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FARMACOLOGIA CLÍNICA E TERAPÊUTICA E BOAS PRÁTICAS DE PRESCRIÇÃO

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2 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA CLÍNICA: ÊNFASE AO CUIDADO 
FARMACÊUTICO E PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA .............................................. 5 
3 FARMACOCINÉTICA ................................................................................. 7 
3.1 Princípios farmacocinéticos .................................................................. 7 
3.2 Absorção ............................................................................................ 10 
3.3 Distribuição ......................................................................................... 11 
3.4 Biotransformação e excreção ............................................................. 12 
4 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E FORMAS FARMACÊUTICAS .................. 13 
5 FARMACODINÂMICA............................................................................... 16 
5.1 Interação fármaco – receptor ............................................................. 17 
6 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ........................................................ 25 
7 FARMÁCIA CLÍNICA ................................................................................ 32 
8 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA ............................................................. 34 
8.1 O que é a prescrição farmacêutica? ................................................... 36 
8.2 Etapas no processo de prescrição ..................................................... 37 
8.3 Benefícios da prescrição farmacêutica para os pacientes e para a 
sociedade ............................................................................................................38 
8.4 Prescrição de medicamentos com venda sob prescrição médica ...... 39 
8.5 Prescrição farmacêutica de MIPs ....................................................... 43 
8.6 Medicamentos Isentos de prescrição ................................................. 44 
8.7 Uso irracional de medicamentos: uma problemática mundial ............ 45 
 
3 
 
 
 
 
8.8 O papel do farmacêutico na Atenção Farmacêutica quanto ao uso 
racional de medicamentos ..................................................................................... 46 
9 A IMAGEM PROFISSIONAL: O FARMACÊUTICO .................................. 48 
10 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 54 
 
 
 
4 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
 O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, 
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse 
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No 
espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser 
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
5 
 
 
 
 
2 INTRODUÇÃO A FARMACOLOGIA CLÍNICA: ÊNFASE AO CUIDADO 
FARMACÊUTICO E PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA 
 
Fonte: portal.crfsp.org.br 
Com o objetivo de aperfeiçoar o conhecimento dos farmacêuticos para a 
atuação destes como prescritores de medicamentos, foi elaborada a apostila 
“Farmacologia Clínica e Terapêutica e Boas Práticas de Prescrição”, introduzida com 
o ideal de relembrar ao aluno alguns conceitos básicos em Farmacologia e atualizá-
lo quanto às questões referentes aos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), 
automedicação, o que a legislação fala sobre a prescrição farmacêutica entre outros 
aspectos importantes. 
O Conselho Federal de Farmácia (CFF), aprovou em agosto de 2013, uma 
resolução (RDC 586/13), com o objetivo de incluir um novo conceito às farmácias e 
drogarias no Brasil. A resolução regulamenta a prescrição farmacêutica no Brasil e 
prevê que, farmacêuticos habilitados e inscritos no CRF que trabalham em farmácias 
com e sem manipulação possam prescrever MIPs a pacientes que praticam a 
automedicação, os quais muitas vezes desconhecem ou ignoram a possibilidade de 
efeitos indesejáveis ou o potencial de toxicidade dos medicamentos. Assim, ao avaliar 
a necessidade do MIP e documentar a prescrição em um contexto de individualidade 
e sigilo, o profissional farmacêutico torna-se corresponsável pelo tratamento indicado 
 
6 
 
 
 
 
e deve fazer o acompanhamento e/ou encaminhamento ao médico caso a queixa do 
paciente persista. 
Deste modo, o profissional também responde pelo compromisso de prevenir, 
identificar e resolver os problemas relacionados aos medicamentos (PRM), o que se 
traduz em segurança para o usuário. 
Vista a importância da prescrição responsável, é imprescindível ao 
farmacêutico conhecer profundamente as formas farmacêuticas e vias de 
administração de medicamentos, bem como a farmacocinética e a farmacodinâmica, 
divisões da farmacologia. 
Fármacos administrados em diferentes formas farmacêuticas e vias de 
administração são considerados novos medicamentos pela Food and Drug 
Administration (FDA) e devem ser avaliados individualmente, nos estudos clínicos de 
determinação da dose eficaz. Na prática terapêutica, os fármacos devem ser capazes 
de atingir um local de ação específico após a administração por uma via específica. 
Uma substância química pode ser administrada na forma de pró-fármaco, ou seja, em 
uma forma inativa e assim somente após absorção e distribuição é então convertida 
ao fármaco ativo pelos processos biológicos no interior do corpo. 
Neste material didático abordaremos o assunto, mostrando que existem 
vantagens para administração do fármaco na forma inativa. 
Sobretudo iremos abordar tópicos importantes para uma boa prática de 
prescrição, como: 
• Conceitos mais importantes em Farmacologia. 
• Compreender a conformação e estrutura dos receptores. 
• Compreender locais de ação de medicamentos. 
• Discutir sobre o uso racional de medicamentos. 
• Apresentar aspectos sobre interações medicamentosas. 
• Finalizar com os conceitos e aspectos da automedicação responsável de MIPs. 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
3 FARMACOCINÉTICA 
 
Fonte: pixabay.com.br 
A farmacocinética está inserida na dinâmica de interação entre fármaco e 
corpo. Consiste na absorção, distribuição, biotransformação e excreção de fármacos. 
Estes fatores, associados à dose, determinam a concentração da droga em seus 
locais de ação e, portanto, a intensidade dos seus efeitos em relação ao tempo 
(GOODMAN; GILMAN, 2012). 
3.1 Princípios farmacocinéticos 
Na prática terapêutica, os fármacos devem ser capazes de atingir um local de 
ação especifico após a administração por uma via própria. Em termos bem simplistas, 
a farmacocinética costuma ser referida como "o que o corpo faz com o fármaco" - 
envolve processos que vão desde a absorção até a excreção do medicamento. 
Quando um fármaco é administrado por via enteral, especialmente a via oral, ele deve 
ser absorvido no sangue a partir do seu sítio de administração (como o 
intestino), distribuído para o tecido alvo, onde será o sítio de ação (como o cérebro, 
no caso de um medicamento benzodiazepínico, como o clonazepam), e finalmente, 
 
8 
 
 
 
 
depois de provocar o seu efeito, o fármaco deve ser eliminado a uma velocidaderazoável por excreção do corpo. 
Em alguns casos, a substância química administrada é absorvida 
imediatamente e distribuída e somente depois é convertida no fármaco ativo pelos 
processos biológicos no interior do corpo. Esses são chamados de pró-fármaco. 
Os pró-fármacos são derivados química e farmacologicamente inativo da 
molécula matriz, que requer transformação no organismo para liberar o 
fármaco ativo, processo chamado de latenciação (KOROLKOVAS, 1988, 
apud CHIN 1998. p. 75). 
A latenciação é a modificação química utilizada para converter um composto 
biologicamente ativo em forma de transporte inativo. O pró-fármaco que é uma forma 
inativa do fármaco sofre um ataque enzimático ou químico liberando assim a forma 
ativa. 
Alguns critérios devem ser considerados durante o planejamento do pró-
fármaco: 
• Existência de grupos funcionais na molécula matriz capazes de sofrer 
derivatização; 
• Existência de mecanismos e/ou sistemas no organismo capazes de bioativar o 
pró-fármaco; 
• Facilidade e simplicidade da síntese e purificação do pró - fármaco; 
• Estabilidade química do pró-fármaco; 
• Regeneração, in vivo, da molécula matriz, em quantidades ideais; 
• Toxicidade do transportador e do pró-fármaco per se. 
Dessa forma, a latenciação permite, mediante a escolha de transportadores 
adequados, via de regra desprovidos de atividade biológica, o aprimoramento 
das propriedades do fármaco (CHUNG, 2005, apund CHIN 1998. p. 76). 
Pró – fármacos são subdivididos em: 
• Pró- fármacos clássicos; 
• Bioprecursores; 
• Pró- fármacos mistos; 
• Fármacos dirigidos; 
 
9 
 
 
 
 
• Fármacos recíprocos. 
Pró-fármacos clássicos promovem a melhoria da atividade terapêutica por 
aumento de biodisponibilidade, diminuição da toxicidade, prolongamento da ação, 
aumento da seletividade, mediante a escolha de transportador adequado, geralmente 
de caráter lipofílico. Um exemplo é o Valaciclovir, pró-fármaco do Aciclovir. 
Bioprecursores: não apresentam transportadores e são obtidos por 
modificações moleculares. Como exemplo são os medicamentos: Azitromicina (AZT), 
Metronidazol e Enalapril. 
Pró-fármacos mistos: têm características de pró-fármacos clássicos e de 
bioprecursor. É uma molécula inerte que requer várias reações químicas para a sua 
conversão à forma ativa. O sistema CDS (Chemical Delivery System) é um exemplo. 
Foi originalmente empregado para liberação da forma ativa no cérebro. Nesse 
sistema, o transportador é biotransformado após atravessar a barreira 
hematoencefálica (BHE), sofrendo primeiramente oxidação e assim tornando-se 
positivamente carregado e acumulando-se no SNC, onde sofre em seguida, reação 
de biotransformação para liberar o fármaco ativo. 
Vários fármacos foram desenvolvidos utilizando o sistema CDS, como por 
exemplo, para doença de Alzheimer foram desenvolvidos vários pró-fármacos anti-
inflamatórios derivados de diclofenaco e do ibuprofeno. 
Fármacos dirigidos, os transportadores utilizados nesta forma latente são 
capazes de transportar os fármacos seletivamente do local de administração até o 
sítio de ação (receptores específicos). O objetivo principal do fármaco dirigido é 
minimizar as reações adversas provocadas pela ação inespecífica do fármaco em 
outros alvos, diminuindo, pois, a toxicidade. 
Pró - fármacos recíprocos, caracterizam-se por seu transportador, 
diferentemente dos pró-fármacos clássicos, também possuir atividade 
terapêutica. Dessa forma, pode-se obter pró-fármaco com atividades 
terapêuticas diferentes ou semelhantes, atuando por mecanismos da ação 
diferentes ou iguais (SINGH, 1994, apund CHIN 1998. p. 76). 
Exemplo: pró-fármaco de sulfapiridina e ácido aminossalicílico (5- ASA). 
 
