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FUNDAMENTOS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO AMBIENTAL W B A 03 88 _v 1. 0 2 Cristiane Ronchi de Oliveira Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 FUNDAMENTOS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO AMBIENTAL 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinscky Breternitz Revisor Ana Beatriz Ulhoa Cobalchini Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Oliveira, Cristiane Ronchi de O48f Fundamentos de controle e prevenção da poluição ambiental/ Cristiane Ronchi de Oliveira, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 44 p. ISBN 978-65-990625-4-4 1. Poluição ambiental. 2. Prevenção ambiental. I. Título CDD 574.5 ____________________________________________________________________________________________ Jorge Eduardo de Almeida CRB 8/8753 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Poluição Ambiental _________________________________________________ 05 Classificação e parâmetros de qualidade ambiental _________________ 21 Medidas de controle e prevenção ambiental ________________________ 37 Medidas mitigadoras e remediação _________________________________ 55 FUNDAMENTOS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO AMBIENTAL 5 Poluição Ambiental Autor: Cristiane Ronchi de Oliveira Leitor crítico: Ana Beatriz Ulhoa Cobalchini Objetivos • Compreender o histórico da crise ambiental mundial. • Conhecer sobre a poluição nos diferentes compartimentos ambientais. • Discutir sobre seus efeitos da poluição na espécie humana e biodiversidade. • Analisar as diferentes fontes de poluição e os principais poluentes. 6 1. Histórico e crise ambiental O aumento da densidade populacional, aliado ao intenso desenvolvimento da sociedade sob o sistema econômico capitalista, e a consequente exploração dos recursos naturais, desencadeou um desequilibro ambiental sem precedentes. Diariamente, são produzidos bens de consumo, dos mais diferentes tipos, modelos e marcas, gerando diversos poluentes e resíduos. Mas, o que você e eu temos a ver com isso? A população mundial já ultrapassou os 7,5 bilhões de pessoas, contemplando países que ainda possuem áreas bioprodutivas1 e outros não. Sociedades com maior igualdade social e outras rodeadas por desigualdade e guerras civis. Enfim, vivemos um mundo composto por diferentes realidades, culturas e economias. Os recursos naturais podem ser definidos como: “qualquer insumo de que os organismos, populações e os ecossistemas necessitam para sua manutenção” (BRAGA et al., 2007, p. 4). Por outro lado, o art. 3º, inciso 5, da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), define como recursos ambientais “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora” (BRASIL, 1981). Os recursos naturais podem ser classificados em recursos renováveis e não renováveis. O primeiro termo engloba todos aqueles que são constantemente renovados, ou seja, são constantemente produzidos ou fazem parte de um ciclo biogeoquímico; enquanto o segundo termo trata dos recursos que, após utilizados, não podem ser reutilizados e demoram anos para serem produzidos novamente, ou talvez não possuam reposição na natureza (BRAGA et al., 2007; 1 Áreas bioprodutivas: “Áreas de terra e de água consideradas biologicamente produtivas. São consideradas as áreas necessárias para absorver carbono, terra para construir moradias e infraestrutura, terra e água para a biodi- versidade” (LAMIM-GUEDES, 2018, p. 1-2). 7 MILLER, SPOOLMAN, 2015). A água e o solo são exemplos de recursos renováveis, enquanto que os minérios e os combustíveis fósseis são não renováveis. Basicamente qualquer um deles pode vir a se esgotar em virtude da intensidade do uso. Porém, os recursos não renováveis são mais facilmente “extintos” do que os renováveis. Segundo Braga et al. (2007, p. 5), “quando a taxa de utilização supera a máxima capacidade de sustentação do sistema” um recurso renovável pode vir a se esgotar. Podemos exemplificar com o caso da crise hídrica ocorrida no Estado de São Paulo, entre 2014 a 2016, ocasião em que a oferta de água foi reduzida e períodos de racionamento foram vivenciados por vários munícipes. Se os recursos estão presentes nos compartimentos ambientais e nos diferentes ecossistemas, e se todo ser vivo necessita desse para sua sobrevivência, por que ainda estamos explorando-os, em sua maior parte, sem consciência ambiental? Por quanto tempo ainda teremos recursos naturais disponíveis para atender a população? A humanidade conseguirá sobreviver sem recursos básicos, como água e alimentos? Essas e tantas outras perguntas devem estar passando pela sua cabeça, e saiba que você não está sozinho. Várias conferências e encontros mundiais têm discutido a crise ambiental. Saiba mais no próximo tópico. Na história da humanidade, conforme ampliava-se a compreensão do homem sobre a natureza, mais a intervenção humana se tornava capaz de alterar o ambiente em níveis preocupantes e em curtos períodos de tempo (DIAS, 2007). A espécie humana passou por grandes revoluções, como a primeira (10 mil anos a.C.) e a segunda revolução agrícola (meados do século 18 e 19 d.C.), a qual modificou e continua modificando extensas áreas bioprodutivas A agricultura possibilitou a produção de diversos 8 alimentos, que podiam atender a população em crescimento, e com ela também surge um novo tipo trabalho (fonte de renda); os primeiros vilarejos e aldeias, e, consequentemente, os primeiros impactos ambientais nos ecossistemas. Na sequência, podemos evidenciar o processo de urbanização (meados do século 19), que foi a criação dos centros urbanos e grandes aglomerados humanos. Algum tempo depois, ocorre o processo de industrialização nas cidades, sendo considerada a grande Revolução Cientifico-Tecnológica (entre os séculos 18 e 19) (DIAS, 2007). Todas essas revoluções desencadearam diversas alterações no ambiente natural, acelerando o processo de potencial degradação do meio, com a emissão de diferentes poluentes, descarte de grandes quantidades de resíduos, e a liberação de variados efluentes. Portanto, associado a essas transformações, observa-se ao longo da história a contaminação da água, ar e solo, os quais são considerados nossos compartimentos ambientais. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) define impacto ambiental através da Resolução CONAMA 001/1986, como: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I–a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II–as atividadessociais e econômicas; III–a biota; IV–as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V–a qualidade dos recursos ambientais. (BRASIL, 1986, art. 1º, incisos I ao V) A industrialização, por sua vez, alcançou níveis de extração de matéria- prima, utilização de insumos e fabricação de produtos nunca vistos anteriormente. Esquematicamente (Figura 1), pode-se dizer que com o crescimento populacional exponencial, mais recursos naturais são extraídos e utilizados no processo produtivo para geração de 9 bens de consumo. A industrialização e o capitalismo acabam sendo movimentados pelo consumismo desenfreado e a obsolescência dos produtos. Por outros ângulos, visualizamos a desigualdade social e as disparidades entre países e dentro dos países. Ademais, dentro de toda a cadeia produtiva, ou seja, etapas que envolvem desde a extração de matéria-prima, até sua produção e consumo, são desencadeados diferentes impactos ambientais, com magnitudes e efeitos diferenciados (MILLER; SPOOLMAN, 2015). Figura 1 – Esquema das etapas que desencadeiam a crise ambiental População. Utiliza excessivamente os recursos naturais. Processos produtivos. Desencadeia impactos ambientais. Fonte: elaborada pelo autor. Dessa forma, percebemos que a evolução da espécie humana foi acompanhada da sua apropriação sobre o meio natural, causando alterações e desencadeando vários danos e efeitos ao meio ambiente e aos seres vivos. Segundo Miller e Spoolman (2015), não se sabe por quanto tempo o planeta Terra irá suportar o nível de consumo atual de nossa sociedade, pois alguns cientistas consideram que a maioria das pessoas possuem um modo de vida embasado na insustentabilidade. 1.1 Acordos e conferências internacionais Em 1962, foi publicado o livro Primavera Silenciosa (Silent Spring, em inglês) de Rachel Carson, em que a autora abordou, de maneira fictícia, os efeitos desencadeados pelo intenso uso do agrotóxico DDT (diclorodifeniltricloroetano) nas lavouras dos Estados Unidos e sua toxicidade nas pessoas e seres vivos (DIAS, 2007; KLUCZKIVSKI, 2015). 