Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
EDUCAÇÃO AMBIENTAL Letícia Osório Da Rosa e Vanessa Cristina Brambilla SUMÁRIO Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU- PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for- ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETOR DE ENSINO A DISTÂNCIA (EAD) Rafael Giovanella Desenvolvido pela equipe de Criações para o Ensino a Distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Igor Zattera, Thaís Munhoz Revisora Luana dos Reis EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA 4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – UM POUCO DE HISTÓRIA 8 PROCESSOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL 15 OS ESTUDOS AMBIENTAIS 19 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 20 SÉRIE ISO 14000 DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) 26 A PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO 30 O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS 36 FLUXOGRAMA DA ELABORAÇÃO, REVISÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 38 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS 38 SEGREGAÇÃO DOS RESÍDUOS 40 ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS 40 TRATAMENTO EXTERNO OU DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS 40 TRANSPORTE DOS RESÍDUOS 41 PROJETOS E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 44 INTRODUÇÃO 45 ESTRUTURA DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 46 PROJETOS E PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 49 3EDUCAÇÃO AMBIENTAL APRESENTAÇÃO Graduandos! Sejam bem-vindos à disciplina de Educação ambiental. Atualmente, vivemos em meio a uma crise ambiental e tecnológica, onde a natureza tem sido cada vez mais atingida pela mão e ação do homem, quebrando um equilíbrio con- quistado em milhões de anos de evolução. Os primeiros seres humanos, por volta de cinco milhões de anos, habitaram o Planeta e enfrentaram inúmeras dificuldades e desafios, pois “a natureza era mais poderosa que os homens”, e afetava-os mais do que era afetada por eles. A partir disso, o interesse pela proteção e conservação ambiental tem aumentado cada vez mais, principalmente em função do meio em que vivemos. Fala-se em preservar, em reciclar o lixo, em reutilizar, recuperar, enfim, em preocu- pação com o impacto ambiental, por esse motivo, o desafio de hoje é garantir a qualidade e dignidade de vida para a nossa geração atual e para as gerações futuras (conceito de desen- volvimento sustentável), mas sem abrir mão do conforto adquirido. Nesse sentido, a Educação Ambiental envolve não só uma visão ampla de mundo, mas tam- bém a clareza da finalidade do ato educativo, onde o aluno é o principal elemento na aprendi- zagem pretendida, participando de forma ativa, tanto no diagnóstico dos problemas quanto na busca de soluções, sendo preparado como um agente da transformação. Esse tipo de educação deve buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies, fazendo com que eles considerem que a natureza não seja inesgotável, devendo ser utilizada de forma consciente e racional, evitando os desperdícios e tendo a reciclagem como um processo vital, além disso, salientando que todas as espécies merecem nosso respeito. O ambiente de aprendizagem como um todo, deve ser um lu- gar de socialização para se adquirir um comportamento e atitudes de preservação ambiental, com vistas a contribuir para a formação do caráter e para o desenvolvimento de atividades que sejam eficazes na geração de uma sociedade mais consciente. Por meio da sistematiza- ção do conhecimento e de uma prática coerente, há de se iniciar uma nova era de cidadãos críticos e conscientes de seu papel enquanto seres que interferem no meio ambiente, a fim de que tal interferên- cia com o meio passe a ser de forma responsável e sustentável. No mundo atual, o meio ambiente está sendo prejudicado pela própria ação do homem que não tem, em muitas situações, noção do que está fazendo, tal atitude que muitas vezes é decorrente da falta de informação e educação. Nesse sentido, o papel do ensino é fun- damental para a formação e desenvolvimento de cidadãos críticos e responsáveis com o meio ambiente. Portanto, nesta disciplina, procuraremos conhecer as con- ceituais, a fundamentação e os problemas com o meio ambiente, bem como com a educação ambiental, analisando seus problemas, tentando planejar possíveis soluções que priorizem a melhoria da qualidade de vida, da qualidade do meio ambiente e também da sociedade em que vivemos. 4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL E CIDADANIA A cada momento, os problemas ambientais estão crescendo, com tal situação há uma grande preocupação com o que se tem feito para frear esse desenvolvimento que aparece constantemente. E você, preocupa-se com essa questão? por Vanessa Cristina Brambilla 5EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO A preocupação com o desenvolvimento está relacionada diretamen- te com o fator poluição: “alteração indesejável nas características físicas, químicas e biológicas da atmosfera, litosfera, ou hidrosfera que cause ou possa causar prejuízo à saúde, à sobrevivência ou às atividades dos seres humanos ou outras espécies ou ainda deteriorar materiais.” A poluição pode ser observada em diferentes situações, com diferentes seres vivos, em diferentes meios, como poderemos analisar nas imagens ilustrativas. Nos últimos 50 anos, o número de habitantes do mundo mais que duplicou, passando de 2 bilhões e 500 mil em 1950, atingindo 7,2 bi- lhões em 2014. Considerando o grande aumento populacional, podemos analisar que esse é incompatível com um am- biente finito, em que os recursos e a capacidade de absorção e reciclagem de resíduos são limitados. Devemos saber que o lixo sempre existiu, mas com o crescimento da população e com o surgimento das grandes cidades e indústrias, a quantidade de lixo foi aumentando gradualmente. Além dessa quantidade em demaseio, deve- mos observar também a forma com que estes resíduos estão sendo descartados após o uso. A imagem representa a relação entre a população, o uso dos recursos naturais e a poluição. O lixo é um fenômeno puramente humano, que gerou a degradação da natureza, a qual era pura, não conhecia o lixo, porém, com o desenvolvimento, fomos agregando ao ambiente elementos de renovação e re- construção. Logo, a preocupação acontece em relação ao descarte incorreto de todos os resíduos, que são ge- rados diariamente pela população, originando contaminação do ar, da água, do solo e todos os tipos de seres vivos habitáveis no ambiente. 6EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO A expansão e a forma errônea de descarte do grande volume de resíduos está aumentando cada vez mais. Desse modo, não podemos deixar de mencionar os principais fatores populacionais que afetam todos os aspectos de um de- senvolvimento sustentável: • pobreza; • urbanização; • HIV/Aids; • envelhecimento; • segurança do meio ambiente; • migração; • questões de gênero e de saúde reprodutiva. Considerando tal relação de crescimento populacional, poluição e recursos naturais, devemos mencionar a Educação Ambiental. Ela possui grande importância para a mudança de comportamentos de uma sociedade, tendo sua relevância pela população em geral, mesmo nos diferentes níveis de ensino. Além disso, pela Política Nacional de Educação Ambiental, a Lei nº 9.795/1999, em seu Art. 1º, entende-se por “educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a co- letividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. Existem diversas maneiras ou programas de edu-cação ambiental que podem ser aplicados, inseridos e trabalhados na sociedade, de forma a contribuir na for- mação e desenvolvimento de cidadãos críticos e respon- sáveis com o meio ambiente. É importante mencionar- mos, nesse contexto, alguns exemplos de programas de educação ambiental: • acabar com a fome e a miséria; • educação básica de qualidade para todos; • igualdade entre sexos e valorização da mulher; • reduzir a mortalidade infantil; • melhorar a saúde das gestantes; • combater as doenças; • qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; • toda população trabalhando pelo desenvolvimento. 7EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO A partir do censo crítico dos cidadãos e da preocu- pação com o meio ambiente, podemos pensar em chegar aos objetivos básicos de educação ambiental, os quais devemos traçar como metas até o próximo milênio: • erradicar a pobreza extrema e a fome; • atingir o ensino básico universal; • promover igualdade entre os gêneros e autonomia das mulheres; • reduzir a mortalidade infantil; • melhorar a saúde materna; • combater doenças como AIDS e malária; • garantir a sustentabilidade ambiental; • estabelecer uma parceria mundial para o desen- volvimento. 8EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO EDUCAÇÃO AMBIENTAL – UM POUCO DE HISTÓRIA POLÍTICAS PÚBLICAS DE MEIO AMBIENTE EM NÍVEL NACIONAL Conforme a Legislação Ambiental, a Política Nacional de Meio Ambiente precisa ob- servar as normas ambientais postas, que objetivam o desenvolvimento econômico e o meio ambiente equilibrado, com qualidade para todas as formas de vida do planeta. A respectiva legislação é uma estruturada para atender a contradição do setor industrial x poluição – focada no licenciamento, a legislação é das mais avançadas do mundo, com capacidade de implementação limitada, desde sua origem garantiu a participação social no processo de tomada de decisão e do sistema federativo – com gestão compartilhada e descentralizada (FIORILLO, 2011: MACHADO, 2011: MILARÉ, 2007). Todas as atividades econômicas deverão observar os requisitos legais inerentes a sua atividade, para tanto, adotando medidas que possam evitar os danos ambientais. O cumprimento da Legislação Ambiental traz algumas vantagens e desvantagens na perspectiva do empreendedor (FIORILLO, 2011: MACHADO, 2011: MILARÉ, 2007): • diminuição de riscos pela prevenção; • redução de gastos com multas, indenizações, medidas compensatórias; • inserção em mercado privilegiado; • melhor colocação do produto no mercado pelo marketing ambiental; • exigência do consumidor por produtos mais limpos; • custos com a reparação; • imagem da empresa. 9EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO No Brasil, a política ambiental oficial é executada em nível nacional, desde 1985, na Nova República pelo SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), como órgão consultivo e normativo e, em nível técnico e executor das po- líticas federais, pelo IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais) (FIO- RILLO, 2011: MACHADO, 2011: MILARÉ, 2007). A lei 6.938/81 foi a responsável pela estruturação da Política e do Sistema Nacional do Meio Ambiente (PNMA e SISNAMA). O Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e pa- drões como o CONAMA, que são órgãos colegiados com competência regulamentar e de re- visão de imposição de penalidades, além de competências consultivas, o IBAMA, que é órgão fiscalizador. No âmbito estadual, são os órgãos como CETESB e Polícia Militar (FIORILLO, 2011: MACHADO, 2011). De maneira sintetizada, a estrutura ambiental brasileira apresenta-se conforme (FIO- RILLO, 2011: MACHADO, 2011): • SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente. • CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. • SISEPRA – RS – Sistema Estadual de Proteção Ambiental. • CONSEMA – RS – Conselho Estadual do Meio Ambiente. • MUNICÍPIO. 10EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO POLÍTICAS PÚBLICAS DE MEIO AMBIENTE EM NÍVEL INTERNACIONAL O surgimento da educação ambiental ocorreu há cerca de três décadas, pela necessi- dade de mudarem os hábitos e até mesmo a consciência do ser humano com relação ao meio ambiente. Com o passar do tempo, as consequências da destruição pela própria ação do ser humano, começaram a se confrontarem. Ao longo do tempo, a educação ambiental vem pas- sando por vários marcos históricos. Agora, vamos comentar um pouco sobre essa história, para que possamos entender melhor o surgimento da educação ambiental. Em 1972, em Estocolmo, Suécia, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o homem e o meio ambiente, reunindo diversos chefes de Estado para debaterem sobre o meio ambiente e o desenvolvimento do planeta. A conferência foi marcada por meio da po- lêmica gerada pelo documento do Clube de Roma, bem como pela formação de dois blocos de países: os que defendiam o desenvolvimento zero (países desenvolvidos) e os que defen- diam o desenvolvimento a qualquer custo (países subdesenvolvidos). O Brasil, nesta oca- sião, tomara partido claramente: a posição brasileira, já no período pré-Estocolmo, defen- dia o desenvolvimento econômico como a forma de correção dos desequilíbrios ambientais e sociais. Portanto, as considerações ambientais deveriam ser incorporadas ao processo de desenvolvimento integral, sem prejuízo do desenvolvimento econômico (CORBUCCI, 2003). No Brasil, possivelmente em resposta às questões levantadas na Conferência, criou-se a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), em 1973, vinculada ao Ministério do Inte- rior e, em 1981, publicou-se a Lei nº 6.938, de Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Essa lei criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), composto pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). No entanto, esses instrumentos só entraram em atividade em 1984 (DIAS, 2011). O objetivo do SISNAMA era estabelecer um conjunto arti- culado e descentralizado de ações para a gestão ambiental no país, integrando e harmoni- zando regras e práticas específicas que se complementam nos três níveis de governo (LIMA, 2003; REICHERT, 1998). Em 1983, mais de dez anos após a conferência da Suécia, a ONU encarregou uma co- missão que, sob a presidência de Gro Harlem Brundtland, primeira ministra da Noruega, a qual apresentara, em 1987, o relatório Nosso Futuro Comum. O respectivo relatório, além de buscar abrandar os efeitos antagônicos provocados em Estocolmo, preconizava a concilia- ção entre o desenvolvimento e o meio ambiente pela implementação de uma concepção de desenvolvimento sustentável. Assim, definiu-se desenvolvimento sustentável como aque- le “que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (CARVALHO, 2007). A Constituição Federal de 1988 inseriu os princípios do desenvolvimento sustentável em seu artigo 225. Em 1989, criou-se o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recur- sos Naturais Renováveis (IBAMA), reunindo as competências dos demais órgãos setoriais de meio ambiente extintos, como o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), a Superintendência de Desenvolvimento da Borracha (SUDHEVEA), a Superintendência de Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE) e a SEMA. Esse fato aparenta ter sido uma resposta governamental às fortes pressões ambientalistas internas e externas e que culminaram com 11EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO o assassinato de Chico Mendes, em 1988. Tendo em vista, ainda, a conferência da ONU que aconteceria no Rio de Janeiro, recriou-se, em 1990, a Secretaria Especial do Meio Ambien- te, que relacionada à Presidência da República, aparentemente lhe dava maior importância (CARVALHO, 2007: CORBUCCI, 2003: DIAS, 2011). Conhecida como ECO-92 e RIO-92, realizada na cidade do Rio de Janeiro (Brasil), foi considerada a primeira reunião expressiva de chefes de Estado após o término da Guerra Fria e caracterizou-se pelo diálogo, a prevalência dosinteresses gerais sobre os individuais, a intensa participação das ONG’s e o papel que passaram a exercer como fiscalizadoras do cumprimento das ações da Agenda 21. Os seguintes documentos originaram-se neste even- to: Declaração do Rio, Agenda 21 e Declaração de Princípios sobre as Florestas. Também se aprovou a realização de outras duas convenções: a do Quadro sobre Mudanças Climáticas e a da Diversidade Biológica. No Brasil, uma das repercussões desse evento foi a extinção da Secretaria Especial do Meio Ambiente da Presidência da República e a criação do Ministério do Meio Ambiente (MMA), em 1992 (CARVALHO, 2007: CORBUCCI, 2003: DIAS, 2011). RIO+10 foi outra convenção realizada na África do Sul, a qual reafirmou os compromis- sos da conferência anterior. Também possibilitou que os líderes, ali reunidos, acordassem regras históricas para o desenvolvimento social, a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico em bases sustentáveis no âmbito local, regional, nacional e global. Produziu a Declaração de Johanesburgo e o Plano de Implementação, porém, apresentou poucos resul- tados práticos. O JUSCANZ (Japão, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia), gru- po liderado pelos norte-americanos e apoiado pelos países árabes, grandes produtores de petróleo, boicotou, entre outras, as propostas do Brasil e da União Europeia sobre energia (a energia solar, a eólica, a geotermal, a das pequenas hidrelétricas e a da biomassa) (CARVA- LHO, 2007: CORBUCCI, 2003: DIAS, 2011). Todos esses grandes eventos de cunho internacional repercutiram sobre a agenda das políticas públicas brasileiras, transformando o desenvolvimento sustentável numa das principais metas do poder público. Eis que surgem, nesta conjuntura, as chamadas políticas públicas ambientais (DIAS, 2011). Ao falarmos de políticas públicas, conforme mencionado nas linhas anteriores, deve- -se ter em vista que, por se tratarem de intervenções do Estado, em conjunto ou não com a sociedade civil (ONG, grupos empresariais, comunidades, entidades internacionais e etc.), estas devem, necessariamente, contemplar um determinado fim ou uma área específica da realidade cotidiana (CARVALHO, 2007: CORBUCCI, 2003: DIAS, 2011). Contudo, por conta da expansão econômico-industrial internacional e os já constatados efeitos nocivos da intervenção humana no meio ambiente (aquecimento global, emissão ex- cessiva de CO2, desertificação, desmatamento, extinção de espécies, derretimento das calotas polares, contaminação de fontes d’água, chuvas ácidas, exaurimento de recursos naturais, caça e pesca predatórias, entre outros), tais políticas, por terem um papel tão incisivo e decisivo no modo de vida e nos modos de produção, passam a ter um papel fundamental como instrumen- tos não só de desenvolvimento econômico-social, mas também, como forma de garantia de preservação de recursos às futuras gerações (CARVALHO, 2007: CORBUCCI, 2003: DIAS, 2011). 12EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO As políticas públicas ambientais assumiram papel primordial de proteger o meio ambiente, integrando sua proteção aos demais obje- tivos da vida em sociedade, como forma de proporcionar qualidade de vida (CARVALHO, 2007). Internacionalmente, a preocupação com a “causa” ambiental sempre foi relevada por conta da contraposição aos interesses dos grandes grupos econômicos e das nações desenvolvidas. No entanto, movimentos antes liderados por ativistas, isoladamente começaram a ganhar força e visibilidade até que, na Conferência organizada pe- las Nações Unidas, em 1972, em Estocolmo, foi assinada a Decla- ração de Estocolmo que, significativamente, instituiu o Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (CARVALHO, 2007: CORBUCCI, 2003: DIAS, 2011). Assim foram lançadas as bases do “compromisso” humano com o meio ambiente, posteriormente ratificadas através de diversos do- cumentos, dentre os quais podemos citar a Carta Mundial da Natu- reza, a Declaração do Rio (Agenda 21), o Protocolo de 13 Kyoto, entre outros. Contudo, os índices de poluição e destruição do meio ambiente estão cada vez maiores, apesar dos esforços internacionais em conter tal avanço (CARVALHO, 2007: CORBUCCI, 2003: DIAS, 2011). 13EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO PONTOS DE REFLEXÃO E ANÁLISE • Conceito de poluição. • Relação entre crescimento populacional e o fator poluição. • Importância do descarte correto dos resíduos (lixo). • Conceito de educação ambiental. • Relação da educação ambiental. 14EDUCAÇÃO AMBIENTAL EXERCÍCIOS SUMÁRIO 1. Por que a Revolução Industrial foi um divisor de águas na evolu- ção das relações entre o homem e o meio ambiente? 2. Por que a Conferência de Estocolmo revolucionou as discussões sobre meio ambiente? 3. Quais foram os principais pontos do Protocolo de Kyoto? 4. Qual foi o impacto da ECO-92? 5. O que você entende por poluição? Comente a relação entre cresci- mento populacional e poluição: 6. Vivemos em uma sociedade extremamente consumista, haven- do grande utilização dos recursos naturais e degradação ambien- tal. Com os atuais modos de produção e consumo, você acha que é possível alcançar o desenvolvimento sustentável? Comente: 15 PROCESSOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL Podemos definir impacto ambiental como sendo uma modificação no meio ambiente, causada pela própria ação do homem. Como resultado dessa atitude, o impacto ambiental afeta não só a natureza, mas também todos os seres vivos. Devemos, cada vez mais, pensar nas gerações atuais e futuras. Pensar de que maneira podemos utilizar os recursos da natureza sem que esses se esgotem para as próximas gerações. Pensar de que forma vamos utilizar os recursos naturais e devolvê-los ao meio ambiente, sem que venhamos contribuir à poluição. por Vanessa Cristina Brambilla 16EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO O impacto ambiental pode ser definido como sendo uma modifi- cação causada pela ação do homem no meio ambiente. Dessa maneira, existem impactos ambientais de todos os tipos, desde os menores, que não modificam substancialmente o meio ambiente natural, até aqueles que não só afetam profundamente a natureza, como também podem pro- vocar diretos problemas para o ser humano e demais seres vivos, como a poluição do ar, das águas e do solo (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). De acordo com a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), considera-se impacto ambiental qualquer alteração das pro- priedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades huma- nas, que direta ou indiretamente afetam (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008): • a saúde, a segurança e o bem-estar da população; • as atividades sociais e econômicas; • a biota; • as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; • a qualidade dos recursos ambientais. Os impactos causados por grandes empreendimentos são mais perceptíveis e os efeitos que geram mais significativos. Entre as atividades modificadoras do meio ambiente, que dependem da elaboração de Estu- dos de Impacto Ambiental (EIA), bem como do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) estão, entre outras: rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, oleodutos, gasodutos, emissários de esgotos sanitários, barragens, aterros sanitários, complexo e unidades industriais, zonas e distritos industriais, projetos agropecuários, etc. (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). A legislação brasileira prevê que a localização, construção, ampliação, modificação e operação de qual- quer empreendimento e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetivas ou potencial- mente poluidoras, assim como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação am- biental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). A Licença Ambiental, para ser obtida, dependerá do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e respectivoRelatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA). O licenciamento ambiental está previsto nos vários níveis de competência pública (municipal, estadual e federal) em função do âmbito de abrangência do impacto ambien- tal. Assim, dependerá do porte ou do impacto produzido pelo empreendimento ou atividade, o âmbito em que será emitido o licenciamento (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). Na legislação, estão previstas as seguintes licenças ambientais: a Licença Prévia (LP), a Licença de Ins- talação (LI) e a Licença de Operação (LO) (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). A LICENÇA PRÉVIA (LP), caracteriza-se por ser a primeira fase do licenciamento, que tem que ser requerida na etapa de planejamento da atividade, quando ainda não foi definida a localização (ACADEMIA PEARSON, 2011). 17EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO A respeito do detalhamento do projeto, dos processos tecnológicos, do conjunto de me- didas e equipamentos de controle ambiental, sua concessão fundamenta-se nas informações prestadas pelo empreendedor, em croquis, anteprojetos e estimativas, representando o com- promisso do poder público em aprovar o projeto executivo, sempre que o empreendedor aten- da às condições e restrições impostas no documento da licença (ACADEMIA PEARSON, 2011). Uma vez detalhado o projeto executivo e definidas as medidas e equipamentos de prote- ção ambiental, deve ser requerida a Licença de Instalação (LI), cuja concessão autoriza o início da construção do empreendimento (ACADEMIA PEARSON, 2011). Para a análise, será necessária a apresentação de informações detalhadas sobre a distri- buição espacial das unidades que compõem o projeto, os métodos construtivos, os processos, as tecnologias, os sistemas de tratamento e disposição de rejeitos, os corpos receptores, etc. A LI define os parâmetros do projeto e as condições de realizações das obras, que deverão ser obe- decidas para garantir que a implantação da atividade não cause impactos ambientais negativos além dos limites aceitáveis e estabelecidos na legislação ambiental (ACADEMIA PEARSON, 2011). A Licença de Operação (LO) requerida, quando do término da construção e depois de verificada a eficiência das medidas de controle ambiental, autoriza o início do funciona- mento da atividade, sendo obrigatória tanto para os novos empreendimentos quanto àque- les anteriores à vigência do sistema. Nesses casos, é definido um prazo para que a atividade possa se adequar as exigências legais, implantando os dispositivos de controle apropriados (ACADEMIA PEARSON, 2011). A LO estabelece todas as condições que o empreendimento deverá obedecer du- rante a permanência, funcionamento ou operação, determinando os padrões de quali- dade dos efluentes líquidos e gasosos que deverão ser observados, bem como todos os critérios de controle ambiental a serem respeitados. Estabelece, ainda, o programa de monitoramento dos efeitos ambientais, determinando os parâmetros e a periodicidade das medições, cujos resultados servem para o acompanhamento da atividade pelo órgão ambiental licenciador (ACADEMIA PEARSON, 2011). 18EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO Com a LO, o empreendedor pode dar início ao funcionamento das atividades. Antes que faltem 120 dias para a expiração da licença, o empresário deve procurar o órgão ambiental e solicitar a sua renovação (ACADEMIA PEARSON, 2011). A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é considerada um instrumento de polí- tica ambiental preventivo, pois pretende identificar, quantificar e minimizar as con- sequências negativas sobre o meio ambiente, antes que o empreendimento inicie suas atividades. Desse modo, tal instrumento permite aplicação de medidas que evitem ou diminuam os impactos ambientais inaceitáveis ou fora dos limites previamente esta- belecidos, levando em consideração os limites de assimilação, dispersão e regenera- ção dos ecossistemas e como afetarão a sociedade (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). A avaliação de impacto ambiental constitui um instrumento que busca mini- mizar os custos ambientais e sociais de um projeto determinado e maximizar seus benefícios, através da adoção de condicionantes que o conduzam a maior eficiência possível em termos ambientais (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). A Resolução CONAMA, de dezembro de 1997, prevê que os municípios pode- rão licenciar ambientalmente atividades que possam causar degradação ambien- tal, caso os efeitos dos impactos sejam locais e desde que a localidade possua es- trutura administrativa adequada, além de lei municipal onde conste a exigência do Estudo de Impacto Ambiental e os critérios do licenciamento respectivo (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). 19EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO OS ESTUDOS AMBIENTAIS A AIA revelou-se um mecanismo eficiente, sendo rapidamente institu- cionalizada como instrumento de gestão ambiental, consolidando-se na déca- da de 80, gerando discussões sobre a sua concepção, fases de execução e atores sociais envolvidos, assim como a sua inserção no processo de decisão. Foi um importante avanço que teve como denominador comum a ampliação do cará- ter participativo da AIA, inserindo o público em diferentes fases do processo de avaliação e uma maior transparência e efetividade da ação administrativa (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) só foi introduzido na legislação bra- sileira em 1980, na lei de zoneamento industrial, em área crítica de poluição, que tornou obrigatória a apresentação de estudos especiais de alternativas e de avaliações de impacto para a localização de polos petroquímicos, cloroquími- cos, carboquímicos e instalações nucleares (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). Este estudo, EIA, integra um conjunto de instrumentos de que a gestão ambiental dispõe para monitorar os efeitos das suas atividades sobre o meio ambiente. Em geral, o EIA constitui uma etapa anterior à execução do projeto, quando são estimadas as possíveis implicações de empreendimentos com ele- vado potencial de degradação ambiental (ACADEMIA PEARSON, 2011). A exigência do EIA e do RIMA foi estabelecida em 1986 pela resolução do CONAMA, que ajustou di- retrizes gerais para o uso e a implementação da Avaliação de Impacto Ambiental. Essa resolução estabe- leceu que o EIA/RIMA deveria ser realizado por equipe multidisciplinar habilitada, que será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados, e que não poderá depender direta ou indiretamente do proponente do projeto (DIAS, 2011; SÁNCHEZ, 2008). O EIA é uma etapa abrangente, pois inclui o plano de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, análise preliminar de risco, recuperação de área degradada e o próprio RIMA (ACADEMIA PEARSON, 2011). O RIMA funciona como a conclusão do EIA: todos os componentes do estudo de impacto ambiental são levados em conta para redigir uma avaliação final. É no relatório que a equipe expressa sua decisão final, declarando se o projeto é ou não um risco para o meio ambiente (ACADEMIA PEARSON, 2011). O Plano de Controle Ambiental (PCA), juntamente com o Relatório de Controle Ambiental (RCA), tem sido exigido por alguns órgãos do meio ambiente para o licenciamento de várias atividades indus- triais (SIRVINSKAS, 2008). Esses documentos devem ser elaborados de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo órgão am- biental competente, contendo as informações que permitam caracterizar o empreendimento a ser li- cenciado e, como objeto principal, os resultados dos levantamentos e estudos realizados pelo empreen- dedor, os quais permitirão identificar as não conformidades legais referentes ao meio ambiente. Assim, o RCA será o documento norteador das ações mitigadoras a serem propostas no PCA-Plano de Controle Ambiental, visando a solucionar os problemas detectados (SIRVINSKAS, 2008). 20EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprome- ter a possibilidadedas gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades. Quando pensamos em desenvolvimento sustentável, podemos pensar em dois conceitos chaves: 1. as “necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a máxima prioridade; 2. a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras (...). Quando pensamos em desenvolvimento sustentável, é importante observar a figura que nos mos- trará três eixos importantes: a equidade social, a conservação ambiental e a viabilidade econômica. No momento que se consegue atingir um equilíbrio entre esses três eixos, pode-se dizer que o desenvol- vimento sustentável foi atingido. O princípio do desenvolvimento sustentável está presente na Agenda 21, sendo definido e conceituado como um dos pensamentos mais modernos e im- portantes para o meio ambiente. Também está presente no caput do artigo 25, da CRFB/88 - “Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equili- brado, bem de uso comum do povo e essencial de vida, impondo-se ao Poder Público e a Coletividade do dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (ANDRADE, 2000). Atualmente, ainda nos encontramos longe de um modelo de desenvolvi- mento sustentável. Hoje, o que podemos presenciar nos diferentes empreendi- mentos é este modelo representado pela figura: Fonte: Prof. DRA. NEIDE PESSIN 21EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO Desse modo, vimos a utilização, bem como a retirada de recursos naturais para os diferen- tes processos, como fatores que geram resíduos que são descartados no meio ambiente, muitas vezes causando impactos a esse meio. Ainda existem empreendimentos que só se preocupam com esses impactos no momento em que são visitados, notificados e até mesmo multados por uma fiscalização ativa. Assim, é muito importante que exista uma conscientização de todos, tanto na geração, no descarte e no tratamento dos resíduos, de forma a minimizar cada vez mais esses impactos ao meio ambiente. A estratégia para se atingir um desenvolvimento sustentável visa promover uma harmonia entre os seres humanos, entre a humanidade e a natureza. É importante pensarmos que, para a busca do desenvolvimento sustentável, algumas situações devem acontecer: • um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório; • um sistema econômico capaz de gerar excedentes e know-how técnico em bases confiáveis e constantes; • um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não-equilibrado; • um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do de- senvolvimento; • um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções; • um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e finan- ciamento; • um sistema administrativo flexível e capaz de autocorrigir-se. No momento em que acontecer um equilíbrio entre os três eixos importantes e significativos (equidade social, viabilidade econômica e conservação ambiental), che- garemos ao modelo de desenvolvimento sustentável. A imagem demonstra a representação de um modelo sustentável. Fonte: Prof. DRA. NEIDE PESSIN 22EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E AGENDA 21 A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a cons- trução de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica (ANDRADE, 2000). Também, o mesmo autor discorre que o Brasil foi o primeiro a tratar desse assunto no mundo, dando caráter legal a sua aplicabilidade (ANDRADE, 2000). A Agenda 21 Brasileira é um instrumento de planejamento participativo para o desen- volvimento sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira. Foi coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 (CPDS); construído a partir das diretrizes da Agenda 21 Global; e entregue à sociedade, por fim, em 2002 (ANDRADE, 2000). A Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de um determinado ter- ritório que envolve a implantação, neste caso, de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local de De- senvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, de médio e a longo prazos. Assim como no Fórum são definidos os meios de im- plementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações (ANDRADE, 2000). Para construir a Agenda 21 Local, o Programa Agenda 21 do MMA publicou o passo a passo da Agenda 21 Local, que propõe um roteiro organizado nas etapas (ANDRADE, 2000): • mobilizar para sensibilizar governo e sociedade; • criar um Fórum de Agenda 21 Local; • elaborar um diagnóstico participativo; • elaborar, implementar, monitorar e avaliar um plano local de desenvolvimento sus- tentável. Além disso, para que o público possa saber mais sobre as experiências de Agenda 21 Local no Brasil, o MMA criou o Sistema Agenda 21 – um banco de dados de gestão descen- tralizada que permite o compartilhamento de informações (ANDRADE, 2000). A Agenda 21 Local pode ser construída e implementada em municípios ou em quaisquer outros arranjos territoriais - como bacias hidrográficas, regiões metropolitanas e consór- cios intermunicipais, por exemplo (ANDRADE, 2000). Para que uma Agenda 21 Local seja constituída, é imperativo que sociedade e governo participem de sua construção (ANDRADE, 2000). 23EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO FORTALECIMENTO DE PROCESSOS DE AGENDA 21 O MMA apoia os processos da Agenda 21 Local e conta com a parceria da Rede Brasileira de Agendas 21 Locais, cujo objetivo geral é fortalecer a implementação de Agendas 21 Locais mediante o intercâmbio de informações e o estímulo à construção de novos processos (ANDRADE, 2000). Assim, por intermédio do Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA), o MMA apoia, desde 2001, a execução de 93 projetos de construção de Agenda 21 Local, abran- gendo 167 municípios brasileiros (ANDRADE, 2000). RECURSOS A Agenda 21 integra o Plano Plurianual do Governo Federal (PPA) 2008/2011. O desenvolvimento do Programa Agenda 21 fundamenta-se na execução de três ações finalísticas (ANDRADE, 2000): • elaboração e implementação das Agendas 21 Locais; • formação continuada em Agenda 21 Local; • fomento a projetos de Agendas 21 Locais (por meio do FNMA). 24EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO PONTOS DE REFLEXÃO • Entendimento do conceito. Aprender os estudos ambientais (EIA/RIMA, RCA e PCA); • Legislação brasileira para a avaliação do impacto ambiental. Reconhecer e analisar o modelo de desenvolvimento sustentável. • Modelo atual e o modelo que se deseja alcançar. Reconhecer e analisar o modelo de desenvolvimento sustentável – Agenda 21. • Definições, fortalecimento de processos da Agenda 21 e recursos. 25EDUCAÇÃO AMBIENTAL EXERCÍCIOS SUMÁRIO 1. FLUXO DE LICENCIAMENTO COM EIA/RIMA: Para um procedimento de licencia- mento ambiental das atividades que necessitam elaborar EIA/RIMA, deverão ser obedecidas as seguintes etapas: Você deve numerar, em ordem crescente, as etapas de licenciamento: a. ( ) vistoriar o local; b. ( ) dar publicidade que recebeu a LP; c. ( ) dar publicidade às informações referentes à realização da Audiência Pública; d. ( ) iniciar a análise do EIA/RIMA; e. ( ) iniciar o recebimento de sugestões relacionadas ao RIMA; f. ( ) dar publicidade que o EIA/RIMA foi aceito; g. ( ) requerer a LP; h. ( ) marcar a data para realização da Audiência Pública; i. ( ) constituir grupo de trabalho; j. ( ) elaborar Termo deReferência; k. ( ) deferir ou indeferir a LP; l. ( ) verificar se é caso de apresentação de EIA/RIMA; m. ( ) dar publicidade que recebeu a LP; n. ( ) elaborar o EIA/RIMA; o. ( ) realizar a Audiência Pública; p. ( ) intimar a apresentar EIA/RIMA, de acordo com o Termo de Referência; q. ( ) solicitar a realização de Audiência Pública; r. ( ) considerar as sugestões selecionadas da Audiência Pública; s. ( ) recebimento do EIA/RIMA, pelo órgão ambiental; t. ( ) dispor o RIMA para consulta pública; u. ( ) dar publicidade que recebeu o Termo de Referência. 