Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Dispneia, Dor Torácica e Edema 1 Mírian Santos 7° semestre @medbymins Problema 01 – Falta de ar. Objetivos: 1. Compreender a dor torácica: Definição Características Classificação (tipos) Epidemiologia (prevalência na emergência e ambulatorial) Fatores de risco Etiologias (citar principais) Manifestações clínicas Diagnóstico (como é feita a investigação na emergência) 2. Diferenciar alterações específicas e INESPECÍFICAS da repolarização ventricular do eletrocardiograma. Dor Torácica Definição Dor torácica é a sensação de dor ou desconforto, localizada na região anterior do tórax podendo ou não irradiar. A maneira de sentir a dor, a forma de início e o modo, e sua caracterização são muito variáveis e dependem de inúmeros fatores, podendo até mesmo ter início em outra região do corpo, como o epigástrio. Além disso, é um dos motivos mais comuns que levam o paciente a procurar assistência médica no serviço de emergências principalmente. Inclusive a avaliação da dor torácica não traumática é um desafio porque veremos que temos inúmeras possibilidades de causas. Características A dor cardíaca anginosa é, na maioria das vezes, central, retroesternal, difusa e constritiva. Uma dor lateralizada, que pode ser bem localizada, tende a ter outra origem. Algumas vezes aparece apenas por seu local de irradiação, compreendido entre a mandíbula e a cicatriz umbilical e incluindo os membros superiores. Dor torácica difusa e em aperto, irradiada para os braços, com início por exercício físico, por forte estresse ou por abuso alimentar, acompanhada por sudorese, náuseas, vômitos e dificuldade respiratória Dispneia, Dor Torácica e Edema 2 Mírian Santos 7° semestre @medbymins é altamente sugestiva de isquemia coronariana. Pode, também, estar acompanhada por palpitações e provocar grande palidez, o que aumenta a possibilidade da dor ter origem isquêmica. Classificação (tipos) TIPO A: Tem todas ou quase todas as características típicas; TIPO B: Tem 2 características típicas; TIPO C: Tem 1 característica típica; TIPO D: Não tem nenhuma característica típica. Epidemiologia No brasil, anualmente temos uma média de 4 milhões de atendimentos de paciente com queixa de dor torácica. A dor torácica é a 3° causa mais comum de idas a emergências nos Estados Unidos, resultando em 6 a 7 milhões de consultas anuais a esses departamentos. Mais de 60% dos pacientes com esse problema são hospitalizados para a realização de exames mais detalhados e os outros 40% são submetidos a avaliações no próprio departamento de emergência. A dor torácica é comum na prática ambulatorial, com uma prevalência de 20 a 40% na população geral. Mais de 25% dos pacientes com IAM consultaram um médico de atenção primária no mês anterior. Os princípios diagnósticos são os mesmos do departamento de emergência. Porém, a probabilidade pré-teste de uma causa cardiopulmonar aguda é menor. Portanto, os paradigmas em termos de exames são menos intensos, com ênfase na anamnese, no exame físico e no ECG. Apenas cerca de 15% dos pacientes avaliados acabam recebendo o diagnóstico de síndrome coronariana aguda (SCA). Os diagnósticos mais comuns são causas gastrintestinais, e menos de 10% são de outras condições cardiopulmonares potencialmente fatais. Pacientes com dor torácica aguda transitória, são excluídas a SCA ou Dispneia, Dor Torácica e Edema 3 Mírian Santos 7° semestre @medbymins outra causa cardiopulmonar, mas a causa não é determinada. 2 a 6% de pacientes com dor torácica de etiologia não isquêmica que têm alta da emergência depois são diagnosticados com infarto agudo do miocárdio (IAM). E geralmente pacientes cujo diagnóstico de IAM passa despercebido correm um risco duas vezes maior de morrer em 30 dias em comparação com os que são hospitalizados. Fisiopatologia Dor ou desconforto torácico podem ser o resultado de dois mecanismos: Fibras somáticas: por exemplo, inervação de pele, estruturas superficiais e pleura parietal. Fibras viscerais: por exemplo, coração, esôfago e pleura visceral. Quando se consideram as causas de dor torácica, o raciocínio pode ser desenvolvido levando- se em consideração 5 grandes grupos anatômicos: coração/pericárdio/válvulas; aorta