10 O livro foi amplamente divulgado e auxiliou no fortalecimento do movimento ambientalista e na realização de conferências internacionais. A criação do Clube de Roma, em 1968, e a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo (Suécia), em 1972, foram as primeiras manifestações sociais e organizadas a discutirem sobre a economia, a sociedade e o meio ambiente. Em Estocolmo, participaram mais de 100 países, onde criou-se o Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA) (DIAS, 2007), que tem como objetivos principais: Manter o estado do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas para melhorar a qualidade de vida da população sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações futuras. (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2019, [s.p.]) Os objetivos do PNUMA são premissas que são discutidas de tempos em tempos durante as conferências mundiais do clima com os líderes de cada país participante. Tem a finalidade de debater a influência da ação humana na degradação ambiental, e destacando que nossas ações podem influenciar na nossa sobrevivência. Outro evento importante foi a publicação do Relatório de Brundtland em 1987, que conceituou o termo sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável consiste naquele que visa atender as necessidades básicas e proporcionar recursos naturais para a população atual e gerações futuras, de forma justa e igualitária (MILLER; SPOOLMAN, 2015). A sustentabilidade geralmente é representada em forma de tripé, em que enfoca a integração entre a área social, econômica e ambiental. Um marco muito importante dentro do histórico do movimento ambientalista, ocorreu em 1992. Denominada de Eco-92 ou Rio- 92, a Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi realizada no Rio de Janeiro (RJ) e teve a participação 11 de 170 países. Nessa conferência, foram discutidas formas de agir local e globalmente, a fim de reduzir a degradação ambiental e proporcionar a conservação ambiental, bem como foi estabelecido um compromisso para seguir as premissas do desenvolvimento sustentável e implementação da Agenda 21 (DIAS, 2007). Nessa reunião, ficou acordado um encontro entre os países de tempos em tempos, conhecido como Rio+5, Rio+10 e Rio+20, como forma de examinar as metas alcançadas e os avanços em prol do meio ambiente que foram estabelecidos inicialmente na Rio-92. As conferências internacionais sobre o meio ambiente são importantes para unir os líderes mundiais, bem como possibilitar a participação de cientistas, ativistas e mídias para discutir o rumo da economia e a preservação ambiental. 2. Poluição ambiental A poluição é considerada qualquer alteração nas características físicas, químicas e/ou biológicas nos compartimentos ambientais, seja na água, no solo e no ar, e que causem ou possam causar efeitos para saúde, sobrevivência e as atividades dos seres vivos (BRAGA et al., 2007). É importante, nesse momento, destacar a diferença entre contaminação e poluição. O primeiro representa somente o aumento das concentrações das substâncias químicas no ambiente, enquanto que a poluição são os efeitos decorrentes desse aumento nos seres vivos. A degradação ambiental pode ocorrer em virtude da ação humana ou por forças naturais, e, assim, gerar poluentes e esses virem a causar um impacto ambiental. O homem, no seu dia a dia, pode gerar diferentes tipos de poluentes em suas atividades, por exemplo, na agricultura tem- se o uso de agrotóxicos, que podem ser carreados pelas águas pluviais 12 e, assim atingir corpos hídricos e lençol freático, e até mesmo volatilizar e atingir a atmosfera (KLUCZKIVSKI, 2015). O ciclo da poluição pode ser dividido em três etapas principais, que contemplam a emissão do poluente de uma fonte, seja ela fixa ou móvel, seguido da dispersão, difusão e/ou reações químicas dessas substâncias, e, por fim, o local de imissão, onde o poluente irá causar impactos ambientais. É importante destacar que muitas vezes o poluente pode agir em outras regiões. Os poluentes podem ser classificados em físicos, químicos e biológicos. Os poluentes físicos podem ser o calor, ruído, vibração e a radiação de qualquer natureza. Os poluentes químicos são quaisquer substâncias químicas (ex.: cádmio ou gasolina) existentes. Por fim, os poluentes biológicos são organismos patogênicos (ex.: bactérias, fungos, protozoários e vírus). Os poluentes também podem ser classificados em primários ou secundários. Os poluentes primários são aqueles emitidos diretamente da fonte para o meio, enquanto que os secundários são os poluentes primários que são emitidos e sofrem reações químicas com outros componentes presentes no meio (MILLER; SPOOLMAN, 2015). E por último, existe a classificação de acordo com o grau de conservação dos poluentes: poluentes conservativos e não-conservativos. Os poluentes conservativos são aqueles definidos como compostos que não são degradados facilmente, são persistentes no ambiente e podem sofrer bioacumulação, por exemplo, agrotóxicos, metais pesados e dioxinas. Enquanto os poluentes não-conservativos sofrem degradação biológica e são facilmente dissipáveis, tendo como exemplos, o esgoto doméstico e os coliformes fecais (KLUCZKIVSKI, 2015). 13 As fontes de poluição podem ser classificadas de diferentes formas, entre elas as fontes naturais e antrópicas, fontes pontuais ou fixas, não- pontuais ou difusas; acidentais e sistemáticas. As fontes naturais liberam poluentes diretamente da natureza, como pólen e erupções vulcânicas, enquanto que as fontes antrópicas podem ser advindas das indústrias, agricultura, de motores de combustão, entre outros. A fonte pontual é definida como: fonte “única e identificável”, ou seja, que descarta poluentes em um ponto específico do ambiente,sendo facilmente observáveis e com possibilidades de controle – chaminés de diferentes indústrias. Por outro lado, a fonte não-pontual é uma fonte de “área ampla e difusa”, os poluentes são difundidos no ambiente e a identificação do ponto de origem é difícil – como o escoamento de agroquímicos dos campos agrícolas para águas superficiais e solo (MILLER; SPOOLMAN, 2015, p. 12). Fontes acidentais são consideradas casualidades ou fenômenos da natureza, por exemplo, tsunamis e furacões (ex.: tsunami da Indonésia em 2004). As fontes sistemáticas são fenômenos que ocorrem de tempos em tempos, e podem ser exemplificadas pelas queimadas nas florestas nas épocas quentes e secas ou pelas tempestades tropicais (KLUCZKIVSKI, 2015). É importante salientar que qualquer substância química pode ser poluente e se tornar tóxica, tudo depende da dose e do tempo de exposição ao qual os seres vivos forem submetidos (MILLER; SPOOLMAN, 2015). Você sabe quais tipos de poluição existem? 2.1 Poluição da água A água é um recurso extremamente importante para sobrevivência dos seres vivos e para a produção de diferentes produtos em nossa 14 sociedade. Apresenta múltiplos usos, como para o abastecimento, irrigação, navegação, geração de energia e recreação, entre muitos outros. O maior problema é a má gestão dos recursos hídricos, principalmente da água doce (que representa somente 2,5% de toda água do planeta), que acaba sendo amplamente utilizada, desperdiçada e contaminada diariamente. A diminuição da qualidade da água reflete diretamente na fauna aquática e, consequentemente, na extinção de espécies mais suscetíveis aos poluentes. Ademais, pode desencadear um aumento de determinadas doenças, como verminoses e protozooses (MILLER; SPOOLMAN, 2015). A poluição da água é definida por qualquer alteração nas suas características, em virtude da ação natural ou antrópica, que irá alterar os parâmetros de qualidade e potencialmente desencadear impactos ambientais. Os poluentes dos corpos hídricos vão ter efeitos diferentes devido à sua toxicidade, concentração e natureza (BRAGA et al., 2007). Os principais poluentes desse compartimento são os poluentes orgânicos biodegradáveis e recalcitrantes, os metais, o excesso de nutrientes, organismos biológicos e/ou patogênicos, sólidos em suspensão, calor e radioatividade (BRAGA et al., 2007). Sendo que, as principais fontes de contaminação hídrica são o escoamento de resíduos agrícolas e urbanos, e o descarte de esgoto doméstico e industrial. 2.3 Poluição do ar O ar está abundantemente disponível para os seres vivos, então tem- se a impressão que ele nunca irá esgotar. Entretanto, a poluição do ar existe e pode não ser perceptível, visto que muitas vezes não possui odor ou coloração. A poluição do ar pode ser definida como lançamento no ambiente de substâncias gasosas (gases, vapores e materiais 15 particulados) em concentrações capazes de desencadear danos à biodiversidade. A poluição atmosférica tem diversas fontes emissoras de poluentes. Pode-se dizer que as indústrias, a agropecuária, a degradação e incineração de resíduos, os veículos, as queimadas e a geração de energia elétrica colaboram para a emissão de gases, vapores e materiais particulados (DERISIO, 2012; KLUCZKIVSKI, 2015). Gases, como o monóxido e o dióxido de carbono (COx), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos enxofre (SOx), gases halogenados (HF), compostos orgânicos, oxidantes fotoquímicos (O3), material particulado (MP) e metais, são emitidos diariamente e desencadeiam diferentes tipos de efeitos nos seres vivos e na própria saúde humana (KLUCZKIVSKI, 2015). 2.2 Poluição do solo O solo é a formação natural que compõe a terra e representa ¾ do planeta Terra. Por meio do seu uso e ocupação, os indivíduos estabelecem suas moradias e cidades, cultivam seus alimentos, extraem a matéria-prima para os produtos e descartam seus resíduos. A poluição do solo pode ser dividida em decorrência de atividades rurais e urbanas. Os poluentes rurais são principalmente os agrotóxicos e fertilizantes utilizados nas plantações, além da salinização do solo que é prejudicial à flora. Enquanto que no ambiente urbano os principais poluentes são os resíduos sólidos (lixo), que são descartados diariamente dos diferentes estabelecimentos ou empreendimentos (BRAGA et al., 2007). Os resíduos sólidos são classificados em Classe I – resíduos perigosos (apresentam inflamabilidade, corrosividade, reatividade, patogenicidade e toxicidade). Exemplo: óleos lubrificantes, resíduos químicos, tintas e 16 solventes; Classe II A – resíduos não inertes (não se enquadram nas outras classes), como materiais orgânicos e recicláveis; e Classe II B – resíduos inertes (não solubilizam), como entulhos da construção civil e ferragens de automóveis (DERISIO, 2012; KLUCZKIVSKI, 2015). Além dos resíduos sólidos urbanos e industriais, existem os resíduos de serviços de saúde (RSS), de hospitais e clínicas, e subdivididos em cinco categorias (A, B, C, D e E); os resíduos de construção civil (RCC), como tijolos, telhas e entulhos gerais, e divididos em quatro categorias (A, B, C e D). Por fim, resíduos radioativos que são gerados de usinas de energia nuclear e de tratamentos médicos. A falta de gerenciamento adequado dos resíduos sólidos, desde seu acondicionamento, coleta, transporte e disposição final acarreta na degradação ambiental. A presença de lixões nos centros urbanos é outro fator preponderante para a continuidade da contaminação e poluição nos ecossistemas. 