 
10 
 
 
 
 
3.2 Absorção 
A absorção consiste na passagem da droga do seu local de aplicação até a 
corrente sanguínea. Raramente, o fármaco é administrado diretamente em seu tecido 
alvo como acontece, por exemplo, na aplicação tópica de um agente anti-inflamatório 
na pele ou na membrana mucosa. O mais comum é a administração em um 
compartimento diferente do corpo. Exemplo: um fármaco com ação no SNC, que foi 
administrado por uma via oral, necessita que a substância seja absorvida no intestino, 
e ao chegar no sangue, seja distribuída para seu local de ação, permeando através 
das barreiras que separam esses compartimentos. 
Quando um fármaco é administrado por via oral, para que produza um efeito 
no Sistema Nervoso Central (SNC), vai precisar passar pelas: Barreiras da parede do 
intestino → barreiras das paredes dos capilares que perfundem o intestino → barreira 
hematoencefálica → paredes dos capilares que perfundem o cérebro. E normalmente 
após fazer surgir o efeito desejado, um fármaco deve ser eliminado a uma taxa 
razoável por meio de inativação metabólica conhecido como processo de 
biotransformação e assim com a formação de metabólitos inativos poderá ser 
eliminado do corpo, através do processo de excreção. 
Normalmente, cerca de 75% de um fármaco administrado por via oral são 
absorvidos em 1-3 horas, entretanto, numerosos fatores alteram essa absorção, 
alguns fisiológicos e outros relacionados com a formulação do fármaco (RANG., 
2010). Os fatores que influenciam, incluem: 
• Fatores físico-químicos; 
• Transito gastrintestinal; 
• Tamanho das partículas e tipo de formulação; 
• Fluxo sanguíneo esplâncnico. 
Para atravessar a luz do intestino delgado para a circulação sistêmica, a 
substância não apenas deve penetrar na mucosa intestinal, como também deve 
passar por uma gama de enzimas que podem inativá-la na parede intestinal e no 
fígado. O termo biodisponibilidade é utilizado para indicar a proporção da substância 
que passa para a circulação sistêmica após administração oral, levando em 
 
11 
 
 
 
 
consideração tanto a absorção quanto a degradação metabólica local. A absorção 
diretamente a partir da cavidade oral, que acontece nas administrações sublinguais, 
é muito útil quando existe necessidade de obter uma resposta rápida, particularmente 
quando o fármaco é instável em pH gástrico ou é rapidamente metabolizado pelo 
fígado. Como por exemplo, o Trinitrato de glicerina que é absorvido pela boca (via 
sublingual) e passa diretamente para a circulação sistêmica sem penetrar no sistema 
portal, escapando, do metabolismo de primeira passagem. 
3.3 Distribuição 
O conceito de biodisponibilidade, no sentido restrito, é o termo empregado 
para descrever a fração da dose administrada de um produto farmacêutico 
capaz de alcançar a circulação sistêmica e exercer ação terapêutica. Este 
parâmetro expressa a extensão e a velocidade das fases biofarmacêutica e 
farmacocinética da substância ativa (REYNOLDS, 1993, apud MOURA, 
2002). 
Após ser absorvido ou injetado na corrente sanguínea, o fármaco distribui-se 
para os líquidos intersticial e celular. Padrões de distribuição dependem de 
determinados fatores fisiológicos e propriedades físico-químicas das substâncias. 
Pode ser diferenciada uma fase inicial de distribuição que remete o débito cardíaco e 
o fluxo sanguíneo regional. O coração, o fígado, os rins, o cérebro e outros órgãos 
bem profundidos recebem a maior parte dos fármacos durante os primeiros minutos 
após a sua absorção. O aporte do fármaco à musculatura, à maioria das vísceras, à 
pele e ao tecido adiposo é mais lento, e estes tecidos exigem de minutos a algumas 
horas para ser atingido um estado de equilíbrio dinâmico. 
Os principais compartimentos são: 
• O plasma (5% do peso corporal). 
• O líquido intersticial (16%). 
• O líquido intracelular (35%). 
• O líquido transcelular (2%). 
• A gordura (20%). 
O volume de distribuição (Vd) é um outro parâmetro fundamental na discussão 
dos processos de distribuição farmacológica. O volume de distribuição (Vd) relaciona 
 
12 
 
 
 
 
a concentração de fármaco no organismo com a concentração de fármaco (C) no 
sangue e no plasma, dependendo do líquidomedido. Este volume não se refere 
necessariamente a um volume fisiológico identificável, mas apenas ao volume de 
líquido que seria necessário para conter todo o fármaco no organismo na mesma 
concentração em que se encontra no sangue ou no plasma: 
Vd = Quantidade de fármaco no organismo /C 
Substâncias insolúveis em lipídios estão principalmente confinadas no plasma 
e ao líquido intersticial; a maioria não penetra no cérebro após administração aguda, 
assim tem sua distribuição limitada e seus locais de ação potenciais, também são 
limitados. Outro fator que limita a distribuição do fármaco é a ligação às proteínas 
plasmáticas, principalmente, à albumina no caso de fármacos ácidos, e à alfa-ácido-
glicoproteína no caso de substâncias básicas. 
Os fármacos podem acumular-se nos tecidos de acordo com a dose 
administrada e afinidade com os tecidos. As substâncias lipossolúveis, por exemplo, 
alcançam todos os compartimentos e podem acumular-se no tecido adiposo para 
substâncias que acumulam fora do compartimento plasmático, (por exemplo, no tecido 
adiposo ou por estarem ligados a tecidos), o Vd pode ultrapassar o volume corporal 
total. 
3.4 Biotransformação e excreção 
O metabolismo de fármacos compreende o conjunto de reações enzimáticas 
que biotransformam fármacos e outros compostos estranhos (xenobióticos) em 
metabólitos de polaridade crescente, para que sejam excretados pela urina. O 
metabolismo desempenha, assim, um importante papel na eliminação de fármacos, e 
impede que estes compostos permaneçam por tempo indefinido no nosso organismo. 
As reações metabólicas são divididas em fase 1 (oxidação, redução e 
hidrólise) e fase 2 (conjugação). Os produtos de degradação (metabólitos), 
por sua vez, podem ser inativos ou ativos. Em relação ao fármaco de origem, 
os metabólitos ativos podem agir por mecanismos de ação similares ou 
diferentes, ou até mesmo por antagonismo. O conhecimento da cinética da 
formação dos metabólitos ativos é importante não apenas para previsão do 
resultado terapêutico, mas também para explicar a toxicidade de um dado 
fármaco (LIN, 1997, apud PEREIRA, 2007). 
 
13 
 
 
 
 
Os compostos são removidos do organismo para o meio externo através do 
processo chamado excreção. A remoção de um fármaco do organismo humano pode 
ocorrer através de várias vias: renal, biliar, intestinal, pulmonar, além do suor, saliva, 
secreção nasal, e, leite materno. A principal via de excreção de fármacos é constituída 
pelo sistema renal, entretanto há outras vias de grande importância, como por 
exemplo, a via pulmonar (muito importante para fármacos voláteis como o álcool e 
anestésicos gasosos), leite materno, sistema biliar (é uma via muito importante para 
fármacos que dependem do ciclo enterohepático como os contraceptivos hormonais, 
cloranfenicol, tetraciclinas, rifampicina e digoxina), lágrimas, saliva (atualmente muitos 
fármacos e substâncias endógenas tem sido monitorados por meio de sua 
concentração salivar), suor, fecal entre outras. 
4 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO E FORMAS FARMACÊUTICAS 
 
Fonte: NatueLife.com.br 
 Vias de administração correspondem ao local que o fármaco entra em contato 
com o organismo, liberando a quantidade adequada do medicamento para que ocorra 
o efeito terapêutico desejado. A resposta terapêutica depende de fatores como a 
concentração do princípio ativo, seu transporte pelos líquidos corporais através das 
membranas biológicas, bem como a resistência à degradação metabólica. A via de 
 
14 
 
 
 
 
administração e a formulação terapêutica influenciam diretamente na 
biodisponibilidade de um medicamento. Além disso, ambos podem ser fatores 
importantes na adesão do paciente ao tratamento. 
A forma farmacêutica e a via de administração podem influenciar a 
seletividade de um medicamento e, portanto, suas indicações clinicas. As três 
principais vias de administração são: Oral ou per os, parenteral e retal 
(MAGALHÃES, 1985 apud MONTANHA 2013). 
A partir da forma farmacêutica e a via de administração, a dose eficaz de um 
medicamento pode mudar, considerando que os fármacos administrados por via 
intravenosa entram diretamente na circulação sistêmica e aqueles administrados por 
via oral raramente são absorvidos de forma completa até a circulação sistêmica, 
devido às diversas barreiras físicas, químicas e fisiológicas presentes. Dessa forma, 
uma dose mais baixa é indicada para a administração parenteral (injetável) em relação 
à oral, para obter os mesmos níveis sanguíneos e efeitos clínicos. 
A escolha da via de administração de um medicamento é norteada pelos 
seguintes fatores: tipo de ação desejada se é local ou geral, rapidez da ação desejada, 
esta orienta, por exemplo, se deve ser preferida a via inta-muscular ou a intravenosa 
em determinados casos, e a natureza do medicamento, os voláteis pela via pulmonar 
(anestésicos inalatórios); os que resistem ao sulco gástrico podem ser dados pela via 
oral, os que não resistem ao sulco gástrico devem ser administrados por via 
parenteral, se cáustico, só deve ser dado por via intravenosa; os insolúveis não devem 
ser administrados por via parenteral. As vias de administração dos fármacos podem 
ser a grupados da seguinte maneira. A via oral é a administração do fármaco através 
da cavidade bucal, sua principal finalidade é conduzir o medicamento ao estomago e 
intestino, para aí ser absorvidos e levado por via sanguínea aos tecidos susceptíveis. 
Embora algumas soluções para uso oral, em forma aquosa ou de elixir, e suspensão 
estejam comercialmente disponíveis, a maioria das formas para a dosagem oral são 
sólidas. Como limitações desta via temos: inativação do medicamento pelo suco 
digestivo, incerteza da quantidade absorvida e possibilidade de ação irritante sobre a 
mucosa. 
A via sublingual permite a retenção do fármaco por tempo mais prolongado. 
Propicia uma rápida absorção de pequenas doses de alguns fármacos, 
 
