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Artigo-Nicole Cunha-08-06-21 (versão final)

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EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL EM PRÉ-ESCOLARES E ESCOLARES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
FOOD AND NUTRITIONAL EDUCATION IN PRESCHOOL AND SCHOOL CHILDREN: AN INTEGRATIVE REVIEW
Nicole de Souza Cunha1
Amanda Alcaraz da Silva2
RESUMO 
Introdução: A educação alimentar e nutricional é definida como todas as atividades educacionais que envolvem os estudantes e tem por objetivo motivar, incentivar e compreender a importância da adoção de escolhas alimentares saudáveis. Objetivou-se analisar e descrever as ferramentas utilizadas na educação alimentar e nutricional com pré-escolares e escolares de 2 a 10 anos de idade. Método: Trata-se de uma revisão integrativa com artigos encontrados nas bases: Scientific Eletronic Library Online (SciELO), U. S. National Library of Medicine  (PubMed), Latin America and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS) e com os seguintes Descritores:  Educação Alimentar e Nutricional, Crianças, Alimentação Infantil. Resultados: De acordo com os estudos encontrados de educação alimentar e nutricional utilizando de metodologias lúdicas e didáticas, tem efeitos positivos na alimentação e conscientização dos escolares quanto a uma alimentação saudável. Conclusões: Pode-se concluir que a EAN na fase pré-escolar e escolar as ferramentas mais utilizadas são atividades lúdicas educacionais, porém são poucos os estudos que abordam o tema, necessita de mais estudos com abordagens lúdicas e modernas para com os escolares. 
Palavras-chave: Educação Alimentar e Nutricional, Crianças, Alimentação da Criança 
ABSTRACT
Introduction: According to Brazil (2019), Brazil will be in 5th place in the ranking of countries with the largest number of children and adolescents with obesity in 2030, with only a 2% chance of reversing this situation if nothing happens, food education and nutritional (EAN) using the promotion of healthy eating habits as a tool, which begins at school and extends to life. Method: This is an integrative review with articles found in the databases: Scientific Electronic Library Online (SciELO), US National Library of Medicine (PubMed), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS) and the following Descriptors: Food and Nutrition Education, Children, Infant Feeding. Results: According to the studies found, food and nutrition education as an intervention method. Using playful and educational methodologies, having positive effects on food and awareness of students about healthy eating. Conclusions: It can be concluded that EAN in the school phase is of great importance, but there are few studies that address the topic, it needs more studies with playful and modern approaches to students.
Key-words: Food and Nutrition Education, Child, Child Nutrition
Introdução
O consumo de alimentos industrializados pelas crianças vem crescendo na última década, tendo em vista, que a oferta destes alimentos é muitas das vezes realizada pelos pais ou responsáveis, os quais são vulneráveis à publicidade da indústria alimentícia. Além disso, a palatabilidade e o custo são fatores importantes que impulsionam essas escolhas alimentares.1 
De acordo com a Associação Dietética Americana, crianças de 2 a 11 anos devem alcançar o desenvolvimento físico e cognitivo ideal, ingerir uma dieta equilibrada e diversificada associada a prática de exercícios físicos a fim de manter peso corporal saudável e também com isso reduzir doenças crônicas não transmissíveis.2 O excesso de peso está presente em 14,3% das crianças de 2 a 4 anos e em 29,3% das crianças de 5 a 9 anos. O Brasil estará na 5º posição no ranking de países com o maior número de crianças e adolescentes com obesidade em 2030, com apenas 2% de chance de reverter essa situação se nada for feito.3
Segundo Souza, um comportamento alimentar inadequado na infância pode ser perdurável, podendo ter influência direta no estado da saúde, por este fator a identificação e o conhecimento dos padrões alimentares de crianças em idade pré-escolar e escolar favorecem para o incentivo de implementar intervenções, com o intuito de promover a educação nutricional.4
A educação alimentar e nutricional (EAN) no contexto da realização do Direito Humano à Alimentação Adequada e da garantia da Segurança Alimentar e Nutricional, é um campo de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que visa promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis. A prática da EAN deve fazer uso de abordagens e recursos educacionais problematizadores e ativos que favoreçam o diálogo junto a indivíduos e grupos populacionais, considerando todas as fases da vida, etapas do sistema alimentar e as interações e significados que compõe o comportamento alimentar.5
 Sendo assim, a EAN é definida como todas as atividades educacionais que envolvem os estudantes e tem por objetivo motivar, incentivar e compreender a importância da adoção de escolhas alimentares saudáveis. As atividades educativas alimentares e nutricionais incluem, a demonstração de alimentos, testes sensoriais na cantina, horticultura escolar, educação culinária e atividades de cultivo de alimentos na escola. É importante envolver as famílias por meio de atividades de bem-estar familiar patrocinadas pela escola, jornais, workshops ou website com postagens para ajudar os familiares a reforçar as mensagens de educação nutricional em casa.1 
Para Casemiro e Magalhães, a escola é um local estratégico para implementação da EAN, tendo ferramentas lúdico-pedagógicas, para a promoção de hábitos alimentares saudáveis que começa na escola e se estende para a vida, assim como é de extrema importância a autonomia do estudante nas intervenções de Educação Alimentar Nutricional garantir uma participação qualificada.6,7
Devido ao aumento preocupante da obesidade infantil, é de grande importância a formação de hábitos alimentares saudáveis na infância, para evitar doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta. Assim como, repassar conhecimento para os pais e/ou responsáveis sobre alimentação e nutrição, pelo fato de terem uma grande influência nos hábitos alimentares das crianças. 