2.4 Poluição térmica, sonora e visual Existem ainda alguns outros tipos de poluição, como a térmica, sonora e visual. A poluição térmica é pouco discutida e consiste no aumento ou diminuição brusca da temperatura em algum ecossistema, geralmente os sistemas aquáticos, em virtude do descarte de água aquecida do processo de refrigeração industrial ou caldeiras, causando efeitos sobre a biodiversidade (KLUCZKIVSKI, 2015). A poluição sonora consiste na emissão de sons, ruídos e vibrações em intensidades que gerem desconforto ou são agressivas ao aparelho auditivo humano ou à fauna local. Por exemplo, os barulhos emitidos por máquinas e atividades durante o processo produtivo são nocivos, por isso a necessidade de utilização de EPIs (equipamentos de proteção individual) para trabalhadores em lugares com diferentes 17 emissões acústicas (KLUCZKIVSKI, 2015). Outro exemplo, seria o somatório de barulhos em uma via movimentada, como de veículos automotores, dos pedestres, comerciantes; esses sons se misturam e causam um desconforto acústico. A poluição visual pode ser considerada a de menor importância dentre as poluições ambientais, essa é comum nos grandes centros urbanos ou em grandes campanhas midiáticas (KLUCZKIVSKI, 2015). Lembre-se das campanhas eleitorais tempos atrás, que utilizavam diferentes formas de transmitir o slogan e o número eleitoral, com banners, outdoors, panfletos e muros pintados. Tudo isso foi proibido em virtude da poluição visual e legislação eleitoral. 3. Principais poluentes Os poluentes estão correlacionados à quantidade, concentração, forma de exposição e mecanismo de ação. Existem diversos poluentes que são gerados diariamente nas atividades humanas, e que podem ser encontrados na água, solo e ar. Os grandes centros urbanos geram enormes quantidades de poluentes, dos mais variados tipos. Você sabe quanto gera de resíduo por dia? Você sabe quantos gases do efeito estufa você emite na sua rotina? Saberia dizer se na sua cidade existe coleta e tratamento de água e esgoto? Sim, parecem perguntas simples, mas ainda existem muitas cidades brasileiras que apresentam defasagens de infraestrutura básica, não contando com os serviços de saneamento básico. Por outro lado, somente pelo funcionamento diário das indústrias e das aglomerações humanas, as cidades acabam gerando emissões diárias e contaminando uma grande parcela do seu território. 18 Os veículosautomotores e processos de combustão liberam monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), compostos orgânicos voláteis (COVs) e material particulado. Destaca-se que motores a diesel (veículos pesados) liberam quantidades muito maiores de NOx e material particulado, do que os veículos leves (DERISIO, 2012). O descarte inadequado de resíduos colabora para contaminação do solo e dos lençóis freáticos. Os lixões, ainda existentes no país, não fazem nenhum tipo de tratamento, e geram chorume e gases (ex.: CO, NH3, CH4 e COVs) no processo de decomposição da matéria orgânica. Além de atraírem pragas urbanas e agentes patogênicos que causam risco à saúde pública, fora a poluição visual e o odor. Os resíduos eletrônicos oriundos de celulares e computadores, bem como resíduos perigosos, a exemplo do descarte de pilha e baterias, insere metais no ambiente, os quais são tóxicos aos seres vivos e demandam cuidados (BRAGA et al., 2007). O despejo de esgotos in natura (seja de origem doméstica ou industrial) em corpos hídricos, altera completamente os parâmetros de qualidade da água superficial, e indiretamente da água subterrânea e solo. Este possui muita matéria orgânica que proporciona a proliferação de algas e a escassez de oxigênio no corpo hídrico (MILLER; SPOOLMAN, 2015). A agricultura utiliza grandes quantidades de agrotóxicos e fertilizantes, que inserem quantidades extras de nitrogênio, potássio e fósforo no meio, contribuindo para a alteração do padrão do solo e favorecendo a superfertilização (BRAGA et al., 2007). Cabe ressaltar que materiais particulados e bifenilas policloradas (PCBs) também são liberadas pela agricultura nos mais diversos compartimentos (KLUCZKIVSKI, 2015). 19 A mineração e a extração de minérios pelas indústrias, acabam descartando no ambiente grandes quantidades de metais, como chumbo, zinco, cádmio, entre outros. O vazamento das barragens de minérios no Brasil (Mariana e Brumadinho, ambas em MG), foram considerados os maiores crimes ambientais que ocorreram em nosso território (MILLER; SPOOLMAN, 2015). As indústrias de diferentes segmentos, por sua vez, também colaboram para a poluição do meio, devido ao uso e descarte de plásticos, detergentes sintéticos, fármacos, produtos têxteis, papel e celulose, entre outros produzidos e utilizados diariamente em nossa sociedade. Kluczkivski (2015) e Derisio (2012), relatam em suas obras que as indústrias de papel e celulose liberam grandes quantidades de enxofre, além de dioxinas e materiais particulados. A poluição nos mares também é verificada, principalmente em virtude do vazamento de petrolíferas e do descarte de esgoto em cidades litorâneas, que acabam dificultando o processo fotossintético, a oxigenação da água e causando a mortandade da fauna marinha (KLUCZKIVSKI, 2015). O vazamento de óleo no litoral do Nordeste brasileiro em 2019, foi considerado sem precedentes, afetando paisagens naturais muito bem preservadas e impactando recifes de corais e a biodiversidade aquática. A poluição ocasionada pela energia nuclear é considerada uma das mais preocupantes, em virtude da alta toxicidade que materiais radioativos representam para as espécies. Ademais, as usinas nucleares, baterias e reatores radioativos, podem liberar poluentes radioativos como plutônio, césio, urânio e estrôncio (KLUCZKIVSKI, 2015). O descarte desses resíduos precisa ser cuidadoso e correto, para evitar potenciais acidentes, como o já ocorrido em Goiânia em 1987, com o Césio-137. 20 Enfim, existem várias fontes de poluição e poluentes, ao atingirem os compartimentos ambientais e entrarem em contato com os seres vivos podem desencadear efeitos agudos e crônicos. Referências Bibliográficas BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo Pearson, 2007. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 de fevereiro de 1986, p. 2548-2549. BRASIL. Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 de setembro de 1981, p. 16509. DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. atual. São Paulo: Oficina de Texto, 2012. LAMIM-GUEDES, V. Pegada ecológica: consumo de recursos naturais e meio ambiente. Educação Ambiental em ação, v. 38, 2018. Disponível em: http://www. revistaea.org/artigo.php?idartigo=1168. Acesso em: 16 dez. 2019. KLUCZKIVSKI, A. M. R. G. Introdução ao estudo da poluição dos ecossistemas. 1. ed. Curitiba: InterSaberes, 2015. DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MILLER, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ciência Ambiental. 14. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1168 http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1168 21 Classificação e parâmetros de qualidade ambiental Autor: Cristiane Ronchi de Oliveira Leitor crítico: Ana Beatriz Ulhoa Cobalchini Objetivos • Compreender a classificação e os parâmetros de qualidade ambiental à nível nacional. • Conhecer sobre os efeitos da poluição na água, ar e solo na espécie humana e biodiversidade. • Atentar para importância do monitoramento ambiental. 22 1. Efeitos e danos ambientais As poluições do ar, hídrica e terrestre são consideradas as principais formas de poluição. Estes compartimentos podem ter sua qualidade alterada em virtude de diferentes atividades, o que acaba desencadeando efeitos nos seres vivos. A poluição pode gerar efeitos pontuais, regionais e globais; os primeiros são facilmente observáveis em regiões urbanas. Além disso, ela pode atingir municípios vizinhos ou até mesmo longas distâncias, e, assim, acarretar em conflitos intermunicipais, inter-regionais e internacionais. Os conflitos intermunicipais podem ser oriundos da cobrança e uso da água por uma indústria, enquanto que os internacionais podem ser da poluição atmosférica entre países fronteiriços. Os efeitos globais, por sua vez, são mais amplamente discutidos na atualidade, principalmente, os desencadeados pela poluição atmosférica. O efeito estufa e o aquecimento global têm influenciado as discussões sobre mudanças climáticas de forma recorrente e permanente, e, com isso, várias conferências e acordos sobre o clima tem ocorrido, a fim de possibilitar uma melhoria para população global (BRAGA et al., 2007). Reflita! Quais as principais fontes poluidoras da água? E do compartimento terrestre? E do ar? Quais são os efeitos dessa poluição? Por que devemos nos preocupar? 