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C o m A m a n d a A i r e s FINANÇAS COMPORTAMENTAIS 2 SUMÁRIO AULA 1, PARTE 1 5 AULA 1, PARTE 2 7 AULA 1, PARTE 3 8 AULA 2, PARTE 1 11 AULA 2, PARTE 2 15 AULA 2, PARTE 3 19 AULA 3, PARTE 1 21 AULA 3, PARTE 2 22 AULA 3, PARTE 3 23 3 SOBRE O CURSO O QUE SERÁ ABORDADO NAS AULAS? Durante as três aulas, a professora abordará: Evolução histór ica da impor tância e apl icação das f inanças compor tamentais na atual idade; Apresentação da anál ise de problemas e proposições de soluções na esfera f inanceira através de uma ót ica mult id iscipl inar envolvendo a psicologia , f inanças e a tomada de decisão. O QUE CONSTA NESTE EBOOK? Neste mater ia l , você tem uma l inha do tempo com os pr incipais acontecimentos das v ideoaulas, como frases impactantes dos professores, conceitos impor tantes do mercado, indicações de f i lmes e l ivros, entre outros. 4 PROFESSOR DO CURSO D O U TO R A E M E C O N O M I A P E L A U F P E C O M E X T E N S ÃO N A U N I V E R S IT É L AVA L, C A N A D Á Economista pela Universidade Federal de Pernambuco com extensão universi tár ia na Universi tät Zür ich, na Suiça. Mestra em Economia também pela UFPE com disser tação premiada no I I I Prêmio de Economia Bancár ia pela Federação Brasi le i ra de Bancos. Doutora em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco com extensão na Universi té Laval , Canadá. Professora de Economia e Finanças Titular no Programa de Mestrado Prof issional em Gestão Empresar ia l no Centro Universi tár io UniFBV Wyden. Coordenadora de Modelagem Econômico-Financeira no Governo do Estado de Pernambuco e autora dos l ivros Economia Brasi le i ra para Concursos e Economia para concursos — 1000 exercíc ios para concursos. TEDx Speaker e Comentar ista de Economia da rádio CBN/Recife. AMANDA AIRES 55 AULA 1, PARTE 1 Amanda Aires Para dar in íc io a aula , a professora expl ica os tópicos que serão abordados ao longo da discipl ina. Pr imeiro , Amanda vai explorar o conceito de economia, o que são as f inanças tradic ionais para , depois , t ratar do que é economia compor tamental , os seus conceitos l igados a f inanças compor tamentais e a teor ia do prospecto. Já na úl t ima aula , a professora abordará sobre as apl icações recentes. A professora enfat iza ainda que ao longo das aulas será abordado como o ser humano toma decisões. Introdução 02:57 - Shakespeare, In.: Hamlet Que obra admirável é o Homem! Tão nobre na razão, tão infinito em faculdades! Na forma e movimento, tão preciso e admirável! Na ação, tal como um anjo! Na compreensão, tal como um deus! A beleza do mundo! O modelo dos animais! A economia é a c iência que estuda alocação de recursos que são escassos. Isso vale tanto para a economia tradic ional quanto para a economia compor tamental . Por isso, é necessár io fazer escolhas o tempo inteiro. Para a professora, a economia é a inda a c iência da escolha: “a economia estuda justamente esse processo de fazer escolhas” . O que é economia? 07:47 6 Na economia clássica, o indiv íduo escolhe de forma racional . “Eu vou buscar escolher sempre aqui lo que maximize a minha sat isfação” , expl ica Amanda. É impor tante destacar que dentro do processo da economia clássica, estudam-se as escolhas racionais. No entanto, a professora reforça que nem todas as escolhas são fe i tas de forma racional . Para exempl i f icar o processo de escolha racional , Amanda mostra uma si tuação de um invest imento no valor de 1 mi lhão de reais. De um lado, o invest idor terá o retorno de R$ 10 mi l mensais e de outro lado, um retorno de R$ 9 mi l mensais. Pela escolha racional , o invest idor deverá escolher o invest imento que lhe gera o maior retorno. Neste caso, o invest idor tem um recurso l imitado (1 mi lhão de reais) e tem que fazer uma escolha (entre ganhar R$ 10 mi l ou R$ 9 mi l ) . Esse processo de escolha chama-se de custo de opor tunidade, por designar o custo da escolha real izada, que decorre dos benef íc ios que estavam associados à melhor a l ternat iva não selecionada. Ou seja , qualquer coisa que se tenha que abr i r mão para se obter a lgum i tem. Amanda fr isa ainda que, em uma economia, os quatro agentes (famí l ias , empresas, governos e resto do mundo) interagem em três mercados: bens e serv iços, fatores produt ivos e at ivos f inanceiros. Além disso, a professora fa la sobre a impor tância da racional idade dentro do contexto da teor ia do consumidor. Os axiomas das preferências do consumidor são, por exemplo: completude ou completeza; ref lexiv idade; t ransit iv idade; monotonicidade; e convexidade. Economia é escolha! 