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Gestão de informações na esfera pública Apresentação Os órgãos e as instituições da esfera pública produzem uma grande quantidade de informações que são de interesse e utilidade de toda a sociedade. No entanto, nem sempre essas informações são organizadas e disponibilizadas adequadamente, de modo a chegarem ao conhecimento das pessoas que poderiam ter algum interesse nelas, no momento em que elas necessitam. Para contornar essa dificuldade, faz-se necessária uma gestão da informação eficiente e eficaz, estabelecida em um conjunto de políticas coerentes que possibilitem o fornecimento de informações relevantes, na quantidade e na qualidade suficientes, certa, no tempo correto, com um custo apropriado e com facilidade de acesso aos interessados. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o que é gestão de informação e qual a sua influência na esfera pública, buscando identificar os seus objetivos e suas etapas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir a gestão de informação na esfera pública. • Identificar os objetivos da gestão de informação na esfera pública. • Listar as etapas da gestão de informação na esfera pública.• Desafio A gestão da informação faz parte de nosso dia a dia, de modo que ela tem o poder de gerar valor às organizações. Especificamente na esfera pública, a gestão da informação tem o potencial de apoiar a organização pública na busca pelo alcance do desenvolvimento da cidadania e da sociedade como um todo. Assim, para que atinja esse propósito, os gestores responsáveis por ela devem conhecer suas etapas e como aplicá-las. Nesse sentido, imagine que uma organização pública esteja solicitando o uso de seus conhecimentos para aprimorar a sua gestão das informações que chegam por meio do atendimento ao público. Qual seria a sua explicação sobre o que seria necessário fazer para aprimorar o atendimento ao público por meio da gestão da informação nessa organização pública? Como você planejaria a inserção da gestão da informação no atendimento ao público nessa organização? Infográfico Quem faz a gestão da informação? Essa pergunta tende que se busque um indivíduo ou uma unidade organizacional que seja responsável por planejamento, execução e avaliação da gestão da informação. No entanto, a resposta não é tão trivial, pois gerir a informação requer a participação e a interconexão de um grande número de pessoas e/ou unidades da organização. Além disso, é preciso saber o que e como avaliar, a fim de que sejam geradas informações relevantes e úteis para a organização. Dessa forma, o Infográfico procura apresentar as áreas responsáveis pelo gerenciamento da informação e como pode ser feita a geração de informações por meio da avaliação de dados e outros elementos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/573109da-6e9e-404c-92fe-d77993d1af4f/3f8608eb-5fdb-407f-bcd1-eb9719f605b8.png Conteúdo do livro A grande disponibilidade de informações que são geradas nos mais diversos contextos da sociedade faz com que elas sejam consideradas um recurso estratégico que deve ser devidamente gerenciado. Aliado a esse fato, temos também os avanços tecnológicos que proporcionam maior socialização e o compartilhamento de informações entre os indivíduos e as organizações. Nesse sentido, a gestão da informação torna-se uma ferramenta importante para as organizações, especialmente na esfera pública, pois ela é capaz de entregar a informação necessária, no momento adequado e ao destinatário correto. No Capítulo Gestão de informações na esfera pública, do livro Controladoria pública, você vai conhecer os conceitos que envolvem a gestão da informação na esfera pública, identificar os seus objetivos e conhecer as etapas da gestão de informação na esfera pública. Boa leitura. CONTROLADORIA PÚBLICA Guilherme Corrêa Gonçalves Gestão de informações na esfera pública Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir a gestão de informação na esfera pública. Identificar os objetivos da gestão de informação na esfera pública. Listar as etapas da gestão de informação na esfera pública. Introdução A busca por conhecimento e informação é característica das organizações e uma necessidade que faz com que elas busquem cada vez mais por inovações tecnológicas e por um desenvolvimento mais acelerado de novos produtos e serviços, que proporcionem o aumento da quantidade