Buscar

Usando a Tecnologia a nosso favor aula 7-6

Prévia do material em texto

Usando a Tecnologia a nosso favor
Oprocesso de tomada de decisão permeia os diversos papéis que desempenhamos no decorrer de nossa trajetória, seja ela pessoal ou profissional. Atualmente, a utilização da tecnologia possibilita uma tomada de decisão mais estruturada, embasada, trazendo ao processo maior assertividade e, a seus atores, visibilidade.
Para sobreviver em meio a mudanças constantes, uma organização precisa acreditar em um alinhamento estratégico voltado à cultura organizacional. Em outras palavras, necessita tornar o ambiente de trabalho um ambiente ágil e em consonância com a sua identidade corporativa.
Enquanto gestores, será inevitável e primordial desbravar os pré-requisitos que norteiam a transformações organizacionais advindas de um mundo BANI (quebradiço, ansioso, não-linear e incompreensível) - conceito desenvolvido, em 2018, pelo antropólogo, autor e futurista norte-americano Jamais Cascio.
 As transformações digitais devem gerar qualidade de informações para uma tomada de decisão adequada à realidade do negócio. Vamos a seguir percorrer alguns pontos importantes sobre o tema da aula: papel da tecnologia na tomada de decisão, transformação digital e cultura organizacional, os pré-requisitos organizacionais para as transformações e as qualidades da informação.
 
O Papel da tecnologia na Tomada de Decisão
Para Schreiber et al. (2002), a evolução na área da tecnologia ocorreu devido a necessidade de padronização e eficiência na qualidade dos processos e nos modelos práticos e ágeis. Dois elementos-chave para dirigir esse processo devem ser destacados: a agilidade de crescimento da rede mundial de computadores que estabeleceu uma infraestrutura de compartilhamento do conhecimento e a identificação do conhecimento como fator-chave de produção, além do trabalho e do capital.
A constante demanda por informações para nortear as tomadas de decisões torna primordial a utilização da tecnologia e do conhecimento. Você pode não ser insubstituível, mas com o conhecimento e ferramentas adequadas torna-se essencial à estrutura.
A utilização do marketing digital, redes sociais, armazenamento nas nuvens, e ferramentas de comunicação como WhatsApp empresarial, Facebook empresarial, Linkedin, Google Meet, Zoom, Teams, Slack dentre tantas outras ferramentas torna a tomada de decisão cada vez mais ágil e completa (pela coleta imediata de informações).
Diante de tantos costumes, normas, diretrizes e legislações, é necessário que o gestor faça uma análise cuidadosa de ferramentas tecnológicas assertivas a serviço da tomada de decisão. Assim, terá a oportunidade de criar estratégias que resultem em eficiência e eficácia na conquista de objetivos organizacionais.
 
Transformação Digital e Cultura Organizacional
A transformação digital e o avanço tecnológico tornaram-se  questão de sobrevivência para as organizações. É essencial a necessidade de definir novas prioridades e modificar o mindset de cada colaborador para que o digital seja aliado do processo e leve a resultados de forma ágil e assertiva.
Mas como mudar o mindset do colaborador e vencer a resistência interna às mudanças trazendo avanço em sistemas e processos? Aqui precisamos validar a importância da cultura organizacional na transformação digital e ter consciência de que essa aceita ou bloqueia a implantação de novos sistemas e, consequentemente, novos processos.
Para Salibi e Magaldi (2019), o resultado de uma empresa é consequência de como ela articula o seu modelo de negócios (estratégia), liderança (gestão de pessoas) e cultura com as características do ambiente. Quanto menos isso ocorrer, maior é a tendência de fracasso.
Segundo Robbins (2009), a cultura organizacional é um sistema de valores compartilhados pelos seus membros e que diferencia uma organização das demais – é o que ela valoriza, compartilha e utiliza para atingir seus objetivos internos e externos. São sete as características básicas que capturam a essência da cultura organizacional:  inovação, assumir riscos, atenção aos detalhes, orientação para os resultados, orientação para as pessoas, orientação para as equipes, agressividade e estabilidade.
A cultura organizacional funciona como um guia de comportamento, princípios e valores – e precisa ser forte e com ferramentas capazes de gerar no colaborador motivação, caso contrário, estará fadada ao erro e ao fracasso.
Como se sabe, o fator humano é a base de qualquer organização. Por isso é importante integrar e alinhar a cultura junto a esses atores, sob pena de todo sistema e investimento em tecnologia correr o risco de não ser utilizado adequadamente.
Cabe à empresa a condução e direcionamento do processo junto a seus gestores e equipe interna visando uma transformação digital assertiva e com o envolvimento de todos. Para tanto, alguns pontos são primordiais. Sendo eles:
1. O gestor deve estar à frente dos processos, pois toda implementação começa de cima para baixo. Deve ser visto como uma liderança capaz de instruir uma prática correta e mediar resistências, garantindo a viabilidade e o sucesso em todas as áreas.
2. A sintonia entre funcionários e gestores é fundamental para que a adoção de novas tecnologias aconteça de forma correta, assegurando que todos estejam envolvidos em sua plenitude e sua estratégia.
3. A apresentação de uma estratégia deve ser transparente, com um passo a passo claro por meio de ferramentas de comunicação interna. Para tanto, as áreas de Recursos Humanos e Comunicação devem estar alinhadas.
4. O engajamento da liderança é primordial, pois os gestores são a linha de frente para influenciar de forma positiva a utilização de novas ferramentas tecnológicas que venham facilitar e agilizar a atuação dos profissionais que compõem as diversas equipes.
5. É preciso estar atento à visão dos colaboradores, através de troca de novas ideias e discussões sadias que gerem maior produtividade e melhores resultados. Quanto maior a conexão entre as equipes, mais forte a cultura organizacional.
6. É fundamental a valorização dos colaboradores, talentos que formam a equipe e moldam a organização. 
7. Deve haver um investimento constante na qualificação dos colaboradores, buscando novas competências tecnológicas.
Assim, tanto a transformação digital quanto a cultura organizacional são impulsionadores do sucesso mudando o mindset de toda a organização.
Os pré-requisitos organizacionais para Processo Decisório
Para Mintzberg et. al. (1976), as atividades de um processo decisório estão classificadas em 3 fases: identificação (rotinas de reconhecimento e diagnóstico), desenvolvimento (rotinas de busca e projeto) e seleção (rotinas de pré-seleção, avaliação-escolha e autorização).
FIGURA 1.  Modelo do processo decisório estratégico
Fonte: MINTZBERG et. al., 1976.
 
