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Fundamentos da Bioquímica: Compostos Inorgânicos, Vitaminas, Coenzimas e o Equilíbrio Ácido-Base Christiane Fonseca Fundamentos da Bioquímica: Compostos Inorgânicos, Vitaminas, Coenzimas e o Equilíbrio Ácido-Base 2 Introdução Neste conteúdo, entenderemos os fundamentos básicos da Bioquímica, como: fundamentos físicos e químicos e fundamentos celulares e evolutivos. Abordaremos os tipos de ligações intermoleculares e os efeitos dessas ligações na conformação das biomoléculas. A importância da água para a manutenção da vida e sua interação com os sistemas biológicos também serão estudadas, mostrando a capacidade da água de se dissociar. Para um entendimento do pH em sistemas biológicos, abordaremos a dissociação de ácidos fracos e a influência deles sobre o processo de tamponamento realizado pelas células. Ainda neste conteúdo, estudaremos os micronutrientes e sua função no organismo, juntamente com as vitaminas e coenzimas. Diante disso, ao fim do conteúdo será possível conhecer os fundamentos da Bioquímica, as características de compostos inorgânicos, vitaminas, coenzimas e o equilíbrio ácido e base. Objetivos da Aprendizagem • Compreender os principais componentes moleculares das células e a partici- pação nos processos biológicos; • Reconhecer a estrutura, propriedades e interações da água nas células vivas; • Compreender as variações de pH e os mecanismos de tamponamento em sistemas biológicos; • Definir acidose e alcalose metabólica e respiratória; • Identificar os principais oligoelementos nos diferentes organismos vivos. • Diferenciar as vitaminas quanto a sua solubilidade; • Apontar sobre as consequências das deficiências das vitaminas no organis- mo humano; • Compreender a definição, a importância, a estrutura e as funções das coen- zimas. 3 Estrutura Molecular da Vida Antes de iniciarmos o estudo das biomoléculas que formam a célula, estudaremos alguns conceitos básicos da Bioquímica. Fundamentos Químicos e Físicos O carbono é versátil em relação às ligações que pode fazer (quatro ligações), pois pode gerar inúmeras estruturas carbono-carbono, variando os grupos funcionais. Esses grupos conferem às biomoléculas as suas propriedades químicas e biológicas. Aproximadamente, mil moléculas pequenas são encontradas nas células – importante ressaltar que a interconversão dessas moléculas nas vias metabólicas centrais se manteve durante a evolução. As proteínas e os ácidos nucleicos são polímeros lineares compostos de monômeros simples. As informações contidas em cada sequência conferem estrutura e funções para cada célula especificamente. A configuração das moléculas é alterada quando a quebra de ligações covalentes é realizada, além disso outra característica química é o átomo de carbono com quatro substituintes diferentes, conhecido como carbono quiral. Os grupos substituintes podem estar arranjados em duas formas diferentes, gerando estereoisômeros. A conformação molecular se refere à disposição dos átomos no espaço, a qual pode ser afetada pela rotação em torno de ligações simples, mas sem quebrar qualquer ligação covalente (NELSON; COX, 2018). Quando abordamos os aspectos físicos, podemos dizer que ocorre troca de matéria e energia da célula com o ambiente externo, pois são sistemas abertos. A molécula de ATP fornece energia por meio do fluxo de elétrons em ligações química, ou essa energia também pode ser obtida do Sol. As reações químicas tendem a seguir para o equilíbrio e essa tendência pode ser descrita em função da energia livre, ∆G, e possui dois componentes: a variação da entalpia, ∆H, e a variação da entropia, ∆S. Quando o ∆G de uma reação for negativo, a reação é exergônica (libera energia) e tende a seguir para sua conclusão; quando o ∆G for positivo, a reação é endergônica (absorve energia) e tende a ir na direção oposta. As velocidades das reações ocorrem a velocidades condizentes, pois as enzimas estão presentes fazendo o papel de catalisadores. As enzimas atuam em parte pela estabilização do estado de transição, reduzindo a energia de ativação e, além disso, aumentam a velocidade de reação (NELSON; COX, 2018). 4 Metabolismo são todas as inúmeras sequências de reações conectadas, nas quais as células convertem metabólitos uns nos outros. Cada sequência tem sua regulação sempre em prol do suprimento daquilo que a célula precisa em dado momento e para que o gasto de energia seja somente quando necessário (NELSON; COX, 2018). Atenção Fundamentos Celulares e Evolutivos Algumas características estruturais são comuns a todos os tipos de células. O contorno da célula, o qual separa o conteúdo do meio externo é chamado de membrana plasmática. Ela é caracterizada por ser uma barreira fina, resistente e flexível, composta por moléculas de lipídios e proteínas. Íons inorgânicos têm passagem livre na maioria dos compostos carregados ou polares. A membrana possui proteínas de transporte que facilitam a passagem de determinados íons e moléculas; proteínas receptoras que transmitem sinais para o interior da célula; e enzimas de membrana que participam de algumas vias metabólicas. A divisão celular produz duas novas células, cada qual com a sua própria membrana. O citoplasma é o volume envolto pela membrana plasmática (Figura 1), composto por uma solução aquosa, o citosol e, em suspensão, uma grande variedade de partículas com funções específicas. O citosol é uma solução altamente concentrada contendo enzimas e as moléculas de RNA que as codificam, também estão presentes os aminoácidos e nucleotídeos, os quais são formadores dessas moléculas; centenas de moléculas orgânicas pequenas, chamadas de metabólitos; e coenzimas, compostos essenciais para muitas das reações catalisadas por enzimas e íons inorgânicos (por exemplo, K+1, Na+1, Mg+2 e Ca+2) (NELSON; COX, 2014). As principais organelas presentes no citoplasma de células eucarióticas são as mitocôndrias, os retículos endoplasmáticos liso e rugoso, os lisossomos, o complexo de Golgi, o nucléolo e os peroxissomos (BELLÉ; SANDRI, 2014). Ainda Segundo Nelson e Cox (2018), todas as células, em algum momento de sua vida, possuem um nucleoide ou um núcleo, onde o genoma (conjunto completo de genes composto por DNA) é replicado e armazenado, associado com certas proteínas. Em bactérias e nas arqueias, o nucleoide não é separado do citoplasma por uma membrana, e, nos eucariotos, o núcleo é confinado dentro de uma dupla membrana, o envelope nuclear. 