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� INTRODUÇÃO A dor que é sentida como dor torácica tem o seu princípio nas vias aferentes simpáticas em direção ao corno superior da medula espinal dos gânglios torácicos ventrais e dorsais. Na dor cardiovascular, ocorre a liberação de enzimas das células miocárdicas em virtude da hipóxia. A dor de origem pulmonar ocorre em virtude da obstrução da artéria pulmonar, das lesões mecânicas da pleura parietal ou das vias superiores. As vias aferentes das vísceras digestivas torácicas são comuns às vias cardíacas.1 A abordagem de dor no peito deve levar em consideração diferentes causas possíveis. Na avaliação da dor, deve-se, primeiramente, descartar as causas graves e urgentes a serem resolvidas. Os principais passos, nesse caso, são a descrição da dor e dos sintomas associados e a avaliação dos fatores de risco do indivíduo. Em relação à dor torácica, os seguintes itens devem ser avaliados: � qualidade; � região ou localização; � irradiação; � elementos temporais; � provocação; � ações paliativas; � exame físico; � exames complementares. � OBJETIVOS Ao final da leitura deste artigo, o leitor deverá ser capaz de � reconhecer as principais causas de dor torácica; � identificar os sinais e sintomas de gravidade na dor torácica; � realizar um exame físico correto na abordagem de dor torácica; � solicitar e interpretar, de forma correta, os exames complementares na abordagem de dor torácica; � saber como, quando, para onde e de que forma encaminhar os indivíduos que necessitam de outros serviços, além da atenção primária à saúde (APS). 93 ZELIETE LINHARES LEITE ZAMBON DOR TORÁCICA NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | � ESQUEMA CONCEITUAL Caso clínico Conclusão Terapêutica medicamentosa Tratamento Em ações de urgência Angina estável ou instável, após infarto agudo do miocárdio Outros tratamentos Diagnóstico Eletrocardiograma Raio X de tórax Teste de esforço Outros exames Exame físico Exames complementares História clínica detalhada Avaliação da dor Fatores de risco Diagnóstico diferencial Angina de peito Pericardite Miocardite Dissecção aórtica Cardiomiopatia induzida por estresse Doença cardíaca valvular Dor de causas cardíacas Dor musculoesquelética Dor relacionada ao herpes Dor de parede torácica Pneumotórax Pneumonia Pleurite/serosite Câncer de pulmão Tromboembolismo pulmonar ou embolia pulmonar Derrame pleural Sarcoidose Hipertensão pulmonar Dor de causas pulmonares Dor de causas psicogênicas Dores referidas no peito Dor de causas gastrintestinais Esofagite induzida por medicação Padrões anormais de motilidade e acalasia Outras causas gastrintestinais Ruptura do esôfago Corpo estranho impactado no esôfago Doença do refl uxo gastresofágico Educação em saúde Analgesia Monitoramento Encaminhamentos 94 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE � DIAGNÓSTICO O diagnóstico do motivo da dor torácica deve se iniciar pela coleta de informações com o paciente, seguindo-se de exame físico e exames complementares. O diagnóstico será abordado em detalhes nas próximas seções. Para o diagnóstico, deve-se fazer uma tomada de história clínica detalhada do paciente; avaliar os sinais e sintomas; fazer exame físico, com ausculta pulmonar, cardíaca, palpação abdominal, ectoscopia e exame complementar, com eletrocardiograma (ECG) de repouso. HISTÓRIA CLÍNICA DETALHADA Os fatores de risco do paciente e a descrição da dor e dos sintomas associados devem ser avaliados. Essas ações irão permitir ao médico de família e comunidade (MFC) diagnosticar, com precisão, a maioria das causas de dor no peito e julgar em quais pacientes, provavelmente, a dor possui uma etiologia benigna. Avaliação da dor O primeiro passo na avaliação da dor torácica é uma descrição completa da dor. LEMBRAR As causas de dor torácica que podem resultar em morte súbita devem ser afastadas. Essas causas são � infarto do miocárdio; � dissecção da aorta; � pneumotórax hipertensivo; � embolia pulmonar; � ruptura de esôfago. O MFC deve ter em mente os dados epidemiológicos. Um estudo prospectivo com 399 pessoas demonstrou que 60% dos casos dor torácica não eram de causa orgânica, como a ligada aos aparelhos cardiovascular, pulmonar ou gastrintestinal. Entre os casos de causa orgânica, que totalizaram 40%, as causas foram identificadas como � refluxo gastresofágico em 13% dos casos; � angina estável em 11% dos casos; � angina instável ou infarto agudo do miocárdio (IAM) em 1,5% dos casos. Quanto à idade dos pacientes, menos de 7% dos indivíduos que tiveram dor no peito de causa cardiovascular tinham menos de 35 anos e mais de 50% tinham idade superior a 40 anos.2 Descrições de desconforto no peito, em virtude da isquemia miocárdica, podem variar dependendo da cultura dos pacientes, da idade, do sexo e da presença de comorbidades, como diabetes. 95 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | Características da dor A dor torácica pode ser caracterizada quanto à qualidade, à localização, à irradiação e à duração da dor. Principais causas de dor torácica conforme a qualidade da dor A dor torácica, quanto à qualidade, pode compreender � a constrição; � o peso, � o aperto; � a opressão; � o desconforto; � a pontada; � a queimação. No Quadro 1, são apresentadas as principais causas de dor torácica, conforme a qualidade da dor. Quadro 1 PRINCIPAIS CAUSAS DE DOR TORÁCICA, CONFORME A QUALIDADE Causa Qualidade da dor Isquemia miocárdica Dor em aperto, pressão, constrição, estrangulamento, queimação, azia, sensação de plenitude no peito, sensação como nó no centro do peito, nó na garganta, peso no peito (como um sutiã muito apertado) e dor de dente, quando há irradiação para o maxilar inferior. Às vezes, o paciente coloca o punho no centro do tórax (sinal de Levine). Dissecção da aorta Sensação de dor rasgando o peito. Ruptura do esôfago Dor retroesternal súbita e de forte intensidade, mais dor abdominal superior após náuseas e vômitos graves. Tromboembolismo pulmonar e pneumotórax Dor torácica + dispneia. Principais causas de dor torácica conforme a localização da dor Quanto à localização, a dor torácica pode ser � no précordio; � na parte anterior do esterno; � no ombro; � na mandíbula; � no epigástrio; � na cervical; � no dorso. 96 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE As etiologias da dor torácica, conforme a localização da dor, estão listadas do Quadro 2. Quadro 2 PRINCIPAIS CAUSAS DE DOR TORÁCICA, CONFORME A LOCALIZAÇÃO Causa Localização Dor isquêmica Desconforto difuso difícil de localizar. Parede torácica ou origem pleural visceral Dor localizada em pequena área do peito. Principais causas de dor torácica conforme a irradiação da dor Quanto à forma de irradiação, a dor torácica pode se apresentar em � membros superiores; � ombro; � mandíbula; � dorso; � pescoço; � epigástrio. As principais causas de dor torácica, conforme a irradiação da dor, estão enumeradas no Quadro 3, a seguir. Quadro 3 PRINCIPAIS CAUSAS DE DOR TORÁCICA, CONFORME A IRRADIAÇÃO Causa Tipo de irradiação Isquemia miocárdica Irradia para o pescoço, a garganta, a mandíbula, os dentes e a extremidade superior, ou no ombro, nos braços direito ou esquerdo. Quando é extensa, a irradiação sugere IAM. Colecistite Dor que irradia para o ombro direito, associada a dor abdominal. Pericardite Dor que irradia para ambas as cristas do trapézio. 