2. Após os conceitos trabalhados no capítulo 2, comente o que você entendeu por desenvolvi- mento sustentável: 3. Qual o objetivo da Agenda 21 brasileira? 4. Quem está elaborando a Agenda 21 brasileira e como o conceito de desenvolvimento sustentá- vel se insere nas ações do governo? 5. O que é e para que serve a Agenda 21 local? 6. Quais os conceitos que norteiam a metodologia de elaboração na Agenda 21 brasileira? 26 SÉRIE ISO 14000 DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) A Gestão Ambiental é um sistema de administração empresarial que dá ênfase à sustentabilidade. Assim, é um tipo de gestão que visa o uso de algumas práticas e métodos administrativos capazes de reduzir ao máximo o impacto ambiental das atividades econômicas nos recursos da natureza. A adoção da gestão ambiental é importante para uma empresa por diversos motivos. Em primeiro lugar, porque ela associa sua imagem com a preservação ambiental, melhorando no mercado as imagens das marcas de seus produtos. Empresas que adotam esse sistema conseguem reduzir seus custos, evitando desperdícios e reutilizando materiais que antes eram descartados. Empresas com gestão ambiental melhoram suas relações comerciais com outras empresas que também seguem estes princípios. por Vanessa Cristina Brambilla 27EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO Uma proposta de Gestão Ambiental deve incluir, no mínimo, três dimensões (BURSZTYN, 1994: SEIFFERT, 2008): • a dimensão espacial, que diz respeito à área em que a gestão tenha eficácia, podendo ser global, regional, nacional, local, setorial, empresarial e outros; • a dimensão temática, que demarca as questões ambientais envolvidas nas ações, como ar, águas, solo, fauna e flora, recursos minerais e outras; • a dimensão institucional, que é relativa aos agentes que tomaram as ações de gestão, como empresas, governo, sociedade civil, instituição multilateral e outros. As preocupações ambientais das organizações são influenciadas por três conjuntos de for- ças interdependentes e de interações recíprocas: o governo, o mercado e a sociedade. A solução exige uma nova postura dos administradores, que “devem passar a considerar o meio ambiente em suas decisões e adotar concepções administrativas e tecnológicas que contri- buam para ampliar a capacidade de suporte do planeta”(BURSZTYN, 1994: SEIFFERT, 2008). A série ISO 14000 é uma Norma Internacional de certificação da implantação do Sistema de Gestão Ambiental numa organização/empresa, que corresponde a um conjunto de normas de gestão ambiental, não obrigatórias e de âmbito internacional, que fornecem à administração dos negócios uma estrutura para gerenciar os impactos ambientais, ainda, possibilita que a organi- zação obtenha a certificação ambiental, caso o controle esteja bem conduzido. O SGA corresponde a ISO 14.001, o qual permite a certificação por terceiros (certificadoras) de um Sistema de Gestão Ambiental, sendo a única cujo conteúdo é efetivamente auditado na forma de requisitos obrigatórios de um SGA (SEIFFERT, 2008). O SGA é uma estrutura organizacional que permite à empresa avaliar e contro- lar os impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. Também pode ser definido como um conjunto de ações sistematizadas que visam o atendimento das Boas Práticas, das Normas e da Legislação Ambiental (SEIFFERT, 2008). A Certificação Ambiental é o atendimento a um conjunto de Normas Internacio- nais de implantação e operação de um Sistema de Gestão Ambiental, com o objetivo de promover a melhoria ambiental contínua pelo atendimento e aprimoramento dos aspectos relacionados a Política Ambiental, ao Planejamento/Operação, a Difusão dos Requisitos e Verificação e Correção (SEIFFERT, 2008). As exigências do SGA na Indústria são (SEIFFERT, 2008): • racionalização do uso de Matéria-Prima; • racionalização e controle do descarte de resíduos e efluentes líquidos; • conhecimento dos aspectos e impactos ambientais; • controle operacional; • otimização do uso da água e energia. 28EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO São cinco os elementos importantes de um SGA (SEIFFERT, 2008): Política ambiental: empresa estabelece suas metas e compromissos com seu desempe- nho ambiental: • Educação Ambiental • Marketing Ambiental Rotulagem Ambiental: é a certificação de produtos adequados ao uso e que apresentam me- nor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis, disponíveis no mer- cado. O rótulo é voltado para os consumidores. A certificação ambiental às indústrias de recursos. Planejamento: a empresa analisa o impacto ambiental de suas atividades: • Gerenciamento de Risco • Gerenciamento de Passivos Ambientais • Produção mais limpa (P+L) • Análise do ciclo de vida: é uma ferramenta que permite quantificar ou analisar o impacto ambiental de um produto, sistema ou processo. • Avaliação de impactos • Ecoeficiência Implementação e operação: são o desenvolvimento e a execução de ações para atingir as metas e os objetivos ambientais: • Rotulagem • P+L • Análise do ciclo de vida • Avaliação de impactos • Ecoeficiência Verificação e ação corretiva (revisão geral): onde é feito o monitoramento das implementações para a verificação de suas eficiências, a fim de atingir as metas deter- minadas e aplicadas às ações corretivas para tal. • Auditoria ambiental • Ecoeficiência • Avaliação de impactos Melhoria contínua: após a auditoria, são consideradas possíveis mudanças nos cenários internos e externos, como novas pressões de mercado, os dados do monito- ramento quando retornados serão analisados e, se necessário, voltam ao planejamen- to para repensar os métodos de produção ou serviços do empreendimento. 29EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO • Análise do ciclo de vida • P+L • Ecodesign • Educação ambiental • Marketing ambiental • Gerenciamento de riscos A estrutura/implementação do SGA- ISO 14.000 é apresentada na figura: Os objetivos e consequências da Implantação do SGA são (SEIFFERT, 2008): De acordo com os aspectos externos: • globalização; • exigências dos negócios; • eventos na mídia; • protocolos internacionais; • cadeia de suprimentos; • exigências dos órgãos reguladores. De acordo com os aspectos internos: • redução de custos a médio prazo; • diminuição de acidentes ambientais; • melhoria no desempenho ambiental; • redução do passivo ambiental; • redução de processos legais; • minimização do risco de paralisação. 30EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO A PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO A prevenção de poluição significa reduzir o impacto ambiental de uma empresa, evi- tando, reduzindo ou controlando a geração, emissão ou descarga de poluentes ou rejeitos (DONAIRE, 1995: KIPERSTOK, 2002). A prevenção à poluição é uma abordagem de gerenciamento ambiental que prioriza a redução dos resíduos na fonte, como forma de preservar os recursos naturais e reduzir o desperdício de materiais, água e energia, em contraposição à abordagem tradicional, que se apoia nas tecnologias de controle e tratamento de resíduos. Apesar de resultar em benefí- cios ambientais e econômicos, existe uma série de barreiras que impede uma maior disse- minação das práticas de prevenção à poluição nas indústrias, dentre as quais a principal é a falta de conscientização em relação aos benefícios (DONAIRE, 1995: KIPERSTOK, 2002). Paraeliminar esta barreira, faz-se necessário o desenvolvimento e a divulgação dos conceitos e ferramentas de apoio ao processo de identificação de oportunidades, ferramen- tas para o monitoramento e avaliação da performance ambiental dos processos produtivos, bem como de estudos de caso, propondo alternativas de prevenção à poluição, para os dife- rentes setores industriais (DONAIRE, 1995). A poluição pode ser entendida como qualquer alteração em um meio, de modo a tor- ná-lo prejudicial ao homem e as outras formas de vida que este ambiente normalmente abriga, ou que prejudique um uso previamente definido para ele (DONAIRE, 1995). Assim, qualquer mudança em um ambiente, resultante da introdução de poluentes neste, na forma de matéria ou energia, pode ser entendida como poluição (DONAIRE, 1995). Geralmente, associa-se a poluição aos malefícios que possam ser causados ao homem. No entanto, ela pode resultar em danos à fauna e à flora, e até mesmo ao meio ambiente. A figura 11 ilustra a relação entre o desenvolvimento e problemas ambientais. A legislação brasileira define poluição como a degradação da qualidade ambiental re- sultante de atividades que direta ou indiretamente (DONAIRE, 1995: KIPERSTOK, 2002): • prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; • criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 31EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO • afetam desfavoravelmente a biota; • afetam as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; • lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. O lançamento de produtos químicos ou de resíduos no solo pode resultar na sua poluição. As fontes de poluição do solo são uma aplicação de defensivos agrícolas ou de fertilizantes, despejo de resíduos sólidos, lançamento de esgotos domésticos ou indus- triais e dejetos de animais. Entretanto, as principais fontes de poluição são as atividades industriais que armazenam e manipulam produtos químicos, geram efluentes líquidos e gasosos e resíduos sólidos, áreas de estocagem, tratamento e descarte de efluentes e re- síduos (KIPERSTOK, 2002). Em um Sistema de Gestão Ambiental, a prática relacionada à Prevenção da Poluição pode ser feita de diversas maneiras, dentre elas (KIPERSTOK, 2002): • redução de fontes poluidoras; • eliminação de fontes poluidoras; • alteração de processos; • alteração de produtos; • alteração de serviços; • uso eficiente de recursos; • uso eficiente de materiais; • uso eficiente de energia; • substituição de energia; • reutilização; • recuperação; • reciclagem; • regeneração; • tratamento. 32EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO Um elemento fundamental para assegurar o desempenho econômico, produtivo e ambiental de uma empresa industrial é a utilização de tecnologias ambientais. O uso da tecnologia já vem se mostrando um fator importante nas últimas décadas para assegurar a rentabilidade e a competitividade da maioria das empresas industriais. No caso da proteção ambiental, as tecnologias ambientais envolvem: • tecnologias de controle de poluição (end-ofpipe): principal objetivo é combater as saídas indesejáveis de resíduos do processo produtivo (poluição), sem realizar intervenções no próprio processo. Trata-se de equi- pamentos de controle de emissões e efluentes, tais como filtros purificadores, incineradores e redes de tra- tamento de água e esgoto, entre outros, que removem os resíduos poluentes ou reduzem sua toxicidade; • tecnologias de prevenção da poluição: são centradas no processo produtivo a fim de torná-lo mais eficien- te, ou seja, ampliar a taxa de utilização dos insumos nos produtos fabricados. Essas tecnologias permitem não só reduzir os resíduos e poluentes na fonte, mas também reutilizar ou reciclar os resíduos produzidos, preferencialmente, ainda na planta industrial, voltando diretamente ao processo produtivo, e, em último caso, tratar os resíduos que não podem ser eliminados, reutilizados ou reciclados; • tecnologias de produtos e processos: encontra-se no que foi conceituado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) como a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integra- da aos processos e produtos para reduzir riscos aos seres humanos e ao meio ambiente (WHAT,1994). Para os processos produtivos, a estratégia ambiental inclui a conservação de matérias-primas e energia, a elimina- ção de matérias-primas tóxicas e a redução da quantidade e toxicidade de todas as emissões e resíduos antes de deixarem o processo. Para os produtos, a estratégia concentra-se na redução de impactos por todo o ciclo de vida do produto, da extração das matérias-primas, até a disposição final do produto. 33EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO O emprego de tecnologias de produtos e processos concorre a uma série de benefícios para uma empresa proativa, ambientalmente, dentre os quais se podem destacar (MAIMON, 1994; DONAIRE, 1994; ROOME, 1994): • melhorias na eficiência produtiva com menor utilização de energia e materiais por uni- dade de produto; • minimização da quantidade de resíduos dispostos no meio ambiente; • desenvolvimento de tecnologias mais limpas, que se transformam em vantagens competitivas e até mesmo em produto, com a possibilidade de auferir receitas com transferência de tecno- logia, como por exemplo, o licenciamento de patentes, a prestação de assistência técnica, etc.; • desenvolvimento de novos produtos para novos mercados, seja mediante o reaproveita- mento de resíduos e sua utilização como um novo produto, seja mediante o desenvolvimen- to de produtos com atributos ambientais; • maior segurança pública e minimização dos impactos ambientais de produtos; • melhoria da imagem pública e das relações com os órgãos governamentais, com a comuni- dade e grupos ambientalistas, permitindo até um maior escopo para auxiliar e influenciar os governos em novas regulamentações; • melhoria nas condições de segurança e saúde dos trabalhadores e nas relações de trabalho; • maior comprometimento de todo o staff da empresa. Entretanto, não é a mera posse da tecnologia que assegura o sucesso de sua im- plementação, mas sua apropriada gestão. Nesse sentido, é que as empresas indus- triais que buscam a proteção ambiental vêm incorporando uma nova função admi- nistrativa em sua estrutura, com um corpo técnico específico e um sistema gerencial especializado. Essa nova função administrativa, ou seja, um departamento ambiental na estrutura da organização, permite que a empresa industrial administre adequa- damente suas relações com o meio ambiente, avaliando e corrigindo os problemas ambientais presentes, minimizando os impactos negativos futuros, integrando arti- culadamente todos os setores da empresa quanto aos imperativos ambientais e rea- lizando um trabalho de comunicação ativo, interno e externo. Em estudos realizados com empresas norte-americanas de diversos setores, Hunt e Auster (1995) verificaram que o departamento ambiental de empresas pro- ativas é provido de pessoal com indivíduos determinados, motivados, de alto nível, que têm um conceito de gestão ambiental que vai muito além da ideia do policia- mento e da prevenção da poluição. 34EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO PONTOS DE REFLEXÃO A aplicação da Série Isso 14000 de Gestão Ambiental (SGA) com a estratégica sustentável de: • racionalização do uso de matéria-prima; • racionalização e controle do descarte de resíduos e efluentes líquidos. Prevenção de poluição e as tecnologias ambientais envolvendo: • utilização de tecnologias de controle de poluição (end-ofpipe), tecnologias de prevenção da poluição, tecnologias de produtos e processos. 35EDUCAÇÃO AMBIENTAL EXERCÍCIOS SUMÁRIO 1. O aluno visitará o site de uma empresa dotada de um sistema de gestão ambien- tal, segundo critérios da ISO 14001. Em seguida, identificará as medidas tomadas para cumprir as cinco etapas do SGA, propostas pela norma, que conforme vimossão: requisitos gerais, política ambiental, planejamento, verificação e avaliação. 2. Uma vez concluída a pesquisa, comente, de acordo com seu ponto de vista: • O sistema é eficiente? • Que vantagens e desvantagens o sistema SGA dessa empresa possui? • Você implantaria esse sistema em sua empresa? Justifique. 36 O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS O gerenciamento de resíduos sólidos constitui um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados, com o objetivo de minimizar a produção desses resíduos, proporcionando aos resíduos gerados a adequada coleta, armazenamento, tratamento, transporte e destino final, com vistas à preservação da saúde pública e à qualidade do meio ambiente. Todo esse sistema deve estar presente em um documento chamado de Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observando suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos geradores de resíduos das diversas atividades, contemplando os aspectos referentes à segregação, coleta, manipulação, o acondicionamento, o transporte, armazenamento, tratamento a reciclagem, bem como a disposição final dos resíduos sólidos. por Vanessa Cristina Brambilla 37EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO A hieraquização para implantar programas de gerenciamento deve obedecer uma sequência lógica e natural, expressa pelas seguintes providências (AMBIANCE, 2004): • Redução na fonte: consiste na prevenção da geração de resíduos, através do uso de matérias- -primas menos tóxicas e/ou mudanças de processo. • Minimização da geração de resíduos por meio de modificações no processo produtivo, ou pela adoção de tecnologias limpas, mais modernas, que permitem, em alguns casos, eliminar com- pletamente a geração de materiais tóxicos. • Reprocessamento dos resíduos gerados, transformando-os novamente em matérias-primas ou utilizando para gerar energia. • Reutilização dos resíduos gerados por uma indústria como matéria-prima para outra indústria. • Separação de substâncias tóxicas das não tóxicas, reduzindo o volume total de resíduo que deva ser tratado ou disposto de forma controlada. • Processamento físico, químico ou biológico do resíduo, de forma a torná-lo menos perigoso ou até inerte, possibilitando sua utilização como material reciclável. • Incineração, com o correspondente tratamento dos gases gerados e a disposição adequada das cinzas resultantes. • Disposição dos resíduos em locais apropriados, projetados e monitorados, de forma a assegu- rar que venham, no futuro, contaminar o meio ambiente. A prioridade no gerenciamento de resíduos sólidos industriais deve obedecer a seguinte hierarquia, conforme mostra a figura. Podemos considerar que essas soluções, na sequência em que estão apresenta- das, decrescem em eficácia, pois partem de um conceito de eliminação do problema (o de evitar a geração do resíduo) e terminam na disposição controlada deste resí- duo gerado (isto é, em um aterro ou uma lagoa) (AMBIANCE, 2004: BACKER, 1995). O objetivo do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) é basea- do na Legislação vigente, onde são estabelecidos os princípios básicos da mini- mização da geração de resíduos, identificando e descrevendo as ações relativas ao seu manejo adequado, levando em consideração os aspectos referentes a to- das as etapas. As mesmas que compreendem a geração, segregação, acondicio- namento, identificação, coleta, transporte interno, armazenamento temporário, tratamento interno, armazenamento externo, coleta e transporte externo, tra- tamento externo e disposição final, devidamente licenciada pelo órgão ambien- tal competente (AMBIANCE, 2004). 38EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO FLUXOGRAMA DA ELABORAÇÃO, REVISÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS O fluxograma de elaboração, de revisão e de implementação do Plano de gerenciamen- to dos resíduos sólidos defini-se: CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS A classificação dos resíduos sólidos é realizada de acordo com a norma NBR 10.004 – Resíduos Sólidos – (Classificação), que os classifica quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, indicando quais deles devem ter manuseio e destinação rigida- mente controlados (AMBIANCE, 2004). A classificação dos resíduos envolve a identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, assim como de seus constituintes, características e comparação desses consti- tuintes, com listagens de resíduos e substâncias, cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. A identificação dos constituintes a serem avaliados na caracterização do resíduo deve ser criteriosa e estabelecida de acordo com as matérias-primas, insumos e o processo que lhe deu origem (AMBIANCE, 2004: BRESSAN, 1996). Segundo a Norma NBR 10.004, de 2004, os resíduos são classificados em dois grupos – Perigosos e Não perigosos, estando esse último grupo subdividido em Não inertes e Inertes. • Resíduos Classe I – Perigosos São aqueles que apresentam periculosidade, inflamabilidade, corrosividade, reativi- dade, toxicidade ou patogenicidade. 39EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO • Resíduos Classe II – Não Inertes e Inertes Divididos em A e B, são os que não se enquadram na clas- sificação de resíduos Classe I. • Resíduos Classe II A – Não inertes São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos Classe I – Perigosos ou de resíduos Classe II B – Iner- tes, nos termos da NBR 10.004/04. Os resíduos Classe II A – Não Inertes podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. • Resíduos Classe II B – Inertes Qualquer resíduo amostrado de forma representativa, segundo a NBR 10007 – (Amostragem de resíduos sólidos), e submetido a um contato dinâmico ou estático com água des- tilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme NBR 10.006. – Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos, que não tiverem nenhum de seus consti- tuintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Ainda, os resíduos são classificados em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, com base na identificação de contaminantes presentes na massa. Essa identificação, contudo, é bastante complexa em inúmeros casos. Portanto, um conhecimento prévio do processo industrial é imprescindível para a classificação do resíduo, identificação das substâncias presentes nele e ve- rificação de sua periculosidade. Quando um resíduo tem origem desconhecida, o tra- balho para classificá-lo se torna ainda mais complexo. Mui- tas vezes, mesmo aqueles com origem conhecida, apresen- tam dificuldade para conseguir uma resposta conclusiva e, nesses casos, será necessário analisar parâmetros indiretos ou mesmo realizar bioensaios (BACKER, 1995). O fluxograma apresentará a metodologia a ser adota- da na caracterização e classificação de resíduos, segundo a NBR 10.004. Obs.: os resíduos radioativos não se enquadram nessa classificação, pois o gerenciamento é de competência exclu- siva da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). 40EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO SEGREGAÇÃO DOS RESÍDUOS A segregação dos resíduos é a separação dos mesmos de acordo com suas caracterís- ticas químicas, físicas e biológicas, no momento e local em que são gerados. Também são segregados pelo seu estado físico e pelo risco envolvido (AMBIANCE, 2004). Essa separação, no momento da geração, evita que os resíduos sejam contaminados com outros resíduos de classes diferentes e minimiza os riscos com a manipulação dos mes- mos. Também facilita o reconhecimento dos resíduos, maximiza o reuso e a reciclagem. É recomendado que a empresa siga o código de cores para os diferentes tipos de resí- duos estabelecidos na Resolução do CONAMA nº 275, de 25 de Abril de2001, conforme segue (AMBIANCE, 2004): ACONDICIONAMENTO DOS RESÍDUOS O acondicionamento é o ato de acomodar os resíduos em sacos ou recipientes que evi- tem vazamentos, antes de sua coleta e transporte, não devendo ocorrer a mistura das clas- ses. Cada resíduo segregado deve ser acondicionado em local diferente, cuja capacidade deve ser compatível com a geração e frequência da coleta (AMBIANCE, 2004). Quando tambores forem utilizados, esses deverão estar em perfeito estado de conser- vação e possuírem tampa. Os resíduos perigosos, caso sejam acondicionados em tambores, deverão ter o tambor revestido internamente com saco plástico resistente, visando proteger o tambor e manter suas características físicas de contenção intactas (BACKER, 1995). TRATAMENTO EXTERNO OU DISPOSIÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS Os métodos mais utilizados para o tratamento e disposição final de resíduos são (AMBIANCE, 2004): • Compostagem: processo de obtenção de composto por meio de tratamento aeróbico de lodos de esgoto, resíduos agrícolas, industriais e, em especial, dos resíduos urba- nos. Esse processo tem como resultado final um produto – composto orgânico – que pode ser aplicado no solo para melhorar suas características. AZUL: papel/ papelão VERMELHO: plástico VERDE: vidro AMARELO: metal PRETO: madeira LARANJA: resíduos perigosos MARROM: resíduos orgânicos CINZA: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação. BRANCO: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde. 41EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO • Coprocessamento: destruição térmica através de fornos de cimento; diferente das outras técnicas, usamos o resíduo como potencial energético ou em substituição de matéria-prima na indústria cimenteira. Devido as altas temperaturas, a destruição do resíduo é total e não gera cinzas, uma vez que o material da queima é incorporado à matriz do clínquer, eliminando a disposição em aterros. Ressaltamos que não são todos os resíduos que podem ser coprocessados. • Reprocessamento: processo onde existe o reaproveitamento de subprodutos, oriundos de diversos processos produtivos. Essa técnica fundamenta-se na fusão de resíduos após reação química, fazendo com que os produtos obtidos sejam, ge- ralmente, considerados materiais seguros na produção de matéria-prima para a fabricação de outros produtos. • Incineração: consiste no processo de oxidação térmica sob alta temperatura, na qual ocorre a decomposição da matéria orgânica (resíduo), transformando-a em uma fase gasosa e outra sólida. Tem a finalidade de diminuir o volume, peso ou eliminá-lo e, as cinzas devem ser devidamente dispostas em aterros industriais quando for constata- do resíduo de alta periculosidade. Deve ser conhecido o resíduo a ser incinerado de- vido a poluição dos gases gerados, tendo todas as medidas e dispositivos de controle. • Reciclagem: aproveitamento dos detritos que eram considerados lixo e reutilizá-los no ciclo de produção de onde foram originados. São coletados, processados para se- rem utilizados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. • Aterro Classe I: destinam-se os resíduos considerados perigosos. Ex: cinzas de incineradores, resíduos Classe I que não podem ser copro- cessados, assim como não podem receber outro tipo de tratamento. O aterro é dotado de uma estrutura capaz de minimizar os riscos de contaminação do lençol freático, pois é operado com cobertura, a fim de evitar a formação de percolado devido a incidência das águas pluviais e, possui um sistema de impermeabilização, protegendo o solo e lençóis de águas subterrâneas. • Aterro Classe II – A: abrange o destino de resíduos não perigosos e não inertes. Os aterros Classe II-A possuem impermeabilização com argila e geomembrana de PEAD, sistema de drenagem e trata- mento de efluentes líquidos e gasosos. • Aterro Classe II – B: destina-se aos resíduos inertes. TRANSPORTE DOS RESÍDUOS Os resíduos Classe I devem ser transportados por empresa que pos- sua Licença de Operação para a Atividade de Fontes Móveis de Poluição, acompanhado do Manifesto de Transporte de Resíduos e Ficha de Emer- gência e Envelope (BRESSAN, 1996). 42EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO PONTOS DE REFLEXÃO Gerenciamento de resíduos, como proceder? • Entendimento da importância do tema e de obedecer a hierarquia: evitar, minimizar, reusar, reci- clar, reaproveitar, tratar e dispor os resíduos. 43EDUCAÇÃO AMBIENTAL EXERCÍCIOS SUMÁRIO 1. Em uma sociedade de consumo como a nossa, é cada vez maior a produção de materiais descartados diariamente, trazendo uma série de problemas que interferem diretamente na qualidade de vida. O Decreto Estadual n.º 38.356/98, que regulamenta a Lei Estadual de Resíduos Sólidos n.º 9.921/93 (In: Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2003), estabelece um modelo de gestão que combina diversas técnicas para o manejo dos di- ferentes componentes do fluxo de resíduos. O mesmo fundamenta-se em alguns princípios que visam a diminuição do desperdício, do volume de resíduos, proporcionam economia de recursos naturais e de energia, assim como re- duzem a poluição do solo, da água e do ar. Podemos sintetizar esses princípios, na seguinte ordem: a. não geração ou redução/minimização; reutilização/ reaproveitamento; reciclagem; tratamento adequado e cor- reta disposição final; b. não geração ou redução/minimização; compostagem; reciclagem; reutilização/reaproveitamento; c. geração ou aumento/maximização; reutilização/reaproveitamento; reciclagem; correta disposição final; d. não geração ou redução/minimização; reutilização/ reaproveitamento; incineração; correta disposição final; e. geração; reciclagem; compostagem; tratamento adequado e correta disposição final. 