Portanto, o presente estudo objetivou identificar as ferramentas mais utilizadas na EAN de crianças de dois a dez anos de idade, através de uma revisão integrativa. 
Metodologia
Trata-se de uma revisão de literatura integrativa, que utilizou-se as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), U. S. National Library of Medicine (PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Os descritores foram selecionados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “educação nutricional” “crianças”, “alimentação infantil” e seu correspondente em inglês “food and nutrition education” AND “child”, “Infant nutrition”. A pesquisa foi especificada utilizando o operador booleano AND, a busca ativa foi realizada nos idiomas português e inglês. 
Seguiu-se as estapas: determinação do objetivo a ser pesquisado, formulação dos critério de inclusão e exclusão, avaliação dos estudos incluídos para análise e interpretação dos resultados.
Como critérios de inclusão foram definidos: publicações do período de 2011 a 2021 que trata-se as ferramentas utilizadas na Educação Alimentar e Nutricional, pesquisas disponíveis eletronicamente nas bases de dados português e inglês, pesquisa realizada com crianças pré-escolares e escolares de dois a dez anos de idade. Foram excluídos os artigos de revisão, livros, monografias, dissertação, tese e publicações duplicadas.
Resultados
Foram selecionados 400 artigos (249 no SciELO, quatro no PubMed e 147 no LILACS), inicialmente nove foram excluídos por duplicidade e 370 foram excluídos por não se tratarem de estudo de educação alimentar e nutricional na faixa de etária estipulada no critério de inclusão. Sendo assim, foram selecionados 20 artigos dos quais, 11 foram excluídos por não se tratarem de pesquisas relacionadas as ferramentas utilizadas na Educação Alimentar e Nutricional, não enquadraram-seno critério de inclusão, Ao final, nesta revisão foram incluídos oito estudos para análise. Como mostra a seguir no fluxograma 1.
Os dados referentes aos estudos selecionados para esta revisão, são apresentados na Tabela 1, contendo os autores, título, ano, país, objetivo, metodologia, resultados e a conclusão.
Figura 1 Fluxograma do total de artigos encontrados na base de dados. 
Fonte: Autora, 2021
Tabela 1 – Caracterização dos estudos selecionados. 
	Autores/Título/ano/país 
	Objetivo
	 Metodologia 
	Resultados 
	Conclusão
	Detregiachi et al. 
Projeto “criança saudável, educação dez”: resultados com e sem intervenção do nutricionista. 2011. Brasil.8
	Planejar e aplicar um programa de orientação em nutrição, realizado por nutricionistas e destinado a professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental, visando analisar a contribuição desse profissional no resultado do projeto quanto ao conhecimento dos escolares.
	Caracteriza-se por uma investigação realizada com escolares de duas escolas públicas entre . Escola municipal A com 313 escolares e escola estadual B com 76 escolares. Para a coleta de dados foi utilizado um instrumento elaborado pela pesquisadora, sobre o conhecimento de alimentação e nutrição, a cada escolar foi atribuído um escore, com possibilidade de variação de 14 pontos negativos e 36 pontos positivos em que os extremos caracterizam maior ocorrência de erro e de acertos. 
