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APELAÇÃO


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DE TERESINA/PI
(10 linhas
Autos nº...
 LEONARDO, devidamente qualificada nos autos da ação em epígrafe...movido pela justiça pública, por intermédio de seu advogado cujo instrumento de procuração segue anexo (documento 1), vem, perante Vossa Excelência interpor RECURSO A APELAÇÃO com fundamento legal no artigo 593, inciso I do Código de Processo Penal.
 Requer, assim, seja recebido e processado o presente recurso, juntando-se as razões anexas, remetendo-se os autos ao Egrégio Tribunal de justiça do Estado do Piauí 
Termos em que,
Pede deferimento.
Teresina, 15 de maio de 2017
Advogado...
OAB nº...
 RAZÕES DE APELAÇÃO
Apelante: Leonardo
Apelado: Justiça Pública
Autos nº...
Egrégio Tribunal de Justiça do Piauí
Colenda Câmara
Douta Procuradoria de Justiça do Estado do Piauí 
Egrégia Turma Recursal​
Ilustre Representante do Ministério Público​
A respeitável sentença prolatada pelo Ilustre Magistrado “a quo” deve ser reformada, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
I- DOS FATOS
 Com o desejo de comprar um novo carro, o Apelante, um jovem de 19 anos, tomou a decisão de cometer um roubo em um estabelecimento comercial, com o intuito de subtrair o dinheiro que estava no caixa. Ele contou sobre seu plano criminoso para Roberto, seu vizinho, mas este se recusou a ajudá-lo. Como resultado, o Apelante decidiu agir sozinho. Então entrou no estabelecimento comercial e, quando só restava um cliente, simulou estar armado e o ameaçou de morte, fazendo-o sair, já que o objetivo era apenas roubar os bens do local. Em seguida, conseguiu acesso ao caixa onde o dinheiro estava guardado, mas antes de subtrair qualquer quantia, ele percebeu que o único funcionário presente era um senhor que utilizava cadeiras de rodas, se arrependeu imediatamente e, antes mesmo de ser notado pelo funcionário, decidiu deixar o local sem levar nada consigo. No entanto, quando já estava do lado de fora da loja, foi surpreendido por policiais militares, que o abordaram. Os policiais realizaram a revista e não encontraram nenhuma arma com o Apelante, esclarecendo que Roberto havia informado à polícia sobre o plano criminoso.
 Após tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público solicitou a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva e denunciou o Apelante pela violação do Art. 157, § 2º, inciso I, c/c o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal. O processo seguiu regularmente após a decisão do magistrado da 1ª Vara Criminal de Teresina/PI de converter a prisão e receber a denúncia. A vítima da ameaça nunca foi ouvida em juízo, pois não foi localizada e, na época dos fatos, demonstrou não ter interesse em ver o Apelante responsabilizado. Durante o interrogatório, ele admitiu integralmente os fatos, inclusive mencionando que se arrependeu do crime que planejava cometer. A Folha de Antecedentes Criminais do réu não tinha qualquer anotação, mas a Folha de Antecedentes Infracionais apresentava uma representação por um ato infracional análogo ao crime de tráfico, com decisão definitiva de procedência da ação socioeducativa. 
II- DOS DIREITOS
 II.I- PRELIMINARES
 II.I.I- NULIDADE
 Durante as alegações finais do caso, o advogado do apelante renunciou e o juiz permitiu que a Defensoria Pública apresentasse as alegações finais em seu lugar. No entanto, de acordo com a lei, o apelante deveria ter sido informado da renúncia do advogado e dado a opção de nomear outro advogado ou aceitar a assistência da Defensoria Pública. Como o juiz não informou o réu de suas opções, ele não teve uma defesa adequada, o que viola seus direitos legais. Além disso, não houve contato entre o Defensor Público e o apelante durante a apresentação das alegações finais. Portanto, a sentença e todo o processo desde o momento das alegações finais devem ser considerados nulos.
 