e grandes vasos; pulmão, pleura e mediastino; esôfago, estômago e abdome superior; pele, nervos, músculos e esqueleto. Etiologia A dor torácica pode ser decorrente de causas cardíacas isquêmicas e não isquêmicas, ou de causas não cardíacas, tais como: gastrointestinal, pulmonar, musculoesquelética ou ainda por herpes zoster. IMAGENS A PARTIR DA 5° CARDÍACAS: ISQUEMIA/LESÃO MIOCÁRDICA A isquemia miocárdica que causa dor torácica, denominada angina pectoris, é uma preocupação clínica primária em pacientes que se apresentam com sintomas torácicos. A isquemia miocárdica é causada por um desequilíbrio entre a necessidade miocárdica e o fornecimento miocárdico de oxigênio, resultando em fornecimento insuficiente de oxigênio para satisfazer as demandas metabólicas cardíacas. O consumo miocárdico de oxigênio pode estar elevado por aumentos na frequência cardíaca, estresse da parede ventricular e contratilidade miocárdica, enquanto o fornecimento miocárdico de oxigênio é determinado pelo fluxo sanguíneo coronariano e pelo conteúdo de oxigênio arterial coronariano. Dispneia, Dor Torácica e Edema 4 Mírian Santos 7° semestre @medbymins Quando a isquemia miocárdica é grave o suficiente e prolongada (mesmo que apenas 20 minutos), ocorre lesão celular irreversível, resultando em IAM. A causa mais comum de cardiopatia isquêmica é uma placa ateromatosa que obstrui uma ou mais artérias coronárias epicárdicas. A cardiopatia isquêmica estável em geral resulta do estreitamento aterosclerótico gradual das coronárias. A angina estável caracteriza-se por episódios isquêmicos que costumam ser precipitados por um aumento superposto na demanda de oxigênio durante exercício físico e aliviados com repouso. A cardiopatia isquêmica torna-se instável mais comumente quando uma ruptura ou erosão de uma ou mais lesões ateroscleróticas desencadeia trombose coronariana. A cardiopatia isquêmica instável é classificada clinicamente pela presença ou ausência de lesão miocárdica detectável e pela presença ou ausência de elevação do segmento ST no eletrocardiograma (ECG) do paciente. Característica da dor torácica isquêmica - A dor torácica característica da isquemia miocárdica é descrita geralmente como contínua, intensa, excruciante, esmagadora ou constritora. Entretanto, em uma minoria substancial de pacientes, a qualidade da dor é extremamente vaga e pode ser descrita como um aperto leve ou meramente uma sensação desconfortável, às vezes como dormência ou sensação de queimação. A localização da dor geralmente é retroesternal, mas é comum ele irradiar-se para baixo da superfície ulnar do braço esquerdo; o braço direito, ambos os braços, o pescoço, a mandíbula ou os ombros também podem estar envolvidos. A angina estável em geral começa gradualmente e atinge sua intensidade máxima em questão de minutos antes de dissipar-se vários minutos depois com o repouso ou a administração de nitroglicerina. É comum a dor ocorrer de maneira previsível com um nível característicode exercício ou estresse psicológico. Por definição, a angina instável manifesta-se por dor torácica anginosa que ocorre com atividade física de intensidade cada vez mais baixa ou mesmo em repouso. A dor torácica associada ao IAM costuma ser mais grave, é prolongada (em geral, dura ≥ 30 minutos) e não é aliviada com o repouso. DOENÇAS PERICARDICAS/MIOCARDICAS A inflamação do pericárdio devido a causas infecciosas ou não infecciosas pode ser responsável pela dor torácica aguda ou crônica. A superfície visceral e a maioria da superfície parietal do pericárdio são insensíveis à dor. Assim, acredita-se que a dor da pericardite surja principalmente da Dispneia, Dor Torácica e Edema 5 Mírian Santos 7° semestre @medbymins inflamação pleural associada. Por causa dessa associação pleural, a dor da pericardite em geral é pleurítica e exacerbada pela respiração, pela tosse ou por alterações na posição e costuma irradiar-se para o ombro e o pescoço. O acometimento da superfície pleural do diafragma lateral pode resultar em dor na parte superior do abdome. CAUSAS PULMONARES: EMBOLIA PULMONAR Êmbolos pulmonares (com incidência anual de aproximadamente 1 por 1.000) podem causar dispneia e dor torácica de início