	 Foi realizada a comparação dos escores obtidos pelos escolares antes (inicial) e depois (final) do desenvolvimento do projeto educativo. Com a análise estatística mostram que, o projeto educativo gerou mudança no conhecimento da alimentação e nutrição entre os escolares da Escola A, entre os escolares da Escola B, as mudanças no conhecimento sobre alimentação e nutrição não ocorreram de forma significante, após desenvolvimento do projeto educativo, apresentarem escore menor do que aquele obtido na avaliação inicial.
	A realização do programa de orientação dos professores para o desenvolvimento do projeto educativo, realizado por nutricionista coordenado e apoiando a abordagem dos assuntos, assim como propondo estratégias educativas, maximizou os resultados, gerando mudança considerada no nível de conhecimento dos escolares sobre alimentação e nutrição. 
	Silva et al. Abordagem lúdico-didática melhora os parâmetros de educação nutricional em alunos do ensino fundamental. 2013. Brasil. 9
	Este estudo teve como finalidade avaliar conceitos básicos de alimentos e almentação saudável de alunos do ensino fundamental em escolas da rede pública de Niterói- RJ, através de abordagens lúdico-didáticas ministradas pelos 
professores das turmas.
	A amostra do estudo foi constituída por duas escolas municipais públicas do RJ, com idades entre 6 a 10 anos. Esse estudo foi dividido em quatro etapas: 1ª contato do grupo da pesquisa com as escolas participantes; 2ª a primeira aplicação dos jogos lúdico-didáticos
para avaliação do conhecimento antes da intervenção; 3ª realização da intervenção por meio
das aulas dos professores; 4ª segunda avaliação
por meio dos jogos lúdico-didáticos.
 
	Todas as turmas do grupo intervenção obtiveram resultados estatisticamente significativos na segunda aplicação, demonstrando um ganho de conhecimento e capacitação dos alunos para a identificação de alimentos saudáveis e não saudáveis, após as aulas lúdico-didáticas.
	Os objetivos do estudo foram alcançados uma vez que houve 
capacitação das crianças para uma melhor escolha alimentar, por meio da 
participação em atividades lúdico- didáticas no 
ambiente escolar, visando a promoção de saúde 
e a prevenção de doenças relacionadas a uma alimentação inadequada.
	Grillo et al. Estado nutricional e práticas de educação nutricional em escolares. 2016. Brasil.10
	Teve como objetivos identificar o estado nutricional dos usuários do PNAE matriculados do 1º ao 4º ano do ensino fundamental e desenvolver atividades de educação nutricional com a comunidade escolar.
	Pesquisa, de caráter transversal. A amostra foi composta por escolares de 6 a 10 anos da rede municipal de ensino da cidade de Canoinhas, no estado de Santa Catarina. A avaliação antropométrica foi realizada mediante coleta das seguintes variáveis: peso, altura e circunferência da cintura e após coleta calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC). Foram realizadas quatro oficinas com os escolares, nesta etapa utilizaram-se materiais lúdicos para explicar a maneira saudável de se alimentar e uma oficina voltada para os pais e educadores. 
	A amostra avaliada foi composta por 400 escolares, sendo 55% (n=221) do sexo masculino e 45% (n=179) do sexo feminino.
Verifica-se a predominância da eutrofia (76%, n=304), seguida do excesso de peso (23%, n=92), com diferenças não significativas em relação ao sexo, a exceção da eutrofia que apresentou percentual no sexo feminino de 80,4%, significativamente maior que no masculino de 72,4%. Apesar da tendência de maior percentual de obesidade no sexo masculino (12,2%) em relação ao feminino (7,3%), a diferença não foi significativa. Os resultados mostram que 23% dos avaliados apresentaram acúmulo de gordura na região do tronco sem diferenças significativas entre os sexos.
	Com este estudo foi possível constatar que o excesso de peso associado à obesidade abdominal atinge praticamente ¼ dos escolares. Assim como, a importância do acompanhamento nutricional por profissional habilitado nos casos em que foram diagnosticados excesso de peso e adiposidade central, visando orientações nutricionais para reverter o quadro e para prevenir consequências do excesso de peso na vida adulta
	Silva et al. Saúde do pré-escolar: Uma experiência de educação alimentar e nutricional como método de intervenção. 2016. Brasil.11
	Relatar a experiência com a aplicação de métodos lúdico-pedagógicos em Educação Alimentar e Nutricional (EAN) para pré-escolares. 