e da qualidade da informação. Essa busca e a consequente interação entre as novas formas de comunicação e de troca de informações provocam transformações e expandem as redes de comunicação e as relações sociais. No âmbito da esfera pública, todo o processo, enquanto fenômeno a ser constantemente estudado e analisado, precisa ser gerenciado de forma adequada, a fim de gerar os efeitos desejados e necessários para atender à sociedade. A informação é o ingrediente básico do processo decisório e, portanto, as organizações são dependentes dela, o que torna importante não apenas saber usá-la, mas também gerenciá-la e buscar sempre novos modos e recursos de informação que atendam às necessi- dades da organização, tornando o seu processo decisório mais eficiente. Neste capítulo, você vai estudar a gestão de informação na esfera pública. Assim, vai ver como definir os objetivos dessa gestão e, na se- quência, vai conhecer as etapas que compõem esse processo. 1 Gestão de informação Conforme Martins (2014), a gestão de informação é uma área do conhecimento que transcende o universo organizacional, podendo ser vista como ciência multidisciplinar, com teorias e práticas de vários conhecimentos científi cos. Assim, a informação tem um valor para as organizações que interliga as suas diversas áreas e subáreas. Tal afi rmação tem respaldo no fato de que todas as unidades organizacionais produzem, gerenciam e disponibilizam informações. Isso faz com que elas precisem utilizar a gestão de informação e, ao mesmo tempo, contribuir para o seu enriquecimento e desenvolvimento. Nesse sentido, o conceito de gestão de informação pode ser bastante abrangente, trazendo essa interação com aspectos teóricos mais abstratos das diferentes áreas do conhecimento e recebendo ideias da filosofia, economia, sociologia, política, teoria organizacional, teoria de sistemas, entre outras. Portanto, gestão de informação pode ser compreendida como prática de gerenciamento e como campo científico e profissional (MARTINS, 2014). Com relação ao campo profissional — mais especificamente no que diz respeito à necessidade das organizações de se planejarem frente ao crescimento da quanti- dade de informações com as quais precisam lidar no seu cotidiano —, a ideia da informação como ferramenta estratégica evoluiu do seu foco inicial de gestão de dados e documentos para gestão de recursos informacionais, para que os resultados em relação à eficiência operacional fossem alcançados. Dessa forma, também se passou a evitar o desperdício e automatizar processos (TARAPANOFF, 2006). Dados e informação Dados costumam ser defi nidos como representações de partes isoladas de eventos ou fatos, ou seja, são elementos que podem ser detectados, mas carecem de signifi - cado relevante ou de qualquer condução ao nível de compreensão. Portanto, dados não oferecem a possibilidade de embasar conclusões ou de servir de elemento para a tomada de decisão. Porém, no momento em que os dados são organizados, processados, classifi cados, fi ltrados ou interpretados, ao ponto de poder dar respaldo a uma decisão, eles se transformam em informação (CÔRTES, 2008). Logo, pode-se afirmar que informação é o resultado de algum tipo de processamento de dados, conforme ilustra a Figura 1. Gestão de informações na esfera pública2 Figura 1. Relação entre dados e informação. Fonte:Côrtes (2008, p. 27). Gestão de informação na esfera pública A gestão de informação na esfera pública guarda algumas similaridades e algumas diferenças com relação à esfera privada. De modo geral, uma organização privada faz o seu gerenciamento informacional com base nas suas necessidades de negócio, e as partes interessadas nessas informações em geral se restringem aos seus clientes externos e internos, e aos seus fornecedores. Já em uma organização pública, todos os cidadãos e demais organizações (públicas ou privadas) podem fazer parte da relação de inte- ressados nessas informações. Nesse sentido, a gestão de informação de uma organização pública pode ser proposta com os seguintes objetivos (MIRANDA; STREIT, 2007): melhorar a efetividade da sua missão; assegurar o acesso da sociedade às informações de interesse público; prestar contas à sociedade sobre os seus serviços; tornar mais transparentes as ações e decisões da organização; preservar os registros sociais, econômicos e históricos. Essas e outras ações demonstram as diferenças e peculiaridades da gestão de informação da esfera pública, tanto em relação aos seus objetivos quanto às análises de custo-benefício dos processos informacionais. Para tanto, a gestão de informação na esfera pública deve ter como norte a visão de futuro, a missão e os objetivos institucionais, de modo que possa prover informação de qualidade e serviços que atendam às necessidades da sociedade. Assim, é possível conquistar confiança e credibilidade, reduzir os custos da administração pública e aumentar a sua produtividade (MIRANDA; STREIT, 2007). 