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Fundamentos da saúde coletiva 1

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10/09/2023, 12:26 Fundamentos da saúde coletiva
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02488/index.html# 1/35
Objetivos
Módulo 1
Saúde Coletiva na con�guração da Atenção Primária à Saúde
Identificar a influência de fundamentos da Saúde Coletiva na configuração da Atenção Primária à Saúde.
Acessar módulo
Módulo 2
Saúde Coletiva em ações de alimentação e nutrição
Reconhecer a aplicabilidade de fundamentos da Saúde Coletiva em ações de alimentação e nutrição na Atenção Primária à Saúde.
Acessar módulo
Fundamentos da saúde coletiva
Hugo Braz Marques
Descrição
Aplicação de fundamentos da Saúde Coletiva como escopo para o desenvolvimento de ações de alimentação e nutrição.
Propósito
Reconhecer os fundamentos da Saúde Coletiva, de modo a subsidiar ações de alimentação e nutrição na assistência e na
gestão da Atenção Primária à Saúde.
Buscar Baixar conteúdo em PDF Vídeos Menu
10/09/2023, 12:26 Fundamentos da saúde coletiva
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02488/index.html# 2/35
Introdução
Constituída pelos campos disciplinares inerentes às Ciências Sociais, à Epidemiologia e ao Planejamento em Saúde, a Saúde Coletiva pretende
incorporar o conceito ampliado em saúde por meio da análise da determinação social da distribuição de eventos em saúde em uma dada
população, com vistas à formulação de linhas de cuidado e políticas públicas.
A Promoção da Saúde busca fomentar o controle social para transformar a realidade local com o enfrentamento dos determinantes sociais. Ela tem
como cenário precípuo de práticas a Atenção Primária à Saúde, que é norteada pelos seguintes atributos: atenção no primeiro contato,
longitudinalidade, integralidade, coordenação, orientação familiar e comunitária, e competência cultural.
Em virtude da transição epidemiológica e nutricional, a população brasileira tem sido predominantemente afetada por doenças crônicas não
transmissíveis, pelo excesso de peso e obesidade, requerendo ações de promoção da alimentação saudável que considerem o direito humano à
alimentação adequada, o conceito de segurança alimentar e nutricional, a valorização da comida-patrimônio e o desenvolvimento de capacidade
crítica da população quanto à configuração do sistema alimentar hegemônico, subsidiada pelas diretrizes do Guia Alimentar para a População
Brasileira (2014). Neste conteúdo, veremos a aplicabilidade de fundamentos da Saúde Coletiva em ações de alimentação e nutrição, tanto na
assistência quanto na gestão da Atenção Primária à Saúde.
1
Saúde Coletiva na con�guração da Atenção Primária à Saúde
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a influência de fundamentos da Saúde Coletiva na configuração da Atenção Primária à Saúde.
10/09/2023, 12:26 Fundamentos da saúde coletiva
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Saúde Coletiva
Em um contexto de luta pela democratização, a Saúde Coletiva emergiu no Brasil como crítica ao campo da Saúde Pública, a qual tinha caráter
original de regulação moral de comportamentos, por meio de intervenções em campanhas de massa baseadas em pedagogia tradicional e
impositiva.
A Saúde Coletiva é constituída por três principais campos disciplinares, como as Ciências Sociais, a Epidemiologia e o Planejamento em Saúde. Tais
campos consideram a compreensão da construção social do processo saúde-doença; o estudo de fatores que determinam a frequência e a
distribuição dos eventos em saúde na coletividade; a revisão sobre a organização e a gestão dos serviços para formulação de linhas de cuidado,
vigilância em saúde e políticas públicas de saúde.
Comentário

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Os determinantes sociais da saúde representam os fatores sociais, econômicos, culturais, étnico-raciais, psicológicos e comportamentais que
condicionam a vida das pessoas. Eles podem proteger ou aumentar o risco de eventos negativos à saúde e são objeto da Promoção da Saúde, que
compreende um conjunto de valores, como qualidade de vida, justiça social, universalidade e participação popular democrática. Suas estratégias
devem ser adaptadas às necessidades locais, por meio da criação de ambientes favoráveis, reforço na ação comunitária, desenvolvimento de
atitudes pessoais de empoderamento e reflexão crítica sobre a realidade, com vistas ao tensionamento do Estado para a consecução da proteção
social prevista na Constituição Federal, que promova o acesso cada vez mais universal a condições de vida condizentes com saúde.
O conceito ampliado de saúde tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida de forma difusa, que extrapole a
necessidade de mudanças comportamentais para a prevenção e o controle de doenças.
Também é meta a transformação de condições de vida que constituem a estrutura usualmente encoberta dos problemas de saúde pelo viés
biomédico, o que suscita a prática da intersetorialidade.
Promoção da Saúde
A Reforma Sanitária Brasileira foi notavelmente influenciada pelas estratégias centrais da Promoção da Saúde, veiculadas na Carta de Ottawa,
produto da 1ª Conferência Internacional inerente à temática, em 1986. Inspirada no modelo de Estado de bem-estar social, a formulação do Sistema
Único de Saúde (SUS) teve como princípios organizacionais:
Ao afirmar que o atendimento integral deve priorizar as ações preventivas, sem prejuízo das assistenciais, amplia-se o espectro da atenção à saúde
em todos os níveis do processo saúde-doença, incluindo prevenção, tratamento e reabilitação. O princípio também representa uma extrapolação da
concepção estritamente biomédica, incorporando o conceito ampliado de saúde, que deve ser compreendido por múltiplas dimensões
determinantes em saúde, simbólicas, sociais, ambientais. Para tanto, deve ser estimulada a escuta qualificada, o acolhimento e a humanização nas
A Saúde Coletiva pretende superar o paradigma da centralidade na doença por meio da análise da realidade da coletividade com
enfrentamento dos determinantes sociais, o que suscita a intermediação entre diferentes campos disciplinares e setoriais para construção
de um conceito ampliado em saúde.