	Foram contemplados 150 pré-escolares matriculados em uma organização social pública não estatal, entre 2 a 5 anos de idade, que estavam inscritos em 4 turmas: os Agrupamentos I, II, III e IV. Mensalmente eram realizados 4 encontros com duração média de 30 minutos, com cada turma separadamente, eram transmitidas informações lúdicas sobre a importância do autocuidado e do consumo de alimentos saudáveis, visando não somente o ensino em Nutrição. O estimulo para a formação de conhecimentos em outras áreas (como a leitura e a escrita) e o favorecimento do convívio social também serviram como critérios para a elaboração das metodologias dos encontros.
	Em todos os encontros observou-se que os alunos manifestaram grande interesse em se expressar seus hábitos, gostos pessoais e preferências alimentares, interagindo espontaneamente, por meio das exposições de suas vivências e de questionamentos frequentes. As crianças também passaram a se portar mais calmamente diante das refeições.
	Público-alvo assimilou a proposta favoravelmente e adquiriu saberes relevantes. Com o término da atuação a instituição prosseguiu com as atividades sob a orientação de uma nova nutricionista contratada pelo local. Desse modo, considera-se que o trabalho descrito agradou a direção, as educadoras/ cuidadoras e, especialmente, os próprios alunos.
	Bustos et al. 
Impact of a school-based intervention on nutritional education and physical activity in primary public schools in Chile (KIND) programme study protocol: cluster randomised controlled trial. 2016. Chile.12
	Objetivou identificar a alimentação,
comportamento e conhecimento nutricional de cada criança, juntamente com o tempo efetivo de atividade moderada durante as aulas de educação física.
	É um estudo clínico randomizado controlado, será realizado em 12 escolas públicas em três regiões do Chile distribuído em quatro escolas por região, aleatoriamente Serão implementados três tipos de intervenção e um grupo de controle. 
Intervenção 1: Quiosque saudável e nutricional; 2: Atividade física otimizada, 70 minutos de aula de educação física; 3: Quiosque saudável e educaçãonutricional+Atividade física otimizada; Grupo de controle: seguirão as aulas de educação física conforme indicado para a disciplina de educação física e saúde.
	A falta de evidências sobre a eficácia das intervenções levou alguns a questionar a sabedoria de alocar recursos para o programa. Este é o primeiro estudo deste tipo em
Chile e poderia ser um primeiro passo importante para fornecer orientação às autoridades políticas, em relação aos alimentos e
estratégias de nutrição para priorizar e curar essa tendência alarmante.
	Em relação ao aumento da obesidade infantil no Chile, há consenso entre pesquisadores, educadores da saúde pessoal que as escolas são um ambiente favorável para ações de prevenção e / ou controle da infância
obesidade.
	Franciscato et al. 
Impacto do Programa de educação nutricional “Nutriamigos®” nos níveis de conhecimento sobre alimentação saudável em crianças escolares. 2019. Brasil.13
	O presente estudo foi realizado em uma escola pública e uma particular, com o objetivo de avaliar e comparar o resultado da intervenção do Programa “Nutriamigos®” no conhecimento sobre alimentação e nutrição, de crianças de diferentes níveis socioeconômicos, sexo, idade e Índice de Massa Corporal (IMC).
	Estudo longitudinal, antes e após a intervenção educacional. Foram selecionadas uma escola pública (escola 1) e uma particular (escola 2). Esta foi uma amostra de conveniência aleatória alunos de diferentes níveis sociais e econômicos, consistindo de 242 (escola 1) e 99 crianças (escola 2), respectivamente, totalizando 341 crianças, de 6 a 10 anos de idade. O Índice de Massa Corporal foi avaliado para mensurar o estado nutricional. O conhecimento sobre nutrição e alimentação foi avaliado por meio de um questionário de conhecimento, aplicado pré e pós intervenção. A intervenção nutricional constou de 12 aulas de 50 minutos cada.
	Foram avaliadas 185 crianças na faixa etária de seis a oito anos e 156 na faixa de nove a dez anos, representando 54,3% e 45,7% da amostra, respectivamente. Foram classificados como excesso de peso 45,5% dos alunos da escola 1 (pública) e 39,4% da escola 2 (particular). Em relação ao questionário completo e em relação aos grupos de perguntas, o conhecimento sobre alimentação e nutrição melhorou significantemente entre o início e final do estudo nas duas escolas. A escola 1 (pública) obteve uma melhora de 71% e a escola 2 (particular) 29%. 
	O Programa “Nutriamigos®” atingiu o objetivo proposto, comprovando que é efetivo em escolas públicas e particulares e não deve ser diferenciado para meninos ou meninas, ou para crianças com eutrofia ou excessivo. 