5 Figura 1: Diferenças entre uma célula bacteriana e uma célula animal Fonte: Nelson e Cox (2018, p. 3). Os microrganismos sem membrana nuclear, antes classificados como procariotos, agora formam grupos distintos: Bacteria e Archaea (Figura 2). As bactérias habitam o solo, as águas superficiais e os tecidos de organismos vivos ou em decomposição. Já as arqueias, reconhecidas na década de 1980 por Carl Woese como um grupo distinto, habitam ambientes extremos (lagos de sais, fontes hidrotérmicas, pântanos altamente ácidos e profundezas dos oceanos). Estudos indicam que Bacteria e Archaea divergiram logo no início da evolução. Figura 2: Árvore filogenética indica as relações evolutivas entre os três domínios de seres vivos Fonte: Wikipedia (2019). As mutações herdadas geram organismos mais adaptados para sobreviver e se reproduzir em um dado ambiente, fazendo com que os seus descendentes predominem nesse ambiente. Esse processo é a base da evolução darwiniana (mutação e seleção), que corresponde desde a primeira célula até os organismos atuais. A vida surgiu há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, provavelmente pelo desenvolvimento de 6 moléculas de RNA autorreplicativa. As funções genômicas e catalíticas dos primeiros genomas de RNA com o passar do tempo foram sendo realizados por proteínas e DNA, respectivamente. As células eucarióticas, algumas células diferenciadas, especializaram-se em uma ou mais funções vitais para a sobrevivência do organismo. Atualmente, com o conhecimentodas sequências completas de nucleotídeos dos genomas de diferentes organismos, é possível uma compreensão mais profunda da evolução oferecendo oportunidades para a medicina humana (NELSON; COX, 2018; VOET; VOET, 2013). Água e suas Interações em Sistemas Biológicos Vamos falar agora sobre a água, componente abundante nas células, compreendendo sua importância como solvente universal, os tipos de interações que realiza e, por fim, sua importância na fisiologia humana. Este subitem inicia com descrições das propriedades físicas e químicas da água, à qual, em todos os aspectos, a estrutura e a função da célula estão adaptadas. As forças de atração entre as moléculas da água e a pequena tendência da água em ionizar são de extrema importância para a estrutura e a função das biomoléculas. A molécula de água e seus produtos de ionização, H+ e HO-, influenciam intensamente a estrutura, a organização e as propriedades de todos os componentes celulares. As interações não covalentes responsáveis pela intensidade e especificidade do reconhecimento entre as biomoléculas são influenciadas pelas propriedades da água como solvente, incluindo a capacidade de formar ligações de hidrogênio com ela mesma e com solutos (NELSON; COX, 2018). Compreendendo o Solvente Universal A água é o componente químico predominante nos organismos vivos, constituindo cerca de 70% de seu peso. Segundo Nelson e Cox (2018), o primeiro organismo vivo na Terra apareceu em um ambiente aquoso, moldando o curso da evolução. As suas propriedades físicas únicas, que incluem a capacidade de solvatar uma ampla gama de moléculas orgânicas e inorgânicas, derivam da sua estrutura dipolar e da excepcional capacidade de interação para formar ligações de hidrogênio. A maneira como a água interage com uma biomolécula solúvel influencia as estruturas da biomolécula e da própria água. Sendo um nucleófilo excelente, a água é um reagente ou produto em muitas reações metabólicas. A regulação do equilíbrio da água depende de mecanismos hipotalâmicos que controlam a sede, do hormônio antidiurético (ADH, do inglês, antidiuretic hormone), da retenção ou excreção da água pelos rins e da perda por evaporação. O diabetes insípido nefrogênico, que envolve a incapacidade 7 de concentrar a urina ou se ajustar a alterações sutis na osmolaridade do líquido extracelular, resulta da falta de responsividade dos osmorreceptores tubulares renais ao ADH (RODWELL et al., 2017) Interações Intermoleculares A água é uma molécula formada pela ligação de dois átomos de hidrogênio (H) e um de oxigênio (O). A ligação entre eles ocorre a partir do compartilhamento de elétrons; porém o átomo de oxigênio exerce uma maior atração sobre os elétrons criando polos na molécula, nos quais o oxigênio possui carga negativa e os átomos de hidrogênio adquirem cargas positivas (Figura 3), caracterizando a água como molécula polar (BELLÉ; SANDRI, 2014). Figura 3: Estrutura da molécula da água Fonte: Bellé e Sandri (2014, p. 12). A interação entre as moléculas de água ocorre devido à presença de dois polos. Essa interação acontece, pois ocorre a atração de átomos de oxigênio negativo de uma molécula com os átomos de hidrogênio positivo da outra, formando ligações fracas, chamadas pontes de hidrogênio (Figura 4). 8 Figura 4: Pontes de hidrogênio (linha tracejada) formadas entre moléculas de água Fonte: Bellé e Sandri (2014, p. 12). As pontes de hidrogênio são responsáveis pela estabilidade verificada na água líquida, proporcionando coesão interna. Devido a isso, a água apresenta pontos de fusão e ebulição maiores que outros solventes. Tanto na passagem do estado líquido para o sólido ou do líquido para o gasoso existe o rompimento de algumas pontes de hidrogênio, mas nem todas as pontes de hidrogênio são rompidas (BELLÉ; SANDRI, 2014). Um exemplo é o gelo, cuja densidade é menor que a água líquida devido ao arranjo cristalino mantido somente por pontes de hidrogênio, sendo assim, compactado de forma menos densa que na forma líquida – quanto mais pontes de hidrogênio, maior a densidade (CAMPBELL; FARRELL, 2016). Além da estabilidade conferida, as pontes de hidrogênio possibilitam que a água dissolva muitas biomoléculas orgânicas, facilitando as interações químicas entre elas. As substâncias dissolvidas na água interagem por meio de pontes de hidrogênio ou por interações iônicas. Essas ligações influenciam a estrutura e as propriedades de todos os componentes celulares. Quando sais se dissociam na água, há formação de íons com carga negativa (ânions) e com carga positiva (cátions), chamados eletrólitos, com exceção dos açúcares e álcoois que não formam íons. A água dissolve sais como o NaCl pela hidratação e estabilização dos íons Na+ e Cl-, enfraquecendo as interações eletrostáticas entre eles, como consequência ocorre a neutralização e a tendência de formação em uma rede cristalina (NELSON; COX, 2018). As moléculas anfipáticas são definidas por uma região polar e outra apolar, também interagem com a água. Entretanto, quando em solução, várias moléculas anfipáticas se juntam, formando uma estrutura estável com uma região central hidrofóbica das moléculas e uma região superficial formada pela porção hidrofílica. As porções apolares são mantidas no centro da estrutura por meio de 9 interações hidrofóbicas. Essas estruturas são denominadas micelas e se formam para maximizar a interação dessas moléculas com a água (Figura 5) (BELLÉ; SANDRI, 2014). Figura 5: Estrutura de uma molécula anfipática e representação de uma micela Fonte: Bellé e Sandri (2014, p. 13). As pontes de hidrogênio possibilitam que a água dissolva muitas biomoléculas orgânicas que contêm agrupamentos funcionais que podem participar