97 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | Principais causas de dor torácica conforme a duração e a forma de início Quanto à duração, a dor torácica pode ser medida em segundos, minutos, horas e dias. As principais causas de dor torácica, conforme a duração e forma de início, estão listadas no Quadro 4. Quadro 4 PRINCIPAIS CAUSAS DE DOR TORÁCICA, CONFORME DURAÇÃO E FORMA DE INÍCIO Causa Duração e forma de início Pneumotórax,dissecção da aorta e embolia pulmonar aguda Tem início abrupto e de forte intensidade. Dor isquêmica De início gradual, com intensidade crescente ao longo do tempo. Em geral, dura alguns minutos, mas pode durar mais no IAM. Pode demonstrar um padrão circadiano. É mais provável que ocorra na parte da manhã do que na parte da tarde, correlacionando-se com um aumento no tônus simpático. Dor musculoesquelética Início muito mais vago. Principais causas de dor torácica conforme a presença de fatores desencadeantes Os fatores desencadeantes da dor torácica podem ser � frio; � estresse; � esforço físico; � alimentação; � atividade sexual. As principais causas de dor torácica, conforme a presença de fatores desencadeantes, estão no Quadro 5. Quadro 5 PRINCIPAIS CAUSAS DE DOR TORÁCICA, CONFORME A PRESENÇA DE FATORES DESENCADEANTES Causas Fatores desencadeantes Doença gastrintestinal superior Dor surge após a alimentação. Angina Dor que ocorre após o esforço físico. Também pode ocorrer após o estresse, o frio, a alimentação abundante e a relação sexual. Doença esofagiana Dor torácica agravada pela deglutição. Musculoesquelética Dor exacerbada pela posição do corpo ou pela respiração profunda. Dor pleurítica Dor agravada pela respiração e quando deitado. 98 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE Principais causas de dor torácica conforme a presença de fatores de alívio Os fatores de alívio relacionados à dor torácica são � repouso; � antiácido; � analgésico; � nitroglicerina sublingual; � apneia; � alimentação; � posição. As principais causas de dor torácica e os fatores de alívio estão descritos no Quadro 6, a seguir. Quadro 6 PRINCIPAIS CAUSAS DE DOR TORÁCICA E FATORES DE ALÍVIO Causas Fatores de alívio Dor gastresofágica Aliviada com antiácidos. A dor do espasmo esofá- gico é aliviada também com uso de nitroglicerina sublingual, sendo um fator confundidor. Dor isquêmica Melhora com nitroglicerina sublingual e com cessação de atividade física. Pericardite Melhora sentando-se e inclinando-se para a frente. Principais causas de dor torácica conforme sintomas associados Os sintomas associados à dor torácica são � sudorese; � náusea; � vômito; � palidez; � síncope; � pré-síncope; � tosse; � hemoptise; � dispneia. 99 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | As principais causas de dor torácica, conforme os sintomas associados, estão apresentadas no Quadro 7. Quadro 7 PRINCIPAIS CAUSAS DE DOR TORÁCICA, CONFORME OS SINTOMAS ASSOCIADOS Causas Sintomas associados Doença esofágica Arroto, gosto ruim na boca, dor ou dificuldade ao engolir. A dor do espasmo esofágico pode ser aliviada com nitroglicerina sublingual ou bloqueadores de canais de cálcio. Isso pode confundir com a diferenciação da angina. Infarto do miocárdio Vômitos (transmural) e dispneia aos esforços (que pode prescindir a sensação de angina). Fadiga profunda em idosos. Úlcera péptica, colecistite, pancre- atite e cetoacidose diabética Outras causas de vômitos. Patologias pulmonares Dispneia Insuficiência cardíaca congestiva, embolia pulmonar, neoplasias e infecções respiratórias Tosse Dissecção da aorta, embolia pulmo- nar, aneurisma da aorta abdominal roto ou estenose aórtica grave Síncope Doença coronariana, embolia pulmonar e fibrilação atrial Palpitação ATIVIDADE 1. Sobre o diagnóstico de dor torácica, assinale a alternativa correta: A) Inicialmente, deve-se procurar fazer uma tomada de história clínica detalhada. B) Os fatores de risco do paciente e a descrição da dor devem ser avaliados em último caso. C) O primeiro passo na avaliação da dor torácica é uma bateria de exames de imagem. D) Não é importante julgar em quais os pacientes provavelmente a dor possui uma etiologia benigna. Resposta no final do artigo 100 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE 2. Quanto às principais causas de dor torácica, conforme a qualidade da dor, correlacione corretamente as colunas: (1) Isquemia miocárdica (2) Dissecção da aorta (3) Ruptura do esôfago (4) Tromboembolismo pulmonar e pneumotórax ( ) Dor retroesternal súbita e de forte intensidade. ( ) Dor torácica + dispneia. ( ) Sensação de dor rasgando o peito. ( ) Dor em aperto, pressão, constrição, estrangulamento, queimação e azia. Resposta no final do artigo 3. As causas de dor torácica que podem resultar em morte súbita devem ser afastadas. Quais são elas? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 4. O que a primeira abordagem de dor no peito deve levar em consideração? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Fatores de risco Os fatores de risco associados à dor torácica são3 � sexo: a incidência de doença coronariana é três vezes maior em homens do que em mulheres, e a mortalidade cinco vezes maior nos homens; � dislipidemia: colesterol total acima de 240mg/dL, aumento de LDL (lipoproteína de baixa densidade) e baixa de HDL (lipoproteína de alta densidade); � hipertensão arterial: acima de 140/90mmHg; � tabagismo: a incidência de IAM aumenta seis vezes em mulheres e três vezes em homens que fumam 20 cigarros por dia; � diabetes; � história familiar de doença coronariana; � obesidade: está associada a um número de fatores de risco para a aterosclerose, doença cardiovascular e mortalidade cardiovascular, incluindo hipertensão, resistência à insulina e intolerância à glicose, hipertrigliceridemia e HDL reduzido; � síndrome metabólica: presença de hipertensão arterial, obesidade, dislipidemia e diabetes têm um maior risco para doença coronariana; � microalbuminúria: reflete dano vascular. 101 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | EXAME FÍSICO O diagnóstico de dor torácica inclui diversos exames físicos descritos a seguir. A ectoscopia é o exame que detecta a presença de xantomas e exsudatos retinianos, apontando para a doença aterosclerótica. O rubor facial pode estar relacionado a um pico hipertensivo ou a uma doença infecciosa febril. A ausculta cardíaca deve ser feita, primeiro, em posição supina para identificar atrito pericárdico. Presença de terceira e quarta bulha cardíaca ou galope, sopro de regurgitação mitral, desdobramento de segunda bulha cardíaca e estertoração pulmonar bilateral são sugestivos de doença aterosclerótica coronariana (DAC).4 A hipofonese de bulhas, mais rubor facial, são sinais de doença pericárdica ou doença da pleura, com contiguidade com o coração.5 A tomada dos pulsos é importante porque a diferença nos pulsos pode indicar dissecção da aorta. Os pulsos diminuídos nos membros inferiores e o endurecimento arterial sugerem a DAC. A distensão venosa jugular pode ser sinal de hipertensão pulmonar e de infarto do ventrículo direito (VD). A frequência cardíaca aumentada pode estar relacionada com o IAM pela descarga simpático suprarrenal.5 A palpação da parede torácica busca pontos dolorosos que indicam dormusculoesquelética. No exame abdominal, deve-se fazer a ausculta abdominal procurando sopros da aorta abdominal e a palpação abdominal, principalmente no hipocôndrio direito e no epigástrio. Deve-se verificar a pressão arterial (PA) à procura de hipertensão. LEMBRAR Faz-se a ausculta pulmonar à procura de estertores que demonstrem uma infecção pulmonar, e, se estes forem em bases pulmonares, pode ser sinal de congestão pulmonar. Os sons abafados em um hemitórax, juntamente com outros sintomas, podem