3Gestão de informações na esfera pública A Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, conhecida como Lei de Acesso à Informação, regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do Art. 5º da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988). Esse item afirma que “–[...] todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado” (BRASIL, 2011, documento on-line). No seu Art. 6º, a Lei de Acesso à Informação determina: Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a: I – gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a ela e sua divulgação; II – proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, au- tenticidade e integridade; e III – proteção da informação sigilosa e da informação pessoal, ob- servada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e eventual restrição de acesso (BRASIL, 2011, documento on-line). 2 Objetivos da gestão de informação na esfera pública A crescente complexidade do ambiente de informação na esfera pública torna cada vez mais diversifi cadas as relações entre os entes estatais e a sociedade. Isso faz com que a quantidade de informações — tanto as que partem das organizações quanto as que provêm da sociedade — seja também ampliada. As- sim, esse ambiente de informação passa a requerer mais funções diferenciadas para atender a essa complexidade. Isso fez aumentar a atenção dada ao papel vital que a informação desempenha nos negócios públicos (MALIN, 2006). Nesse contexto, cada base de informações exige um ambiente próprio, em termos de recursos, cultura, procedimentos e políticas públicas capazes de sustentá-lo. Isso ocorre porque as bases de informações estão inseridas em am- bientes informacionais, que são o conjunto de valores e crenças organizacionais a que pertencem a informação e a cultura subjacente, assim como a maneira como é usada e o que se faz com ela, ou seja, o seu comportamento e processo de trabalho. Acrescentam-se a esses aspectos as interferências políticas e os sistemas de informação e recursos tecnológicos disponíveis (MALIN, 2006). Gestão de informações na esfera pública4 Portanto, a gestão de informação tem um papel extremamente importante nesse processo. Diante de toda essa complexidade, ela deve cumprir um dos seus principais objetivos: o apoio ao processo de tomada de decisão. Para isso, deve fornecer aos gestores o conhecimento prévio das condições internas e do ambiente externo da organização, de forma que eles possam avaliar as melhores ações a serem adotadas. Para alcançar esse objetivo, a gestão de informação deve dar garantias de que informações úteis e corretas serão entregues na hora certa e às pessoas certas (MARCHIORO; SIMON, 2017). Diferenças entre os setores público e privado na gestão de informação Os objetivos da gestão de informação nas organizações do setor público e do setor privado apresentam semelhanças e diferenças. No setor privado, a estrutura de gestão de informação, de modo geral, é defi nida pela direção da empresa, que busca dar garantias aos seus acionistas. Portanto, a gestão de informação no setor privado tem como foco principal a prestação de contas aos acionistas e a disponibilização de informações com qualidade ao corpo de diretores para a condução das suas responsabilidades e apoio ao seu processo decisório (MIRANDA; STREIT, 2007). No setor público, por outro lado, esse processo é mais complexo. Os objeti- vos e resultados buscados são menos visíveis e menos quantificáveis, o poder da diretoria é mais disperso, e os objetivos das partes interessadas são mais variados e, por vezes, conflitantes. Dessa forma, a gestão de informação no setor público assume uma dimensão mais ampla, cujos principais objetivos são prestar contas e justificar decisões e ações, assim como dar transparência de informações a todos os interessados. Outra diferença de