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Tuberosas Livro 4 Cap4

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66 67
Volume 4 - Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandiocaCULTURAS DE TUBEROSAS AMILÁCEAS LATINO AMERICANAS
CAPÍTULO 4
USO DIRETO DA MANIPUEIRA EM FERTIRRIGAÇÃO
Roberto Antunes Fioretto1
4.1. INTRODUÇÃO
Um dos sérios problemas ambientais como um todo é a poluição dos recur-
sos de água doce, principalmente se considerados os pequenos cursos d´água
onde acontecem os despejos dos resíduos líquidos de indústrias que utilizam
raízes de mandioca como matéria-prima. A palavra poluição provém do latim
“polluo”, que significa sujar, conspurcar, manchar. Considera-se poluição todo
prejuízo aos usos previamente estabelecidos do meio ambiente (solo, água e ar),
causados por alterações de suas propriedades físicas, químicas e biológicas,
devido à ação de poluentes ou suas combinações. Cada indústria é um caso
distinto e, entre indústrias do mesmo tipo, existem despejos diferentes. E possí-
vel fazer uma equivalência entre a carga orgânica - DBO de despejos orgânicos
gerados pela atividade industrial em relação à contribuição normal “per capita”
de esgotos doméstico. Esta relação denomina-se População Equivalente. Consi-
derando-se o índice de equivalentes populacionais em DBO (5º dia, 20º C) de
54g/habitante/dia, uma usina que utilize cana-de-açúcar equivale à poluição
ocasionada por 300-450 habitantes, para cada tonelada de cana moída. Num
grau de tecnologia inferior, mas não menos poluente, destacam-se os efluentes
líquidos resultantes do processamento da mandioca para a fabricação de farinha
e fécula, os quais podem atingir vazões da ordem de 500 litros de água residual
por tonelada de raiz processada. O escoamento dessa água residual pode trazer
sérios problemas de poluição em rios. Dessa forma, as indústrias de amido são
consideradas altamente poluidoras, de maneira que uma fecularia que utilize
uma tonelada de raízes de mandioca /dia, equivale à poluição ocasionada por
1 Professor Doutor da UEL – Universidade Estadual de Londrina – Paraná.
fioretto@uel.br
68 69
Volume 4 - Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandiocaCULTURAS DE TUBEROSAS AMILÁCEAS LATINO AMERICANAS
200-300 habitantes/dia, ao passo que nas farinheiras, cada tonelada de raiz pro-
cessada, corresponde a um equivalente populacional de 150-250 habitantes.
Conhecidas essas relações, chega-se assim ao principal parâmetro utilizado na
avaliação das alterações ecológicas causadas pela poluição, que é o conceito de
carga orgânica ou carga de DBO ou ainda carga poluidora. Essa carga depende
da concentração de DBO existente no resíduo, isto é, a quantidade de oxigênio
consumido, o qual não é diretamente exigido pelo composto orgânico, mas sim
resultado da atividade respiratória de microorganismos que se alimentam dessa
matéria orgânica; da quantidade de efluente que é lançada por unidade de tem-
po, isto é, da vazão, e finalmente, da quantidade de oxigênio dissolvido que o
rio transporta por unidade de tempo, o qual dependerá da temperatura da água,
da altitude do local e da vazão do rio.
4.2. COMPOSIÇÃO DA MANIPUEIRA
A composição química da manipueira é variável, dependendo da variedade
utilizada, que por sua vez está correlacionada com as condições edafo-climáti-
cas do local onde é cultivada. Uma tonelada de raízes de mandioca pode conter
em média 600 litros de água (60% de umidade) como constituinte do suco celu-
lar, onde, na operação de prensagem, durante os processos de fabricação de
farinha, 20 a 30% dessa água é eliminada. A água da prensa, ou manipueira, é de
aspecto leitoso. Caso não haja decantação ou uso de tecidos na prensa, podem
conter de 5 a 7% de fécula (parte sedimentável, parte em suspensão coloidal),
proteínas, glicose, restos de células, ácido cianídrico, bem como outras substân-
cias orgânicas e nutrientes minerais essenciais. Uma estimativa da quantidade
de macronutrientes na porção líquida da manipueira, a partir do processamento
de uma tonelada de raízes, pode ser visualizada na Tab. 4.1.