das pontes de hidrogênio. Os átomos de oxigênio de aldeídos, cetonas e amidas, por exemplo, fornecem pares livres de elétrons que servem como aceptores de hidrogênio. Alcoóis, ácidos carboxílicos e aminas podem atuar como aceptores de hidrogênio quanto como doadores de átomos de hidrogênio desprotegidos para a formação de pontes de hidrogênio. As moléculas muito hidrofóbicas, por exemplo, os lipídeos, não se dissolvem em água (BELLÉ; SANDRI, 2014). Além das pontes (ou ligações) de hidrogênio e das interações hidrofóbicas que já foram citadas, ainda existem outras duas interações não covalentes: as interações iônicas e de Van der Waals (Figura 6- Tabela). Todas essas interações são muito mais fracas do que as ligações covalentes. Apesar de esses quatro tipos de interações serem individualmente fracos se comparadas com as ligações covalentes, o efeito do acúmulo de muitas interações é muito significativo. Por exemplo, a ligação não covalente de uma enzima a um substrato pode envolver muitas ligações de hidrogênio e uma ou mais interações iônicas, assim como interações hidrofóbicas e de Van der Waals. A formação de cada uma dessas ligações fracas contribui para um decréscimo na energia livre do sistema (NELSON; COX, 2018). 10 Ligações de hidrogênio Entre grupos neutros Interações iônicas Atração Interações hidrofóbicas Forças de van der Waals Repulsão Entre ligações peptídicas Dois átomos quaisquer bem próximos um do outro Figura 6: Os quatro tipos de interações não covalentes entre as biomoléculas utilizando água como solvente Fonte: Nelson e Cox (2014, p. 54). Ainda segundo Nelson e Cox (2018), macromoléculas, como proteínas, DNA e RNA, contêm tantos sítios potenciais para pontes de hidrogênio ou interações iônicas, de Van der Waals e hidrofóbicas que os efeitos cumulativos dessas pequenas forças de ligação podem ser enormes. Nas macromoléculas, a estrutura nativa ou mais estável, geralmente, é aquela na qual as interações fracas estão em maior quantidade. O enovelamento de um único polipeptídio ou a ligação de um antígeno a um anticorpo específico dependem desses efeitos cumulativos de muitas interações fracas. A seguir estão detalhadas as principais ligações químicas: 11 Ligaçõescovalentes As ligações covalentes são as mais fortes e são as que definem a estrutura das moléculas. Elas são formadas pelo compartilhamento de um par de elétrons entre dois átomos. Ao serem compartilhados, tornam-se mais estáveis (BELLÉ; SANDRI, 2014, p.21). Ligações iônicas Ocorrem entre íons que se encontram com cargas opostas. Um dos íons doa um par de elétrons para o outro. A doação de elétrons ocorre por causa da diferença de eletronegatividade. Um exemplo é o cloreto de sódio (NaCl). As ligações iônicas são fortes, contudo não tão fortes como as ligações covalentes (BELLÉ; SANDRI, 2014, p.21). Pontes de hidrogênio Esse tipo de ligação ocorre quando o hidrogênio está ligado a um átomo mais eletronegativo. As pontes de hidrogênio também podem se formar dentro de uma mesma molécula. Um exemplo é a dupla hélice de DNA (BELLÉ; SANDRI, 2014, p.22). Forças de Van der Waals São interações fracas que acontecem quando dois átomos não carregados estão muito próximos. Essas forças ocorrem em moléculas apolares que, quando em proximidade, têm suas nuvens de elétrons influenciadas umas pelas outras (BELLÉ; SANDRI, 2014, p.22). Interações hidrofóbicas As interações hidrofóbicas acontecem entre moléculas apolares em meio aquoso, não há uma atração entre as moléculas apolares. Essa interação acontece quando óleo é colocado na água, por exemplo. As interações hidrofóbicas também estabilizam a estrutura de algumas moléculas, como as proteínas, o DNA e o RNA (BELLÉ; SANDRI, 2014, p.22). 12 Importância da Água na Fisiologia Humana Como vimos, uma das primeiras funções da água é agir como solvente. Essa ação é de extrema importância, pois possibilita as trocas metabólicas entre os diferentes órgãos, compor um meio no qual ocorra a dissolução e a reconstrução de macromoléculas, permitir a ocorrência de processos enzimáticos e bioquímicos que possibilitem a manutenção do metabolismo corporal e dar substrato para o deslocamento de nutrientes entre os diversos tipos de tecidos corporais e entre os diferentes órgãos e sistemas. A água atua como meio de transporte, movimentando as diversas moléculas entre seus distintos compartimentos corporais. Figura 7: Fluidos corporais e Membranas celulares. Fonte: Plataforma Deduca 2019. Os fluidos corporais, como o sangue e a linfa, apresentam a água como principal componente. Nas membranas celulares, a água atua como o elemento que permite a passagem das diversas moléculas e eletrólitos entre os distintos compartimentos celulares. Isso possibilita que as atividades metabólicas, como a produção de energia e os processos fisiológicos, ocorram normalmente. 13 Figura 8: Estrutura, Temperatura e Lubrificação Fonte: Plataforma Deduca 2019. • A água também está presente na formação e na estruturação tanto de teci- dos corporais como de músculos. • A manutenção da temperatura corporal é determinada por vários processos fisiológicos, nos quais a água é o principal fator. A lubrificação das partes móveis do corpo, como as articulações nas quais se encontra o fluido si- novial, ocorre pela presença de macromoléculas altamente hidrofílicas que mantêm várias camadas de água ligadas a elas, sendo a água um dos princi- pais componentes nesse fluido presente entre as articulações (COZZOLINO; COMINETTI, 2013). Diante de tanta influência da água, podemos dizer que os organismos estão muito bem adaptados aos seus ambientes aquosos e desenvolveram meios de explorar as propriedades incomuns (peculiares) da água. O alto valor do calor específico da água (a energia térmica necessária para aumentar a temperatura de 1g de água em 1°C) é útil para as células e os organismos, pois permite que a água atue como “tampão térmico”, mantendo a temperatura de um organismo relativamente constante, enquanto a temperatura do meio ambiente varia. Importante ainda para todos os seres vivos é o fato de que muitas das propriedades físicas e químicas das biomoléculas, principalmente as proteínas e os ácidos nucleicos, são consequência das suas interações com moléculas de água do meio que as circundam. Entretanto, é preciso que ocorra um controle da entrada e saída de água da célula, visto que elas apresentam uma maior concentração de moléculas e íons do que o meio externo, e isso direciona as moléculas de água para seu interior. Quando esse mecanismo não é controlado, a célula pode sofrer um rompimento que chamamos de lise osmótica (BELLÉ; SANDRI, 2014). Quando estudamos a importância da água, podemos observar sua influência no curso da evolução biológica como determinante e profunda (NELSON; COX, 2018). 