Buscar

f9e190fb34b74fd3dfda5431244579d9

Prévia do material em texto

C o m A m a n d a A i r e s
FINANÇAS COMPORTAMENTAIS
2
SUMÁRIO
AULA 1, PARTE 1 5
AULA 1, PARTE 2 7
AULA 1, PARTE 3 8
AULA 2, PARTE 1 11
AULA 2, PARTE 2 15
AULA 2, PARTE 3 19
AULA 3, PARTE 1 21
AULA 3, PARTE 2 22
AULA 3, PARTE 3 23
3
SOBRE O CURSO
O QUE SERÁ ABORDADO NAS AULAS?
Durante as três aulas, a professora abordará: Evolução histór ica da impor tância 
e apl icação das f inanças compor tamentais na atual idade; Apresentação da 
anál ise de problemas e proposições de soluções na esfera f inanceira através 
de uma ót ica mult id iscipl inar envolvendo a psicologia , f inanças e a tomada de 
decisão.
O QUE CONSTA NESTE EBOOK?
Neste mater ia l , você tem uma l inha do tempo com os pr incipais acontecimentos 
das v ideoaulas, como frases impactantes dos professores, conceitos 
impor tantes do mercado, indicações de f i lmes e l ivros, entre outros.
4
PROFESSOR DO CURSO
D O U TO R A E M E C O N O M I A P E L A U F P E C O M E X T E N S ÃO 
N A U N I V E R S IT É L AVA L, C A N A D Á
Economista pela Universidade Federal de Pernambuco com extensão 
universi tár ia na Universi tät Zür ich, na Suiça. Mestra em Economia 
também pela UFPE com disser tação premiada no I I I Prêmio de 
Economia Bancár ia pela Federação Brasi le i ra de Bancos. Doutora em 
Economia pela Universidade Federal de Pernambuco com extensão 
na Universi té Laval , Canadá. Professora de Economia e Finanças 
Titular no Programa de Mestrado Prof issional em Gestão Empresar ia l 
no Centro Universi tár io UniFBV Wyden. Coordenadora de Modelagem 
Econômico-Financeira no Governo do Estado de Pernambuco e 
autora dos l ivros Economia Brasi le i ra para Concursos e Economia 
para concursos — 1000 exercíc ios para concursos. TEDx Speaker e 
Comentar ista de Economia da rádio CBN/Recife.
AMANDA AIRES
55
AULA 1, PARTE 1
Amanda Aires
Para dar in íc io a aula , a professora expl ica os tópicos que serão 
abordados ao longo da discipl ina. Pr imeiro , Amanda vai explorar o 
conceito de economia, o que são as f inanças tradic ionais para , depois , 
t ratar do que é economia compor tamental , os seus conceitos l igados a 
f inanças compor tamentais e a teor ia do prospecto. Já na úl t ima aula , a 
professora abordará sobre as apl icações recentes.
A professora enfat iza ainda que ao longo das aulas será abordado como 
o ser humano toma decisões. 
Introdução 02:57
- Shakespeare, In.: Hamlet
Que obra admirável é o Homem! Tão nobre na razão, tão 
infinito em faculdades! Na forma e movimento, tão preciso e 
admirável! Na ação, tal como um anjo! Na compreensão, tal 
como um deus! A beleza do mundo! O modelo dos animais!
A economia é a c iência que estuda alocação de recursos que são escassos. 
Isso vale tanto para a economia tradic ional quanto para a economia 
compor tamental . Por isso, é necessár io fazer escolhas o tempo inteiro. Para 
a professora, a economia é a inda a c iência da escolha: “a economia estuda 
justamente esse processo de fazer escolhas” . 
O que é economia? 07:47
6
Na economia clássica, o indiv íduo escolhe de forma racional . “Eu vou buscar 
escolher sempre aqui lo que maximize a minha sat isfação” , expl ica Amanda. 
É impor tante destacar que dentro do processo da economia clássica, 
estudam-se as escolhas racionais. No entanto, a professora reforça que nem 
todas as escolhas são fe i tas de forma racional . 