7 AULA 1, PARTE 2 Amanda Aires O que é economia? Dentro do tópico o que é economia, a professora fa la sobre o conceito de ut i l idade. De acordo com Amanda, a ut i l idade em economia clássica mede a fe l ic idade de um determinado consumidor. Ou seja , a ut i l idade é um conceito de fe l ic idade associado ao consumo. “Quanto mais eu consumir, mais fe l iz eu estou” , ressalta a professora. Para e lucidar sobre ut i l idade (fe l ic idade) e consumo, Amanda mostra um gráf ico que mede os níveis de fe l ic idade re lacionados ao consumo e ganhos. Amanda também aborda sobre a teor ia do consumidor, que trata sobre como o consumidor toma as decisões de compra (escolha) de forma racional . Um aspecto para essa decisão, por exemplo, é a restr ição orçamentár ia . Nesta teor ia , o consumo também está re lacionado à fe l ic idade, por meio do conceito de ut i l idade. t00:15 Quanto mais consumo, melhor. Quanto maior o nível de consumo, maior o nível de satisfação daquele consumidor. 8 AULA 1, PARTE 3 Amanda Aires Economia comportamental A economia compor tamental par te de uma cr í t ica à abordagem da econômica tradic ional , de que o ser humano toma decisões de forma racional . Na perspect iva da economia compor tamental , as escolhas do ser humano ocorrem de forma intui t iva. A economia compor tamental enxerga uma real idade formada por pessoas que decidem com base em hábitos, exper iências pessoais e regras prát icas s impl i f icadas. E las aceitam soluções apenas sat isfatór ias ; tomam decisões rapidamente; têm dif iculdade de conci l iar interesses de cur to e longo prazo; e são for temente inf luenciadas por fatores emocionais e pelas decisões daqueles com os quais interagem. Na economia compor tamental , é re levante fr isar a inda que as pessoas têm aversão à perda. Já as f inanças compor tamentais fazem par te de um campo que estuda as escolhas dos invest idores f inanceiros. Essa ver tente tende a enfocar n íveis mais reduzidos de observação — os agentes f inanceiros e seus processos decisór ios — mas o fazem mantendo em vista as repercussões mais amplas e s istêmicas desses compor tamentos. As f inanças compor tamentais são uma escola de pensamento re lat ivamente nova que aborda e fornece insights sobre questões, ta is como que todos nós temos preconceitos psicológicos inatos que podem levar a “erros” previs íveis na forma como tomamos decisões f inanceiras impor tantes. As f inanças compor tamentais catalogam esses erros e nos ajudam a antecipar e , esperançosamente, ev i tar essas “armadi lhas” de tomada de decisão. Enquanto que nas f inanças tradic ionais é observado o mercado de forma ampla, sem atentar aos seus par t ic ipantes indiv idualmente. t00:06 9 - Carol Franceschini A Economia Comportamental está interessada em uma gama mais abrangente de comportamentos, qualquer comportamento que seja determinante na organização de nossos sistemas sociais — trabalhar, consumir, trocar etc. - Carol Franceschini Já Finanças Comportamentais enfoca um conjunto mais exclusivo de temas: as decisões dos investidores financeiros e os fluxos de dinheiro resultantes. Finanças tradicionaisOs modelos econômicos ut i l izados em Finanças Tradic ionais foram trazidos da abordagem econômica neoclássica e baseiam-se sobre uma sér ie de premissas (axiomas) de que os compor tamentos humanos apresentar iam racional idade i l imitada. A noção de racional idade é um dos al icerces fundamentais em prat icamente todas as teor ias em Finanças Tradic ionais. Tais pressupostos são também a base da chamada Hipótese dos Mercados Ef ic ientes (HME), de grande inf luência nos dias atuais. E la foi or ig inalmente proposta por