14 pH e Tampões Biológicos O conceito de pH (potencial hidrogeniônico ou potencial de hidrogênio) foi introduzido, em 1909, pelo bioquímico dinamarquês Søren Peter Lauritz Sørensen (1868-1939), que desejava facilitar seus trabalhos no controle de qualidade de cervejas. Já os tampões são caracterizados pela "capacidade de resistir a uma alteração no pH após a adição de base ou ácido forte (PINTO, 2017, p.4). Definição de pH e Ácidos Fracos e Fortes O pH designa a acidez, a neutralidade ou a alcalinidade de uma solução. A escala de pH varia de 0 a 14, valores que correspondem às concentrações de íons H+ entre 1 e 10–14 M. Abaixo de 7, o pH é ácido; acima, básico ou alcalino; e, no valor de exatamente 7,0, neutro (Figura 7). O valor de pH está relacionado à concentração de H+ ou de OH– na solução. Sendo assim, quanto maior a concentração de íons H+, menor será o pH; ao passo que, quanto maior a concentração de íons OH–, maior será o valor de pH. O pH de uma solução é expresso como cologarítimo decimal de base dez, definido pela seguinte equação: pH = –log [H+] (PINTO, 2017). Figura 9: Exemplos de valores de pH de algumas substâncias Fonte: Pinto (2017. p. 4). 15 Uma solução aquosa neutra a 25°C é utilizada para que possamos entender a fórmula apresentada anteriormente. Essa solução apresenta uma concentração de íons de 1,0 × 10-7 M. Com a aplicação da fórmula, o pH da solução é 7,0. [H+] = 0,0000007 = 1,0 x 10–7 M log[H+] = –7 pH = –log[H+] = 7 Com base nessas premissas, as soluções são consideradas: • neutras quando pH = 7,0 • ácidas quando pH 0 < 7,0 • básicas quando pH 7,0 > 14 Existem diferentes maneiras de mensurar o pH de uma solução. O valor de pH de uma solução é determinado por meio de um aparelho chamado pHmetro (Figura 8), que é, na verdade, um eletrodo. A leitura no aparelho é feita a partir da tensão, geralmente em milivolts, que o eletrodo produz quando submerso na amostra. A intensidade da tensão medida é convertida para uma escala de pH. O aparelho faz essa conversão em uma escala usual de 0 a 14. Também são utilizados, indicadores, como a fenolftaleína. Esta substância adquire coloração vermelha na presença de bases e fica incolor na presença de ácidos durante a titulação. Ou ainda, utilizando um papel tornassol. Essa fita muda de cor quando em contato com determinadas soluções. A coloração que o papel assume é comparada a uma escala de cores que indica o valor aproximado do pH (PINTO, 2017). 16 Figura 10: Métodos para medir o pH de uma solução Fonte: Pinto (2017, p. 5). Equilíbrio de ionização Para entendimento do que é o pH, primeiro precisamos entender o processo de ionização da molécula de água. A água tende a se dissociar formando os íons H+ e a hidroxila (OH–), e, para cada mol de H+, um mol de OH– é produzido. Como o íon de H+ (próton) apresenta uma reatividade alta e a água possue um caráter dipolar, o próton H+ não permanece como tal. Este tende a se ligar a outra molécula de água, formando o que chamamos de íon hidrônio (H3O+). O grau de dissociação é descrito pela constante de dissociação (K), como mostrado na equação a seguir: 17 O valor de K para água é de 1,8x10-16 a 25°C e a concentração da água não dissociada pode ser considerada como uma constante que é igual 55,5 mol (M). Assim, pode se dizer que a quantidade de água dissociada é muitomenor. Quando substituímos os valores na equação, temos: Com esses dados, temos uma nova constante para dissociação para água (Kw), denominada constante de produto iônico da água: Assim, a 25°C, o valor de Kw é dado por: Portanto, o valor numérico do produto [H+] [OH–] em soluções aquosas a 25°C é sempre . Em soluções aquosas diluídas, há sempre um equilíbrio entre H2O, H+ e OH–, independentemente de haver substâncias diluídas. No caso de adição de substâncias básicas ou ácidas, as alterações ocorrem tanto na concentração de H+ como de OH– (BELLÉ; SANDRI, 2014). A definição de Brønsted (MARZZOCO; TORRES, 2018, p.2) para ácidos e bases é a mais conveniente para definir sistema tampão e compreender suas propriedades. Segundo essa definição, são classificados como ácidos, por exemplo: Generalizando, a equação de dissociação de um ácido (HA) é: 18 O íon (Cl–, HSO4– etc.) ou a molécula (NH3, H3C– NH2) resultante da dissociação é denominado base conjugada do ácido, já que pode receber um próton, com isso converte-se novamente no ácido conjugado respectivo. Os ácidos fortes, dissociam- se totalmente quando em soluções diluídas — é o caso, por exemplo, de HCl e H2SO4. Já os chamados ácidos fracos ionizam-se muito pouco. Para esses ácidos, pode-se escrever (MARZZOCO; TORRES, 2018, p.2): Esta equação indica que, em solução aquosa, o ácido fraco HA dissocia-se, produzindo as espécies A e H+ e formando com a parte não dissociada, HA, um equilíbrio químico. A constante de equilíbrio dessa dissociação é: Nestes tipos de reações, a constante de equilíbrio é normalmente chamada constante de dissociação ou de ionização, representada por Ka. Na Tabela 1, observamos alguns ácidos fracos e os valores de sua constante de dissociação e de seu pKa (pKa = – log Ka). Quanto menor o valor de Ka (ou maior o valor de pKa), mais fraco será o ácido e mais forte será a sua base conjugada (MARZZOCO; TORRES, 2018). 19 Ácido conjugado Base conjugada Ka(M) pKa ácido acético CH3COOH Acetato CH3COO- 1,7x10-5 4,76 Ácido carbônico* H2CO3 Íon bicarbonato HCO3- 1,7x10-4 3,77 Íon bicarbonato HCO3- Carbonato C032- 6,3x10-11 10,2 Ácido lático CH3CHOHCOOH lactato CH3CHOHCOO- 1,4x10-4 3,86 Ácido fosfórico H3PO4 Íon di-hidrogênio fosfato H2PO4- 7,2x10-3 2,14 Íon di-hidrogênio fosfato H2p04- Íon mono-hidrogênio fosfato HPO42- 1,4x10-7 6,86 Íon mono-hidrogênio fosfato HPO4-2 Íon fosfato PO43- 3,9x10-13 12,4 Íon amônio NH4+ Amônia NH3 5,6x10-10 9,25 Tabela 1: Variação da força ácida dos ácidos fracos Fonte: Marzzoco e Torres (2018, p. 4). Influência do pH nas Estruturas Biomoleculares O pH é um fator muito importante nos processos e nas estruturas biológicas. A grande maioria dos eventos bioquímicos é sensível a pequenas mudanças no pH. Nos seres humanos, o pH arterial é 7,4, e o do sangue venoso 7,35, um pouco menor que o do sangue arterial, em virtude da maior concentração de CO2 no sangue venoso. A diminuição do pH para 7,0, por exemplo, acarreta graves consequências. Intracelularmente, a manutenção do pH é também de extrema importância, pois sua modificação altera a atividade de enzimas. Nos seres vivos, a manutenção do pH é decorrente dos sistemas tampão (BELLÉ; SANDRI, 2014). A presença de tampões no organismo é essencial, uma vez que as reações metabólicas produzem H+ com frequência, o que, em excesso, pode conduzir a uma acidose metabólica importante. O bicarbonato é o principal tampão, compondo cerca de 64% do total de tampões plasmáticos – os demais são hemoglobina (28%), proteínas (7%) e tampão fosfato (1%) (PINTO, 2017, p.5). 