Para exempl i f icar o processo de escolha racional , Amanda mostra uma 
si tuação de um invest imento no valor de 1 mi lhão de reais. De um lado, o 
invest idor terá o retorno de R$ 10 mi l mensais e de outro lado, um retorno 
de R$ 9 mi l mensais. Pela escolha racional , o invest idor deverá escolher 
o invest imento que lhe gera o maior retorno. Neste caso, o invest idor tem 
um recurso l imitado (1 mi lhão de reais) e tem que fazer uma escolha (entre 
ganhar R$ 10 mi l ou R$ 9 mi l ) .
Esse processo de escolha chama-se de custo de opor tunidade, por designar 
o custo da escolha real izada, que decorre dos benef íc ios que estavam 
associados à melhor a l ternat iva não selecionada. Ou seja , qualquer coisa 
que se tenha que abr i r mão para se obter a lgum i tem. 
Amanda fr isa ainda que, em uma economia, os quatro agentes (famí l ias , 
empresas, governos e resto do mundo) interagem em três mercados: bens e 
serv iços, fatores produt ivos e at ivos f inanceiros.
Além disso, a professora fa la sobre a impor tância da racional idade dentro 
do contexto da teor ia do consumidor. Os axiomas das preferências do 
consumidor são, por exemplo: completude ou completeza; ref lexiv idade; 
t ransit iv idade; monotonicidade; e convexidade. 
Economia é escolha!
7
AULA 1, PARTE 2
Amanda Aires
O que é economia?
Dentro do tópico o que é economia, a professora fa la sobre o conceito de 
ut i l idade. De acordo com Amanda, a ut i l idade em economia clássica mede 
a fe l ic idade de um determinado consumidor. Ou seja , a ut i l idade é um 
conceito de fe l ic idade associado ao consumo. “Quanto mais eu consumir, 
mais fe l iz eu estou” , ressalta a professora.
Para e lucidar sobre ut i l idade (fe l ic idade) e consumo, Amanda mostra um 
gráf ico que mede os níveis de fe l ic idade re lacionados ao consumo e ganhos. 
Amanda também aborda sobre a teor ia do consumidor, que trata sobre como 
o consumidor toma as decisões de compra (escolha) de forma racional . 
Um aspecto para essa decisão, por exemplo, é a restr ição orçamentár ia . 
Nesta teor ia , o consumo também está re lacionado à fe l ic idade, por meio do 
conceito de ut i l idade.
t00:15
Quanto mais consumo, melhor. Quanto maior o nível de 
consumo, maior o nível de satisfação daquele consumidor.
8
AULA 1, PARTE 3
Amanda Aires
Economia comportamental
A economia compor tamental par te de uma cr í t ica à abordagem da 
econômica tradic ional , de que o ser humano toma decisões de forma 
racional . Na perspect iva da economia compor tamental , as escolhas do ser 
humano ocorrem de forma intui t iva. 
A economia compor tamental enxerga uma real idade formada por pessoas 
que decidem com base em hábitos, exper iências pessoais e regras prát icas 
s impl i f icadas. E las aceitam soluções apenas sat isfatór ias ; tomam decisões 
rapidamente; têm dif iculdade de conci l iar interesses de cur to e longo 
prazo; e são for temente inf luenciadas por fatores emocionais e pelas 
decisões daqueles com os quais interagem. Na economia compor tamental , 
é re levante fr isar a inda que as pessoas têm aversão à perda. 
Já as f inanças compor tamentais fazem par te de um campo que estuda as 
escolhas dos invest idores f inanceiros. Essa ver tente tende a enfocar n íveis 
mais reduzidos de observação — os agentes f inanceiros e seus processos 
decisór ios — mas o fazem mantendo em vista as repercussões mais amplas 
e s istêmicas desses compor tamentos.
As f inanças compor tamentais são uma escola de pensamento re lat ivamente 
nova que aborda e fornece insights sobre questões, ta is como que todos 
nós temos preconceitos psicológicos inatos que podem levar a “erros” 
previs íveis na forma como tomamos decisões f inanceiras impor tantes.