15 
 
 
 
 
devido à vasta vascularização sanguínea e a pouca espessura da mucosa 
sublingual, permitindo a absorção direta na corrente sanguínea (LIMA, 2008 
apud MONTANHA, 2013). 
As vias transmucosas ou tópicas são utilizadas normalmente para a obtenção 
de efeitos terapêuticos não sistêmicos, isto é, localizados, no entanto pode haver 
absorção de certos medicamentos pela pele integra. 
A via parenteral entende se por todas as vias de administração que exigem 
que se pratiquem uma abertura na pele ou nas mucosas para se atingir os 
tecidos susceptíveis (MAGALHÃES, 1985, apud MONTANHA, 2013). 
A administração parenteral das drogas implica evitar-se o trato gastrointestinal. 
As vias parenterais incluem injeções intravenosas (IV), intramuscular (IM), e 
subcutânea (SC). A via intravenosa tem como vantagem a obtenção rápida de efeitos, 
a possibilidade de administração de grandes volumes, em infusão lenta, e de 
substancias irritantes. Tem como desvantagem riscos de embolia, infecções por 
contaminação, sendo imprópria para substâncias oleosas ou insolúveis. A via 
subcutânea é preferível quando se necessita quem medicamento seja absorvido de 
forma lenta e continua. Esta via tem como desvantagem a absorção constante para 
soluções e lenta para suspensões e “pellets”, tem como vantagem a facilidade de 
produzir sensibilização e, ainda, dor e necrose, quando utilizadas substâncias 
irritantes. A via intramuscular tem a vantagem de absorção relativamente rápida, 
sendo adequada para administração de volumes moderados, de veículos aquosos, 
oleosos, suspensão ou preparação de depósitos. Suas desvantagens são a dor e o 
aparecimento de lesões musculares pela aplicação de substâncias irritantes ou de pH 
distante da neutralidade, promovendo o aparecimento de processos infamatórios. A 
via inalatória pode ser utilizada normalmente quando o agente terapêutico é um gás, 
tendo, em medicina veterinária, utilização restrita à anestesia. Estes agentes 
anestésicos gasosos e líquidosvoláteis, administrados por inalação, são rapidamente 
absorvidos na circulação sistêmica através do epitélio alveolar. A via retal é a 
administração de medicamentos através do reto, para que sejam absorvidas pelo 
plexo hemorroidal, o quadro abaixo resume as principais vias de administração de 
fármaco e suas respectivas formas farmacêuticas. 
 
16 
 
 
 
 
 
Fonte: ANSEL, 2007. 
5 FARMACODINÂMICA 
 
Fonte: uss.cl/medicina/curso-farmacocinetica-aplicada/ 
A Farmacodinâmica investiga os efeitos dos fármacos nos organismos, seus 
mecanismos de ação e a relação entre a dose e efeito (GOODMAN; GILMAN, 2012). 
Princípios gerais: 
• As moléculas do fármaco precisam estar ligadas a constituintes específicos 
http://www.uss.cl/medicina/curso-farmacocinetica-aplicada/
 
17 
 
 
 
 
das células para produzirem efeito. 
• Receptores: qualquer molécula a qual uma substância se liga para iniciar seus 
efeitos. 
Sítios de ligação: 
• Proteínas alvo; 
• Enzima; 
• Molécula transportadora; 
• Canal iônico; 
• Receptor. 
5.1 Interação fármaco – receptor 
A ativação do receptor é a capacidade da molécula ligada de desencadear uma 
resposta tecidual, exemplificando temos como modelo “chave-fechadura”. 
 
O termo “relação estrutura-atividade” compreende o estudo dos efeitos que a 
estrutura química de um composto ligante pode causar durante sua interação 
com o receptor biológico e, assim, racionalizar os principais fatores que 
comandam esta interação (ARROIO, 2010, apud BENITE,2019, p.574). 
A ligação de um fármaco com seu receptor biológico é determinada por forças 
intermoleculares, como: interações lipofílicas, polares, eletrostáticas entre outros. 
Sendo assim, substâncias que apresentam propriedades farmacológicas e 
terapêuticas ao interagirem com um alvo específico que pode ser uma enzima, um 
receptor, um canal iônico ou qualquer outra macromolécula biológica, devem possuir 
uma estrutura tridimensional de forma que as disposições de seus grupos funcionais 
permitam uma maior complementariedade ao sítio de ligação. Quanto melhor o 
“encaixe” e a complementaridade das propriedades de um fármaco, maior será sua 
afinidade e logo maior será sua atividade biológica. 
Agonista: substância biologicamente ativa que ao ligar-se ao receptor causa efeito. 
Antagonista: substância que ao ligar-se ao receptor não produz efeito. 
 
18 
 
 
 
 
 
Figura adaptada: BARREIRO, 2001. 
 
Mecanismos de ação dos fármacos 
 A interação fármaco-receptor compreende duas fases: 
1. Complexação do fármaco com o receptor. 
2. Produção do efeito. 
 Além da afinidade ao receptor é necessário que o fármaco tenha atividade 
intrínseca, isto é, capacidade de formar um complexo fármaco-receptor que produza 
efeito biológico. Logo somente o agonista possui atividade intrínseca. 
Existem dois centros no receptor farmacológico: 
• Específico ou crítico que interage com os grupos farmacológicos do 
agonista. 
• Inespecífico ou não crítico que se complexa principalmente com os grupos 
apolares do antagonista. 
Os fármacos ditos estruturalmente inespecíficos são aqueles que dependem 
única e exclusivamente de suas propriedades físico-químicas, (coeficiente de 
partição, pKa) para promoverem o efeito biológico. Os anestésicos gerais são 
um exemplo clássico de substâncias que pertencem a esta classe de 
fármacos, uma vez que seu mecanismo de ação envolve a depressão 
inespecífica de biomembranas lipo-protéicas, elevando o limiar de 
excitabilidade celular ou a interação inespecífica com sítios hidrofóbicos de 
proteínas do sistema nervoso central, provocando perda da consciência. 
Neste caso específico, em que a complexação do fármaco com 
 
19 
 
 
 
 
macromoléculas da biofase dá-se predominantemente através de interações 
de Van der Walls, a potência do fármaco está diretamente relacionada com a 
sua lipossolubilidade (FOYE, 1995 apud BARREIRO, 2001). 
Em alguns casos, a alteração das propriedades físico-químicas decorrentes de 
modificações estruturais de um fármaco pode alterar seu mecanismo de interação 
com a biofase. Um clássico exemplo encontra-se na classe dos anticonvulsivantes. O 
pentobarbital é estruturalmente específico e tem ação sobre o receptor Ácido gama-
aminobutírico (GABA) ionóforo. A simples substituição de um átomo de oxigênio por 
um átomo de enxofre produz o tiopental, cuja lipossolubilidade é maior e tem ação 
anestésica inespecífica. 
Os fármacos estruturalmente específicos exercem seu efeito biológico pela 
interação seletiva com uma determinada biomacromolécula alvo, que apresenta na 
maior parte dos casos propriedades de enzima, proteína sinalizadora (receptor), canal 
iônico ou ácido nucléico. O reconhecimento do fármaco (micromolécula) pela 
biomacromolécula depende do arranjo espacial dos grupamentos funcionais e das 
propriedades de superfície da micromolécula, que devem ser complementares ao sítio 
de ligação localizado na macromolécula, o sítio receptor. A complementaridade 
necessária para a interação da micromolécula com a biomacromolécula receptora 
pode ser ilustrada simplificadamente pelo modelo “chave-fechadura”. Neste modelo 
podemos comparar a biomacromolécula com a fechadura, o sítio receptor com o 
“buraco da fechadura” e as diferentes chaves com ligantes do sítio receptor, isto é, 
regiões da micromolécula que vão interagir diretamente com a macromolécula. Neste 
caso específico “abrir a porta” ou “não abrir a porta” representariam as respostas 
biológicas desta interação. Na imagem a seguir, pode ser evidenciado três principais 
tipos de chaves: a) a chave original, que se encaixa adequadamente com a fechadura, 
permitindo a abertura da porta, corresponderia ao agonista natural (endógeno) ou 
substrato natural, que interage com o sítio receptor da biomacromolécula localizado 
respectivamente em uma proteína ou enzima, desencadeando uma resposta 
biológica; b) a chave modificada, com propriedades estruturais que a tornam 
semelhantes à chave original e permitem seu acesso à fechadura e a abertura da 
porta, corresponderia a um agonista modificado da biomacromolécula, sintético ou de 
origem natural, capaz de reconhecer complementarmente o sítio receptor e 
javascript:%20void(0);
javascript:%20void(0);
 
20 
 
 
 
 
desencadear uma resposta biológica qualitativamente idêntica àquela do agonista 
natural; e c) a chave falsa, que apresenta propriedades estruturais mínimas que 
permitem seu acesso à fechadura, sem ser capaz, entretanto de permitir a abertura 
da porta, corresponderia ao antagonista, sintético ou de origem natural, capaz de ligar-
se ao sítio receptor sem promover a resposta biológica e bloqueia a ação do agonista 
endógeno e/ou modificado, ocasionando uma resposta qualitativamente inversa 
àquela do agonista. 
 