III- MÉRITO
 III.I- DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
 O Apelante ao ver o funcionário do estabelecimento com dificuldade de locomoção desistiu de prática o delito antes de sua consumação. Com base no artigo 15 do código penal caracteriza-se como uma desistência voluntária respondendo só os atos praticados. É importante salientar que não se deve considerar a possibilidade de uma tentativa de crime, uma vez que a tentativa ocorre quando o crime não é consumado devido a circunstâncias externas à vontade do perpetrador, após o início da execução. No entanto, no caso em questão, houve uma desistência voluntária, a qual não deve ser confundida com tentativa de crime.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
 Portanto, foi comprovado que ele cometeu o crime de ameaça contra o cliente que estava presente no local, porém, este cliente nunca foi ouvido em juízo. O crime de ameaça é considerado de ação pública condicionada à representação, conforme previsto no art. 147 do Código Penal. Uma vez que essa representação nunca foi realizada, a condenação de Leonardo por este crime não pode ocorrer devido à ocorrência da decadência. Em vista disso, o apelante deve ser absolvido do crime de roubo. 
IV- DA SUBSIDIARIEDADE
 Caso a condenação do apelante seja mantida, em uma hipótese rara, apresentamos os seguintes argumentos com base no princípio da eventualidade:
 IV.I- DOSIMETRIA DA PENA
 Ao determinar a pena-base, o juízo a quo considerou a existência de maus antecedentes de Leonardo, em virtude de uma representação julgada procedente quando ele ainda era inimputável, o que resultou em um aumento de 6 meses de reclusão. No entanto, a decisão definitiva de procedência da ação socioeducativa não pode ser considerada como maus antecedentes, justificando um aumento de pena acima do mínimo legal. Portanto, a pena deve ser estabelecida no seu mínimo legal.
 Quanto à segunda fase da dosimetria, é necessário reconhecer a atenuante da menoridade relativa, prevista no artigo 65, inciso I, do Código Penal, considerando que o Apelante possui somente 19 anos de idade. Além disso, é preciso também reconhecer a atenuante da confissão espontânea, nos termos do artigo 65, inciso III, letra d, do Código Penal.
 No que se refere à terceira fase da dosimetria da pena, é necessário excluir a aplicação da causa de aumento de pena pelo uso de arma de fogo, uma vez que não existe nenhuma evidência do seu uso, nem mesmo no laudo pericial, que é um requisito essencial para a apuração dos fatos, nos termos do artigo 158 do Código de Processo Penal.
IV.II - DO REGIME MENOS GRAVOSO
 A determinação de um regime mais rigoroso do que o permitido pela pena aplicada não pode ser baseada na opinião do juiz sobre a gravidade abstrata do crime, conforme estabelecido pela súmula 718 do Supremo Tribunal Federal. Além disso, a súmula 719 do STF exige uma justificativa adequada para a imposição de um regime mais severo do que a pena aplicada. Portanto, o regime adequado a ser aplicado é o aberto ou semi-aberto, dependendo da pena imposta. 
IV.III- DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA
 A redução máxima de 2/3 deve ser reconhecida na tentativa, levando em consideração o caminho percorrido pelo criminoso no iter criminis, o que torna possível a aplicação da suspensão condicional da pena. 
V- DOS PEDIDOS
 Diante do exposto, requer:
a- A nulidade da sentença emitida pelo tribunal inferior e todo o processo a partir da apresentação das alegações finais são considerados nulos;
b- Que seja reconhecido a desistência voluntária, nos moldes do art. 15 do Código Penal;
c- Que o Apelante seja absolvido;
d- Que seja fixado a pena em seu mínimo legal;
e- Que seja reconhecido as atenuantes da menoridade relativa (art. 65, I, do Código Penal) e da confissão espontânea (art. 65, III, d, do Código Penal);
f- A aplicação do regimeaberto ou semi-aberto, a depender da pena aplicada, pelo reconhecimento das súmulas 718 e 719, ambas do Supremo Tribunal Federal;
g- Provimento do recurso com a consequente expedição do alvará de soltura.
Termos em que,
Pede deferimento.
Teresina, 15 de maio de 2017
Advogado...
OAB nº...

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