A Tab. 4.2 apresenta a composição química da manipueira de diferentes ori-
gens, onde se pode observar uma predominância do potássio (K) entre os cons-
tituintes minerais desse resíduo. Outro elemento essencial na nutrição vegetal é
o fósforo, que se apresenta com teores razoável, três vezes maior em relação ao
encontrado na vinhaça de caldo de cana, já que esse resíduo tem também sua
aplicação na fertirrigação (Tab. 4.3).Portanto, pode-se depreender que a
manipueira apresenta-se como um material não esgotado, podendo ser utilizada
como fertilizante, de forma aproveitar e reciclar os nutrientes no solo, evitando-
se, assim, os despejos nos cursos d´água.
Tabela 4.1. Estimativa da composição química da manipueira,
a partir dos macronutrientes exportados pelas raízes tuberosas.
Designação Quantidade de nutrientes exportados pelas raízes
Produção de Raízes
 1 TM
Umidade = 60%
Elementos
Extração
(1 t raízes)
extração
(600 l h
2
O)
Operação industrial
Efluente líquido
Elementos
Composição química
180 litros
Composição química
1 litro
TM = toneladas de raízes de mandioca; ppm = partes por milhão (mg/l); meq = equivalente miligra-
ma
As águas das prensas, ou manipueira, carregam amido. Quando o processo
conta com equipamentos eficientes, o amido é todo recuperado, restando ape-
nas o amido solubilizado e os açúcares da raiz. Nas industrias pequenas e
farinheiras o amido pode ser recuperado em canaletas de decantação, obtendo-
se o chamado polvilho, reduzindo-se, assim, as quantidades de sólidos totais,
bem como, diminuição da carga orgânica disponível.
N P K Ca Mg S
(Kg) (Kg) (Kg) (Kg) (Kg) (Kg)
2,12 0,22 1,71 0,66 0,36 0,09
% (ppm) (meq) (meq) (meq) (meq)
0,35 366,67 43.846,15 33.000,00 30.000,00 150
Prensagem
Eficiência = 30%
Manipueira
180 l Tonelada
N P K Ca Mg S
% (ppm) (meq) (meq) (meq) (meq)
(0,11) (110,00) (13.156,84) (9.900,00) (9.900,00) (45,00)
0,11 110,00 73,08 55,00 50,00 45,00
70 71
Volume 4 - Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandiocaCULTURAS DE TUBEROSAS AMILÁCEAS LATINO AMERICANAS
Tabela 4.2. Composição química da manipueira, segundo vários autores.
Elemento Autor
Média
1 2 3 4
N (%) 0,15 0,15 0,21 0,09 0,15
P (ppm) 219,00 250,00 354,00 200,20 255,80
K (meq/l) 43,00 56,40 64,48 41,00 51,22
Ca (meq/l) 11,25 13,50 12,00 13,75 12,62
Mg (meq/l) 30,50 45,00 36,00 30,00 35,38
S (ppm) - - 210,00 64,00 (***) 137,00
Fe (ppm) 22,00 - - 11,20 16,60
Zn (ppm) 2,40 - - 5,00 3,70
Mn (ppm) 1,50 - - 9,80 5,65
Cu (ppm) 1,00 - - 0,81 0,90
Na (ppm) - - - 14,00 14,00
M. O (Kg/m3) (**) - 30,00 33,54 57,90 40,50
pH 3,27 (*) 4,20 3,90 4,00 4,03
(*)Acidez titulável (%);(**). Teores expressos no total de resíduo (parte líquida + parte
sólida); (***) Sulfetos totais; - Sem informações
As características dos despejos agroindustriais também apresentam-se diferentes,
especialmente em função da eficiência operacional dos processos industriais.
Tabela 4.3. Composição química média dos resíduos líquidos originados na
industrialização da mandioca e da cana-de-açúcar.
Composição Manipueira Vinhaça de caldo
N (%) 0,15 0,03
P (ppm) 255,80 88,00
K (meq/l) 51,22 31,28
Ca (meq/l) 12,62 16,33
Mg (meq/l) 35,38 14,50
S (meq/l) 137,00 435,60
Fe (ppm) 16,60 69,00
Mn (ppm) 5,65 7,00
Zn (ppm) 3,70 2,00
Cu (ppm) 0,90 7,00
M. O (Kg/m3) 40,50 23,44
pH 4,03 3,70
A principal característica física da água residual está no seu conteúdo de
sólidos totais, que são compostos de material flutuante (sólidos dissolvidos),
material coloidal (sólidos coloidais) e material em solução (sólidos em suspen-
são), conforme se verifica na Tab. 4.4.
