uma ferramenta para o controle, produtividade e qualidade de aproximadamente 100 mil processos mensais dos SLAs de cada ilha de analistas especialistas. SODEXO (...) dispunha de várias ferramentas para o atendente da central de atendimento e de relacionamento com o cliente. Esse atendimento era realizado em diversos canais (voz, e-mail e chat) com o registro de histórico em ferramentas distintas que faziam os controles destes canais. Outra ferramenta também era utilizada para resolver as ocorrências abertas e ela não tinha como controlar o processo como um todo, somente os tickets, o que dificultava a visualização da solução final do caso e o repasse do status para o cliente. Todo atendimento era feito em forma de tickets e isso possibilitava que cada área resolvesse suas ocorrências de forma distinta, mesmo que fossem do mesmo tipo. Esse tipo de gestão demandava uma equipe de backoffice para controlar as respostas das demais áreas na solução do caso dos clientes. Outra equipe que recebia alta demanda era a de TI, que tinha a função de manter cada um destes sistemas e controlar todo o licenciamento destas ferramentas. (...) consegue ter uma visão de 360° da evolução das ocorrências de cada cliente, independentemente do canal que elas cheguem (voz, e-mail e chat). Isso melhorou significativamente a produtividade e a qualidade dos agentes e analistas do backoffice, além de toda percepção de organização e transparência para os clientes e para as áreas internas. Esse processo passa a ser um padrão da melhor prática, estabelecido dentro da Sodexo e que é garantido pela ferramenta com SLAs devidamente controlados. Vale ressaltar que, hoje, a própria área de processos da Sodexo consegue realizar suas ações de melhorias (...). TIVIT A área de Centro de Serviços Compartilhados (CSC) da TIVIT carecia de padronização de processos e normas além de que o seu custo superava o orçamento previsto. Após realizar um mapeamento detalhado e optar pela otimização dos processos, foi implantada a solução de BPMS para melhorar a gestão de qualidade e auditoria, que resultou num impacto positivo na qualidade medida e também na produtividade dos analistas de CSC. A redução de headcounts chegou a 25%, superando a meta orçamentária com uma economia de 2,4 milhões de reais ao ano. A precisão das avaliações de qualidade aumentou significativamente e reduziu a zero as reclamações de vendas indevidas registradas no BACEN Fonte: DM CONSULTORIA (2019), compilado pelo autor. Muitos exemplos semelhantes a estes podem ser automatizados, pois várias etapas dos processos não dependem de intervenção humana, reduzindo o tempo, erro e custos de execução. Dentre as ferramentas de BPMS existentes, características como capacidade de monitoramento,automação dos processos e integração entre os sistemas de informação são comuns. Embora algumas etapas desses processos sejam realizadas automaticamente, a visão do processo como um todo traz transparência nos controles, proporcionando ainda mais aumento da vantagem competitiva da organização. Para a implantação de solução de BPMS é necessário um alto investimento e requer mudança de paradigma para empresas, pois é possível reduzir custos em papeis, melhora a comunicação e colaboração entre os funcionários, além de padronizar etapas informais e desorganizadas. Nestas melhorias, estão: diminuição de desperdícios, detecção de gargalos, diminuição de erros, automatização de tarefas e painéis de controle. Pavani Junior e Sccuglia (2011) apresenta os processos que se possa desenhar, alguns usando ferramentas de tecnologia da informação: Fluxograma (workflow) Caixa Preta Atividades passo a passo Tarefas passo a passo Subprocesso Macroprocesso Prática de Gestão Padrão de Trabalho Procedimento Documentado Apresenta-se, a seguir, alguns exemplos de utilização de fluxogramas de processos: Recrutamento e seleção de colaborador Integração de novos colaboradores Desligamento de colaboradores Reembolso de despesa de viagem Gestão de Incidentes Gerenciamento de mudanças Processo de vendas Processo de compras Processo de atendimento ao cliente Solicitação de materiais A seguir, alguns softwares disponíveis: Visio: criado e distribuído pela Microsoft, tem como funcionalidade a possibilidade da criação de fluxogramas, gráficos, organogramas, sistematização de dados e de processos. Supravizio: distribuído pela Venki, dentre suas funcionalidades, permite ações através de um aplicativo móvel. Heflo: uma das ferramentas de BPM que tem conquistado o mercado por ter uma interface mais amigável. BizAgi. ARIS Toolset (Architecture of Integrated Information Systems). YAWL (Yet Another Workflow Language). WoPed (Workflow Petri Net Designer). Bonita BPM. Modelio. Sydle BPM. BPMN.io. Draw.io. Yaoqiang BPMN Editor. Um levantamento realizado por Paim et al. (2009), a seguir na Figura 2 ‒ Sistemas utilizados para gestão de processos, apresenta os