objetivos da gestão de informação entre os setores público e privado é o fato de que as organizações públicas têm o dever de cumprir certas obrigações perante a sociedade no trato com a informação. Isso dá ao gestor não só uma responsabilidade administrativa dos seus atos, mas também uma responsabilidade legal. Portanto, a informação deve ser administrada da mesma forma como são gerenciados outros ativos, por exemplo, recursos humanos e financeiros (MIRANDA; STREIT, 2007). O Estado moderno, por natureza, atua como agente de geração, recepção e agre- gação de informações. A necessidade de competência no manejo da informação se apresenta em diversas atividades do Estado: a representação dos domínios oficiais do Estado – territoriais, econômicos, populacionais; a publicização de fatos e regras institucionais a serem respeitadas; a prestação de contas sobre a função e os recursos públicos; a realização da função de governar como administrar uma organização sustentada por recursos públicos e que deve ser gerenciada segundo critérios transparentes e impessoais (QUAGLIA; NAKASHIMA; BRASILEIRO, 2013). 5Gestão de informações na esfera pública Logo, para que a gestão de informação na esfera pública atinja o seu obje- tivo, ela deve assegurar que a informação promova a qualidade da governança desse setor. Em outras palavras, ela deve buscar, por meio das suas diversas interações entre os atores públicos e privados (que influenciam ou são in- fluenciados pelas atividades das instituições públicas), garantir o alinhamento entre as necessidades de oferta e de demanda de informações. Para atingir esse objetivo, o processo de gestão de informação precisa retomar a ideia de complexidade e buscar reduzir a assimetria de informação entre os envolvidos, de forma a manter o sistema sob equilíbrio, pois a informação é o elemento base a partir do qual a governança se sustenta (MIRANDA; STREIT, 2007). A tecnologia da informação e a gestão de informação Para que a gestão de informação cumpra os seus objetivos e a informação seja tratada como um recurso valioso, em função da alta complexidade que envolve esse processo, são necessários mecanismos que apoiem o seu trata- mento, os quais pertencem à áreada tecnologia da informação. A tecnologia da informação agiliza o fl uxo de informações e torna a sua transmissão mais efi ciente, em termos de tempo e de recursos, o que, por consequência, facilita o processo decisório (LAUDON; LAUDON, 2010). Para tanto, a implantação da tecnologia da informação com o apoio de um sistema de informações que seja capaz de interpretar, analisar e sintetizar os dados coletados dentro da complexidade dos ambientes internos e externos proporciona à organização um apoio importante às estratégias de acompa- nhamento dos resultados e avaliação de desempenho. Nessa perspectiva, o objetivo da gestão de informação é apoiar a política global da organização e a articulação entre as partes interessadas, a fim de torná-las mais efetivas (MARCHIORO; SIMON, 2017). Gestão de informação no processo decisório Basicamente, o processo decisório envolve uma escolha entre as diversas possibilidades que se apresentam quando se busca responder às indagações de o que, como, quem, quando e para que. Esse processo de escolha conduz à ação e aplica esforços e recursos para o enfrentamento de um futuro incerto, Gestão de informações na esfera pública6 decorrente das escolhas feitas nos momentos de decisão. A importância da informação nesse contexto se dá pelo fato de que, junto ao conhecimento, ela permeia a dinâmica das interações sociais, as quais embasam o processo decisório. Isso se dá porque é por intermédio dela que problemas são analisados e oportunidades são exploradas (LIMA, 2011). Nesse sentido, as variáveis mais importantes do processo decisório são os objetivos que a organização traçou, a sua visão e a sua missão organizacional. Acrescentam-se a essas variáveis os critérios de racionalidade e de eficácia das informações. Nesse sentido, dependendo da gestão de informação, poderá haver falta ou excesso de informação, caso haja falhas nessa gestão, ou precisão e conteúdo substancial, caso haja uma boa gestão de informações. O decisor ainda se utilizará do seu raciocínio, seus valores, suas crenças, entre outras variáveis que servem de apoio para formar uma base de conhecimento e encaminhá-lo a decisões acertadas e à condução da sua execução, por meio das ações subsequentes (LIMA, 2011). Para exemplificar como se dá o processo decisório, observe a Figura 2: além de ele ser cíclico, requer o fornecimento de informações apropriadas e adequadas em cada uma das suas fases. Figura 2. Ciclo do processo decisório. Fonte: Moraes (2005, p. 22). 