 
Fonte: qnint.sbq.org.br/novo/index.php?hash=tema.15 
Receptores 
Os receptores consistem em elementos sensoriais no sistema de 
comunicações químicas que coordena a função de todas as diferentes células do 
corpo, sendo que os mensageiros químicos são representados por vários hormônios, 
transmissores e outros mediadores. Os receptores podem induzir diversos efeitos 
celulares. 
Classificação: 
• Tipo 1: canais iônicos regulados por ligantes - Inotrópicos. 
• Tipo 2: receptores acoplados à proteína G - Metabotrópicos. 
• Tipo 3: receptores ligados à proteína quinase e receptores relacionados. 
http://qnint.sbq.org.br/novo/index.php?hash=tema.15
 
21 
 
 
 
 
• Tipos 4: receptores nucleares. 
 
 
Fonte: RANG, 2012. 
Características importantes dos receptores Tipo 1: canais iônicos regulados por 
ligantes - Inotrópicos: 
• Regulados por ligantes; 
• Ligantes = fármaco ou substância endógena. 
• Receptor = proteína de membrana: 
• Sítio de ligação extracelular. 
• São acoplados a canais iônicos. 
• São receptores de ação rápida: 
Exemplos: Nicotínico, Glutamato e Gaba (figura abaixo).22 
 
 
 
 
 
Fonte: WordPress.com 
 
Receptor tipo 2 ou metabotrópico ou acoplado à proteína G, contêm sete α 
hélices transmembrana (hepta-helicoidal) com um domínio N-terminal 
extracelular e um domínio C terminal intracelular. A proteína G se liga no 
domínio intracelular e vai atuar no sistema efetor (proteínas efetoras) que 
podem ser enzimas ou canais iônicos. A proteína G, portanto, é responsável 
em propagar a informação veiculada pela substância que se ligou ao domínio 
extracelular (FANELLI,2005, apud HOELZ, 2013 p. 983). 
Exemplos de receptores metabotrópicos: 
• Receptores hormonais; 
• Receptores muscarínicos da acetilcolina (lentos); 
• Receptores adrenérgicos; 
• Receptores opioides. 
A ação desses receptores é lenta porque necessitam de mensageiros (proteína 
G) para propagar a informação. 
 Proteína G, são proteínas ancoradas a membrana interna que atuam como 
transdutores celulares reconhecendo o receptor tipo 2 e enviando a informação ao 
alvo final. É formada por três subunidades (α, β e γ). 
 
https://www.google.com/url?sa=i&source=images&cd=&ved=2ahUKEwjJj8mZ5NvlAhVYJrkGHXudDGcQjB16BAgBEAM&url=https%3A%2F%2Fwaitimstudying.wordpress.com%2F2017%2F05%2F30%2Fsistema-nervoso-somatico-e-autonomo%2F&psig=AOvVaw1NzmqHiqiCWn6FWSokqCJf&ust=1573342634707445
https://www.google.com/url?sa=i&source=images&cd=&ved=2ahUKEwjJj8mZ5NvlAhVYJrkGHXudDGcQjB16BAgBEAM&url=https%3A%2F%2Fwaitimstudying.wordpress.com%2F2017%2F05%2F30%2Fsistema-nervoso-somatico-e-autonomo%2F&psig=AOvVaw1NzmqHiqiCWn6FWSokqCJf&ust=1573342634707445
 
23 
 
 
 
 
 
 Fonte: RANG, 2007. 
A cascata de ativação intracelular começa com a ação de uma proteína auxiliar: 
GEF. A proteína GEF desloca GDP e dá lugar à ligação de GTP, configurando o 
estado ativo da proteína. A subunidade α dissocia-se do dímero βγ e inicia cascatas 
de sinalização intracelular, como pode ser observado na figura acima. O início da 
cascata de sinalização intracelular resulta em ativação dos efetores (aqueles que 
recebem o estímulo) como: 
• Adenilato ciclase; 
• GTPase; 
• Fosfolipases; 
• Cinases ou Quinases. 
Os receptores ligados à proteína quinase do tipo 3, estão ligados a quinases. 
É um composto de uma cadeia com até mil resíduos. O domínio extracelular 
é ligado por uma α hélice ao domínio intracelular, e este possui atividade 
enzimática. Esses receptores estão relacionados às ações de fatores de 
crescimento, citocinas e hormônios como a insulina, cujos efeitos são 
realizados, principalmente, em nível de transcrição gênica (RANG, 2003, 
apud HOELZ, 2013 p. 985). 
As proteínas quinases têm como função fosforilar proteínas efetoras 
intracelulares e, como resultado há alterações na atividade bioquímica destas, já que 
receberam fosfato, e sofreram interações com outras. 
Principais tipos de receptores tipo 3: 
 
24 
 
 
 
 
• Receptores tirosina quinase (RTKs) incorporam uma porção de tirosina 
quinase na região intracelular desse receptor. Fosforilam proteínas que 
tenham resíduos de tirosina. Os receptores de insulina são RTKs, assim como 
os receptores para fator de crescimento epidérmico e neural. 
• Receptores de serina/treonina quinases fosforilam resíduos de serina e/ou 
treonina. Exemplo: fator de transformação de crescimento. 
• Receptores de citocinas não possuem atividade enzimática intrínseca. Atuam 
ativando proteínas quinases citosólicas. Exemplo: receptores de citocinas, 
fatores estimuladores de colônias e hormônios do crescimento. 
• Receptores associados à guanilil ciclase: a porção enzimática é guanilil 
ciclase, e regula a formação de GMPc através da hidrólise de GTP. 
 
Mecanismo da fosforilação: 
 
• Fosforilação = quinases = adição de fosfato 
• Desfosforilação =fosfatases = retirada de fosfato 
 
 
Fonte: RANG, 2003. 
 
 
25 
 
 
 
 
6 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
 
Fonte: jornaldoreboucas.com.br 
Uma interação medicamentosa é definida como o fenômeno que ocorre quando os 
efeitos ou a farmacocinética de um fármaco são alterados pela administração prévia 
ou coadministração de um segundo fármaco. As associações medicamentosas podem 
ser benéficas quando proporcionam um melhor efeito terapêutico ou uma redução da 
toxicidade, entretanto, podem ser prejudiciais quando favorecem o aparecimento de 
reações adversas ou diminuição do efeito de um ou ambos os fármacos. 
 
6.1 Interações farmacocinéticas 
 
Interações que afetam a absorção 
 
Geralmente as interações que afetam a absorção, são provocadas por 
medicamentos administrados por via oral (ROE, 1984, apud MOURA 2002). 
 A absorção pode ser alterada devido à: formação de complexos não 
absorvíveis: como exemplo a combinação de tetraciclinas (antibiótico) com íons 
metálicos provenientes de antiácidos e suplementos minerais. Nesse caso, ocorre a 
eliminação do antibiótico e prejuízo do seu efeito. Alteração do pH gástrico ou 
 
26 
 
 
 
 
intestinal: que afetam o equilíbrio de dissociação de medicamentos ácidos ou bases 
fracas. Como exemplo, a administração de antiácidos diminui a absorção de 
fenobarbital, pois ao aumentar o pH, predomina a forma ionizada que é menos 
lipossolúvel. Alteração da velocidade do esvaziamento gástrico e ou motilidade 
intestinal: Alguns medicamentos inibem o esvaziamento gástrico, como a 
escopolamina ou opiáceos como morfina e codeína, ou podem acelerar o 
esvaziamento como metoclopramida. Os medicamentos que aumentam a velocidade 
de esvaziamento, geralmente promovem um aumento da eliminação da substância, 
diminuindo seus efeitos e aqueles que diminuem o esvaziamento são perigosos no 
caso de ingestão de substâncias tóxicas que poderão ficar mais tempo no organismo, 
assim potencializando seus efeitos. 
 
Interações que afetam a distribuição 
 
Ao chegar à circulação sanguínea, o princípio ativo é transportado pelas 
proteínas plasmáticas, podendo atravessar barreiras para alcançar determinados 
tecidos onde será armazenado, transformado ou exercerá seus efeitos. Parte do 
medicamento administrado vai ficar ligado às proteínas e essa porção não será ativa 
farmacologicamente. Somente a porção que estiver livre no plasma, poderá 
atravessar as barreiras e chegar aos compartimentos. Assim, quando dois 
medicamentos que se ligam fortemente às proteínas são administrados 
simultaneamente, produzirão uma interação competitiva. Um dos medicamentos será 
deslocado da ligação às proteínas, aumentando a proporção de medicamento livre e 
dessa forma, aumentando sua atividade. 
 
Interações que afetam a biotransformação 
No processo de biotransformação, os medicamentos são transformados 
pelas enzimas microssomais hepáticas em frações menores, hidrossolúveis. 
As interações que acontecem nessa fase, geralmente são originadas por 
medicamentos com potencial de inibirem ou induzirem o sistema enzimático 
(FINE, 1981, apud SECOLI, 2001). 
 
27 
 
 
 
 
A inibição enzimática de sistemas como, por exemplo, do citocromo p450, das 
colinesterases e monoaminoxidases (MAO), promovem a lentificação da 
biotransformação do próprio medicamento e de outros que tenham sido administrados 
concomitantemente. Nesse processo, ocorre o acúmulo de substâncias no organismo, 
podendo assim ocorrer potencialização dos seus efeitos e aumento de toxicidade. Um 
exemplo interessante é a administração de alguns medicamentos com suco de toranja 
(grapefruit), que reduz a biotransformação da terfenadina e de outros fármacos como 
paroxetina, por inibir a enzima Citocromo CYP3A4 e assim esses medicamentos não 
são biotransformados e têm o efeito potencializado por não serem excretados do 
organismo. Já na indução enzimática, um fármaco promove o aumento da ação de 
algum sistema enzimático, promovendo o aceleramento do processo de 
biotransformação de fármacos que serão eliminados do organismo mais rapidamente 
e assim seus efeitos serão diminuídos ou não apresentarão efeito. A indução 
enzimática pode causar toxicidade de umsegundo fármaco, se os seus efeitos tóxicos 
são mediados por um metabólito. A toxicidade do paracetamol é o caso, ela é causada 
pela N-acetil-p-benzoquinonaimina, que é formada pelo citocromo p450. 
Consequentemente, o risco de lesão hepática séria após uma dose excessiva de 
paracetamol e aumentada em pacientes cujo sistema citocromo p450 tenha sido 
induzido, por exemplo, com o uso crônico de álcool. Aqui então temos dois 
exemplos diferentes, no primeiro caso, o próprio medicamento (paracetamol) está 
gerando a indução, pois o aumento da dose do medicamento proporciona um 
aumento na biotransformação pelo sistema citocromo p450, considerando que em 
doses terapêuticas a maior parte do fármaco é conjugado ao ácido glicurônico ou ao 
sulfato, porém o organismo não promove a formação dos metabólitos conjugados 
quando em doses acima da terapêutica, assim o sistema citocromo p450 é 
recrutado mas promove formação do metabólito tóxico citado anteriormente que 
causa morte celular. No outro exemplo, o álcool que é um indutor enzimático do 
citocromo p450, quando administrado junto com o paracetamol, promove a 
biotransformação por essa via, promovendo a formação dos metabólitos tóxicos. Em 
alguns casos, essas interações podem ser benéficas como por exemplo a indução 
enzimática provocada pela administração de fenobarbital em prematuros para induzira 
 
28 
 
 
 
 
glucuronil transferase, portanto, aumentando a conjugação da bilirrubina e reduzindo 
o risco de icterícia. 
 