As f inanças compor tamentais catalogam esses erros e nos ajudam a 
antecipar e , esperançosamente, ev i tar essas “armadi lhas” de tomada de 
decisão. Enquanto que nas f inanças tradic ionais é observado o mercado de 
forma ampla, sem atentar aos seus par t ic ipantes indiv idualmente. 
t00:06
9
- Carol Franceschini
A Economia Comportamental está interessada em uma gama 
mais abrangente de comportamentos, qualquer comportamento 
que seja determinante na organização de nossos sistemas 
sociais — trabalhar, consumir, trocar etc.
- Carol Franceschini
Já Finanças Comportamentais enfoca um conjunto mais 
exclusivo de temas: as decisões dos investidores financeiros e 
os fluxos de dinheiro resultantes.
Finanças tradicionaisOs modelos econômicos ut i l izados em Finanças Tradic ionais foram trazidos 
da abordagem econômica neoclássica e baseiam-se sobre uma sér ie de 
premissas (axiomas) de que os compor tamentos humanos apresentar iam 
racional idade i l imitada. A noção de racional idade é um dos al icerces 
fundamentais em prat icamente todas as teor ias em Finanças Tradic ionais.
Tais pressupostos são também a base da chamada Hipótese dos Mercados 
Ef ic ientes (HME), de grande inf luência nos dias atuais. E la foi or ig inalmente 
proposta por Eugene Fama (1970). A HME propõe que os preços dos at ivos 
f inanceiros são determinados pelas informações disponíveis sobre as 
empresas que os emitem e os mercados em geral . Trata-se de um equi l íbr io 
dinâmico. Assume-se que os preços dos at ivos f inanceiros ref letem, 
a qualquer momento, todas as informações disponíveis aos agentes 
f inanceiros. Com isso, cada vez que surgir uma nova informação relevante , 
os preços i rão se ajustar imediatamente, para c ima ou para baixo, de 
acordo com o conteúdo dessa informação.
t45:31
10
A par t i r d isso, a HME propõe que os preços dos at ivos f inanceiros ser iam 
a est imativa mais ef ic iente do valor dos bens e serv iços ao qual os at ivos 
f inanceiros estão atre lados. A par t i r dessa proposição, oferece expl icações 
e previsões sobre quais serão os montantes, velocidades e durações das 
movimentações f inanceiras. 
1111
AULA 2, PARTE 1
Amanda Aires
Finanças tradicionais
Famá (1970) e laborou três hipóteses, que diferem quanto ao t ipo 
necessár io de informações para que a ef ic iência dos preços se estabeleça:
Hipótese fraca : aceita que erros na formação de preços poder iam ocorrer 
e até mesmo serem de grande por te. Tais erros, entretanto, ocorrer iam de 
forma aleatór ia e , por tanto, ter iam média zero. Nenhum agente poder ia 
consistentemente obter ganhos acima da média dos demais invest idores 
baseando-se apenas na anál ise de preços passados.
Hipótese semifor te: as decisões de compra ou venda de at ivos f inanceiros 
estar iam baseadas em todas as informações publ icamente disponíveis . 
Nenhum agente poder ia consistentemente obter ganhos acima da média 
dos demais invest idores pelo uso de informações divulgadas em canais de 
comunicação.
Hipótese for te : os preços dos at ivos já ref let i r iam todas as informações 
existentes sobre as empresas e mercados, sejam elas públ icas ou pr ivadas. 
Mesmo agentes detentores de informações pr iv i legiadas não poder iam 
jamais aufer i r ganhos consistentemente acima da média dos demais.
Logo, a concepção tradic ional de f inanças assume que os invest idores 
possuem três caracter íst icas pr incipais :
1. São avessos a r iscos: invest idores procuram minimizar r isco e maximizar 
os retornos de suas apl icações.
2. Expectat ivas racionais : as aval iações e projeções do invest idor ref letem 
toda a informação re levante disponível .