Universalidade 
Integralidade 
Equidade 
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práticas de saúde, de modo que necessidades silenciosas, não somente biológicas, sejam expressas pelo usuário em sua relação com o
profissional inserido no SUS.
As diretrizes de articulação do SUS com os princípios organizacionais incluem:
Com vistas ao controle social e à perspectiva de transformação da realidade local, coloca-se em evidência o caráter emancipatório da educação em
saúde, que teve como principal influência na América Latina e no Brasil a pedagogia de Paulo Freire, baseada fundamentalmente na troca de
reflexões críticas estabelecidas por meio do diálogo entre educador e educando sobre a realidade vivenciada.
Nesse sentido, a Política Nacional de Promoção da Saúde tem por objetivo promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos
relacionados aos determinantes da saúde relacionados a diversos setores, como trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a
bens e serviços essenciais. De modo específico, pretende:
Descentralização
A descentralização corresponde à distribuição de poder político, responsabilidades e recursos da esfera federal para a estadual e a
municipal.
Regionalização e hierarquização
A ideia de regionalização e hierarquização relaciona-se à noção de território, para que o planejamento de ações em saúde se baseie
em perfis epidemiológicos e sociais regionalizados, pautado na lógica de que a proximidade da população favorece a identificação de
necessidades em saúde e sua gestão.
Participação da comunidade
A participação da comunidade é um instrumento importante para a democracia, pela inserção popular em tomadas de decisão eminstâncias, como os conselhos e conferências de saúde.
Saiba mais
Assim, a educação em saúde problematizadora é estabelecida por meio de uma relação dialógica que respeite a vivência e o saber popular
acerca do cuidado em saúde, na busca pela intermediação com o saber científico, de maneira reflexiva, promotora de autonomia e de
sensação de pertencimento político enquanto cidadão.

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Implantar ações de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica.
Paulo Freire e a educação em saúde
O especialista Hugo Braz abordará a importância de Paulo Freire para a Saúde Coletiva e a educação em saúde.
Atenção Primária à Saúde
A Atenção Primária em Saúde (APS) corresponde ao ponto da Rede de Atenção à Saúde (RAS) elegível para responder de forma regionalizada,
contínua e sistematizada às necessidades de saúde, com perspectiva interdisciplinar e intersetorial, que fomente a participação popular de caráter
emancipatório sobre processos de gestão e controle. Trata-se da porta de entrada para o SUS e centro de comunicação e ordenador do fluxo de
serviços em toda a RAS, dos mais simples aos mais complexos em termos de tecnologias.
( A ) ( B ) ( C ) ( D ) ( E ) ( F ) ( G ) ( H ) ( I ) ( J )

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A APS concretiza-se em local próximo da vida das pessoas e se constituindo por equipamentos como as Unidades
Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Saúde da Família (USF) e Academias da Saúde.
Os atributos derivados compreendem orientação familiar e comunitária, assim como competência cultural. Os essenciais que devem guiar a APS
incluem:
Norteada por todos os atributos essenciais e derivados, congregados em seu escopo de ações, a Estratégia Saúde da Família (ESF) visa à expansão,
qualificação e consolidação da APS, de modo a ampliar resolutividade em saúde. De modo geral, a equipe de Saúde da Família (eSF) é composta
minimamente por médico generalista ou especialista em Saúde da Família, enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar ou
técnico de enfermagem, agentes comunitários de saúde, podendo ser acrescidos por odontólogo e auxiliar ou técnico em saúde bucal.
Atenção no primeiro contato
Implica na frequência de utilização dos serviços de saúde pelos usuários a cada nova situação de saúde manifestada, o que
representa não somente acessibilidade física, mas também a consolidação de referência e impressão favorável sobre o
estabelecimento de saúde.
Longitudinalidade
Implica na constituição de uma fonte regular de atenção e sua utilização ao longo do tempo para continuidade do cuidado em saúde,
o que é capaz de mensurar o vínculo estabelecido com os profissionais.
Integralidade
Abarca a atenção nos três níveis de complexidade da assistência à saúde, com articulação em ações de promoção, proteção e
prevenção, e a abordagem integral do indivíduo e sua família. Pressupõe a incorporação de um conceito ampliado em saúde que
extrapole o enfoque do risco de adoecimento em função do enfrentamento das iniquidades sociais. Requer humanização de práticas,
acolhimento e escuta qualificada com vistas à valorização de subjetividades e necessidades singulares dos sujeitos.
Coordenação do cuidado
Compreende a articulação entre os diversos serviços, ações em saúde e níveis assistenciais, em compartilhamento sincronizado e
integrado de projetos preventivos e/ou terapêuticos, por meio da comunicação sem hiatos entre a referência e a contrarreferência da
regulação de encaminhamentos.