2. Aprendemos, neste capítulo, a respeito de todos os resíduos que devem ser separados, armazenados e reciclados ou destinados de forma correta, evitando sempre a contaminação e poluição do meio ambiente. Com base neste estudo, de forma breve, comente quais são as maneiras corretas de descarte para o destino de resíduos sólidos industriais. 44 PROJETOS E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Você conhece projetos de educação ambiental? Sabe onde eles são aplicados? Para saber as respostas dessas questões, leia este capítulo! por Letícia Osório Da Rosa 45EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO INTRODUÇÃO Segundo o artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade e dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” A Constituição Federal defende a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e a efetividade desse direito é assegura- da também pela promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino e pela conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A Educa- ção Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo ser realizado em todos os níveis e modalidades do processo educativo formal (que compreende a Educação Básica, Educação Superior, Educação Espe- cial, Educação Profissional e Educação de Jovens e Adultos) e não formal (exem- plo: ecoturismo e sensibilização ambiental de agricultores) (Casa Civil, 1999). A Educação Ambiental é legalmente estabelecida no Brasil, desempenhando o papel de conscientizar e instrumentalizar o dever de defender e proteger o meio ambiente, sendo executado por diferentes atores, tanto do poder público quan- to da iniciativa privada. Uma das formas de colocá-la em prática é por meio de programas e projetos, os quais serão apresentados neste capítulo. O texto ela- borado foi baseado nas obras de: Köche (2011); Rebolho & Silva (2013); Silva et al. (2014); Ibrahin (2014); FORGEP (2016); e Marconi & Lakatos (2019);além de outros trabalhos citados no decorrer do capítulo. 46EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO ESTRUTURA DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL A palavra projeto tem origem no latim “projectum” e significa “algo lançado à frente”, podendo ser definido como um plano para a realização de uma ação. Os projetos trazem vi- vências e experiências muito significativas para a formação daqueles que estão participan- do ativamente das suas etapas. Eles são compostos por diferentes etapas, tais como: plane- jamento, execução e divulgação, as quais podem ser evidenciadas na Figura 1. Cabe ressaltar que estas etapas podem apresentar flexibilizações, dependendo do contexto. PLANEJAMENTO Em um projeto, esta etapa é fundamental, pois nela estão indicados quais são os de- safios do projeto e como o projeto será realizado. Além disso, um plano de projeto, muitas vezes, é fundamental para pleitear a fomentos e financiamentos, no caso do licenciamento ambiental, pode estar vinculado a alguma condicionante. Os elementos básicos de um plano de projeto são: Figura 1 - Etapas um projeto Fomento e financiamento de projetos Existem fontes de financiamento para projetos, com editais permanentes ou que são abertos anualmente, alguns deles são direcionados para projetos de educação ambiental. O site Capta disponibiliza alguns destes editais. Para saber mais acesse: aqui! a. título; b. identificação do proponente; c. resumo; d. introdução/contextualização; e. público-alvo; f. justificativa; g. objetivo geral e específicos; h. métodos e atividades; i. avaliação; j. resultados esperados; k. recursos/orçamento e l. cronograma. https://capta.org.br/fontes-de-financiamento/oportunidades/ 47EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO Destaca-se que essa estrutura pode variar, uma vez que as agências de fomento podem possuir formatos específicos para o envio do plano de projeto. Nesta fase, também é importan- te estabelecer contato com as partes interessadas (stakeholders), ou público-alvo, realizando diagnósticos iniciais e, a partir desses resultados, elaborar o plano de educação ambiental. O público-alvo deve participar ativamente do diagnóstico dos problemas ambientais, buscando soluções para ser o protagonista da transformação da sua realidade. Ao escrever o plano de projeto, fique atento ao tempo verbal! O plano de projeto deve ser impessoal, evite a construção de oração na primeira pessoa. Além disso, utilize tempo verbal futuro para propor o que será realizado. Ferramentas e diretrizes que auxiliam no planejamento de projetos de educação ambiental. Existem algumas ferramentas e metodologias que podem ser aplicadas no planejamento de projetos de Educação Ambiental, tais como a 5W2H e a Theory of change (Teoria da Mudança). A 5W2H é uma ferramenta de gestão de projetos composta por sete questionamentos que serão desenvolvidos, direcionando a execução do projeto. Observe o Quadro 1. Quadro 1 - Ferramenta 5W2H (Baseado em Rebolho, 2013) A Theory of change (Teoria da Mudança) é uma metodologia para planeja- mento, participação e avaliação que será utilizada principalmente com ob- jetivo de promover mudanças sociais. Para conhecer mais, assista ao vídeo Theory Of Change, da DIY Toolkit, disponível: aqui! Atenção: o vídeo está em inglês, porém, você pode ativar a legenda em português nas configurações. Além disso, no momento de elaborar uma proposta de educação ambien- tal é interessante partir de algumas diretrizes, tais como: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Padrões de Desempenho sobre Sus- tentabilidade Socioambiental do International Finance Corporation (IFC), Padrões do Global Reporting Initiative (GRI) e Padrões do Account Ability. Perguntas Ações (Estrutura do Projeto) What? O que será feito? Ação Why? Por que será feito? Justificativa Where? Onde será feito? Local de execução When? Quando será feito? Tempo, cronograma Who? Por quem será feito? Responsabilidade pela ação How? Como será feito? Método, processo que será utilizado How much? Quanto custará fazer? Custo ou investimento envolvido no projeto https://www.youtube.com/watch?v=6zRre_gB6A4 48EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO EXECUÇÃO Após a realização do planejamento, dá-se o início à execução do projeto. Esta é a etapa em que serão realizadas as atividades planejadas, sendo importante que todos os integran- tes estejam alinhados para que tudo ocorra dentro do planejado. Além disso, é importante que o cronograma esteja bem alinhado e detalhado para ser acompanhado por todos. Fazem parte da etapa de execução as seguintes atividades: • a promoção do projeto; • o acompanhamento da execução das atividades propostas no plano; • a realização de avaliações periódicas; • possíveis realinhamentos de ações, e • a avaliação final. DIVULGAÇÃO Após finalizado um projeto, os resultados devem ser divulgados para as partes in- teressadas através de folders, boletins informativos, palestras, vídeos, cartazes, podcast, entre outros. Caso o projeto tenha recebido algum tipo de auxílio financeiro, muitas ve- zes, é necessária a apresentação de relatórios finais. Os relatórios finais devem conter os seguintes elementos: a. título; b. identificação do proponente; c. resumo; d. introdução/contextualização; e. justificativa; f. objetivos; g. público-alvo; h. métodos/atividades/avaliação; i. resultados e discussão; j. recursos utilizados e k. conclusões. Ao escrever o relatório final, fique atento ao tempo verbal! Como no plano de projeto, o relatório final deve ser impessoal, evite a construção de oração na primeira pessoa. Além disso, utilize o tempo verbal passado para relatar o que foi feito. 49EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO PROJETOS E PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL As práticas desempenhadas para o exercício da educação ambiental, em pro- gramas e projetos, serão realizadas por diferentes sujeitos em diferentes localida- des. Esses sujeitos são órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, órgãos públicos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, envol- vendo entidades não governamentais, entidades de classe, meios de comunicação e demais segmentos da sociedade. Sendo que a efetividade desses programas e proje- tos depende de recursos do poder público e da iniciativa privada, que proporcionam o exercício de educação ambiental, em busca de um futuro sustentável. EXEMPLOS DE PROJETOS E PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Ao realizarmos uma pesquisa na internet, não é difícil encontrarmos projetos de educação ambiental, logo, serão elencados alguns deles. A elaboração dos textos foi baseada nos sites das organizações, elencados na sequência. Instituto Costa Brasilis: é organização não-governamental, sem fins lucrati- vos, que possui programas de educação ambiental voltados às questões dos recursos hídricos e lixos nos mares. Maiores informações podem ser encontradas acessando: http://costabrasilis.org.br/o-instituto/. http://costabrasilis.org.br/o-instituto/ 50EDUCAÇÃO AMBIENTAL SUMÁRIO Instituto Orbis de Proteção e Conservação da Natureza: é a primeira OSCIP (Organi- zação da Sociedade Civil de Interesse Público) ambiental de Caxias do Sul, que promove ati- vidades de educação ambiental, oportunizando o desenvolvimento sustentável. Saiba mais em: http://institutoorbis.blogspot.com/. Instituto Elisabetha Randon: é uma Organização da Sociedade Civil com Interesse Pú- blico (OSCIP), que tem por objetivo promover a cidadania e o desenvolvimento social, de- senvolvendo ações direcionadas à educação, à cultura, à assistência social. Ele é mantido pelas empresas Randon e possui programas como o Florescer - um programa de responsa- bilidade social que dispõe de atividades de conscientização ambiental. Para conhecer o Ins- tituto Elisabetha Randon, acesse: https://ier.randon.com.br/pt/programas.
Compartilhar