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TÍTULOS DE CRÉDITOS - ERICK

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TÍTULOS DE CRÉDITOS
Prof. Erick Ramos 
TÍTULOS DE CRÉDITO
CONCEITO
“TÍTULO DE CRÉDITO É O DOCUMENTO NECESSÁRIO PARA O EXERCÍCIO DO DIREITO, LITERAL E AUTÔNOMO, NELE MENCIONADO.”
Cesare Vivante
TÍTULOS DE CRÉDITO
CÓDIGO CIVIL
“Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.”
A função fundamental dos títulos de crédito é a circulabilidade, ou seja, facilitar a circulação de diretos com segurança
ATRIBUTOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
ATRIBUTOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
NEGOCIABILIDADE → O beneficiário do título pode negociá-lo a qualquer momento, até mesmo antes do vencimento, facilitando a circulação do crédito
Cambiariedade → entendida como a possibilidade de mudança do credor, em virtude da possibilidade da livre circulação do título. Ex.: endosso ou tradição
EXECUTIVIDADE → Caso o título seja cobrado judicialmente, o credor deverá buscar a satisfação do crédito por meio do processo de execução.
O beneficiário do título pode executá-lo diretamente sem a necessidade de um processo de conhecimento, já que se trata de um título executivo extrajudicial (art. 585, I, CPC – art. 784, I, NCPC)
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
CARTULARIDADE
Documento necessário → o titular do direito cambiário somente poderá exigir a prestação cambiária mediante a apresentação do título de crédito
O documento é imprescindível à existência do direito nele apontado e necessário para sua exigibilidade
Também chamado de princípio da incorporação porque o direito adere ao papel de tal modo que ao transferir o documento se está transferindo o próprio direito.
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
CARTULARIDADE
Decorrências do princípio da cartularidade:
I) só é possível executar o título apresentando-o, não suprindo a falta nem mesmo a apresentação da cópia autenticada;
II) O título só pode ser protestado apresentando-o;
III) posse do título pelo devedor induz a presunção de pagamento do título;
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
CARTULARIDADE
Hipóteses de Flexibilização:
I) Quando for recomendada a não apresentação do título por motivo de segurança (ex. quando o título contiver um valor elevado e a vara não puder garantir a custódia dele);
II) Quando não puder juntar o documento ao processo por ele já fazer parte de outro processo;
III) Quando no curso do processo de execução o documento original se extraviar e desde que não tivesse havido impugnação sobre a legitimidade dele
IV) Quando a duplicata não for devolvida e tiver sido feito o protesto por indicação
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
CARTULARIDADE
Desmaterialização:
		Títulos de créditos eletrônicos (art. 889, §3º, do Código Civil)
		DUPLICATA VIRTUAL (ART. 15, §2º, da Lei nº 5.474/1968)
		Cópia digital do título executivo (Art. 365, §2º, do CPC - art. 425, §2º, NCPC )
		Certificado de Depósito Agropecuário (CDA) e o Warrant Agropecuário (WA) – (Art. 3º, II, da Lei nº 11.076/04)
CARTULARIDADE
Enunciado nº 461, do CJF:
	“Art. 889: As duplicatas eletrônicas podem ser protestadas por indicação e constituirão título executivo extrajudicial mediante a exibição pelo credor do instrumento de protesto, acompanhado do comprovante de entrega das mercadorias ou de prestação dos serviços.”
Enunciado nº 462, do CJF:
	“Art. 889, § 3º: Os títulos de crédito podem ser emitidos, aceitos, endossados ou avalizados eletronicamente, mediante assinatura com certificação digital, respeitadas as exceções previstas em lei.”
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
CARTULARIDADE
A necessidade da apresentação do título serve, sobretudo, para a proteção do devedor, pois poderia haver duplicidade de execuções nos casos em que o título circulou