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Conforme o perfil epidemiológico de cada território, é possível que se dê o apoio matricial por meio de equipes do Núcleo Ampliado de Saúde da
Família e Atenção Básica (NASF-AB), constituídas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento.
Seu propósito é ampliar a abrangência e o escopo das ações da APS com vistas à integralidade do cuidado e otimização da capacidade de análise e
intervenção sobre os determinantes sociais em saúde. As ações do NASF-AB, que se dão a partir dos limites encontrados pelas eSF diante das
situações de saúde, consistem em educação permanente com as equipes, discussão ampliada de casos com elaboração de projeto terapêutico
singular, consultas interdisciplinares, visitas domiciliares, educação em saúde com a população e articulações com a RAS ou outros setores sociais.
A Epidemiologia é o campo que analisa a distribuição de eventos e agravos à saúde de uma população, que, complementado pela articulação crítica
com as Ciências Sociais, pode permitir a triangulação de dados sobre a determinação social desses eventos e agravos, subsidiando o planejamento,
gestão e avaliação das ações de saúde. Desse modo, indicadores epidemiológicos que retratem a incidência e a prevalência relacionadas à
morbidade podem ser cruzados com análises sobre desigualdades sociais; questões inerentes aos ambientes, qualidade de vida, conceitos, visões
e medidas em saúde; monitoramento e escolha de intervenções.
Saiba mais
O NASF-AB é considerado um suporte especializado para as eSF, nas dimensões clínico-assistencial e técnico-pedagógica.

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O planejamento e a gestão em saúde podem abarcar recursos humanos, processos de trabalho, informação em
saúde, unidades de saúde e vigilância em saúde.
Embora dentro do campo da Saúde Coletiva haja hegemonia da Epidemiologia e de pesquisas quantitativas em detrimento daquelas qualitativas
articuladas às Ciências Sociais, a intenção por uma maior resolutividade está na homogeneidade entre os campos. A hegemonia tem a ver com
persistência do domínio do ideário positivista e quantitativo sobre a abstração e subjetividade.
Sobre a Epidemiologia, é sabido que a medida de prevalência consiste no número de casos acumulados de uma doença em uma população durante
um período específico, ao passo que a incidência se refere exclusivamente a casos novos, mensurada a partir do surgimento da doença. Sendo
assim:
Prevalência
A taxa de prevalência é calculada pela razão entre o número de indivíduos acometidos pelo agravo em uma determinada população ao longo
de um dado período e o número total de habitantes daquela população.
Incidência
A taxa de incidência é calculada pela razão entre o número de casos novos de certo agravo em uma determinada população em um dado
momento e o número total de habitantes daquela população.
Confira essas taxas no quadro a seguir:
Indicador Definição Fórmula
Resultado
percentual
Resultado
percentual x
1.000.000
Prevalência
Casos existentes
da doença em um
determinado
momento dividido
pela população em
risco de ter a
doença.
Casos totais de
COVID-19 do início
até o dia
16/07/2021 ÷
População
brasileira
19.300.000 ÷
211.000.000
0,092%
92.000 casos a
cada 1 milhão 
pessoas
Incidência Novos casos da
doença em uma
população definida
durante um período
específico (um dia,
por exemplo)
dividido pela
Novos casos de
COVID-19 na
semana de 9 a
15/07/2021 ÷
População
brasileira
52789 ÷
211.000.000
0,00025% 250 novos cas
cada 1 milhão 
pessoas

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Indicador Definição Fórmula
Resultado
percentual
Resultado
percentual x
1.000.000
população em
risco.
Tabela: Indicadores epidemiológicos, prevalência e incidência.
Hugo Braz Marques.
Dados epidemiológicos são disponibilizados com competências mensais pelo Departamento de Informática do SUS, o DATASUS. Tais informações
podem subsidiar análises objetivas sobre a situação de saúde de uma dada população, a fim de que sejam estabelecidastomadas de decisão em
termos de planejamento e gestão em saúde baseadas em evidências.
Indicadores epidemiológicos costumam ser adotados para o planejamento de ações programáticas estratégicas em saúde, incorporadas de modo a
organizar a produção do cuidado de grupos específicos ou vulneráveis. Cada município ou unidade de saúde pode incorporar outras estratégias
conforme o diagnóstico situacional local e sensibilidade para necessidades subjetivas dos usuários e da população.
Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde
A Carteira de Serviços é considerada instrumento norteador sobre as ações de saúde da APS que contempla o reconhecimento da clínica
multidisciplinar. Por meio dela, pretende-se descrever para a população, para gestores e profissionais inseridos na APS, uma lista de ações e
serviços clínicos e de vigilância em saúde, disponíveis nesse nível de atenção da RAS.
No que tange à Vigilância em Saúde, estão discriminadas as seguintes ações na Carteira de Serviços da APS:
Análise epidemiológica da situação de saúde local.
Discussão e acompanhamento intersetorial de casos de violência.
Emissão de atestados e laudos médicos.
Identificação e monitoramento de saúde de beneficiários do Programa Bolsa Família e outros programas de assistência social.
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Sobre a Promoção da Saúde, incluem-se estratégias, como: aconselhamento para introdução da alimentação complementar da criança;
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança; acolhimento e respeito étnico-racial, à diversidade religiosa e sexual; promoção de
hábitos de vida saudáveis, como alimentação adequada e saudável, práticas corporais e atividade física, controle do uso de álcool, tabaco e outras
drogas; oferta de práticas integrativas e complementares de cuidado; promoção da paternidade responsável e ativa; promoção do envelhecimento
saudável e ativo; promoção e apoio ao aleitamento materno exclusivo até 6 meses e continuado até 2 anos ou mais; aconselhamento sobre saúde
sexual e reprodutiva.