Eugene Fama (1970). A HME propõe que os preços dos at ivos f inanceiros são determinados pelas informações disponíveis sobre as empresas que os emitem e os mercados em geral . Trata-se de um equi l íbr io dinâmico. Assume-se que os preços dos at ivos f inanceiros ref letem, a qualquer momento, todas as informações disponíveis aos agentes f inanceiros. Com isso, cada vez que surgir uma nova informação relevante , os preços i rão se ajustar imediatamente, para c ima ou para baixo, de acordo com o conteúdo dessa informação. t45:31 10 A par t i r d isso, a HME propõe que os preços dos at ivos f inanceiros ser iam a est imativa mais ef ic iente do valor dos bens e serv iços ao qual os at ivos f inanceiros estão atre lados. A par t i r dessa proposição, oferece expl icações e previsões sobre quais serão os montantes, velocidades e durações das movimentações f inanceiras. 1111 AULA 2, PARTE 1 Amanda Aires Finanças tradicionais Famá (1970) e laborou três hipóteses, que diferem quanto ao t ipo necessár io de informações para que a ef ic iência dos preços se estabeleça: Hipótese fraca : aceita que erros na formação de preços poder iam ocorrer e até mesmo serem de grande por te. Tais erros, entretanto, ocorrer iam de forma aleatór ia e , por tanto, ter iam média zero. Nenhum agente poder ia consistentemente obter ganhos acima da média dos demais invest idores baseando-se apenas na anál ise de preços passados. Hipótese semifor te: as decisões de compra ou venda de at ivos f inanceiros estar iam baseadas em todas as informações publ icamente disponíveis . Nenhum agente poder ia consistentemente obter ganhos acima da média dos demais invest idores pelo uso de informações divulgadas em canais de comunicação. Hipótese for te : os preços dos at ivos já ref let i r iam todas as informações existentes sobre as empresas e mercados, sejam elas públ icas ou pr ivadas. Mesmo agentes detentores de informações pr iv i legiadas não poder iam jamais aufer i r ganhos consistentemente acima da média dos demais. Logo, a concepção tradic ional de f inanças assume que os invest idores possuem três caracter íst icas pr incipais : 1. São avessos a r iscos: invest idores procuram minimizar r isco e maximizar os retornos de suas apl icações. 2. Expectat ivas racionais : as aval iações e projeções do invest idor ref letem toda a informação re levante disponível . 3 . Integração dos seus invest imentos: o invest idor aval ia seus invest imentos como um todo, ou seja , o invest idor é conhecedor da Teor ia Moderna das Car teiras. t01:04 12 Finanças comportamentais Para dar in íc io ao conteúdo sobre f inanças compor tamentais , a professora mostra um vídeo em que cr ianças f icam em uma sala frente à um marshmal low. Se e las resist i rem e não comerem esse marshmal low, e las ganham no f inal dois. O v ídeo é um bom exemplo sobre compor tamento. Aprofundando o assunto, Amanda expl ica que as f inanças compor tamentais têm como meta expl icar e prever f luxos f inanceiros a par t i r de pressupostos psicologicamente mais real istas, sem depender das (r íg idas) premissas usadas pela Hipótese dos Mercados Ef ic ientes – HME. Um desaf io a todas as teor ias sobre mercados f inanceiros são as Bolhas Especulat ivas. Tratam-se de episódios em que ocorrem drást icas osci lações (volat i l idade) nos preços de at ivos f inanceiros sem que exista nenhuma contrapar t ida em seus fundamentos econômicos. Ou seja , na at iv idade produt iva das empresas aos quais esses at ivos estão atre lados (Mi lanez, 2003). Algumas l inhas de pesquisa em f inanças compor tamentais pretendem apr imorar a HME ao proporem versões dessa teor ia em que alguns de seus pressupostos são re laxados. Outras, propõem mudanças em paradigmas metodológicos e uso de métodos empír ico- indut ivos para ident i f icar padrões compor tamentais efet ivos. Ambas as propostas baseiam-se f i rmemente sobre observações empír icas e compar t i lham a noção de que os mercados f inanceiros não ser iam necessar iamente ef ic ientes. Por tanto, os compor tamentos humanos não são real ist icamente compatíveis com os pressupostos (axiomas) das teor ias tradic ionais ; as informações re levantes sobre empresas e mercados não são sempre produzidas e/ou disseminadas de maneira rápida ou equitat iva ; e podem haver uma sér ie de entraves legis lat ivos e inst i tucionais em vigor para impedir a ef ic iência , mesmo se ta is informações est ivessem plenamente disponíveis . t10:02 13 Além disso, a escola de f inanças compor tamentais considera que os invest idores não agem de forma totalmente racional . Por esse motivo, cometem erros s istemáticos, concluindo então que os invest idores são avessos a perdas (procuram evitar incorrer em perdas, mesmo que isso impl ique manter at ivos perdedores nas car te iras) ; operam sob racional idade l imitada (o processo decisór io é inf luenciado por uma sér ie de fatores, o que leva o invest idor nem sempre à decisão que i rá maximizar a ut i l idade esperada) ; e segregam seus invest imentos (tendem a v isual izar seus invest imentos de forma separada, o que pode impl icar d iversif icações desfavoráveis) . Em síntese, o foco das f inanças modernas está voltado para os resultados do mercado, ta is como volume negociado, preço, indicadores, d iv idendos, etc , tendo como relevantes as causas que produzem os resultados. Já o foco das f inanças compor tamentais está no indiv íduo que toma a decisão, que por consequência será ref let ido nos preços dos at ivos. Teorias normativas em finanças comportamentais: Teoria da perspectiva A teor ia da perspect iva , uma das normativas em f inanças compor tamentais , é uma teor ia da psicologia cognit iva que descreve o modo como as pessoas escolhem entre a l ternat ivas que envolvem r isco, onde as probabi l idades de resultados são incer tas. A teor ia af i rma que as pessoas tomam decisões mais baseadas em potenciais valores de perdas e ganhos do que no resultado f inal . Em síntese, a teor ia da perspect iva descreve a forma como as pessoas tomam decisões que envolvam incer tezas. Embora incontáveis var iáveis possam impactar em ganhos ou perdas nos invest imentos, a teor ia da perspect iva demonstra que em muitos casos o invest idor acaba usando como referência um ponto específ ico e desprezando as demais var iáveis. Entre diversos aspectos que envolvem um at ivo, o preço de aquis ição parece ter a maior impor tância. t43:51 14 A teor ia foi desenvolv ida por Daniel Kahneman e Amos Tversky em 1979. Kahneman e Tversky também propuseram que uma perda tem um impacto emocional maior sobre qualquer pessoa do que o ganho equivalente. Então, provavelmente uma pessoa tentará evi tar uma perda mais do que tentar obter um ganho. Outro aspecto re levante na teor ia da perspect iva é que os invest idores costumam separar cada invest imento para monitorar ganhos e perdas e reexaminar as posições per iodicamente. Essas contas separadas fazem par te de uma contabi l idade mental , onde o invest idor acaba pensando suas apl icações, não como integrantes de um por tfól io que funciona de maneira a se complementar, mas sim como compar t imentos isolados, o que leva muitas vezes ao uso de atr ibutos muito superf ic ia is na gestãode recursos. As consequências desse compor tamento podem levar à construção de uma car teira com maior r isco do que o necessár io em vir tude de inexistência ou baixa diversif icação. Outra consequência é a re je ição de at ivos de maior r isco na car te ira , pois a anál ise de determinado at ivo foi fe i ta de forma indiv idual , não considerando o papel da alocação na car te ira como um todo. 15 AULA 2, PARTE 2 Amanda Aires Teorias normativas em finanças comportamentais: desvios sistêmicos Nesta par te da aula , a professora fa la sobre as teor ias normativas em f inanças compor tamentais com foco nos desvios s istêmicos. As pesquisas do t ipo Normativo, por exemplo, par tem da noção geral de que exist i r ia uma maneira “correta” dos agentes econômicos se compor tarem. Elas aceitam a noção de que se os agentes se compor tassem racionalmente, as consequências ser iam o estabelecimento de preços ef ic ientes para os at ivos f inanceiros, compatíveis com os fundamentos produt ivos das empresas aos quais estão atre lados. As pesquisas cr i t icam, no