7Gestão de informações na esfera pública O ciclo do processo decisório demonstra que a sua essência é o controle das informações, pois ele depende de que elas sejam oportunas e tenham conteúdo adequado e confiável, para que possam ser devidamente avaliadas e servir de fundamento para a tomada de decisão. Portanto, a organização e o tratamento adequado das informações apropriadas ao processo decisório são fundamentais para que a gestão de informação cumpra a sua finalidade. Para tal, as organizações públicas, por meio do seu processo de gestão de informação, devem administrar sistematicamente a obtenção de informações de maneira que ela possa orientar o seu processo decisório. Assim, é importante conhecer as etapas da gestão de informação, especialmente na esfera pública, que é o foco deste capítulo. 3 Etapas da gestão de informação na esfera pública O Estado moderno, por natureza, gera, recebe e agrega informações, por meio de algumas das suas atividades. Entre elas estão o manejo da informação e a representação dos seus domínios ofi ciais, que acontece por meio da divulgação de fatos e regras institucionais a serem respeitadas e da prestação de contas sobre o exercício da função e a utilização dos recursos públicos. Isso deve ser feito dentro de critérios transparentes e impessoais, adequados aos princípios da administração pública (MALIN, 2006). Nesse sentido, a informação demonstra o seu valor na esfera pública por razões políticas e de poder, que levam os órgãos estatais a publicar, prestar contas e dar transparência às suas informações. Dessa forma, a gestão de infor- mação também se mostra valiosa, visto que, do ponto de vista organizacional, é por meio dela que a organização poderá buscar a eficiência e a eficácia das suas atividades, no propósito de alcançar uma gestão voltada à cidadania e ao desenvolvimento econômico e social (MALIN, 2006). Para tanto, a gestão de informação permite que o elemento informacio- nal possa ser registrado, armazenado e reproduzido por diversos meios. Na sequência, a informação é agregada a outras informações, reorganizada e novamente processada, para então gerar novas informações e análises (BRA- SILEIRO, 2013). Santos e Valentim (2014) buscaram identificar na literatura algumas etapas vistas como essenciais para a gestão de informação. A partir disso, elaboraram as informações que você vê no Quadro 1. Gestão de informações na esfera pública8 Fo nt e: S an to s e V al en tim (2 01 4, p . 2 3) . M cG ee e P ru sa k (1 99 4, p . 1 08 ) D av en po rt e P ru sa k (1 99 8, p . 1 75 ) Be al (2 00 4, p . 2 9) Va le nt im (2 00 4, p . 1 ) Ch oo (2 00 6, p . 4 04 ) Id en tif ic aç ão d e ne ce s- sid ad es e re qu isi to s d e in fo rm aç ão . Cl as sif ic aç ão e a r- m az en am en to d e in fo rm aç ão . Co le ta /e nt ra da d e in fo rm aç ão . Tr at am en to e a pr es en - ta çã o da in fo rm aç ão . D es en vo lv im en to d e pr od ut os e se rv iç os d e in fo rm aç ão . D ist rib ui çã o e di ss em i- na çã o de in fo rm aç ão . An ál ise e u so d a in fo rm aç ão . D et er m in aç ão d as ex ig ên ci as . O bt en çã o. D ist rib ui çã o. U til iza çã o. Id en tif ic aç ão d e ne ce ss id ad es e re qu isi to s. O bt en çã o. Tr at am en to . Ar m az en a- m en to . D ist rib ui çã o. Us o. D es ca rte . Id en tif ic aç ão d e de m an da s/ ne ce ss id ad es d e in fo rm aç ão . M ap ea m en to e re co nh ec im en to d e flu xo s f or m ai s. D es en vo lv im en to d a cu ltu ra o rg an iza ci on al p os iti va em re la çã o ao c om pa rti lh am en to /s oc ia liz aç ão d e in fo rm aç ão . Co m un ic aç ão in fo rm ac io na l e fic ie nt e, u til iza nd o te cn ol og ia s d e in fo rm aç ão e c om un ic aç ão . Pr os pe cç ão e m on ito ra m en to d e in fo rm aç õe s. Co le ta , s el eç ão e fi ltr ag em d e in fo rm aç õe s. Tr at am en to , a ná lis e, o rg an iza çã o e ar m az en am en to de in fo rm aç õe s. D es en vo lv im en to d e sis te m as c or po ra tiv os d e di fe re nt es n at ur ez as , v isa nd o ao c om pa rti lh am en to e us o de in fo rm aç ão . El ab or aç ão d e pr od