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TÓPICOS EM SERVIÇOS Mariana Fasolo Quevedo 2TÓPICOS E SERVIÇOS SUMÁRIO Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SUPERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na forma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Igor Zattera, Gustavo Cunha Revisora CONCEITOS FUNDAMENTAIS 5 O Papel dos Serviços na Economia Moderna 9 CARACTERÍSTICAS E NATUREZA DOS SERVIÇOS 17 O Marketing de Serviços 23 Produtos básicos e serviços suplementares 27 ESTRATÉGIA E VALOR EM SERVIÇOS 32 Estratégias Competitivas em Serviços 35 Produtividade e qualidade em serviços 38 Recuperação do Serviço 43 GESTÃO DE SERVIÇOS 48 Formação de preços e lucratividade em serviços 49 Estratégia de preços baseada nos custos de produção 51 Estratégia de preço baseada na concorrência 52 Estratégia de preço baseada no comportamento do cliente 53 Gerenciamento da capacidade e demanda em serviços 54 Referências 62 3TÓPICOS E SERVIÇOS INTRODUÇÃO Caro aluno! Durante as últimas décadas presenciamos uma enorme transformação na sociedade. Houve uma evolução muito im- portante que aconteceu devido a uma série de fatores econômi- cos, políticos, tecnológicos e claro, comportamentais. Temos a impressão que tudo já foi criado, todos os mercados estão atendidos, e que hoje nada mais pode ser novo ou inovador. Será que é isso mesmo? Será que daqui para frente nada mais será criado, e tudo o que veremos no passar dos próximos séculos é uma reinvenção daquilo que já existe? Quando a indústria é a base de uma economia, empresas prestadoras de serviços podem trabalhar com menor custo e maior eficiência para empresas de manufatura. Os serviços são imprescindíveis para que uma economia possa funcionar a contento e melhorar a qualidade de vida de uma comunidade. Já que inovar é gerar valor percebido, buscar novos caminhos e chegar a novos lugares, apostar em serviços é, sim, uma boa ideia para tentar criar o novo! Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014) afirmam que um ser- viço é uma experiência perecível, intangível, desenvolvida para um consumidor que desempenha o papel de coprodutor. Os serviços são formas de solucionar problemas e desafios impostos pelos consumidores. E os produtos? Não podemos esquecer o quanto ainda dependemos deles! Sim, isso é verdade, porém, produtos por si só já não garantem a sobrevivência das organizações. Para se conseguir competir – e veja que ainda não falamos em êxito, em sucesso – além de um produto, a organização precisa for- necer um serviço. Mais ainda: o produto e o serviço ainda vêm acompanhados da experiência. Isso é o que realmente importa no mundo contemporâneo... 4TÓPICOS E SERVIÇOS Aluno! Aqui estamos nós para entender o que são os serviços, quais as suas características e particularidades. Vamos entender e identificar oportunidades, ameaças, os desafios que as empresas de serviços enfrentam para vencer num mercado extremamen- te competitivo. Ao final, além de ter um contexto de serviços no mundo contemporâneo, poderemos diagnosticar e encontrar soluções de serviços para os problemas, as demandas e os desejos dos nossos clientes. Você está pronto para encarar a era dos serviços? Não se esqueça que já estamos vivendo esse novo tempo. Vamos juntos?! 5TÓPICOS E SERVIÇOS CONCEITOS FUNDAMENTAIS Os serviços permeiam todos os aspectos das nossas vidas. É essencial entender a sua definição e a sua natureza, bem como o seu papel na economia. Todos nós usamos serviços de transportes para a nossa locomoção, e quando estamos fora de casa, usamos serviços de restaurantes e hotéis. Já quando estamos no aconchego de nossos lares, usamos serviços de eletricidade, telefone, segu- rança. Quando estamos trabalhando, serviços de correio, de manutenção e de internet e telefonia são muito bem-vindos. Não podemos esquecer a nossa aparência, e podemos usar serviços de beleza e estética para mantê-la ou melhorá-la. Em diversos momentos de nossas vidas, usamos serviços fornecidos por profissionais de advocacia, medicina, odontologia, além dos serviços bancários e financeiros. E além desses, há inúmeros 6TÓPICOS E SERVIÇOS outros exemplos da utilização dos serviços no nosso cotidiano. Pense em quantos serviços diferentes você utiliza durante o dia: certamente se surpreenderá com a quantidade e a variedade de serviços que fazem parte do seu cotidiano. Muitos desses serviços sempre estiveram presentes de algu- ma maneira. Porém, durante o último século, a complexidade e a diversidade desses aspectos aumentaram consideravelmente. As atividades empresariais mais antigas estão centradas em serviços, como por exemplo, os financeiros, de transporte (cargas e passageiros) e comércios diversos. As mudanças são contínuas nas empresas de serviço inovadoras, já que constan- temente elas lançam novas maneiras de satisfazer necessidades existentes e de atender necessidades que as pessoas nem mesmo sabiam que tinham. Como se definem os serviços? Para Silva (2009), o servi- ço é o ato ou desempenho oferecido por uma parte a outra, e embora o processo possa estar ligado a um produto físico, o desempenho é essencialmente intangível e normalmente não resulta em propriedade de nenhum dos fatores de produção. Além disso, serviços são atividades econômicas que criam va- lores e fornecem benefícios para clientes em tempos e lugares específicos, como decorrência da realização de uma mudança desejada no – ou em nome do – destinatário do serviço. Há muitas definições, de diversos autores, sobre essa ati- vidade. Cobra (2004, p. 11) a define como “atividade mer- cantil que atende a uma gama de necessidades específicas de um determinado grupo de compradores.” A cada ano, o setor ganha importância no desenvolvimento econômico de todos os países (tanto desenvolvidos como em desenvolvimento), já que é um dos pilares da economia, juntamente com o extrativismo, a mineração, a agricultura, a manufatura. Grönroos (2003) afirma que os serviços antigamente eram considerados um adicional, ou seja, era necessário, mas não agregava muito valor para a sociedade, e que tudo o que não 7TÓPICOS E SERVIÇOS fosse incluído nas estatísticas oficiais como setor industrial ou agrícola era denominado como setor de serviços – e a denomi- nação abrangia serviços como hotelaria, transportes, serviços fi- nanceiros e prestados pelo setor público. Ainda hoje, os serviços são definidos dessa maneira, e isso é totalmente ultrapassado. Para o autor, o fato de a sociedade considerar serviços como algo que é fornecido por certo tipo de organização é enganador, pois passa uma impressão errada da importância e do impacto dos serviços sobre o desenvolvimento de competitividade entre empresas e sobre a riqueza da sociedade. As razões para isso são que essa noção negligencia serviços ocultos na indústria e na agricultura, e vê os serviços como setor da economia, e não como perspectiva de criação de van- tagem competitiva. Hoje, para provarmos que essas questões são inter-relacionadas, sabemos que todos os bons fabricantes oferecem serviços diversos a seus clientes. Quadro 1: Serviço como Setor X Serviço como Função Fonte: baseado em Cobra, 2004, p.11 e Grönroos, 2003, p.13 SERVIÇO COMO SETOR SERVIÇO COMO FUNÇÃO DE PRODUTOS MANUTFATURADOS Empresariais: consultoria, finanças, bancos, seguros, etc. Comerciais:varejo, manutenção, consertos, etc. Infraestrutura: comunicações, transportes, etc. Sociais e pessoais: restaurantes, saúde, etc. Administração pública: educação, governo, etc. Anteriores à fabricação: pesquisa e desenvolvimento, design, financiamento, etc. Durante a fabricação: financiamento, controle de qualidade, segurança, manutenção, etc. Venda: logística, redes de distribuição, informação, etc. Durante o consumo e utilização: manutenção, treinamento do consumidor, informações, gestão de reclamações, etc. Após o consumo e a utilização: gerenciamento de resíduos, reciclagem. 8TÓPICOS E SERVIÇOS Estimado, acadêmico! Conclui-se que os serviços não são objetos nem bens físicos, mas sim, processos e atividades – mais intangíveis do que tangíveis. Cobra (2004) afirma que aos serviços são adicionados outros serviços, proporcionando a satisfação. Para ele, temos como classificação dos serviços: Ainda citando Cobra (2004), um serviço básico pode ser ampliado através da anexação de um serviço inesperado – que pode fazer a diferença e deixar o cliente positivamente surpreso e impressionado com a empresa prestadora desse serviço. Hoje, os clientes não dispõem de tempo e esperam atendimento em tempo real, estando sempre insatisfeitos, procuram constantemente por empresas que propor- cionem soluções rápidas. Por isso, nas empresas inovadoras, a missão de encantar o cliente oferecendo sempre novos e inesperados serviços está inserida na sua cultura organizacional. 9TÓPICOS E SERVIÇOS O Papel dos Serviços na Economia Moderna Já é de conhecimento geral que os serviços têm papel im- portantíssimo na economia moderna. Nações em desenvolvi- mentos e também economias sólidas e desenvolvidas dependem dessa atividade, e têm nela a maioria dos seus empregos e da sua geração de riqueza. Como defendido por Quinn, Baruch e Paquette (apud Fitzsimmons e Fitzsimmons, 2014), a maior parte dos experts nessa área considera que o setor de serviços abrange todas as atividades econômicas cujo produto não é um bem físico ou fabricado. Geralmente, ele é consumido no momento em que é produzido e fornece um valor agregado em formas – tais como conveniência, diversão, oportunidade, conforto ou saúde – que representam essencialmente interesses intangíveis de seu comprador. Lovelock e Wright (apud Fitzsimmons e Fitzsim- mons, 2014) dizem que os serviços são atividades econômicas oferecidas pelo prestador para o contratante, considerando frequentemente desempenhos com base em um período de tempo para provocar resultados desejados nos próprios usuários, em objetos ou em outros bens pelos quais os compradores são responsáveis. Em troca do seu dinheiro, tempo e esforço, os clientes de serviços esperam obter valor com o acesso a bens, mão de obra, capacidades profissionais, instalações, redes e sistemas; mas, normalmente, eles não possuem nenhum dos elementos físicos envolvidos. 