20 Tampões Biológicos A adição de uma gota de 0,01 mL de HCl 1 M a 1 L de água pura altera o pH da água de 7 para 5, o que representa um aumento de 100 vezes na [H+]. As propriedades das substâncias biológicas variam significativamente com pequenas alterações de pH, por isso elas necessitam de ambientes nos quais o pH seja refratário à adição de ácidos ou bases (VOET; VOET, 2013). A capacidade de tamponamento é a capacidade de resistir a uma alteração no pH após a adição de base ou ácido forte. Muitas reações metabólicas são acompanhadas pela liberação ou captação de prótons. O metabolismo oxidativo produz CO2, gás carbônico, o qual se não fosse tamponado, produziria acidose grave. A manutenção de um pH constante envolve o tamponamento por fosfato, bicarbonato e proteínas, que aceitam ou liberam prótons para evitar uma mudança no pH (RODWELL et al., 2017). Essas soluções são formadas por um ácido fraco e sua base conjugada, como: H2PO4 (ácido) e H2PO–4 (base conjugada); H2CO3 (ácido) e HCO–3 (base conjugada). O ponto ótimo de solução-tampão ocorre no valor de pH correspondente ao seu pKa, ou seja, quando as concentrações das espécies ácida e básica são iguais. A região de pH útil de um tampão é geralmente considerada pH = pKa ± 1,0. Segundo Pinto (2017, p.5), a eficiência do sistema- tampão pode ser verificada por meio de um experimento que consiste em gotejar uma solução de HCl 50% em determinado volume de água por 90 min, o pH da água cairá rapidamente, saindo de seu valor de 7,0 para 1,8. Entretanto, se esse experimento for realizado com plasma, o pH variará de 7,4 para 7,1, mostrando a ação dos sistemas- tampão presentes no plasma. 21 Tampão Bicabornato/ácido carbônico O tampão bicarbonato/ácido carbônico está presente no plasma sendo o mais usado para evitar variações de pH. O excedente de íons H+ combina-se com o HCO–3, dando origem ao H2CO3, que se dissocia em H2O e CO2. O CO2 é eliminado pelos pulmões e o HCO–3 é excretado pelos rins. As proteínas também atuam no controle do pH e são formadas por aminoácidos, os quais são capazes de tamponar o meio (PINTO, 2017, p.5). Figura 11: Tampão Bicabornato/ácido carbônico Fonte: Plataforma Deduca 2019. Tampão fosfato O tampão fosfato (H2PO4–/HPO42–) tem pKa igual a 6,8, constituindo um tampão apropriado para valores de pH entre 5,8 e 7,8. No plasma, a concentração deste tampão é muito baixa, tornando sua eficiência muito reduzida. Já no interior das células (pH do citosol 7), sua concentração é maior e sua eficácia é considerável (MARZZOCO; TORRES, 2018). Figura 12: Tampão fosfato Fonte: Plataforma Deduca 2019. 22 Condição Fisiológica de Acidose e Alcalose Diferentes partes do organismo apresentam valores de pH diferentes, resultado de suas especificidades. O pH arterial é 7,4, e o do sangue venoso 7,35, um pouco menor que o do sangue arterial, devido a maior concentração de CO2 no sangue venoso. No interior do estômago, a síntese de HCl reduz o pH a valores que podem chegar a 0,8, enquanto a urina pode variar desde pH 4,5 até 8,0. Em resumo, os limites de pH sanguíneo compatíveis com a vida humana são 6,8 (mínimo) e 8,0 (máximo). Variações de pH acima ou abaixo desses limites implicam alcalose e acidose, respectivamente, e podem colocar a vida em risco (PINTO, 2017). Os distúrbios ácido-base são alterações no pH do plasma, deslocando o grau de acidez ou alcalinidade e, por consequência, comprometendo as funções bioquímicas no organismo, com possibilidade de óbito. A gasometria é a prova bioquímica capaz de avaliar o estado acidobásico com precisão, uma vez que amostras coletadas do sangue arterial fornecem dados sobre o pH e a concentração de HCO–3 (PINTO, 2017, p.9). As principais alterações relacionadas ao pH estão citadas a seguir: Acidose metabólica: acontece com o aumento de espécies químicas de caráter ácido ou redução de álcalis, impactando diretamente no pH plasmático. Há diversas causas de acidose metabólica, incluindo: • utilização de medicamentos sem orientação adequada (por exemplo: salici- latos); • cetoacidose diabética, como consequência do diabetes melito descompen- sado, produz corpos cetônicos, os quais são ácidos e reduzem o pH plasmá- tico – em casos mais graves pode levar ao coma diabético; • acúmulo de ácido lático, causada pela deficiente oxigenação celular no cho- que hipovolêmico, cardiogênicoou séptico; • insuficiências renais, quando a taxa de filtração glomerular cai para menos que 20% dos valores de referência e, progressivamente, ocorre retenção de carga ácida; • perdas excessivas de HCO–3, como ocorre nas diarreias profusas. • "A condição de acidose metabólica tenta ser compensada pelos pulmões com a eliminação de CO2". (PINTO, 2017, p.9). • Alcalose metabólica: instala-se quando se elevam os níveis plasmáticos de HCO–3 ou quando há perdas significativas de H+, como ocorre em situações de vômito. "Trata-se de um distúrbio ácido-base relativamente comum, cuja rele- vância clínica está diretamente relacionada ao valor de pH" (PINTO, 2017 , p.9). 23 Acidose respiratória: é causada pela hipoventilação, levando a uma concentração aumentada da pressão de CO2 arterial (hipercapnia). A hipercapnia e a acidose respiratória ocorrem quando a disfunção na ventilação se instala promovendo uma diferença entre o que precisa ser removido de CO2 pelos pulmões e a produção de CO2 nos tecidos. As causas da acidose respiratória aguda podem ser (PINTO, 2017, p.10): • depressão súbita da ventilação pulmonar decorrente de lesões do centro res- piratório no bulbo; • doenças do sistema nervoso central; • doenças neuromusculares que acometem a capacidade ventilatória (por exemplo, miastenia gravis, esclerose lateral amiotrófica, síndrome de Guil- lain-Barré e distrofia muscular); • obstrução das vias aéreas ; • doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). • As causas mais comuns da acidose respiratória crônica são disfunções dia- fragmáticas, anormalidades neuromusculares, DPOC e cifoescoliose. • Alcalose respiratória: existe ventilação alveolar aumentada (hiperventilação), o que leva à alta eliminação de CO2 e consequente redução da PCO2. Alguns fatores causais para a alcalose respiratória incluem (PINTO, 2017, p.10): • ansiedade e estresse; • mudança para áreas de grande altitude, onde a pressão atmosférica do oxi- gênio estimula a hiperventilação; • hipertermia; • medicamentos (por exemplo, cloridrato de doxapram, que atua estimulando quimioceptores aórticos e carotídeos); • hipóxia em doenças pulmonares, como na pneumonia e na asma; • insuficiência cardíaca congestiva; • Iatrogenia (por exemplo, ventilação artificial excessiva). Aprenda um pouco mais sobre os efeitos do pH no organismo. Veja o link: https://www.youtube.com/watch?v=-eV2J5mMqhI. Saiba mais 24 Os Oligoelementos ou Microelementos "Os oligoelementos, microelementos ou elementos traços, são