súbito. Tipicamente de padrão pleurítico, a dor torácica associada à embolia pulmonar pode resultar de (1) envolvimento da superfície pleural do pulmão adjacente ao infarto pulmonar resultante; (2) distensão da artéria pulmonar; ou (3), possivelmente, estresse da parede ventricular direita e/ou isquemia subendocárdica relacionada com hipertensão pulmonar aguda. A dor associada a pequenos êmbolos pulmonares geralmente é lateral e pleurítica, e acredita-se que esteja relacionada com o primeiro dos três mecanismos. Em contraste, a embolia pulmonar maciça pode causar dor subesternal intensa, que pode simular um IAM. A embolia pulmonar maciça ou submaciça também pode estar associada a síncope, hipotensão e sinais de insuficiência cardíaca direita. PNEUMOTÓRAX O pneumotórax espontâneo primário é uma causa rara de dor torácica, com incidência anual estimada nos Estados Unidos de 7 por 100 mil homens e < 2 por 100 mil mulheres. Os fatores de risco incluem sexo masculino, tabagismo, antecedentes familiares e síndrome de Marfan. Os sintomas em geral têm início súbito e a dispneia pode ser discreta, razões pelas quais a busca por atendimento médico às vezes é adiada. Pode ocorrer pneumotórax espontâneo secundário em pacientes com distúrbios pulmonares subjacentes, como doença pulmonar obstrutiva crônica, asma ou fibrose cística, e em geral causa sintomas mais graves. O pneumotórax hipertensivo é uma emergência clínica causada pelo aprisionamento intratorácico de ar, que precipita colapso hemodinâmico. CAUSAS GASTROINTESTINAIS: Distúrbios gastrintestinais são as causas mais comuns de dor torácica não traumática e em geral causam sintomas difíceis de se discernir das causas mais graves de dor torácica, incluindo isquemia miocárdica. Distúrbios esofágicos, em particular, podem simular angina na característica e na localização da dor. O refluxo gastresofágico e os distúrbios da motilidade esofágica são comuns e devem Dispneia, Dor Torácica e Edema 6 Mírian Santos 7° semestre @medbymins ser considerados no diagnóstico diferencial de dor torácica. O refluxo ácido frequentemente causa dor em queimação. A dor do espasmo esofágico, em contraste, costuma ser intensa, compressiva, de localização retroesternal e, como a angina, pode ser aliviada por nitroglicerina ou pelos antagonistas do canal de cálcio di- hidropiridínicos. Os distúrbios hepatobiliares, incluindo colecistite e cólica biliar, podem simular doenças cardiopulmonares agudas. Embora a dor causada por esses distúrbios em geral se localize no quadrante superior direito do abdome, ela é variável, podendo ser sentida no epigástrio e se irradiar para as costas e para a parte inferior do tórax. Às vezes, essa dor é sentida na escápula ou, em raros casos, no ombro, sugerindo irritação diafragmática. A dor é constante, em geral dura várias horas e passa espontaneamente, sem sintomas entre as crises. CAUSAS MUSCULOESQUELÉTICAS: A dor torácica pode ser causada por qualquer distúrbio musculoesquelético que envolva a parede torácica ou seus nervos, o pescoço ou os membros superiores. A costocondrite, que causa sensibilidade das articulações costocondrais (síndrome de Tietze), é relativamente comum. A radiculite cervical pode manifestar-se como uma dor intensa prolongada ou constante na parte superior do tórax e nos membros. Ocasionalmente, a dor torácica pode ser causada por compressão do plexo braquial pelas costelas cervicais, e a tendinite ou a bursite que envolve o ombro esquerdo pode simular a irradiação de angina. A dor na distribuição de um dermátomo também pode ser causada por cãibra de músculos intercostais ou por herpes- zóster. CAUSAS EMOCIONAIS E PSIQUIÁTRICAS: Até 10% dos pacientes que chegam à emergência com dor torácica aguda têm um transtorno do pânico ou condição relacionada. Os sintomas podem incluir aperto no tórax ou dor associada a uma sensação de ansiedade e dificuldade respiratória. Os sintomas podem ser prolongados ou transitórios. Diagnóstico (emergência) A abordagem depende se é um paciente estável ou instável. No atendimento ao paciente INSTÁVEL - Os pacientes devem ser atendidos na sala de emergência e monitorizados com a chamada abordagem MOV: Iniciar Monitorização cardíaca. Oxigênio