ut os e se rv iç os in fo rm ac io na is. N or m as e p ad rõ es d e sis te m at iza çã o da in fo rm aç ão . Re tro al im en ta çã o do c ic lo . Id en tif ic aç ão d as ne ce ss id ad es d e in fo rm aç ão . Aq ui siç ão d a in fo rm aç ão . O rg an iza çã o e ar m az en am en to d a in fo rm aç ão . Us o da in fo rm aç ão . D ist rib ui çã o da in fo rm aç ão . D es en vo lv im en to d e pr od ut os e se rv iç os da in fo rm aç ão . Q ua dr o 1. E ta pa s d a ge st ão d e in fo rm aç ão 9Gestão de informações na esfera pública O Quadro 1 apresenta as etapas da gestão de informação, demonstrando que háuma sequência e uma inter-relação entre elas, de modo a propiciar maior eficiência e eficácia à efetividade da gestão de informação. Desse modo, uma ação deve ser integrada às demais etapas e, por meio desse processo, a infor- mação se torna um ativo ou recurso organizacional que deve ser gerenciado. No mesmo sentido, Brasileiro (2013, p. 25) resumiu o modelo criado por McGee e Prusak (1994) e explorado por Beuren (2000) nas seguintes etapas: Identificação de necessidades e requisitos de informação: descobrir que informações são necessárias aos tomadores de decisão. Exige que se saibam quais são e onde estão as fontes de dados, bem como é necessário analisar a disponibilidade desses dados. McGee e Prusak ressaltam que a identificação de necessidades de informação é tão complexa e inconstante quanto o ambiente aos quais essas informações se referem. É ressaltado também que frequentemente os potenciais usuários de informação não sabem que informações são essas. Coleta/entrada de informação: consiste na definição de uma estrutura para obtenção da informação. Essa estrutura consiste em um plano sistemático bem como a definição e criação de um mecanismo para adquirir ou coletar a informação. McGee e Prusak ressaltam que essa tarefa é cumprida com mais eficiência quando “especialistas em conteúdo trabalham juntos com profissionais de sistemas, além de precisar ser feita com considerável criatividade” (MCGEE e PRUSAK, 1994, p. 117). Classificação e armazenamento da informação: significa criar meios para garantir que a informação possa ser recuperada – armazenamento –, mas não apenas: que o usuário possa fazê-lo sem dificuldade – classificação. Tratamento e apresentação da informação: essa tarefa consiste em fazer com que as informações armazenadas na tarefa anterior sejam apresentadas ao usuário. McGee e Prusak ressaltam que isso deve ser feito de acordo com o modo como os usuários trabalham com a informação e permitir a distinção de quais informações, dentre as disponíveis, são úteis. Desenvolvimento de produtos e serviços de informação: nessa tarefa as informações armazenadas e com formato de apresentação definido são dis- seminadas. Essa disseminação se dá pela disponibilização de sistemas, bem como pela disponibilização de pessoas prontas para responder demandas por informações. Para McGee e Prusak, o elemento humano é essencial nessa tarefa, tendo em vista que pessoas muitas vezes têm posse de informações de difícil adaptação para sistemas de computadores. Adicionalmente, é ressaltado que o desenvolvimento de produtos e serviços de informação exige proatividade e negociação com usuários. Ou seja, de acordo com os interesses dos potenciais usuários, os fornecedores podem oferecer novos produtos ou serviços quando for identificada uma lacuna, mesmo sem uma solicitação específica. Eles podem ser desenvolvidos de forma incremental em conjunto com os potenciais usuários. Análise e uso da informação: o processo de gestão de informação não termina com a disponibilização de produtos de informação. É preciso que se saiba quais das informações disponíveis nesses produtos estão sendo utilizadas e como se dá essa utilização. Gestão de informações na esfera pública10 É importante destacar, conforme os autores ressaltam, que essas etapas da ges- tão de informação demonstram ser esta uma atividade que vai além de tecnologia, envolvendo ambiente, mentalidade organizacional e finanças corporativas. Além disso, alertam para que não haja confusão entre gestão de informação e emprego de tecnologia da informação, pois esse fato pode conduzir as organizações a insucessos nos seus projetos nessa área. Isso toma uma maior relevância quando se consideram projetos com necessidades de informação variadas, mutáveis e interfuncionais, ou ainda com