sistemas utilizados para a gestão de processos: Figura 2 ‒ Sistemas utilizados para gestão de processos Fonte: Paim et al. (2009), adaptado pelo autor. Uma série de categorias de softwares e tecnologia suportam iniciativas de BPM, entre eles (PAVANI JÚNIOR; SCUCUGLIA, 2011): Softwares para representações gráficas de processos Softwares para simulação ERP ‒ Enterprise Resource Planning GED – Gerenciamento Eletrônico de Documentos ECMS – Enterprise Content Management Systems Formulários eletrônicos EDI – Eletronic Data Interchange Linguagem XML – eXtensible Markup Language Linguagem XPDL – eXtensible Process Definition Language Softwares para automação do fluxo de trabalho (motores) Linguagem BPEL – Business Process Execution Language Sistemas colaborativos ILM – Information Lifecile Management EAI – Enterprise Application Integration Softwares de BI – Business Intelligence Datamining Dashboards BRMS – Business Rules Management Systems Ambiente de execução do BPMS (Workflow, EAI) 12% Simulação 6% Monitoramento de processos 4% Medição de Performance/sistema 9% Outros 4% Modelagem do ambiente organizacional 7% Sistemas gráficos (Visio, PowerPoint) 24% Modelagem de Processos 22% Sistemas de regras de negócio 5% Repositório 7% Gerenciadores de repositórios de processos SOA – Service Oriented Architecture API – Application Program Interfaces Dentre estes, há softwares de linguagem de programação para execução de atividades de processo, armazenamento de dados, sistemas de suporte a decisão, verificação da conformidade, gerenciamento, desempenho e monitoramento de processos. 2.5. Ciclo de vida do BPM Iritani et al. (2015) apresenta uma classificação, através da revisão bibliográfica, quanto às “práticas de BPM: planejamento de BPM; modelagem de processos; análise de processos; melhoria e mudanças de processos; (...) medição, monitoramento e controle de processos; simulação de processos; implementação de processos/sistemas de apoio; e modelos de ciclo de vida de BPM”. Cruz (2010) argumenta que o ciclo de vida do BPM “começa quando a organização decide mapear seus processos, conhecendo-os por meio da documentação detalhada de cada um dos elementos que deles fazem parte”. O modelo de ciclo de vida de BPM consiste na “prática de adotar modelos de referência iterativos para a gestão dos processos de negócio”. Independente das tarefas envolvidas, o BPM se desenvolve como um ciclo de vida contínuo em seis atividades integradas, [apresentadas no CBOK (2013)]: Planejamento e estratégia ‒ Direcionam todo o BPM, fornecem a orientação, as metas e a concepção de agregação de valor para o cliente, proporcionam uma visão holística da organização, alinham o BPM à estratégia da organização e estabelecem as expectativas, os papéis e responsabilidades; Modelagem ‒ Representa graficamente o processo com a avaliação de fatores do ambiente que afetam o desempenho do processo; Análise ‒ À luz do plano estratégico, dos objetivos, metas e outras informações disponíveis na organização, os processos são analisados através de metodologias diversas; Desenho ‒ É a criação de novos processos ou a modificação dos processos, considerando a análise feita; Monitoramento e medição ‒ O acompanhamento contínuo do desempenho do processo para obter informações que indiquem ajustes, melhoria, redesenho ou reengenharia necessários; e Transformação ‒ Ao final do ciclo, é possível propor ações de melhoria contínua e otimização dos processos. O guia de gerenciamento de processos BPM CBOK 3,0 (ABPMP BPM CBOK™, 2013) eliminou a tentativa de intertecer entre as áreas de conhecimento e as etapas de um ciclo de vida específico para a gestão de processos e começou a usar para sua discussão do ciclo PDCA, apresentado em Figura 3 ‒ Ciclo PDCA: Planejar (Plan) os processos de negócios de desenho de processos com objetivos estratégicos da organização. Fazer (Do) fazer o processo previsto na fase Planejar. Verificar (Check) a medida do desempenho esperado. Agir (Act) é definido como agir de acordo com os dados de desempenho do processo. Figura 3 ‒ Ciclo PDCA Fonte: CBOK (2013) O PDCA também é conhecido como Ciclo de Deming, embora tenha sido idealizado por Shewhart, ele foi responsável pela ampla divulgação do ciclo, resume-se em planejar o que se deve ser feito, fazer, verificar se está sendo feito no padrão estabelecido e, por fim, agir corretivamente para corrigir eventuais falhas. Sua utilização é para otimizar processos, desenvolver os processos, ganhar qualidade no processo e que tem o foco na melhoria contínua. Planejar (Plan) Fazer (Do) Verificar (Check) Agir (Act) Em um ciclo de vida de BPM interativo, as atividades de design podem ser uma padronização ou automação de atividades, enquanto as atividades de design mais amadurecidas não podem ser radicalmente redesenhadas ou transformadas, nem aprimoradas são projetadas para otimização. A arquitetura do BPMS, desenvolvida pela