se saturação de O2 < 90%. Obter acesso Venoso periférico. Abordagem inicial do paciente grave: Dispneia, Dor Torácica e Edema 7 Mírian Santos 7° semestre @medbymins Deve-se focar no nível de consciência do paciente e em seus sinais vitais e prosseguir com a sistematização do ABCDE. O exame físico e o ultrassom à beira do leito ajudam no diagnóstico. No caso de identificação de pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco, estes devem ser prontamente tratados. No caso da síndrome coronariana aguda, devem ser feitos esforços para estabilização do paciente com o objetivo de levá-lo à intervenção coronariana. Atendimento ao paciente ESTÁVEL – Anamnese e exame físico dirigidos para causas de maior risco. Avaliar características da dor, se intensidade desproporcional ao quadro, irradiação, tempo de instalação (súbito ou não), sintomas associados, associação com esforço, sintomas associados como náuseas e vômitos, antecedentes e fatores de risco. Exame físico com inspeção local, avaliar simetria de pulsos, medir a pressão arterial nos quatro membros, ausculta pulmonar e cardíaca, testar dor à palpação e pesquisa de sinais focais neurológicos. Eletrocardiograma (ECG) em todos os pacientes com dor torácica ou suspeita de equivalente anginoso em até 2 minutos de sua entrada no DE. Esse exame deve ser visto por um médico e avaliado em até 10 minutos de sua entrada. Medicina de emergência. Abordagem ao paciente – Medicina interna Ante a grande variedade de causas potenciais e o risco heterogêneo de complicações graves em pacientes que se apresentam com dor torácica aguda não traumática, as prioridades da avaliação clínica inicial incluem (1) a estabilidade clínica do paciente e (2) a probabilidade de que ele tenha uma causa subjacente da dor que seja potencialmente fatal. As condições de alto risco mais preocupantes são processos cardiopulmonares agudos,incluindo SCA, síndrome aórtica aguda, embolia pulmonar, pneumotórax hipertensivo e pericardite com tamponamento. Entre as causas não cardiopulmonares de dor torácica, é provável que a ruptura esofágica seja o diagnóstico mais urgente a ser estabelecido. ANAMNESE: O médico deve avaliar a qualidade, a localização (inclusive se há irradiação) e o padrão (incluindo o início e a duração) da dor, Dispneia, Dor Torácica e Edema 8 Mírian Santos 7° semestre @medbymins bem como quaisquer fatores que a provocam ou aliviam. A presença de sintomas associados também pode ser útil para estabelecer um diagnóstico. Em indivíduos com menos de 35 anos, sem histórico de problemas cardiovasculares, é pouco comum que a dor torácica tenha relação com fatores cardíacos. É sempre importante considerar os fatores emocionais potencialmente envolvidos, tais como estresse familiar, sobrecarga de trabalho, mudanças inesperadas – como a morte de um parente ou de um amigo próximo, uma gravidez não planejada, a perda do emprego –, principalmente em usuários que não apresentam alterações objetivas. Contudo, deve-se sempre excluir causas cardíacas em virtude das evidências estatísticas disponíveis. Qualidade da dor: A qualidade da dor torácica isoladamente nunca é suficiente para estabelecer um diagnóstico. Porém, as características da dor são primordiais para se ter uma impressão clínica inicial e avaliar a probabilidade de um processo cardiopulmonar grave incluindo SCA em particular. Pressão ou aperto são consistentes com uma apresentação típica de dor miocárdica isquêmica. Mesmo assim, o clínico precisa lembrar que alguns pacientes com sintomas torácicos isquêmicos negam qualquer “dor”, mas queixam-se de dispneia ou uma sensação vaga de ansiedade. A gravidade da dor tem pouca acurácia diagnóstica. É incomum a angina ser aguda, como uma facada, lancinante ou pleurítica; no entanto, algumas vezes os pacientes usam o termo “agudo” para explicar a intensidade da dor em vez de sua qualidade. A dor pleurítica é sugestiva de um processo que envolve a pleura, incluindo pericardite, embolia pulmonar ou processos do parênquima pulmonar. Dor dilacerante ou “cortante” em geral é descrita por pacientes com dissecção aórtica aguda. Localização da dor: Uma localização subesternal com irradiação para pescoço, mandíbula, ombros