Interações que afetam a excreção 
 
Os principais mecanismos pelos quais um fármaco pode afetar a taxa de 
excreção renal de outro são: 
• alterando a ligação à proteína e, por consequência, a filtração. 
• inibindo a secreção tubular. 
• alterando o fluxo urinário e/ou o pH urinário. 
Os diuréticos tendem a aumentar a excreção urinária de outros fármacos. 
A alteração do pH urinário interfere no grau de ionização de bases e ácidos 
fracos, afetando as respostas farmacológicas e promovendo um aumento da 
reabsorção ou da excreção dos fármacos. As drogas ácidas são 
reabsorvidas em urina ácida e excretadas em urina alcalina, já as drogas 
alcalinas são reabsorvidas em urina alcalina e excretadas em urina ácida. 
Como exemplo, é comum o uso de bicarbonato de sódio para aumentar a 
excreção de ácidos fracos em casos de intoxicação com barbitúricos 
(TROVATO, 1991, apud MOURA 2002). 
Interações farmacodinâmicas 
 
A interação farmacodinâmica causa modificação do efeito bioquímico ou 
fisiológico do medicamento. Geralmente ocorre no local de ação dos medicamentos 
(receptores farmacológicos) ou através de mecanismos bioquímicos específicos, 
sendo capaz de causar efeitos semelhantes (sinergismo) ou opostos (antagonismos). 
Sinergismo é um tipo de resposta obtida a partir da associação de dois ou 
mais medicamentos, resultando em efeito maior do que os efeitos isolados. Pode 
ocorrer efeitos: 
• Aditivo: medicamentos com mesmo mecanismo de ação. 
• Somação: medicamentos que agem por diferentes mecanismos. 
• Potencialização: medicamentos que atuam em diferentes receptores 
farmacológicos. 
Do sinergismo podem surgir associações com efeitos terapêuticos ou tóxicos. 
 
29 
 
 
 
 
Antagonismo: o efeito de um fármaco pode ser diminuído ou abolido na 
presença de outro, e isso pode ocorrer através de vários mecanismos: 
Antagonismo competitivo: descreve a situação comum em que uma substância é 
ligada seletivamente a determinado tipo de receptor sem ativá-lo e impede a ligação 
deum fármaco agonista. 
 Antagonismo não competitivo: o antagonista bloqueia, em algum ponto, a 
cadeia de eventos que leva à produção de uma resposta pelo agonista. Antagonismo 
químico: nesse caso, duas substâncias se combinam em solução, de forma que o 
efeito do fármaco ativo é perdido. Como por exemplo, o uso do quelante dimercaprol 
que se liga a metais pesados e, assim, reduz a sua toxicidade. Antagonismo 
fisiológico: é a interação de duas substâncias cujas ações opostas no organismo 
tendem a anular uma à outra. Por exemplo, a histamina atua sobre os receptores das 
células parietais da mucosa gástrica, estimulando a secreção de ácido, enquanto, o 
lanzoprazol bloqueia esse efeito ao inibir a bomba de prótons, assim podemos dizer 
que as duas substâncias atuam como antagonistas fisiológicos. 
 
Interação medicamentos e nutriente 
A interação medicamento-nutriente é definida como uma alteração da cinética 
ou da dinâmica de um medicamento ou nutriente, ou ainda, o 
comprometimento do estado nutricional como resultado da administração de 
um medicamento, compreendendo-se a farmacocinética como a descrição 
quantitativa de um medicamento ou sua disposição, o que inclui a absorção, 
distribuição, metabolismo e excreção. A farmacodinâmica caracteriza-se pelo 
efeito clínico ou fisiológico do medicamento (SCHWEIGERT, 2008, apud 
LOPES, 2010). 
A maioria das drogas e dos nutrientes é absorvida no intestino delgado. As 
interações droga-nutriente podem alterar essa absorção por meio da redução do 
tempo de esvaziamento do trato digestório e pela formação de quelatos, originados a 
partir de reações entre cátions metálicos, presentes na matriz dos alimentos, com os 
fármacos, devido às suas características físico-químicas, bem como pelas mudanças 
na absorção de gorduras, das vitaminas lipossolúveis e do colesterol devido às lesões 
produzidas na mucosa intestinal. 
 
30 
 
 
 
 
Por sua vez, pode também ocorrer interação fármaco nutriente durante a fase 
farmacocinética de distribuição plasmática. Estudos demonstram que a ligação da 
droga a uma proteína plasmática pode ser alterada por uma dieta hiperlipídica. Já as 
alterações no metabolismo das drogas são geralmente afetadas pela inibição 
enzimática ou pela formação de complexos insolúveis com os nutrientes. Algumas 
drogas podem aumentar ou diminuir a excreção renal de certos nutrientes, por meio 
da filtração glomerular, interferindo na reabsorção renal dos nutrientes. As possíveis 
interações dos medicamentos com a alimentação dos pacientes podem levar ao 
prejuízo da ação do medicamento e/ou alimento, podendo causar um aumento da 
necessidade de utilização dos fármacos em tratamentos crônicos ou desnutrição, 
ocasionados aumentos no custo e no tempo de internação hospitalar. 
 
Interações medicamentos e álcool 
 
O álcool é um indutor enzimático da enzima citocromo p450 e dessa forma 
acelera a biotransformação de alguns medicamentos como, por exemplo, antibióticos, 
acarretando na redução do efeito do medicamento, por esse motivo que muitos 
medicamentos não podem ser associados como o etanol. 
 
Existe uma contraindicação específica ao uso de álcool simultâneo com 
certos antimicrobianos, como metronidazol, sulfas e cloranfenicol, pois 
causam uma reação semelhante ao dissulfiram na presença de álcool. 
(WANNMACHER, 2007, apud SILVA 2017 p.16). 
O dissulfiram é um fármaco utilizado no tratamento do alcoolismo, sua ação é 
exercida quando existe ingestão simultânea de álcool. Este medicamento inibe de 
maneira irreversível a enzima aldeído-desidrogenase (ALDH) responsável por 
metabolizar o álcool, promovendo o acúmulo de acetaldeído, provocando a reação 
etanol-dissulfiram (RED). Causando efeitos como sudorese, cefaleia, tonturas, 
náusea, dispneia. 
Os anestésicos gerais, anticonvulsivantes, antidepressivos, hipno-sedativos, 
ansiolíticos, entre outros psicotrópicos, podem apresentar interações sinérgicas com 
o álcool, fazendo com que a depressão central seja aumentada. Outro fato indiscutível 
 
31 
 
 
 
 
é que o uso simultâneo de etanol com outros depressores do sistema nervoso central 
acentua efeitos como sedação, agravo de coordenação motora e comprometimento 
da memória, risco de quedas, entre outros. O álcool potencializa a ação da loperamida 
e ivermectina frente ao sistema nervoso central. Aumenta a tendência dehemorragia 
gástrica resultante do uso de AAS e anti-inflamatórios não esteroides, devido destruir 
a mucosa gástrica e eleva a retrodifusão de íons hidrogênio (H+). 
Em pacientes com diabetes mellitus o álcool pode causar efeitos similares ao 
dissulfiram. O uso intenso de etanol estende a ação dos hipoglicemiantes, já o uso 
crônico inibe os mesmos. 
Pode-se notar que a interação entre fármacos e o álcool é prejudicial, e 
infelizmente hoje essa associação ainda é extremamente frequente entre a população. 
O álcool etílico altera o metabolismo de muitos medicamentos, afetando as 
concentrações desses fármacos no corpo e, além de que, pode prejudicar a eficácia 
de certas drogas, aumentando seus efeitos colaterais. Esta combinação pode causar 
efeitos colaterais graves, incluindo efeitos potencialmente fatais. 
 
 Interação medicamento e nicotina 
 
A nicotina é uma droga psicotrópica, de uso comum através do cigarro, tem 
ações farmacológicas diversas devido à ação em vários efetores, podendo 
produzir ações estimulantes e depressoras sequenciais e dose dependente 
(JUSTO, 1979, apud FRANKEN, 1996 p. 371). 
A nicotina age sobre o sistema enzimático hepático e intestinal estimulando sua 
ação e aumentando a velocidade de biotransformação de fármacos exógenos e 
produtos endógenos. Estimula ainda a liberação de prolactina, hormônio de 
crescimento, vasopressina, beta endorfinas e cortisol. É biotransformação 
primeiramente no fígado e, parcialmente eliminada in natura, pelos rins. O principal 
metabólito e a cortinina excretada pelos rins. 
Devido às diferentes ações farmacológicas, a nicotina independente da via de 
administração, interage com uma série de medicamentos, modificando sua ação ou 
exigindo a administração de maiores doses para produção do efeito desejado. 
 