BPMI abrange todos os elementos do ciclo de vida do processo de negócio, desde sua iniciação, aprimoramento até o seu descarte. Esses pontos são importantes para a compreensão dos fundamentos e Conclusão do Bloco 2 Neste bloco, estudamos sobre a definição de processos com foco em TI, a modelagem de processos, o BPM e seus conceitos, e exemplo de seus três tipos de processo primários, de apoio e gerenciais. O BPM é utilizadonos diversos setores e, para uma melhoria contínua e menor interação de pessoas, é realizado o incentivo ao BPMS. Nos exemplos apresentados, o elemento comum é a procura por automação do processo, com a possibilidade de uso de diversas ferramentas de TI. O ciclo de vida do BPM começa quando a organização decide mapear seus processos e ferramentas de administração, como o PDCA, o que pode auxiliar no levantamento e melhoria dos processos. No próximo bloco, você verá sobre a gestão de processos. Referências ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas ‒ NBR ISO 9001. 2. ed. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://www.ifba.edu.br/professores/antonioclodoaldo/11%20ISO/NORMA%20ABNT %20NBR%20ISO%209001.2008.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2018. ABPMP. Association of Business Process Management Professionals International. Bem-vindo à ABPM. 2019. Disponível em: <https://www.abpmp-br.org/>. Acesso em: mar. 2019. ABPMP BPM CBOK™. Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio Corpo. ABPMP-BR. 2013. Disponivel em: <https://cdn.ymaws.com/www.abpmp.org/resource/resmgr/Docs/ABPMP_CBOK_Gui de__Portuguese.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2019. CALAZANS, A. T. S.; KOLOSKI, R. A. D.; GUIMARÃES, F. A. Proposta de modelo de medições para contratação do gerenciamento de processo de negócio (Business Process Management - BPM). Journal of Information Systems and Technology Management. 2016, p. 275-300 CAVALCANTI, R. Modelagem de Processos de Negócios. Rio de Janeiro: Brasport, 2017. CRUZ, T. BPM & BPMS: Business Process Management & Business Process Management Systems. 2. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2010. DEBEVOISE, T.; GENEVA, R. The Microguide to process modeling in BPMN 2.0. 2. ed. [S.l.]: Advanced Component Research, 2008. DM CONSULTORIA. Cases de sucesso. 2019. Disponível em: < http://dmconsultoria.com.br/cases-de-sucesso/>. Acesso em: 25 fev. 2019. FERREIRA, A. B. D. H. Mini Aurélio Século XXI. 4. ed. 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Glossário ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ABPMP – Association of Business Process, Management Professionals BACEN – Banco Central do Brasil BPM – Business Process Management BPMS – Business Process Management System CBOK – Common Book of Knowledge CSC – Centro de Serviços Compartilhados ISO – International Organization for Standardization NBR – Norma Brasileira PDCA – Plan Do Check Act SLA – Service Level Agreement, tradução livre Acordo de Nível de Serviço BLOCO 3. FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE PROCESSOS Você já prestou a atenção que as organizações têm atividades repetitivas e que procuram aperfeiçoar esses processos para sua melhoria contínua? Pois bem, se um conjunto de processos estiver inadequado ou descontinuado, é melhor reavaliar quais são pontos a serem corrigidos? Sim, uma reavaliação exige um esforço maior dos envolvidos. É importante esclarecer que ora é utilizada a expressão gestão de processos, ora gerenciamento de processos, significando a mesma coisa. Gestão é o efeito de gerir, de administrar e os fundamentos de gestão de processos traz elementos desta administração. A gestão de processos é complexa, traz consigo os elementos de incerteza, contextos distintos, entraves de aplicações práticas, implantações simultâneas e concorrentes com atividades rotineiras, entre outras dificuldades. Outro esclarecimento cabe entre o termo gestão de processos e gestão por processos. O primeiro é relacionado com a forma de como as organizações controlam seus processos, que acontecem rotineiramente, retomando o conceito especificado no Bloco 1 de empresas com processos funcionais ou departamentalizados. A gestão por processos consiste em uma quebra de paradigma funcional, pois se trata de uma forma de gestão voltada para os clientes, com uma equipe multifuncional e empoderada, onde há uma colaboração entre os colaboradores. Em uma condição de apoiar esse paradigma funcional, de um processo de fora para dentro da organização e de baixo para cima, o mapeamento de processos contribui para identificar as atividades e as entregas que cada colaborador, envolvido no processo, faz a outro colaborador. Pavani Junior e Scucuglia (2011) exemplificam como fluxos desenhados, conectados como peças de um dominó, identificando os processos, macroprocessos, subprocessos a partir da lógica das entregas, conhecidos como objetos de entregas. O OMG provê um simples roteiro para conectar estratégias com processos de negócios, regras de negócios e eventos de negócios. É utilizada uma configuração de conceitos integrados para definir os elementos de um plano de negócios. Esses elementos suportam uma variedade de abordagens para a criação e manutenção de um modelo maduro de negócios. A seguir, caracterizaremos modelagem de processos e sua importância para o negócio, relacionar pontos fortes e fracos da modelagem de processos nos negócios, Apresentar modelos de modelagem de processos e categorizar as melhorias na modelagem de processos, entenderemos quais são os elementos de uma gestão de processos. 