	Donadoni et al. Nutrindo o saber: relato de experiência em práticas de educação alimentar e nutricional com pré-escolares. 2019. Brasil.14
	Apresentar a experiência vivenciada com a aplicação de atividades lúdico-pedagógicas em Educação Alimentar e Nutricional (EAN) para pré-escolares de uma instituição de ensino.
	Trata-se de um relato de experiência de caráter qualitativo que descreve o desenvolvimento de um projeto por meio de atividades de EAN em uma escola privada, localizada na área urbana do município de Visconde do Rio Branco, estado de Minas Gerais. A amostra foi constituída por 56 pré-escolares e escolares de 2 a 7 anos. Durante os encontros foram ministradas aulas expositivas e dialogadas de aproximadamente 20 minutos e, posteriormente, realizadas atividades lúdicas correspondentes ao tema de cada reunião.
	Foram realizadas 8 atividades lúdicas como com os pré-escolares e escolares. Ao final do projeto foi realizado um questionário para os pais e/ou responsáveis com a seguinte pergunta: O projeto “Nutrindo o saber” foi eficiente para o seu filho? 85,70% responderam que sim e 14,30% responderam que não. 
	Considera-se que as atividades propostas cumpriram seus objetivos de proporcionar conhecimento sobre alimentação saudável, sensibilizando crianças e responsáveis para a adoção de hábitos alimentares saudáveis.
	Ribeiro et al. Serious game na promoção da saúde para escolares: Uma pesquisa-ação de educação alimentar. 2020. Brasil.15
	Avaliar a percepção de alimentação saudável por escolares entre 7 e 10 
anos de idade a partir de um jogo educativo (serious game)
de promoção da saúde. 
	Caracterizou-se como pesquisa-ação, em uma escola municipal, os critérios de seleção para as crianças foram: ser alfabetizadas e estar na faixa etária de 7 a 10 anos, além de possuir habilidade com jogos eletrônicos. Já para os profissionais, o critério era possuir experiência com escolares na faixa de idade preconizada 
pelo estudo. Na etapa 2, foi adicionada, para as crianças, a exigência de saber jogar com tablet ou aparelho eletrônico com função similar, tal como smartphone, ficando excluídas as crianças que participaram da etapa 1.
	Seguiu a construção do jogo, concebendo-se o nome Ran-gO
por remeter à palavra alimentação no Brasil. O jogo foi compreendido pelos escolares como alimentação saudável, mediante a seleção, sobretudo de frutas,outros alimentos também fossem citados. Além do conteúdo do Serious Game, perpassando por impressões pessoais e conhecimentos prévios. A maioria das crianças relatava que o conteúdo do jogo estava relacionado aos seus cotidianos e direcionado para a promoção de práticas alimentares saudáveis.
	Ficou demonstrado que um Serious Game pode instigar uma nova percepção sobre alimentação, 
fazendo refletir a respeito do que a sociedade oferece como opções, na medida em 
que a criança se torna sensível ao que seria mais interessante na promoção de sua saúde. 
Ademais, o SG desenvolvido mostra-se como uma ferramenta diferenciada, saindo da 
perspectiva da transmissão de saberes e permitindo à criança protagonizar o próprio cuidado. 
