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Tema 3: Ideologias Polí ticas e Seus Reflexos no Estado CONSERVADORISMO MODERNO Surgiu na conjuntura da Revolução Francesa (1789–1799). Jüstus Möser, Edmund Burke, Alexis de Tocqueville e François-René de Chateaubriand reagiram à modernidade que marcou o mundo em que viveram, atravessado pela ideia de revolução, pela crença de que a história é um processo em marcha evolutiva orientada para o futuro e que o passado é o atraso que precisa ser superado. Ao criticar essas ideias dominantes, os autores acabaram propondo uma modernidade alternativa, conservadora, reformista, crítica à abstração revolucionária e defensora do potencial pedagógico das experiências acumuladas no tempo, da tradição. reacionário: idealizaria o passado / revolucionário: idealiza o futuro / conservador: o presente é a melhor experiência possível LIBERALISMO Foi um dos desdobramentos do pensamento progressista que fundou a Modernidade. Conjunto de princípios que nasceram na realidade concreta da história europeia, começando pelo século XVI, na conjuntura das guerras civis religiosas. Princípios: → A divisão do mundo em duas esferas: a pública e a privada. A esfera pública é o espaço da regulação, da autoridade dos poderes legitimados socialmente. A esfera privada é o espaço das liberdades domésticas, da autoridade da casa, em que os governantes não podem interferir. → Entre essas liberdades domésticas, está o livre direito ao culto privado. Assim, cada um, nos limites de sua casa, exerceria a religião que melhor fosse ao encontro de suas convicções pessoais. Nessa lógica, não há sentido nas guerras civis religiosas. → A propriedade privada é um bem tão sagrado como a vida. Temos aqui o deslocamento da soberania do Estado para a sociedade civil, o que é fundamental para o liberalismo. O Estado deixa de ser a manifestação do poder de Deus e passa a existir em função da sociedade, tutelado por ela, e a sociedade é formada por indivíduos livres. Em Locke, podemos encontrar os fundamentos conceituais daquilo que posteriormente seria conhecido como “Estado Liberal”. NACIONALISMO x FASCISMO x NAZISMO Foi a principal ideologia política formada ao longo do século XIX. O berço do nacionalismo foi a França revolucionária, como testemunha Maximilien de Robespierre (1758–1794), líder jacobino e um dos protagonistas da Revolução Francesa. Pensamento nacionalista: está fundamentado na tese de que a vida social humana somente é possível em comunidade nacional, na qual cidadãos que compartilham valores culturais, religiosos e linguísticos estão irmanados por vínculos identitários e de solidariedade, submetidos às mesmas estruturas de poder. Em seu primeiro momento, então, o nacionalismo esteve associado à noção de soberania popular, tal como havia sido formulada por Jean Jacques Rousseau (1712–1778), um dos “pais espirituais” da Revolução Francesa. Em Rousseau, o Estado não é soberano em si. Sua soberania foi delegada pelo povo, pois pertence a ele. Outro momento decisivo para o nacionalismo foi a Revolução Industrial, que aconteceu entre o fim do século XVIII e meados do século XIX. Se a Revolução Francesa fez do nacionalismo um discurso de ampliação de direitos considerados fundamentais, a Revolução Industrial condicionou o nacionalismo a um planejamento racionalizado e centralizado da atividade social e econômica. Agora, além de cidadão, o indivíduo passa a ser tratado como unidade produtiva, como alguém que teria, entre suas atribuições cívicas, a colaboração para o crescimento da riqueza nacional. Autores conservadores: Jüstus Möser (1720–1794) Edmund Burke (1729–1797) Alexis de Tocqueville (1805–1859) François-René de Chateaubriand (1768–1848) Todos esses autores viveram sob os impactos da Revolução Francesa, e cada um, a seu modo, criticou o tipo de ideologia política que o evento propunha, principalmente na “fase do terror”, entre 1793 e 1794, quando o processo revolucionário foi conduzido pelos jacobinos. Autores liberais: John Locke (1632–1704) - estabelecer limites para o poder do Estado, salvaguardando a liberdade individual. John Stuart Mill (1806–1873) - a existência de direitos atribuídos diretamente por Deus aos homens e que não poderiam ser alienados pelo poder civil. Spencer, Keynes e Mises debruçaram-se sobre os temas da distribuição da riqueza social e da pobreza material. O que podemos