Tabela 4.4. Características dos despejos do processamento de mandioca
Características Despejos do lavador (mg/L) Despejos das prensas (mg/L)
Sólidos totais 3.000 70.000
Sólidos em suspensão 1.200 25.000
Sólidos dissolvidos 1.800 45.000
Sólidos sedimentáveis 5 50
DBO 1.500 30.000
Ácido cianídrico (HCN) 10 250
Do ponto de vista sanitário, com o lançamento desse tipo de efluente nos
rios, principalmentenos pequenos cursos d’água, predominantes nas regiões
onde se instalam as pequenas farinheiras ou até “casas de farinha”, tem-se um
resíduo altamente poluente, devido não só a elevada carga de DBO, mas tam-
bém a uma substância de efeito tóxico – o ácido cianídrico que diferencia esse
dos demais resíduos agroindustriais. Essa manipueira apresenta dupla ação
poluidora, pois o íon cianeto está presente na matéria-prima, associado a um
açúcar como parte de um composto cianogênico, solúvel em água, denominado
de linamarina. O ácido cianídrico livre não existe nas raízes antes de colhida,
mas forma-se por ação de hidrólise enzimática sobre essa matéria nitrogenada.
O processo de hidrólise inicia-se algumas horas após a colheita ou, por qualquer
ferimento nos tecidos celulares da planta, colocando as enzimas em contato
com o substrato (linamarina). O (CN) produzido é um dos mais violentos vene-
nos conhecidos, que, apesar de ser volátil, pode dissociar-se quando dissolvido
em águas com pH igual ou maior que 8 formando HCN ou cianeto livre. Eviden-
temente, toxidez do íon cianeto é muito maior do que a do ácido cianídrico.
Nos cursos d’água natural, o cianeto deteriora-se ou é decomposto por ação
bacteriana, diminuindo as concentrações excessivas com o tempo. A degrada-
ção bioquímica de cianetos é pouco afetada em temperaturas situadas na faixa
de 10 a 35º C. Entretanto, em temperaturas maiores ou menores que esses limi-
tes, a velocidade de decomposição é rapidamente aumentada.
O limite de toxidez por cianeto para peixes tem sido tomado como 0,025
72 73
Volume 4 - Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandiocaCULTURAS DE TUBEROSAS AMILÁCEAS LATINO AMERICANAS
ppm; os microrganismos são geralmente mais tolerantes. Em função desse fato,
os padrões de água potável estabelecem 0,01 ppm de cianeto, expressos em CN,
como limite máximo permissível.
Os efluentes mais poluentes provêm de indústrias que usam polissacarídeos
como matéria-prima, por lançarem grandes quantidades de carboidratos solú-
veis em rios. São comparáveis ao esgoto doméstico quanto ao consumo de oxi-
gênio dos cursos d’água. A infiltração no solo é o processo de tratamento possí-
vel, embora possa ocorrer risco de contaminação do lençol freático. O solo pode
absorver bem as águas servidas nos meses secos, período em que se concentra a
maior produção de mandioca industrial, coincidindo com uma época de menor
precipitação pluviométrica em que a baixa vazão dos cursos d’água acentua os
efeitos da poluição. Neste sistema são recuperadas as substâncias minerais ex-
traídas pelas culturas, os lodos, e, antes de tudo, a própria água, como forma de
reciclagem forçada.Em áreas atingidas pela manipueira, através de vazamentos
tóxicos dessa água residual sobre plantas que ali se encontrem, pode ocorrer
morte, independente da espécie. Após um certo tempo, a área cobre-se nova-
mente de plantas que apresentam um novo vigor. Esse fato gerou a expectativa
de se avaliar as conseqüências agronômicas de fertirrigação com esse resíduo,
objetivando-se, num sentido amplo, as implicações nas condições químicas e
microbiológicas do solo, assim como, a possibilidade de controle de plantas
daninhas presentes na área.
4.3. EFEITO DA MANIPUEIRA NA FERTILIDADE DO SOLO
A manipueira, apesar de se caracterizar como um efluente industrial, consti-
tui-se num resíduo não esgotado, do ponto de vista do aproveitamento agrícola.