Fonte: Próprio autor, 2020
De acordo com Detregiachi, programas de educação alimentar e nutricional desenvolvidos no ambiente escolar apresentam melhores resultados no conhecimento de escolares do ensino fundamental quando algumas condições são estabelecidas, como, a realização de orientações para os educadores, possibilitando discussões semanais amplas sobre o tema alimentação e nutrição como forma de preparação e planejamento das atividades, o que também gera maior comprometimento da equipe escolar, diretoria, coordenadorias e pedagogia.7
Franciscato, afirma que, entre os grupos de crianças de peso normal e excesso de peso, o conhecimento sobre a alimentação e nutrição na pré-intervenção do projeto “Nutriamigos” foi semelhante, porém, é importante ressaltar que o conhecimento pós-intervenção do grupo com excesso de peso é ligeiramente maior, sugere-se então que, a intervenção educativa aplicada pode ser positiva na melhora do conhecimento, levando em consideração as escolhas alimentares.9
A metodologia utilizada, na qual se valoriza as experiências vividas, o diálogo e a problematização das situações enfrentadas, facilita a implementação das oficinas de EAN, resultando em um alto percentual de satisfação das atividades educativas, melhora a comunicação entre as partes e como consequência influencia positivamente nos hábitos alimentares. É importante que seja abordado nas escolas de forma multidisciplinar, a promoção de uma alimentação saudável tendo em vista a prevenção de doenças em consequência do excesso de peso, principalmente na faixa etária de crianças de 6 a 10 anos, considerando que eles ainda não chegaram na adolescência, fase que os hábitos alimentares podem sofrer maior influência no meio em que vivem, pelo fato das novas amizades, da mídia e maior seletividade alimentar.10 Silva conclui que as associações das atividades com histórias, desenhos e figuras possibilitam a construção do saber e contribuem para as experiências de aprendizados duradouros.11 
Discussão
 A maioria dos estudos realizou educação alimentar e nutricional como método de intervenção. Utilizando ferramentas lúdico-pedagógicas, como a exibição de 12 episódios de 11 minutos de um desenho explicativo sobre os grupos alimentares, como também oficinas que eram compostas por diversasabordagens em diferentes dias, como, o semáforo dos alimentos, meu prato saudável, Baú da alimentação saudável que conta com testes sensoriais, desenvolvimento de um jogo para celular, a fim de como uma ferramenta diferenciada, saindo da perspectiva da transmissão de saberes e permitindo à criança protagonizar o próprio cuidado. 8,10,11,12,13
Pode-se destacar que alguns estudos mostraram que o ambiente escolar é um lugar propício para as atividades de educação alimentar e nutricional, por conter um grupo exposto cotidianamente ao aprendizado, notou-se também que a associação com atividades lúdicas frequentes e que são consideradas recursos metodológicos e se destacam como uma das maneiras mais eficazes de envolver os alunos nas atividades, isto porque a brincadeira é algo inerente na criança, podemos dizer que a criança aprende a brincar brincando e brinca aprendendo. 16,17Sobre o conhecimento gerado nas atividades não há diferença significativa em relação a meninos e meninas, porém houve diferença de conhecimento entre escola particular e escola pública na qual a publica se mostrou com melhor entendimento no pós-intervenção, sendo que a escola.10,13 
Em concordância com outros estudos, através das atividades lúdicas os escolares demonstram um grande interesse em expressar vontades, hábitos, gostos pessoais e preferências alimentares, interagindo espontaneamente. Foi possível também perceber pelo olhar dos pais e responsáveis, que as atividades de EAN contribuem de maneira efetiva na geração de hábitos saudáveis na infância.7,8,12 a EAN um campo intersetorial e multidisciplinar, portanto, os nutricionistas devem agir em conjunto com outros profissionais, a fim de explicar e executar ações, compartilhar experiência em planejamento de atividades de educação alimentar e nutricional, na comunidade escolar, diretores, coordenadores, professores, merendeiras, donos de lanchonetes e funcionários são profissionais que devem ser estimulados a participar dessas ações para diversificar métodos educacionais, além de combinar o conhecimento técnico com o conhecimento popular.
Poucos estudos recentes mostram uma educação alimentar nutricional com uma ferramenta lúdica e tecnológica, mais precisamente apenas um dos oito estudos desta revisão que utiliza da ferramenta tecnológica como forma de jogo para celular. 15 Apesar do reconhecimento da importância da EAN, há uma diversidade de abordagens utilizadas, poucos relatos de experiência sendo assim, a discussão sobre as possibilidades, limites e métodos utilizados ainda é escassa.17
Algumas foram as limitações durante a pesquisa para elaboração desta revisão, sendo elas, a pouca quantidade de estudos de educação nutricional no ambiente escolar para pré-escolares e escolares, palavra chave relacionada a educação alimentar e nutricional em ambiente escolar.
Conclusão
Diante destes resultados pode-se concluir que as ferramentas mais utilizadas na Educação Alimentar e Nutricional (EAN) no ambiente pré-escolar e escolar são as lúdico-pedagógicas. Contudo, as atividades lúdicas educativas elaboradas pelo nutricionista junto com os educadores se mostraram significativamente efetivas, teve influencia positiva na melhora dos hábitos alimentares saudáveis das crianças. É importante ressaltar que a EAN na primeira infância pode prevenir obesidade infantil não se desenvolvendo uma doença crônica não transmissível na vida adulta. A participação dos familiares responsáveis é de grande importância uma vez são eles que realizam as compras no mercado e cuidam da alimentação fora do ambiente escolar. 
Dito isso concluo por fim, que há necessidade de serem realizados mais estudos com esta população e com este tema, pois é de extrema importância mudar os parâmetros alimentares dos escolares e desenvolver ferramentas tecnológicas para realização de EAN.
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