levar a pensar em ruptura de esôfago e embolia pulmonar. A verificação da temperatura axilar é realizada procurando fatores que aumentam o gasto de oxigênio, como febre, e também para diferenciar as possíveis causas infecciosas. A verificação da glicemia capilar é feita procurando hiperglicemia, o que aumenta os riscos no caso de angina instável ou IAM. Os sinais neurológicos focais estão associados à dissecção da aorta.2 LEMBRAR Os riscos específicos nas patologias associadas à dor torácica são � isquemia do miocárdico: dislipidemia, histórico de doença coronariana na família, hipertrofia ventricular esquerda e tabagismo; � dissecção da aorta e doença coronariana: hipertensão arterial e tabagismo; � tromboembolismo: tabagismo; � pneumotórax e pneumonia: tabagismo; � pericardite e miocardite: infecção viral recente, trauma no peito, doença autoimune e IAM. ATIVIDADE 5. Assinale a alternativa que contém os fatores desencadeantes da dor torácica. A) Frio. B) Alimentação. C) Esforço físico. D) Todas as alternativas anteriores. Resposta no final do artigo 6. Qual fator de alívio está relacionado à dor torácica isquêmica? A) É aliviada com antiácidos. B) É aliviada com analgésicos. C) Melhora com o indivíduo sentado e inclinado para a frente. D) Melhora com nitroglicerina sublingual e com cessação de atividade física. Resposta no final do artigo 7. Cite as principais causas de dor torácica, de acordo com os sintomas a ela associados: Sintoma associado Causas Vômitos Tosse Dispneia Fadiga profunda Arroto, gosto ruim na boca Dor ou dificuldade em engolir 102 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE EXAME FÍSICO O diagnóstico de dor torácica inclui diversos exames físicos descritos a seguir. A ectoscopia é o exame que detecta a presença de xantomas e exsudatos retinianos, apontando para a doença aterosclerótica. O rubor facial pode estar relacionado a um pico hipertensivo ou a uma doença infecciosa febril. A ausculta cardíaca deve ser feita, primeiro, em posição supina para identificar atrito pericárdico. Presença de terceira e quarta bulha cardíaca ou galope, sopro de regurgitação mitral, desdobramento de segunda bulha cardíaca e estertoração pulmonar bilateral são sugestivos de doença aterosclerótica coronariana (DAC).4 A hipofonese de bulhas, mais rubor facial, são sinais de doença pericárdica ou doença da pleura, com contiguidade com o coração.5 A tomada dos pulsos é importante porque a diferença nos pulsos pode indicar dissecção da aorta. Os pulsos diminuídos nos membros inferiores e o endurecimento arterial sugerem a DAC. A distensão venosa jugular pode ser sinal de hipertensão pulmonar e de infarto do ventrículo direito (VD). A frequência cardíaca aumentada pode estar relacionada com o IAM pela descarga simpático suprarrenal.5 A palpação da parede torácica busca pontos dolorosos que indicam dor musculoesquelética. No exame abdominal, deve-se fazer a ausculta abdominal procurando sopros da aorta abdominal e a palpação abdominal, principalmente no hipocôndrio direito e no epigástrio. Deve-se verificar a pressão arterial (PA) à procura de hipertensão. LEMBRAR Faz-se a ausculta pulmonar à procura de estertores que demonstrem uma infecção pulmonar, e, se estes forem em bases pulmonares, pode ser sinal de congestão pulmonar. Os sons abafados em um hemitórax, juntamente com outros sintomas, podem levar a pensar em ruptura de esôfago e embolia pulmonar. A verificação da temperatura axilar é realizada procurando fatores que aumentam o gasto de oxigênio, como febre, e também para diferenciar as possíveis causas infecciosas. A verificação da glicemia capilar é feita procurando hiperglicemia, o que aumenta os riscos no caso de angina instável ou IAM. Os sinais neurológicos focais estão associados à dissecção da aorta.2 LEMBRAR 103 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | EXAMES COMPLEMENTARES Os exames complementares para avaliação de dor torácica iniciam com ECG e raio X (RX) de tórax. Seguem com exames para avaliação de perfusão coronária e de imagens mais sofisticados, e exames para investigar outras causas de dor torácica. Na APS, deve-se ter em mente a avaliação rápida da dor torácica para afastar as causas que cursam com risco de morte. O que se tem nas unidades são aparelhos de ECG e acesso facilitado a um RX de tórax. Esses exames iniciais são suficientes para fazer avaliações de risco iniciais e diagnósticos diferenciais de possíveis causas de dor torácica com risco de morte. São citados outros exames na investigação da dor torácica, mas deve se ater à avaliação do ECG e do RX de tórax. Eletrocardiograma Os resultados isolados negativos do ECG não descartam os riscos para os indivíduos com dor torácica, mas os resultados positivos de alteração são muito importantes para a avaliação do risco dos pacientes com dor torácica. A seguir, são apresentados os grupos de indivíduos que não podem deixar de fazer o ECG:2 � qualquer indivíduo com mais de 30 anos e com dores no peito; � qualquer indivíduo com mais de 50 anos, com qualquer dos seguintes problemas • dispneia; • alteração do estado mental; • dor de membro superior; • síncope; • fraqueza; � qualquer indivíduo acima de 80 anos com dor abdominal, náuseas ou vômitos. Segundo as diretrizes de ECG da Sociedade Brasileira de Cardiologia, há normas na suspeita clínica de doença isquêmica do miocárdio aguda para uso de ECG:6 � rapidez na execução do exame de emergência – o paciente deve obter o resultado do ECG nos primeiros 10 minutos. Se for possível, deve-se esperar na unidade de Estratégia de Saúde da Família, se não houver qualquer sinal de risco urgente que mereça encaminhamentos para os serviços de urgência; � reavaliação do traçado – até 50% dos portadores de doença isquêmica aguda apresentam o seu primeiro traçado normal ou sem características diagnósticas. Portanto, o traçado deve ser repetido, no mínimo, uma vez após 2 horas de observação clínica, em todo portador de dor torácica. 104 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE A análise topográfica das manifestações isquêmicas é a seguinte:6 � parede anterosseptal – derivações V1, V2, V3; � parede anterior – derivações V1, V2, V3 e V4; � parede anterolateral – derivações V4 a V5, V6, D1 e AVL; � parede anterior extensa – V1 a V6, D1 e aVL; � parede lateral alta – D1 e aVL; � parede inferior – D2, D3 e aVF; � parede dorsal – V7 e V8. Ainda segundo as diretrizes de ECG, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, tem-se os seguintes critérios diagnósticos para a presença de isquemia miocárdica:6 � isquemia subepicárdica – presença de onda T negativa, simétrica e pontiaguda; � isquemia subendocárdica – presença de onda T positiva, simétrica e pontiaguda. São critérios diagnósticos da presença de lesão: � lesão subepicárdica – elevação do ponto J e do segmento ST, com convexidade superior desse segmento nas derivações que exploram a região envolvida; � lesão subendocárdica – depressão do ponto J e do segmento ST, com concavidade superior desse segmento nas derivações que exploram as regiões envolvidas. Os diagnósticos diferenciais feitos a partir do ECG estão descritos no Quadro 8.6 Quadro 8 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS COM ECG Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) Desvio da onda P e QRS para a direita, efeito dielétrico. Efeito dielétrico Baixa voltagem do QRS em todo o traçado (< 0,5mV nas derivaçõesdo plano frontal e < 1,0mV nas derivações precordiais). Pode ser decorrente de derrame pericárdico volumoso, derrame pleural, DPOC, obesidade mórbida, anasarca, hipotireoidismo e doenças infiltrativas cardíacas.7 Embolia pulmonar Taquicardia sinusal, desvio do complexo QRS para a direita, onda T negativa na parede anterior de ventrículo esquerdo. Pericardite Na fase inicial, a onda T fica um pouco aumentada e simétrica. Na fase mais crônica, pode ter uma onda T invertida, elevação difusa do segmento ST e depressão do segmento PR. Alternância elétrica Presença de QRS com amplitudes alternadamente maiores e menores, cíclicas e não relacionadas à respiração, em QRS sucessivos. Derrame pericárdico Efeito dielétrico, taquicardia sinusal e alternância elétrica. 