ou braços é típica da dor miocárdica isquêmica. A irradiação para ambos os braços tem associação particularmente forte com IAM. Padrão: A dor miocárdica isquêmica geralmente surge em questão de minutos, é exacerbada por atividade e mitigada pelo repouso. Em contraste, a dor que atinge o auge de intensidade imediatamente é mais sugestiva de dissecção aórtica, embolia pulmonar ou pneumotórax espontâneo. Dor passageira (que dura apenas alguns segundos) Dispneia, Dor Torácica e Edema 9 Mírian Santos 7° semestre @medbymins raramente é de origem isquêmica. Similarmente, é improvável que a dor de intensidade constante por um período prolongado (muitas horas a dias) represente isquemia miocárdica se ocorrer na ausência de outras consequências clínicas, como anormalidades do ECG, elevação de biomarcadores cardíacos ou sequelas clínicas (p. ex., insuficiência cardíaca ou hipotensão). Fatores que provocam e aliviam: Pacientes com dor miocárdica isquêmica em geral preferem ficar em repouso, sentados ou parar de caminhar. O refluxo gastresofágico pode ser exacerbado por álcool, alguns alimentos ou uma posição reclinada. É possível ocorrer alívio ao sentar. Sintomas associados; História clínica pregressa; Exame Físico: Pode fornecer evidência direta de etiologias específicas de dor torácica (p. ex., ausência unilateral de sons pulmonares) e identificar fatores precipitantes potenciais de causas cardiopulmonares agudas de dor torácica (p. ex., hipertensão não controlada), comorbidades relevantes (p. ex., doença pulmonar obstrutiva crônica) e complicações da síndrome de apresentação (p. ex., insuficiência cardíaca). Geral: Aparencia - ansioso, desconfortável, pálido, cianótico. Sinais vitais - Taquicardia e hipotensão significativas são indicativas de consequências hemodinâmicas importantes da causa subjacente da dor torácica e devem levar a uma pesquisa imediata e rápida de condições mais graves, como IAM com choque cardiogênico, embolia pulmonar maciça, pericardite com tamponamento ou pneumotórax hipertensivo. Emergências aórticas agudas em geral se apresentam com hipertensão grave, mas podem estar associadas à hipotensão grave na vigência de comprometimento coronariano ou dissecção no pericárdio. Taquicardia sinusal é uma manifestação importante de embolia pulmonar submaciça. Taquipneia e hipoxemia indicam uma causa pulmonar. A presença de febre baixa é inespecífica porque pode ocorrer com IAM e com tromboembolismo, além de infecção. Exames complementares: ELETROCARDIOGRAMA - As diretrizes de sociedades de especialidade recomendam a realização de um ECG até 10 minutos após a chegada do paciente, com o objetivo principal de identificar aqueles com elevação do segmento ST diagnóstica de IAM que sejam candidatos a intervenções imediatas para o restabelecimento do fluxo sanguíneo na artéria coronária ocluída. O eletrocardiograma (ECG) exerce papel fundamental na avaliação de pacientes com dor torácica, tanto pelo seu baixo custo e ampla disponibilidade como pela relativa simplicidade de interpretação. Dispneia, Dor Torácica e Edema 10 Mírian Santos 7° semestre @medbymins Um ECG absolutamente normal é encontrado na maioria dos pacientes que se apresenta com dor torácica na sala de emergência. A incidência de síndrome coronariana aguda nesses pacientes é de cerca de 5%. Diversos estudos têm demonstrado que a sensibilidade do ECG de admissão para infarto agudo do miocárdio varia de 45% a 60% quando se utiliza o supradesnível do segmento ST como critério diagnóstico indicando que metade dos pacientes com infarto agudo do miocárdio não são diagnosticados com um único ECG realizado à admissão. Esta sensibilidade poderá ser aumentada para 70%-90% se utilizarmos as alterações de infradesnível de ST e/ou alterações isquêmicas de onda T , e para até 95% quando se realizam ECGs seriados com intervalos de 3-4h nas primeiras 12h pós- chegada ao hospital. Depressão do segmento ST e inversões simétricas da onda T de pelo menos 0,2 mV de profundidade são úteis para detectar isquemia miocárdica na ausência de IAMEST e também são indicativas de maior risco de morte ou isquemia recorrente. Apesar do valor de um ECG em repouso, sua sensibilidade para detectar isquemia