3 . Integração dos seus invest imentos: o invest idor aval ia seus 
invest imentos como um todo, ou seja , o invest idor é conhecedor da Teor ia 
Moderna das Car teiras.
t01:04
12
Finanças comportamentais
Para dar in íc io ao conteúdo sobre f inanças compor tamentais , a professora 
mostra um vídeo em que cr ianças f icam em uma sala frente à um 
marshmal low. Se e las resist i rem e não comerem esse marshmal low, e las 
ganham no f inal dois. O v ídeo é um bom exemplo sobre compor tamento.
Aprofundando o assunto, Amanda expl ica que as f inanças compor tamentais 
têm como meta expl icar e prever f luxos f inanceiros a par t i r de 
pressupostos psicologicamente mais real istas, sem depender das (r íg idas) 
premissas usadas pela Hipótese dos Mercados Ef ic ientes – HME.
Um desaf io a todas as teor ias sobre mercados f inanceiros são as 
Bolhas Especulat ivas. Tratam-se de episódios em que ocorrem drást icas 
osci lações (volat i l idade) nos preços de at ivos f inanceiros sem que exista 
nenhuma contrapar t ida em seus fundamentos econômicos. Ou seja , na 
at iv idade produt iva das empresas aos quais esses at ivos estão atre lados 
(Mi lanez, 2003).
Algumas l inhas de pesquisa em f inanças compor tamentais pretendem 
apr imorar a HME ao proporem versões dessa teor ia em que alguns de seus 
pressupostos são re laxados. Outras, propõem mudanças em paradigmas 
metodológicos e uso de métodos empír ico- indut ivos para ident i f icar 
padrões compor tamentais efet ivos.
Ambas as propostas baseiam-se f i rmemente sobre observações empír icas 
e compar t i lham a noção de que os mercados f inanceiros não ser iam 
necessar iamente ef ic ientes.
Por tanto, os compor tamentos humanos não são real ist icamente 
compatíveis com os pressupostos (axiomas) das teor ias tradic ionais ; 
as informações re levantes sobre empresas e mercados não são sempre 
produzidas e/ou disseminadas de maneira rápida ou equitat iva ; e podem 
haver uma sér ie de entraves legis lat ivos e inst i tucionais em vigor para 
impedir a ef ic iência , mesmo se ta is informações est ivessem plenamente 
disponíveis .
t10:02
13
Além disso, a escola de f inanças compor tamentais considera que os 
invest idores não agem de forma totalmente racional . Por esse motivo, 
cometem erros s istemáticos, concluindo então que os invest idores são 
avessos a perdas (procuram evitar incorrer em perdas, mesmo que isso 
impl ique manter at ivos perdedores nas car te iras) ; operam sob racional idade 
l imitada (o processo decisór io é inf luenciado por uma sér ie de fatores, o 
que leva o invest idor nem sempre à decisão que i rá maximizar a ut i l idade 
esperada) ; e segregam seus invest imentos (tendem a v isual izar seus 
invest imentos de forma separada, o que pode impl icar d iversif icações 
desfavoráveis) .
Em síntese, o foco das f inanças modernas está voltado para os resultados 
do mercado, ta is como volume negociado, preço, indicadores, d iv idendos, 
etc , tendo como relevantes as causas que produzem os resultados. Já o 
foco das f inanças compor tamentais está no indiv íduo que toma a decisão, 
que por consequência será ref let ido nos preços dos at ivos.
Teorias normativas em
finanças comportamentais:
Teoria da perspectiva
A teor ia da perspect iva , uma das normativas em f inanças compor tamentais , 
é uma teor ia da psicologia cognit iva que descreve o modo como as pessoas 
escolhem entre a l ternat ivas que envolvem r isco, onde as probabi l idades de 
resultados são incer tas.
A teor ia af i rma que as pessoas tomam decisões mais baseadas em 
potenciais valores de perdas e ganhos do que no resultado f inal . Em 
síntese, a teor ia da perspect iva descreve a forma como as pessoas tomam 
decisões que envolvam incer tezas.