1.1 Poluição da água A poluição da água pode se apresentar de diversas maneiras e tipologias, são elas: a natural, a industrial, a urbana e a agropecuária (Quadro 1). O maior problema é que os corpos hídricos podem ser atingidos por uma variedade de poluentes, sendo necessário que tanto os setores privados quanto o Poder Público realizem o monitoramento 23 periódico dos parâmetros de qualidade dos rios, lagos e afluentes. Tais monitoramentos devem ser realizados de forma constante. Quadro 1 – Fontes de poluição de corpos hídricos Fontes Causas e poluentes Danos e efeitos Poluição natural Matéria orgânica diversa; erosão; assoreamento; escoamento superficial. Eutrofização e toxicidade, alteração dos parâmetros de qualidade, turbidez, sólidos e pH. Poluição industrial Efluentes e despejos de poluentes industriais diversos. Ex.: poluentes liberados por indústria de papel e celulose; químicas; farmacêuticas, têxteis etc. Alteração da cor, sabor, odor e propriedades da água; aumento da temperatura; dureza; corrosão das tubulações, compostos químicos, DBO e DQO, e efeitos nabiodiversidade. Poluição urbana Despejo de esgoto doméstico com água oriunda de preparo de alimentos, limpeza e higiene. Microrganismos e doenças; alteração da cor, sabor, odor e propriedades da água; eutrofização; DBO; formação de espumas; corrosão da tubulação e efeitos na biodiversidade. Poluição agropecuária Despejo e drenagem de poluentes agropecuários. Ex.: água de lavagens, agrotóxicos, fertilizantes, fezes e esterco. Toxicidade e doenças; alterações na cor, sabor, odor e propriedades da água; efeitos na biodiversidade e eutrofização. Fonte: adaptada de Derisio (2012). A poluição hídrica acaba desencadeando outras consequências, como o problema de escassez de água doce, prejudicando o abastecimento público, a irrigação, a recreação, além de possibilitar a transmissão de 24 doenças pela água devido à falta ou precariedade do saneamento básico (BRAGA et al., 2007). Os poluentes no meio aquático acabam sofrendo ação de mecanismos físicos, químicos e biológicos no meio, que alteram suas propriedades e comportamento no meio, conforme elencado por Braga et al. (2007): a. Mecanismos físicos: I) Diluição do poluente no meio aquático, o que reduz sua concentração; II) Ação hidrodinâmica, devido ao fluxo de água que transporta o poluente a outras localidades, e, consequentemente, o dissolve e o dispersa; III) Gravidade, que influencia na sedimentação dos poluentes em suspensão; IV) Luz, importante para realização do processo fotossintéticos e presença de oxigênio na água; V) Temperatura, em que a sua alteração influencia a solubilidade de gases e a cinética química. b. Mecanismos químicos: reações químicas que ocorrem entre substâncias naturais e antrópicas no meio aquático, sendo essas afetadas pelas propriedades da água, radiação solar, catalisadoras, entre outros. c. Mecanismos biológicos: presença de microrganismos e seres vivos no meio aquático, que podem alterar a qualidade da água devido ao excesso ou escassez de oxigênio e matéria orgânica, a alteração do pH, a presença de fitoplâncton normal ou anormal (eutrofização). A eutrofização ocorre quando existe um excesso de nutrientes nitrogenados e fosfatados na água, advindos do esgoto, fertilizantes ou matéria orgânica morta. Em razão da inclusão desses compostos nos ambientes aquáticos, as algas irão proliferar, ocupar a superfície da água, e, assim impedir a entrada de luz, reduzir a quantidade de oxigênio e causar a morte da fauna, aumentando a quantidade de matéria orgânica e até entupindo sistemas de filtragem, tubulações e comportas (BRAGA et al., 2007). 25 A poluição do mar por despejo de esgoto, derramamento de petróleo, descarte de resíduos sólidos ainda é comum, o que acaba interferindo no funcionamento do ecossistema marinho e reduzindo sua qualidade. Os ecossistemas marinhos, neste caso, têm sofrido diversos impactos, tais como: aumento de partículas da erosão do solo, aquecimento das águas, extinção de corais e branqueamento, danos provocados da pesca e mergulho, poluição com resíduos etc. O vazamento de petróleo (maré negra) é outra causa que impede a oxigenação da água e acarreta na mortandade de espécimes. 1.2 Poluição do ar A poluição do ar é o tipo de poluição mais preocupante e precisa de atenção urgente dos países. Esta pode ser vista como um problema local ou global. O primeiro, reflete problemas pontuais, enquanto o segundo exige uma ação à nível mundial para enfrentá-lo (BRAGA et al., 2007). A contaminação do ar, pode ocorrer principalmente da queima de combustíveis fósseis. Existem ainda outras causas dessa poluição, tais como os incêndios florestais, desmatamentos, gases liberados das chaminés industriais ou dos automóveis, incineração de lixo e cozimento de alimentos à lenha. De modo geral, as fontes de poluição deste tipo podem ser classificadas em fontes poluidoras fixas, por exemplo, as indústrias e as móveis, como os automóveis. Podem, ainda, ser classificadas as fontes de poluição do ar em poluentes primários, os quais são liberados diretamente da fonte, e secundários, que sofrem reações químicas na atmosfera gerando novos compostos. A poluição do ar pode causar efeitos agudos e crônicos, mortalidade, menor tempo de vida, alterações nos sistemas fisiológicos etc. Com relação aos materiais e patrimônio, pode causar abrasão, descoloração, deposição e corrosão. Na atmosfera, o excesso de poluentes gasosos pode prejudicar a visibilidade, além de reduzir a quantidade de radiação 26 absorvida, que prejudica a fisiologia da planta e reduz seu crescimento produtividade e florada (DERISIO, 2012). Cabe, ainda, ressaltar que os efeitos da poluição atmosférica são considerados silenciosos, e a exposição aguda ou crônica pode acarretar em acúmulo dos poluentes nos pulmões e, assim, causar doenças como asma, câncer de pulmão, ataque cardíaco e derrames (MILLER; SPOOLMAN, 2015). Em relação às doenças menos críticas, porém mais comuns, a elevação da concentração de poluentes nas cidades causa um aumento doenças respiratórias, como asma, rinite, bronquite etc. Os problemas da poluição do ar podem ser classificados em escala global ou local. Os problemas em escala local são inversão térmica, ilhas de calor, smog1 fotoquímico e industrial (BRAGA et al., 2007). Na inversão térmica ocorre a inversão das camadas de ar, na qual o ar frio fica mais próximo ao solo, e, com isso, dificulta a dispersão de poluentes e diminui a temperatura local. Os centros urbanos geralmente são mais quentes, mais chuvosos, com névoas, e com maior concentração de poluentes do que as áreas rurais, em virtude das construções e atividades industriais. Ilhas de calor é a definição dada para ao aumento de temperatura observado nas cidades em relação ao campo. O smog fotoquímico geralmente ocorre em regiões ensolaradas e secas, com picos de poluição em dias quentes, em cidades populosas e com muitos automóveis, que liberam grandes quantidades de hidrocarbonetos, NOx e CO que reagem e formam poluentes como ozônio e uma névoa marrom-avermelhada na atmosfera (Ex.: São Paulo (SP)). Já o smog industrial geralmente ocorre em regiões frias e úmidas, com muitas indústrias e queima de combustíveis fósseis e com altas concentrações de SO2 e material particulado, os quais reagem e formam ácido sulfúrico e uma névoa acinzentada (Ex.: Londres (Inglaterra)) (BRAGA et al., 2007). Os poluentes gerados pelo smog industrial e 1 Smog, do inglês smoke que significa fumaça, e fog, neblina, formam a palavra smog. Assim, os poluentes atmos- féricos liberados por indústrias ou veículos, por exemplo, formam uma neblina característica do smog fotoquímico ou industrial (PENSAMENTO VERDE, 2014). 27 fotoquímico causam danos à saúde e estão relacionados à problemas respiratórios. No Quadro 2, estão evidenciados os problemas correlacionados à poluição atmosférica em escala global, como a destruição da camada de ozônio, a chuva ácida, o efeito estufa e o aquecimento global (BRAGA et al., 2007). Quadro 2 – Problemas ambientais correlacionadas a poluição do ar Problema ambiental Definição Danos e efeitos Destruição da camada de ozônio Camada de ozônio é um filtro natural para radiações UVs, porém, a liberação de CFC, óxidos de nitrogênio e CO2, acaba destruindo-a. Aumento de doenças de pele, respiratórias e nos olhos; impactos na produtividade agrícola e sobre os ecossistemas. Chuva ácida Aumento de elementos ácidos (óxidos de nitrogênio e enxofre) na atmosfera que alteram a acidez da chuva. Danifica estátuas, monumentos e carros; doenças respiratórias; aumento da acidez da água da chuva e inclusão de poluentes nos ecossistemas. Efeito estufa Fenômeno natural que mantém a temperatura do planeta, porém, a liberação de GEEs (ex.: CO2, CH4 e N2O), contribui para o maior aumento da temperatura. Aquecimento global e alterações climáticas. Aquecimento global Aumento da temperatura média global em decorrência do efeitoestufa, aumento da emissão de gases do efeito estufa, principalmente o CO2 Causa problemas à saúde dos seres vivos e à manutenção dos ecossistemas; degelo das calotas polares, aumento do nível do mar, impactos na agricultura. Fonte: elaborada pelo autor. 28 Esses problemas ambientais globais ou locais fazem parte da nossa realidade e demandam que medidas sejam incorporadas na gestão das cidades, para que seus danos e efeitos sejam reduzidos. 