10TÓPICOS E SERVIÇOS Muitos autores consideram que há três estágios do desen- volvimento econômico: primário, secundário e terciário. Fitz- simmons e Fitzsimmons (2014) já trazem os estágios divididos em cinco. Veja como eles consideram os diferentes setores: Os autores também afirmam que os serviços são indis- pensáveis para o funcionamento de uma sociedade e para a melhoria da qualidade de vida. A lucratividade das organi- zações produtoras de bens manufaturados depende cada vez mais da exploração dos serviços com valor agregado. Com a concorrência acirrada na economia de hoje, as empresas usam o oferecimento de serviços como forma de incrementar seus lucros e gerar vantagem competitiva. Além disso, temos a ad- ministração pública, que desempenha papel fundamental ao proporcionar um ambiente estável para investimentos e cresci- mento econômico. Os serviços que ela proporciona à população são imprescindíveis para a sobrevivência da economia de um país e para que a população possa prosperar. Porém, nem sempre a economia foi baseada nos serviços. Para os autores, no início do século XX, apenas 30% dos traba- lhadores nos Estados Unidos estavam empregados no setor de serviços – os demais trabalhavam na agricultura e na indústria. Já em 1950, o nível de empregos do setor de serviços já atingia PRIMÁRIO (Extrativista) Agricultura Mineração Pesca Atividade florestal QUINÁRIO (Habilidades humanas) Saúde Educação Pesquisa Lazer Artes SECUNDÁRIO (Produção de bens) Manufatura Beneficiamento TERCIÁRIO (Serviços Domésticos) Restaurantes Hotéis Salões de Beleza Lavandeira Manutenção Consertos QUARTENÁRIO (Serviços de comércio e intercâmbio) Transporte Varejo Comunicações Finanças Seguros Governo ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO 11TÓPICOS E SERVIÇOS 50% da força de trabalho. Hoje, o setor de serviços emprega aproximadamente 80% dos americanos. Para chegar nesse nível, o setor de serviços passou por diversas fases. Segundo Corrêa e Caon (2009), o pioneirismo no desenvolvimento de técnicas que visavam sistematizar o estudo e a análise do trabalho é atribuído a Frederick Taylor – e isso se deu no início do século XX. Nesse período, as fábricas estavam se estabelecendo como unidades produtivas básicas, nas quais produtos especiais eram feitos e ajustados conforme solicitação específica do cliente. Era o início da produção em massa. A intenção de Taylor – que estudava formas de como aumentar a eficiência em processos produtivos – era fazer mais produtos com menos recursos. Também nos primeiros anos do século XX, Henry Ford trouxe para o ambiente industrial os princípios da administração científica. Junto com eles veio o conceito de que os produtos deveriam se mover e as estações de trabalho ficassem paradas – pois assim, haveria grande aumento de produtividade. Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014) trazem os estágios do desenvolvimento econômico como sendo três: a sociedade pré-industrial, a sociedade industrial e a sociedade pós-indus- trial. Para os autores, para entender a sociedade pós-industrial, devemos comparar suas características com as dos demais estágios, como pode ser visto no quadro a seguir: SERVIÇO COMO SETOR SERVIÇO COMO FUNÇÃO DE PRODUTOS MANUFATURADOS SERVIÇO COMO SETOR SERVIÇO COMO FUNÇÃO DE PRODUTOS MANUTFATURADOS Empresariais: consultoria, finanças, bancos, seguros, etc. Comerciais: varejo, manutenção, consertos, etc. Infraestrutura: comunicações, transportes, etc. Sociais e pessoais: restaurantes, saúde, etc. Administração pública: educação, governo, etc. Anteriores à fabricação: pesquisa e desenvolvimento, design, financiamento, etc. Durante a fabricação: financiamento, controle de qualidade, segurança, manutenção, etc. Venda: logística, redes de distribuição, informação, etc. Durante o consumo e utilização: manutenção, treinamento do consumidor, informações, gestão de reclamações, etc. Após o consumo e a utilização: gerenciamento de resíduos, reciclagem. Básico: em geral, é o foco principal do serviço. Esperado: é como o consumidor espera receber o serviço. Ampliado: é quando um novo serviço interessante para o cliente é acrescentado ao serviço básico ou esperado, dando-lhe nova dimensão, o que o torna ampliado. Inesperado: é quando um novo e inesperado serviço é acrescentado ao serviço básico ou esperado. Básico: em geral, é o foco principal do serviço. Esperado: é como o consumidor espera receber o serviço. Ampliado: é quando um novo serviço interessante para o cliente é acrescentado ao serviço básico ou esperado, dando-lhe nova dimensão, o que o torna ampliado. Inesperado: é quando um novo e inesperado serviço é acrescentado ao serviço básico ou esperado. Básico: em geral, é o foco principal do serviço. Esperado: é como o consumidor espera receber o serviço. Ampliado: é quando um novo serviço interessante para o cliente é acrescentado ao serviço básico ou esperado, dando-lhe nova dimensão, o que o torna ampliado. Inesperado: é quando um novo e inesperado serviçoé acrescentado ao serviço básico ou esperado. Básico: em geral, é o foco principal do serviço. Esperado: é como o consumidor espera receber o serviço. Ampliado: é quando um novo serviço interessante para o cliente é acrescentado ao serviço básico ou esperado, dando-lhe nova dimensão, o que o torna ampliado. Inesperado: é quando um novo e inesperado serviço é acrescentado ao serviço básico ou esperado. PRIMÁRIO (Extrativista) SECUNDÁRIO (Produção de bens) TERCIÁRIO (Serviços domésticos) QUATERNÁRIO (Serviços de comércio e Intercâmbio) QUINÁRIO (Habilidades humanas) - Agricultura - Mineração - Pesca -Atividade florestal - Manufatura - Beneficiamento - Restaurantes - Hotéis - Salões de beleza - Lavanderia - Manutenção - Consertos - Transporte - Varejo - Comunicações - Finanças - Seguros - Governo - Saúde - Educação - Pesquisa - Lazer - Artes PRIMÁRIO (Extrativista) Agricultura Mineração Pesca Atividade florestal QUINÁRIO (Habilidades humanas) Saúde Educação Pesquisa Lazer Artes SECUNDÁRIO (Produção de bens) Manufatura Beneficiamento TERCIÁRIO (Serviços Domésticos) Restaurantes Hotéis Salões de Beleza Lavandeira Manutenção Consertos QUARTENÁRIO (Serviços de comércio e intercâmbio) Transporte Varejo Comunicações Finanças Seguros Governo ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SOCIEDADE PRÉ-INDUSTRIAL INDUSTRIAL PÓS-INDUSTRIAL Disputa Contra a natureza Contra a natureza fabricada Entre pessoas Atividade predominante Agricultura e mineração Produção de bens Serviços Uso do trabalho humano Força física Operação das máquinas Artístico, criativo, intelectual Unidade de vida social Doméstica Individual Comunidade Medida do padrão de vida Subsistência Quantidade de bens Qualidade de vida em termos de saúde, educação e lazer Estrutura Rotineira, tradicional, autoritária Burocrática, hierárquica Interdependente, global Tecnologia Ferramentas simples e manuais Máquinas Informação CONTRA A NATUREZA CONTRA A NATUREZA FABRICADA ENTRE PESSOAS AGRICULTURA E MINERAÇÃO PRODUÇÃO DE BENS SERVIÇOS FORÇA FÍSICA OPERAÇÃODE MÁQUINAS ARTÍSTICO, CRIATIVO E INTELECTUAL DOMÉSTICA INDIVIDUAL COMUNIDADE ROTINEIRA, TRADICIONAL E AUTORITÁRIA BUROCRÁTICA, HIERÁRQUIA INTERDEPENDENTE, GLOBAL FERRAMENTAS SIMPLES E MANUAIS MÁQUINAS INFORMAÇÃO SUBSISTÊNCIA QUANTIDADEDE BENS QUALIDADE DE VIDA EM TERMOS DE SAÚDE, EDUCAÇÃO E LAZER 12TÓPICOS E SERVIÇOS Corrêa e Caon (2009) concluem que a primeira metade do século XX foi emi- nentemente industrial. A partir da metade do século, a economia voltava-se aos serviços rapidamente. A geração de renda dos países passava a ser feita por empresas do setor terciário da economia, ou seja, o setor de serviços. Sendo assim, se grande parte das riquezas passou a existir devida à geração das mesmas ligadas aos serviços, fazia sentido que algum esforço fosse feito para que se sistematizassem formas de gestão mais eficientes e eficazes. Os esforços iniciais centraram-se nas tentativas de adaptar técnicas de gestão fabril a de serviços. Ambas têm que lidar com gestão de estoques; gestão de capacidade produtiva e sua conciliação com a demanda; gestão de filas e f luxos; e gestão de qualidade. • Porém, fica claro que há muitas diferenças entre as duas atividades: • Em serviços, estocar não é tão simples. • A capacidade produtiva em serviços tem que ser muito próxima da demanda em cada momento. • Nas filas fabris, normalmente o que está na fila é produto inanimado. Em servi- 13TÓPICOS E SERVIÇOS ços, são pessoas – que têm aspectos psicológicos a serem considerados. • Em serviços, a qualidade percebida pelo cliente está muito mais ligada à experiência vivida do que na execução do ser- viço propriamente dito. Mesmo em questões aparentemente objetivas, como o tempo de atendimento, devem ser tratados com muita cautela. Não foi surpresa para os economistas que estudam o crescimento econômico essa transformação. Colin Clark argumenta que, à medida que as nações se industrializam, é inevitável a transferência dos empregados de um setor da economia para outro. Conforme a produtividade aumenta em um setor, a força de trabalho se desloca para outro. Essa observação, conhecida como hipótese Clark-Fisher, implica classificar as economias de acordo com a atividade desenvolvida pela maioria da força de trabalho. A economia contemporânea tende a se desenvolver cada vez mais baseada no setor de serviços. Cobra (2004) argumenta que a economia americana, por exemplo, tinha, em 1948, 54% do seu PIB representados por esse setor, e no século XXI esse número já passou para cerca de 79%. No Brasil não é diferente: hoje, a participação do setor no nosso PIB é de 57%. Além disso, ele ocupa o primeiro lugar como empregador na econo- mia nacional e como pagador de impostos. À medida que uma economia se desenvolve, a participação do emprego entre a agricultura, a indústria (incluindo fabrica- ção e extrativismo) e os serviços muda drasticamente. Quanto mais se eleva a renda per capita, se aumenta a quantidade de serviços. Para Silva (2009), o setor de serviços cresceu por duas razões. Primeiro, a demanda dos consumidores e compradores organizacionais aumentou, e, segundo lugar, as novas tecno- logias tornaram os serviços mais acessíveis. 