32 
 
 
 
 
Estudos mostraram que pacientes fumantes que utilizam benzodiazepínicos 
experimentam menor ação tranquilizadora, comparados aos pacientes não fumantes. 
Os fumantes também apresentam menor tolerância à dor, necessitando de 
maiores doses de analgésicos narcóticos. Os antagonistas de H2 como cimetidina e 
ranitidina não produzem efeitos em fumantes à noite. Em pacientes diabéticos, 
dependentes de insulina, que fumam, o efeito da insulina é diminuído, e isso faz que 
com necessitem de doses maiores. 
7 FARMÁCIA CLÍNICA 
 
Fonte: pixabay.com.br 
A farmácia clínica, caracterizada nos anos 1960 nos Estados Unidos, 
compreende atividades voltadas para maximizar a terapia e minimizar os riscos e os 
custos, promovendo o uso seguro e racional de medicamentos. 
 O farmacêutico clínico trabalha promovendo a saúde, prevenindo e 
monitorando eventos adversos, intervindo e contribuindo na prescrição de 
medicamentos para a obtenção de resultados clínicos positivos, melhorando 
a qualidade de vida dos pacientes sem, contudo, perder de vista a questão 
econômica relacionada à terapia (HOLLAND, 1999 apud FERRACIN, 2011 p. 
456). 
 
33 
 
 
 
 
Segundo a Comissão de Farmácia Clínica do Conselho Regional de Farmácia, 
a Farmácia Clínica é uma área da farmácia voltada à ciência e prática do uso racional 
de medicamentos, na qual os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente, de forma a 
otimizar a farmacoterapia, promover saúde e bem-estar e prevenir doenças. O 
farmacêutico clínico é aquele profissional apto a identificar sinais e sintomas, 
implementar, monitorar a terapia medicamentosa e orientar o paciente, atuando em 
conjunto com outros profissionais de saúde visando a efetividade do tratamento. Exige 
um amplo conhecimento em práticas terapêuticas, aliado à capacidade de julgamento 
e tomada de decisão. 
A Comissão Assessora de Farmácia Clínica tem por objetivos desenvolver 
discussões sobre a prática clínica, o aperfeiçoamento técnico e a proposição de 
normas e procedimentos (CRF SP, 2015). 
A Resolução 585, de 29 de agosto de 2013, regulamenta as atribuições clínicas 
do farmacêutico e dá outras providências, considerando a RDC Anvisa no 7, de 24 de 
fevereiro de 2010, que na seção IV, artigo 18, estabelece a necessidade da 
assistência farmacêutica à beira do leito da Unidade de Terapia Intensiva e, em seu 
artigo 23, dispõe que a assistência farmacêutica deve integrar a equipe 
multidisciplinar. 
 Em 2000, a American College of Clínical Pharmacy publicou que a Farmácia 
Clínica é uma disciplina da saúde em que o farmacêutico presta assistência ao 
paciente por meio da prática do uso racional de medicamentos com a adequação da 
terapia medicamentosa da prevenção de doenças. E somente em 2013, no Brasil, foi 
aplicada uma resolução para regulamentar as atribuições clínicas do farmacêutico. Os 
termos Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica se confundem, mas a Farmácia 
Clínica surgiu em 1960 nos Estados Unidos por um grupo de professores da 
Universidade da Califórnia, devido à necessidade de mudança no currículo de 
farmácia como uma forma de ligar o aluno à prática clínica e dessa forma, a Farmácia 
Clínica passou a ser o meio onde o farmacêutico atua junto a uma equipe de saúde, 
avaliando e monitorando a resposta terapêutica do paciente, fazendo intervenções, 
recomendações e fornecendo informações sobre os medicamentos. Já a ideia da 
Atenção Farmacêutica surgiu como uma nova necessidade do profissional 
 
34 
 
 
 
 
farmacêutico frente à industrialização dos medicamentos. Atenção Farmacêutica foi 
definida por Cipolle e seus colaboradores (2004) como uma prática profissional que 
inclui uma filosofia um processo de cuidados e um sistema de gestão. Existem dois 
métodos de Atenção Farmacêutica utilizados por vários profissionais no mundo todo, 
são eles o Método de Dader (espanhol) e o Modelo de Minesota (americano) e 
segundo o Consenso de Granada de 2004 (PEREIRA; FREITAS, 2008), os seis 
problemas relacionados aos medicamentos – PRM são: 
• Paciente usa medicamentos que não necessita; 
• Idiossincrasia; 
• O paciente apresenta uma reação adversa; 
• Dose inferior/ paciente interrompe a medicação. 
8 PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA 
 
Fonte: hipolabor.com.br 
Segundo a resolução 586, de 29 de agosto de 2013, os farmacêuticos 
assumem autorização para selecionar, iniciar, adicionar, substituir, ajustar, repetir ou 
interromper a terapia farmacológica. Essa resolução surgiu devido à necessidade de 
ampliar a cobertura dos serviços de saúde e aumentar a capacidade de resolução 
desses serviços. A resolução se apoiou na informação de que a literatura internacional 
 
35 
 
 
 
 
aponta os benefícios da prescrição farmacêutica segundo diferentes modelos, tanto 
quando realizada individualmente como em conjunto com uma equipe multidisciplinar 
de saúde. Os relatos descrevem que o farmacêutico prescreve medicamentos 
definidos em programas de saúde no âmbito dos sistemas públicos, em rotinas de 
instituições ou conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas pré-
estabelecidas. A resolução legaliza a prática que acontece desde os tempos dos 
boticários, em que o profissional recomenda algo ao paciente e essa recomendação 
pode ser a seleção de uma opção terapêutica, a oferta de serviços farmacêuticos ou 
o encaminhamento a outros profissionais de saúde. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os Medicamentos Isentos 
de Prescrição (MIPs) como substâncias aprovadas pelas autoridades sanitárias para 
tratar sintomas e males menores, disponíveis sem prescrição ou receita médica, 
desde que utilizados conforme as orientações disponíveis nas bulas e rotulagens. 
A ANVISA regulamentou estes medicamentos pela RDC 138/03. A Resolução 
nº 586, de 29 de agosto de 2013 (publicada em setembro 2014), do Conselho Federal 
de Farmácia (CFF), com amparo na lei 13.021 / 14 e resolução 585, do CFF altera o 
ato de prescrever como apenas uma recomendação de determinado medicamento ao 
paciente. 
Com a medida, os farmacêuticos podem realizar a prescrição de medicamentos 
(não tarjados e que nãoexijam prescrição médica), além de outros produtos, com 
finalidade terapêutica. 
Fazem parte da resolução os medicamentos industrializados e preparações 
magistrais (alopáticos ou dinamizados), plantas medicinais, drogas vegetais e outras 
categorias ou relações de medicamentos que venham a ser aprovadas pela Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para prescrição do farmacêutico. 
O profissional de saúde pode também prescrever medicamentos cuja 
dispensação exija prescrição médica, desde que condicionado à existência de 
diagnóstico prévio e apenas quando estiver previsto em programas, protocolos, 
diretrizes ou normas técnicas, aprovados para uso no âmbito de instituições de saúde 
ou quando da formalização de acordos de colaboração com outros prescritores ou 
instituições de saúde. Mas para o exercício da prescrição farmacêutica em casos de 
 
36 
 
 
 
 
medicamentos que exijam prescrição médica, será exigido, pelos Conselhos 
Regionais de Farmácia (CRFs), o reconhecimento de título de especialista na área 
clínica, com comprovação de formação que inclua conhecimentos e habilidades em 
boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunicação interpessoal, 
farmacologia clínica e terapêutica. 
Para prescrição de medicamentos homeopáticos e manipulados, a exigência 
será o título de especialista em Homeopatia ou Antroposófica. 
8.1 O que é a prescrição farmacêutica? 
O artigo 3º da Resolução CFF nº 586/2013 define prescrição farmacêutica 
como: Ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e 
não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, 
visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e 
de outros problemas de saúde. 
Trata-se de uma das atribuições clínicas do farmacêutico, estabelecida no 
Capítulo I, art.7º, inciso XXVI da Resolução CFF nº 585/2013. Esta definição 
estabelece uma compreensão ampliada do que é prescrição farmacêutica. 
A prescrição é vista como um ato que está inserido no contexto do cuidado do 
paciente e das atribuições clínicas do profissional, e que não se restringe à escolha e 
recomendação documentada de medicamentos, mas também de terapêuticas não 
farmacológicas e outras intervenções em saúde. 
Os farmacêuticos têm uma formação específica em matérias que permitem um 
conhecimento adequado sobre o medicamento, desde o seu desenvolvimento, 
indicação, mecanismos de ação, doses, características farmacocinéticas e condições 
seguras de uso. Além disso, face aos diferentes níveis de complexidade da prescrição 
farmacêutica e à constante evolução do arsenal terapêutico, é necessário desenvolver 
ações que aperfeiçoem a sua qualificação para prescrever. A regulamentação desta 
atribuição pelo CFF influenciou positivamente a inserção do conteúdo correspondente 
nos currículos de graduação de vários cursos de Farmácia do país, bem como a busca 
 
37 
 
 
 
 
de aperfeiçoamento pelos farmacêuticos analistas clínicos que optaram por atuar 
nesta área. 
8.2 Etapas no processo de prescrição 
Segundo o Art. 7º, 8º e 9º da Resolução CFF nº586/2013. 
O processo de prescrição farmacêutica é constituído das seguintes etapas: 
I - identificação das necessidades do paciente relacionadas à saúde; 
II - definição do objetivo terapêutico; 
III - seleção da terapia ou intervenções relativas ao cuidado à saúde, com base 
em sua segurança, eficácia, custo e conveniência, dentro do plano de cuidado; 
IV - redação da prescrição; 
V - orientação ao paciente; 
VI - avaliação dos resultados; 
VII - documentação do processo de prescrição. 
No ato da prescrição, o farmacêutico deverá adotar medidas que contribuam 
para a promoção da segurança do paciente, entre as quais se destacam: 
I - Basear suas ações nas melhores evidências científicas; 
II - tomar decisões de forma compartilhada e centrada no paciente; 
III - considerar a existência de outras condições clínicas, o uso de outros 
medicamentos, os hábitos de vida e o contexto de cuidado no entorno do paciente; 
IV - estar atento aos aspectos legais e éticos relativos aos documentos que 
serão entregues ao paciente; 
V - comunicar adequadamente ao paciente, seu responsável ou cuidador, as 
suas decisões e recomendações, de modo que estes as compreendam de forma 
completa; 
VI - adotar medidas para que os resultados em saúde do paciente, decorrentes 
da prescrição farmacêutica, sejam acompanhados e avaliados. 
A prescrição farmacêutica deverá ser redigida em vernáculo, por extenso, de 
modo legível, observados a nomenclatura e o sistema de pesos e medidas oficiais, 
sem emendas ou rasuras, devendo conter os seguintes componentes mínimos: 
 