Os cuidados centrados nas específicas fases do ciclo da vida estão elencados na Carteira de Serviços da seguinte maneira:
Mapeamento de riscos relativos ao controle de vetores no território.
Imunização conforme o calendário vacinal nas diversas fases do ciclo da vida.
Investigação de óbitos em mulheres em idade fértil, além de óbitos infantis e fetais.
Rastreamento sobre uso abusivo de medicamentos.
Notificação de doenças de notificação compulsória.
Vigilância do recém-nascido de risco com base em informes concedidos pelas maternidades.
Saúde da mulher 
Saúde do idoso 
Saúde do adulto e do idoso 
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Haja vista a cronificação de agravos à saúde da população brasileira, a APS não tem podido se restringir a ações estritamente preventivas, até
mesmo pela insuficiência e investimentos regressivos na atenção secundária ambulatorial nos últimos anos. Contudo, existem críticas sobre o
predomínio da concepção biomédica e foco em patologias, assim como o risco de exclusão de determinadas situações de saúde e/ou sociais,
sugerindo uma APS seletiva e caminho contrário à universalidade. Por outro lado, apesar da previsão de coordenação de cuidados pela APS, a
discriminação de um rol tão vasto de situações clínicas sob seu espectro (que não necessariamente possa ser excludente) pode estrangular o
primeiro nível de atenção à saúde, comprometendo sua resolutividade nas intervenções ou regulação para a RAS, assim como trazer a dialética
entre a longitudinalidade x acolhimento de casos novos.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Definição de saúde coletiva atrelada às diretrizes do SUS
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Os objetivos da Política Nacional de Promoção da Saúde
Saúde da criança e do adolescente 

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Questão 1
Três são os principais campos disciplinares abarcados pela Saúde Coletiva: as Ciências Sociais, a Epidemiologia e o Planejamento em Saúde.
Embora interdependentes, cada um deles apresenta sua particularidade. Qual das seguintes assertivas relaciona-se especificamente ao campo
referente ao Planejamento em Saúde?

Vamos praticar alguns conceitos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
A Revisão sobre a gestão dos serviços de saúde para estruturação de linhas de cuidado e vigilância em saúde.
B Concentração nos determinantes sociais envolvidos no processo saúde-doença.
C Construção de indicadores de prevalência dos principais agravos à saúde.
D Incentivo à participação popular para transformação da realidade local.
E Esforços para a regulação moral de comportamentos em saúde.
Responder
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Questão 2
Porta de entrada do Sistema Único de Saúde, a Atenção Primária à Saúde é norteada por atributos essenciais que incluem atenção no primeiro
contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação. Assinale a definição mais adequada a esse último atributo:
2
Saúde Coletiva em ações de alimentação e nutrição
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a aplicabilidade de fundamentos da Saúde Coletiva em ações de alimentação e nutrição na
Atenção Primária à Saúde.
A Percepção do estabelecimento de saúde como principal referência para o usuário.
B Exprime o vínculo estabelecido na continuidade do cuidado junto aos profissionais de saúde.
C Demonstra abordagem integral à saúde do indivíduo e de sua família.
D
Êxito na regulação de encaminhamentos e monitoramento da situação de saúde dos usuários mesmo quando assistidos em
outro nível de atenção.
E Requer humanização de práticas e valorização de necessidades simbólicas dos usuários.
Responder
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Epidemiologia nutricional
Em virtude da rápida transição nutricional vivenciada pela população de países em desenvolvimento, tem ocorrido a manifestação simultânea de
desnutrição (deficiências de micronutrientes, baixo peso e baixa estatura) e de excesso de peso, que é definida como dupla carga de má nutrição.
Isso significa que, ao longo da vida, uma proporção crescente de indivíduos é exposta a diferentes formas de má nutrição.
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Na população brasileira adulta, o principal agravo nutricional em todas as fases do ciclo da vida é o excesso de peso, que contribui para o
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias e câncer, assim como o excesso
de peso e a obesidade, sendo, por vezes, acompanhado por deficiências de micronutrientes.
Os parâmetros para avaliação antropométrica variam segundo fases do ciclo da vida, sendo adotados os seguintes indicadores:
Comentário
A Vigilância Alimentar e Nutricional consiste na descrição contínua e predição de tendência das condições de alimentação e nutrição da
população, incluindo seus fatores determinantes. A consolidação de resultados antropométricos e de consumo alimentar serve ao
planejamento e articulação de ações locais ou desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a melhoria do perfil alimentar e
nutricional da população.

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Para crianças menores de 5 anos
Peso para idade, estatura para idade, peso para estatura, IMC para idade. 1 de 6 
A classificação do estado nutricional pode ser realizada por meio da utilização de referências disponíveis na Norma Técnica do Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e dos gráficos disponíveis nas cadernetas da criança, do adolescente, da gestante ou do idoso.
 
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No que se refere ao consumo alimentar, métodos como anamnese alimentar, recordatório alimentar de 24h, questionário de frequência de consumo
alimentar e registro alimentar podem ser empregados.