1.3 Poluição do solo A poluição do solo acaba interferindo direta ou indiretamente na poluição da água e do ar. A industrialização, a urbanização, a pecuária e a agricultura são fatores que causam consequências diretas no solo e na biodiversidade. Esses fatores causam a uso excessivo do solo, perda e fragmentação de hábitats, ocupações irregulares, desertificação, erosão, desmatamento e redução da vegetação nativa, impermeabilização do solo acarretando em menor infiltração de água, inundações e temperaturas mais elevadas, infertilidade e salinização do solo que prejudica a agricultura, contaminação do solo, água e ar que acarreta em danos ambientais e efeitos para biodiversidade (MILLER; SPOOLMAN, 2015). A utilização de agrotóxicos e fertilizantes na agricultura, pode contaminar as águas subterrâneas mediante a lixiviação presente no solo e águas superficiais por escoamento, enquanto que os fertilizantes podem alterar os parâmetros do solo. Por fim, os poluentes, ao atingirem a água, podem aumentar a quantidade de nutrientes e favorecer a eutrofização dos corpos hídricos (BRAGA et al., 2007; MILLER; SPOOLMAN, 2015). Os resíduos sólidos urbanos e industriais e seus subprodutos geram efeitos adversos no meio ambiente. A degradação química dos compostos orgânicos dos resíduos irá gerar subprodutos, como o chorume, um líquido oriundo da decomposição dos resíduos que pode ser lixiviado, e contaminar os lençóis freáticos. Aliado a isso, os resíduos e despejos industriais (ex.: lodo) podem inibir a vegetação e causar toxicidade mediante a sua composição (DERISIO, 2012). Os resíduos eletrônicos são um problema crescente nos últimos anos, pois o descarte deles em lixões e aterros acaba liberando materiais 29 tóxicos no meio, como metais pesados. Neste contexto, percebe-se a necessidade de empresas que reciclem e reaproveitem a matéria-prima desses materiais, como alumínio, cobre, prata ou plásticos (MILLER; SPOOLMAN, 2015). Por fim, um problema comum do solo é a “erosão, a qual é causada pela ação das águas e do vento e, a consequente remoção das partículas do solo” (DERISIO, 2012, p. 166). Isso causa riscos para as construções próximas, remoção da camada superficial, e ainda a remoção dos nutrientes do solo. Por fim, provocam o assoreamento dos rios (DERISIO, 2012). 2. Classificação e parâmetros de qualidade O estabelecimento de parâmetros de qualidade nos compartimentos ambientais é necessário para que os ecossistemas e os recursos naturais sejam preservados. A padronização de indicadores e índices pela legislação nacional é importante para gerir o funcionamento e manter a qualidade. 2.1 Parâmetros de qualidade da água A qualidade da água precisa ser verificada para que se tenham dados de monitoramento e vigilância, e assim sirvam de comparativo para órgãos de controle ambiental e saúde pública. A qualidade da água é caracterizada a partir de indicadores físicos, químicos e biológicos, e isso é feito a partir de amostras de água coletada de diferentes pontos e analisadas por técnicas específicas e padronizadas. Os indicadores físicos são cor, turbidez, sabor e odor. A cor está correlacionada às substancias em solução, enquanto a turbidez é relacionada à presença de materiais em suspensão. Sabor e odor na água são devido à presença de poluentes ou outras substâncias (BRAGA et al., 2007). 30 Os indicadores químicos são o potencial hidrogeniônico (pH), salinidade, dureza, alcalinidade, corrosividade, demanda bioquímica (DBO) e química de oxigênio (DQO), oxigênio dissolvido (OD), metais como ferro e cádmio, agrotóxicos, nutrientes (BRAGA et al., 2007; DERISIO, 2012). Os indicadores biológicos são algas e microrganismos patogênicos. O crescimento excessivo de algas acarreta em problemas ambientais, como a eutrofização e a maré vermelha. A presença de microrganismos patogênicos ocorre principalmente devido ao despejo de esgotos. Dessa forma, a análise de coliformes fecais visa identificar a presença de material fecal com bactérias, como a Escherichia coli. No entanto, vermes, protozoários e vírus também são microrganismos patogênicos, e muitas vezes são mais resistentes que as bactérias, e necessitam de tratamentos especiais (BRAGA et al., 2007). O índice de qualidade da água (IQA) é calculado a partir de um conjunto de indicadores específicos como coliformes fecais, pH, DBO, temperatura, fosfato total, nitrogênio total, turbidez, resíduo total e oxigênio dissolvido. O valor do IQA fica entre 0 a 100 e indica a qualidade da água de um corpo hídrico (Quadro 3) Quadro 3 – Classificação do Índice de qualidade da água (IQA) Categoria Ponderação Ótima 79 < IQA ≤ 100 Boa 51 < IQA ≤ 79 Regular 36 < IQA ≤ 51 Ruim 19 < IQA ≤ 36 Péssima IQA ≤ 19 Fonte: CETESB (2017, p. 4). 31 A partir dessa classificação, é possível inferir a utilização da água para abastecimento público e/ou definir potenciais medidas a serem implementadas. No âmbito da água, é importante salientar a existência da Lei n. 9.433/1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, que tem como objetivos o gerenciamento adequado e integrado das águas, a oferta de água para população, implementação de medidas de prevenção e preservação dos recursos hídricos, além de criar o SINGREH (Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos) (BRASIL, 1997, Lei n. 9.433). Por fim, a Resolução CONAMA nº 357/2005, alterada pela Res. nº 370/2006, 397/2088, 410/2009 e 430/2011, e complementada pela Res. nº 393/2007, “dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências” (BRASIL, 2005, res. 357). Essa resolução é utilizada em todo o território nacional para aferir os parâmetros de qualidade hídrica em diferentes localidades. 2.2 Parâmetros de qualidade do ar A qualidade do ar deve ser monitorada a fim de conhecer e comparar esses dados, verificar potenciais efeitos nos seres vivos, bem como respeitar os limites de concentração permitidos por lei ou implementar medidas mitigadoras, de controle e emergencial (DERISIO, 2012). A qualidade do ar é verificada a partir da medição de poluentes específicos, que podem ser divididos em material particulado - MP10 ou MP2,5 (sólido ou líquido), e gases e vapores, como CO (monóxido de carbono), NOx (óxidos de nitrogênio), SOx (óxidos de enxofre), O3 (ozônio), podendo também ser medidos compostos orgânicos como os HC (hidrocarbonetos), compostos halogenados e metais pesados. 32 O índice de qualidade do ar (IQAr) “relaciona as concentrações dos poluentes monitorados aos possíveis efeitos adversos à saúde” (BRASIL, 2018, Res. 491). O índice determina um valor de 0 a 400 ou mais (Quadro 4) que indica a classificação da qualidade do ar em uma região. Quadro 4 – Classificação do Índice de qualidade do ar (IQAr) IQA Qualidade do ar 0-50 Boa 51-100 Aceitável 101-199 Inadequada 200-299 Má 300-399 Péssima Maior que 400 Crítica Fonte: Braga et al. (2007, p. 190). Caso os valores de monitoramento de uma estação determinem uma classificação de má à crítica, medidas de controle e prevenção para o bem- estar, a saúde e qualidade de vida devem ser implementadas. É importante destacar que os padrões meteorológicos irão influenciar diretamente a diluição dos poluentes, por isso que no inverno a qualidade do ar é ruim (DERISIO, 2012). A Resolução CONAMA nº 491/2018 “dispõe sobre padrões de qualidade doar” e revoga a Res. nº 03/1990, utilizada anteriormente (BRASIL, 2018, Res 491). Outras resoluções importantes são a Resolução CONAMA nº 018/1986, que apresenta a criação do PROCONVE (Programa de Controle de Poluição 33 do Ar por Veículos) (BRASIL, 1986), e a Res. nº 005/1989 que aborda sobre o PRONAR (Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar) (BRASIL, 1989). 2.3 Parâmetros de qualidade do solo A qualidade do solo é avaliada a partir de indicadores e valores orientadores estabelecidos na legislação, a fim de verificar a presença de poluentes e alterações no solo e água subterrânea, e estabelecer medidas corretivas e diretrizes para o gerenciamento de áreas contaminadas e sua recuperação. A manutenção da qualidade do solo e importante para garantir sua utilização e funcionalidade, bem como para preservar e proteger as águas subterrâneas. Os indicadores da qualidade do solo podem ser classificados em: físicos (textura, estrutura, porosidade, condutividade etc.), biológicos (microrganismos e biodiversidade) e químicos (concentração de substâncias e nutrientes, sais, CTC, pH etc.) (GOMES; FILIZOLA, 2006). Valores orientadores de compostos inorgânicos (ex.: metais pesados), hidrocarbonetos aromáticos, benzenos, etanos e etenos clorados, fenóis clorados ou não, e pesticidas organoclorados são estabelecidos na legislação (BRASIL, 2009). A Resolução nº 420/2009 alterada pela Res. nº 460/2013 “dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e dá outras providências” (BRASIL, 2009). O valor referência da qualidade (VRQ) do solo, estabelece uma concentração considerada normal, a partir de dados de análises físico- químicas de amostras. Na legislação é indicado valores de prevenção (VP) e investigação (VI); o primeiro indica a “concentração de valor limite de determinada substância no solo, tal que ele seja capaz de sustentar as suas funções principais”, enquanto o segundo é a “concentração de determinada substância no solo ou na água subterrânea acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana” (BRASIL, 2009, Res. 420). 34 Destaca-se, ainda, que existe um valor de investigação determinado nessa resolução para água subterrânea. 