elementos de baixo peso molecular e podem ser definidos como os catalisadores no metabolismo das reações enzimáticas dos seres vivos" (MARZZOCO; TORRES, 2018, p.261). Aspectos Gerais dos Oligoelementos ou Microelementos Os oligoelementos, ou microelementos, são sais minerais que estão presentes no organismo de forma mínima, na casa de ppm (partes por milhão), porém, sua função é indispensável para o equilíbrio orgânico nas células. Esses elementos participam de inúmeros processos importantes, são também responsáveis pela dureza de certas estruturas, como ossos e dentes. O número de minerais que são indispensáveis para a manutenção de um estado saudável é muito grande (MARZZOCO; TORRES, 2018). Tipos de Oligoelementos e as Consequências da Deficiência no Corpo Humano Alguns elementos como Ca2+, fosfato, Na+, K+, Mg2+, Fe2+, entre outros são necessários em quantidades da ordem de miligramas ou gramas, enquanto, para outros, bastam algumas dezenas de microgramas. Dentre esses, encontra-se o selênio, que é cofator de diversas enzimas, por exemplo, e a glutationa peroxidase, responsável pela dissipação de peróxidos; assim, "o selênio, juntamente com outras vitaminas a seguir, participam do sistema antioxidante do organismo" (MARZZOCO; TORRES, 2018, p.261). 25 Elemento Funções Fontes Consequên- cias da Defi- ciência Cobalto Um dos componentes da vitamina B12, essencial para a produção das hemácias Carnes e laticínios Distúrbios nervosos e anemia perniciosa decorrentes da carência de vitamina B12 Ferro Componente da hemoglobina, mioglobina e enzimas respiratórias; é fundamental para o processo de respiração celular, pois se liga ao O2 levando-o até as células e ao CO2 para devolvê-lo ao exterior Fígados, gema de ovo, legumes, nozes e vegetais verdes Anemia ferropriva Iodo Componente dos hormônios da tireoide, que estimulam o metabolismo, diferenciação fetal Frutos do mar, sal de cozinha iodado e laticínios Hipotireoidismo, bócio e detenção do crescimento fetal Zinco Integrante de dezenas de enzimas, muitas delas envolvidas na digestão Vegetais, carnes, pescados, fígado, ostras e cereais integrais Atraso do crescimento, diminuição da capacidade de cicatrização Selênio Contribui para a ação de enzimas que combatem o câncer e confere elasticidade aos tecidos Carnes de aves, limão, moluscos, fígado e leguminosas Alterações musculares e cardíacas Cromo Importante para o metabolismo energético, potencializa o efeito da insulina Cereais integrais, frutas cítricas, azeitonas e levedos de cerveja Diminuição da tolerância à glicose, neuropatia periférica Molibdênio Indispensável para a ativação de algumas enzimas, atuando como cofator Cereais integrais, leite e leguminosas Síndrome de intoxicação por sulfito 26 Cobre Componente de várias enzimas, essencial para a síntese de hemoglobina, favorece o sistema imunitário Fígado, ovos, peixes, trigo integral e feijão Anemia, neutropenia, desmineralização óssea, alteração do cabelo e hipotermia Flúor Importante componente dos ossos e dentes, protege os dentes contra cáries Água fluorada, crustáceos, grãos e peixes Cárie dentária e osteoporose Manganês É necessário para a ativação de diversas enzimas Cereais integrais, gemas de ovo, carnes, nozes, frutos secos e vegetais verdes Tabela 2: Principais oligoelementos suas funções, fontes e consequências da sua deficiência no corpo Fonte: Bettelheim (2016, p.271). As Vitaminas O termo vitamina foi introduzido pelo bioquímico polonês Casimir Funk (1884- 1967), em 1912, que notou a importância de algumas substâncias que continham o grupo amina eram essenciais para o organismo humano. Sabe-se que nem todas as vitaminas apresentam grupos amina, mas o termo perdura (PINTO, 2017, p.477). As Principais Características das Vitaminas As vitaminas apresentam estruturas químicas e funções variadas, são compostos orgânicos, vitais para o metabolismo, cuja falta pode causar sérios prejuízos. "Durante sua evolução, a maioria das vitaminas deve ser obtida pela dieta, pois o organismo humano não se desenvolveu para sintetizá-las" (PINTO, 2017, p.477). Além dos macronutrientes (carboidratos, lipídios e proteínas), os seres humanos dependem da ingestão de pequenas quantidades de vitaminas e íons inorgânicos, denominados micronutrientes. "As vitaminas não são estocadas em níveis suficientes, e, portanto, devem ser supridas de modo contínuo pela dieta" (MARZZOCO; TORRES, 2018, p.260). Tem-se uma estimativa que o organismo precise de 13 vitaminas diferentes, e os seres humanos somente são capazes de sintetizar a vitamina D. 27 Estrutura e Funções das Vitaminas Como já foi visto, as vitaminas constituem um grupo de nutrientes orgânicos necessário em quantidades pequenas para uma variedade de funções bioquímicas. Vitaminas como as A (Figura 9) e D (Figura 10) apresentam uma semelhança estrutural, por serem derivadas do isopreno, ocorrem em alimentos de origem vegetal, incluindo óleos, ou alimentos animais ricos em gordura, e são absorvidas no intestino delgado juntamente com os lipídios. Elas estão envolvidas em diversos processos fisiológicos. A vitamina A, obtida principalmente a partir de carotenoides vegetais, está envolvida nas reações da visão e no crescimento e diferenciação celular (BROWN, 2018). Figura 13: Estrutura molecular da vitamina A, exemplificada pelaforma mais comum na dieta, o retinol Fonte: Brown (2018, p. 94). Já os compostos precursores da vitamina D estão presentes nos alimentos ou na pele de animais (como o 7-deidro-colesterol, um derivado do colesterol). Eles são convertidos por radiação ultravioleta, a princípio em formas inativas da vitamina, que, após sofrerem modificações enzimáticas no fígado e no rim, começam a exibir atividade de hormônios reguladores do metabolismo de cálcio e fosfato. 28 Figura 14: Estrutura molecular da vitamina D, exemplificada pelo ergocalciferol, ou vitamina D2 Fonte: Brown (2018, p. 94). A vitamina E (Figura 11) localiza-se, em maior parte, na bicamada lipídica de membranas celulares e na monocamada lipídica de lipoproteínas plasmáticas. Sua função principal é evitar que os ácidos graxos insaturados constituintes dessas estruturas sejam oxidados por radicais livres. Estudos populacionais têm mostrado uma correlação significativa entre a incidência de câncer e doenças cardiovasculares e o baixo consumo de vitaminas antioxidantes e selênio. Figura 15: Estrutura molecular da vitamina E, exemplificada pelo tocoferol Fonte: Brown, (2018, p. 94). A vitamina K (Figura 12) participa como "cofator de reações de carboxilação de resíduos de glutamato de várias proteínas, dentre as quais os fatores responsáveis pela coagulação sanguínea" (MARZZOCO; TORRES, 2018, p.260). 