38 
 
 
 
 
I - identificação do estabelecimento farmacêutico ou do serviço de saúde ao 
qual o farmacêutico está vinculado; 
II - nome completo e contato do paciente; 
III - descrição da terapia farmacológica, quando houver, incluindo as seguintes 
informações: a) nome do medicamento ou formulação, concentração/dinamização, 
forma farmacêutica e via de administração; b) dose, frequência de administração do 
medicamento e duração do tratamento; c) instruções adicionais, quando necessário. 
 IV - descrição da terapia não farmacológica ou de outra intervenção relativa ao 
cuidado do paciente, quando houver; 
V - nome completo do farmacêutico, assinatura e número de registro no 
Conselho Regional de Farmácia; 
VI - local e data da prescrição. 
8.3 Benefícios da prescrição farmacêutica para os pacientes e para a 
sociedade 
A ausência ou carência de assistência ocasiona, frequentemente, a tomada de 
decisões de tratamento, pela população, por conta própria, selecionando terapias que 
em muitos casos não são efetivas, seguras e, portanto, contraindicadas, implicando 
desfechos negativos na saúde e elevando os custos para os sistemas de saúde, o que 
pode favorecer o agravamento da condição clínica, gerar novos problemas de saúde 
e até mesmo retardar o diagnóstico precoce e o início de terapia efetiva e segura. 
Os estabelecimentos farmacêuticos, pela capilaridade de sua distribuição 
geográfica, e o farmacêutico, pela sua competência e disponibilidade, representam, 
muitas vezes, a primeira e única possibilidade de acesso das pessoas ao cuidado em 
saúde, especialmente para as famílias com piores condições socioeconômicas. 
Ao regulamentar a prescrição farmacêutica, o Conselho Federal de Farmácia 
possibilita ao farmacêutico cumprir sua missão perante a sociedade, qual seja a de 
proporcionar aos pacientes o máximo de benefício possível dos medicamentos que 
utilizam e o acesso a um serviço qualificado. 
A boa atuação clínica do farmacêutico, que inclui o ato de prescrever, 
relaciona–se ao desenvolvimento de competências (colocar em prática 
 
39 
 
 
 
 
conhecimentos e habilidades específicas em benefício do paciente), da existência de 
processos de trabalho bem delineados, ambiente propício para o desempenho das 
atividades, acesso à informação, gestão da prática, fiscalização sanitária e profissional 
como instrumento de identificação de falhas, proposição de soluções e de 
capacitação, assim como para coibir a má prática profissional. 
8.4 Prescrição de medicamentos com venda sob prescrição médica 
 
Fonte: pixabay.com.br 
Para prescrição farmacêutica de medicamentos com faixa vermelha 
(dispensação exige a prescrição médica) o farmacêutico prescritor deverá: 
a) Possuir título de especialista ou de especialista profissional farmacêutico 
na área clínica com comprovação de formação que inclua conhecimentos e 
habilidades em boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, 
comunicação interpessoal, farmacologia clínica e terapêutica; 
b) Ter o diagnóstico prévio; 
c) Seguir programas, protocolos, diretrizes clínicas ou normas técnicas, 
aprovados para uso no âmbito das instituições de saúde ou formalização de 
acordosde colaboração com outros prescritores como médicos e 
odontólogos. 
 
40 
 
 
 
 
Quando o farmacêutico decide como conduta encaminhar o paciente a outro 
profissional da saúde, ele precisa garantir que, tanto o usuário, quanto o profissional 
compreendam o motivo da recomendação feita pelo farmacêutico. 
Este procedimento tem como objetivo a compreensão do outro profissional a 
respeito do raciocínio clínico utilizado pelo farmacêutico, assim como, da conduta 
selecionada. O documento formaliza a comunicação com outros profissionais. 
A garantia da provisão de serviços e produtos para o cuidado das pessoas é 
um problema de saúde coletiva. A dimensão da necessidade de acesso e utilização a 
recursos terapêuticos e propedêuticos é superior à capacidade de financiamento e 
provisão dos sistemas de saúde. A população, em decorrência da ausência ou 
carência de assistência médica, frequentemente, toma decisões de tratamento por 
conta própria, selecionando terapias que em muitos casos não são efetivas, seguras 
e, portanto, contraindicadas. Isto pode favorecer o agravamento da sua condição 
clínica, gerar novos problemas de saúde e até mesmo retardar o diagnóstico precoce 
e o início de terapia efetiva e segura. A carência de acesso e da utilização dos 
recursos assistenciais implicam desfechos negativos dos problemas de saúde das 
pessoas, elevando os custos para os sistemas de saúde. 
Os estabelecimentos farmacêuticos, pela capilaridade de sua distribuição 
geográfica, e o farmacêutico, pela sua competência e disponibilidade, representam, 
muitas vezes, a primeira possibilidade de acesso das pessoas ao cuidado em saúde, 
especialmente para as famílias com piores condições socioeconômicas. O 
farmacêutico, apesar de representar um profissional estratégico para o sistema de 
saúde, nesta conjuntura, costuma ser subutilizado. 
No mundo contemporâneo, os modelos de assistência à saúde passam por 
profundas transformações resultantes da demanda por serviços, da incorporação de 
novas tecnologias e dos desafios de sustentabilidade do seu financiamento. Esses 
fatores provocam mudanças na forma de produzir o cuidado à saúde das pessoas, a 
um tempo em que contribuem para redefinição da divisão social do trabalho entre as 
profissões da saúde. 
A ideia de expandir para outros profissionais, entre os quais o farmacêutico, 
maior responsabilidade no manejo clínico dos pacientes, intensificando o processo de 
 
41 
 
 
 
 
cuidado, tem propiciado alterações nos marcos de regulação em vários países. Com 
base nessas mudanças, foram estabelecidas, entre outras, a autorização para que 
distintos profissionais possam selecionar, iniciar, adicionar, substituir, ajustar, repetir 
ou interromper a terapia farmacológica. Essa tendência surgiu pela necessidade de 
ampliar a cobertura dos serviços de saúde e incrementar a capacidade de resolução 
desses serviços. 
É fato que, em vários sistemas de saúde, profissionais não médicos estão 
autorizados a prescrever medicamentos. É assim que surge o novo modelo de 
prescrição como prática multiprofissional. Esta prática tem modos específicos para 
cada profissão e é efetivada de acordo com as necessidades de cuidado do paciente, 
e com as responsabilidades e limites de atuação de cada profissional. Isso favorece o 
acesso e aumenta o controle sobre os gastos, reduzindo, assim, os custos com a 
provisão de farmacoterapia racional, além de propiciar a obtenção de melhores 
resultados terapêuticos. 
Apesar disso, discutir prescrição farmacêutica não é tarefa fácil. Nós, os 
farmacêuticos, muitas vezes tivemos receio de usar termos como: consulta 
farmacêutica, diagnóstico farmacêutico, consultório farmacêutico, prescrição 
farmacêutica. Estes termos e expressões, que ainda são considerados como "tabus" 
no Brasil, fazem parte da linguagem técnica dos farmacêuticos em vários países, há 
mais de uma década. Em nosso país, frequentemente, justificamos a não pertinência 
de utilizá-los, recorrendo a eufemismos, tais como: atendimento farmacêutico, sala de 
serviços farmacêuticos, indicação farmacêutica, automedicação responsável, 
orientação farmacêutica, dispensação documentada, entre outros. Em outras 
profissões da saúde, como a enfermagem, a nutrição e a fisioterapia, não se percebe 
este mesmo receio. Isso pode ter contribuído para o avanço significativo das mesmas 
em seu papel no cuidado dos pacientes. 
Após a análise das 229 manifestações encaminhadas em resposta à Consulta 
Pública no. 06 de 2013, decidiu-se pela elaboração deste documento, com o objetivo 
de discorrer não somente sobre o posicionamento favorável de 85% das contribuições 
enviadas, mas também, e principalmente, a respeito das questões mais recorrentes, 
e que, em síntese, versam sobre: 
 
42 
 
 
 
 
1. A definição e o escopo da prescrição; 
2. A competência do CFF em regular este tema e a legalidade da regulação; 
3. A formação/qualificação/certificação do farmacêutico para prescrever; e, 
4. O alegado conflito de interesse entre prescrever e comerciar medicamentos. 
A prescrição é uma das atribuições clínicas do farmacêutico e deverá ser 
realizada com base nas necessidades de saúde do paciente. Esta resolução encerra 
a concepção de prescrição como a ação de recomendar algo ao paciente. Tal 
recomendação pode incluir a seleção de opção terapêutica, a oferta de serviços 
farmacêuticos ou o encaminhamento a outros profissionais ou serviços de saúde. O 
ato de prescrever não constitui um serviço clínico per se, mas uma das atividades que 
compõem o processo de cuidado à saúde. 
Esta é uma concepção ampliada da prescrição, para além da seleção de 
medicamentos. Visão similar a esta é adotada por outras profissões da saúde e 
representa uma estratégia para a inserção desta atividade no sistema de saúde, na 
medida em que atendem às necessidades dos pacientes de forma ampla e minimiza 
a sobreposição de áreas de atuação exclusivas de outras categorias profissionais. 
Com relação aos medicamentos e outros produtos para à saúde que podem 
ser prescritos por farmacêutico, a presente proposta de resolução está alinhada com 
a regulamentação sanitária vigente. Além disso, cria a base legal para a prescrição 
farmacêutica de novas categorias de medicamentos que venham a ser aprovadas pelo 
órgão sanitário federal. 
Em todos os países em que ocorre prescrição farmacêutica de medicamentos, 
esta foi implantada com base em uma hierarquização clara da autonomia do 
farmacêutico em prescrever, de acordo com a complexidade da terapia, do serviço, 
da formação e certificação do profissional, e dos tipos de produtos autorizados pelo 
órgão sanitário. 
Com base nessas experiências internacionais, foram estabelecidos dois tipos 
possíveis de prescrição farmacêutica de medicamentos: 
a) O farmacêutico poderá realizar de forma independente a prescrição de 
medicamentos cuja dispensação não exija prescrição médica. 
 