entanto, a ideia de que os agentes se compor tar iam racionalmente. Os compor tamentos de compra e venda de at ivos f inanceiros incompatíveis com a racional idade produzir iam desvios s istemáticos nos preços dos at ivos e exigir iam a formulação de novos modelos predit ivos. Em resposta, defensores das teor ias tradic ionais consideram que o fato de alguns agentes não se compor tarem de forma racional não ser ia necessar iamente um problema. Um impor tante argumento nesse debate é a chamada Lei dos Grandes Números, or ig inár ia de teor ias de probabi l idade. Apl icada aos mercados f inanceiros, a Lei dos Grandes Números propõe que se um mercado for suf ic ientemente grande e l íquido (cont iver grande número de agentes e interações) , os preços resultantes dessas múlt ip las interações i rão convergir aos valores “ef ic ientes” , mesmo que alguns agentes ajam irracionalmente. t00:05 16 Teorias normativas em finanças comportamentais: heurísticas No contexto das teor ias normativas em f inanças compor tamentais , as heur íst icas são regras de bolso que agi l izam e s impl i f icam a percepção e a aval iação das informações que recebemos. Por um lado, e las s impl i f icam enormemente a tarefa de tomar decisões, mas por outro , podem induzir a erros de percepção, aval iação e ju lgamento que escapam à racional idade ou estão em desacordo com a teor ia estat íst ica. Os diferentes t ipos de erros nos quais o invest idor pode incorrer são classif icados como Vieses Compor tamentais ou Vieses Cognit ivos. Ou seja , d istorções de raciocínio , causadas pela ut i l ização unicamente de heur íst icas ao invés de anál ises mais profundas. Heuríst ica da Ancoragem A heur íst ica da Ancoragem faz com que a exposição prévia a uma informação leve o invest idor a considerá- la for temente na tomada de decisão ou na formulação de est imativas, independente de sua re levância para o que é decidido ou est imado. Um dos pr incipais motivos para isso é que a mente tende a aval iar de forma inef ic iente as magnitudes absolutas, precisando sempre de um ponto de referência para basear suas est imativas e ju lgamentos. É muito comum a ancoragem se basear em valores. Por exemplo, um invest idor que toma decisões f inanceiras por impulso, se exposto recentemente à informação de que a ação da companhia X custa R$ 50, tende a achar barata a ação da companhia Y, cotada a R$ 20, a inda que as duas empresas não tenham nenhuma correlação. Outra tendência comum é o invest idor se ancorar no preço de compra de um papel ou no valor da cota de entrada de um fundo de invest imento ao tomar a decisão de manter a apl icação, ou de se desfazer dela. O efei to resultante pode ser a manutenção de uma posição perdedora à espera de uma recuperação até o preço or ig inal , mesmo que as perspect ivas futuras não indiquem tal possibi l idade. t12:22 17 Heuríst ica da disponibi l idade A disponibi l idade remete à faci l idade (proximidade) com que determinadas ideias , lembranças ou s i tuações vêm à mente e inf luenciam o processo decisór io. Essa associação é mais re levante quando se trata da memória recente do decisor. A heur íst ica de disponibi l idade é um fenômeno no qual as pessoas predizem a frequência de um evento, ou a proporção de uma população, baseando-se no quão fáci l se conseguem lembrar de um exemplo. Em outras palavras, as pessoas est imam a frequência de uma classe ou a probabi l idade de um evento pela faci l idade com que instâncias ou ocorrências podem ser t razidas à mente. Heuríst ica da representatividade A heur íst ica da representat iv idade ocorre quando são tomadas decisões a par t i r de associações com estereót ipos formados e desprezo de informações re levantes que levar iam a escolhas melhor pensadas. As pessoas ju lgam os eventos pela sua aparência e semelhança, não pela probabi l idade de e les acontecerem. Essa heur íst ica também pode se re lacionar à inf luência de acontecimentos passados no processo decisór io. Um exemplo t íp ico dessa heur íst ica é de um invest idor que se baseia somente no desempenho passado do preço de uma ação para adquir i - la , pressupondo que no