29 Figura 16: Estrutura molecular da vitamina K, exemplificada pela filoquinona, ou vitamina K1 Fonte: Brown (2018, p.94). A partir das vitaminas, muitos cofatores (orgânicos) são formados. A seguir estão listadas algumas vitaminas que tem essa função: Figura 17: Vitamina B3 ou niacina Fonte: Plataforma Deduca 2019. A vitamina B3, ou niacina, que é a precursora dos cofatores nicotinamida-adenina dinucleotídeo (NAD+) e nicotinamida-adenina dinucleotídeo fosfato (NADP+). O NAD+ e o NADP+ são necessários para várias enzimas envolvidas na geração de energia e anabolismo, respectivamente (Brown, 2018). 30 Figura 18: Vitamina B2 ou riboflavina Fonte: Plataforma Deduca 2019. A vitamina B2, ou riboflavina, é a precursora da flavina adenina dinucleotídeo (FAD) e da flavina mononucleotídeo (FMN). A FAD e a FMN desempenham uma função semelhante à do NAD+ e NADP+ (Brown, 2018). Figura 19: Vitamina B5 ou ácido pantotênico Fonte: Plataforma Deduca 2019. A vitamina vitamina B5, ou pantotênico, é convertido em coenzima, que está envolvida na geração de energia bem como no metabolismo dos lipídios (Brown, 2018). 31 Figura 20: Vitamina C ou ácido ascórbico. Fonte: Plataforma Deduca 2019. A vitamina C, ou ácido ascórbico, é um cofator por si só, em especial em reações enzimáticas que transformam aminoácidos nos polipeptídios de colágeno, formando a estrutura em tríplice hélice que o colágeno adota nos tecidos conjuntivos (tendões, ligamentos, cartilagem e ossos). Quando há uma deficiência de vitamina C na dieta, as fibrilas de colágeno defeituoso afetam gravemente os tecidos conjuntivos, levando a uma doença denominada escorbuto (Brown, 2018). Classificação das Vitaminas (Hidrossolúveis e Lipossolúveis), Hipovitaminoses e as Reações Fisiológicas com a Participação das Vitaminas As vitaminas podem ser classificadas em dois grupos de acordo com sua solubilidade: lipossolúveis e hidrossolúveis. As vitaminas lipossolúveis são as A, D, E e K e sua absorção no intestino necessita de gordura e bile. Devido à sua natureza apolar, se ingeridas em grandes quantidades, tendem a acumular-se no fígado e no tecido adiposo e podem causar problemas. Já as hidrossolúveis consistem nas vitaminas presentes no complexo B e a vitamina C e não se acumulam quando ingeridas em altas doses, mas são eliminadas pela urina. Apesar de serem necessárias em pequenas quantidades, a carência de algumas vitaminas pode acarretar doenças específicas, como beribéri, escorbuto, raquitismo e xeroftalmia. As vitaminas são extensivamente utilizadas como fármacos, nesse sentido, são administradas em doses superiores às necessidades nutricionais. No entanto, a niacina (vitamina B3) continua sendo a única vitamina cujo efeito farmacológico foi cientificamente comprovado. De fato, ela atua no fígado reduzindo a síntese de colesterol (MARZZOCO; TORRES, 2018; PINTO, 2017). 32 As principais vitaminas lipossolúveis são: Vitamina A Funções: a vitamina A faz parte da púrpura visual, que tem por função a visão na luz fraca. Ela atua nos processos de crescimento e desenvolvimento normais dos tecidos ósseo e dentário. Além disso, age na regeneração epitelial. Vitamina D Funções: regulação do cálcio e fósforo, atua na mecânica da contração muscular, coagulação sanguínea, condução dos impulsos nervosos aos músculos, permeabilidade das membranas celulares, além de extrusão de vesículas celulares, como neurotransmissores e hormônios. Vitamina E Funções: atua como antioxidante para prevenir a formação de espécies reativas de oxigênio e peróxidos; age sobre as gônadas, estimulando a espermatogênese; e influencia a absorção da vitamina A. Vitamina K Funções: atua na coagulação do sangue, atuando na biossíntese da protrombina no fígado. A manutenção do tempo normal da protrombinase decorre do efeito da vitamina K sobre os fatores de coagulação. As vitaminas hidrossolúveis: englobam o complexo B (tiamina, riboflavina, cobalamina, biotina, piridoxina, niacina, ácido fólico, ácido pantotênico) e vitamina C. Em altas concentrações, são absorvidas pela borda em escova do trato gastrintestinal por meio de difusão simples; já em baixas concentrações, sofrem absorção intestinal por meio de processos mediados por carreadores. Diferentemente das vitaminas lipossolúveis, as hidrossolúveis não são armazenadas em quantidades significativas e, por isso, devem ser ingeridas de forma contínua pela dieta. As funções das principais vitaminas hidrossolúveis estão listadas a seguir (PINTO, 2017). 33 Vitamina B1 Funções: exerce papel fundamental no ciclo das pentoses-fosfato. É essencial no funcionamento do sistema nervoso e no metabolismo dos cetoácidos, uma vez que o pirofosfato de tiamina (a forma fisiologicamente ativa) é necessária para a descarboxilação oxidativa do ácido pirúvico. Vitamina B2 Funções: participa da formação de grupos prostéticos de várias enzimas quando na forma de flavina-mononucleotídeo (FMN) ou flavina-adenina-dinucleotídeo (FAD), que atuam como agentes de transferência de elétrons no metabolismo de ácidos graxos e aminoácidos. Participa também nos fenômenos da visão devido à sua fotossensibilidade. Niacina Funções: envolvida com o metabolismo de energia, uma vez que participa na composição da nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADH) e nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH). Além da dieta, a niacina é a única vitamina que pode ser sintetizada no organismo humano a partir de um aminoácido, o triptofano, no entanto a síntese não supre as necessidades metabólicas. Vitamina B5, ou ácido pantotênico Funções: o ácido pantotênico é necessário para a síntese da coenzima A. A molécula de acetil-CoA tem um papel extremamente relevante no metabolismo, participando do ciclo do ácido cítrico. Além disso, a coenzima A é precursora da síntese de ácidos graxos e na acetilação de aminas e aminoácidos, por exemplo. Os seres humanos podem obter ácido pantotênico dos nutrientes da dieta ou por meio da síntese realizada pela microbiota do intestino grosso. Vitamina B6, ou piridoxina Funções: participa da síntese de aminoácidos, incluindo racemização, descarboxilação, transaminação e dessulfuração. A piridoxina na forma de piridoxal-5’-fosfato (PALP) exerce papel fundamental nos sistemas enzimáticos. A conversão da metionina em cisteína também depende de piridoxina. 