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CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO Pedro Edmundo Boll 1 Pedro Edmundo Boll Júnior 2 Vanessa Carolina Boll 3 1 Pedro Edmundo Boll é Mestre em Ciências Empresariais e Especialista em Contabilidade e Auditoria pela UFP – Universidade Fernando Pessoa de Portugal, Especialista em Administração e Planejamento para Docentes e Bacharel em Ciências Contábeis pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, Bacharel em Direito pela UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos. É sócio de escritório contábil desde 1988, atuando em assessoria e consultoria empresarial nas áreas contábil, fiscal, tributária, pessoal e societária. É perito-contador atuando em processo judiciais desde 1992 nas esferas trabalhista, cível e federal. 2 Pedro Edmundo Boll Júnior é Contador, bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Luterana do Brasil - ULBRA. Especialista em Perícias Judiciais, pós-graduado em Gestão de Perícias Judiciais pelo Instituto de Ensino Superior Meridional - IMED. E, está cursando a graduação em Ciências Atuariais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. 3 Vanessa Carolina Boll é Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho e Bacharel em Direito pela UniRitter – Centro Universitário Ritter dos Reis. É servidora pública concursada do Tribunal Regional do Trabalho da 4ᵃ Região. HIPÓTESES DE CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO PREVISTAS NO ART. 443 CLT O contrato de trabalho por prazo determinado define o seu término desde o princípio. Na CLT há três hipóteses de contrato por prazo determinado previstas no art. 443, §2°: a) Serviços cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo Em virtude de circunstâncias excepcionais na empresa, esta contrata a prestação de serviço transitório. Por exemplo, a contratação por prazo determinado tendo em vista o aumento na produção em razão das comemorações de Páscoa e Natal, ou para a substituição de empregada que se encontra em licença gestante. b) Atividades empresariais de caráter transitório Neste caso, a transitoriedade não se relaciona com o serviço a ser desenvolvido pelo empregado, mas sim, com a atividade empresarial. Por exemplo, empresa criada exclusivamente para realização de algum evento em específico como feira agropecuária ou exclusivamente para comercializar artigos natalinos. c) Contrato de Experiência Neste caso há como finalidade a avaliação recíproca dos contratantes. O empregador poderá verificar a capacidade, desempenho e a adaptação do empregado ao serviço. O empregado poderá verificar o meio ambiente de trabalho, as condições de pagamento e se o serviço corresponde às suas expectativas. Nas hipóteses de serviços transitórios e atividades empresariais transitórias a duração do contrato de trabalho deve ser, no máximo, de dois anos, não havendo um período mínimo estabelecido. Dentro do prazo de dois anos, é possível ao empregador e ao empregado prorrogar o contrato de trabalho uma única vez. Por exemplo, caso o contrato seja por prazo determinado de seis meses, pode-se prorrogá-lo por mais seis meses, oito meses, um ano, etc, desde que observe o prazo máximo de dois anos e ocorra apenas uma prorrogação. Caso seja desrespeitado o limite de dois anos ou haja mais de uma prorrogação do contrato, ainda que observado o período inferior a dois anos, o contrato será automaticamente convertido em prazo indeterminado, tendo em vista o princípio da continuidade da relação de emprego. Na hipótese do contrato de experiência o prazo máximo é de 90 dias, sendo possível apenas uma prorrogação dentro do referido prazo. Da mesma forma que as hipóteses anteriores, caso não seja observada o prazo máximo ou a prorrogação única, o contrato de trabalho se tornará automaticamente por prazo indeterminado. CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO DETERMINADO E ESTABILIDADE A estabilidade, ou chamada garantia provisória de emprego, é o direito que o empregado adquire de não perder o emprego, salvo no caso de dispensa por justa causa. São hipóteses que geram estabilidade ao empregado: a) a eleição como Dirigente Sindical; b) a confirmação de gravidez; c) a eleição como representante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA; d) a ocorrência de acidente de trabalho; entre outras previstas na legislação esparsa. Atividade Complementar Para estudo detido da estabilidade, sugestiona-se a leitura de materiais esparsos, por exemplo, LINK Contudo, no caso do empregado contratado por prazo determinado a regra é a inexistência de estabilidade no emprego. Por exemplo, ainda que empregado seja eleito como Dirigente Sindical ou membro da CIPA, este não terá o direito de permanecer no emprego após o prazo previamente fixado, salvo anuência do empregador. Esta é uma das vantagens do empregador ao contratar na modalidade de prazo determinado. https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/estabilidade-e-garantia-de-emprego/) Ressalva-se, porém, os entendimentos adotados pelo TST nas súmulas n° 244 e 378, as quais dispõem que prevalece a estabilidade de empregada gestante ou empregado acidentado, ainda que o contrato seja por prazo determinado. TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO DETERMINADO O término do contrato de trabalho por prazo determinado pode ocorrer de duas formas: normal ou antecipada. A extinção normal do contrato nada mais é do que o transcurso do prazo previamente determinado pelas partes. Nesse caso, não há necessidade de aviso prévio nem sequer de pagamento de indenização de 40% sobre os valores de FGTS depositados no período. Por exemplo, celebrado contrato de trabalho com prazo de seis meses, ao findar o período será devido pelo empregador tão somente eventual saldo de salário, 13° salário proporcional e férias proporcionais com acréscimo do 1/3 previsto na Constituição Federal. A extinção normal também autoriza o saque dos depósitos de FGTS pelo empregado. A extinção antecipada do contrato de trabalho por prazo determinado enseja o pagamento de indenização. Nos termos do art. 479 da CLT, caso o empregador queira despedir sem justa causa o empregado, deverá pagar indenização equivalente à metade da remuneração que este teria direito até o fim do contrato, além das verbas típicas da despedida sem justa causa, como saldo de salário, 13° salário proporcional, férias proporcionais com 1/3 constitucional, multa de 40% sobre os depósitos de FGTS (Vide Súmula n.