Dados do SISVAN indicam que 63% da população brasileira adulta que frequentou unidades da Atenção Primária à Saúde em 2019 apresentava
excesso de peso e 28,5%, obesidade. O universo amostral considerado compreendeu 12.776.938 pessoas (BRASIL, 2020).
Já o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostra frequência de excesso de
peso de 55,4% e de obesidade de 20,3%, na população adulta brasileira, também em 2019. O número total de indivíduos entrevistados correspondeu
a 52.443 (BRASIL, 2020).
Atualmente, também tem se considerado a interação sinérgica de determinantes sociais sobre três pandemias associadas à configuração do
sistema alimentar hegemônico, configurando-se a chamada Sindemia Global:
Atenção!
Cabe esclarecer que uma epidemia corresponde à elevação brusca e acima do esperado de um agravo à saúde em uma determinada
população. Quando a pandemia é extrapolada em nível global, configura-se como pandemia, como é o caso da obesidade. Na
contemporaneidade, a pandemia do novo coronavírus tem sido conjecturada como uma sindemia por conta de interações biológicas e
sociais com a obesidade, levando à maximização da carga de complicações das duas condições de saúde com características
epidêmicas. A exacerbação do estado inflamatório em pessoas com obesidade tem sido associada à maximização de complicações
respiratórias, cardiovasculares e metabólicas e uma menor sobrevida na COVID-19.

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Mudanças climáticas
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No Brasil, o sistema alimentar hegemônico tem sido marcado pela produção em larga escala de commodities (mercadorias de baixo valor
agregado) de origem agrícola caracterizadas por monoculturas de milho, soja e cana, destinadas à exportação, mas, ao mesmo tempo, dependentes
de insumos, como sementes transgênicas, agrotóxicos e maquinaria, provenientes das grandes potências.
Internamente, consome-se cada vez mais produtos alimentícios agregados de aditivos químicos, com alta densidade calórica e pobre valor
nutricional, provenientes de indústrias de alimentos que foram oligopólios, junto a grandes redes de hipermercados que têm definido o
abastecimento alimentar nas cidades grandes. Somado ao consumo exacerbado de proteínas de origem animal, o impacto das monoculturas e dos
alimentos industrializados sobre a pegada de carbono e pegada hídrica demandadas da natureza têm contribuído para o aquecimento global.
Metodologia NOVA
Com vistas ao enfrentamento dos efeitos deletérios da indústria de alimentos sobre o estado nutricional, a cultura alimentar e a sustentabilidade
ambiental, as diretrizes alimentares nacionais vigentes incorporaram uma nova categorização de alimentos, com base no grau de processamento
industrial – a metodologia NOVA. Esta divide os alimentos em:
A regra de ouro consiste em preferir alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados.
De forma qualitativa, estratifica grupos de alimentos em:
Feijões ou leguminosas;
In natura ou minimamente processados
Obtidos diretamente de plantas ou animais sem qualquer adição de substância.
Ingredientes culinários
Como óleos, gorduras, sal e açúcar, extraídos de alimentos in natura por processos como prensagem, moagem, trituração e refino.
Processados
Produzidos com adição de sal, açúcar ou óleo para prolongar validade ou aumentar a palatabilidade.
Ultraprocessados
Produzidos industrialmente, derivados de constituintes alimentares agregados de aditivos químicos, como corantes, conservantes,
emulsificantes, realçadores de sabor, que fazem com que a matriz do alimento de origem seja ínfima.
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Cereais;
Raízes e tubérculos;
Legumes e verduras;
Frutas;
Castanhas e nozes (oleaginosas);
Leite e queijos;
Carnes e ovos; e
Água.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE (2020) referente ao período de 2017-2018 expressa que, para o total da população brasileira
com idade igual ou superior a 10 anos, 53,4% das calorias consumidas provinha de alimentos in natura ou minimamente processados, 15,6% de
ingredientes culinários processados, 11,3% de alimentos processados e 19,7% de alimentos ultraprocessados.
Políticas públicas de alimentação e nutrição
No que se refere à área de alimentação e nutrição, destacam-se duas políticas públicas brasileiras que consideram diversos pontos do sistema
alimentar e condicionam a situação de saúde e nutrição da população por levantarem dois direitos constitucionais – o direito à saúde e o direito
humano à alimentação adequada (DHAA).
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN; BRASIL, 2012) pretende reorganizar, qualificar e aperfeiçoar as ações de alimentação e
nutrição no SUS. Essa política leva à melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira mediante a promoção de
práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados.
A PNAN está estruturada em nove diretrizes que indicam linhas prioritárias para promoção da saúde. São elas:
Atenção!
Por trazer uma classificação de vanguarda e de enfrentamento direto ao sistema alimentar hegemônico, o Guia Alimentar para a
População Brasileira (GAPB; 2014) deve ser o norteador contemporâneo para as diversas frentes da Nutrição em Saúde Coletiva.
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Organização da atenção nutricional na Rede de Atenção à Saúde, guiada pelo perfil epidemiológico do território.
A Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN) foi criada pelo Decreto nº 7.272, de 25 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), com
objetivo geral de garantir a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), por meio das seguintes estratégias:
a. Promoção do acesso universal à alimentação adequada e saudável, tendo como prioridade famílias e pessoas em situação de insegurança
alimentar e nutricional (IAN);
b. Promoção do abastecimento e estruturação de sistemas sustentáveis e descentralizados, de base agroecológica, de produção, extração,
processamento e distribuição de alimentos;
c. Instituição de processos permanentes de educação alimentar e nutricional, pesquisa e formação nas áreas de SAN e do DHAA;
d. Promoção, universalização e coordenação das ações de SAN voltadas para quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais, povos
indígenas e assentados da reforma agrária;
e. Fortalecimento das ações de alimentação e nutrição em todos os níveis da atenção à saúde, de modo articulado às demais ações de SAN;
f. Promoção do acesso universal à água de qualidade e em quantidade suficiente, com prioridade para as famílias em situação de insegurança
hídrica e para a produção de alimentos da agricultura familiar, da pesca e aquicultura;g. Apoio a iniciativas de promoção da soberania alimentar, SAN e do DHAA em âmbito internacional e a negociações internacionais baseadas nos
princípios e diretrizes da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN); e
h. Monitoramento da realização do DHAA.
De modo transversal às diretrizes e estratégias de ambas as políticas, ressalta-se a importância da educação alimentar e nutricional para Promoção
da Saúde, com potencial para contribuir para a valorização da cultura alimentar, o fortalecimento de hábitos regionais, a redução do desperdício de
alimentos, bem como a promoção do consumo alimentar saudável e sustentável.
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Para uma educação alimentar e nutricional efetiva, espera-se que a comunicação estabelecida entre profissional e usuário seja realizada por meio
de escuta ativa e próxima, que valorize o conhecimento, a cultura e o patrimônio alimentar, reconheça os simbolismos e a linha tênue entre prazer e
restrições ligadas à alimentação, de modo que se alcancem soluções contextualizadas e críticas em um processo longitudinal de mudança.
Como visto anteriormente, o ponto de atenção da RAS elegível para Promoção da Saúde, com vistas ao desenvolvimento de postura emancipatória e
crítica dos usuários para controle social sobre seus direitos inerentes ao campo da alimentação e nutrição, é a Atenção Primária à Saúde, onde
existe uma multiplicidade de cenários de práticas para o nutricionista, tanto na assistência quanto na gestão em saúde.
Atenção!
Enquanto a orientação nutricional tradicional se constitui pela prescrição com necessidade de seguimento de uma dieta indicada por um
profissional detentor de saber e autoridade para mudança imediata de hábitos alimentares, a educação alimentar e nutricional concerne na
construção dialogada em torno de um processo gradativo de revisão de práticas alimentares, por um sujeito ativo e autônomo sobre sua
própria vida e saúde.
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Cenários de práticas de nutrição na Atenção Primária à Saúde
No que se refere a cenários assistenciais para inserção do nutricionista na APS, destacam-se, principalmente, as Unidades Básicas de Saúde (UBS)
e as Unidades de Saúde da Família (USF), embora também possam atuar de modo interdisciplinar nas Academias da Saúde e de modo intersetorial
em equipamentos da Educação, Assistência Social e outros setores.
Nas UBS, a linha de atuação do nutricionista costuma se efetivar em nível ambulatorial, em ações programáticas em saúde definidas conforme
a especificidade epidemiológica daquele território e por meio de ações educativas em saúde, alimentação e nutrição.
Nas USF ou no NASF-AB, o potencial para o exercício da interdisciplinaridade e intersetorialidade é expandido, ampliando-se também as
possibilidades do alcance dos atributos da APS.
Orientado pelo referencial do apoio matricial, a prática de trabalho no NASF-AB acontece a partir da integração de eSF, reconhecidas como equipes
de referência para os usuários de um território adscrito com profissionais com outros núcleos de conhecimento distintos e complementares. A
justificativa para essa integração concerne necessidade, dificuldade ou limitações das eSF diante de demandas e do perfil epidemiológico daquela
população.
O NASF-AB configura-se como uma retaguarda especializada para as eSF, desenvolvendo atividades matriciais divididas em duas vertentes: clínico-
assistenciais e técnico-pedagógicas. O matriciamento clínico-assistencial relaciona-se a uma ação clínica direta sobre os usuários e suas famílias,
ao passo que o técnico-pedagógico consiste em processo educativo com e para as próprias eSF. Os atributos essenciais da APS mais diretamente
ligados à atuação do NASF-AB compreendem longitudinalidade e integralidade.
Elementos constituintes da agenda do NASF-AB incluem:
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Reuniões de matriciamento com as equipes;
Atendimentos individuais e interdisciplinares;
Visitas domiciliares;
Grupos educativos em saúde e atividades coletivas; e
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Projeto Terapêutico Singular
Destaca-se ainda sua participação na elaboração de Projeto Terapêutico Singular, que é o instrumento de organização do cuidado em saúde
construído entre equipe e usuário, por meio da identificação de necessidades em saúde, discussão sobre o diagnóstico e definição do cuidado e
autocuidado, o que favorece o fortalecimento do vínculo, a corresponsabilização e a emancipação do usuário. De modo específico, as ações do
nutricionista na APS minimamente incluem:
Diversas estratégias podem ser empregadas para educação alimentar e nutricional, adaptadas aos interesses e habilidades do público-alvo. As
possibilidades de vivência e experimentação por meio do desenvolvimento de hortas comunitárias e oficinas culinárias, por exemplo, têm grande
potencial para promoção da alimentação adequada e saudável.
Elaboração de materiais de apoio, rotinas e protocolos para educação permanente das equipes.