14TÓPICOS E SERVIÇOS • Maior demanda por serviços: os consumidores ficam mais propensos a usar serviços quando dispõem de mais dinheiro do que o necessário para compras básicas (alimentos, rou- pas, moradia). Assim, conforme as economias nacionais se desenvolvem, os serviços tendem a desempenhar um papel mais importante. Já para as empresas, fontes importantes de demanda por serviços são as ondas e modismos, como reestruturação, reengenharia e outros esforços para melhorar a eficiência. Muitas organizações contratam consultores para ajudá-los a planejar e programar essas mudanças. • Maior oferta de serviços: as mudanças tecnológicas in- fluenciam não só a demanda por serviços, mas também sua oferta. Com o desenvolvimento da tecnologia da informação, muitas organizações que tradicionalmente ofereciam apenas produtos tangíveis estão considerando lógico e lucrativo acrescentar serviços a seu composto de produtos. Suas ino- vações podem ser aperfeiçoamentos nos produtos originais da organização ou produtos inteiramente novos. Devemos considerar alguns fatores de dinamismo, que fizeram do setor de serviços aquele que mais se desenvolveu. Vejam quais são: Urbanização: O setor de transportes urbanos, por exemplo, teve incre- mento significativo com a migração das pessoas do campo para a cidade. Mudanças demográficas: Houve queda nas taxas de fecundidade e de mortalidade nos últimos anos. Isso ref lete numa nova estrutura etária da população. Tendo menos filhos, os pais têm mais disponibili- dade para usar serviços e para comprar insumos. Além disso, idosos passaram a ser um importante mercado a explorar, já que as pessoas estão vivendo mais. 15TÓPICOS E SERVIÇOS Mudanças socioeconômicas: Novos grupos consumidores e geradores de renda fazem parte da sociedade contemporânea. Um ótimo exemplo disso é a participação das mulheres no mercado de trabalho, que cresce ano a ano. Hoje, mulheres têm participação importante na renda familiar, e têm demandas e desejos bastante explorados pelas empresas que buscam atender as consumidoras. Aumento na sofisticação dos consumidores: Novos serviços surgem para atender compradores mais exigentes – como terapias, personal trainers, personal chefs, por exemplo. Daí a expansão do mercado de serviços perso- nalizados para atender a usuários especiais. Mudanças Tecnológicas: O setor de serviços acompanha o surgimento de novas tecnologias, e nos últimos anos houve crescimento expressivo do e-commerce, da educação à distância, do uso de aplicativos de saúde, entre muitos outros. Com tudo isso que vimos atéagora, o que trazemos como uma nova experiência nos serviços empresarias? Fitzsimmons e Fitzsimmons apresentam três dimensões para essa nova experiência. A primeira delas é a criação de valor. O cliente é um co- produtor do valor extraído do relacionamento entre ele e o prestador. O cliente é o elemento do processo de serviço. Por isso que o prestador precisa mostrar o seu valor, e o cliente precisa se identificar com isso, aquilo que ele busca e consegue perceber. A outra diz respeito aos relacionamentos. O relacionamento com o cliente é de enorme importância, pois é fonte de inovação e diferenciação. Os relacionamentos de longo prazo facilitam 16TÓPICOS E SERVIÇOS a habilidade de adequar as ofertas de serviços às necessidades dos clientes. Por fim, temos a capacidade de serviço. Isso significa que o prestador deve oferecer capacidade adequada de serviço para atender às f lutuações de demanda, mantendo a qualidade. A qualidade do serviço é avaliada, principalmente, a partir da perspectiva do cliente. 17TÓPICOS E SERVIÇOS CARACTERÍSTICAS E NATUREZA DOS SERVIÇOS Produtos e Serviços são diferentes. E é necessário entender essas diferenças para melhor trabalhar cada um deles. É muito difícil determinar a diferença entre um produto e um serviço, pois a compra de um produto é, geralmente, acompanhada de algum serviço de apoio, e a compra de um serviço muitas vezes inclui bens facilitadores. Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014) afirmam que cada compra inclui um conjunto de bens e serviços, e trazem dois exemplos sobre foco em bens e em serviços. Cada um deles traz, além do seu foco (em bens ou serviços), serviços periféricos que incrementam o conjunto oferecido ao cliente. E, por fim, traz variantes para diferenciar o conjunto da empresa da concorrência. 18TÓPICOS E SERVIÇOS Várias características distinguem serviços de bens. Essas diferenças inf luenciam o desenvolvimento das estratégias de marketing. RELAÇÃO COM OS CLIENTES Em muitos casos, uma organização que oferece serviços tem uma relação pessoal contínua com seus clientes. Para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014), é fundamental para o prestador de serviço entender que o cliente pode ser uma parte ativa do processo. Para Silva (2009), o sucesso de uma organização de serviços muitas vezes depende de sua capacidade de desenvolver relações com os clientes e de prestar serviços de qualidade. Logo, os profissionais de marketing de serviços dependem de sua capa- cidade de reter – e não só atrair – clientes. Eles se beneficiam especialmente do marketing de relacionamento, que se baseia em construir confiança e demonstrar comprometimento com o cliente. Muitos clientes perceberam que obtém mais valor de uma empresa que compreenda suas necessidades e prioridades de longo prazo. EXEMPLO DE FOCO EM BENS EXEMPLO DE FOCO EM SERVIÇOS NEGÓCIO: ROUPAS SOB MEDIDA. FOCO: TERNOS. BENS PERIFÉRICOS: SACOLA PARA ROUPAS. SERVIÇO PERIFÉRICO: PLANOS DE PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES. VARIANTE: CAFETEIRA. NEGÓCIO: HOTEL EXECUTIVO. FOCO: QUARTO PARA PERNOITE. BENS PERIFÉRICOS: ROUPÃO DE BANHO. SERVIÇO PERIFÉRICO: RESTAURANTE NO LOCAL. VARIANTE: SERVIÇO DE TRANSPORTE AO AEROPORTO. 19TÓPICOS E SERVIÇOS Sobre o esforço do cliente na prestação de um serviço, a autora afirma que eles podem participar numa certa medida da produção de muitos tipos de serviços. Se ele quer um serviço num cabeleireiro, por exemplo, terá de passar um determinado tempo no salão com o prestador do serviço trabalhando em seu cabelo. Do mesmo modo, se quiser apreciar uma exposição em um museu, terá de andar por ele e prestar atenção no que está sendo exibido. Sem dúvida, nem todos os serviços exigem o mesmo grau de esforço do cliente. PERECIBILIDADE Serviços são perecíveis: se um serviço não for usado quando oferecido, não pode ser mais usado – eles não poderão mais ser vendidos e os lucros estão perdidos para sempre. Já os bens, ao contrário, são menos perecíveis. Silva (2009) afirma que como a maioria dos serviços é perecível, é essencialmente importante fazer um planejamento para as f lutuações de demanda. Para maior parte dos serviços, a demanda muda de acordo com a estação, dia da semana ou hora do dia. Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014) também argumentam que, como não podem ser estocados, os serviços estarão perdi- dos para sempre se não forem usados, e é um grande desafio gerencial a utilização total da capacidade de serviços de uma empresa – lembrando que estocar não é uma opção existente. Sendo assim, há três opções básicas: • Suavizar a demanda: é possível conseguir isso fazendo re- servas ou agendamentos para o serviço em questão; usando incentivos de preços em períodos de baixas vendas; e deses- timulando a demanda em períodos de pico. • Ajustar a capacidade dos serviços: é possível conseguir isso contratando funcionários de jornada parcial (para ajudar nos horários de pico); programando turnos de trabalho ajustan- do a força de trabalho à demanda; ampliando recursos de autoatendimento. 