Embora incontáveis var iáveis possam impactar em ganhos ou perdas 
nos invest imentos, a teor ia da perspect iva demonstra que em muitos 
casos o invest idor acaba usando como referência um ponto específ ico e 
desprezando as demais var iáveis. Entre diversos aspectos que envolvem um 
at ivo, o preço de aquis ição parece ter a maior impor tância.
t43:51
14
A teor ia foi desenvolv ida por Daniel Kahneman e Amos Tversky em 1979. 
Kahneman e Tversky também propuseram que uma perda tem um impacto 
emocional maior sobre qualquer pessoa do que o ganho equivalente. Então, 
provavelmente uma pessoa tentará evi tar uma perda mais do que tentar 
obter um ganho.
Outro aspecto re levante na teor ia da perspect iva é que os invest idores 
costumam separar cada invest imento para monitorar ganhos e perdas e 
reexaminar as posições per iodicamente. Essas contas separadas fazem 
par te de uma contabi l idade mental , onde o invest idor acaba pensando suas 
apl icações, não como integrantes de um por tfól io que funciona de maneira 
a se complementar, mas sim como compar t imentos isolados, o que leva 
muitas vezes ao uso de atr ibutos muito superf ic ia is na gestãode recursos. 
As consequências desse compor tamento podem levar à construção de uma 
car teira com maior r isco do que o necessár io em vir tude de inexistência ou 
baixa diversif icação. Outra consequência é a re je ição de at ivos de maior 
r isco na car te ira , pois a anál ise de determinado at ivo foi fe i ta de forma 
indiv idual , não considerando o papel da alocação na car te ira como um todo.
15
AULA 2, PARTE 2
Amanda Aires
Teorias normativas em finanças
comportamentais: desvios sistêmicos
Nesta par te da aula , a professora fa la sobre as teor ias normativas em 
f inanças compor tamentais com foco nos desvios s istêmicos. As pesquisas 
do t ipo Normativo, por exemplo, par tem da noção geral de que exist i r ia 
uma maneira “correta” dos agentes econômicos se compor tarem. Elas 
aceitam a noção de que se os agentes se compor tassem racionalmente, 
as consequências ser iam o estabelecimento de preços ef ic ientes para 
os at ivos f inanceiros, compatíveis com os fundamentos produt ivos das 
empresas aos quais estão atre lados.
As pesquisas cr i t icam, no entanto, a ideia de que os agentes se 
compor tar iam racionalmente. Os compor tamentos de compra e venda de 
at ivos f inanceiros incompatíveis com a racional idade produzir iam desvios 
s istemáticos nos preços dos at ivos e exigir iam a formulação de novos 
modelos predit ivos.
Em resposta, defensores das teor ias tradic ionais consideram que o fato 
de alguns agentes não se compor tarem de forma racional não ser ia 
necessar iamente um problema. Um impor tante argumento nesse debate é a 
chamada Lei dos Grandes Números, or ig inár ia de teor ias de probabi l idade. 
Apl icada aos mercados f inanceiros, a Lei dos Grandes Números propõe 
que se um mercado for suf ic ientemente grande e l íquido (cont iver grande 
número de agentes e interações) , os preços resultantes dessas múlt ip las 
interações i rão convergir aos valores “ef ic ientes” , mesmo que alguns 
agentes ajam irracionalmente.
t00:05
16
Teorias normativas em finanças
comportamentais: heurísticas
No contexto das teor ias normativas em f inanças compor tamentais , as 
heur íst icas são regras de bolso que agi l izam e s impl i f icam a percepção e a 
aval iação das informações que recebemos. Por um lado, e las s impl i f icam 
enormemente a tarefa de tomar decisões, mas por outro , podem induzir a 
erros de percepção, aval iação e ju lgamento que escapam à racional idade 
ou estão em desacordo com a teor ia estat íst ica. Os diferentes t ipos de 
erros nos quais o invest idor pode incorrer são classif icados como Vieses 
Compor tamentais ou Vieses Cognit ivos. Ou seja , d istorções de raciocínio , 
causadas pela ut i l ização unicamente de heur íst icas ao invés de anál ises 
mais profundas.