105 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | Raio X de tórax O RX de tórax é útil para afastar as doenças do aparelho respiratório que cursam com dor torácica, de etiologia cardíaca ou investigação de neoplasia. Ajuda em diagnósticos importantes, apesar de raros, como pneumotórax, dissecção da aorta e pneumomediastino. O RX também pode elucidar dor torácica ligada à caixa torácica, com fratura de costelas e infecções pulmonares. LEMBRAR Teste de esforço O teste de esforço é útil para a avaliação de isquemia do miocárdio e doença coronariana. Utilizado na confirmação diagnóstica, na determinação prognóstica e na definição de conduta terapêutica. Resultados positivos de doença coronariana são desconforto anginoso ao realizar exame, retificação ou infradesnivelamento de ST. Na avaliação de dor torácica pelo teste ergométrico, devem ser afastadas as síndromes coronarianas agudas e subagudas, a embolia pulmonar, as doenças agudas da aorta, a miocardite e a pericardite, porque são contraindicações absolutas.7 Outros exames Outros exames utilizados em centros especializados para a procura da causa da dor torácica com fatores de risco para a doença coronariana são � ecocardiografia; � ecografia por estresse; � cintilografia de perfusão miocárdica; � arteriografia coronária; � marcadores bioquímicos de injúria muscular miocárdica; � angiotomografia de artérias coronárias; � ressonância magnética coronariana. Outros exames específicos são utilizados na suspeita de doenças reumáticas. Nas dores musculoesqueléticas pode-se lançar mão de avaliações diretas de uma área anatômica da parede torácica e estruturas vizinhas. Na suspeita de problemas abdominais devem ser realizados hemograma e ultrassonografia e eventual teste terapêutico com antiácidos. 106 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE ATIVIDADE 8 Com relação ao exame físico para diagnóstico da dor torácica, assinale a alternativa correta. A) A ectoscopia busca pontos dolorosos que indicam dor musculoesquelética. B) A ectoscopia detecta a presença de xantomas e exsudatos retinianos. C) A ectoscopia deve ser feita em posição supina para identificar atrito pericárdico. D) A ectoscopia detecta doença pericárdica ou doença da pleura. Resposta no final do artigo 9. Qual a utilidade do exame de RX de tórax no diagnóstico de dor torácica? A) Avaliação de isquemia do miocárdio e doença coronariana. B) Afastar as síndromes coronarianas agudas e subagudas, embolia pulmonar e doenças agudas da aorta. C) Afastar as doenças do aparelho respiratório que cursam com dor torácica, de etiologia cardíaca ou neoplásica. D) Deve-se descartar miocardite e pericardite antes do RX, em virtude do risco associado a esse exame. Resposta no final do artigo 10. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, quais os critérios diagnósticos para a presença de isquemia miocárdica? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 11. Outros exames são utilizados em centros especializados para a procura da causa da dor torácica com fatores de risco para a doença coronariana. Quais são eles? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 107 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | � DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL O diagnóstico diferencial de dor torácica é grande. Vai de dor musculoesquelética benigna a dores que podem levar à morte, como as doenças cardíacas. Em geral, os problemas cardíacos e pulmonares são o foco da avaliação diagnóstica inicial. Após essas causas serem excluídas, outras condições que afetam as estruturas em torno da caixa torácica entram no diagnóstico diferencial, como doenças do esôfago, do abdome superior, da cabeça, do pescoço e da parede do tórax. No Quadro 9, adaptado da tabela de diagnósticos diferencial de dor torácica da Sociedade Brasileira de Cardiologia no Texto Diretrizes em Angina, são apresentados os diagnósticos diferenciais de dor torácica.4 Quadro 9 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE DOR TORÁCICA Cardiovascular não isquêmicos Pulmonar Gastrintestinais Parede torácica Psiquiátricas � Dissecção da aorta � Pericardite � Embolia � Pneumotórax � Pneumonia � Pleurite � Esôfago: esofagite, espasmo, refluxo � Vesícula biliar: colecistite, co- langite, cólica, litíase � Úlcera � Pancreatite � Costocondrite � Fibrosite � Fratura de costela � Artrite estenocla- vicular � Herpes-zóster � Ansiedade � Hiperventilação � Pânico � Depressão � Somatização DOR DE PAREDE TORÁCICA A dor da parede torácica pode estar associada ao IAM, como pode estar relacionada a afecções da pele, como herpes e afecções musculoesqueléticas. LEMBRAR Dor musculoesquelética A dor musculoesquelética pode estar associada a história de esforços repetitivos, acometendo feixes musculares da região torácica, ou atividades físicas que o indivíduo não esteja acostumado. Acomete mais mulheres do que homens, tem início insidioso e persistente, com duração de horas e dias, e localiza-se em uma área específica. 108 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE Podem ocorrer também outros sintomas de dor musculoesquelética, como dor no pescoço, na coluna torácica e no ombro, dor musculoesquelética associada aos distúrbios do sono e à fadiga. O exame musculoesquelético deve se concentrar na região do pescoço, dos ombros, das costas e do peito, e um exame de evidências de fibromialgia deve ser realizado. Devem ser avaliadas a dor musculoesquelética relacionada à caixa torácica, as doenças reumáticas e as doenças sistêmicas não reumáticas.8 Dor relacionada ao herpes Na dor torácica herpética ou pós-herpética, a incidência de doenças causadas por infecção pelo herpes-zóster aumenta com o comprometimento do sistema imunológico em virtude da idade, da doença e da quimioterapia. É caracterizada por inflamação hemorrágica do nervo periférico, da raiz dorsal ou do gânglio da raiz dorsal. A dor torácica herpética pode ser aguda, associada com a lesão inflamatória visível da pele no trajeto do nervo; subaguda, que persiste até uns 4 meses após se resolver a lesão inicial; e crônica, que dura além de 4 meses após a lesão inicial.A dor pode ser aguda ou com sensação de pontada, constante ou intermitente, geralmente em queimação.9 DOR DE CAUSAS CARDÍACAS A dor torácica de causas cardíacas pode estar relacionada com � isquemia do miocárdio decorrente de doença cardíaca coronária; � dissecção da aorta e doença valvular cardíaca; � inflamação do miocárdio ou pericárdio; � disfunção ventricular esquerda reversível em virtude do estresse emocional. A doença cardíaca coronariana pode envolver angina estável e instável, IAM com supra de ST e IAM sem supra de ST. No Quadro 10, apresenta-se a classificação clínica da dor torácica modificada da classificação do texto Diretrizes de Angina da Sociedade Brasileira de Cardiologia:4 Quadro 10 CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA DOR TORÁCICA Classificação � Fatores Angina