20TÓPICOS E SERVIÇOS • Deixar que os clientes esperem: contribuição passiva ao processo, que traz o risco de deixar o cliente insatisfeito e perdê-lo para a concorrência. INTANGIBILIDADE “Serviços são ideias e conceitos: produtos são objetos. Por isso, inovações em serviços não são patenteáveis” (FITZSIM- MONS E FITZSIMMONS, 2014, p. 20). Por isso, quando se tem um serviço inovador, as empresas devem expandi-lo rapidamente e usar a vantagem do pioneirismo para superar a concorrência. Para Silva (2009), muitas compras incluem bens tangíveis e intangíveis – como por exemplo, a compra de um terno que pode incluir ajustes, ou uma refeição num restaurante que inclui comida e serviço de mesa. Do lado dos bens, está a propriedade de algum objeto. No lado dos serviços, a pessoa que completa a troca não possui tal objeto; em vez disto, recebeu benefícios intangíveis. A intangibilidade dos serviços apresenta alguns desafios especiais. Para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014), um deles é que o comprador potencial não pode examinar um serviço antes de comprá-lo. Assim, o profissional de marketing precisa oferecer indicações sobre a qualidade do serviço. Isso significa que ele deve saber o que o mercado considera importante. Os compradores também podem levar em consideração o preço do serviço como indicador de qualidade - preços relativamente altos costumam indicar alta qualidade. Outro desafio da in- tangibilidade, segundo Silva (2009) é que os problemas podem ser mais difíceis de corrigir. Quando se compra um produto que não funciona adequadamente, o vendedor pode corrigir o problema com um conserto gratuito ou pela substituição do produto. Mas quando se tem uma experiência ruim com um serviço, a organização não pode voltar atrás em seu erro. 21TÓPICOS E SERVIÇOS INSEPARABILIDADE Em muitos casos, um serviço não pode ser separado da pessoa do prestador. Sem a pessoa, o serviço não existe. “A diferença entre um serviço e outro muitas vezes reside na qualidade dos profissionais que atendem os clientes, o que é especialmente válido para muitos serviços de alto contato nos quais os clientes não somente entram em contato com o pes- soal de serviço, mas também convivem com outros clientes” (LOVELOCK E WIRTZ, 2006, p. 11). Com relação ao valor, os compradores de um serviço não avaliam apenas o que foi produzido, mas também como foi produzido. Silva (2009) traz como exemplo os benefícios de uma estada num hotel, que incluem não só o conforto do colchão ou o sossego do quarto, mas também a polidez e a solicitude dos funcionários. Da mesma forma, embora um operário mal- -humorado possa fabricar um excelente produto, um consultor é avaliado pela sua aparência, pela sua fala, pelos materiais que usa, e também precisa tratar os clientes com cortesia. A qualidade dos serviços pode variar mais do que a qua- lidade de bens. Para Silva, como os produtores de bens con- tam com procedimentos paraprevenir, identificar e corrigir falhas, os produtos defeituosos normalmente não chegam aos pontos de venda. Já no caso de serviços que muitas vezes são adaptados às necessidades de cada cliente, é mais difícil fazer uso desses controles. A necessidade de qualidade nos serviços torna imprescindível que os prestadores sejam bem qualificados e altamente motivados para satisfazer seus clientes. Muitos serviços são difíceis de ser avaliados pelos consumi- dores. Como visto anteriormente, os bens físicos têm caracte- 22TÓPICOS E SERVIÇOS rísticas que podem ser avaliadas antes da compra, ao contrário dos serviços. Sendo assim, Lovelock e Wirtz identificam nessa dificuldade de avaliação: • Qualidades de procura: as características podem ser avaliadas antes da compra. Neste caso, os consumidores podem sentir a necessidade de pesquisar os produtos para comparar as suas características físicas antes de tomarem a decisão de compra. Alguns produtos que possuem qualidades de procura são roupas, eletrodomésticos, livros, etc. • Qualidades de experiência: as características somente podem ser avaliadas pelo comprador após a compra. Neste caso, mais do que a necessidade de experimentação, ela deve efe- tivamente existir para que o consumidor forme uma opinião a respeito do serviço. Exemplos de serviços que exigem a experimentação para serem avaliados são refeições, cortes de cabelo, remédios, etc. • Qualidades de credenciamento: características que o com- prador encontra dificuldades de avaliar mesmo após o con- sumo, pois exigem uma formação técnica específica para a produção do serviço. Neste caso, o consumidor precisa confiar no prestador de serviço. Alguns exemplos de serviços que necessitam de credibilidade para satisfazer o comprador são consertos (máquinas, automóveis, eletrodomésticos), consul- tas médicas, assessorias jurídicas, exames de laboratório, etc. 23TÓPICOS E SERVIÇOS O Marketing de Serviços Há muito tempo atrás, a economia era dirigida pela pro- dução, e havia demanda suficiente para cobrir toda a oferta dos produtos fabricados. Nessa época, o marketing era irrelevante. Porém, segundo Cobra (2004), a realidade hoje em dia é bem diferente: há excesso de oferta perante a demanda. Isso exige um esforço para vender os serviços que uma prestadora é capaz de entregar. Para isso, são necessárias estratégias consistentes de marketing orientadas para os serviços. “A adoção das ferra- mentas de marketing em serviços visa a adequar a concepção dos atributos e benefícios de forma a obter um desempenho adequado do serviço aos anseios, necessidades e desejos dos consumidores” (COBRA, 2004, p. 21). Segundo Silva (2009), para proporcionar serviços de qua- lidade, a organização precisa adequá-los às necessidades e de- sejos de clientes específicos e criar valor. Em outras palavras, raramente os serviços podem ser altamente padronizados. A natureza individual de cada transação exige que o fornecedor de serviços considere se aquela prestação é adequada para empresa. A autora defende que podemos considerar para o marketing de serviços o mesmo composto encontrado para o marketing de produtos. Sendo assim, temos os quatro elementos do composto como sendo preço, praça, promoção e produto – sendo que, nesse último, o substituiremos por serviço. No entanto, suas características especiais podem tornar o desenvolvimento do composto de marketing mais desafiador. Em seguida, veremos cada um dos elementos, segundo a ótica de Silva (2009). 24TÓPICOS E SERVIÇOS SERVIÇO Como os serviços são intangíveis e individualizados, geral- mente é difícil desenvolver padrões para medir sua qualidade. Um bom começo é considerar o que os consumidores procuram ao decidir qual serviço irão comprar. Para saber se estão criando valor para os clientes por sa- tisfazer padrões de qualidade, os profissionais de marketing precisam perguntar a eles como a organização está se saindo. Infelizmente, muitas vezes isso não é feito, já que pressupõem saber o que seus clientes querem. Mesmo quando pedem a opinião dos clientes, conduzem um único levantamento, em vez de consultá-los continuamente. Os profissionais de marketing de serviços devem inovar e melhorar sempre. A inovação pode ser a chave para o sucesso de uma empresa em detrimento de outra. PREÇO Uma característica notável dos preços de serviços são os muitos nomes que eles recebem, como por exemplo, taxas, alu- guéis, pedágios, comissões, custos, honorários, fretes, encargos ou bonificações. Qualquer que seja a denominação, o preço definido para serviços é destinado a cobrir custos e gerar lucros. Devido à natureza intangível dos serviços, parte do esta- belecimento do preço envolve assegurar que ambas as partes entendam o que está incluído na troca – ou seja, o prestador precisa entender o que o cliente quer, e este tem de entender o que o vendedor está oferecendo. Isso ajuda a evitar problemas de preços e deixa os clientes mais satisfeitos. Além de exercer função econômica, o preço também in- fluencia a maneira como os compradores percebem os serviços. Quando os clientes têm poucas pistas para julgar a qualidade, podem avaliá-la com base no preço. E, como muitas vezes é 25TÓPICOS E SERVIÇOS difícil avaliar serviços, o preço pode ter um papel particular- mente importante para indicar qualidade. Devido à natureza perecível dos serviços, profissionais de marketing usam a definição de preços para reduzir a capaci- dade excedente. PRAÇA A estratégia de distribuição para serviços precisa ser efi- ciente. Dependendo da natureza do serviço e do que os clien- tes valorizam, estes podem ir até a organização para receber o serviço, a organização pode ir até os clientes ou eles podem completar as transações à distância (por correio ou comunicações eletrônicas, por exemplo). Os profissionais de marketing cos- tumam cuidar para que os serviços sejam facilmente acessíveis. A estratégia de distribuição também pode ajudar um ser- viço a se posicionar no mercado. Muitas vezes, os prestadores de serviços comercializam diretamente para os usuários do serviço, mas também existem canais mais longos. PROMOÇÃO Um dos maiores desafios das comunicações de marketing para serviços é assegurar que o mercado-alvo entenda e valo- rize o que está sendo oferecido. A intangibilidade dos serviços muitas vezes faz com que seja impossível experimentá-los antes de comprar. Assim, a promoção é necessária para explicar o que é o serviço e como ele irá beneficiar o comprador Apesar de todos os cuidados, falhas nos serviços são ine- vitáveis. Silva (2009) traz alguns fatos básicos sobre falhas de serviços: • Para cada reclamação que uma empresa recebe, há outros 19 clientes insatisfeitos que não quiseram reclamar. 26TÓPICOS E SERVIÇOS • Custa de cinco a dez vezes mais em recursos repor um cliente do que manter um cliente já existente. • Um cliente deve ter 12 experiências positivas para superar uma experiência negativa. • O cliente que tem uma reclamação fala sobre isso com nove ou dez pessoas, mas os clientes cujos problemas são resolvidos só contam isso a cinco outras pessoas. Sendo assim, toda empresa deveria encorajar seus clientes a reclamar, pois dessa forma eles estão informando à empresa que ela tem problemas operacionais ou gerenciais que preci- sam ser corrigidos. Esses clientes devem ser encarados como consultores, pois eles indicam problemas da empresa – e sem cobrar nada por isso. Além disso, eles fornecem à empresa uma chance de restabelecer a satisfação do cliente. Quem reclama tem mais probabilidade de voltar a fazer negócios com a empresa do que quem não reclama. Consequentemente, as empresas de sucesso consideram as queixas uma oportunidade para satis- fazer os clientes descontentes e evitar fugas e comunicações desfavoráveis. A empresa deveria se preocupar com quem não reclama. Aqueles clientes que não expressam sua insatisfação estão prestes a procurar um concorrente.27TÓPICOS E SERVIÇOS Produtos básicos e serviços suplementares Muitas vezes, os processos que não estão relacionados ao negócio central de determinado serviço prestado têm mais inf luência na satisfação do cliente do que os processos dire- tamente relacionados a ele. A satisfação de um consumidor resulta da sua interação com todos os