perceber é que, no fim do século XIX, a ideologia nacionalista abandonou os ideais democráticos de soberania popular e até mesmo a pretensão do planejamento econômico para sucumbir à xenofobia e à ambição de expansão militar, tornando-se, assim, prelúdio do nazifascismo que, como veremos na próxima seção, desestabilizou o sistema internacional na primeira metade do século XX. Nacionalismo Radical: Adolf Hitler (1889–1945): liderou o Partido Nacional-Socialista. / Benito Mussolini (1883–1945): liderou o fascismo na Itália. NAZIFACISMO Ideologias políticas autoritárias e violentas, que transformaram o Estado em máquina de extermínio e perseguição. Alemanha: combinação do nacionalismo (radical) e o trauma da derrota da Primeira Guerra Mundial. O Tratado de Versalhes impôs diversas sanções à Alemanha, indo desde indenizações que deveriam ser pagas aos países vencedores (Inglaterra e França, por exemplo), passando por concessões territoriais (como a Alsácia e Lorena, na fronteira com a França) e chegando até a proibições no que se refere à organização das forças armadas. Foi um golpe duro na autoestima do povo alemão, algo que foi potencializado pelo ex-militar austríaco Adolf Hitler, que rapidamente se tornou uma das principais lideranças do partido nazista. Outro fator explorado pela propaganda foi o medo das elites perante o fortalecimento do socialismo após 1918, com a Revolução Russa. Até então, muitos analistas, incluindo o próprio Karl Marx, acreditavam que a Alemanha seria o palco da primeira grande revolução socialista, por já contar com uma organização industrial sólida e uma numerosa classe operária. Outro ponto importante para a propaganda nazista foi o estímulo ao antissemitismo, que já era presente no imaginário europeu desde a Antiguidade. Como a identidade judaica é antes religiosa que política, os judeus se consideram mais pertencentes a uma comunidade irmanada pela fé do que as comunidades nacionais unificadas pela identidade nacionalista. Nesse sentido, o judeu inglês, francês ou alemão tende a se considerar mais judeu do que inglês, francês ou alemão. Esse cosmopolitismo religioso judaico foi visto como uma ameaça à integração e à pureza da “nação alemã”. Características do Nazismo: → Discurso ultranacionalista que definiu a nacionalidade alemã como representante de uma raça evolutivamente superior e, por isso, vocacionada à expansão. → Negação do regime democrático-liberal, acusado de ser fraco e incapaz de resgatar a “grandeza alemã”, que estava sendo comprometida pelas imposições do Tratado de Versalhes. → Anticomunismo, o que fez com que as elites alemãs, assustadas com o espectro da Revolução Russa, não pensassem duas vezes antes de apoiar o partido nazista. → Antissemitismo, por considerar o cosmopolitismo religioso judeu uma ameaça à “pureza” da nacionalidade alemã. → Uma eficiente máquina de propaganda em massa, baseada na narrativa de que a história alemã era a história do conflito com os “outros”, e que o que estava em jogo nesse conflito era a sobrevivência e a pureza da pátria. “Pacto de Aço” – acordo firmado entre Itália e Alemanha em maio de 1939. Se, na Alemanha nazista, a perseguição nazista aos comunistas se deu pelo temor de que pudesse acontecer uma revolução socialista no país, na Itália, isso aconteceu, também, devido à disputa política direta entre fascistas e comunistas pela mesma base social. Enquanto o nazismo não chegou a produzir um tratado de definição teórica, o fascismo foi mais cuidadoso nessesentido. O livro A doutrina do fascismo, escrito por Mussolini e pelo filósofo Giovanni Gentile (1875–1944), foi publicado em 1932. A doutrina fascista nega o individualismo, que é uma das principais invenções conceituais da Modernidade. O principal adversário ideológico do fascismo é o liberalismo individualista. A célula social básica para o fascismo é a coletividade social, representada, em espírito, pelo líder carismático. Na moralidade fascista, o individualismo é sinônimo de egoísmo e tem como resultado a desagregação da sociedade. O ideal, então, seria a coesão social, a partir de critérios definidos pelo próprio Estado, de cima para baixo, pautada em valores gerais como religião, ordem e família. Assim, o Estado teria autoridade para perseguir liberdades individuais, matar e torturar, sempre em nome da “razão coletiva”.
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