Heuríst ica da Ancoragem
A heur íst ica da Ancoragem faz com que a exposição prévia a uma 
informação leve o invest idor a considerá- la for temente na tomada de 
decisão ou na formulação de est imativas, independente de sua re levância 
para o que é decidido ou est imado. Um dos pr incipais motivos para isso é 
que a mente tende a aval iar de forma inef ic iente as magnitudes absolutas, 
precisando sempre de um ponto de referência para basear suas est imativas 
e ju lgamentos.
É muito comum a ancoragem se basear em valores. Por exemplo, um 
invest idor que toma decisões f inanceiras por impulso, se exposto 
recentemente à informação de que a ação da companhia X custa R$ 50, 
tende a achar barata a ação da companhia Y, cotada a R$ 20, a inda que as 
duas empresas não tenham nenhuma correlação.
Outra tendência comum é o invest idor se ancorar no preço de compra de 
um papel ou no valor da cota de entrada de um fundo de invest imento ao 
tomar a decisão de manter a apl icação, ou de se desfazer dela. O efei to 
resultante pode ser a manutenção de uma posição perdedora à espera de 
uma recuperação até o preço or ig inal , mesmo que as perspect ivas futuras 
não indiquem tal possibi l idade.
t12:22
17
Heuríst ica da disponibi l idade
A disponibi l idade remete à faci l idade (proximidade) com que determinadas 
ideias , lembranças ou s i tuações vêm à mente e inf luenciam o processo 
decisór io. Essa associação é mais re levante quando se trata da memória 
recente do decisor. A heur íst ica de disponibi l idade é um fenômeno no 
qual as pessoas predizem a frequência de um evento, ou a proporção de 
uma população, baseando-se no quão fáci l se conseguem lembrar de um 
exemplo. Em outras palavras, as pessoas est imam a frequência de uma 
classe ou a probabi l idade de um evento pela faci l idade com que instâncias 
ou ocorrências podem ser t razidas à mente.
Heuríst ica da representatividade
A heur íst ica da representat iv idade ocorre quando são tomadas decisões 
a par t i r de associações com estereót ipos formados e desprezo de 
informações re levantes que levar iam a escolhas melhor pensadas. As 
pessoas ju lgam os eventos pela sua aparência e semelhança, não pela 
probabi l idade de e les acontecerem. Essa heur íst ica também pode se 
re lacionar à inf luência de acontecimentos passados no processo decisór io.
Um exemplo t íp ico dessa heur íst ica é de um invest idor que se baseia 
somente no desempenho passado do preço de uma ação para adquir i - la , 
pressupondo que no futuro o at ivo se compor tará da mesma forma que no 
passado. 
Teorias normativas em finanças
comportamentais: anomalias
Entre as anomal ias no mercado, destacam-se:
Efeito-Manada : decisões de invest imento por imitação das escolhas 
de outros agentes f inanceiros (pares) . Esse compor tamento tender ia 
a ser f requente em situações de grande incer teza, em que há fal ta de 
informações sobre empresas e mercados ou há excesso de informações 
contraditór ias.
t42:32
18
Sub ou Sobre-reações a novidades : a sub-reação ocorre quando uma 
informação re levante é ignorada e a sobre-reação descrever ia reações 
exageradas. Cogita-se que esse fenômeno esteja associado ao desempenho 
prévio das ações. Os invest idores tender iam a dar valor exagerado a boas 
not íc ias sobre empresas cujas ações t iveram bom desempenho recente 
ou ignorar iam boas not íc ias sobre empresas que t iveram um desempenho 
recente ruim (Mi lanez, 2003).
Aversão a perdas, também chamado de Efeito Disposicional : invest idores 
re lutam em enfrentar a perda de dinheiro em invest imentos ruins. Para 
se esquivarem dessa perda, postergam a venda dos at ivos que causaram 
prejuízos e pr iv i legiam a venda de at ivos que estão gerando ganhos.