processos correspondentes ao serviço prestado – e não somente com aqueles relacionados exclusivamente ao serviço essencial. Sendo assim, temos o produto principal, que fornece os benefícios básicos de solução que os clientes buscam para os seus problemas. Esse componente remete, segundo Lovelock e Wirtz (2006), a duas questões principais: o que o comprador está realmente comprando; e em que negócio estamos. O termo serviços suplementares é usado para classificar aqueles elementos que adicionam valor ao serviço básico ofereci- do por uma empresa. Eles frequentemente desempenham papel importante na diferenciação e no posicionamento do produto principal. Também existe o chamado produto ampliado, que seria o produto básico adicionado de todos os elementos que acrescentam valor para o cliente. Pode-se fazer uma analo- gia com a venda de produtos, onde se pode agregar valor aos produtos vendidos através de dois tipos de serviços: Serviços Suplementares de Facilitação e de Ampliação. Os autores conceituam o terceiro componente – processo de entrega – como sendo os procedimentos utilizados para “Quando projetam um serviço para implementar determinado conceito de marketing de serviços, planejadores de produto precisam adotar uma visão holística de todo desempenho que eles querem que os clientes experimentem. Por conseguinte, a tarefa de projetar deve abordar e integrar três componentes fundamentais: o produto principal, os serviços suplementares e os processos de entrega” (LOVELOCK E WIRTZ, 2006, p. 81). 28TÓPICOS E SERVIÇOS entregar não apenas o produto principal, mas cada um dos serviços suplementares. Cada parte do processo tem diferentes implicações no envolvimento do cliente, nos procedimentos operacionais e no grau de contato do cliente com as pessoas e instalações. Há dezenas de serviços suplementares que podem ser ofe- recidos aos consumidores. Lovelock e Wirtz (2006) afirmam que qualquer um desses pode ser enquadrado em um dos oito grupos, listados entre facilitadores e realçadores. FACILITADORES • Informação: clientes precisam de informações relevantes para obter valor total de qualquer bem ou serviço. As empresas devem se certificar que a informação que fornecem é opor- tuna e exata – informações incorretas causam inconveniência. • Recebimento de pedidos: Assim que o cliente estiver pronto para comprar, há a aceitação de pedidos, inscrições e reservas. Esse fator é fundamental, e deve ser cortês, rápido e preciso – evitando esforços desnecessários por parte do consumidor. Pode-se usar tecnologia para acelerar o recebimento de pe- didos, tanto para clientes como para fornecedores. Deve-se então, minimizar esforços, mas garantir que o recebimento se dê de forma exata e completa. 29TÓPICOS E SERVIÇOS • Cobrança: é comum a quase todos os serviços, a não ser que eles sejam fornecidos gratuitamente. Mesmo que um cliente esteja satisfeito, o fato de haver faturas erradas, ilegíveis ou incompletas transforma a experiência em aborrecimento – e se o cliente já estiver insatisfeito, piora muito a situação. A cobrança também deve ser rápida, pois cada vez mais os clientes têm pressa. No entanto, a exatidão é essencial. • Pagamento: muitas vezes, e tempo entre o faturamento e a ação do pagamento demora um tempo considerável. Os consumidores, quando compram, esperam facilidade e conveniência de pagamento – incluindo crédito. Falhas em equipamentos são entraves para a satisfação do cliente, por isso a manutenção e a resolução rápida de problemas são imprescindíveis. Alguns exemplos de serviços complementares facilitadores podem ser vistos a seguir: Orientação para chegar ao local; programações. Horários de atendimento; preços; instruções de uso; lembretes e avisos; condições de venda e serviço; mudanças; documentação; confirmação de reservas; extratos; recibos. Extratos periódicos de atividades contábeis; faturas para transações individuais; informação verbal da quantia devida; apresentação por máquina da quantia devida (cupom fiscal); autocobrança (cálculo feito pelo cliente). Inscrições (associar-se a clubes ou programas, serviços que exigem inscrição, serviços baseados em pré-requisitos); entrada de pedidos (preenchimento de pedido no local, pedido por correio ou telefone, pedido por e-mail ou web site); reservas e check-in (assentos, mesas, quartos, locação de veículos e equipamentos, consultas profissionais, visitas a instalações restritas. Autosserviço (dinheiro na máquina e devolução do troco exato, inserir cartões ou fichas, transferência eletrônica de fundos). Direto ao recebedor ou intermediário (manuseio de dinheiro vivo e devolução de troco, de cheques, de cartões de crédito e débito, comprovantes). Dedução automática de depósitos financeiros (taxas bancárias). Controle e verificação (sistemas automatizados, como bilhetes lidos por máquinas que acionam portas e portões, e sistemas humanos, como cobradores de pedágio e 30TÓPICOS E SERVIÇOS REALÇADORES • Consulta: ao contrário da informação – que sugere uma simples resposta verbal ou escrita às perguntas feitas – a consulta envolve um diálogo, a fim de descobrir os requisi- tos do cliente e, através disso, desenvolver uma solução sob medida. Em sua forma mais simples, a consulta consiste no conselho imediato em resposta a uma pergunta: “o que você sugere?”. A consulta eficaz requer o entendimento da situação atual de cada cliente antes de sugerir uma ação adequada. • Hospitalidade: serviços relacionados com hospitalidade deveriam refletir o prazer de conhecer novos clientes e cumprimentar antigos que estão de volta. Empresas bem gerenciadas orientam seu pessoal a tratar os clientes como hóspedes. A hospitalidade revela a sua total expressão em encontros pessoais. Por isso, recrutar profissionais que são cordiais e atenciosos – por natureza – ajuda a criar uma atmosfera hospitaleira. • Salvaguarda: quando visitam uma área de serviço, clientes querem cuidados para seus pertences. Muitas vezes, se não houver serviços de salvaguarda, os clientes nem irão até o prestador de serviço. Empresas responsáveis também se preocupam com a segurança de seus clientes. • Exceções: envolvem serviços que estão fora da rotina de entrega normal do serviço. Organizações atentas se anteci- pam às expectativas e desenvolvem planos e diretrizes para as atenderem quando aparecerem. Assim, seus funcionários não parecerão surpresos ou impotentes quando os consu- midores solicitarem assistência especial. Os procedimentos devem ser bem definidos para que o funcionário consiga responder de imediato à solicitação – e de maneira eficaz. Porém, os gestores precisam ficar atentos à quantidade de exceções, pois quando o número é grande, indica que a empresa precisa rever seus procedimentos padronizados e, além disso, pode comprometer a segurança, causar impacto negativo sobre os demais clientes e também sobrecarregar funcionários. 31TÓPICOS E SERVIÇOS Alguns exemplos de serviços complementares realçadores podem ser vistos a seguir: Solicitações especiais antes da entrega de serviço (necessidades das crianças, requisitos alimentares, necessidades médicas ou de deficientes, preceitos religiosos, desvios em relação a procedimentos operacionais padronizados); tratamento de comunicações especiais (reclamações, elogios, sugestões); resolução de problemas (garantias financeiras e físicas contra o mau funcionamento de produtos, resolver dificuldades que surgem com a utilização do produto ou causadas por acidentes, falhas de serviço e problemas com pessoal ou outros clientes, prestar assistência a clientesque sofreram um acidente ou emergência médica); restituição (reembolsos, compensação em dinheiro por bens ou serviços insatisfatórios, conserto gratuitos de bens defeituosos). Cuidado com os pertences que os clientes trazem com eles (cuidar de crianças, de animais de estimação, estacionamento, manobrista, chapelaria, manuseio de bagagem, espaço de armazenagem, cofres, pessoal de segurança); cuidados com mercadorias compradas ou alugadas por clientes (embalagem, retirada, transporte, entrega, instalação, inspeção e diagnóstico, limpeza, reabastecimento de combustível, manutenção preventiva, consertos e reformas, atualização). Conselho; auditoria; aconselhamen- to pessoal; tutoria e/ou treinamento na utilização do produto; consulta de gerenciamento ou técnica. Cumprimentos; comidas e bebidas; banheiros e instalações sanitárias; instalações de espera e comodida- des (salas e áreas de espera, lugares para sentar, proteção contra intem- péries, revistas, jornais, entreteni- mento); transporte; segurança. Solicitações especiais antes da entrega de serviço (necessidades das crianças, requisitos alimentares, necessidades médicas ou de deficientes, preceitos religiosos, desvios em relação a procedimentos operacionais padronizados); tratamento de comunicações especiais (reclamações, elogios, sugestões); resolução de problemas (garantias financeiras e físicas contra o mau funcionamento de produtos, resolver dificuldades que surgem com a utilização do produto ou causadas por acidentes, falhas de serviço e problemas com pessoal ou outros clientes, prestar assistência a clientes que sofreram um acidente ou emergência médica); restituição (reembolsos, compensação em dinheiro por bens ou serviços insatisfatórios, conserto gratuitos de bens defeituosos). Cuidado com os pertences que os clientes trazem com eles (cuidar de crianças, de animais de estimação, estacionamento, manobrista, chapelaria, manuseio de bagagem, espaço de armazenagem, cofres, pessoal de segurança); cuidados com mercadorias compradas ou alugadas por clientes (embalagem, retirada, transporte, entrega, instalação, inspeção e diagnóstico, limpeza, reabastecimento de combustível, manutenção preventiva, consertos e reformas, atualização). Conselho; auditoria; aconselhamen- to pessoal; tutoria e/ou treinamento na utilização do produto; consulta de gerenciamento ou técnica. Cumprimentos; comidas e bebidas; banheiros e instalações sanitárias; instalações de espera e comodida- des (salas e áreas de espera, lugares para sentar, proteção contra intem- péries, revistas, jornais, entreteni- mento); transporte; segurança. 