futuro o at ivo se compor tará da mesma forma que no passado. Teorias normativas em finanças comportamentais: anomalias Entre as anomal ias no mercado, destacam-se: Efeito-Manada : decisões de invest imento por imitação das escolhas de outros agentes f inanceiros (pares) . Esse compor tamento tender ia a ser f requente em situações de grande incer teza, em que há fal ta de informações sobre empresas e mercados ou há excesso de informações contraditór ias. t42:32 18 Sub ou Sobre-reações a novidades : a sub-reação ocorre quando uma informação re levante é ignorada e a sobre-reação descrever ia reações exageradas. Cogita-se que esse fenômeno esteja associado ao desempenho prévio das ações. Os invest idores tender iam a dar valor exagerado a boas not íc ias sobre empresas cujas ações t iveram bom desempenho recente ou ignorar iam boas not íc ias sobre empresas que t iveram um desempenho recente ruim (Mi lanez, 2003). Aversão a perdas, também chamado de Efeito Disposicional : invest idores re lutam em enfrentar a perda de dinheiro em invest imentos ruins. Para se esquivarem dessa perda, postergam a venda dos at ivos que causaram prejuízos e pr iv i legiam a venda de at ivos que estão gerando ganhos. 19 AULA 2, PARTE 3 Amanda Aires Seguindo com o conteúdo sobre as anomal ias no mercado: Aversão/Propensão a r iscos (também chamado de Efeito Reflexão) : quando estão diante da possibi l idade ( incer ta) de um ganho, os invest idores tender iam a tomar decisões arr iscadas, se tornar iam propensos ao r isco. Por outro lado, d iante da possibi l idade de perda, se tornar iam avessos ao r isco e poder iam tomar decisões excessivamente cautelosas. Confiança Excessiva : invest idores considerar iam suas habi l idades de preverem os movimentos de mercado como sendo super iores às de seus pares/colegas. Otimismo/Pessimismo de cur to prazo (Retorno à Média) : o “ot imismo” ocorrer ia quando um invest idor comprasse um at ivo em função de uma sér ie de aumentos de preços no cur to prazo, prevendo a cont inuidade dessa tendência. Já o “pessimismo” ser ia o inverso: em função de uma sér ie de reduções de preços, o invest idor vender ia prematuramente um at ivo ao prever a cont inuidade dessas quedas. Efeito Calendário : observa-se que algumas var iações nos preços de at ivos f inanceiros ocorrem em função do dia da semana. Por exemplo: a tendência das empresas divulgarem informações negat ivas nas sextas-fe iras para que os invest idores tenham o f inal de semana para ponderá- las e seu impacto sobre os preços ocorre nas segundas-fe iras; e a concentração de decisões re levantes sobre invest imentos das empresas nos f inais de semana, entre outros. Efeito de Cer teza : descreve tendências dos invest idores em l idarem erroneamente com probabi l idades. Tender iam, por exemplo, a dar mais impor tância a eventos com maior probabi l idade de ocorrência. Teorias normativas em finanças comportamentais: anomalias t00:07 20 Efeito Isolamento : quando estão diante de escolhas complexas, que envolvam mais de uma decisão, as pessoas tender iam a tomarem decisões l ineares. Ou seja , adotar iam estratégias de escolhas isoladas em vez de uma visão geral do problema. Framing ou efeito de enquadramento : é um conceito que aponta que a forma como as informações são apresentadas pode gerar a l terações de percepções e de ju lgamento. Ou seja , determinada tomada de decisão pode ser d i ferente caso o cenár io seja apresentado de forma diferente. Uma impor tante l inha de pesquisas em Finanças Compor tamentais não pretende dia logar diretamente com teor ias normativas. E la propõe uma mudança drást ica de paradigma, que se abandone a busca de padrões “ ideais” , em favor de invest igações indut ivas, da observação do que de fato ocorre nos mercados, buscando-se detectar e prever suas tendências. Os preços var iar iam em função do efei to combinado de mi lhões de pessoas indiferentes e de alguns poucos invest idores que sent i r iam necessidade de real izarem pesquisas sobre o valor dos invest imentos no longo prazo, mas que na real idade tomariam decisões a par t i r de percepções aleatór ias e do senso