43 
 
 
 
 
b) Com relação aos medicamentos tarjados ou cuja dispensação exija a 
prescrição médica, a resolução possibilita que o farmacêutico especialista exerça o 
papel de prescritor, tanto para iniciar como para fazer modificações na farmacoterapia, 
desde que existam programas, protocolos, diretrizes clínicas ou normas técnicas 
aprovadas para uso no âmbito das instituições de saúde, ou quando da formalização 
de acordos de colaboração com outros prescritores, como médicos e odontólogos. 
8.5 Prescrição farmacêutica de MIPs 
Os Manuais para Dispensação de MIPs disponibilizados pelo CRF têm o 
objetivo de auxiliar os farmacêuticos na dispensação desses medicamentos. Eles 
foram desenvolvidos a partir de doenças ou sintomas que normalmente acometem a 
população, como os seguintes: 
• Cefaleia e enxaqueca. 
• Diarreia. 
• Dor. 
• Febre. 
• Gripe. 
• Infecções fúngicas de pele. 
• Resfriado. 
• Rinite alérgica. 
• Tosse. 
ABIMIP – Associação Brasileira da Indústria dos MIPsé uma entidade que 
congrega os principais fabricantes de origem nacional e internacional destes 
medicamentos que são conhecidos internacionalmente como Over-the-Conter 
(OTCs). A associação zela pelo uso responsável desses medicamentos e é contra a 
prática da automedicação, que é a prática de utilizar medicamentos tarjados, isto é, 
aqueles que exigem prescrição sem orientação de um médico. 
A ABIMIP apresenta os benefícios do uso responsável de MIPs: 
• Diminuição de custos pelo sistema de saúde. 
• Otimização de recursos governamentais. 
 
44 
 
 
 
 
• Diminuição de custos aos usuários. 
• Conforto ao usuário que não vai precisar procurar um serviço de saúde 
para tratar um problema conhecido. 
• Melhor qualidade de vida, quando tratamos de produtos de caráter 
preventivo como vitaminas e antioxidantes. 
Na prática clínica, quando devemos avaliar que o uso do MIP deve ser sucedido por 
uma consulta médica: 
• Quando os sintomas persistirem. 
• Quando os sintomas piorarem ou se o paciente tiver uma recaída. 
• Se o paciente tiver dores agudas. 
• Se o paciente tiver tentado um ou mais medicamentos sem sucesso. 
• Quando surgirem reações adversas. 
• Quando o paciente apresentar sintomas psicológicos como: ansiedade, 
depressão, agitação entre outros. 
• Se o paciente estiver convencido da gravidade dos seus sintomas. 
Lembrando que se deve dar uma atenção especial nos casos de gravidez e 
aleitamento, assim como em bebês e crianças. 
8.6 Medicamentos Isentos de prescrição 
Em 2010, o Conselho Regional de Farmácia publicou o Fascículo II do Projeto 
Farmácia Estabelecimento de Saúde – Medicamentos Isentos de Prescrição, nesse 
documento apresenta os MIPs e apresenta nove manuais para dispensação de MIPs. 
Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP), também chamados de OTC (sigla em 
inglês – over the conter que quer dizer sobre o balcão) e segundo o Ministério da 
Saúde são aqueles cuja dispensação não requerer autorização, ou seja, receita 
expedida por profissional. Como os MIPs são indicados para doenças que podem ser 
consideradas de alta morbidade e baixa gravidade e são considerados de elevada 
segurança de uso, eficácia comprovada cientificamente ou de uso tradicionalmente 
reconhecido, de fácil utilização e baixo risco de abuso, como os analgésicos e 
antiácidos, podem ser vendidos ou comprados sem apresentação de receita médica. 
 
45 
 
 
 
 
Assim, o fácil acesso a esses medicamentos torna-os diretamente ligados à 
automedicação. A prática da automedicação tornou-se comum devido à dificuldade 
de conseguir atendimento médico, e embora essa prática seja condenada por muitas 
pessoas, quando realizada de forma correta, pode ser desejável. Segundo o 
documento apresentado pelo CRF (2010), a dispensação de medicamentos, isentos 
ou não de prescrição, deve ser entendida como um processo de atenção à saúde. 
Quando a dispensação for acompanhada de uma orientação adequada, os riscos 
referentes aos medicamentos diminuem, contribuindo para que os estabelecimentos 
farmacêuticos sejam verdadeiros estabelecimentos de saúde. 
8.7 Uso irracional de medicamentos: uma problemática mundial 
De todos os medicamentos, cerca de 50% são prescritos e dispensados de 
forma incorreta. A falta de implementação de políticas básicas para promover o uso 
racional de medicamentos e o uso abusivo, insuficiente ou impróprio desses produtos 
acabam lesionando a população e desencadeando desperdícios dos recursos 
públicos. 
Diversos fatores contribuem para essa prática incomum como: pouco 
conhecimento teórico-prático que desencadeia diagnósticos incompletos das doenças 
podendo resultar na escolha inadequada do tratamento, muitos prescritores obtêm 
informações sobre o tratamento a partir de campanhas farmacêuticas, não se 
reportando às fontes baseadas em evidências, a fácil aquisição e disponibilidade de 
medicamentos sem a necessidade de apresentação da receita médica, a busca 
através da internet por medicamentos caros, com preços mais convidativos e sem 
qualidade assegurada, a ausência de políticas farmacêuticas que induzem medidas e 
infraestruturas apropriadas para monitorar e regulamentar o uso de medicamentos e 
a sobrecarga de trabalho dos profissionais da saúde que pode resultar em ações de 
saúde deficientes. 
 Toda essa ausência de estrutura acaba conduzindo os pacientes a adotarem 
novos hábitos culturais, induzindo ao uso incorreto de medicamentos como a 
polifarmácia, o uso indiscriminado de antibióticos, a prescrição não orientada por 
 
46 
 
 
 
 
diretrizes, a automedicação inapropriada e o fácil acesso ao desmedido armamentário 
terapêutico disponibilizado no comércio. O uso irracional de medicamentos além de 
afetar diretamente todos os países, pode desencadear graves consequências que se 
tornam gradativamente nocivas à saúde dos pacientes, como a resistência a 
antibióticos, a presença de reações adversas, o desperdício de recursos e a perda de 
confiança, muitas vezes gerada pela ausência da ação farmacológica esperada, já 
que houve, anteriormente, um uso excessivo do fármaco em questão. 
Para que toda essa problemática tenha seu impacto na saúde reduzido, é 
necessária a elaboração de estratégias que facilitem a comunicação entre o prescritor, 
paciente e o farmacêutico, proporcionando, assim, o uso racional do medicamento. 
8.8 O papel do farmacêutico na Atenção Farmacêutica quanto ao uso racional 
de medicamentos 
Entre as intervenções fundamentais para promover o uso racional de 
medicamentos está a prática da Atenção Farmacêutica. Esse processo é conceituado 
como uma atividade profissional em que o paciente é o principal beneficiário das ações 
do farmacêutico. Nela são incluídas atitudes, cuidados, compromissos, 
comportamentos, funções, conhecimentos, valores éticos, responsabilidades e 
habilidades do profissional farmacêutico na prestação da farmacoterapia, buscando 
obter resultados terapêuticos baseados nos indicadores de saúde e na qualidade de 
vida dos pacientes. 
Para o desenvolvimento dessa prática, são necessárias ações que, ancoradas 
ao tripé farmacêutico-paciente-medicamento, possibilitem usar estratégias educativas 
como o aconselhamento terapêutico que irá contribuir não só para o uso correto de 
medicamentos, mas também propiciar benefícios individuais, institucionais e 
nacionais. 
No caso do usuário, a escolha racional proporciona mais garantia de benefício 
terapêutico (eficácia e segurança) com menor custo, contribuindo para o cuidado 
integral à saúde. Para os órgãos institucionais há melhora no padrão de atendimento, 
maior resolução do sistema e redução dos gastos. 
 
47 
 
 
 
 
Em nível nacional, essas atitudes racionais acarretam consequências positivas 
sobre a morbimortalidade e qualidade de vida da população, aumentando a confiança 
do usuário na atenção à saúde pública. 
Para que o uso racional de medicamentos seja estabelecido, é necessário que 
a concepção de medicamento seja consolidada como instrumento de saúde e não 
como uma mercadoria. 
É preciso confirmar a necessidade do uso do medicamento para que o mesmo 
seja receitado de forma apropriada de acordo com a eficácia e segurança 
comprovadas e aceitáveis. O fármaco deve ser prescrito adequadamente na forma 
farmacêutica correspondente, dose e período de duração do tratamento, que esteja 
disponível a um preço acessível, que responda sempre aos critérios de qualidade 
exigidos, se dispense em condições adequadas, com responsabilidade e com todas 
as informações necessárias para que se cumpra a terapêutica prescrita da melhor 
maneira possível. 
A partir dessas informações, pode-se enfatizar a importância da humanização 
no atendimento pelo profissional farmacêutico, proporcionando ao paciente a 
habilidade de seguir seu tratamento corretamente, tendo acesso às informações de 
que necessita, a fim de ser capaz de desenvolver, de forma correta, o

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