3.1. Modelo de objetos: produto, recurso e insumo Os processos se constituem do fluxo dos objetos no tempo e no espaço, sendo os objetos materiais, ideias, informações, capital, conhecimento ou quaisquer outros tipos de objetos que demandem coordenação de seu fluxo (PAIM et al., 2009). A transição do objeto se dá por interfaces de processo, e não por interfaces entre unidades organizacionais. Os objetos definidos são ação, recurso, e o consumo de recurso (tempo e custos), objeto em fluxo, o produto ou resultado intermediário e as interfaces envolvidas. Para gerenciar melhor o processo, é preciso entendê-lo, assim algumas caracterizações são necessárias: o propósito, o nível de detalhamento, criticidade/importância, natureza da ação, maturidade, capacidade de entrega, estruturação, complexidade.Sua identificação completa facilita na revisão da estrutura organizacional (PAVANI JÚNIOR e SCUCUGLIA, 2011). A identificação da relevância hierárquica horizontal e diagonal refere-se ao nível de objetos, já a dispersão dos clientes e executantes do objeto refere-se aos tipos de objetos, e quanto menor o número de cargos que são clientes internos, menos burocrática será a sua abrangência. Assim, é possível comparar: Objetos Cargos Áreas/Departamentos Unidades de negócio Processos Empresas diferentes As “ferramentas de desenho” são fundamentais para desenvolver a especificação da lógica do processo de negócio (AMARILLA; IAROZINSKI NETO, 2018). Com o surgimento de constatações teóricas de objeto, Pavani Junior e Scucuglia (2011, p. 90) apresentam que os objetos: Têm sentido e direção Têm uma estrutura particular de nomenclaturas Têm características de abrangência (tipos) Têm características de importância (níveis) Interagem entre importância e abrangência (combinação tipo/nível) Comunicam-se por meio de matrizes simples Requerem tabulações estatísticas para serem compreendidas globalmente São sensíveis como o faro de um cachorro Priorizam reparos de gestão que possam ser percebidos pelo cliente externo Viabilizam uma metodologia alternativa para avaliação de desempenho completamente objetiva, desmistificando a terceira doença das organizações. O conceito de objeto ocorre depois de uma série de atividades executadas por um colaborador de uma mesma função ou cargo, espera-se que seja possível algum tipo de corporificação destas atividades num formato que se possa entregar a alguém diferente de seu executor, sendo este o componente objeto, decorrência de uma série de atividades lógicas, representadas nos desenhos de fluxos organizacionais. Os objetos são caracterizados pelos seus “níveis” e “tipos” que permitem um diagnóstico organizacional diferenciado e abrangente (PAVANI JÚNIOR; SCUCUGLIA, 2011). Exemplificando os níveis de objetos, temos uma hierarquia de uma organização: Figura 4 ‒ Hierarquia de uma organização Fonte: Pavani Junior; Scucuglia (2011, p. 139) Os objetos devem ser identificados nos fluxogramas, evidenciados nos desenhos. Como exemplo, analisaremos os objetos de um comprador. Após algumas atividades, o comprador gerou a solicitação de compras e encaminhou ao financeiro – esse é o objeto resultante da sequência de atividades: Figura 5 ‒ Objetos do Exemplo Cód. Título Fabricante Usuário 001 Serviço Requisição de Compras Supervisores, encarregados, gerentes e diretores Comprador 002 Serviço Solicitação de aprovação para compras acima de R$ 5.000 Comprador Gerente de Compras 003 Serviço Informação de Aprovação/Investigação Gerente de Compras Comprador 004 Formulário Solicitação de Cotação Comprador Fornecedor 005 Proposta Cotação de Fornecimento Fornecedor Comprador 006 Formulário Solicitação de Compras Comprador Depto. Financeiro (posteriormente o cargo será descoberto) Fonte: Pavani Júnior e Scucuglia (2011, p. 95) Os objetos têm propriedades privadas e cada posição “fabrica” uma certa quantidade de objetos para um intervalo definido de clientes. Os tipos de objetos são característicos de um objeto que determina seu escopo com base na dispersão de clientes e executores desse objeto específico. Quanto maior o nível hierárquico do Presidente Diretor A Gerente A1 Supervisor 1 Supervisor 2 Gerente A2 Diretor B Gerente B1 Supervisor 3 Diretor C cliente do objeto dado, maior é a sua importância. Quanto menor o número de posições que são clientes internos de um determinado objeto, menos burocracia será seu escopo (PAVANI JÚNIOR; SCUCUGLIA, 2011). Os itens utilizados nos processos de transformação são insumos, incluindo transformação de material, mudança de lugar ou informação e agregam valor aos insumos e clientes, e os resultados são o resultado da transformação dos insumos. Os recursos são utilizados no processo de transformação de insumos em resultados, que podem ser equipamentos ou recursos humanos (PAVANI JÚNIOR; SCUCUGLIA, 2011). 