é baixa – de apenas 20% em alguns estudos. Podem ocorrer anormalidades do segmento ST e da onda T em uma variedade de condições, inclusive embolia pulmonar, hipertrofia ventricular, pericardite aguda e crônica, miocardite, desequilíbrio eletrolítico e distúrbios metabólicos. É importante observar que a hiperventilação associada ao transtorno do pânico também pode causar anormalidades inespecíficas de ST e ondas T. RAIO X DE TÓRAX - A radiografia de tórax é mais útil para identificar processos pulmonares, como pneumonia ou pneumotórax. Os achados em geral nada têm de notável nos pacientes com SCA, mas edema pulmonar pode ser evidente. Outros achados específicos incluem alargamento do mediastino em alguns pacientes com dissecção aórtica, corcova de Hampton ou sinal de Westermark em pacientescom embolia pulmonar ou calcificação pericárdica na pericardite crônica. BIOMARCADORES CARDÍACOS - Os exames laboratoriais em pacientes com dor torácica aguda se concentram na detecção de lesão miocárdica. Essa lesão pode ser detectada pela presença de proteínas circulantes liberadas pelas células miocárdicas danificadas. Devido ao tempo necessário para essa liberação, os primeiros biomarcadores de lesão podem estar nos níveis normais, mesmo em pacientes com IAMEST. Mioglobina - Esta é uma proteína encontrada tanto no músculo cardíaco como no esquelético, que se eleva precocemente após necrose miocárdica, podendo ser detectada no sangue de vários Dispneia, Dor Torácica e Edema 11 Mírian Santos 7° semestre @medbymins pacientes, já na primeira hora pós-oclusão coronariana. A mioglobina tem uma sensibilidade diagnóstica para o IAM significativamente maior, que a da creatinofosfoquinase-MB (CK-MB). Creatinofosfoquinase-MB (CK-MB) - A creatinofosfoquinase é uma enzima que catalisa a formação de moléculas de alta energia e, por isso, encontrada em tecidos que as consomem (músculos cardíaco e esquelético e tecido nervoso). A sensibilidade de uma única CK-MB obtida imediatamente na chegada ao hospital em pacientes com dor torácica para o diagnóstico de IAM é baixa (30-50%). Já a sua utilização dentro das primeiras 3h de admissão aumenta esta sensibilidade para cerca de 80 a 85%, alcançando 100% quando utilizada de forma seriada, a cada 3- 4h, desde a admissão até a 9ª hora (ou 12h após o início da oclusão coronariana). Troponina - As troponinas cardíacas são proteínas do complexo miofibrilar encontradas somente no músculo cardíaco. Devido à sua alta sensibilidade, discretas elevações são compatíveis com pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da CK-MB. Por este motivo tem-se recomendado que as troponinas sejam atualmente consideradas como o marcador padrão-ouro para o diagnóstico de IAM. Entretanto, é preciso frisar que a troponina miocárdica pode ser também liberada em situações clínicas não- isquêmicas, que causam necrose do músculo cardíaco, como miocardites, cardioversão elétrica e trauma cardíaco. Além disso, as troponinas podem se elevar em doenças não-cardíacas, tais como as miosites, a embolia pulmonar e a insuficiência renal. Graças à especificidade tecidual cardíaca superior em comparação com a creatina- cinase MB, a troponina cardíaca é o biomarcador preferido para o diagnóstico de IAM e deve ser medida em todos os pacientes que chegam com suspeita de SCA e repetida 3 a 6 horas depois. Só é necessário repetir o exame após 6 horas quando não se tem certeza a respeito do início da dor ou quando os sintomas forem vagos. Não é necessário nem recomendável medir a troponina em pacientes sem suspeita de SCA, a menos que tal estimativa seja usada especificamente para estratificação do risco (p. ex., na embolia pulmonar ou na insuficiência cardíaca). Teste ergométrico - No modelo das Unidades de Dor Torácica o teste ergométrico tem sido o mais recomendado e utilizado devido a seu baixo custo e sua ampla disponibilidade nos hospitais, quando comparado aos outros métodos. Além disso, a segurança do exame é muito boa quando realizado em uma população de pacientes clinicamente estáveis e de baixo a moderado risco, apresentando baixíssima taxa de complicações. Dispneia, Dor Torácica e Edema 12 Mírian Santos 7° semestre @medbymins Além da sua