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Carla Bertelli – 3° Período Semiologia da Dor Torácica Aula 5 Dor ou desconforto torácico é a terceira causa mais frequente de procura ao departamento de emergência (DE) nos EUA. SALA DE EMERGÊNCIA Existem salas de emergência especiais para a cardiologia, para o atendimento racional do paciente com dor torácica aguda na sala de emergência, é necessário rapidez por meio da classificação de risco estruturada que deve ser de forma objetiva por equipe multidisciplinar experiente Para esse propósito e para um rápido diagnóstico, especialmente das condições com risco iminente de morte, é importante a sistematização por meio de fluxogramas e algoritmos. A conduta imediata desses casos reduzi a morbidade e a mortalidade, aumento a segurança. A sala de emergia é a porta de entrada para dor torácica – por fator cardíaco, principalmente UNIDADE CORONÁRIA Unidade específica para pacientes com dor torácica onde se faz essa coisa, primeira passa pela sala de emergência e vem para a unidade coronária indo muitas vezes diretamente na UTI A Unidade Coronariana é especializada no tratamento de pacientes adultos com problemas cardíacos que correm alto risco e necessitam de cuidados intensivos com monitoramento 24h. Nossa equipe está preparada para prestar a assistência especializada necessária a todos os pacientes durante procedimentos cardíacos ou nos seguintes eventos: • Dor torácica • Síndromes coronarianas agudas • Insuficiência cardíaca descompensada • Arritmia instável • Síndrome aórtica aguda • Síndrome pós parada cardiorrespiratória UNIDADE DE DOR TORÁCICA Unidade que chega com dor, chega na emergência, e é encaminhado para um serviço específico de dor torácica onde vai destinar o paciente para ele ir lá Os objetivos das Unidades de Dor Torácica são: 1. Priorizar o atendimento dos pacientes com dor torácica que procuram o Pronto-Socorro e a rápida realização do eletrocardiograma (ECG); 2. Identificação precoce das doenças com risco de morte e o início do tratamento específico por meio de protocolos; 3. Reduzir altas hospitalares inadvertidas e internações desnecessárias; 4. Reduzir os custos hospitalares. Isso prioriza o atendimento, o diagnóstico se torna precoce, reduz internamento hospitalar e reduz os custos hospitalares Elas têm rotas (1, 2,3) são específicas conforme o grau do paciente e se torna mais resolutivo. Rota 1 – Doença coronária de verdade Rota 2 – Provável doença coronária Rota 3 – Quase não é cardíaco Isso facilita bastante a organização e o tempo para se conduzir o paciente Carla Bertelli – 3° Período Caracterização dos Sintomas As palavras usadas pelos pacientes para descrever seus sintomas não são equivocadas. A mesma palavra pode descrever sensações diferentes É muito variante o que os pacientes dizem sobre o que estão sentindo, os graus entre os pacientes variam, é muito difícil categorizar a dor por exemplo. É muito importante observar, ficar de olho nos sinais e saber diferenciar muitas vezes. A tontura por exemplo, pode ser devido a um desequilíbrio, vertigem, pré-síncope → a palavra tontura pode ser várias coisas diferentes, pode ser algo específico, mas não se sabe o sentido que ele está dando a esse sintoma Importante caracterizar exatamente qual o tipo de tontura o paciente está sentindo PRECISÃO Pra um paciente, as palavras são descrições de sensações percebidas pelo paciente e comunicadas ao médico – varia muito muito muito de pessoa para a pessoa. Um quase morre e um sente pouca coisa é bem CARACTERIZAÇÃO DOS SINTOMAS Carla Bertelli – 3° Período CASO Mulher, 68 anos, 6 anos com diagnóstico de Angina. Ela descreve sua dor em aperto, no meio do peito, que queima e doi nos braços e nas costas A dor aparece a qualquer hora do dia e da noite – mais a noite A dor aparece em repouso Seu diagnóstico de angina foi errôneo, ela tinha Refluxo Gastroesofágico → isso exemplifica a importância de ouvir bem a história do paciente, saber diferenciar. Sintomas Cardiovasculares DOR Experiencia sensitiva e emocional desagradável relacionada