típica � Desconforto ou dor retroesternal � Desencadeada pelo exercício ou estresse emocional � Aliviada com repouso ou nitroglicerina Angina atípica � Presença de dois dos fatores anteriores Dor torácica não cardíaca � Presença de um ou nenhum dos fatores citados 109 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | Angina de peito A angina é uma síndrome clínica caracterizada por dor do tipo peso, pressão, aperto ou queimação. No caso de doença cardíaca coronariana, a angina está relacionada ao comprometimento de uma artéria pericárdica. Essa dor pode ser provocada pelo frio, pelo estresse ou pela atividade física e, em geral, diminui com o descanso e uso de nitroglicerinas e derivados. Mulheres, diabéticos e idosos nem sempre apresentam os sintomas clássicos de angina, podendo apresentar dispneia ou dor abdominal. A angina é dividida em angina clássica estável, angina instável e angina variante (de Prinzmetal). O dado mais característico no diagnóstico de angina variante está na elevação do segmento ST na presença de dor e na regressão do supra com a regressão do sintoma.4 Existe, também, a modalidade de angina mista e isquemia silenciosa (síndrome assintomática).5 LEMBRAR Angina de peito estável A dor da angina tem irradiação para o pescoço, a mandíbula e o ombro; se for angina estável, dura entre 2 e 20 minutos. Os sintomas associados são náuseas, vômitos, dispneia, pré- síncope, palpitações ou sudorese. Essa descrição clássica da dor é mais frequente em homens de meia idade com aterosclerose. No Quadro 11, é apresentada a graduação da angina, segundo a Sociedade de Cardiologia Canadense e adaptada da Diretriz de Angina da Sociedade de Cardiologia Brasileira.4 Quadro 11 GRADUAÇÃO DA ANGINA DE PEITO Classe I Atividade física habitual, como caminhar e subir escadas, não provoca angina. A angina é provocada por exercícios mais intensos e prolongados. Classe II Discreta limitação para as atividades habituais. Classe III Limitação com atividades habituais. A angina ocorre ao caminhar um quarteirão plano ou subir um lance de escada. Classe IV Incapacidade de realizar qualquer atividade habitual sem desconforto. Os sintomas anginosos podem estar presentes no repouso. Angina de peito instável No caso de angina de peito instável, ocorre quando o músculo cardíaco (miocárdio) não recebe uma quantidade suficiente de sangue e oxigênio. Esse processo é chamado de isquemia miocárdica ou isquemia coronariana. 110 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE Na angina do peito instável, o desconforto passa a ter maior frequência, intensidade ou duração, muitas vezes aparecendo ao repouso. A angina do peito instável é uma emergência médica, pois poderá evoluir, a curto prazo, para um IAM ou até a morte.11 No Quadro 12, apresenta-se a classificação da angina instável de Braunwald, modificada da Diretriz de Angina Instável e IAM sem supra de ST da Sociedade Brasileira de Cardiologia.10 Quadro 12 CLASSIFICAÇÃO DE ANGINA INSTÁVEL Gravidade dos sintomas � Classe I – Angina de início recente (menos de 2 meses), frequente (3 ou mais vezes ao dia) e acelerada (cada vez sendo provocada por esforços menores e de surgimento mais frequentes). � Classe II – Angina de repouso subaguda (1 ou mais episódios nos últimos 30 dias). � Classe III – Angina de repouso aguda (1 ou mais episódios em repouso nas últimas 48 horas). Circunstâncias das manifestações clínicas � Classe A – Angina secundária (febre, anemia, hipotensão, hipertensão, arritmias, tireotoxicose, etc.). � Classe B – Angina instável primária. � Classe C – Angina pós-infarto do miocárdio (mais de 24 horas e menos de 2 semanas). Intensidade do tratamento � Classe 1 – Sem tratamento. � Classe 2 – Com tratamento habitual. � Classe 3 – Com tratamento habitual máximo. No Quadro 13, são apresentados os grupos de risco da angina instável, segundo a Sociedade Espanhola de Cardiologia.11 Quadro 13 GRUPOS DE RISCO NA ANGINA INSTÁVEL Risco alto – Probabilidade de IAM, angina refratária ou morte em 30 dias > 5%. Crises acompanhadas de instabilidade hemodinâmica (hipotensão, falência de bomba, disfunção mitral), arritmias, elevação do segmento ST durante a crise ou com alterações marcantes ou persistentes do segmento ST. Risco baixo – Ausência de qualquer uma das circunstâncias anteriores. Modificadores de risco – Presença de antecedentes de infarto e/ou disfunção ventricular esquerda, antecedentes de vascularização miocárdica, doença vascular periférica, elevação de marcadores enzimáticos (creatinoquinase-MB [CKMB], troponinas). Dissecção aórtica A dissecção aórtica se caracteriza por dor repetina forte, que, muitas vezes, é relatada como uma dor que “rasga o peito”, sendo mais comum em homens com mais de 60 anos. A característica da dor é ser sentida no peito anterior ou posterior, ou no pescoço, na garganta ou na mandíbula. 111 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | São fatores de riscos da dissecção aórtica � hipertensão arterial; � síndromes congênitas, como síndrome de Marfam; � valva aórtica bicúspide, unicomissural; � coarctação da aorta. Esses fatores de risco devem ser considerados quando o indivíduo tiver dor no peito associada a alterações neurológicas, pulsos e PA dos membros superiores assimétricos, murmúrio de regurgitação aórtica e ECG normal indicando que não é infarto do miocárdio.2 Doença cardíaca valvular Na doença cardíaca valvular, a estenose aórtica deve ser considerada sempre que um paciente se apresenta com angina progressiva, dispneia e/ou síncope. A ausculta cardíaca detalhada é importante na procura de bulhas hipofonéticas. O ECG pode mostrar hipertrofia ventricular esquerda. A estenose mitral raramente causa dor no peito, mas, quando ocorre, é em virtude de hipertensão pulmonar, hipertrofia ventricular direita, doença da artéria coronária subjacente ou embolia da artéria coronária. LEMBRAR Uma taquiarritmia atrial com distensão atrial e pulmonar esquerda vascular é outra causa de dor no peito intermitente na estenose mitral. A estenose valvular pulmonar ocorre mais tarde, na vida, e está associada à síndrome carcinoide.2 Pericardite A pericardite se caracteriza por dor no peito, atrito pericárdico e supra de ST generalizada no ECG. É uma dor súbita que piora com a inspiração, podendo diminuir quando o paciente fica em posição sentada.2 Miocardite A miocardite tem sintomas sistêmicos associados, como febre e mialgia. A dor torácica ocorre quando há uma pericardite associada.2 Cardiomiopatia induzida por estresse A cardiomiopatia induzida por estresse ocorre muito nos atendimentos realizados na APS. Em virtude do estresse, muitas pessoas apresentam dor no peito aguda, em geral retroesternal, e o diagnóstico deve ser feito por exclusão, com realização de exame físico detalhado e coleta de dados em uma abordagem centrada na pessoa. Isso ocorre em virtude de uma estimulação simpática exagerada.2 112 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE DOR DE CAUSAS GASTRINTESTINAIS Em dor torácica de causas gastrintestinais, deve-se lembrar que o esôfago e o miocárdio têm inervaçõessemelhantes. Por isso, os sintomas de dor causados por problemas nesses órgãos se confundem, tendo, sempre, que descartar o IAM.11 Doença do refluxo gastresofágico A doença do refluxo gastresofágico causa dor no peito em queimação, subesternal que irradia para o dorso, a mandíbula, o braço e o pescoço, podendo durar de minutos a horas. Os indivíduos, às vezes, são acordados pela dor, que pode se resolver espontaneamente ou com antiácidos ou pode piorar após a alimentação ou com