34 Vitamina B9, ou ácido fólico Funções: o ácido fólico atua sobretudo em tecidos com rápida divisão celular, como medula óssea e mucosa gastrintestinal. Em pequenas concentrações, o folato é absorvido por meio de um sistema detransporte ativo; enquanto em grandes quantidades, a absorção ocorre por meio de difusão passiva. O ácido fólico em sua forma reduzida, atua na via de biossíntese de nucleotídeos. A interação do ácido fólico com a vitamina B12 é indispensável para a síntese e a maturação dos eritrócitos. Vitamina B12 Funções: não pode ser sintetizada pelo organismo humano. Atua como substância intermediária na síntese de eritrócitos, bainha dos nervos, síntese de ácidos nucleicos e na maturação de células epiteliais, sobretudo enterócitos. Biotina Funções: está presente como cofator em enzimas carboxilases, relacionadas com importantes vias metabólicas, como a gliconeogênese, a síntese de ácidos graxos e o catabolismo de proteínas. A maior parte da biotina presente nos alimentos está na forma de biocitina. Vitamina C Funções: atua no metabolismo do ferro, da glicose e dos demais glicídios e facilita a absorção das hexoses e a glicogênese hepática; participa como doador de elétrons a radicais livres, tendo função antioxidante; e atua ainda no metabolismo da fenilalanina e da tirosina. A hipovitaminose ocorre quando as quantidades de vitaminas (de qualquer uma delas) está abaixo da quantidade mínima requerida. Em geral, estas deficiências (ver Tabela 3) ocorrem em decorrência da alimentação insatisfatória, mas também podem surgir como consequência de problemas de saúde. A hipovitaminose pode ser classificada em: primária e secundária. Na primária, a causa da deficiência vitamínica se dá devido à insuficiente ingestão da mesma. Na secundária, esta deficiência se dá em decorrência de problemas de saúde que diminuem a absorção, a utilização ou mesmo a função das vitaminas 35 no organismo. O consumo em excesso de álcool ou tabagismo está relacionado ao desenvolvimento da hipovitaminose secundária, entre outros fatores referentes ao estilo de vida. Entretanto, os indivíduos que possuem dieta variada têm poucas chances de desenvolver hipovitaminose, uma vez que é muito provável que estejam reabastecendo os estoques das vitaminas na frequência necessária (PACHECO, s.d.). Vitaminas Principais Fontes Doenças de Carên-cia A (Retinol ou Axeroftol) Vegetais verdes e amarelos; óleo de fígado de peixe; gema de ovo; leite Hemeralopia (cegueira noturna), xeroftalmia (cegueira total por ressecamento da córnea). Pele seca e escamosa, diminuição da resistência a infecções. D (Calciferol) Óleo de fígado de peixe; gema de ovo; produzida na pele pela ação de raios solares Raquitismo (encurvamento de ossos por deficiência de cálcio). E (Alfatocoferol) Vegetais verdes; óleos vegeteis cereais; fígado bovino Anemia (diminuição de glóbulos vermelhos no sangue) K (Naftoquinona) Vegetais verdes; produzidos por bactérias no intestino Enfraquecimento do processo de coagulação sanguínea, levando à hemorragia. B1 (Tiamina) Cereais; legumes; nozes; fígado bovino Beribéri (fraqueza e inflamação dos nervos) B2 (Riboflavina) Leite; hortaliças; ovos; queijo Rachamento da pele e deficiência visual B3 (Niacina ou nicotinamida) Carne; cereais; peixe; levedura Pelagra (diarreia e lesões cutâneas) B6 (Piridoxina) Cereais; gema de ovo; fígado bovino. Anemia; convulsões (contrações musculares agitadas e desordenadas independentes da vontade) B12 (Cianocobalamina) Fígado bovino; ovos; leite; carnes; peixes; ostra. Anemia; lesões do sistema nervoso. 36 C (Ácido ascórbico) Frutos cítricos e outros (tomate, acerola, camu- camu) batata, hortaliças Escorbuto (hemorragias internas e edemas articulares); gengivite; hemorragias nasais. Biotina Fígado bovino; leite; cereais; levedura; produzidas por bactérias intestinais. Fadiga; depressão; náuseas; lesões cutâneas Ácido fólico Hortaliças; germe de trigo; frutos; levedura; fígado bovino. Anemia Ácido pantotênico Carne; cereais; ovos; legumes; levedura; nozes. Lesões do sistema nervoso e digestivo. Tabela 2: Resumo das principais vitaminas, fontes e doenças causadas por sua carência Fonte: Bettelheim (2016, p.267-270). Para fixar o conteúdo sobre vitaminas assista o vídeo: https:// www.youtube.com/watch?v=5Ct22BUOgmQ. Acesso em: 16 nov. 2022. Saiba mais Coenzimas: Estrutura e Funções Segundo Voet e Voet (2013), apesar de as enzimas catalisarem a maioria das reações, elas trabalham em associação a pequenas moléculas, os cofatores, que funcionam como se fossem os “dentes químicos” das enzimas. Os cofatores podem ser íons metálicos, tais como o Zn+, ou moléculas orgânicas, chamadas de “coenzimas”, tal como o NAD+. Alguns cofatores, por exemplo o NAD+, associam-se às enzimas de maneira tão rápida que acabam funcionando como cossubstratos. As coenzimas são modificadas quimicamente durante as reações enzimáticas em que participam. Sendo assim, para que o ciclo catalítico seja completo, as coenzimas devem retornar aos seus estados iniciais. No caso de coenzimas ligadas transitoriamente, como o NAD+, a regeneração é catalisada por uma outra enzima. Um complexo enzima- cofator cataliticamente ativo é chamado de holoenzima. A proteína enzimaticamente inativa que resulta da remoção do cofator da holoenzima é denominada de apoenzima. Todas as vitaminas da dieta humana que são precursoras de coenzimas são vitaminas solúveis em água (hidrossolúveis). Já as vitaminas lipossolúveis, como as vitaminas A e D, não são componentes de coenzima (VOET; VOET, 2013). 37 Um exemplo de coenzima é a coenzima A, um dos cofatores que apresentam em sua estrutura uma molécula de adenosina (Figura 13). Além da função de cofator de reações enzimáticas, ela é responsável pela transferência dos ácidos graxos do citoplasma para a mitocôndria. Figura 21: Estrutura da coenzima A Fonte: Bellé e Sandri (2014, p. 128). 38 Conclusão Neste conteúdo, foi possível conhecer os fundamentos da Bioquímica, na qual introduzimos os principais componentes moleculares das células e a participação nos processos biológicos. Vimos a importância da água, conhecida como solvente universal, analisando sua estrutura e propriedades, e como ela interage nas células dos seres vivos. O conceito de pH foi colocado para que fosse possível compreender como o organismo cria o mecanismo de tamponamento, protegendo assim o sistema biológico de variações bruscas de acidez e alcalinidade. Além disso, foram apresentadas as consequências caso isso aconteça, como a acidose e a alcalose metabólica e respiratória. Por fim, aprendemos sobre as vitaminas, as quais são fundamentais para o bom funcionamento de nosso organismo; e sobre as coenzimas, que funcionam em conjunto com as enzimas aumentando os tipos de reações orgânicas que podem ser catalisadas. 39 Referências BELLÉ, L. P.; SANDRI, S. Bioquímica aplicada: reconhecimento e caracterização de biomoléculas. São Paulo: Érica, 2014. BETTELHEIM, F. A. et al. Introdução à Bioquímica. São Paulo: Cengage Learning, 2016. BROWN, T. A. Bioquímica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. CAMPBELL, M. K; FARRELL, S. O. Bioquímica. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016. COZZOLINO, S. M. F.; COMINETTI, C. Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição: nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença. Barueri: Manole, 2013. MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. PACHECO, Aline. Hipovitaminose. 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