ou associada a lesão real ou potencial dos tecidos. Cada individuo aprende a utilizar esse termo Obter uma história clínica detalhada constitui a parte mais importante da avaliação do paciente com dor e traz informações relevantes, não somente sobre os possíveis mecanismos fisiopatológicos como também o estado psicológico do paciente. Dor Torácica é muito frequente. Avaliação Criteriosa Anamnese Detalhada - Características da Dor - Antecedentes pessoas e familiares Exame Físico - Estabilidade Hemodinâmica Valendo-se dessas informações é que decidimos o destino paciente É externamente detalhar a dor e saber o histórico e fatores de risco do paciente – a gente consegue estimar Primeiro, sobre a dor torácica, é preciso elencar se o paciente vai morrer ou não por aquela dor – saber se aquela dor está colocando a pessoa em risco de morte – estar estável no sentido da Estabilidade Hemodinâmico Carla Bertelli – 3° Período Características Gerais A dor é um dos sintomas que leva o paciente ao médico Muitas causas são benignas, porém algumas podem ser mortes Sintoma que mais vezes leva o doente ao médico A lista de causas potenciais é longa e diversa Muitas causas são benignas, mas algumas com risco de morte O diagnóstico baseia-se na história clínica, no exame objetivo, em exames complementares, criteriosamente selecionados Exames Complementares Consenso X Bom Senso Causas de Dor Torácica Pode ser da pele até o coração – tudo que envolve o tórax pode gerar dor Alterações na pele, gastroesofágica, pulmonar, osteo muscular Fluxograma Dor Torácica Cardíaca e Não TIPOS DE DOR TORÁCICA Recorrente → angina, músculo-esquelética Intensiva e prolongada → IAM, aneurisma dissecante da aorta, embolia pulmonar, pericardite aguda. Carla Bertelli – 3° Período ANGINA PECTORIS Doença coronária. Estenose aórtica grave. Cardiomiopatia hipertrófica. Insuficiência aórtica. Hipertensão pulmonar. LESÃO CORONÁRIANA Pra ter sintoma ela tem que usar 75% da estrutura do vaso → acima de 70 ele começa ter sintoma ao esforço Lesões menores também infartam porque não existem mecanismos que compensam Tenho uma lesão de 70%, o paciente está em repouso, e o sangue está passando adequadamente. Porém, durante o esforço físico o músculo precisa de mais sangue, e não consegue mais passar, ai começam os mecanismos compensatórios para fazer com que a oferta seja coerente com a demanda. Porém, ocorre dor e aí o paciente tem que parar na hora e dai some a sua dor = Isso é um Quadro Típico de Angina Em falta de sangue corretamente, existe uma sequência de eventos que vai acontecendo no músculo mostrando a isquemia Uso do Metabolismo Anaeróbio → Diminui o relaxamento (disfunção sistólica e diastólica) → Diminuição de ST → Angina Por isso fazer o teste de esforço – monitorar o stress no paciente para avaliar lesão coronária Carla Bertelli – 3° Período Características da Dor Anginosa Sensação de aperto Duração Curta (2-10 min) e de intensidade moderada Localização retroesternal (localização atípica em pescoço, maxilar inferior, braços, epigástrio. Irradiação ombro ou braços (mais comumente esquerdo) Despertada pelo esforço, emoções ou frio Alívio com repouso ou uso de Nitratos (vasodilatador) INFARTO DO MIOCÁRDIO Dor intensa em aperto, opressão, queimor Retroesternal, com irradiação para o braço esquerdo, para ambos os braços ou pescoço Duração maior que 30min Acompanhada de dispneia Trombo Parcial→ Começa ter sintomas, dor intensa, febre, sudorese, náuseas – o diagnóstico é angina instável CLASSIFICAÇÃO DR DOR TORÁCICA EMERGÊNCIA Tipo A – Definitivamente Anginosa → As características dão certeza de uma Síndrome Coronariana Aguda. As características dão certeza do diagnóstico de SCA independentemente dos resultados de exames complementares. Dor ou desconforto ou queimação ou sensação opressiva localizada na região precordial ou retroesternal, que pode ter irradiação para o ombro e/ou braço esquerdo, braço direito, pescoço ou mandíbula, acompanhada frequentemente de diaforese, náuseas, vômitos ou dispneia. Tipo B – Provavelmente Anginosa → As