estresse emocional. Sempre deve-se descartar a dor relacionada à isquemia do miocárdio no caso de dor no peito em queimação. Depois de afastar essa possibilidade, fazer o teste com supressão de ácido para fazer o diagnóstico. Padrões anormais de motilidade e acalasia O diagnóstico de padrões anormais de motilidade e acalasia deve ser avaliado se tiver dor no peito associada à disfagia. Ruptura do esôfago A ruptura do esôfago evidencia dor retroesternal súbita e de forte intensidade, mais dor abdominal superior após náuseas e vômitos graves. Ocorre em virtude do aumento da pressão intraesofágica, combinada com a pressão negativa intratorácica causada por esforço ou vômitos. Corpo estranho impactado no esôfago O corpo estranho impactado no esôfago pode causar dor no peito, sendo comum em crianças. Em adultos, só se forem alcoólatras, se tiverem ausência de dentes (o que facilita acidentes com corpo estranho no esôfago e aspiração), se apresentarem retardo mental ou outras doenças psiquiátricas. Esofagite induzida por medicação A esofagite induzida por medicação é caracterizada por dor retroesternal súbita, sem doença esofágica prévia, que pode estar associada à odinofagia, inclusive para engolir saliva. Os medicamentos que causam esofagite são anti-inflamatórios, antibióticos e compostos de ferro, alendronato ou risedronato, quinidina e zidoduvina. 113 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | Outras causas gastrintestinais Outras causas gastrintestinais são � apendicite; � colecistite; � litíase biliar; � úlcera péptica. ATIVIDADE 12. Sobre o diagnóstico diferencial de dor torácica, analise as assertivas a seguir: I – O diagnóstico diferencial de dor torácica é grande. Vai de dor musculoesquelética benigna a dores que podem levar à morte, como as doenças cardíacas. II – Em geral, os problemas cardíacos e pulmonares não são avaliados nos exames iniciais. III – As doenças do esôfago, do abdome superior, da cabeça, do pescoço e da parede do tórax são primeiramente excluídas no diagnóstico inicial. IV – A dor de parede torácica pode estar associada ao IAM, a afecções da pele ou a afecções musculoesquelética. Quais afirmativas estão corretas? A) Apenas I e IV. B) Apenas II e III. C) Apenas I e II D) Apenas III e IV. Resposta no final do artigo 13. A dor torácica musculoesquelética pode estar associada a quais dos fatores a seguir? I – Prática excessiva de esportes. II – Esforços repetitivos. III – Doenças causadas por infecção. IV – Inflamação hemorrágica do nervo periférico. Quais afirmativas estão corretas? A) Apenas I, II e III. B) Apenas II, III e IV. C) Apenas III e IV. D) Apenas I e II. Resposta no final do artigo 114 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE 14. Em dor torácica de causas gastrintestinais, deve-se lembrar que A) se pode resolver espontaneamente ou com antiácidos. B) o esôfago e o miocárdio têm inervações semelhantes e, por isso, os sintomas se confundem. C) ocorre em virtude de uma estimulação simpática exagerada. D) tem sintomas sistêmicos associados, como febre e mialgia. Resposta no final do artigo 15. Qual a definição de angina? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 16. Como se caracteriza a dissecção aórtica? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 17. Qual sintoma NÃO pode ser considerado característico de angina típica? A) Dor no pescoço. B) Dor desencadeada pelo exercício ou estresse. C) Desconforto ou dor retroesternal. D) Dor aliviada com repouso ou nitroglicerina. Resposta no final do artigo DOR DE CAUSAS PULMONARES Várias são as causas pulmonares de dor torácica.2 Tromboembolismo pulmonar ou embolia pulmonar O tromboembolismo pulmonar ou embolia pulmonar é responsável por dor no peito, dispneia ou taquipneia, tosse e hemoptise. Os agravantes são histórico de períodos de imobilização prolongada, de cirurgia nos últimos 3 meses, de trombose venosa profunda e de câncer. 115 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | Hipertensão pulmonar A hipertensão pulmonar causa dor torácica, dispneia, letargia e síncope causadas pelo esforço. Isso pode acontecer em indivíduos com DPOC, embolia pulmonar e doença vascular do colágeno. Pneumonia A pneumonia é caracterizada por dor no peito, febre, calafrios e tosse com expectoração purulenta. Os sintomas têm início rápido e curso de 6 dias. Câncer de pulmão O câncer de pulmão causa dor no peito, tosse, dispneia e perda de peso. Sarcoidose A sarcoidose causa dor no peito, tosse, dispneia, palpitações e síncope. Pneumotórax O pneumotórax espontâneo, assim como na embolia pulmonar, deve estar entre as suspeitas quando houver dor torácica com dispneia. O pneumotórax espontâneo primário acontece em homens jovens e sem doenças pulmonares prévias. O pneumotórax espontâneo secundário ocorre quando há uma doença pulmonar subjacente, como DPOC ou pneumonia por Pneumocystis. Os achados físicos do pneumotórax incluem perda unilateral de sons de respiração com hipertimpanismo, deslocamento da traqueia para longe do lado lesado e distensão venosa jugular. A descompressão é conseguida pela inserção de uma agulha de grande calibre no segundo espaço intercostal na linha hemiclavicular do lado afetado. Pleurite/serosite A pleurite/serosite viral ocorre em indivíduos jovens. Outras causas são doenças como lúpus e artrite reumatoide. Derrame pleural O derrame pleural causa dispneia e dor vaga no peito. 116 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE DOR DE CAUSAS PSICOGÊNICAS As causas psicogênicas de dor torácica2 ocorrem em indivíduos com síndrome do pânico, patologias psiquiátricas e comportamentais. Os indivíduos podem relatar dor no peito e dispneia. A própria taquipneia, que muitos fazem no momento de estresse, pode causar dor no peito. Uma avaliação rigorosa do histórico dos indivíduos e um exame físico, afastando as doenças que possam causar esses sintomas, são mandatórios para que se chegue a esse diagnóstico. DORES REFERIDAS NO PEITO As dores referidas no peito2 podem ocorrer quando os mesmos segmentos da medula espinal que abastecem áreas de dermátomo da parede torácica também inervam a pleura parietal ou o peritônio. Isso ocorre em doenças da vesícula bibliar, do fígado, do mediastino, do diafragma e da hérnia discal torácica. � TRATAMENTO TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA Quanto à terapêutica medicamentosa da dor torácica,4,10 atenção especialdeve ser dada ao tratamento que pode ser realizado na APS. Em ações de urgência Em casos de dor torácica, em ações de urgência, na suspeita de quadro anginoso, estão indicados: � ácido acetilsalicílico – mastigável, na dosagem de 325mg, em caso de suspeita de doença coronariana (a menos que haja história de reação anafilática); � dinitrato de isossorbida – sublingual, 5mg a cada 5 minutos, em um total de três doses. Afastar histórico de uso de inibidor de fosfadiesterase 5 (sildenafila), quando está contraindicado em virtude de causar hipotensão grave; � oxigênio nasal. 