Realizar diagnóstico alimentar e nutricional da população, com a identificação de áreas geográficas, segmentos sociais e grupos
populacionais de maior risco aos agravos nutricionais, bem como identificação de hábitos alimentares regionais e suas
potencialidades para Promoção da Saúde;
Realizar a Vigilância Alimentar e Nutricional em todas as fases do curso da vida, desenvolvendo e apoiando ações voltadas para os
agravos relacionados; e
Por meio de ações de educação alimentar e nutricional, promover a alimentação adequada e saudável.
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Além de despertarem ou rememorarem afetividade e subjetividade no contato sensorial com os alimentos, ao compartilhar o exercício de
habilidades culinárias com uma referência profissional de saúde em um contexto leve, permite-se a abstração técnica do “nutricionismo” e a
humanização de práticas de saúde.
Desenvolver ações alternativas de alimentação e nutrição voltadas às famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família e de outros programas
sociais. Dentre as condicionalidades a serem monitoradas para inclusão e permanência nos benefícios sociais, estão:
A Vigilância Alimentar e Nutricional periódica dos integrantes das famílias beneficiárias.
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De um modo geral, a obesidade acaba sendo abordada de modo transversal às demais doenças crônicas não transmissíveis, mas requer
enfrentamento por meio de linha de cuidado específica, com o entendimento de que se trata de patologia. Cabe destacar que estratégias
moralizantes e culpabilizantes sobre excesso de peso e obesidade não são resolutivas, demandando empatia e valorização das necessidades
subjetivas dos usuários na Promoção da Saúde. Por este motivo é preciso:
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Com relação às fases do ciclo da vida, as ações clínicas destacadas na Carteira de Serviços da APS diretamente relacionadas à alimentação e
nutrição salientam a prevenção e tratamento de distúrbios nutricionais, com suplementação nutricional quando necessário. Diante da
vulnerabilidade social de muitas famílias, em caso de baixa acessibilidade financeira, existem mecanismos de suporte na rede municipal associados
à judicialização, como as Câmaras de Resolução de Litígios de Saúde, que podem autorizar a dispensação de suplementos ou dietas enterais
mediante laudo interdisciplinar bem fundamentado.
No que se refere a cenários gerenciais para inserção do nutricionista na APS, destacam-se as Coordenações de
Áreas de Planejamento em Saúde e as Áreas Técnicas em Alimentação e Nutrição.
O monitoramento das condiçõeslaborativas, como a compatibilidade no dimensionamento de recursos humanos atuantes na APS, seu número de
atendimentos e sua carga horária com a Resolução CFN nº 600/2018 para a área de Nutrição em Saúde Coletiva, assim como a disponibilidade de
equipamentos antropométricos e consultórios em condições adequadas e ergonômicas, faz parte do rol de atividades da gestão nutricional. Em
caso de insuficiência, relatórios devem ser apresentados ao titular da Pasta, Secretaria Municipal de Saúde, para ajuste.
Identificar distúrbios associados à alimentação (anorexia, bulimia, compulsão alimentar e outros transtornos alimentares);
Contribuir na construção de estratégias para responder às principais demandas assistenciais quanto aos distúrbios alimentares,
deficiências nutricionais, desnutrição e obesidade;
Realizar orientações para valorização e apoio ao aleitamento materno;
Articular a intersetorial dos serviços de saúde com instituições e entidades locais, escolas e ONGs para desenvolvimento de ações de
alimentação e nutrição;
Apoiar as equipes no planejamento e realização de atividades do Programa Saúde na Escola, relativas à alimentação e nutrição; e
Acompanhar, com apoio do Programa de Atenção Domiciliar ao Idoso, pessoas com necessidades alimentares especiais e indivíduos
com via alternativa de alimentação.
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O monitoramento contínuo sobre a produtividade dos nutricionistas inseridos na APS, que, no caso particular do NASF-AB, deve valorizar atividades
coletivas e em território em detrimento das ambulatoriais, que cabem à gestão nutricional da APS. Paralelamente, a consolidação de resultados
sobre VAN deve ser permanente, para o planejamento e revisão de ações estratégicas.
A elaboração de materiais educativos em alimentação e nutrição destinados à população pode ser mediada pela gestão nutricional da APS a partir
de discussões longitudinais estabelecidas em GTs (Grupos Técnicos) com participação representativa de profissionais dos diversos territórios, com
a possibilidade de realização de pré-testes com os usuários e profissionais das eSF que poderiam empregá-los.
Parcerias com instituições acadêmicas e de pesquisa para diagnósticos situacionais, revisão de linhas de cuidado e intervenções são valiosas para
o planejamento em saúde. Cabe à Área Técnica de Alimentação e Nutrição a formulação de políticas públicas locais inerentes à área, assim como a
resposta por parecer técnico a projetos de leis relacionados.
Curiosidade
Ações de educação permanente do corpo de nutricionistas e equipes de APS por meio de notas técnicas e metodologias ativas
descentralizadas são importantes ferramentas gerenciais, seja sobre o processo de trabalho, seja sobre a especificidade técnica.
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Atendimento nutricional nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de
Saúde da Família (USF)
O especialista Hugo Braz abordará o atendimento nutricional nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF).
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN)
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Estratégias da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN)
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Questão 1
O trabalho do nutricionista no Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) pode apresentar duas vertentes junto aos
usuários e aos profissionais das equipes: a clínico-assistencial e a técnico-pedagógica. Qual das seguintes opções contempla práticas
específicas do matriciamento técnico-pedagógico?