3. Monitoramento ambiental O monitoramento ambiental avalia a qualidade ambiental a partir da coleta e análise de amostras em determinado tempo e espaço, com o objetivo de estimar potenciais poluentes no compartimento, e comparar sua concentração com valores considerados normais e/ou pré- estabelecidos pela legislação. As redes de monitoramento, podem ser utilizadas nos diferentes compartimentos ambientais. De modo geral, estas irão coletar as amostras, analisar em laboratório e armazenar os dados, para que, assim, exista um banco de dados e séries históricas que poderão ser consultadas e utilizadas na tomada de decisão (DERISIO, 2012). As redes de monitoramento, têm algumas etapas (Figura 1) a serem seguidas, conforme destacado por Derisio (2012): Figura 1 – Atividades desenvolvidas nas redes de monitoramento Definição da rede Coleta de amostras Análises em laboratório Processamento de dados Análise de dados Divulgação da informação Fonte: adaptada de Derisio (2012). Nos corpos hídricos é utilizado a delimitação de bacias hidrográficas, ou seja, área de drenagem de um corpo hídrico, sendo possível inferir suas características e interações. Na bacia hidrográfica, são selecionados pontos de coleta estratégicos e no conjunto formam uma rede de monitoramento que evidenciam as condições da região e as potencialidades de 35 melhoria, ou não, da qualidade da água ou para consumo da população (DERISIO, 2012). A qualidade do ar também pode ser aferida a partir de implementação de redes de monitoramento, mas, de modo geral, o número de estações de monitoramento, a frequência de amostragem, a determinação dos poluentes e os instrumentos de medição são preponderantes para verificar a qualidade do ar (DERISIO, 2012). As redes podem ser manuais a partir da utilização de amostradores passivos ou ativos, e, posteriores análises laboratoriais para verificação de dados; ou redes automáticas, que podem ser fixas (estações de monitoramento constantes) ou móveis (veículos e medições momentâneas), que armazenam as análises em banco de dados. Os poluentes e a frequência de medidas irão variar conforme o país e região, seguindo a legislação estabelecida para o local, podendo ser medida em tempos diferentes. O monitoramento do solo e de águas subterrâneas é algo que está aquém da nossa realidade, e muitos cientistas discutem a necessidade de programas de monitoramento e melhor gestão desses compartimentos, para que estes sejam preservados e possibilitem sua utilização futura. O monitoramento e manutenção da qualidade dos compartimentos ambientais é importante para preservação dos ecossistemas e saúde dos seres vivos. De modo geral, também e preciso manter-se atualizado sobre as potenciais alterações e novas legislações que podem ser estabelecidas pelo governo. Referências Bibliográficas BRAGA, B. et al. Introdução à engenharia ambiental o desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo Pearson, 2007. BRASIL. Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, 36 regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Diário oficial [da] União: República Federativa do Brasil, Brasília, DF, Seção 1, p. 470, 1997. BRASIL. Resolução CONAMA nº 18, de 06 de maio de 1986. Dispõe sobre a criação do Programa de Controle de Poluição do Ar por veículos automores–PROCONVE. Diário oficial [da] União, Seção 1, 17/06/1986, p.8792-8795. BRASIL. Resolução CONAMA nº 15, de 15 de junho de 1989. Dispõe sobre o Programa Nacional de Controle de Poluição do Ar – PRONAR. Diário oficial [da] União, Seção 1, 25/08/1989, p.14713-14714. BRASIL. Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário oficial [da] União, n. 53, 18/03/2005, p.58-63. BRASIL. Resolução CONAMA nº 420, de 28 de dezembro de 2009. Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Diário oficial [da] União, n. 249, 30/12/2009, p.81-84. BRASIL. Resolução CONAMA nº 491, de 19 de novembro de 2018. Dispõe sobre os padrões de qualidade do ar. Diário oficial [da] União, n. 223, 21/11/2018, p.155-156. DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. atual. São Paulo: Oficina de Texto, 2012. GOMES, M. A. F.; FILIZOLA, H. F. Indicadores físicos e químicos de qualidade de solo de interesse agrícola. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, p. 8, 2006. MILLER, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ciência Ambiental. 14. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. PENSAMENTO VERDE. Você sabe o que é smog? Pensamento Verde, 31 de janeiro de 2014. Disponível em: https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/ voce-smog/. Acesso em: 16 jan. 2020. 37 Medidas de controle e prevenção ambiental Autor: Cristiane Ronchi de Oliveira Leitor crítico: Ana Beatriz Ulhoa Cobalchini Objetivos • Compreender a importância da implementação de medidas de controle e prevenção da poluição. • Conhecer técnicas e medidas de controle e prevenção da poluição. • Propor projetos de prevenção e controle da poluição. 38 1. Acidentes ambientais Seja durante o processo produtivo de um bem de consumo, ou na extração de matéria-prima, no processamento, transporte,consumo e descarte de resíduos, pode ser gerado algum dano direto ou indireto no meio ambiente. Pois, durante essas etapas, pode ocorrer a emissão de poluentes gasosos, líquidos ou sólidos, que poderá acarretar em prejuízos econômicos, sociais e ambientais. Por outro lado, a poluição do ar, hídrica e terrestre e os impactos sobre os ecossistemas podem ocorrer por causas naturais. De modo geral, independentemente da potencial fonte de poluição, verifica-se a necessidade de medidas de monitoramento, controle e prevenção nas indústrias ou em outras atividades potencialmente poluidoras (ex.: agricultura, pecuária, queimadas etc). Tais medidas são importantes para verificar potenciais contaminações ou reduzir a quantidade de poluentes que serão liberados, ou até mesmo substituí-los por compostos menos poluentes. Você já ouviu falar de algum acidente ambiental? Talvez Chernobyl (Ucrânia, 1986), Mariana (Minas Gerais, 2015) ou Brumadinho (Minas Gerais, 2019)? Na história da humanidade, temos alguns relatos de acidentes ambientais ao redor do mundo. Os acidentes ambientais podem ocorrer em decorrência de desastres naturais, ou seja, causados por forças naturais (ex.: furacões, terremotos, maremotos) ou devido a erros e desastres humanos ou tecnológicos, causado pela ação ou falha humana (ex.: vazamento de petróleo nos mares, contaminação de recursos hídricos por esgoto ou águas residuárias). Na maioria das vezes, quando se fala em acidentes ambientais, estes são associados a desastres humanos. 39 No Quadro 1, estão evidenciados os principais acidentes ambientais que aconteceram nas últimas décadas ao redor do mundo. Quadro 1 – Principais acidentes ambientais no mundo. Acidentes Ambientais Causas e consequências 1956 – Minamata (Japão) Empresa eletroquímica da região despejou mercúrio nos corpos hídricos durante anos. Moradores foram contaminados a partir de ingestão de água e alimentos, e começaram a ter sintomas de envenenamento e convulsões, conhecido como Doença de Minamata. Este acidente causou a morte de pessoas, e vários bebês nasceram com deformações no corpo. 1976 – Seveso (Itália) Explosão em uma indústria química lançou no ar uma nuvem de dioxina (C12H4Cl4O2), que permaneceu sobre a cidade. Os ecossistemas foram impactados, e vários animais “apareceram mortos”, e posteriormente os homens começaram a manifestar feridas na pele, náuseas e visão turva. 1984 – Bhopal (Índia) Algumas toneladas de gases tóxicos, à base de cianeto, vazaram de uma indústria de agrotóxicos. Os ecossistemas foram impactados, e milhares de pessoas faleceram ou foram expostos aos gases, apresentando efeitos agudos ou crônicos como sintomas. 1986 – Chernobyl (Ucrânia) Um dos reatores da usina radioativa explodiu e desencadeou outras explosões, que causaram a liberação de elementos radioativos (ex.: Urânio e plutônio). Uma fumaça radioativa foi emitida e atingiu a região e outros países fronteiriços. O número de óbitos é incerto, mas centenas de pessoas adoeceram e ainda adoecem em virtude desses compostos (ex.: Câncer). 40 1987–Goiânia (Brasil) A população da região foi exposta ao material radioativo (Césio-137) de um aparelho radiológico, que foi encontrado em uma clínica abandonada. Várias pessoas foram contaminadas, e pelo menos quatro pessoas morreram, e algumas apresentaram efeitos tardios, fora a contaminação dos compartimentos ambientais. A população exposta passa por monitoramento até os dias atuais. 1989 – Alasca (EUA) O navio petroleiro Exxon Valdez colidiu com rochas na costa do Alasca e causou um derramamento de milhares de litros de petróleo. Esse vazamento contaminou quilômetros de praias e causou a morte de mais de cem mil aves e várias outras espécies marinhas. 2015 – Santos (Brasil) O incêndio na Ultracargo lançou no ambiente muitos litros de efluentes líquidos nos corpos hídricos e gases na atmosfera. As pessoas que moravam próximas, foram orientadas a sair de suas casas, e os parâmetros da qualidade da água foram alterados, causando a morte de vários peixes. 2015 – Mariana (Brasil) O rompimento das barragens do Fundão e de Santarém, da mineradora Samarco, destruiu tudo que estava na sua frente, como vegetação e vilarejos. Várias famílias ficaram desalojadas, 19 pessoas faleceram e ecossistemas foram intensamente alterados. A lama alcançou o Rio Doce, alterando sua qualidade e matando vários seres vivos. 