comum. Teorias não-normativas em finanças comportamentais t24:48 Nesta par te da aula , a professora faz uma revisão de todo o conteúdo abordado até o momento. Revisão de conteúdo t33:45 21 AULA 3, PARTE 1 Amanda Aires Nesta aula , a professora fa la sobre a Cr ise de 2008, uma cr ise do mercado imobi l iár io que se propagou para o mercado f inanceiro. A Cr ise de 2008 será o estudo de caso desta terceira aula. Para contextual izar a cr ise , Amanda aborda sobre o funcionamento dos bancos comerciais e de bancos de invest imentos e como os bancos ganham dinheiro. Além disso, a professora fa la sobre agências de c lassif icação e como elas ganham dinheiro , a lém dos invest imentos disponíveis . Diante do cenár io da cr ise , Amanda chama atenção para a secur i t ização, que é um processo que permite a transformação de dív idas em t í tu los de créditos negociáveis e sobre a seguradora americana AIG. Estudo de caso t00:48 Indicação de filmes A Grande Aposta : sobre a Cr ise de 2008, o f i lme traz uma abordam a par t i r de Michael Burry, dono de uma empresa de médio por te , que decide invest i r muito dinheiro do fundo que coordena ao apostar que o s istema imobi l iár io nos Estados Unidos i rá quebrar em breve. Grande Demais para Quebrar : também sobre a Cr ise de 2008, t rata o banqueiro Richard Fuld que tenta salvar o Lehman Brothers. 22 AULA 3, PARTE 2 Amanda Aires Seguindo o estudo de caso sobre a Cr ise de 2008, Amanda expl ica que os juros eram baixos para crédito imobi l iár io e a fa l ta de restr ição dos bancos para conceder o crédito. Com muitas pessoas comprando casas, surge neste momento a heur íst ica da disponibi l idade, que remete à faci l idade. Diversos cl ientes procuram pelo serviço de crédito , mesmo que sem condições de pagar pelo f inanciamento. Com esse aumento da procura, a s i tuação muda e os juros começam a aumentar consideravelmente. Vár ios c l ientes passaram a não pagar por fa l ta de condições e os bancos voltaram a colocar as casas à venda. Apesar disso, todos também passaram a pagar uma taxa maior de juros por conta da s i tuação. Isso f icou conhecido como “bolha” , por causar um aumento s ignif icat ivo nos valores dos imóveis. Além disso, o mercado imobi l iár io começou a colapsar e a cr ise passou a exist i r e a se espalhar pelo mercado f inanceiro. Estudo de caso t00:06 23 AULA 3, PARTE 3 Amanda Aires Nesta par te da aula , a professora segue o estudo de caso sobre a Cr ise de 2008. Amanda fala sobre a maior seguradora daquele momento, a AIG, sendo também uma das responsáveis por ampl iar a cr ise e por assegurar papéis de al to r isco do mercado imobi l iár io. A professora expl ica também sobre a quebra do banco Lehman Brothers e a sua repercussão. Com a falência Lehman Brothers diversas bolsas de valores caíram e isso gerou um efei to manada em todos os mercados. O governo em uma decisão desesperada doou dinheiro e comprou ações dos bancos e transfer iu também dinheiro para a AIG. O governo “salvou” a AIG e os bancos com o objet ivo de que o crescimento retornasse, o que não aconteceu. Os bancos empossaram o recurso e a economia americana passou longos per íodos de tempo devastada. Amanda também fala sobre a Cr ise de 1929, uma cr ise f inanceira que gerou também um efei to manada e a queda da bolsa de valores. Com a queda da bolsa, o valor de mercado das empresas não t inha qualquer v ínculo com a real idade. A professora fr isa que esses estudos de casos servem para e lucidar efei tos não racionais. Para Amanda, esses movimentos servem para anal isar os compor tamentos dos indiv íduos e expl icar determinados fenômenos. Ademais , a professora re lembra o exemplo do v ídeo que mostra as cr ianças frente a um marshmal low. Os adultos, assim como as cr ianças (que decidiram comer um marshmal low ao invés de ganhar dois) , nem sempre fazem escolhas racionais. Estudo de caso t00:04 A economia é a ciência que estuda o processo de escolha. AULA 1, PARTE 1 AULA 1, PARTE 2 AULA 1, PARTE 3 AULA 2, PARTE 1 AULA 2, PARTE 2 AULA 2, PARTE 3 AULA 3, PARTE 1 AULA 3, PARTE 2 AULA 3, PARTE 3
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