3.2. Modelo de Evento Os eventos de negócios surgem do mundo externo à empresa, em oposição a eventos internos, como cliques ou transações importantes. Um evento de negócios é um evento significativo para a realização de atividades comerciais, industriais e governamentais. Em uma abordagem moderna de modelagem de processos, as oportunidades, as condições e os fatores aos quais os eventos devem responder são tratados ou gerenciados com eventos de negócios. Evento pode ser algo que acontece ao longo de um processo de negócios e influencia o fluxo de sequência normal. Segundo o CBOK (2013, p. 56), “o processo é disparado por eventos”. De outra perspectiva, um processo é, na verdade, uma sequência conectada de eventos que respondem a estados, causas e condições. Em uma visão baseada em eventos, o processo é uma ligação das transições de um estado de processamento para outro. A incorporação de eventos externos é nova na modelagem moderna de processos (DEBEVOISE; GENEVA, 2008). O que é usado para representar uma ocorrência em um processo pode representar uma expectativa de que um determinado exercício ocorrerá para iniciar/continuar a execução de um processo durante a execução de um processo durante sua execução. O gerenciamento de eventos de negócios é uma técnica de design emergente para formalizar os eventos de negócios de uma empresa de maneira abrangente e concisa (DEBEVOISE; GENEVA, 2008). Eventos são representados no processo por um círculo, e dependendo do ponto do processo onde eles ocorrem, eles podem ser representados de maneira diferente: Figura 6 ‒ Tipos de eventos Símbolo de início do evento Sinaliza o primeiro passo de um processo. O evento inicial aciona o início da execução do processo com sua primeira atividade no fluxo de sequência. O evento inicial é sempre um ouvinte do evento. O evento inicial inicia a instanciação do símbolo dentro do fluxo de sequência Símbolo de evento intermediário Representa qualquer evento que ocorre entre o início e o fim do evento. O Evento Intermediário especifica o evento acionado durante a execução do Processo de Negócios, reproduz a função de transmissor quando está localizado diretamente no Fluxo de Sequência e a função de ouvinte quando está localizada nos limites de forma das atividades. Símbolo de final do evento Sinaliza o passo final em um processo. O evento final é acionado após o término da atividade final do fluxo de sequência e é sempre um transmissor do evento. O evento final consome todos os símbolos de entrada que chegam do fluxo de sequência. Fonte: CBOK (2013). Um evento de negócios possui três elementos: hora, dados e uma combinação de outros eventos. Um evento de negócios pode ser explícito e simples, como um pedido colocado em um site. Um evento de negócios também pode ser implícito e complexo, como quando um cliente acessa dez itens de uma categoria de produto e não compra nada. A empresa pode optar por agradecê-los pelas compras e oferecer-lhes um cupom via e-mail. Agora, considere mensagens indesejadas que os varejistas on-line enviam aos clientes quando não estão mais interessados em um produto. O elemento tempo muitas vezes não é alguém que compra um presente para um amigo que teve um bebê, eles podem não ter filhos. Então, cupons para mais itens de bebê são muitas vezes irrelevantes. Como nesses exemplos, quando combinamos vários eventos recentes com dados conhecidos, como dados de perfil do cliente, descobrimos um padrão de evento de negócios relevante (DEBEVOISE; GENEVA, 2008). 3.3. Modelo de Interação A interação é um tipo de ação que ocorre entre duas ou mais entidades e interações com os clientes são entendidoscomo o contato direto entre a organização e o cliente, devem ser preparados e devem produzir resultados para superar a expectativa do cliente, consequentemente, promovendo a reputação da organização. Cada objeto tem um conceito de nível e um conceito de tipo que permite uma enormidade de combinações para a par. Processos como este, considerado primário, influenciam a qualidade da experiência do cliente (PAVANI JÚNIOR; SCUCUGLIA, 2011). Atividades de processos que requeiram interações humanas são mais suscetíveis a erros e instabilidades, costumam a ser menos eficientes e introduz o risco de desenvolver erros e falhas no processo. Geralmente, quanto menos interações