117 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | Angina estável ou instável, após infarto agudo do miocárdio Em casos de dor torácica causada por angina estável ou instável e após IAM, estão indicados: � ácido acetilsalicílico via oral, na dosagem de 75mg por dia. O ácido acetilsalicílico bloqueia a formação de tromboxane A2 (substância vasoconstritora e pró-trombótica, interferindo no metabolismo do ácido aracdônico e inibindo a formação da ciclo-oxigenase 1, enzima fundamental ao processo de agregação plaquetária). Em caso de intolerância gástrica, podem ser utilizados os derivados tienopiridínicos – clopridogrel, 75mg por dia; � hipolipemiantes orais; � betabloqueadores; � hipoglicemiantes para tratamento do diabetes. OUTROS TRATAMENTOS Há outros tratamentos, de acordo com outros diagnósticos da dor torácica com causas musculoesqueléticas e causas pulmonares, outras causas cardíacas e dores referidas, que estão mencionados a seguir. Analgesia Deve-se aplicar analgesia adequada e compatível com a causa e intensidade da dor. Educação em saúde A educação em saúde e as mudanças dos hábitos de vida são pontos importantes, como, por exemplo, � diminuir o peso; � cessar o tabagismo; � praticar exercícios físicos; � aumentar a ingestão de fibras; � diminuir a ingestão de gorduras, sal e carnes; � reduzir o estresse; � melhorar a qualidade do sono. Monitoramento Em casos de dor torácica, o monitoramento também é muito importante, como � o acompanhamento periódico de níveis pressóricos; � os exames periódicos para níveis glicêmicos e lipídicos; � o acompanhamento do peso e do índice de massa corporal (IMC). 118 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE Encaminhamentos Os encaminhamentos para pacientes com dor torácica que também merecem destaque são � serviços de urgência – quando, na avaliação inicial, têm-se alterações do ECG ou quando não tem alteração do ECG, mas, na avaliação detalhada da dor, exame físico, o indivíduo apresenta fatores de risco fortes para a doença coronariana, sinais e sintomas de forte intensidade, com necessidade de investigações invasivas ou de outros exames que não estão à disposição no centro de saúde. � cardiologia – quando se tem o diagnóstico de angina estável, instável ou outra patologia cardíaca com necessidade de estratificação de risco, com avaliação de prognóstico e orientação do melhor tratamento. Quando, para o tratamento, há necessidade de processo invasivo. Nunca se deve esquecer que o seguimento deve ser conjunto e nunca delegado ao especialista focal, porque o MFC é a fonte de recurso e faz a gestão dos cuidados de saúde daquela pessoa. ATIVIDADE 18. Quais destes são sintomas do tromboembolismo pulmonar? A) Letargia e síncope causadas pelo esforço. B) Tosse e perda de peso. C) Dor no peito, dispneia ou taquipneia. D) Palpitações e síncope. Resposta no final do artigo 19. Sobre as causas psicogênicas de dor torácica, analise as assertivas a seguir: I – A taquipneia não é considerada um fator causador de dor no peito. II – As dores no peito podem ocorrer quando os mesmos segmentos da medula espinal que abastecem áreas de dermátomo da parede torácica também inervam a pleura parietal ou o peritônio. III – As causas psicogênicas ocorrem em indivíduos com síndrome do pânico. Qual(is) assertiva(s) está(ão) correta(s) A) Apenas I. B) Apenas II. C) Apenas III. D) Apenas II e III. Resposta no final do artigo 119 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | 20. Quanto à terapêutica medicamentosa da dor torácica, são medicamentos utilizados em urgência A) ácido acetilsalicílico. B) dinitrato de isossorbida. C) oxigênio nasal. D) todas as alternativas anteriores. Resposta no final do artigo 21. Na terapêutica da dor torácica, cite algumas das práticas recomendadas, como educação em saúde para mudanças dos hábitos de vida: ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... � CASO CLÍNICO Dona Maria, 60 anos, procura a Unidade de Saúde da Família (USF), sem consulta agendada, com dor no peito em peso, sem irradiação, sensação de cansaço, mal-estar e enjoos. Os sintomas iniciaram após a alimentação. ATIVIDADE 22. Quais as possíveis causas dos sintomas da Dona Maria? A) Indigestão. B) IAM. C) Colelitíase. D) Todas as alternativas estão corretas. Resposta no final do artigo 23. Quais passos devem ser dados nesse caso? A) Dar um calmante para Dona Maria. B) Como a agenda está cheia, pedir que ela volte em outro dia com consulta agendada. C) Verificar a necessidade de cuidados emergentes, valorizar a história do paciente, os sinais e sintomas, o tempo desses sinais e sintomas, a associações com outros sinais e sintomas, os exames físico e complementares. D) Encaminhar para o pronto-socorro, porque pode se tratar de IAM. Resposta no final do artigo 120 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE 24. Nesse caso, haveria necessidade de fazer ECG? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 25. Como deveria ser realizado o exame físico da Dona Maria? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 26. Em que momento deve ser solicitado o ECG em caso de dor torácica? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 27.Quais os fatores de risco para a isquemia miocárdica em caso de dor torácica? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 28. Qual o sinal de certeza de lesão miocárdica no ECG em caso de dor torácica? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 121 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | 29. Qual a sequência de procura de diagnóstico diferencial da dor torácica? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo 30. Quando se deve encaminhar os indivíduos com dor torácica para outros serviços? ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... Resposta no final do artigo � CONCLUSÃO Em indivíduos com dor torácica, deve-se sempre, em primeiro lugar, descartar as causas graves, sendo as mais comuns as de origem cardíaca. Deve-se colher a história clínica com detalhes sobre a dor, os sintomas associados, os fatores que causam, pioram e melhoram a dor, o histórico familiar e pregresso, a medicação em uso, o exame físico orientado, o ECG e o RX de tórax. Devem também ser identificados os sinais e sintomas de gravidade e o paciente deve ser encaminhado corretamente, quando necessário. 122 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE O algoritmo apresentado na Figura 1, a seguir, sintetiza os procedimentos descritos.2 Verifi cação da necessidade de cuidados emergentes: infarto, angina instável, tromboembolismo pulmonar, pneumotórax, dissecção de aorta, ruptura de esôfago e abdome agudo. Não há necessidade de cuidados emergentes: por exemplo, angina estável, doença do refl uxo, dores musculoesqueléticas ou outras patologias pulmonares. Se for angina estável, ir para o passo 3. Caso contrário, ir para o passo 4. Sintomas não sugestivos de doença coronariana Indivíduo sem sinal para dor coronariana, mas com fatores de risco para doença coronariana. Fazer teste ergométrico. Sintomas sugerem dores musculoesqueléticas – anti-infl amatórios não hormonais. Sintomas sugerem dor de origem gastrintestinal – supressão ácida. Sintomas sugerem dor de origem psicogênica – fazer abordagem psicossocial, familiar e centrada na pessoa. Verifi cação da anatomia do peito, procurando lesões da mama, lesões de pele (como herpes-- zóster), hérnia de disco, doenças cardíacas (como pericardite), patologias do parênquima pulmonar e da pleura, vasculatura e colecistite. Se for angina estável, inicia-se tratamento com ácido acetilsalicílico, betabloqueador, exames para avaliação de dislipidemia, hemograma, creatinoquinase (CK), outros exames hipoglicemiantes no caso de diabetes associada, hipolipemiantes orais no caso de dislipidemia, orientações sobre sinais de urgência para os indivíduos, redução de peso, melhora da ingestão de alimentos com fi bras, ingestão reduzida de sal, gorduras e carnes. História clínica detalhada focada Exame físico ECG e Rx de Tórax Passo 1 Passo 2 Passo 3 Passo 4 4A 4B 4C 4D 4E Figura 1 – Algoritmo dos procedimentos para a dor torácica. 