solicitações pouco estruturadas e de curto prazo para atendimento. Esse tipo de projeto exige o domínio de conteúdo que vai além das definições de requisitos tecnológicos, fazendo-se necessária a presença de especialistas em gestão de informação (BRASILEIRO, 2013). Portanto, a condução das etapas desse processo deve ser feita por algum organismo que identifique as necessidades e os problemas de informação no nível estratégico, e proponha o desenvolvimento de soluções para auxiliar a tomada de decisão. Além disso, ele deve organizar e administrar as bases e ferramentas informacionais, a fim de apoiar as atividades finais da organização. BEAL, A. Gestão estratégica da informação: como transformar a informação e a tecnologia da informação em fatores de crescimento e de alto desempenho nas organizações. São Paulo: Atlas, 2004. BEUREN, I. M. Gerenciamento da informação: um recurso estratégico no processo de gestão empresarial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. 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Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998. LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informação gerenciais. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. LIMA, A. M. R. Requisitos de informação para o agir público: um estudo à luz do plano nacional de logística e transportes. 2011. Dissertação (Mestrado em Ciência da Infor- mação) –Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. MALIN, A. M. B. Gestão de informação governamental: em direção a uma metodologia de avaliação. DataGramaZero, v. 7, n. 5, out. 2006. Disponível em: https://www.brapci. inf.br/index.php/article/view/0000004127/44893a969a96247e49673c2adb4e93c7. Acesso em: 14 mar. 2020. MARCHIORO, K. A.; SIMON, L. W. Análise da gestão de informação e do conhecimento na superintendência de administração de pessoal de uma instituição de ensino superior pública. Rev Saberes Univ, v. 2, n. 2, p. 126-146, 2017. MARTINS, S. de C. 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Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. 13Gestão de informações na esfera pública Dica do professor A gestão da informação na esfera pública e na esfera privada são semelhantes em alguns aspectos, mas têm profundas diferenças em outros. Isso ocorre porque uma organização privada faz a sua gestão de informações para atender suas necessidades e fornecer informações aos seus clientes e fornecedores. Enquanto nas organizações públicas, a sociedade como um todo deve ser considerada como parte interessada nessas informações. Portanto, a gestão da informação na esfera pública deve buscar fornecer informações que atendam às necessidades da sociedade e conquistem confiança e credibilidade da população. Nesta Dica do Professor, acompanhe um aprofundamento desses aspectos e dos objetivos da gestão da informação na esfera pública. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/9368b6f05c0908d9bb0e05f98670ed5d Exercícios 1) De modo amplo, pode-se afirmar que as Controladorias Públicas são organismos responsáveis pelo sistema de controle interno das organizações públicas. Assim, pode-se afirmar que: I – As controladorias públicas apoiam as organizações a que estão vinculadas para que elas atinjam seus objetivos. II – Com relação ao ciclo ou processo administrativo, pode-se dizer que a principal função de uma controladoria é exercer a função de direção. III – As controladorias públicas fornecem ferramentas e informações que proporcionam ao cidadão o controle da gestão dos recursos públicos. Assinale a alternativa que reúne as assertivas corretas. A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) I e III. 2) A gestão da informação é uma ciência multidisciplinar, uma vez que ela interliga diversas áreas das organizações, as quais tanto produzem quanto fornecem e disponibilizam informações. Comparando a esfera pública com a privada, observamos que a gestão da informação de cada uma delas tem algumas similaridades e diferenças entre si. Assim, assinale a alternativa que corretamente analisa essa relação entre as esferas. A) Tanto nas organizações públicas quanto privadas, os cidadãos fazem parte da relação de interessados nas informações organizacionais. B) Diferente da esfera pública, no âmbito privado, a gestão da informação se orienta pela visão, pela missão e pelos objetivos organizacionais. C) Em ambas as esferas a gestão da informação é restritamente baseada nas necessidades informacionais de seus clientes e fornecedores. D) Na esfera pública, diferente da esfera privada, o objetivo da gestão da informação é prover informação a toda sociedade, a fim de buscar credibilidade. E) A gestão da informação na esfera privada, diferente da pública, busca fornecer as suas informações às demais organizações públicas e privadas. 