Na fase de identificação, o processo de reconhecimento refere-se à verificação de uma necessidade de decisão cuja rotina, informação e padrões devem ser observados. Em diagnóstico, há o levantamento de dados que pode ocorrer formalmente através de grupos de trabalho, força-tarefa, consultoria entre outros ou de maneira informal, cujo objetivo é viabilizar uma análise correta com vista à fase de desenvolvimento.
Na fase de desenvolvimento, a busca é a rotina utilizada para viabilizar soluções durante o processo decisório.  Mintzberg (1976) pontuou quatro modelos: busca em memória, quando se procura a solução na memória da organização através de pessoas ou documentos; busca passiva, quando o decisor aguarda que uma solução chegue; busca por geradores, quando se ativam “geradores de busca” para produzir alternativas, (exemplo: deixar que fornecedores saibam que a empresa está procurando por certo equipamento); e busca ativa, quando se procura alternativa diretamente. A fase de desenvolvimento contempla também o projeto, que é a rotina para soluções com foco na decisão.
A fase de seleção envolve a pré-seleção que responde pela rotina utilizada para eliminar o que é inviável quando o processo de busca gera mais soluções do que seria possível avaliar.  Na sequência,temos a rotina de avaliação que envolve o julgamento de valor (por exemplo, quando um indivíduo utiliza sua intuição para escolher sem justificar suas razões); barganha, é quando as partes envolvidas na decisão chegam a um consenso; análise: ocorre quando temos a avaliação real. A última tarefa da fase envolve a rotina de autorização pelos atores que detêm o poder de aceitar ou bloquear a decisão.
Outras rotinas dão suporte à principal, sendo elas: controle, comunicação e política que permeiam, auxiliam e alteram as fases de identificação, desenvolvimento e seleção de um processo decisório, podendo acontecer de forma conjunta, combinadas diferentemente ou ainda individualmente.
Para Moritz e Pereira (2006), existe, frequentemente, uma relação entre os vários modelos e contexto – estrutura, cultura e ambiente organizacional – em que a decisão é tomada. Os principais fatores contextuais são:
· Ambiente: apresenta complexidade, dinamismo e hostilidade.
· Organização: representa a distribuição de poder em níveis e posições, o tipo de organização (autocracia, burocracia e adhocracia) e o tipo de cultura.
· Característica (do decisor): proativo, intuitivo, reativo, analítico, autônomo, inovador e disposto a correr riscos.
· Tipos de assuntos: complexos, urgentes, simples, abrangentes e dinâmicos.
Pode-se assim afirmar que o processo de tomada de decisão é, em grande parte, determinado pelas características e pelo contexto da organização em que ocorre.
 
Qualidade da Informação
 
Para compreender a importância da qualidade da informação precisamos definir informação. Para Masuda (1982), “a informação é uma relação situacional, observada entre sujeito e objeto, que torna possível a seleção da ação pela qual o próprio sujeito pode atingir alguma espécie de valor de uso”.
As mudanças constantes de cenário socioeconômicos, tecnológicos e até mesmo culturais trazem à tona dois pontos: o excesso de informações que dificulta a definição do que é relevante; a necessidade de decisões cada vez mais ágeis. No entanto, esses dois pontos só podem ser considerados como assertivos desde que a qualidade da informação esteja presente.
Quanto à qualidade da informação, é preciso considerar que os atributos que a caracterizam podem ser relativizados, em razão da avaliação dos responsáveis pela tomada de decisão.
Para De Sordi (2008), tomando como base Spender (2001), na Ciência da Informação há duas linhas definidas e distintas de entendimento sobre a qualidade da informação. A primeira compreende a informação ou conhecimento como objeto ou conteúdo a ser desenvolvido, comprado, possuído ou vendido; sua natureza é explícita e direcionada aos aspectos objetivos da informação. A segunda estabelece um forte vínculo da informação com as pessoas que a detêm; apresenta natureza tácita, indicando o quanto a informação pode ser subjetiva. 
Segundo Paim, Nehmy e Guimarães (1996), a qualidade da informação constitui-se num conceito problemático. Não há consenso na literatura sobre definições teóricas e operacionais da qualidade da informação. Há uma alusão recorrente entre autores interessados no tema de que as definições de qualidade de informação são ambíguas, vagas ou subjetivas.
Huang, Lee e Wang (1999) listaram 15 dimensões para análise da informação, pontuando-as em quatro categorias:
 