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Vamos praticar alguns conceitos?
Falta pouco para atingir seus objetivos.
A Visitas domiciliares
B Educação alimentar e nutricional
C Educação permanente
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Questão 2
Como se denomina o instrumento de organização do cuidado em saúde construído de modo dialogado entre profissional de saúde e usuário
para definição do cuidado e autocuidado em saúde, importante ferramenta para inserção do nutricionista no Núcleo Ampliado de Saúde da
Família e Atenção Básica (NASF-AB)?
Considerações �nais
A Saúde Coletiva pretende a construção de um conceito ampliado em saúde especialmente mediado pela articulação com o campo das Ciências
Sociais. A análise da realidade por meio dos determinantes sociais é o cerne da Promoção da Saúde, voltada para a capacitação da comunidade
D Elaboração de Projeto Terapêutico Singular
E Atendimentos individuais
Responder
A Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde
B Relatórios de Vigilância Alimentar e Nutricional
C Programa de Atenção Domiciliar
D Nota técnica de alimentação e nutrição
E Projeto Terapêutico Singular
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para intervir sobre a melhoria de sua qualidade de vida e justiça social.
Na Atenção Primária em Saúde (APS), porta de entrada para o SUS, localiza-se o ponto da Rede de Atenção à Saúde elegível para responder de
forma regionalizada e contínua às necessidades de saúde. Seus atributos incluem: atenção no primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e
coordenação, orientação familiar e comunitária, assim como competência cultural. As principais políticas públicas de alimentação e nutrição estão
baseadas no conceito de Promoção da Saúde, justificando a presença do nutricionista na APS, de modo a fomentar o despertar crítico e a
emancipação da população quanto à configuração vigente do sistema alimentar hegemônico e correlacioná-la a indicadores epidemiológicos que
revelam prevalência do excesso de peso, obesidade e doenças crônicas no país, promovendo a cidadania e o exercício político de luta pelo direito
humano à alimentação adequada e à segurança alimentar e nutricional.
A atuação do nutricionista na APS pode se concretizar tanto na assistência quanto na gestão, subsidiada por tais políticas públicas, por diretrizes
alimentares nacionais, pela Carteira de Serviços da APS, por indicadores epidemiológicos e de vigilância alimentar e nutricional.
Podcast
Agora, o especialista Hugo Braz abordará as estratégias dos nutricionistas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da
Família (USF).
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1. Acesse a Biblioteca do Portal da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS) do Ministério da Saúde para complementar a fundamentação
sobre atuação do nutricionista em Saúde Coletiva, em especial na APS.
2. Para se aprofundar sobre as principais referências de diretrizes alimentares nacionais, que devem subsidiar a atuação do profissional de Nutrição
em Saúde Coletiva, acesse o Guia Alimentar para a População Brasileira e o Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, publicados
pelo Ministério da Saúde.
3. Dados epidemiológicos são disponibilizados com competências mensais pelo Departamento de Informática do SUS, o DATASUS, disponível na
aba Informações de Saúde (TABNET) do site do DATASUS, onde também consta um tutorial para sua utilização.
4. A classificação do estado nutricional pode ser realizada por meio da utilização de referências disponíveis na Norma Técnica do SISVAN e dos
gráficos disponíveis nas cadernetas da criança, do adolescente, da gestante ou do idoso. Para saber mais, acesse as Orientações para a coleta e
análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN, do Ministério daSaúde.
5. Com relação ao Programa Saúde na Escola (PSE), assista a três vídeos interessantes da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, no seu canal do
YouTube, que podem servir como instrumentos para disparar ações de educação alimentar e nutricional com alunos, famílias e comunidade escolar:
Caminhos da comida
Caminhos da comida
Sem cantina!
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6. Confira ainda os relatórios públicos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, disponíveis no site SISVAN, cujos filtros são ainda mais
refinados para os gestores formalmente credenciados à Plataforma Sisvan Web.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2014a. 156p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição.
Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 84p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para a coleta e análise de dados
antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – Sisvan. Brasília: Ministério da Saúde,
2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Saúde da Família. Carteira de serviços da Atenção Primária
à Saúde (CaSAPS): versão profissionais de saúde e gestores. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 83p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Situação alimentar e nutricional no Brasil: excesso de peso e obesidade da
população adulta na Atenção Primária à Saúde. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2020a. 17p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis.
Vigitel Brasil 2019: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em
2019. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2020b. 137p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília:
Ministério da Saúde, 2010. 60 p.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Publicado em: 25 ago. 2010. Consultado na
internet em: 20 jul. 2021.
CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS. CFN. Resolução CFN nº 600/2018. Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e
suas atribuições, indica parâmetros numéricos mínimos de referência, por área de atuação, para a efetividade dos serviços prestados à sociedade e
dá outras providências. Brasília: CFN, 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: análise do consumo alimentar
pessoal no Brasil. IBGE, 2020. 120p.
ROUQUAYROL, M. Z.; GURGEL, M. Epidemiologia & Saúde. Rio de Janeiro: Medsi, 2018. 719p.
STARFIELD, Bárbara. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO Brasil, Ministério da Saúde,
2002.
SWINBURN, B. et al. The Global Syndemic of Obesity, Undernutrition, and Climate Change: The Lancet Commission Report. The Lancet, v. 393, n. 1,
p. 791-846, 2019.
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