32TÓPICOS E SERVIÇOS ESTRATÉGIA E VALOR EM SERVIÇOS Escolher a estratégia adequada é essencial para os negócios – e com serviços não é diferente. O valor percebido pelo cliente depende da estratégia e de como a produtividade e a qualidade são exercidas na organização Quando falamos em estratégia, logo nos vem em mente o mercado e os objetivos organizacionais. Para se formular uma correta estratégia é essencial que se analise a fundo o ambiente, e que se conheça o mercado no qual estamos inseridos. Quando estamos falando em serviços? Bem, você já entende que há uma diferença entre produtos e serviços, e as organizações voltadas para os serviços precisam considerar essas diferenças. 33TÓPICOS E SERVIÇOS Quando falamos nas Estratégias Competitivas em Serviços, precisamos nos lembrar de algumas ferramentas utilizadas sem- pre quando se quer analisar se a empresa está no caminho certo, ou mesmo se vale a pena atuar em um determinado mercado. Para isso, vou ajudá-los a lembrar de um modelo muito utilizado ainda hoje! Michael Porter, em 1970, desenvolveu um modelo bastante conhecido como As cinco forças de Porter. Esse modelo consiste em identificar as forças que inf luenciam uma organização e que podem torná-la competitiva. Veja: Deve-se considerar a ameaça de novos entrantes, pois sempre que um novo concorrente entra em um determinado mercado pode haver briga pelo preço, por custos mais baixos, e isso pode inf luenciar a rentabilidade dos negócios. Também há o poder de negociação, tanto de fornecedores – que podem se aproveitar do seu poder de barganha exercendo pressão para obter vantagens de preço e entrega – como dos compradores – que sempre procuram preços baixos e boa qualidade, o que estimula a concorrência. Lembremos também dos produtos subs- titutos, que são aqueles que são distintos, mas que podem substituir produtos ou serviços com a mesma função. E, por fim, não se esqueça da rivalidade entre os concorrentes, pois as diferentes empresas que atuam em um mercado possuem suas estratégias (de preço, de custos, RIVALIDADE ENTRE CONCORRENTES AMEAÇA DE NOVOS ENTRANTES PODER DE BARGANHA DOS FORNECEDORES PODER DE BARGANHA DOS CLIENTES AMEAÇA DE PRODUTOS SUBSTITUTOS 34TÓPICOS E SERVIÇOS de marketing, etc.) para conquistar os clientes. Outra ferramenta muito utilizada pelas empresas é a Matriz SWOT. Sua função é analisar os ambientes interno e externo de uma organização. A matriz também é chamada em Portu- guês de FOFA, sigla para Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças; SWOT é a sigla original em Inglês, contemplando os mesmos componentes. Para seu melhor entendimento veja o que significam essas variáveis: Essas ferramentas são bastante utilizadas para a adoção de estratégias competitivas adequadas aos objetivos das empresas, considerando o ambiente em que estão inseridas. Para orga- nizações de serviços elas são amplamente utilizadas, pois com elas pode-se considerar as características e as especificidades do setor. Atuamos em um ambiente competitivo em serviços, e segundo Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014), esse ambiente é extremamente desafiador, já que possui algumas razões que desestabilizam o ambiente. Veja-as com atenção: STRENGTHS (FORÇA) WEAKNESSES (FRAQUEZAS) THREATS (AMEAÇAS) OPORTUNITIES (OPORTUNIDADES) FATORES POSITIVOS FATORES NEGATIVOS FA TO R E S E X TE R N O S FA TO R E S IN TE R N O S - Existência de poucas barreiras para entrada de competidores. - Oportunidades mínimas para economias de escala. - Flutuações nas vendas. - Tamanho da empresa para negociar com compradores ou fornecedores. - Substituição de produtos. - Fidelidade dos clientes. - Barreiras à saída. 35TÓPICOS E SERVIÇOS Para os autores, os clientes baseiam suas decisões de compra em diversas variáveis – como preço, reputação, segurança e até mesmo conveniência. Destacar-se em uma ou mais variáveis depende das preferências do cliente e do nível de competiti- vidade de um mercado. Para ganhar clientes, uma empresa precisa competir em várias dimensões. Estratégias Competitivas em Serviços Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014) defendem que em toda e qualquer atividade de serviço há empresas que prosperam através da superação das dificuldades competitivas do seu mercado. Para eles, os novos empreendimentos devem desen- volver uma estratégia de serviços adequada às características competitivas de suas atividades. Por outro lado, as empresas já existentes precisam ter constante análise e ações para superar as barreiras impostas pelo setor, alcançando posições dominantes em seu mercado. Os autores trazem três estratégias genéricas de Michael Porter que conseguem proporcionar vantagem competitiva para que empresas de serviços superem a concorrência. As veremos a seguir: 36TÓPICOS E SERVIÇOS LIDERANÇA GLOBAL EM CUSTOS Para atuar no mercado utilizando essa estratégia, as empresas de serviços precisam rígido controle de custos e despesas, instalações eficientes, muitas vezes, tecnologia inovadora. Quanto menores os custos de uma empresa, me- lhor ela poderá competir, pois essa defesa pode pressionar os concorrentes. Adotando essa estratégia, as empresas devem: Investir em equipamentos atualizados. Ter preços agressivos. Obter margens menores. A utilização dessa estratégia pode ser um grande dife-rencial. Para alcançar a otimização com uso de estratégia de liderança em custos, prestadores de serviços adotam procedimentos como: • Procura de clientes de baixo custo: alguns clientes custam menos que outros para atender, seja pela forma de compra (por telefone, internet, entre outros meios menos dispendiosos), seja pelo perfil (clientes que compram em quantidades maiores, ou que não ne- cessitam de intermediários para efetuar uma compra). • Padronização de serviço personalizado: serviços podem ser padronizados em virtude de um perfil de consumo comum entre os clientes. Pode-se oferecer soluções-padrão, que depois podem ser personalizadas no caso de uma necessidade especial do cliente, desde que essa seja a exceção e não a regra. • Redução da interação na prestação dos serviços: a redução do contato pessoal é considerada de alto risco, porém, se for aceita pode representar uma maior con- veniência para eles. Isso reduz o custo para o prestador. • Redução dos custos de rede: prestadores de serviços muitas vezes possuem uma rede de fornecedores, e para conseguir baixar esse custo, frequentemente, precisam investir em novos equipamentos e em novas tecnologias que substituam todos os níveis dessa ca- deia. Através de novos e diferentes processos podem atingir um menor custo de rede. • Operações de serviços off-line: para serviços em que o cliente não precise estar presente, a transação pode ocorrer de forma desconectada. Através de economias de escala envolvidas nessa prestação de serviços, o baixo custo de localização das instalações e a ausência do cliente no sistema haverá uma significativa redução de custos. 37TÓPICOS E SERVIÇOS DIFERENCIAÇÃO Nessa estratégia competitiva, a ideia central é criar e manter a percepção de ser único. Algumas formas de se conseguir isso são: Imagem da marca. Tecnologia. Características especiais. Serviço ao cliente. A diferenciação certamente envolve custos. Não há como se desconsiderar totalmente esse fator, pois a gestão de custos confere uma vantagem competitiva importante para empresas de todos os mercados. Porém, a característica mais importante dessa estratégia é obter a lealdade do cliente. Isso traz custo, mas o cliente está preparado para pagar e reconhece a realidade do custo/benefício. A diferenciação pode ser observada por meio de algumas características como: • Tornar tangível o intangível: serviços são intangíveis; contudo, fornecer ao cliente uma lembrança material da compra ou manter um contato constante são ações que podem ajudar o cliente a tangibilizar a prestação do serviço. • Personalização do produto padrão: ao contrário da estratégia da liderança global em custos, quando te- mos serviços facilmente padronizados procura-se dar toques de personalização. Isso aproxima a empresa do seu cliente a um custo baixo. • Redução do risco percebido: clientes costumam pagar um preço maior por serviços que passem a sensação de segurança e de tranquilidade. A falta de informação sobre a compra de um serviço cria uma sensação de risco para muitos clientes. • Valorização do treinamento de pessoal: desenvolver e treinar pessoas que transformem o investimento em aumento da qualidade é uma vantagem competitiva difícil de ser copiada pelos concorrentes. Empresas líderes geralmente têm excelentes programas de ca- pacitação das pessoas que compõem a organização. • Controle de qualidade: a qualidade dos serviços deve considerar a distância potencial entre as expectativas e as experiências dos clientes. É desafiador manter a constância da qualidade em serviços de diferentes locais, sendo necessário para minimizar o risco diver- sas ações, como treinamento, uso de tecnologia, etc. Influenciar as expectativas de qualidade do cliente é um aspecto importante a considerar. 