19
AULA 2, PARTE 3
Amanda Aires
Seguindo com o conteúdo sobre as anomal ias no mercado:
Aversão/Propensão a r iscos (também chamado de Efeito Reflexão) : 
quando estão diante da possibi l idade ( incer ta) de um ganho, os invest idores 
tender iam a tomar decisões arr iscadas, se tornar iam propensos ao r isco. 
Por outro lado, d iante da possibi l idade de perda, se tornar iam avessos ao 
r isco e poder iam tomar decisões excessivamente cautelosas. 
Confiança Excessiva : invest idores considerar iam suas habi l idades de 
preverem os movimentos de mercado como sendo super iores às de seus 
pares/colegas.
Otimismo/Pessimismo de cur to prazo (Retorno à Média) : o “ot imismo” 
ocorrer ia quando um invest idor comprasse um at ivo em função de uma 
sér ie de aumentos de preços no cur to prazo, prevendo a cont inuidade dessa 
tendência. Já o “pessimismo” ser ia o inverso: em função de uma sér ie de 
reduções de preços, o invest idor vender ia prematuramente um at ivo ao 
prever a cont inuidade dessas quedas.
Efeito Calendário : observa-se que algumas var iações nos preços de at ivos 
f inanceiros ocorrem em função do dia da semana. Por exemplo: a tendência 
das empresas divulgarem informações negat ivas nas sextas-fe iras para que 
os invest idores tenham o f inal de semana para ponderá- las e seu impacto 
sobre os preços ocorre nas segundas-fe iras; e a concentração de decisões 
re levantes sobre invest imentos das empresas nos f inais de semana, entre 
outros.
Efeito de Cer teza : descreve tendências dos invest idores em l idarem 
erroneamente com probabi l idades. Tender iam, por exemplo, a dar mais 
impor tância a eventos com maior probabi l idade de ocorrência.
Teorias normativas em finanças 
comportamentais: anomalias 
t00:07
20
Efeito Isolamento : quando estão diante de escolhas complexas, que 
envolvam mais de uma decisão, as pessoas tender iam a tomarem decisões 
l ineares. Ou seja , adotar iam estratégias de escolhas isoladas em vez de 
uma visão geral do problema.
Framing ou efeito de enquadramento : é um conceito que aponta que a 
forma como as informações são apresentadas pode gerar a l terações de 
percepções e de ju lgamento. Ou seja , determinada tomada de decisão pode 
ser d i ferente caso o cenár io seja apresentado de forma diferente. 
Uma impor tante l inha de pesquisas em Finanças Compor tamentais não 
pretende dia logar diretamente com teor ias normativas. E la propõe uma 
mudança drást ica de paradigma, que se abandone a busca de padrões 
“ ideais” , em favor de invest igações indut ivas, da observação do que de fato 
ocorre nos mercados, buscando-se detectar e prever suas tendências.
Os preços var iar iam em função do efei to combinado de mi lhões de pessoas 
indiferentes e de alguns poucos invest idores que sent i r iam necessidade de 
real izarem pesquisas sobre o valor dos invest imentos no longo prazo, mas 
que na real idade tomariam decisões a par t i r de percepções aleatór ias e do 
senso comum.
Teorias não-normativas em
finanças comportamentais
t24:48
Nesta par te da aula , a professora faz uma revisão de todo o conteúdo 
abordado até o momento. 
Revisão de conteúdo t33:45
21
AULA 3, PARTE 1
Amanda Aires
Nesta aula , a professora fa la sobre a Cr ise de 2008, uma cr ise do mercado 
imobi l iár io que se propagou para o mercado f inanceiro. A Cr ise de 2008 
será o estudo de caso desta terceira aula.
Para contextual izar a cr ise , Amanda aborda sobre o funcionamento dos 
bancos comerciais e de bancos de invest imentos e como os bancos ganham 
dinheiro. Além disso, a professora fa la sobre agências de c lassif icação e 
como elas ganham dinheiro , a lém dos invest imentos disponíveis .