características fazem a SCA a principal hipótese, porém é necessária a complementação por exames. Tipo C – Provavelmente Não Anginosa → as características não fazem a SCA a principal hipótese, porém precisa de exames complementares para a exclusão. Tipo D – Certeza que não é DAC → diagnóstica CAUSAS CARDÍACAS Se não é infarto, pode ser dissecção aguda de aorta, é mais comum em homens idosos causado principalmente por HAS. Isquemia miocárdica devido a DAC, dissecção aguda de aorta, doença valvular, inflamação do miocárdio ou pericárdio ou atividade adrenérgica exacerbada. Dissecção aguda de aorta Incidência de 3/100.000 pacientes/ano Mais comum em homens, a partir da sétima década de vida. HAS – principal fator causal Carla Bertelli – 3° Período Apresentação clínica: dor intensa, terebrante, aguda, de pico máximo no início. Acomete a região do tórax anterior e posterior, podendo irradiar-se para o pescoço, mandíbula e garganta tendo, na maioria das vezes, caráter migratório. Apesar do quadro agudo e intenso, seu diagnóstico requer alto índice de suspeição, pois alguns pacientes não apresentam sintomatologia característica. Dissecção Aguda da Aorta O exame físico revela: assimetria de pulso e de pressão arterial sistêmica, sopro de regurgitação aórtico, sinais de insuficiência cardíaca e de má perfusão tecidual. O Raio X de tórax revela contorno aórtico anormal e aumento do mediastino. O diagnóstico pode ser feito pela arteriografia ou ecocardiograma. O paciente começa com dor forte no tórax, começa a doer as costas e essa dor começa andar, dor progressiva no tórax, evolui a dor conforme e dissecção vai andando. Esse paciente afunda rapidamente conforme a dissecção aumenta – necessidade cirúrgica. Valvulopatias – o que marca mesmo é a estenose aórtica As lesões da valva aórtica e da mitral podem cursar, raramente, com dor torácica. Estenose aórtica deve ser considerada diante de angina progressiva, dispneia ou sincope. O exame físico revela pulsos parvus e tardus, ictus sustentado, e sopros característicos. O eletrocardiograma pode detectar hipertrofia ventricular esquerda. A dor torácica na estenose mitral é rara. Sua presença relaciona-se à hipertensão pulmonar, hipertrofia do ventrículo direito, ou dilatação atrial importante. O ecocardiograma permanece como método de escolha para seu diagnóstico. Pericardite Aguda – Dor torácica prolongada, intensidade bastante diferente. Paciente quando deita a dor piora, atrito pericárdico, alterações no ECG. A pericardite aguda evolui com dor torácica, usualmente pleurítica, presença de atrito pericárdico à ausculta e supra- desnivelamento de ST difuso ao eletrocardiograma. A dor típica é súbita, em fincada ou opressiva, em tórax anterior, ventilatório-dependente, que piora quando deita, melhora quando inclinação do tronco para a frente. Pode irradiar, principalmente, para a região do trapézio Miocardite – muito semelhante a pericardite, associados com febre e mialgia Pode associar-se com sintomatologia cardíaca e sistêmica, como febre e mialgia. A dor torácica, quando presente, decorre de pericardite com suas características clínicas. Podem estar presentes as características clínicas e eletrocardiográficas de evento coronariano isquêmico Quadro de Aparecimentos na Clínica Carla Bertelli – 3° Período DOR NÃO ANGINOSA Dor muito localizada Dor de curta duração ou dor muito longa Quando ocorre exclusivamente em repouso Dor em pontada e latejante CAUSAS GASTROESOFÁGICAS Confundem muito na anamnese quando não é bem conduzida confundindo com doença cardiológica. A dor de origem esofágica pode resultar de alterações associadas com a percepção anormal imposta pela diminuição do limiar da dor, ou de transmissão anormal do estímulo no sistema nervoso. Suas causas mais comuns são: refluxo gastroesofágico (RGE), espasmo esofágico, esofagite e outras desordens motoras. A principal é o RGE, que representa a segunda causa mais prevalente de dor torácica não cardíaca. A apresentação clínica - inespecífica. Existem sintomas sugestivos de etiologia esofágica: presença