38TÓPICOS E SERVIÇOS FOCALIZAÇÃO Essa estratégia genérica objetiva alcançar a satisfação de um determinado mercado, procurando atender as demandas daqueles clientes específicos. O segmento de mercado pode ser determinado através de um grupo de compradores, de um serviço específico ou de regiões geográficas. A premissa da estratégia de Foco é que uma empresa pode servir um mercado-alvo restrito com maior eficácia (e/ou eficiência) do que outras empresas que servem mercados amplos. Isso resulta em uma van- tagem competitiva por conhecer melhor as necessidades dos clientes, ou mesmo por reduzir os custos por meio da especialização. É muito importante a seleção do cliente para se chegar a uma estratégia de foco bem-sucedida. Davidow e Attal apud Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014) apontam que essa abordagem se constrói em três etapas: Segmentação do mercado para projetar os serviços essenciais. Classificação dos clientes de acordo com o valor que eles atribuem ao serviço. Estabelecimento de expectativas ligeiramente abai- xo do desempenho percebido. Produtividade e qualidade em serviços Produtividade e qualidade são dois conceitos que pre- cisam andar juntos quando se fala em serviços. Ambos são determinantes para o sucesso das estratégias e das ações das organizações com foco em serviços. “A produtividade é a capacidade de prestar serviços num determinado intervalo de tempo, no menor nível de dispêndio de recursos, resultando no dimensionamento adequado da estrutura de serviços e das ações, visando o ajustamento da oferta e da demanda, mantidas as características determinantes da qualidade percebida pelos clientes” (SPILLER ET. AL., 2006, p.47). 39TÓPICOS E SERVIÇOS Para Grönroos (2003), muitas vezes diz-se que a produ- tividade é baixa em diversas organizações de serviços, e que eles são produzidos usando excesso de recursos e a um custo desnecessariamente alto, sendo que com outra estrutura de serviços, a empresa poderia cortar custos e produzir o mesmo que antes. Entretanto, essas mudanças de custos e recursos uti- lizados podem ter efeito oposto: a qualidade percebida pode se deteriorar, os clientes podem ficar insatisfeitos e a concorrência passa a ser opção a se considerar. Dessa forma, a capacidade de geração de receita do prestador de serviços declina. Spiller et. al. reúnem um conjunto de circunstâncias que podem acarretar na queda substancial na produtividade, já que as próprias características dos serviços representam um maior obstáculo ao controle de sua qualidade. Veja quais são essas circunstâncias: Para os autores, quando se conhece os problemas e difi- culdades na prestação de um serviço, é necessário organizar recursos e meios empregados na sua preparação, produção e oferta. Essa organização se dá pelas instalações físicas, pelo emprego de tecnologia adequada em diferentes atividades, os sistemas de informação (que permitem liberar funcionários de tarefas rotineiras para dedicarem mais tempo para atender clientes e buscar informações sobre eles) e pelo pessoal – fa- tor determinante de qualidade em serviços, exigindo seleção criteriosa. - Produção e consumo simultâneos. - Variações na qualidade do serviço decorrentes do comportamento dos funcionários. - Impossibilidade de inspeção prévia. - Dificuldade de supervisionar todos os funcionários da linha de frente. - Dificuldade de aferir a qualidade dos serviços, por sua natureza subjetiva. 40TÓPICOS E SERVIÇOS Grönroos (2003) destaca que a produtividade e a qualidade percebida são inseparáveis, sendo que melhorar a produtividade pode ter impacto neutro ou positivo sobre a qualidade. Do mes- mo modo, essa melhora pode prejudicar a qualidade percebida, e se isso acontecer, a satisfação do cliente declina e a empresa corre sério risco de perder clientes, causando efeito negativo sobre os resultados financeiros por causa da queda nas receitas. Para o autor, esse é o grande dilema nos processos de serviço: melhorias na eficiência interna e introdução de mais recursos e processos efetivos em custos não levam, necessariamente, a bons resultados econômicos. • Complementando essa ideia, Lovelock e Wirtz(2006) afir- mam que a melhoria na produtividade é importante por diversas razões: • Ajuda a manter custos baixos, sendo que custos mais baixos significam lucros mais altos ou capacidade de conter a ele- vação de preços. A empresa que tiver os custos mais baixos de um setor tem a opção de se posicionar como líder em preços baixos – o que é uma grande vantagem em mercados sensíveis ao preço. • Quando os custos são mais baixos, as margens geradas são mais altas. Isso dá uma maior opção à empresa gastar mais que a concorrência em atividades de marketing, melhoria de atendimento ao cliente e serviços suplementares. Além disso, essas empresas podem usar suas margens mais altas para atrair os melhores distribuidores e intermediários. 41TÓPICOS E SERVIÇOS • Temos a oportunidade de garantir o futuro da empresa a longo prazo por meio de investimentos em novas tecnolo- gias de serviço e em pesquisas para criar serviços superiores, melhores características e sistemas de entrega inovadores. • Esforços para melhorar a produtividade costumam causar impacto nos clientes, sendo que os profissionais de marketing devem assegurar que impactos negativos sejam evitados e minimizados, e que novos procedimentos sejam apresentados aos clientes com cautela. Os impactos positivos podem ser promovidos como nova vantagem competitiva. Definimos que a produtividade está intensamente ligada à qualidade. Lovelock e Wirtz (2006) afirmam que, em termos gerais, a qualidade focaliza os benefícios criados para o cliente, e a produtividade representa os custos financeiros incorridos na prestação do serviço, que são repassados aos clientes em forma de preço. A melhoria da lucratividade da empresa a longo prazo se dará através de uma cuidadosa integração de programas de melhoria de produtividade e qualidade. Grönroos (2004) traz alguns modos de se melhorar a qua- lidade e a produtividade de serviços simultaneamente: • Melhorando a capacidade técnica dos funcionários: parte da premissa que serviços de alta qualidade significa, entre outras coisas, que os funcionários sabem como fazer as coisas corretamente. Se tiverem habilidades inadequadas, a quali- dade é prejudicada. Por outro lado, melhorar a capacidade técnica das pessoas pode manter ou melhorar a qualidade de um determinado serviço. 42TÓPICOS E SERVIÇOS • Orientação para serviço das atitudes e do comportamento do funcionário: atitudes e comportamento negativos e/ou pouco amistosos do pessoal causam impacto negativo sobre a qualidade percebida de serviço – e como consequência, uma baixa na produtividade. Por outro lado, funcionários orientados para serviço aprimoram a percepção da qualidade. • Valores internos que dão apoio à boa produtividade de servi- ços: o desenvolvimento de valores internos que dão suporte a um bom serviço e, por outro lado, fazem com que fun- cionários se conscientizem da necessidade de usar recursos inteligentemente é um meio de melhorar a produtividade de serviços. • Fazendo com que sistemas e tecnologias deem mais suporte aos funcionários e/ou à participação do cliente: sistemas operacionais difíceis de operar podem criar problemas para funcionários, para clientes ou para ambos. Aqui, uma solução adequada pode ser a utilização de equipamentos simples, mas eficazes, o que pode influenciar positivamente tanto a produtividade como a qualidade percebida. • Industrialização da operação de serviço: geralmente, indus- trializar serviços significa substituir pessoas por tecnologia e automação. Porém, podem surgir problemas se essa indus- trialização for oferecida para todos os tipos de serviços e para todos os segmentos de clientes, em todas as situações. A produtividade pode aumentar, mas a qualidade percebida pode diminuir, causando efeito negativo sobre o resultado financeiro. • Usando a internet e a tecnologia de informação: essas duas ferramentas oferecem muitas oportunidades de criar proces- sos de serviço que demandam menos recursos e, ao mesmo tempo, são percebidos pelos clientes como qualidade me- lhorada. • Aumentando a cooperação do cliente no processo de pro- dução do serviço: uma maneira de melhorar produtividade e qualidade é examinar o impacto do cliente sobre o processo do serviço. Isso pode ser feito introduzindo elementos de 43TÓPICOS E SERVIÇOS autosserviço – sendo que não pode ser feito apenas por questões de eficiência, mas o cliente deve perceber como benefício. Também pode ser feito melhorando a capacidade de participação do cliente, já que quando eles são bem in- formados, sentem-se mais seguros, cometem menos erros e necessitam de menos atenção, ficando mais satisfeitos como o serviço. • Reduzindo a incompatibilidade entre oferta e demanda: ao contrário dos bens físicos, os serviços não podem ser esto- cados. Um bom gerenciamento de capacidade e demanda reflete os seus resultados na produtividade e na qualidade percebida pelo cliente, que terá a solução para a sua demanda atendida prontamente. Recuperação do Serviço Quando um cliente de serviço fica insatisfeito, a empresa prestadora deve tentar, de diversas maneiras, reverter essa in- satisfação, para que ele volte a ter boas experiências. Segundo Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014), como os clientes participam do processo de prestação de serviço, um empregado atento e treinado nas técnicas de recuperação consegue transformar um desastre provável em uma experiência que torna o cliente leal. 44TÓPICOS E SERVIÇOS O quadro seguinte apresenta algumas estatísticas sobre o comportamento de clientes insatisfeitos: Isso sugere que uma rápida resolução de falhas nos serviços é uma forma importante de criar clientes leais. Quando um funcionário da linha de frente tem autonomia para consertar as coisas, uma falha pode se transformar em uma oportuni- dade de experiência positiva. Os gastos realizados em uma recuperação são muito menores que os problemas causados por potenciais histórias negativas. Por isso, as pessoas devem ser muito bem treinadas e, dessa forma, conseguem amenizar os relatos negativos. Johnston e Hewa (1997) apud Fitzsimmons e Fitzsimmons (2014) trazem quatro abordagens básicas para a recuperação de serviços, que são: • Abordagem caso a caso: lida com a reclamação de cada cliente. Tem baixo custo e é de fácil implementação, mas pode ser variável, gerando percepções de injustiça (respostas diferentes para perfis diferentes de clientes). • Abordagem de resposta sistemática: segue um protocolo para lidar com reclamações dos clientes. É mais confiável que a abordagem caso a caso por ter uma resposta planejada, baseada na identificação de falhas. As diretrizes de resposta devem ser continuamente atualizadas, sendo benéficas por - Em média, a empresa fica sabendo apenas de 4% dos seus clientes insatisfeitos com produtos ou serviços. Dos 96% que não reclamam diretamente, 25% têm problemas sérios. - Os 4% que reclamam têm mais chances de permanecerem com o prestador do serviço do que os 96% que não reclamam. - Em torno de 60% dos reclamantes permaneceriam como clientes se o seu problema fosse resolvido, e 95% deles permaneceriam se o problema fosse resolvido rapidamente. - Cada cliente insatisfeito falará para 10 a 20 pessoas a respeito do seu problema. - Cada cliente que teve um problema resolvido por uma empresa relatará o caso para aproximadamente 5 pessoas. 