41 2019 – Brumadinho (Brasil) O rompimento da barragem do Córrego do Feijão da mineradora Vale, destruiu tudo por onde passou, como pousadas, plantações, casas e ecossistemas. Causou a morte de mais de 200 pessoas, entre funcionários, moradores e turistas. Além de destruir unidades de preservação, contaminou o Rio Paraopeba e causou impactos sociais, econômicos e ambientais. Fonte: adaptado de Gonçalves (2017). Outros acidentes ocorreram, porém independentemente do local, estes apontados acima foram causados por negligência individual ou empresarial, ou por falhas humanas e mecânicas, o que acarreta em prejuízos econômicos, perdas de vida e impactos socioambientais. Para evitar esses acidentes e outros tipos de contaminações em nossos compartimentos ambientais, percebe-se a necessidade de projetos de monitoramento, fiscalização, controle e prevenção. A partir disso, aliado a outras atitudes, será possível preservar nossos ecossistemas e recursos naturais, bem como proporcionar bem-estar, saúde e qualidade de vida para população. Você sabe o que são medidas de controle e prevenção? Quais são as principais medidas? Por que devemos utilizá-las? Veremos nos tópicos a seguir. 2. Medidas de prevenção da poluição A política ambiental deve ser implementada durante a operação e gestão das empresas, e necessita ser adequada à realidade da organização e aos tipos de impactos ambientais que possam ser gerados por essa. 42 E importante destacar que a política ambiental deve ser proativa, com planejamento dos seus produtos e processos, com aplicação de métodos preventivos durante o processo, assim, reduzindo e evitando os potenciais impactos ambientais. Por outro lado, muitas empresas ainda adotam a política ambiental reativa, na qual as organizações irão aplicar medidas corretivas após a ocorrência de falhas, contaminações e acidentes, algo pouco producente para funcionamento e gestão das organizações. A premissa da política ambiental está embasada na melhoria contínua, que é o conjunto de técnicas implementadas pelas empresas, através de práticas organizacionais e planejamento, a fim de que seus produtos, processos e serviços sejam cada vez melhores e passem por revisões e análises de desempenho continuamente. Dessa forma, os produtos são planejados com enfoque ambiental, com medidas de controle e prevenção da poluição, reduzindo os impactos, respeitando os colaboradores e a legislação. O conceito prevenção da poluição, visa reduzir os potenciais impactos ambientais ou a poluição, em todo o ciclo de vida de um produto, desde o momento de extração de matéria-prima até o descarte de resíduos. Essa prática está correlacionada à redução da emissão de gases e efluentes, redução de descarte de resíduos, utilização de energias limpas, utilização de recursos renováveis, diminuição dos riscos à saúde humana e dos seres vivos, e o principal a preservação do meio ambiente (KLUCZKIVSKI, 2015). A Figura 1 elenca a hierarquia a ser adotada pelas empresas que seguem a política ambiental para prevenção e controle da poluição: 43 Figura 1 – Fluxograma da prevenção e controle da poluição Reduzir ou eliminar a fonte de poluição. Reduzir, reutilizar e reciclar a matéria-prima. Diminuir os potencias efeitos dos resíduos a partir de tratamentos específicos. Descarte adequado dos resíduos. Prevenção 3Rs Tratamento Disposição final Fonte: adaptada de KluczkivskI (2015; BRAGA et al., 2007). De acordo com Braga et al. (2007), no conceito de prevenção o objetivoé reduzir a poluição e os potenciais impactos, sempre buscando formas de promover a melhoria no processo produtivo e proteção dos recursos naturais. Ainda segundo os mesmos autores, os princípios básicos da prevenção da poluição são: a. Substituição de materiais e insumos: optar por recursos renováveis, fontes de energia limpa, com menor geração de poluentes, e produtos eficientes e de qualidade. b. Mudanças de procedimentos: buscar métodos mais eficientes, criar novas tecnologias e processos que protegem o meio ambiente, optar por materiais recicláveis no processo, produtos e embalagens etc. c. Melhorar a organização (Housekeeping): manter a empresa e todos os seus setores organizados, limpos e ambientalmente equilibrados, minimizar potenciais vazamentos e contaminações, e 44 implementar programas de contenção dos mesmos, além de adotar programas embasados na política ambiental preventiva. d. Programas educacionais: desenvolver e implementar programas de educação ambiental, a fim de garantir a conscientização dos funcionários, e possíveis mudanças de hábitos e costumes. Ao adotar programas de prevenção da poluição na gestão da sua organização, a empresa irá proteger a si mesma de potenciais infrações e autuações legais, além de reduzir os custos com tratamentos de potenciais contaminações, melhorar a imagem corporativa, angariar novos investidores e consumidores, e garantir à segurança dos seus colaboradores (BRAGA et al., 2007). Por outro lado, entre os desafios da implantação do programa de prevenção, cita-se: a cultura corporativa e as normas institucionais, a dificuldade para identificação de oportunidades, o custo de implementação, a falta de ferramentas e metodologias de avaliação, as externalidades ao processo, a falta de planejamento de longo prazo e os processos de tomada de decisão, e a expectativa dos consumidores (BRAGA et al., 2007). Portanto, a prevenção da poluição visa proteger não só o meio ambiente, como a saúde de todos seres vivos, reduzindo os potenciais efeitos tóxicos e tratamentos que poderiam ser desencadeados com a exposição aos poluentes. Além das questões de saúde, oferece novas oportunidades às empresas que visam inserir a política ambiental proativa em sua gestão e produção, angariando novos consumidores e investidores. Além do mais, é importante que o governo cobre e fiscalize as atividades econômicas ou potencialmente poluidoras, a fim de garantir a qualidade ambiental. Conforme Kluczkivski (2015), o governo, por sua vez, deve ser neutro e pensar em prol da preservação ambiental, não deixando interesses econômicos ou fiscais favorecerem suas decisões e imposições. 45 2.1 Medidas de controle Você sabe a diferença entre os termos “medidas de prevenção da poluição” e “medidas de controle da poluição”? As medidas de controle são executadas após a emissão de poluentes e, assim, medidas mitigadoras são aplicadas. Na prevenção, isso é feito anteriormente à emissão de poluentes, trazendo maiores vantagens para organização. Segundo Oliveira (2017), as medidas de controle da poluição consistem em “ações, processos e equipamentos que visam à mitigação e ao controle dos poluentes que são emitidos para o meio ambiente” (OLIVEIRA, 2017, p. 82). O padrão de qualidade a partir de legislações deve existir, bem como métodos de medição dos indicadores devem estar descritos, para que, assim, técnicas de controle possam ser aplicadas e atinjam os resultados desejados. Em um sistema de controle de poluição, é necessário que análises de amostras em escala temporal (ex.: semanal, mensal ou anual) ou sensores sejam utilizados, indicando a alteração e aplicando medidas mitigadoras, em caso de contaminação, de acordo com Derisio (2012). Mas quais são as medidas de controle e prevenção para água? Ar? Solo? Vamos aprender um pouco mais nos próximos itens. 3. Medidas de controle e prevenção 3.1 Medidas de controle e prevenção da qualidade da água Para aferir a qualidade da água é necessário conhecer o local e os potenciais causadores da degradação do corpo hídrico. Dessa forma, a partir da coleta de amostras verificam-se os parâmetros que possam 46 estar alterados, ou seja, acima dos níveis permitidos pela legislação ou normas técnicas aplicáveis, sendo possível inferir sobre a qualidade do uso da água ou não. Muitas vezes, a falta de conhecimento científico sobre as propriedades químicas da composição do efluente, seu modo de ação no meio ambiente e nos seres vivos, podem acarretar em demora na proposição de medidas de controle e prevenção e potencial degradação dos recursos naturais. Porém, é essencial a aplicação dessas medidas pelas organizações, mesmo sem conhecimento aprofundado, para, conforme Derisio (2012), evitar potenciais impactos ambientais e efeitos sobre a biodiversidade. Os órgãos de controle devem ser os responsáveis legais pela adoção de medidas administrativas adaptados à realidade e necessidade de cada região, a fim de manter a qualidade da água. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), irá instituir as normas legais e os critérios de qualidade dos corpos hídricos, além de ser um órgão fiscalizador, juntamente com o Instituto de Meio Ambiente (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes (ICMBio). Destaca-se que o IBAMA faz a fiscalização ambiental dos recursos naturais e aplica sanções e penalidades, enquanto que fica a critério do ICMBio a gestão e fiscalização das Unidades de Conservação e seus componentes. E, por fim, é importante destacar a Agência Nacional das Águas (ANA), responsável pela gestão dos recursos hídricos e promoção de seu uso e consumo sustentável, e os órgãos ambientais estaduais, como o Conselho Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) que exerce atividades de controle, fiscalização e monitoramento de fontes de poluição, além de garantir a qualidade dos recursos hídrico e auxiliar na recuperação de áreas contaminadas. O tratamento das águas residuárias (esgoto industrial) realizado a partir de processos físicos, químicos e biológicos, a fim de remover as substâncias indesejáveis e padronizar as características físico, químicas 47 e biológicas aos teores aceitáveis. No Quadro 2 estão evidenciados os processos e definições: Quadro 2 – Processos físicos, químicos e biológicos empregados no tratamento de águas residuárias Tratamento da água Definição Principais tipos de tratamentos Processos físicos Processos físicos para remover ou transformar os poluentes. Geralmente, realizam a separação de sólidos em suspensão e sedimentáveis; homogeneização e equalização dos poluentes; diluição das águas residuárias. Gradeamento. Peneiramento. Aeração. Tanques de retenção. Sedimentação/Decantação. Leitos de secagem de lodo. Filtração. Centrifugação. Adsorção em carvão ativado. Processos biológicos Processos biológicos que dependem da ação de microrganismos aeróbicos e anaeróbicos, do mesmo modo que esses agem no ambiente. Lodos ativados. Filtros biológicos anaeróbicos e aeróbios. Lagoas aeradas. Lagoas de estabilização facultativas ou aeróbicas. Digestores anaeróbicos. 