Aplicada no solo, a manipueira influi no equilíbrio iônico. No presente capítulo
apresenta-se a avaliação do efeito da aplicação de duas doses de manipueira
sobre um solo do tipo TE (Distrófico, textura argilosa), sob o ponto de vista da
dinâmica da ação residual dos nutrientes aplicados. De um modo geral, quando
se aplicou a manipueira, observou-se um acréscimo nas concentrações dos ele-
mentos no solo. A predominância do íon potássio (K) entre os constituintes
minerais da manipueira tem implicação direta no desequilíbrio dos cátions bási-
cos no solo, devido ao aumento de saturação desse elemento e da predisposição
à lixiviação de cálcio e magnésio. Assim sendo, faz-se necessário o
monitoriamento da fertilidade do solo, antes e após a aplicação do efluente.
Ressalta-se ainda que a ação residual da dinâmica dos cátions adsorvidos está
diretamente ligada a dois fatores importantes, quais sejam:
Ø precipitação pluviométrica após a aplicação;
Ø dosagens utilizadas.
Para dosagem 80 m3/ha e precipitação acumulada de 333 mm, o efeito resi-
dual da aplicação foi observado até 60 dias; com o dobro da dose, esse efeito
interferiu por mais de 90 dias, podendo causar uma indisponibilidade de magnésio
para as plantas, induzida pelo excesso de potássio.
Os resultados confirmam a premissa de que a prática da fertirrigação deve
ser manejada com cuidado e em solos apropriados para tal, principalmente no
que diz respeito ao balanço iônico, uma vez que os incrementos na adsorção de
nutrientes em relação à testemunha não foram significativos para as condições
de desiquilíbrio em que se encontrava esse solo.
Observou-se uma diminuição da absorção do nitrogênio do solo, a qual pode
Tabela 4.5.
Valores médios referentes aos teores de hidrogênio, alumínio, potássio, fósforo,
cálcio, magnésio (em emg/100g T.F.S.A); matéria orgânica (em porcentagem)
e valor de pH; em amostras de material de solo tratado com manipueira,
coletados numa mesma parcela em diferentes épocas, a duas profundidades
pH M.O % H+ Al3+ K+ PO4-3 Ca2+ Mg2+ PH M.O % H+ Al3+ K+ PO4-3 Ca2+ Mg2+
80 5,53 1,99 6,03 0,56 0,70 0,11 1,85 0,85 5,43 1,96 6,19 0,69 0,49 0,11 1,87 0,78
30 160 5,57 1,79 5,65 0,67 0,89 0,15 1,22 0,79 5,23 1,58 6,61 1,01 0,60 0,13 1,12 0,61
Test. 5,50 1,81 5,52 0,70 0,22 0,13 1,87 0,83 5,20 1,77 5,52 0,70 0,22 0,13 1,87 0,83
80 5,50 2,55 6,72 0,69 0,29 0,08 1,68 0,75 5,50 2,55 6,72 0,75 0,31 0,07 1,72 0,75
60 160 5,40 2,30 6,88 0,93 0,42 0,11 1,08 0,66 5,40 2,37 6,77 0,99 0,32 0,09 1,08 0,61
Test. 5,40 2,55 6,72 0,75 0,23 0,08 1,77 0,67 5,43 2,41 6,45 0,77 0,18 0,07 1,83 0,58
80 5,03 2,51 5,44 0,51 0,26 0,09 2,00 0,81 5,07 2,24 5,44 0,56 0,18 0,06 2,02 0,65
90 160 4,93 2,34 5,71 0,83 0,36 0,11 1,31 0,61 4,77 2,13 5,55 0,93 0,20 0,07 1,45 0,51
Test. 4,70 2,27 5,28 0,40 0,18 0,06 2,18 0,61 5,00 2,27 4,96 0,32 0,15 0,06 2,50 0,63
80 4,90 2,48 5,55 0,61 0,19 0,06 1,79 0,62 4,80 2,20 5,55 0,67 0,13 0,04 1,95 0,56
170 160 4,90 2,24 5,49 0,72 0,27 0,10 1,52 0,68 4,90 2,10 5,55 0,80 0,16 0,07 1,50 0,49
Test. 4,70 2,17 6,40 1,36 0,12 0,05 1,06 0,24 4,60 1,96 6,24 1,36 0,09 0,04 1,06 0,17
PROFUNDIDADE
0 - 15 cm
emg/100g T.F.S.A
15 - 30 cm
emg/100g T.F.S.A
Dias
após
a
aplica-
ção Ma
ni
pu
ei
ra
 (m
3/
ha
)
74 75
Volume 4 - Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandiocaCULTURAS DE TUBEROSAS AMILÁCEAS LATINO AMERICANAS
ser devida a uma fixação pronunciada desse nitrogênio, em função do aumento
e do crescimento da população microbiana. Uma avaliação da situação
microbiológica do solo, antes e após a aplicação de manipueira, pode ser
visualizada na Tab. 4.5.