45TÓPICOS E SERVIÇOS oferecer resposta oportuna e coerente. • Abordagem de intervenção inicial: tentar intervir e resolver os problemas de processos de serviço antes que eles afetem o cliente e, dessa forma, desenvolver planos alternativos, se necessário. É um componente a mais sobre a abordagem de resposta sistemática. • Abordagem alternativa: explora a falha do concorrente para ganhar o seu cliente ao fornecer uma recuperação por serviço substituto. É de difícil implementação, pois as infor- mações sobre falhas geralmente são mantidas em sigilo pelos concorrentes. Porém, muitasvezes, a abordagem é apoiada pelo concorrente (no caso de hotéis lotados, por exemplo, ao encaminharem clientes para outros estabelecimentos). Reclamações devem ser tratadas como presentes dos clien- tes, e essa oportunidade deve ser aproveitada para satisfaze-lo, além de criar um relacionamento com alguém que se tornará um defensor da empresa. Alguns princípios devem ser incor- porados no cotidiano de uma empresa prestadora de serviços e no treinamento das pessoas que nela trabalham: • Tratamos cada reclamação como um presente. • Reclamações são bem-vindas. • Encorajamos os clientes a reclamarem. • Facilitamos o processo de reclamação. • Atendemos reclamações com rapidez. • Tratamos as reclamações de forma justa. 46TÓPICOS E SERVIÇOS • Damos a nossos funcionários poder para atender reclamações. • Nossos sistemas de atendimento de reclamações são bons para o cliente e para o funcionário. • Recompensamos os funcionários que atendem bem às re- clamações. • Registramos as reclamações e aprendemos com elas. No mundo contemporâneo, os serviços são forças motrizes do desenvolvimento social e econômico mundial. Por isso, é tão importante estudá-lo, seja como setor da economia, seja como processo inerente às organizações. Hoje ninguém vive sem serviços, sejam públicos ou privados. Todos nós desejamos que nossas necessidades como consumidores sejam atendidas eficazmente, com gentileza e cortesia sempre. 47TÓPICOS E SERVIÇOS Síntese A importância de analisar o mercado e de determinar uma correta estratégia competitiva em serviços norteou essa unidade. Vimos que as empresas de serviço podem adotar três estratégias genéricas competitivas para atuar nos mercados – liderança global em custos, diferenciação e foco (ou focalização) – e que cada uma delas possui suas particularidades. Além disso, entramos no universo da produtividade e da qualidade em serviços. Vimos formas de se melhorar a produtividade, e o quão importante é a qualidade para a percepção de valor pelo cliente. Por fim, analisamos formas de recuperação de serviços: Quando o erro aconteceu? O que podemos fazer para conquistar novamente o nosso cliente? 48TÓPICOS E SERVIÇOS GESTÃO DE SERVIÇOS Precificar corretamente e gerir oferta e demanda são fundamentais para as organizações de serviços contemporâneos. Vivemos num mundo globalizado que depende muito dos serviços. A administração de serviços no mundo contemporâneo abrange diversos conceitos importantes. É um assunto vasto, repleto de curiosidades e também de oportunidades! Hoje, não se pode mais pensar em uma organização de sucesso que não precifique corretamente os seus produtos e serviços. Também, principalmente falando em empresas prestadoras de serviços, gerenciar a sua capacidade e a sua demanda é fator decisivo para sobreviver e atingir o seu objetivo maior – encantar o cliente. Por fim, não se pode pensar em serviços sem discutir a produtividade e a qualidade, dois assuntos tão intimamente ligados. Por isso, nessa unidade, vamos trabalhar esses con- ceitos para desenvolver cada vez mais as nossas relações com clientes e fornecedores. 49TÓPICOS E SERVIÇOS As decisões de preços dos serviços são complexas e muito importantes. A determinação de preços também é chamada de política de pricing. Para Corrêa e Caon (2009), no Brasil, há pouco tempo atrás, tínhamos períodos de alta inf lação e economia fechada. A maioria das empresas estabelecia seus preços de maneira individual e automática, apenas somando o custo e a margem desejada. Era feito dessa forma porque o consumidor era in- capaz de estabelecer relações entre preços e valor, devido às constantes mudanças no valor nominal dos preços ocasionados pela inf lação. Mesmo numa economia de mercado estável e concorrencial em que os preços de qualquer bem são dados pelo equilíbrio entre sua oferta e sua demanda, a empresa sempre dispõe de alguma margem de manobra para alterações. Sendo assim, as organizações devem considerar os seus custos de produção e também o preço de serviço similar no mercado como refe- renciais para a definição da sua política de preços. O preço praticado deve considerar, em primeiro lugar, o valor percebido pelo cliente de cada segmento de mercado pretendido – e por isso é tão importante considerar quais aspectos são valorizados pelos clientes. Formação de preços e lucratividade em serviços 50TÓPICOS E SERVIÇOS “Para as organizações que visem lucro, o objetivo de ma- ximizar o lucro sempre será um pressuposto verdadeiro para longo prazo” (CORRÊA E CAON, 2009, p. 139). Também é importante ressaltar que a escolha dos objetivos na formação de preços é inf luenciada pelo tipo de mercado em que a empresa atua. Os mercados, segundo Corrêa e Caon (2009), são: • Controlado pelo poder público: nesses mercados os preços podem ser alterados pelo poder público se houver interesses maiores da sociedade. Alguns exemplos são os mercados de energia elétrica, combustíveis, telefonia, entre outros. • Autorregulamentado: é o caso das associações profissionais que aceitam preços mais baixos pelos serviços que prestarão aos clientes em troca de maior volume e estabilidade de demanda. Por exemplo, temos associações médicas que negociam com empresas de seguros de saúde. • Gerido pelos mecanismos de livre mercado: são os serviços em geral. Nesse caso, os preços variam livremente e depen- dem da estratégia escolhida pela empresa e da atuação dos concorrentes do mercado em que ela atua. 51TÓPICOS E SERVIÇOS Estratégia de Preços Baseada nos Custos de Produção A maneira mais frequente de se determinar o preço de um serviço é somar custos de produção e distribuição a uma “margem líquida de lucro” ou uma taxa de rentabilidade míni- ma exigida para o capital investido no negócio. As premissas que determinam isso são que o consumidor escolherá o mais barato entre produtos equivalentes; e que os custos de todas as empresas concorrentes decrescem conforme sua experiência na produção. No entanto, para Lovelock e Wirtz (2006), geralmente é mais difícil determinar os custos de produção de um bem intangível do que identificar custos de mão de obra, materiais, armazenagem e outros inerentes à produção de um bem físico. Para calculá-los, devem ser estimados: • Custos fixos: aqueles que continuariam a incorrer mesmo se nenhum serviço fosse vendido. Alguns exemplos são aluguel, impostos, folha de pagamento, entre outros. A estratégia de preço define padrões que orientem as de- cisões relacionadas com a fixação de preços. Correa e Caon (2009) definem que as estratégias possíveis serão decorrentes da combinação de três aspectos: custos de produção, atuação da concorrência e as preferências e prioridades dos clientes. Falaremos sobre cada uma delas a seguir. 52TÓPICOS E SERVIÇOS Essa estratégia é mais fácil e também é rápida de calcular e, além disso, mostra o preço mínimo para atingir a rentabilidade esperada no negócio. Porém, apresentam restrições: • Restringem os objetivos de pricing ao lucro de curto prazo (já que este último faz parte do preço). • Necessitam de estimativas de vendas (que dependem dire- tamente dos preços praticados). • O enfoque é totalmente interno à empresa. • O cálculo do custo unitário de um serviço não é trivial (de- vido às características intangíveis e ao impacto nos custos de produção). Estratégia de Preço Baseada na Concorrência Para Corrêa e Caon (2009), a posição de uma empresa em relação aos seus concorrentes diretos e um reposicionamento desejado possibilita a estruturação de algumas estratégias de preços. Lovelock e Wirtz (2006) defendem que as empresas que prestam serviços relativamente indiferenciados precisam monitorar o que a concorrência cobra pelos serviços dela, e • Custos variáveis: aqueles que são associados com o atendi- mento de um cliente adicional. Alguns exemplos são com- bustível, mão de obra a contratar, comida e bebida servida em um determinado
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