forem necessárias entre o cliente e o fornecedor mais o cliente fica satisfeito (ABPMP BPM CBOK™, 2013; PAVANI JÚNIOR; SCUCUGLIA, 2011). As interações com o ambiente externo devem ser controladas e funcionar perfeitamente, pois impactos primários afetam a clientes, sociedade, fornecedores e acionistas sobre o desempenho da empresa. São caracterizados como “momentos de verdade” (CARLZON, 1994 apud PAVANI JUNIOR; SCUCUGLIA, 2011), críticos para as organizações e que devem promover constantes experiências que superem as expectativas do cliente. Figura 7 ‒ Experiência do cliente na interação com a organização Fonte: CPBOK (2013, p. 45) De acordo com o ABPMP BPM CBOK™ (2013, p. 31), tecnologias habilitadoras de BPM, tais como modelos explícitos, entrada de dados em tempo real, virtualização, redes sociais e análise estatística podem ser incorporadas para coordenar (não automatizar) as interações de recursos, priorizar o trabalho e tornar transparente o processo e os esforços individuais de trabalho. Ao incorporar técnicas de BPM (por exemplo, dar poder aos que estão mais próximos à experiência do cliente) e novas tecnologias, os negócios podem se tornar mais sensíveis às mudanças de demanda do mercado. BPM promove, cada vez mais, hábitos de trabalho eficazes e não apenas padroniza processos para aumentar a eficiência. Segundo Silva e Pereira (2006), Em sistemas complexos, como são os de uma empresa, seus processos de negócios, seus componentes e suas interações estão em constante mudança, não sendo possível estabelecê-los em definitivo. 3.4. Modelo para organização Segundo o CBOK (2013, p. 46), “as organizações existem para entregar valor para os clientes por meio dos seus produtos e/ou serviços e seus objetivos organizacionais devem estar conectados à entrega de valor para os clientes”. Na análise de Chiavenato (2014, p. 214), as organizações podem ser consideradas sob dois aspectos: a. Organização formal: (...) É a organização planejada: aquela que está no papel. É geralmente aprovada pela Direção e comunicada a todos por meio de manuais de organização, descrições de cargos, organogramas, regras e regulamentos (...). b. Organização informal: (...) é constituída de interações e relacionamentos sociais entre as pessoas em função de suas atividades na organização formal. Ela surge a partir das relações e interações impostas pela organização formal para o desempenho das atividades (...). “Gerenciar” significa coordenar, administrar ou dirigir toda ou parte de uma organização pela alocação de recursos humanos, financeiros, materiais e intelectuais para cumprir os objetivos definidos, especialmente a maximização de valor para o cliente e partes interessadas (ABPMP BPM CBOK™, 2013, p. 41). O importante nessa discussão sobre clientes é o entendimento de que “cliente” é dependente do contexto de negócio em análise. Para vários tipos de negócio, o conceito de cliente da organização é bem conhecido. Por exemplo: Clientes de um fabricante de pneus são os fabricantes de veículos e as pessoas que possuem veículos Clientes de um provedor de serviços financeiros são pessoas físicas ou jurídicas que poupam, investem ou tomam dinheiro emprestado (ABPMP BPM CBOK™, 2013, p. 46). Processos organizacionais são “um conjunto de atividades logicamente inter- relacionadas, que envolve pessoas, equipamentos, procedimentos, tecnologias e informações e, quando executadas, transformam entradas em saídas, agregam valor e produzem resultados, repetidas vezes”. São os meios pelos quais os produtos e/ou serviços são criados e entregues para os clientes: A transformação do processo exige definições claras de responsabilidade e propriedade; Monitoramento de desempenho permite respostas ágeis; Medições de desempenho contribuem para o controle de custos, qualidade e melhoria contínua; Monitoramento melhora a conformidade; Visibilidade, compreensão e prontidão para mudança aumentam a agilidade; Acesso a informações úteis; Avaliação do custo do processo facilita o controle e a redução de custos; Melhor consistência e adequação da capacidade de negócios; Operações de negócios são bem compreendidas e o conhecimento é gerenciado (ABPMP BPM CBOK™, 2013, p. 24). O gerenciamento desses processos de negócios estabelece a forma pela qual eles são gerenciados, executados e transformados e seus “objetivos organizacionais podem ser atingidos por meio de um gerenciamento centrado em processos de negócio” (ABPMP BPM CBOK™, 2013, p. 46). Existem diferentes tipos de organizações, com objetivos diferentes, alguns são funcionais e outros são por processos, resumidamente (PAIM et al., 2009): A organização funcional tem o consumidor como uma variável que causa distúrbio, as estruturas organizacionais são rígidas, o foco é no projeto organizacional e o controle de processo por gerentes de coordenação. A organização com o tipo por processos tem os objetivos ajustados pelos consumidores, as estruturas organizacionais são flexíveis, o foco é no projeto do comportamento e o controle é flexível do processo por gerentes de fluxo de trabalhos (workflow). 