Tabela. 4.6. Efeito da aplicação da manipueira sobre alguns grupos
de microrganismos do solo.
Repetições R1 R2 R3 R4 Média
Microrganismos A (*) B (**) A (*) B (**) A (*) B (**) A (*) B (**) A (*) B (**)
Contagem padrão x 10 48,20 128,60 125,00 88,30 894,60 1170,40 104,80 805,70 293,15 548,25
Esporos x 10 181,90 38,40 3,90 6,50 1,10 0,30 1,20 3,90 47,02 12,28
Fungos x 10 109,50 43,00 51,80 26,20 21,90 6,50 3,80 5,60 62,33 20,32
Actinomicetos . x 10 4 0,11 0,37 0,43 0,44 27,30 43,41 8,16 19,65 9,00 6,20
Desnitrificantes x 10 2 0,90 2,00 5,60 4,50 7,80 6,90 9,40 13,00 5,92 6,60
Azotobacter x 10 58,00 1260,00 74,50 110,00 13,50 0,00 18,50 29,50 41,12 349,88
Nitrosomonas x 10 25,50 121,75 0,96 240,00 122,25 4,50 0,00 0,00 37,18 91,56
Nitrobacter x 10 0,00 3,00 2,20 2400,00 4,25 0,00 0,00 0,00 1,61 600,75
Umidade solo (%) 23,10 50,30 22,10 32,30 12,30 17,20 17,00 31,00 18,62 32,70
(*) Antes da aplicação da manipueira no solo; (**) Depois da aplicação da manipueirano solo;
.
4.4. EFEITO TÓXICO DA MANIPUEIRA SOBRE PLANTAS DANINHAS
A sistemática de avaliação do efeito fitotóxico da manipueira sobre o mato
foi efetuada por FIORETTO (1985), através do método do Conselho Europeu
de Pesquisas em Ervas Daninhas (EWRC). Combinaram-se duas doses de
manipueira (D1 = 80m3/ha e D2 = 160m3/ha), em três épocas de aplicação (E1 =
aplicação em pré-emergência; E2 = Pós-emergência, 30 dias após E1; E3 = Pós-
emergência, 60 dias após E1). Como testemunha, empregou-se parcelas com
Alachlor, na dose 2,621. i.a./ha, em pré-emergência. Esses resultados evidenci-
am que a manipueira não apresenta ação herbicida sobre a “tiririca”, favorecen-
do novo vigor da planta após a aplicação, talvez pela presença do potássio. A
aplicação em pré-emergência apresentou efeito semelhante ao herbicida, tam-
bém em pré-emergência. A dosagem de 160 m3/ha apresentou ação herbicida
mais enérgica quando aplicada em pós-emergência. O poder residual da
manipueira, quando aplicada em pré-emergência, foi inferior a 30 dias e, quan-
do aplicada em pós-emergência, foi 30 dias.
5.5. EFEITO DA MANIPUEIRA NO RENDIMENTO AGRÍCOLA
Na busca de resultados abrangentes, com vistas a avaliar dose e época de
aplicação, conduziu-se um experimento para verificação do efeito da manipueira
sobre a germinação e produção de algodão (Gossypium hirsutum var. hirsutum,
L.) e milho (Zea mays, L).
Tabela 4.7.