1. Intrínseca: acurácia, objetividade, credibilidade e reputação
2. Acessibilidade: acesso e segurança
3. Contextual: relevância, valor agregado, economia de tempo, completude e quantidade de dados
4. Representacional: interpretabilidade, facilidade de uso, representação concisa e representação consistente.
 
De Sordi (2008) aprofunda os estudos desenvolvidos por Huang, Lee e Wang (1999), listando dimensões e atributos para a qualificação das informações, conforme tabela a seguir:
 
Quadro 1: Dimensões e atributos da informação.
Fonte: DE SORDI, 2008.
 
Portanto, conclui-se que fatores como a intuição, percepção e racionalidade podem influenciar na qualidade das informações  para a tomada de  decisão. Visto que “Tomar decisões é o processo de escolher uma dentre um conjunto de alternativas.” E cabe ao tomador de decisão “reconhecer e diagnosticar a situação, gerar alternativas, avaliar as alternativas, selecionar a melhor alternativa, implementar a alternativa escolhida e avaliar os resultados.” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p.446).
 
 
Atividade Extra
 
Conheça mais sobre o Processo Decisório: Tomada de decisão.
Link de acesso para o artigo:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/QjxDDqGcS5r3dHL_2013-5-3-12-8-34.pdf
 
Conheça mais sobre Cultura Organizacional, assista e-Talks | Cultura Organizacional Alavancando Negócios - Patrícia Tavares
Link de acesso para ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=2-Bj-XJ8svA
 
 
Referência Bibliográfica
 
ALIBI NETO, J.; MAGALDI, S. O novo código da cultura. São Paulo: Editora Gente, 2019.
AMARAL, S. A. do; Sousa, A. J. F. P. de Sousa, Qualidade da informação e intuição na tomada de decisão Organizacional, Perspectivas em Ciência da Informação, v.16, n.1, p.133-146, jan./mar. 2011.
BETHLEM, A. Estratégia Empresarial: conceitos, processo e administração estratégica. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
CARAVANTES, G.; PANNO, C.; KLOECKNER,. Administração: teorias e processo. São Paulo: Pearson, 2005. 572 p.
DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, Laurence. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
DE SORDI, J. O. Administração da informação: fundamentos e práticas para uma nova gestão do conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2008.
HEINZEN, D. A. de M.; MARINHO, S. V. A Construção de Cenários para o Alinhamento entre Formulação e Implementação da Estratégia, Revista de Ciências da Administração • v. 20, n. 50, p. 24-43, Abril, 2018.
HUANG, K. T.; LEE, Y.W.; WANG, R. Y. Quality information and knowledge. New York: Prentice-Hall, 1999.
MASUDA, Y. A sociedade da informação como sociedade pós-industrial. Rio de Janeiro: Editora Rio. 1982.
MINTZBERG, H.; RAISINGHANI, D.; THÉORÊT, A. The structure of “unstructured” decision processes Administrative Science Quarterly, v. 21, n. 2, p. 246-275, June 1976.
MORITZ, G. de O.; PEREIRA, M. F. P. Processo decisório. Florianópolis: SEAD/UFSC, 2006.
Mundo BANI: o que é e como pode impactar sua rotina, 2021. Disponível em https://www.ieepeducacao.com.br/mundo-bani/.
PAIM, I.; NEHMY, R. M. Q.; GUIMARÃES, C. G. Problematização do conceito “qualidade” da informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 1, n. 1, p.111-119, jan./jun., 1996.
ROBBINS. S. Comportamento organizacional. 11 ed. Rio de Janeiro: Pearson, 2009.
SALIBI NETO, J.; MAGALDI, S. O novo código da cultura. São Paulo: Editora Gente, 2019.
SCHREIBER, G. et al. Knowledge engineering and management: the CommonKADS methodology. Cambridge/Massachusetts: MIT Press, 2002.
SPENDER, J. Gerenciando sistemas de conhecimento. In: FLEURY, M.; OLIVEIRA, JR., M. (Orgs.). Gestão estratégica do conhecimento: integrando aprendizagem, conhecimento e competências. São Paulo: Atlas, 2001.p.27-49.
YU, Abraham Sin Oih (coord.). Tomada de decisão nas organizações: uma visão multidisciplinar– São Paulo: Saraiva, 2011.

Continue navegando