3) A complexidade das informações que são geradas tanto pelas organizações públicas quanto pela sociedade faz com que a gestão da informação tenha um papel extremamente importante nesse contexto. Assim, para cumprir seus objetivos, a gestão da informação deve: I – Fornecer informações capazes de apoiar o processo decisório organizacional. II – Administrar a informação assim como são administrados os outros ativos, como recursos humanos e financeiros. III – Fornecer informações úteis e corretas a serem entregues no momento certo a quem necessitar. IV – Dar transparência das informações a todos os interessados, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Assinale a alternativa que reúne as assertivas corretas. A) I, II e III. B) I, II e IV. C) I, III e IV. D) II, III e IV. E) I, II, III e IV. Um dos objetivos da gestão da informação é fornecer insumos aos tomadores de decisão, para que eles tenham elementos de apoio ao alcance dos objetivos organizacionais. Portanto, a informação deve ser considerada gerenciada com o devido cuidado, da mesma forma que outros recursos que a empresa utiliza. Nesse processo, algumas etapas devem ser executadas. 4) Assinale a alternativa que apresenta e define corretamente uma dessas etapas. A) A fase de identificação de necessidades e requisitos de informação consiste na definição de uma estrutura para a obtenção da informação. B) A etapa de coleta é a que busca descobrir quais informações são necessárias aos tomadores de decisão. C) O armazenamento é a fase que procura criar meios de garantir que a informação possa ser recuperada. D) A fase de tratamento e apresentação tem por objetivo classificar e fazer a guarda das informações. E) A análise e o uso da informação são momentos finais do processo de gestão da informação, que termina com a disponibilização das informações. 5) Uma das etapas da gestão da informação é o desenvolvimento de produtos e serviços de informação, na qual é realizada a disseminação das informações, por meio de sistemas e disponibilização de pessoas aptas a responder demandas por informações. Nesse sentido, as pessoas são essenciais, uma vez que: I – Por vezes, detêm informações de difícil adaptação para sistemas computacionais. II – Essa etapa é caracterizada pela necessidade de as pessoas serem proativas e buscarem negociar com os usuários. III – A frequente complexidade de conteúdos informacionais faz com que seja necessária a intervenção humana nesse desenvolvimento. IV – Em caso de alguma lacuna informacional, os usuários devem fazer uma solicitação de desenvolvimento de novos produtos de informação. Assinale a alternativa que reúne as assertivas corretas. A) I, II, III e IV. B) II, III e IV. C) I, III e IV. D) I, II e IV. E) I, II e III. Na prática A gestão de informações na esfera pública se relaciona com diversas áreas e processos organizacionais. No entanto, merece destaque a relação entre o gerenciamento informacional e o processo de tomada de decisões, em qualquer dos níveis hierárquicos, pois, para tomar uma decisão, são necessárias diversas análises, que deverão levar em conta as informações disponíveis. Veja como se deu essa relação entre a gestão da informação e a elaboração do planejamento estratégico de um importante órgão público do Estado de Rondônia. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/035781b1-7089-4341-9f05-9bc55fc6b2ec/df321244-6f12-4b33-9397-8df9cb14e8e1.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Gestão do conhecimento na Administração Pública Neste vídeo, é dado um panorama da gestão da informação e do conhecimento na Administração Pública. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Gestão da informação no setor público de saúde: um estudo em Unidades de Saúde da Família Como as Unidades de Saúde da Família utilizam e lidam com a gestão da informação nas suas práticas de trabalho e tomadasde decisão. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/ErcA1QgtIIw https://repositorio.unesp.br/handle/11449/180948