Intensidade média de infestação de plantas invasoras, através de notas, nas
parcelas experimentais em relação à faixa de controle, realizadas antes, aos 30
e aos 60 dias após a aplicação da manipueira
 ÉPOCAS DE APLICAÇÃO
 
Trata-
 Antes da aplicação 30 dias após aplicação 60 dias após aplicação
 
mentos
M T C N G M T C N G M T C N G
E1D1 x x x x x 8,00 9,00 x 9,00 x 8,70 9,00 9,00 9,00 9,00
E1D2 x x x x x 8,00 9,00 x x x 9,00 9,00 9,00 9,00 8,00
E2D2 9,00 9,00 x x x 5,70 9,00 4,00 8,50 4,50 9,00 9,00 9,00 9,00 x
E2D2 9,00 9,00 x 9,00 x 5,70 9,00 5,30 5,00 2,70 8,70 9,00 8,70 6,30 x
E3D1 9,00 9,00 9,00 9,00 9,00 8,30 9,00 5,00 9,00 x 9,00 9,00 9,00 9,00 x
E3D2 9,00 9,00 9,00 9,00 9,00 7,30 9,00 1,00 5,00 x 9,00 9,00 9,00 9,00 x
T2 x x x x x 8,00 9,00 x 8,50 x 9,00 9,00 9,00 9,00 9,00
M - Capim marmelada (Brachiaria planaginea (Link) Hitch)
T - Tiririca (Cyperus rotundus L.)
C - Carrapicho de carneiro (Acanthospermum australe (Loeff) D. Kintze)
N - Nabiça (Raphanus raphanistrim L.)
G - Guanxuma (Sida spp)
76 77
Volume 4 - Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandiocaCULTURAS DE TUBEROSAS AMILÁCEAS LATINO AMERICANAS
Em função dos resultados obtidos no presente trabalho, conclui-se que:
Ø em culturas anuais, a manipueira poderá ser aplicada na quantidade limite
de 50m3/ha, em uma única dose;
Ø doses superiores a 50m3/ha deverão ser aplicadas com antecência mínima
de 40 dias do plantio;
Ø na área destinada à fertirrigação com manipueira, deverá ser aumentada a
densidade de semeadura em aproximadamente 20%.
A redução da germinação de sementes que ocorreu pode ser função da com-
binação entre a ação letal tóxica do cianeto, somada à concentração salina na
solução do solo após a aplicação. Com relação à salinidade do solo, obteve-se
um valor médio entre todos os tratamentos de 0,60 mmho/cm a 25ºC, em con-
traste com a área testemunha, que representou a condição natural igual a 0,31
mmho/cm a 25ºC. Esses valores de condutividade elétrica foram determinados
no final do ciclo das culturas, aproximadamente 150 dias após a aplicação, sen-
do que nesse período a precipitação total acumulada foi em torno de 920 mm de
água, contribuindo para a redução salina da solução do solo, que retornou ao
equilíbrio original. A concentração salina admissível na águas para irrigação
depende de vários fatores. De modo geral, quantidades em torno de 700 mg/l de
sais são prejudiciais a algumas culturas e teores acima de 2.000 mg/l nocivos à
maioria das culturas.
Os resultados obtidos mostram que a aplicação de manipueira provoca au-
mentos significativos nos teores de potássio trocável do solo, alterando o equi-
líbrio da “lei das relações”. Em contrapartida, a manipueira tem sido eficiente
para aumentar o teor de fósforo no solo, em comparação com áreas testemu-
nhas. Esse fato evidência a viabilidade da fertirrigação com esse resíduo, po-
rém, monitorando-se os cátions básicos do solo para maximização dos resulta-
dos.
Resultados foram obtidos para verificar o efeito da manipueira sobre a pro-
dução final da cultura da mandioca. Observou-se um aumento de fitomassa total
da cultura (parte aérea + raízes), em função das doses crescentes. Entretanto,
verifica-se diminuição significativa no índice de colheita, o qual reflete a exu-
berância da planta em desenvolver a parte aérea, em detrimento da produção de
raízes tuberosas. Para o caso da cultura da mandioca, um vigoroso crescimento
é obtido se a planta for adequadamente suprida com água e nutrientes, especial-
mente com nitrogênio. A eficiência das folhas na transformação da energia so-
lar em ATP, requerida para a assimilação de fotossintatos, depende considera-
Tabela 4.8.
Efeito da aplicação de doses crescentes de manipueira sobre os resultados
da análise do solo, na camada de 0-20 cm de profundidade.