A apresentação do original demonstra algumas finalidades, quais sejam: 
A) certificar a autenticidade do título
B) afastar a possibilidade que o título continue circulando
C) o devedor ter o conhecimento de que estará pagando ao verdadeiro credor, pois se pagar errado deverá pagar duas vezes, não se aplicando a regra geral do direito civil previsto no art. 309 do CC
D) o devedor poder reter o título como recibo de quitação da obrigação 
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
LITERALIDADE
O título vale pelo que nele estiver escrito, ou seja, o título é uma expressão literal de uma obrigação, pois o que não está no título não está no mundo
Quem recebe o título tem certeza de toda a extensão do crédito que está recebendo, o que trará segurança ao realizar o negócio jurídico
Como consequência o devedor não pode ser obrigado a mais, nem o credor pode ter outros direitos além daqueles declarados no título
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
LITERALIDADE
Não se pode atribuir ao credor as consequências de um ato que não esteja escrito no título, de forma que atos documentados em instrumento apartados, ainda que válidos, não podem ser opostos ao portador de boa-fé
Subprincípio do formalismo
Art. 887 “... Somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.”
Reserva legal → o título de crédito deve conter os requisitos formais que a lei lhe impõe, é conclusão lógica de que o título deve ser criado por lei. Logo, não há título de crédito sem lei anterior que o defina, mesmo que preenchido os requisitos básicos dos cambiários
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
LITERALIDADE
Subprincípio do formalismo
Documento formal → o título de crédito deve conter requisitos formais mínimos, exigidos por lei.
Requisitos essenciais → são os requisitos tidos por indispensáveis
Requisitos dispensáveis ou supríveis → são aqueles tidos por não essenciais
A lei ao criar um título de crédito deverá estabelecer quais são seus requisitos essenciais e os supríveis
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
AUTONOMIA
Cada relação jurídica é independente e autônoma
Garante a negociabilidade, pois ninguém se sentiria seguro de receber um título de crédito sem ter a garantia de que nas relações anteriores não houve qualquer vício que o impedisse de exercer o direito previsto no título
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
AUTONOMIA
Subprincípio da abstração
Uma vez emitido, o título se liberta, se desvincula, da sua causa originária (obrigação subjacente)
O título se vinculará à obrigação subjacente se o título não circular, logo é indispensável a circulação do título para que exista a abstração
Subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais
O portador do título, desde que seja um terceiro de boa-fé, não pode ser atingido por defesas relativas a negócio do qual ele não participou
As defesas que o devedor poderá opor ao terceiro de boa-fé deverá está relacionada a relações diretas entre eles, vício de forma do título, prescrição, falsidade
PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
A) DOCUMENTO FORMAL - requisitos legais;
B) BENS MÓVEIS – (arts. 82/84, Código Civil) sujeição aos princípios que os norteiam;
C) Natureza “pro solvendo” – a obrigação que deu origem ao título só será extinta com o seu efetivo pagamento, isto é, a simples entrega do título ao credor não significa efetivo pagamento, nem uma novação (as duas obrigações – a cambial e a originária – coexistirão), todavia constituíra um princípio do pagamento. Ex.: se o cheque que foi emitido em razão de uma compra e venda foi destruído, resta ao vendedor exigir o pagamento do preço com base no contrato. Obs.: obrigação “pro soluto” é a aquele é quem a obrigação é extinta e depois se emite um título. (ex.: baixa de gravame)
 
CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS:
C) TÍTULOS DE APRESENTAÇÃO – exercício do direito;
D) TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL (ART. 585, I, CPC – art. 784, I, NCPC);
E) OBRIGAÇÕES QUESÍVEIS (QUERABLE) – credor → devedor;
F) TÍTULO DE RESGATE – pagamento/extinção da obrigação
 
CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS:
I) Acordos internacionais/blocos econômicos
II) Associações Internacionais: Câmaras de Comércio Italianas e a Association Iternationalle pourle Progrès de Sciences Sociales → Conferências de HAIA de 1910 e 1912
III) Conferência de 1912 → Regulamento uniforme sobre a letra de câmbio e a nota promissória. Representou um importante passo para a uniformização internacional do direito cambiário, embora tivesse resistência de alguns países como a Inglaterra.
IV) Liga das Nações (1930) → Convenção de Genebra → Lei Uniforme das Cambiais (nota promissória e a letra de câmbio)
V) Ano seguinte → Lei Uniforme do Cheque
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO CAMBIÁRIA
VI) Brasil nas Convenções de Genebra (Deoclécio de Campos) – aderiu em 1942
VII) Congresso Nacional aprovou as convenções pelo Decreto nº. 54, de 08/09/1964
VIII) Decretos nºs 57.663/1966 e 57.595/1966 – Leis Uniformes
IX) Brasil – Decreto nº 2.044/1908 → lei ordinária
X) Decreto nº 2.044/1908 X Decretos nºs 57.663/1966 e 57.595/1966
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO CAMBIÁRIA
XI) STF → 04/08/1971:
		“Lei uniforme sobre o cheque, adotada pela Convenção de Genebra. Aprovada essa Convenção pelo Congresso Nacional, e regularmente promulgada, suas normas têm aplicação imediata, inclusive naquilo que modificarem a legislação interna. Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF, RE 71.154-PR, Rel. Min. Oswaldo Trigueiro, DJ 27.08.1971)”
Críticas ao Código Civil (art. 903)
Aplicação subsidiária, criação de novos títulos;
Enunciado 52 → “Art. 903: Por força da regra do art. 903 do Código Civil, as disposições relativas aos títulos de crédito não se aplicam aos já existentes.” 
Enunciado 464,do CJF → “Art. 903: Revisão do Enunciado n. 52 - As disposições relativas aos títulos de crédito do Código Civil aplicam-se àqueles regulados por leis especiais no caso de omissão ou lacuna.”
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO CAMBIÁRIA
QUANTO À FORMA DE TRANSFERÊNCIA OU DE CIRCULAÇÃO
A) TÍTULO AO PORTADOR (ART. 904) – mera tradição. É proibido a cobrança de título ao portador, no momento da cobrança deve existir o nome do credor. Exceção: cheque até o valor de R$ 100,00;
B) TÍTULO NOMINAL – identifica o titular do crédito, é emitida em nome de pessoa certa e determinada. 
	B.1) NOMINAL À ORDEM (ART. 910) – endosso. Obs.: Podem circular ao portador
	B.2) NOMINAL NÃO À ORDEM - cessão civil de crédito: cedente responde existência do crédito à época da transmissão, mas não responde pela insolvência do devedor (arts. 295 e 296), devedor pode opor exceção relativa ao cedente (art. 294)
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
QUANTO AO MODELO
A) LIVRE – ausência de padronização obrigatória. Ex.: letra de câmbio e nota promissória
B) VINCULADO – rígida padronização. Ex.: cheque e duplicata
Art. 27, da Lei 5.474/68: “Art . 27. O Conselho Monetário Nacional, por proposta do Ministério da Indústria e do Comércio, baixará, dentro de 120 (cento e vinte) dias da data da publicação desta lei, normas para padronização formal dos títulos e documentos nela referidos fixando prazo para sua adoção obrigatória.”
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
QUANTO À ESTRUTURA
A) ORDEM DE PAGAMENTO – promessa de que um terceiro efetuará o pagamento. Ex.: cheque, duplicata e letra de câmbio
Saque / Sacar – emissão/criação /expedição do título
Sacador – quem emite o título
Sacado – quem recebe a ordem do pagamento
Tomador /beneficiário - credor
B) PROMESSA DE PAGAMENTO – o próprio emitente do título assume a obrigação de pagar. Ex.: nota promissória
Sacador/promitente 
Tomador/beneficiário
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO OU NATUREZA
A) CAUSAL – estão relacionados à causa que lhe deu origem, tendo sua previsão em lei. Ex.: duplicata mercantil/compra e venda mercantil
B) ABSTRATO – a emissão não está atrelada à previsão normativa. Ex.: cheque e nota promissória.
	
	Diferença entre Título abstrato x subprincípio da abstração
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
INSTITUTOS DO DIREITO CAMBIÁRIO
ACEITE – concordância em pagar (sacado)
ENDOSSO – transmissão dos direitos. Endossante → Endossatário 
AVAL – um terceiro (avalista) se responsabiliza pelo pagamento
VENCIMENTO – quando o crédito se torna exigível
PAGAMENTO – adimplemento/extinção da obrigação
PROTESTO – ato em que se prova a inadimplência e o descumprimento da obrigação

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