Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ESCROTO AGUDO • Qualquer dor testicular aguda. Geralmente é torção ou orquiepididimite (na criança, a inflamação mais comum é por infecção viral, depois bacteriana). • Torção a dor é abrupta, na orquite é mais gradual. • Na torção Phren é negativo (reflexo cremastérico também), na orquite o Phren é positivo (reflexo cremastérico também), não é determinismo, é mais comum. Não é patognomônico. • Na torção, Doppler é sem fluxo, orquite é normal ou até aumentado. Não espera ele. Abre logo, se tiver preto, não tem jeito, tem que tirar, normalmente até 6h consegue salvar ele, faz uma pexia nele e no outro também, até 24h é bom avaliar, passou disso já era. Se for orquite, já abriu, aproveita e faz uma biópsia e manda para cultura, se vírus, não faz nada, se bactéria, ATB. → Torção testicular: - ele roda (a torção não é bem do testículo, é do funículo), todas os vasos que passam no funículo se obstruem, fica isquêmico e necrosa. • É mais comum no final da infância/início da adolescência (pico de 14 anos). • Após a torção há oclusão vascular = isquemia = necrose testicular em 4-6 horas (necrose é irreversível). • Torção testicular é uma emergência cirúrgica. → Clínica: 1) Dor testicular aguda, abrupta, pode vim depois de um exercício físico ou não, unilateral (raro ser bi), frequentemente durante o sono; 2) Testículo aumentado, retraído = testículo em posição alta na bolsa escrotal (sinal de Brunzel); 3) Orientação transversa, epidídimo mais anterior = horizontalização da gônada (Sinal de Angell); 4) Diminuição ou abolimento do reflexo cremastérico (estimula a face media da coxa, ou até mesmo no próprio testículo, reflexo faz contração do testículo); 5) Sinal de Prehn negativo (alívio da dor com elevação da bolsa escrotal, é positivo em patologias inflamatórias, orquite, epididimite), é isquemia, vai doer com a elevação que for. 6) Edema testicular e dor à palpação. • Diagnóstico é clínico, se dúvida, pode fazer USG com Doppler – confirma que não tem fluxo chegando no escroto (desde que não atrase a conduta). Na torção, tempo é testículo, se consegue explorar cirurgicamente e desfazer a torção em menos de 6 horas, a possibilidade de salvamento do testículo é alta. → Tratamento • Correção da torção + avaliação + fixação contralateral (se testículo viável), se o testículo não for viável, orquiectomia + fixação contralateral (se esse lado torceu, o outro pode torcer também). • Diagnóstico diferencial: o principal é a torção dos apêndices testiculares, é a principal causa de escroto agudo, o quadro é mais insidioso, é menos intenso, vez ou outra você consegue ver um ponto azulado = na dúvida = opera. Se afastar a torção testicular, faz conduta conservadora, o apêndice vai sofrer com isquemia, necrosa e vida que segue. Ou pode ser orquiepididimite, quadro inflamatório infeccioso. - é literalmente um apêndice, uma bolinha pendurada no testículo, aparece em até 92% da população, tem uma base que pode torcer, quando rola, pode ficar com o ponto azulado (Blue Dot Sing), é insidiosa, pode durar dias. • Cirurgia: acesso pela bolsa testicular + distorção da gônada. Se testículo viável = orquidopexia. Se testículo inviável = orquiectomia do testículo inviável + orquidopexia contralateral. → Orquiepididimite: • É uma condição infecto-inflamatória do epidídimo e do testículo. Geralmente começa com epididimite, depois vira orqui, em torno de 24h. As bactérias entram pelo ducto deferente, infectam o epidídimo, depois passa para o testículo. • Principal etiologia = infecção bacteriana. • Não é comum em crianças, quando acontece é GRAM-. • Em adultos, é a principal causa de escroto agudo, geralmente é por clamídia e outros micro-organismos sexualmente transmissíveis, é comum ter associação com sintomas de ITU. É a principal causa de escroto agudo em adultos, porém incomum em crianças (maioria das bactérias é do coito). • Tratamento é ATB. D A CRIPTORQUIDIA • É o testículo que não está na bolsa escrotal (ausência de um ou ambos testículos na bolsa escrotal = o testículo não desceu ou não existe) = normalmente é o direito = é normal acontecer, mas preocupa quando não desceu até os 9 meses de idade, é normal demorar de descer mesmo, mas não mais que 9 meses (está dentro da cavidade abdominal) = ele deve estar entre o polo inferior do rim e a região do canal inguinal distal. • O testículo migra, se forma no polo inferior do rim e migra, é tracionado por um ligamento chamado gubernáculo, tem um trajeto, retroperitônio, anel inguinal interno, canal inguinal, anel inguinal externo, escroto. Se ele para, ele pode não chegar na bolsa = criptorquidia. • Até 30% dos prematuros, 3% dos a termos. • Ficar sempre dentro da cavidade abdominal muda o parênquima, fica quente, fica infértil, pode ter inflamação de repetição, degeneração maligna. É diferente do testículo retrátil, é aquele que desce e depois sofre alguma retração. • Cenário: - retrátil não é bem criptorquidia, o testículo fica conectado pelo funículo espermático (por onde passa o ducto deferente, artéria testicular, plexo pampiniforme), esse funículo tem uma musculatura chamada cremastérica, que serve, fisiologicamente para tracionar o testículo, como em cenários de frios (deixa o testículo mais próximo ao corpo, deixar espermatozoides viáveis), ele sendo hiperativo, pode