Dose pH Cmolc.dm-3 mg.dm-3 g.dm-3 mmha/cm
Época de aplicação
(m3.ha-1) CaCl2 Al3+ H + AL Ca2+ Mg+2 K+ P* Carb. CE 25ºC
Testem absoluta 0 5,80 0,00 1,94 1,42 0,70 0,17 7,00 7,70 0,31
40 dias antes de plantio 50 6,00 0,00 1,79 1,67 0,76 0,25 9,40 7,90 0,52
100 6,00 0,00 1,79 1,50 0,82 0,35 9,90 7,50 0,60
200 6,30 0,00 1,65 1,57 0,99 0,42 13,50 7,00 1,80
40 dias antes do plantio 50 5,90 0,00 1,79 1,93 0,78 0,45 9,40 7,50 0,64
+ no plantio 100 6,10 0,00 1,79 1,55 0,82 0,55 19,30 8,10 0,56
200 6,00 0,00 1,94 1,45 0,94 0,52 31,90 7,70 0,57
No plantio 50 5,90 0,00 1,94 1,67 0,74 0,27 8,00 9,50 0,40
100 5,80 0,00 1,94 1,20 0,61 0,42 8,40 8,10 0,27
200 2,80 0,00 1,94 1,22 0,70 0,45 17,40 7,40 0,40
30 dias após o plantio 50 5,60 0,00 1,94 1,57 0,74 0,22 6,20 8,10 0,28
100 5,80 0,00 1,79 1,52 0,74 0,40 7,50 8,60 0,40
200 5,80 0,00 1,79 1,45 0,70 0,40 8,40 7,00 0,40
* MEHLICH
Tabela 4.9.
Efeito da aplicação de doses crescentes de manipueira
sobre a produção, stand e porcentagem de emergência das plantas
de algodão e milho, em relação à testemunha
Época de aplicação
Dose Algodão em caroço Milho em grãos
(m3.ha-1) nº Plantas m2 % Kg/ha nº Plantas m2 % Kg/ha
Testem absoluta 0 6,90 100 2058,10 2,20 100 1540,30
40 dias antes de plantio 50 7,00 101 1946,30 1,90 86 1124,00
100 5,80 84 1875,10 1,80 82 1383,00
200 5,20 75 1635,80 1,70 77 912,70
40 dias antes do plantio 50 3,20 46 1687,40 1,10 50 1112,00
 + no plantio 100 0,40 6 774,80 0,07 3 48,00
200 0,10 1 0,00 0,00 0 0,00
No plantio 50 5,20 75 1892,50 2,10 95 1696,20
100 0,70 10 798,70 0,80 36 719,70
200 0,00 0 0,00 0,10 4 121,20
30 dias após o plantio 50 3,90 56 1351,70 2,00 91 1280,50
100 1,90 28 776,20 1,80 82 1237,00
200 0,40 6 487,10 1,60 73 724,50
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Volume 4 - Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandiocaCULTURAS DE TUBEROSAS AMILÁCEAS LATINO AMERICANAS
velmente dos níveis de potássio (K) e fósforo (P). Tudo isso pode ser conseguido
com a maipueira. Entretanto, doses muito elevadas (maior que 800Kg K2O/há)
podem reduzir o conteúdo de carboidratos dos tubérculos, devido a uma corre-
lação negativa entre o conteúdo de potássio e de matéria seca dos tubérculos.
Esta relação não só depende da nutrição com potássio, mas também é influenci-
ada pela idade fisiológica dos tubérculos. Tubérculos jovens contém teores ele-
vados de potássio, baixos de amido e elevados conteúdos de água, enquanto que
em tubérculos velhos o recíproco é verdadeiro.
O desenvolvimento exuberante apresentado pela parte aérea em relação à
testemunha tem correlação direta com a disponibilidade de nitrogênio durante a
fase de tuberisaçãoda mandioca. A iniciação da tuberisação é induzida por
fitormônio, especialmente as “citocininas” e o “ácido abscísico” (ABA). O
“ABA” promove a tuberisação, enquanto as giberelinas (GA), na parte aérea,
têm um efeito adverso. A relação ABA/GA controla a formação dos tubérculos;
uma alta relação restringe essa iniciação. A relação ABA/GA responde
sensilvelmente e rapidamente ao nitrogênio aplicado. O contínuo suprimento de
nitrogênio, resulta numa baixa relação ABA/GA, ocorrendo uma inibição no
crescimento dos tubérculos. Interrompendo-se o suprimento de nitrogênio ou
mesmo esgotando-o do solo, incrementa-se o conteúdo de ABA e a tuberisação
tem início. Na prática, esta pode ser a causa da má formação e baixa produção
de tubérculos quando se aplica manipueira na cultura, pois incorpora-se ao solo
grande quantidade de matéria orgânica. Esse fato sugere que níveis altos de
giberelinas nas folhas promove o uso do carboidrato recentemente formado para
expansão das brotações. Este processo pode ser revertido por inibidores de
gliberelinas.
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