Diante do cenár io da cr ise , Amanda chama atenção para a secur i t ização, 
que é um processo que permite a transformação de dív idas em t í tu los de 
créditos negociáveis e sobre a seguradora americana AIG. 
Estudo de caso t00:48
Indicação de filmes
A Grande Aposta : sobre a Cr ise de 2008, o f i lme traz uma abordam 
a par t i r de Michael Burry, dono de uma empresa de médio por te , que 
decide invest i r muito dinheiro do fundo que coordena ao apostar que o 
s istema imobi l iár io nos Estados Unidos i rá quebrar em breve.
Grande Demais para Quebrar : também sobre a Cr ise de 2008, t rata o 
banqueiro Richard Fuld que tenta salvar o Lehman Brothers.
22
AULA 3, PARTE 2
Amanda Aires
Seguindo o estudo de caso sobre a Cr ise de 2008, Amanda expl ica que os 
juros eram baixos para crédito imobi l iár io e a fa l ta de restr ição dos bancos 
para conceder o crédito. Com muitas pessoas comprando casas, surge 
neste momento a heur íst ica da disponibi l idade, que remete à faci l idade. 
Diversos cl ientes procuram pelo serviço de crédito , mesmo que sem 
condições de pagar pelo f inanciamento.
Com esse aumento da procura, a s i tuação muda e os juros começam a 
aumentar consideravelmente. Vár ios c l ientes passaram a não pagar por 
fa l ta de condições e os bancos voltaram a colocar as casas à venda. 
Apesar disso, todos também passaram a pagar uma taxa maior de juros 
por conta da s i tuação. Isso f icou conhecido como “bolha” , por causar um 
aumento s ignif icat ivo nos valores dos imóveis.
Além disso, o mercado imobi l iár io começou a colapsar e a cr ise passou a 
exist i r e a se espalhar pelo mercado f inanceiro. 
Estudo de caso t00:06
23
AULA 3, PARTE 3
Amanda Aires
Nesta par te da aula , a professora segue o estudo de caso sobre a Cr ise 
de 2008. Amanda fala sobre a maior seguradora daquele momento, a AIG, 
sendo também uma das responsáveis por ampl iar a cr ise e por assegurar 
papéis de al to r isco do mercado imobi l iár io. A professora expl ica também 
sobre a quebra do banco Lehman Brothers e a sua repercussão. Com a 
falência Lehman Brothers diversas bolsas de valores caíram e isso gerou 
um efei to manada em todos os mercados. 
O governo em uma decisão desesperada doou dinheiro e comprou ações 
dos bancos e transfer iu também dinheiro para a AIG. O governo “salvou” 
a AIG e os bancos com o objet ivo de que o crescimento retornasse, o que 
não aconteceu. Os bancos empossaram o recurso e a economia americana 
passou longos per íodos de tempo devastada. 
Amanda também fala sobre a Cr ise de 1929, uma cr ise f inanceira que gerou 
também um efei to manada e a queda da bolsa de valores. Com a queda da 
bolsa, o valor de mercado das empresas não t inha qualquer v ínculo com a 
real idade. 
A professora fr isa que esses estudos de casos servem para e lucidar efei tos 
não racionais. Para Amanda, esses movimentos servem para anal isar os 
compor tamentos dos indiv íduos e expl icar determinados fenômenos. 
Ademais , a professora re lembra o exemplo do v ídeo que mostra as cr ianças 
frente a um marshmal low. Os adultos, assim como as cr ianças (que 
decidiram comer um marshmal low ao invés de ganhar dois) , nem sempre 
fazem escolhas racionais. 
Estudo de caso t00:04
A economia é a ciência que estuda o processo de escolha.
	AULA 1, PARTE 1
	AULA 1, PARTE 2
	AULA 1, PARTE 3
	AULA 2, PARTE 1
	AULA 2, PARTE 2
	AULA 2, PARTE 3
	AULA 3, PARTE 1
	AULA 3, PARTE 2
	AULA 3, PARTE 3

Continue navegando