° 125 do TST), e respectiva liberação dos depósitos. Nos termos do art. 481 da CLT, caso o empregado queira se desligar do contrato de trabalho, deverá indenizar o empregador pelos prejuízos que a extinção antecipada causar à empresa, limitando-se ao valor que o empregado teria direito se fosse o caso do art. 479 da CLT. Nesse caso o empregado ainda tem direito ao saldo de salário, 13° salário proporcional, férias proporcionais com 1/3 constitucional, mas fica vedado o levantamento dos depósitos de FGTS. Alternativamente a estas hipóteses de indenização na extinção antecipada, as partes podem estabelecer cláusula assecuratória de direito recíproco, prevista no art. 481 da CLT. Essa cláusula obriga o empregado e o empregador a conceder aviso-prévio caso pretenda o término antecipado do contrato de trabalho por prazo determinando, afastando o pagamento das indenizações previstas nos artigos 479 e 480 da CLT. NOVA CONTRATAÇÃO POR PRAZO DETERMINADO Conforme já mencionado, o contrato por prazo determinado é medida de exceção, tanto que, se prorrogado mais de uma vez, se torna por prazo indeterminado. Contudo, é possível a nova contratação por prazo determinado de um mesmo empregado. Essa possibilidade é deduzida a partir do texto do art. 452 da CLT, que informa que o contrato por prazo determinado que for sucedido dentro deseis meses por outro contrato por prazo determinado se torna por prazo indeterminado. Ou seja, é possível a sucessão por outro contrato por prazo determinado desde que esta ocorra após o interstício de seis meses. Há apenas duas hipóteses que permitem essa nova contratação antes do intervalo de seis meses: a) quando houver necessidade de execução de serviços especializados, como por exemplo, conserto de maquinário específico; ou b) quando depende da realização de certos acontecimentos, por exemplo, contratação para determinadas safras. Ressalta-se, não se trata de prorrogação do contrato, mas de nova contratação do mesmo empregado. https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_201_250.html#SUM-244 http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_351_400.html#SUM-378 https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_101_150.html#SUM-125 A possibilidade de nova contratação fica limitada aos serviços transitórios e atividades empresariais transitórias. Logo, não é permitida a nova contratação do mesmo empregado na modalidade contrato de experiência, mesmo após o período de seis meses, salvo para função diversa na empresa. A referida vedação não está expressa na CLT, mas é concluída a partir da sistemática das normas trabalhistas. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO DA LEI N° 9.601/98 A Lei n.° 9.601/98 prevê a instituição de contrato de trabalho por prazo determinado, independente das condições previstas no § 2º do art. 443 da CLT, mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho e com peculiaridades próprias. A celebração do contrato por prazo determinado nessa modalidade poderá ocorrer em qualquer atividade desenvolvida pela empresa ou estabelecimento, mas para admissões que representem acréscimo no número de empregados. Veda-se a contratação de empregados nessa modalidade para substituição de pessoal regular e permanente contratado por prazo indeterminado. A negociação coletiva que instituir o contrato com base nessa lei deverá, obrigatoriamente, conter cláusulas versando sobre: a) a indenização nas hipóteses de rescisão antecipada pelo empregado ou empregador (não se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 da CLT; e b) multas pelo descumprimento de suas cláusulas. Nessa modalidade de contrato, o prazo máximo é de dois anos, contudo, há possibilidade de diversas prorrogações dentro deste prazo. Por exemplo, prorrogações do contrato de trabalho de três em três meses até completar dois anos. Ou seja, não se aplica o art. 451 da CLT ao caso. O empregador deverá anotar na CTPS do empregado as condições do contrato com indicação da lei, bem como discriminar tais empregados em separado na folha de pagamento. Ainda, no contrato de trabalho pela Lei n° 9.601/98 o empregado poderá adquirir estabilidade provisória quando: a) gestante; b) eleito representante da CIPA; c) eleito dirigente sindical; ou d) ocorrido acidente de trabalho. CONTRATO DE APRENDIZAGEM O contrato de aprendizagem é um contrato por prazo determinado com natureza especial, possuindo diversas especificidades a serem observadas pelo empregador. Essa modalidade de contrato está prevista nos arts. 428 a 433 da CLT. Enfatiza-se que o contrato de aprendizagem é uma relação de emprego, apesar de suas particularidades. O contrato de aprendizagem é destinado a jovens maiores de 14 anos e menores de 24 anos, com prioridade para os menores de 18 anos, e possui os seguintes requisitos: a) o contrato deve ser escrito e a condição de aprendiz deve ser anotada na CTPS; b) caso não tenha concluído o Ensino Médio, é obrigatória a matrícula e a freqüência do aprendiz à escola; e c) o aprendiz deve ser inscrito em programa de aprendizagem com formação técnico-profissional como, por exemplo, aqueles disponíveis nas entidades do Sistema S (Senac, Senai, etc). O contrato de aprendizagem não pode ser firmado por mais de dois anos com o mesmo empregador, caso ultrapassado este limite temporal será convertida automaticamente para contrato de trabalho por prazo indeterminado, Cabe ressalvar que a limitação de idade e a limitação temporal do contrato não são aplicáveis aos aprendizes com deficiência. Atividade Complementar Outras informações acerca dessa modalidade de contrato podem ser obtidas a partir da leitura do seguinte material: LINK https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/manuais/Manual_de_Aprendizagem__versao_para_download.pdf
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