importância na exclusão de doença coronariana, o principal papel do teste ergométrico é estabelecer o prognóstico dos pacientes onde diagnósticos de IAM e angina instável de alto risco já foram afastados durante a investigação na Unidade de Dor Torácica. ECOCARDIOGRAFIA - A ecocardiografia não é um exame necessariamente rotineiro em pacientes com dor torácica. No entanto, em pacientes com um diagnóstico incerto, em particular aqueles com elevação não diagnóstica do segmento ST , sintomas em andamento ou instabilidade hemodinâmica, a detecção de um movimento anormal segmentar da parede é evidência de possível disfunção isquêmica. A ecocardiografia é diagnóstica em pacientes com complicações mecânicas do IAM ou naqueles com tamponamento pericárdico. A ecocardiografia transtorácica é pouco sensível para dissecção aórtica, embora um flap da íntima às vezes possa ser detectado na aorta ascendente. ANGIOTOMOGRAFIA - A angiotomografia está emergindo como uma modalidade para a avaliação de pacientes com dor torácica aguda. A angiotomografia coronariana é uma técnica sensível para a detecção de coronariopatia obstrutiva, em particular no terço proximal das coronárias epicárdicas principais. A TC parece melhorar a velocidade de distribuição de pacientes com probabilidade entre baixa e intermediária para SCA, sendo sua maior força o valor preditivo negativo como um achado de doença não significativa. Além disso, a TC realçada por contraste pode detectar áreas focais de lesão miocárdica no contexto agudo. Ao mesmo tempo, a angiotomografia pode excluir dissecção aórtica, derrame pericárdico e embolia pulmonar. Fatores a serem ponderados ao se considerar o papel emergente da angiotomografia coronariana em pacientes de baixo risco são a exposição à radiação e exames adicionais necessários ante resultados anormais não diagnósticos. Alterações específicas e inespecíficas da RV no ECG A repolarização ventricular é analisada no eletrocardiograma (ECG) pelo intervalo entre o início do complexo QRS e o final da onda T ou da onda U (QT). Dispneia, Dor Torácica e Edema 13 Mírian Santos 7° semestre @medbymins ADRV – Alterações da repolarização ventricular é uma das alterações mais comuns encontradas no eletrocardiograma. É uma alteração no eletrocardiograma e pode significar quase todo tipo de doença, mas ao mesmo tempo, pode não significar absolutamente nada. São alterações na onda T do eletrocardiograma e podem estar presentes no caso de hipertensão arterial, estenose da válvula aórtica ou na isquemia cardíaca. Porém, quando o laudo vem descrito como alterações inespecíficas na repolarização ventricular, geralmente o quadro não tem significado clínico. As alterações da onda T que sugerem doença cardíaca têm uma aparência característica que permite distingui-las das alterações inespecíficas, sem valor clínico. Alterações da repolarização ventricular podem ser os gatilhos de arritmias malignas e perigosas principalmente em pacientes que já tem problemas cardíacos graves. IMAGENS TUTORIA Dispneia, Dor Torácica e Edema 14 Mírian Santos 7° semestre @medbymins TIPO A: Tem todas ou quase todas as características típicas; TIPO B: Tem 2 características típicas; TIPO C: Tem 1 característica típica; TIPO D: Não tem nenhuma característica típica. Classificação etiológica Dispneia, Dor Torácica e Edema 15 Mírian Santos 7° semestre @medbymins Causas e sintomas Dispneia, Dor Torácica e Edema 16 Mírian Santos 7° semestre @medbymins Dispneia, Dor Torácica e Edema 17 Mírian Santos 7° semestre @medbymins Dispneia,Dor Torácica e Edema 18 Mírian Santos 7° semestre @medbymins REFERÊNCIAS: MEDICINA INTERNA – HARISSON; EMERGÊNCIA NA PRATICA – USP; Bassan R, Pimenta L, Leães PE, Timerman A. Sociedade Brasileira de Cardiologia I Diretriz de Dor Torácica na Sala de Emergência. Arq Bras Cardiol 2002; 79 (supl II ): 1. Dor torácica na sala de emergência: quem fica e quem pode ser liberado? Elizabete Silva dos Santos. Ari Timerman. Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil. Dor torácica [recurso eletrônico] / Universidade Federal de Santa Catarina; Organizadores: Grace Dal Sasso e Lúcio José Botelho — Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2014. 22 p.
Compartilhar