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LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA ANÁLISE MICROSCÓPICA: LESÃO INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU (HSIL) ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br ANÁLISE MICROSCÓPICA: LESÃO INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU (HSIL) O câncer do colo do útero é uma preocupação para a saúde pública, com cerca de 528.000 novos casos diagnosticados anualmente. No Brasil, representa o terceiro tipo mais comum entre as mulheres, somente atrás do câncer de mama e dos tumores de pele não melanomas. Para o ano de 2021, estima-se a incidência de 16.710 novos casos, com risco de 15,38 a cada 100 mil mulheres (NEOPLASIA..., 2021). Entre as regiões brasileiras, o Norte e o Nordeste são as mais acometidas. A região Sul ocupa a quarta posição, com 12.6 casos a cada 100 mil mulheres. Em 2019, a taxa de mortalidade no país por câncer do colo do útero, ajustada pela população mundial, foi de 5,33 óbitos a cada 100 mil mulheres. A região Norte apresenta as maiores taxas do país, sendo a única com nítida tendência temporal de crescimento (NEOPLASIA..., 2021). Apesar desta patologia apresentar prognóstico favorável quando diagnosticada precocemente e tratada com rapidez, as taxas de incidência e mortalidade permanecem elevadas no país. Isso se dá, possivelmente, pela baixa cobertura de exames de rastreamento em populações susceptíveis, falhas no manejo de casos com lesão suspeita e baixa adesão ao tratamento. Esses fatores podem influenciar no elevado número de novos casos e óbitos por câncer do colo uterino (PLUMMER; PETO; FRANCESCHI, 2012). A etiologia e a história natural do câncer do colo do útero relacionam-se, com grande ênfase, à infecção pelo Papilomavírus Humano, do inglês Human Papiloma Virus – HPV. Este atua estimulando a diferenciação celular e o descontrole dos processos de reparo de erros genéticos, ocasionando as alterações celulares que são específicas desse câncer. Esta habilidade do vírus de promover alterações celulares está relacionada às LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA ANÁLISE MICROSCÓPICA: LESÃO INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU (HSIL) ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br suas características estruturais e genéticas, que permitem, principalmente, a regulação destes processos, promovendo o aparecimento do tumor. Além disso, o vírus necessita da participação de células epiteliais epidérmicas ou mucosas que ainda são capazes de proliferar quando acometidas pelo vírus por meio de microlesões no tecido basal. A Figura 1 ilustra o processo de ação do vírus durante sua proliferação no colo uterino (HAUSEN, 2002). Figura 1 - Esquema representando a infecção do vírus HPV no colo uterino. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/life-cycle-hpv-human-epithelium-papillomavirus-559164853. A infecção viral pelo HPV é importante na patogênese do câncer do colo do útero, entretanto, não é possível confirmar que somente a partir da sua infecção serão observadas lesões neoplásicas (WOODMAN; COLLINS; YOUNG, 2007). É possível concluir, portanto, que não é toda mulher com diagnóstico reagente para o vírus HPV que irá desenvolver uma neoplasia cervical, sendo importante avaliar o caso de maneira LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA ANÁLISE MICROSCÓPICA: LESÃO INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU (HSIL) ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br isolada e identificar a presença de outros fatores de risco (PERKINS et al., 2020). Os principais fatores de risco do câncer uterino podem ser divididos em intrínsecos – como as características próprias do vírus e a propensão genética do hospedeiro; e extrínsecos – como as questões comportamentais e socioeconômicas. O câncer do colo do útero pode ser diagnosticado por meio de três tipos de exames: citologia cervicovaginal (citopatológico ou teste de Papanicolau), colposcopia e histopatológico (WHO, 2021). O exame Papanicolau é um método seguro e usado no rastreamento de lesões precursoras, sendo de custo baixo e amplamente implementado em políticas públicas ao redor do mundo. A colposcopia detecta anormalidades teciduais através da visualização do colo uterino, da vagina e da vulva, sendo realizado após o esfregaço ter identificado atipias celulares ou quando a paciente foi submetida a tratamento de lesões cervicais relacionadas à infecção pelo HPV (WHO, 2021). O padrão-ouro para o diagnóstico do câncer do colo uterino é o exame histopatológico (ou exame anatomopatológico). Nesse caso, são avaliadas a morfologia e a arquitetura das células do colo uterino e, a partir desses resultados, é possível estabelecer a melhor conduta terapêutica, juntamente com os demais exames (citopatológicos e colposcópicos) (WHO, 2021). Sobre a classificação da citopatologia e da histologia, destacam-se a classificação citológica de Papanicolau, a classificação histológica da Organização Mundial da Saúde (OMS), a classificação histológica de Richart, a classificação do sistema Bethesda e a classificação citológica brasileira (WHO, 2020). Estas permitem que as anormalidades celulares sejam estratificadas com critérios únicos e específicos, como o estadiamento do câncer em classe I a V; o grau de displasia do epitélio leve, moderado ou acentuado; o grau de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) em I, II, e III e, mais recentemente, o grau de lesão intraepitelial em baixo (do inglês low-grade squamous intraepithelial lesion – LSIL) ou alto (do inglês high-grade squamous intraepithelial lesion – HSIL) e de atipia celular cervical (WHO, 2020). Com o passar do tempo e a contínua