3.5. Fatores críticos para gestão de processo Fatores críticos de sucesso (FCS) para a gestão de processo são as condições que devem ocorrer para assegurar o sucesso. Segundo Seffrin e Malanovicz (2009), “A visão por fatores críticos de sucessos (FCS) foi apresentada por Rockart (1979) como uma nova abordagem metodológica no planejamento estratégico e de Sistemas de Informação (SI)” e é muito utilizado em uma abordagem mais ampla relativa às estratégias organizacionais. Entende-se por (...) (FCS) aquelas poucas áreas consideradas chave na organização, nas quais as atividades funcionam corretamente para obter uma implementação bem-sucedida do sistema. Por isso, identificar essas áreas e começar por elas a implantação aumenta as probabilidades de sucesso. (OLIVEIRA; HATAKEYAMA, 2012). Como esses fatores são específicos por segmento e local, podem variar para cada organização. Esses fatores se relacionam com o que a organização precisa fazer para ter sucesso de forma contínua e não necessariamente o que está fazendo atualmente (ABPMP BPM CBOK™, 2013, p. 423). Segundo Seffrin e Malanovicz (2009), são vários autores acadêmicos que apresentam diversos elementos do FCS, assim, apresentamos esses elementos: Figura 8 ‒ Fatores Críticos de Sucesso para Gestão de Processos por autores Ahmad et al. (2007) Cultura da equipe bem estabelecida Sistema de gestão da qualidade e de recompensas satisfatórios Efetiva gestão de mudanças Promoção de práticas criativas, inovação e participação, redução da burocracia Integração e suporte da TI Efetivo gerenciamento de projetos Recursos financeiros adequados Baldam et al. (2007) Apoio da alta direção Alinhamento estratégico das iniciativas de BPM Gerente de BPM com experiência e competências necessárias Estrutura de orientação ao BPM clara e objetiva Estratégias para a gestão da mudança Capacitação das pessoas envolvidas Conclusão bem definida dos projetos de processos (não deixandoa percepção de que não adiantou o esforço aplicado) Percepção que nenhum processo é estático Desempenho sustentável, com trabalho continuado Mostrar com dados concretos os benefícios do projeto Kemsley (2006) Customização da solução de TI não deve ser excessiva Modelagem de processos deve ser feita por especialistas Seleção da ferramenta de TI apropriada Balzarova et al. (2004) Permitir tempo suficiente para a evolução do projeto de BPM Comunicação eficaz, pleno envolvimento dos funcionários envolvidos Indicadores de desempenho, tanto em nível de processo quanto de sistema Gerenciamento de mudança eficiente e efetivo Desenvolvimento da equipe de BPM Treinamento e aprendizagem pela prática Maull et al. (2003) Alinhamento estratégico das iniciativas Medidas de desempenho integradas Arquitetura de processos de negócio definida e integrada Gestão da mudança na estrutura e na cultura organizacional Identificar o papel da Tecnologia de Informação no processo Al-Mashiri e Zairi (1999) Cultura e mudança organizacional ‒ revisão dos sistemas de recompensas e motivação, comunicação efetiva, promoção do empowerment nos indivíduos e grupos, envolvimento das pessoas, treinamento e educação, criação e estímulo a uma cultura de mudanças; Gestão de competências ‒ liderança forte e comprometida, patrocínio e presença de campeões, gerenciamento de riscos efetivo; Estrutura organizacional ‒ integração de recursos humanos, alocação adequada de responsabilidades e atividades, equipes interdisciplinares e interfuncionais; Gerenciamento de projeto ‒ alinhamento estratégico da iniciativa e uso de técnicas de gerenciamento de projetos; Medidas de desempenho ‒ recursos e orçamento adequados, uso de metodologia, orientação externa, uso efetivo de consultores, remodelagem e visão de processos efetiva, integração do BPR com outras iniciativas de melhoria organizacional, foco nos objetivos do negócio; Tecnologia da informação – alinhamento estratégico de TI, infraestrutura de TI adequada, estratégia de sourcing e investimentos em TI adequada, nível de integração dos sistemas de informação, reengenharia dos sistemas legados adequada, aumento da competência nas funções de TI, uso efetivo de ferramentas de software. Armistead e Machin (1997) Gerenciamento da mudança organizacional Orientação e capacitação para o BPM Arquitetura de processos de negócio definida e integrada Consistência da abordagem de BPM utilizada Fonte: Seffrin; Malanovicz (2009). As tarefas para a gestão de projetos estão sendo suportadas por sistemas de informação. Embora haja diversas ferramentas de modelagem de processos no mercado, o uso de BPMS contribui para a integração de suporte e instrumentalização da gestão dos processos. Poderá haver uma consolidação das empresas que atuam no mercado, podendo ser por meio de aquisições, fusões ou parcerias para buscar complementaridade e maior abrangência em suas soluções. REFERÊNCIAS ABPMP BPM CBOK™ (2013). Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio Corpo, 3. Disponível em: <https://goo.gl/hGDSc5>. Acesso em: 21 fev. 2019. AMARILLA, R. S.; IAROZINSKI NETO, A. Análise comparativa dos principais processos de negócio de empresas do subsetor de edificações da construção civil. Gest. Prod., São Carlos, v. 25, n. 2, p. 269-283, jun. 2018. Disponível em: <https://goo.gl/17TV26>. Acesso em: 19 mar. 2019. CHIAVENATO, I. . 5. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. DEBEVOISE, T.; GENEVA, R. The Microguide to process modeling in BPMN 2.0: how to build great process, rule, and event models. 2. ed. Lexington: Advanced Component Research, 2008. OLIVEIRA, L. S. de; HATAKEYAMA, K. Um estudo sobre a implantação de sistemas ERP: pesquisa realizada em grandes empresas industriais. Produção, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 596-611, ago. 2012. Disponível em: <https://goo.gl/yrxKR6>. Acesso em: 19 mar. 2019. OLIVEIRA, S. B. de Qualificando os processos de sua organização. In: VALLE, R.; OLIVEIRA, S. B. (Org.). Análise e modelagem de processos de negócio: foco na notação BPMN. Business Process Modeling Notation. São Paulo: Atlas, 2013. p. 21-27. PAIM, R. et al. Gestão de processos: pensar, agir e aprender. Porto Alegre: Bookman, 2009. PAVANI JÚNIOR, O.; SCUCUGLIA, R. Mapeamento e Gestão por Processos ‒ BPM: gestão orientada à entrega por meio de objetos. São Paulo: M. Books do Brasil, 2011. SEFFRIN, V.; MALANOVICZ, A. V. Fatores críticos de sucesso no gerenciamento de processos de negócio: uma revisão de estudos de caso na literatura. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2009, Salvador. Anais do ENEGEP, 2009. v. 29. SILVA, F. P. C. da; PEREIRA, N. A. Modelagem de processos de negócios na implementação de ERPs nacionais em PMEs. Produção, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 341- 353, ago. 2006. Disponível em: <https://goo.gl/2w1nQt>. Acesso em: 18 mar. 2019. Glossário ABPMP ‒ Association of Business Process, Management Professionals BPM ‒ Business Process Management BPMS – Business Process Management Software CBOK – Common Book of Knowledge FCS ‒ Fatores críticos de sucesso OMG ‒ Object Management Group SI ‒ Sistemas de Informação TI – Tecnologia da Informação BLOCO 4. MODELAGEM DE PROCESSOS De acordo com Veyrat (2015), Com a modelagem, o objetivo é otimizar o processo. (...) Visualizar é um dos fatores mais importantes para o entendimento. É ideal criar um diagrama ou flow para ver de maneira clara o processo e assim ver o que mudar, o que melhorar e otimizar [nesse processo]. Para Holt e Perry (2010), a representação gráfica contida num modelo de processo não só mostra as atividades e departamentos de um sistema e as relações entre eles, como também o que o sistema parece e o que ele faz, porém não como faz. (AMARILLA; IAROZINSKI NETO, 2018, p. 271). Entre os aspectos que motivam a adoção da modelagem de processos, constam: documentar processos existentes; definir melhorias em processos; definir novos processos; apoiar a identificação de requisitos de software; definir fluxos de trabalho em sistemas de workflow /BPM; comunicar uma grande variedade de informação para diferentes stakeholders, entre eles: o analistas de negócio; o desenvolvedores, responsáveis por definir as tecnologias utilizadas para executar as definições criadas pelos analistas de negócio; o demais interessados nos processos (gerentes, coordenadores, entre outros) (KOLB, 2014). Neste bloco, trataremos de caracterizar modelagem de processos e sua importância para o negócio, relacionar os pontos fortes e pontos fracos da modelagem de processos nos negócios, apresentar modelos de modelagem de processos, demonstrar os níveis de modelagem de processos e categorizar as melhorias na modelagem de processos. 4.1. O que é modelagem de processos? A primeira pergunta importante deste bloco é “o que é modelagem de processos” e a resposta será realizada em conceito e aplicação. Modelagem de processos é a atividade de representação de processos de uma organização, de modo que o processo atual pode ser analisado e melhorado. A modelagem de processos tem como objetivo documentar e registrar os processos de negócio em modelos. Além disso, os processos podem ser modelados para prover dados de integração entre processos, para fins de Tecnologia da Informação (TI), da Qualidade e outros (IRITANI et al., 2015). Por modelagem de processos, entende-se como a identificação, o registro, padronização e documentação histórica da organização. Para o mapeamento e modelagem de processos a ferramenta base utilizada consiste na Notação de Modelagem de Processos de Negócio (BPMN) de acordo com BPM CBOK versão 3.0 (ABPMP, 2013).
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