de pirose, regurgitação, disfagia; dor tipicamente pós-prandial persistente por mais de uma hora e aliviada pela ingestão de antiácidos. Alívio da dor – nitroglicerina – confunde (espasmo esofágico) Abordagem - Exclusão da SCA A dor precordial atípica deve ser avaliada com eletrocardiograma e teste de esforço, antes da realização de propedêutica gastrointestinal. Prova empírica com objetivo diagnóstico, usando inibidor de bomba protônica (IBP), após a exclusão de outras dores não cardíacas. A resposta clínica a esse tratamento tem sensibilidade e especificidade diagnósticas do RGE, respectivamente, de 80% e 74%. Em pacientes cuja resposta ao teste com IBP é negativa, a pHmetria e endoscopia estão indicadas, sendo a primeira o padrão-ouro DOR OSTEOMUSCULAR Muito comum, por distinção de peitoral por exemplo. Localização e da sintomatologia associada Ex.: Dor musculoesquelética: de história de atividade física repetitiva ou não usual. Dor bem localizada e desencadeada pela compressão de um ponto. Intensidade varia desde surda até desconforto intenso e persistente, durando horas a dias. Surge durante os movimentos ventilatórios, em especial na inspiração profunda ou na movimentação dos braços e do pescoço. É importante a avaliação cuidadosa da pele buscando lesões específicas associadas a síndromes musculoesqueléticas SÍNDROME DE TIETZE É a costocondrite, é a inflamação da articulação costocondral. CAUSAS PSICOGÊNICAS Essas alterações faz a conversão do quadro psicogênica, estresse, ansiedade. Carla Bertelli – 3° Período Dor torácica: síndrome do pânico, depressão e hipocondria. Em um terço dos pacientes que procuram serviço de emergência devido à dor torácica, identifica-se alguma desordem psiquiátrica. Os transtornos de ansiedade podem cursar com dor torácica associada com a taquicardia, hiperventilação, sudorese, e palpitação; precedidos por sensação de medo e apreensão. As alterações eletrocardiográficas secundárias à hiperventilação dificultam o esclarecimento diagnóstico. CASO CLÍNICO Uma mulher de 45 anos com história de depressão se apresenta na sala de emergência com queixa de três horas de agravamento de dor torácica retroesternal. Ela não tem histórico de doença cardíaca prévia, mas diz que a dor começou repentinamente enquanto ela varria as folhas no quintal. Seus sinais vitais são normais, exceto por taquicardia leve. Seu exame físico nada chama atenção, apenas por dor no peito a palpação do meio do esterno. Ao chegar ao pronto-socorro, ela fez um ECG que foi normal. Sua dor é melhorada com oxigênio, morfina e nitroglicerina. Enzimas cardíacas estão pendentes. CAUSAS PULMONARES Relacionada com alterações dos vasos ou do parênquima pulmonar, e do tecido pleural. Vasos pulmonares podem se manifestar de forma aguda tromboembolismo pulmonar (TEP); ou crônica, como na hipertensão pulmonar. A dor torácica é, em geral, deinício agudo, aparece em 66% dos casos de TEP, e em 97% associa-se com dispneia. Na hipertensão pulmonar, a dor torácica cursa associada com letargia, dispneia e síncope aos esforços. As alterações do parênquima pulmonar associadas com a dor decorrem de: infecções, câncer, doenças crônicas e sarcoidose. A dor torácica ocorre associada à pneumonia em 30% dos casos e, assim como no câncer pulmonar e na sarcoidose a sua manifestação isolada é pouco frequente. Associa-se, usualmente, com outra sintomatologia como: febre, tosse e dispneia Pneumotórax espontâneo: dor localizada no dorso ou ombros, sendo acompanhada de dispneia. A presença de grande pneumotórax pode produzir sintomatologia de insuficiência respiratória e/ ou colapso cardiovascular (pneumotórax hipertensivo), podendo apresentar dispneia, taquipneia e ausência de ruídos ventilatórios à ausculta. A dor torácica associada a acometimento pleural tem caráter ventilatório-dependente, e pode ter como etiologia: doenças autoimunes (lúpus sistêmicos e artrite Reumatóide), síndrome lúpus-símile causada por drogas ou doenças virais. Carla Bertelli – 3° Período EXAME FÍSICO
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