evolução dos métodos citológicos, bem como da compreensão sobre as patologias cervicais, foi permitido que as classificações fossem atualizadas com frequência. Atualmente, a classificação mais utilizada é o Sistema Bethesda. LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA ANÁLISE MICROSCÓPICA: LESÃO INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU (HSIL) ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br As características citológicas do Sistema Bethesda são de grande importância, uma vez que auxiliam no diagnóstico diferencial de atipias celulares em que não é possível excluir a presença de uma lesão de alto grau (ou lesões precursoras). As alterações citológicas, segundo critérios estabelecidos no Sistema de Bethesda, são definidas como lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL), lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL), células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US), células escamosas atípicas (ASC-H) e carcinoma de células escamosas. Destas, pode-se associar às LSILs como precursoras da malignidade por HPV, visto as inúmeras alterações nucleares e citoplasmáticas, podendo estar ligadas à infecção por qualquer cepa de HPV. Entretanto, caso não haja infecção por HPV, as chances de malignidade são, praticamente, nulas. A presença de coilócitos é uma característica desse tipo de lesão. As lesões ASC-US são as mais frequentes relatadas em exames Papanicolau, podendo estar ligadas a inflamações e casos de atrofia vaginal em mulheres após a menopausa. Além disso, costumam desaparecer com o tempo, desde que não associadas ao HPV. As lesões tipo ASC-H são mais complexas, visto que não é possível descartar a presença de malignidade, considerado um resultado indeterminado, demandando a realização de biopsia do colo de útero e colposcopia. As lesões HSIL são consideradas pré-neoplásicas, ou com grandes chances de câncer já em estado avançado, sendo necessária a realização de biopsia imediata em qualquer paciente. Na identificação de uma HSIL, é observado,em esfregaço cervical, a presença de células em grupos ou únicas, sendo observadas também nas margens ou periferias. As células discarióticas (pequenas e de difícil identificação, ou grandes com citoplasma queratinizado e formatos celulares bizarros) são imaturas, sugerindo maturação epitelial incompleta. Em relação ao núcleo, essas células apresentam irregularidades na sua membrana, podendo ocorrer dobramentos e aumento de espessura. A cromatina é mais granular e irregularmente distribuída. Pode ocorrer acúmulo de células quando distribuídas em lençóis. O núcleo apresenta perfil hipercromático. Ademais, não são necessariamente aumentados, podendo ser discretamente maiores que as células normais (NAYAR; WILBUR, 2015). LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA ANÁLISE MICROSCÓPICA: LESÃO INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU (HSIL) ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br Já em relação ao citoplasma, sua ligação com o núcleo irá variar, podendo estar ausente ou pouco visível. A quantidade de citoplasma pode ser utilizada como fator de distinção entre discariose moderada (tipo NICII) e grave (NICIII). Em comparação com as lesões intraepiteliais de baixo grau, as células são menos maduras, resultando em uma relação núcleo-citoplasma maior (o núcleo corresponde a mais da metade do diâmetro celular). Esse aumento se dá devido ao tamanho citoplasmático reduzido, e não ao aumento do núcleo (NAYAR; WILBUR, 2015). Figura 2 – Ilustração de uma lesão HSIL com núcleos hipercromáticos e discariose, relação núcleo-citoplasma irregular, NIC III. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/papanicolaou-smear-pap-test-cytology- showing-1308503029. Alguns estudos demonstram que, a longo prazo, as lesões de alto grau apresentam maior probabilidade à progressão para caso de neoplasia invasiva (SOUTTER; SASIENI; PANOSKALTIS, 2006). Entretanto, com o longo período de latência entre a infecção viral inicial e a neoplasia, as lesões podem ser afetados pela ocorrência ou exposição a vários fatores de risco, cuja dinâmica de ação não são totalmente elucidadas, como alterações genéticas, efeitos hormonais, tabagismo ou inflamação crônica (WHO, 2020). LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA ANÁLISE MICROSCÓPICA: LESÃO INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU (HSIL) ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HAUSEN, H. Z. Papillomaviruses and cancer: from basic studies to clinical application. 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LABORATÓRIO DE CITOPATOLOGIA ANÁLISE MICROSCÓPICA: LESÃO INTRAEPITELIAL DE ALTO GRAU (HSIL) ALGETEC – SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS EM EDUCAÇÃO CEP: 40260-215 | Fone: 71 3272-3504 E-mail: contato@algetec.com.br | Site: www.algetec.com.br SOUTTER, W. P.; SASIENI, P.; PANOSKALTIS, T. Long-term risk of invasive cervical cancer after treatment of squamous cervical intraepithelial neoplasia. International Journal of Cancer, v. 118, n. 8, p. 2048-2055, 2006. TATTI, S. A. Colposcopia e patologias do trato genital inferior: vacinação contra o HPV. Porto Alegre: Artmed, 2010. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). WHO guideline for screening and treatment of cervical pre-cancer lesions for cervical cancer prevention. 2. ed. Geneva: WHO, 2021. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global strategy to accelerate the elimination of cervical cancer as a public health problem. Geneva: WHO, 2020. PLUMMER, M.; PETO, J.; FRANCESCHI, S. International Collaboration of Epidemiological Studies of Cervical Cancer S. 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