puxar demais e o testículo parar dentro do canal inguinal; mas não é criptorquidia verdadeira, já que em algum momento ele volta; - extracanalicular está bem alto no canal, próximo da saída externa; - intracanalicular está dentro do canal; - ectópico não está no trajeto que deveria estar (pode estar na região femoral, glútea, perineal). → Diagnóstico: • Exame físico em posição supina. Geralmente logo quando nasce você percebe. • Exame de imagem não tem aplicação de rotina, baixa acurácia, pode até mandar quando tem um panículo adiposo espesso com dificuldade de palpação da região inguinal. • Criptorquidia bilateral = investigar síndromes. • Criptorquidia + hipospadia (abertura da uretra na posição ventral do pênis) = investigar distúrbios de diferenciação sexual. → Clínica: 1) Hipotrofia da bolsa escrotal, se bolsa escrotal normal, é testículo retrátil. 2) Se você palpa, não tem testículo bilateral, é intrabdominal ou é anorquia (tem que afastar essa possibilidade, faz testosterona, LH, FSH, cariótipo). Afastou anorquia, não palpou nada na bolsa, nada no canal inguinal, faz laparoscopia (diagnóstica e terapêutica) – avaliar dentro do abdômen, TC não avalia legal. 3) No exame físico, o testículo pode ser palpável, joia, fecha diagnóstico, ele pode ser retrátil, ectópico ou inguinal. Não sendo palpável, complica, pode ser intra-abdominal ou ausente, exclui a ausência (confirma o cariótipo), depois laparoscopia. • Complicações: 1) Risco aumentado de sub ou infertilidade. 2) Risco aumentado de CA. 3) Risco aumentado de torção testicular. → Tratamento: • Primeiro palpa a bolsa, depois o canal inguinal. • Até 77% temos a decida espontânea até 3 meses de vida, aguarda de 6 até 1 ano. Após essa espera, ausência de decida = cirurgia. 1) Sempre tem que tratar. 2) Momento ideal, 12-18 meses – Campbel; até 2 anos, sendo ideal no primeiro ano de vida – SBP; 9-15 meses – Nelson. 3) Na presença de uma hérnia inguinal, que é de correção cirúrgica obrigatória na infância, você aproveita e faz. 4) Faz aberta ou videolaparoscopia. 5) Feito a correção, não há consenso sobre a diminuição do risco de neoplasia (mas uma coisa é certa, com criptorquidia você não consegue dá o diagnóstico de CA, o prognóstico é pior), tem diminuição do risco de infertilidade, tem diminuição do risco de torção. 6) Se for palpável, retrátil, ectópico ou inguinal, antes de 9 meses, pode fazer o tratamento conservador, HCG IM ou GnRH IN (intranasal), isso acelera a descida do testículo para a bolsa escrotal. Agora, passou dos 9 meses ou não é palpável, orquidopexia. • Testículo palpável = orquidopexia (puxa e fixa). Impalpável = laparoscopia (não precisa de imagem) – é diagnóstico e terapêutica. • Fez laparoscopia, não achou, acaboua brincadeira. Achou, se até 2cm do anel inguinal interno = orquidopexia em tempo único. Se alto, acima de 2cm do anel interno, Fowller-Stephens ou orquidopexia em 2 tempos (1º tempo, ligadura dos vasos testiculares – comprimento limitado, 2º tempo, após 6 meses da primeira cirurgia, orquidopexia), se fizer isso em um tempo só ele morre, estimula o crescimento de vasos colaterais (consegue sobreviver sem os vasos principais). - narcose é o paciente anestesiado mesmo, no momento pré-operatório você palpa, ele anestesiado é mais fácil palpar; - na laparoscopia você vê o anel inguinal interno, testículo logo no limite do anel inguinal interno. A FIMOSE • Prepúcio sem retração manual possível. Impossibilidade de exteriorizar a glande do pênis. • Dá problema sim, não consegue fazer a higiene adequada. Higiene precária = acúmulo de esmegma e processo inflamatório de repetição (balanopostite) = esse processo inflamatório agrava o anel de constrição do prepúcio (a fimose fisiológica, se torna patológica). • A tração forçada do prepúcio também pode desencadear fimose secundária, lesão traumática, quando ele cicatriza, vem mais estenosado ainda. • Causa: anel fibrótico no prepúcio de etiologia congênita ou adquirida. • A causa é da vida, imagina, o pênis ficou lá todo fechadinho 9 meses, é normal ter, aderência fisiológica, então a gente espera até 3 anos. • Fimose fisiológica = até os 3-5 anos de idade. É essencial orientar a higiene peniana nos primeiros anos de idade (irrigação, cotonete húmido, várias manobras). • Diagnóstico é clínico, exame físico. • Tratamento, higiene local, se balanopostite, pomada antibiótica, até 03 anos sem melhora, betametasona pomada 0,1% - por 6 semanas (75% melhora). Não melhorou, ou tem uma estenose fudida e o paciente quer operar, faz postectomia, melhor momento é dos 3-10 anos (indicação: fimose persistente após 4-5 anos, balanopostite de repetição, balonamento ao urinar, episódios de ITU de repetição), depois dos 10 anos fica mais difícil (alguns autores comentam que já pode fazer a postectomia assim que a criança abandona a fralda). Postectomia sempre (indiscutível): 1) Fimose cerrada; 2) ITU ou balanite de repetição. • Parafimose é uma complicação da fimose, tem o anel, a estenose fibrosada, um belo dia a glande sai e não consegue reduzir mais. É uma urgência urológica. Tem que fazer redução imediata, se não isquemia e necrosa a glande. Não é cirúrgico, mete um gelo para diminui a inflamação e a ereção, mete lubrificante e reduz manualmente (resolve a grande maioria). Cirurgia só se impossibilidade de redução. B
Compartilhar