123 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | � RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: A Comentário: Os fatores de risco do paciente e a descrição da dor e dos sintomas associados devem ser avaliados. O primeiro passo na avaliação da dor torácica é uma descrição completa da dor. Deve-se julgar em quais pacientes provavelmente a dor possui uma etiologia benigna. Atividade 2 Resposta: 3 – 4 – 2 – 1 Atividade 5 Resposta: D Atividade 6 Resposta: D Comentário: As principais causas de dor torácica e a presença de fatores de alívio são: dor gastresofá- gica aliviada com antiácidos; dor isquêmica que melhora com nitroglicerina sublingual e com cessação de atividade física; e pericardite que melhora com o paciente sentado e inclinado para a frente. Atividade 10 Resposta: B Comentário: A ectoscopia é o exame que detecta a presença de xantomas e exsudatos retinianos, apontando para a doença aterosclerótica. O rubor facial pode estar relacionado a um pico hiper- tensivo ou a uma doença infecciosa febril. Atividade 11 Resposta: C Comentário: O RX de tórax é útil para afastar as doenças do aparelho respiratório que cursam com dor torácica, de etiologia cardíaca ou investigação de neoplasia. Ajuda em diagnósticos importantes, apesar de raros, como pneumotórax, dissecção da aorta e pneumomediastino. Atividade 12 Resposta: A Comentário: Os problemas cardíacos e pulmonares são, em geral, o foco da avaliação diagnós- tica inicial. Após essas causas serem excluídas, outras condições que afetam as estruturas em torno da caixa torácica entram no diagnóstico diferencial, como doenças do esôfago, do abdome superior, da cabeça, do pescoço e da parede do tórax. Atividade 13 Resposta: D Comentário: A dor musculoesquelética pode estar associada à história de esforços repetitivos, acometendo feixes musculares da região torácica, ou atividades físicas que o indivíduo não esteja acostumado. Acomete mais mulheres do que homens, com início insidioso e persistente, com duração de horas a dias e localizado em uma área específica. 124 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE Atividade 14 Resposta: B Comentário: Em dor torácica de causas gastrintestinais, deve-se lembrar que o esôfago e o miocárdio têm inervações semelhantes. Por isso os sintomas de dor causados por problemas nesses órgãos se confundem. Sempre deve-se descartar IAM. Atividade 17 Resposta: A Comentários: Angina típica é considerada desconforto ou dor retroesternal, desencadeada pelo exercício físico ou estresse emocional, aliviada com repouso ou nitroglicerina. Para o diagnóstico de angina instável, é necessário 2 dos fatores descritos. Dor torácica não cardíaca é diagnosticada pela presença de um ou nenhum dos fatores acima. Atividade 18 Resposta: C Comentário: O tromboembolismo pulmonar ou embolia pulmonaré responsável por dor no peito, dispneia ou taquipneia, tosse e hemoptise. Tem histórico de o indivíduo passar por períodos de imobilização prolongada, ter sido submetido à cirurgia nos últimos 3 meses, histórico de trombose venosa profunda e indivíduos com câncer. A hipertensão pulmonar causa dor torácica, dispneia, letargia e síncope causadas pelo esforço. Isso pode acontecer em indivíduos com DPOC, embolia pulmonar e doença vascular do colágeno. O câncer de pulmão causa dor no peito, tosse, dispneia e perda de peso. Já a sarcoidose causa dor no peito, tosse, dispneia, palpitações e síncope. Atividade 19 Resposta: D Comentário: A própria taquipneia, que muitos fazem no momento de estresse, pode causar dor no peito. Uma avaliação rigorosa do histórico dos indivíduos e um exame físico, afastando as doenças que possam causar esses sintomas, são mandatórios para que se chegue a esse diagnóstico. As causas psicogênicas ocorrem em indivíduos com síndrome do pânico e patologias psiquiátricas. Atividade 20 Resposta: D Atividade 22 Resposta: D Comentário: Todas as causas, inicialmente, podem ser consideradas. Somente após a tomada de algumas informações, o exame físico e o histórico do indivíduo, podem se direcionar a ações para alguma causa mais específica. Atividade 23 Resposta: C Comentário: O primeiro passo a ser seguido é verificar a necessidade de cuidados emergentes, como em casos de infarto, angina instável, tromboembolismo pulmonar, pneumotórax, dissecção de aorta, ruptura de esôfago e abdome agudo. Os passos subsequentes são levar em conta a história do indivíduo, procurar e avaliar os sinais e sintomas com tempo de início, fatores associa- dos, fatores desencadeantes, fatores de melhora e exame físico e complementar. 125 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 | Atividade 24 Resposta: Sim. São apresentados, a seguir, os indivíduos que não podem deixar de fazer o ECG: � qualquer indivíduo com mais de 30 anos com dores no peito; � qualquer indivíduo com mais de 50 anos, com qualquer dos seguintes problemas: dispneia, alteração do estado mental, dor de membro superior, síncope ou fraqueza; � qualquer indivíduo acima de 80 anos com dor abdominal, náuseas ou vômitos. Atividade 25 Resposta: Ectoscopia, ausculta cardíaca, ausculta pulmonar, tomada de pulsos, aferição da PA e exame abdominal são mandatórios nesse caso. Atividade 26 Resposta: O indivíduo deve ter o resultado do ECG em 10 minutos após a sua chegada. Logo, é o primeiro passo a ser realizado em caso de dor torácica. Atividade 27 Resposta: Os fatores destacados são os seguintes: dislipidemia, histórico de doença coronariana na família, hipertrofia ventricular esquerda e tabagismo. Atividade 28 Resposta: O sinal de certeza de lesão miocárdica é o supradesnivelamento de ST. Atividade 29 Resposta: Em geral, os problemas cardíacos e pulmonares são o foco da avaliação diagnóstica inicial. Após essas causas serem excluídas, outras condições que afetam as estruturas em torno da caixa torácica entram no diagnóstico diferencial, como doenças do esôfago, do abdome superior, da cabeça, do pescoço e da parede do tórax. Atividade 30 Resposta: Serviços de urgência: quando, na avaliação inicial, tem-se alterações do ECG ou quando não tem alteração do ECG, mas, na avaliação detalhada da dor, exame físico, o indivíduo apresenta fatores de risco fortes para doença coronariana, sinais e sintomas de forte intensidade, com necessidade de investigações invasivas ou outros exames que não se dispõem no centro de saúde. Cardiologia: quando tem-se o diagnóstico de angina estável, instável ou outra patologia cardíaca com necessidade de estratificação de risco, com avaliação de prognóstico e orientação do melhor tratamento. Quando, para o tratamento, há necessidade de processo invasivo. Nunca esquecendo de que o seguimento deve ser conjunto e nunca delegado ao especialista focal, porque o MFC é a fonte de recurso e faz a gestão dos cuidados de saúde daquela pessoa. 126 DO R T OR ÁC ICA NO ÂM BIT O D A A TE NÇ ÃO PR IM ÁR IA À S AÚ DE � REFERÊNCIAS 1. 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Chest pain of esophageal origin [internet]. Waltham: UpToDate; 2012 [acesso em 2013 Jul 5]. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/chest-pain-of-esophageal-origin. Como citar este documento Zambon ZLL. Dor torácica no âmbito da atenção primária à saúde. In: Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade; Augusto DK, Umpierre RN, organizadores. PROMEF Programa de Atualização em Medicina da Família e Comunidade: Ciclo 8. Porto Alegre: Artmed/Panamericana; 2013. p.93-127. (Sistema de Educação Médica Continuada a Distância, v. 4). 127 | P RO ME F | C icl o 8 | Vo lu m e 4 |
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