48 Processos químicos Processos químicos que utilizam substâncias químicas para otimizar a remoção de elementos e poluentes que alterem as características químicas da água. Muitas vezes, processos realizados são físico-químicos. Coagulação/Floculação. Precipitação química. Oxidação. Neutralização ou correção do pH. Cloração. Fluoretação. Abrandamento. Remoção de ferro e manganês. Fonte: adaptado de Philippi Jr. e Pelicioni (2014). As medidas de controle dos efluentes podem ser internas, que visam que as medidas sejam inseridas no processo industrial, ou externas, que visam a implantação de sistemas de tratamento. As medidas internas podem ser realizadas pela modificação dos produtos, dos processos ou da matéria-prima; e eliminação de produtos. Segundo Derisio (2012), as medidas externas podem ser aplicadas em efluentes industriaise/ou domésticos. O sistema de tratamento de esgoto é classificado em função do tipo do material a ser removido e de sua eficiência. Sendo classificados em: a) Tratamento preliminar–remoção de sólidos grosseiros a partir de gradeamento, aeração e caixas de retenção; b) Tratamento primário–remoção de resíduos finos em suspensão, a partir de flotação, decantação e floculação; c) Tratamento secundário–realiza a depuração da água a partir de processos biológicos e reduz a quantidade de matéria orgânica, por exemplo, pela ação de lagoas, 49 digestores e filtros biológicos; d) Tratamento terciário–remoção de substâncias tóxicas, microrganismos e nutrientes que não foram eliminadas antes, por ozonização, radiação e cloração (PHILIPPI JR; PELICIONI, 2014). O desenvolvimento de novos métodos para o tratamento de águas resíduas (ou de esgoto) tem auxiliado na redução da transmissão de doenças e preservação do meio ambiente, tornando-a compatível para o uso da água por nós e para saúde pública (PHILIPPI JR; PELICIONI, 2014). O tratamento de águas residuárias é extremamente importante, bem como que as indústrias também tratem seus efluentes previamente e até reusem a água em outros processos, otimizando, dessa forma, o uso da água e auxiliando na preservação desse recurso. 3.2 Medidas de controle e prevenção da qualidade do ar Projetos de prevenção da poluição do ar são cada vez mais importantes, pois auxiliam na redução de eliminação de gases poluentes, e estão correlacionados a problemas atmosféricos, como gases do efeito estufa e aquecimento global. As medidas preventivas ou de controle, podem ser implantadas na fonte emissora, no transporte do poluente ou no local de imissão (fonte receptora). É essencial que medidas preventivas sejam implantadas pelas organizações, que os seus processos e produtos sejam mais sustentáveis, que os recursos e energia sejam renováveis, e que pouco resíduo seja gerado. Tudo que for gerado no processo produtivo de gases, efluentes e resíduos devem ser tratados e medidas de controle devem ser aplicadas. Como afirma Derisio (2012), o planejamento territorial, a eliminação ou redução de poluentes, o tratamento na fonte poluidora, a diluição e a dispersão poluentes, medidas mitigadoras e equipamentos de controle de poluentes são métodos importantes para qualidade do ar. 50 Por exemplo, a produção de gasolina que substituiu o chumbo tetraetila [Pb(C2H5)4] por etanol anidro (C2H5OH) foi o que eliminou a liberação de gases enxofre por esse combustível. Porém, as medidas de prevenção não são focadas somente nas indústrias, mas também em rotinas do cotidiano. Automóveis com escapamentos furados ou sistema de combustão desregulado, consomem mais combustível e, assim, emite mais poluentes. Por outro lado, optar por transportes públicos auxilia na manutenção da qualidade ambiental (PHILIPPI JR; PELICIONI, 2014). Depois de todas as medidas preventivas serem aplicadas, e mesmo assim houver geração de poluentes, serão necessárias medidas de controle, a partir de equipamentos, técnicas de controle e sistemas de exaustores (ex.: chaminés e difusores de vapores automáticos). O uso de chaminés altas reduz o teor de concentração de poluentes próximos a população. Nesse caso, a localização topográfica da empresa, bem como as condições meteorológicas do local, irão influenciar na dispersão dos gases (PHILIPPI JR; PELICIONI, 2014). As técnicas de controle podem ser aplicadas em fontes fixas, como as indústrias, hotéis e hospitais. Nestas fontes de poluição, podem ser feitas alterações no processo ou utilizar equipamentos de acordo com as propriedades do poluente, qualidade, custo e mecanismo de ação. Enquanto as fontes móveis são as que englobam os veículos. De modo geral, como diz Derisio (2012), o tipo de combustível são fatores preponderantes na poluição do ar, por isso, a necessidade de combustíveis mais limpos, como etanol, biodiesel e biogás, e equipamentos de controle, como filtros e catalisadores, que reduzem a eliminação de gases como CO, NOx e COVs. Os equipamentos de controle são divididos de acordo com o tipo de poluente, como equipamentos de material particulado e equipamento de gases e vapores. No Quadro 3 estão evidenciados os equipamentos de controle para emissão de material particulado (MP) e de gases e vapores: 51 Quadro 3 – Equipamentos de controle de material particulado, gases e vapores Poluentes Equipamentos Material particulado Precipitadores eletrostáticos. Filtros de manga. Ciclones. Coletores gravitacionais e inerciais. Lavadores de gás (Lavadores Venturi). Gases e vapores Absorção. Adsorção. Condensação. Incineração. Fonte: adaptado de Braga et al. (2007; DERISIO, 2012). Portanto, o planejamento urbano nas cidades, planejamento ambiental e política ambiental nas indústrias são importantes para gestão da qualidade do ar. Inovações tecnológicas como carro híbridos e elétricos são importantes, mas só isso não gera grandes benefícios. É necessário que a população se conscientize ambientalmente dos seus hábitos e atos, assim favorecendo a manutenção da qualidade ambiental (PHILIPPI JR; PELICIONI, 2014). Por fim, é importante destacar a necessidade da gestão do ar que envolva procedimentos administrativos, legais, técnicos, econômicos, tecnológicos e socioculturais. Outro ponto é a participação da sociedade como um todo, seja na aplicação de medidas preventivas, como na fiscalização de fontes poluidoras e cobranças das instituições governamentais, implantação de programas de monitoramento, que não só monitorem a qualidade do ar, mas que compare os dados com séries históricas. Por último, que investimentos em novas tecnologias, 52 pesquisa e equipe técnica sejam realizados a fim de aprimorar o sistema de gestão. 3.3 Medidas de controle e prevenção da qualidade do solo As técnicas mais apropriadas para as atividades que usam o solo devem ser escolhidas para evitar ou reduzir os impactos ambientais. Portanto, como aponta Derisio (2012), a escolha do local é um fator preponderante para proteção do solo, e assim, faz-se necessário considerar: a legislação para o uso e ocupação do solo na região, verificar potenciais áreas de proteção ambiental, conhecer a topografia, tipo de solo, características do solo e subsolo, vegetação, possibilidade de inundações e enchentes, proximidade com corpos hídricos, áreas residenciais e de comunidades. Para o uso apropriado do solo, medidas corretivas podem ser aplicadas previamente à construção e utilização do mesmo, visando que problemas como a erosão e a contaminação do lençol freático sejam evitados. As medidas corretivas controlam e reduzem os impactos, e auxiliam na recuperação de áreas degradadas e/ou contaminadas (PHILIPPI JR; PELICIONI, 2014). A gestão correta em áreas contaminadas visa conhecer os poluentes, suas características e mecanismo de ação no ambiente e seres vivos. As medidas mitigadoras a serem implementadas, precisam ser sustentáveis, possibilitando a melhoria da qualidade do solo para o homem e a biodiversidade (PHILIPPI JR; PELICIONI, 2014). Técnicas de recuperação do solo, como escavação, substituição do solo, tratamento químico ex situ podem ser aplicadas para solos contaminados por metais pesados. Outra técnica muito aplicada é a fitorremediação, que utiliza plantas para mitigar solos contaminados. Para Santos (2017), assim como a fitoextração, na qual as plantas absorvem os poluentes do solo e depois as mesmas podem ser retiradas do local. 53 Outro fator importante é a redução de resíduos gerados a partir modificações no processo produtivo, e utilização dos 3Rs – reduzir, reciclar e reutilizar. Os 3 Rs têm tido o seu conceito ampliado para 5 Rs, incluindo os termos repensar e recusar. Ou seja, é importante que os cidadãos avaliem seus atos e hábitos de consumo de produtos (repensar), além de recusar produtos desnecessário ou que não sejam produzidos com premissas ambientais
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