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75 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Unidade II É importante que a empresa seja ouvida a respeito das normas de segurança estabelecidas por ela. As normas internas devem ser seguidas pelos funcionários como se fossem leis. Para isso podemos até usar das penalidades previstas por leis e jurisprudências. O que não pode é que as normas sejam somente de fachada, que não sejam cumpridas e, pior, que não sejam aceitas. A empresa precisa ser muito consciente no momento da criação das normas internas, não criando procedimentos que ferem a legislação e a ética pessoal do trabalhador. As normas de segurança devem ser pensadas e elaboradas a fim de proteger os funcionários. Esse é o único motivo da existência delas. A seguir, algumas recomendações que, caso você não saiba, estão na sua própria Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS): 1. A distração é um dos maiores fatores de acidentes. Trabalhe com atenção e dificilmente se acidentará. 2. A oficina é lugar de trabalho. As brincadeiras devem ser reservadas para as horas de folga. 3. Seus olhos não se recuperam depois de perdidos. Use óculos protetores sempre que o seu trabalho exigir. 4. A pressa é companheira inseparável dos acidentes. Faça tudo com tempo para trabalhar bem e com segurança. 5. Quando não souber ou tiver dúvida sobre algum serviço, pergunte ao seu mestre ou capataz, para prevenir-se contra possíveis acidentes. 6. As suas mãos levam para casa o alimento para sua família. Evite pô-las em lugares perigosos. 7. Não deixe tábuas com pregos espalhadas pela oficina, porque podem ser causa de sérios acidentes. 8. Comunique ao seu chefe toda e qualquer anormalidade ou defeito que notar na máquina ou ferramenta que for utilizar. 9. Não improvise ferramentas, procure uma que seja adequada para seu serviço. 76 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II 10. Lembre-se que você não é o único no serviço e que a vida de seu companheiro é tão preciosa quanto a sua. 11. Utilize em seus trabalhos ferramentas em bom estado de conservação, para prevenir possíveis acidentes. 12. Não fume em lugares onde se guardam explosivos e inflamáveis. 13. Coopere com seus companheiros em benefício da segurança de todos e siga os conselhos de seu chefe ou feitor. 14. O hábito de usar cabelos soltos durante o serviço tem dado causa a graves e irreparáveis acidentes. Use touca protetora quando seu trabalho reclamar. 15. Manda a lei que o seu patrão forneça os equipamentos de proteção que você necessita para o trabalho, mas você também está obrigado a usá-los, para prevenir acidentes e evitar as doenças profissionais. 16. Mostre ao seu novo companheiro os perigos que o cercam no trabalho. 17. Cada acidente é uma lição que deve ser apreciada, para evitar maiores desgraças. 18. Todo o acidente tem uma causa que é preciso ser pesquisada, para evitar a sua repetição. 19. Se você for acidentado, procure logo o socorro médico adequado. Não deixe que “entendidos” e “curiosos” concorram para o agravamento de sua lesão. 20. Se você não é eletricista, não se meta a fazer serviços de eletricidade. 21. Procure o socorro médico imediato, se você for vítima de um acidente, amanhã será tarde demais. 22. As máquinas não respeitam ninguém; mas você deve respeitá-las. 23. Atenda às recomendações de seus mestres e chefes. 24. Conheça sempre as regras de segurança da seção onde você trabalha. 25. Conversa e discussão no trabalho predispõe a acidentes pela desatenção. 26. Leia e reflita sempre os ensinamentos contidos nos cartazes e avisos sobre prevenção de acidentes. 77 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 27. Os anéis, pulseiras, gravatas e mangas compridas não fazem parte do seu uniforme de trabalho. 28. Mantenha sempre as guardas protetoras das máquinas nos devidos lugares. 29. Pare a máquina quando tiver que consertá-la ou lubrificá-la. 30. Habitue-se a trabalhar protegido contra os acidentes. Use equipamentos de proteção adequados a seu serviço. 31. Conheça o manejo dos extintores e demais dispositivos de combate ao fogo existentes em seu local de trabalho. Você pode ter necessidade de usá-los algum dia (BRASIL, [s.d.], p. 5). 5 PROJETO DE MELHORIA DE PROCESSOS Todo processo de melhoria de processo de trabalho implica mudanças. Não tenha medo, mudanças fazem bem, embora muitos queiram permanecer em sua zona de conforto. O primeiro passo para a melhoria de processos é a hierarquização das oportunidades de melhoria, estudando as prioridades identificadas pelo processo de autoavaliação. As metas são os desafios da organização e devem possuir uma capacidade de mobilizar as pessoas. A partir daí devem ser definidas as metas de melhoria a partir das prioridades hierarquizadas. 5.1 O que é gestão da qualidade? Para entender sobre a qualidade, é necessário conhecer o significado do termo. A palavra qualidade vem do latim qualitate. Os principais autores sobre o tema, como Deming, Crosby, Juran e Feigenbaum, procuraram defini-la de acordo com uma série de princípios que seriam adequados para a implantação da qualidade nas organizações. Assim, a gestão de qualidade é uma gerência com foco na qualidade da produção e dos serviços de determinada empresa. Surgiu na Segunda Guerra Mundial para corrigir os erros dos produtos bélicos, mas o termo utilizado era controle de processos. Com a evolução do termo, passou a ser chamada de garantia de qualidade, que utilizava normas específicas para cada etapa. Atualmente, por exemplo, os consumidores cobram cada vez mais qualidade dos produtos que adquirem. De acordo com os relatórios da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, através do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec), existem as seguintes reclamações registradas no Boletim Sindec 2015. 78 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Tabela 1 – Registro de reclamações dos consumidores (2015) Reclamado Número de reclamaçõesTelefonia, TV e Internet Operadoras de telecomunicações de telefonia celular 338.247 Operadoras de telecomunicações de telefonia fixa 241.311 TV por assinatura 174.676 Serviços internet 57.622 Total telefonia, TV e internet 811.856 Serviços financeiros Cartão de crédito 183.846 Banco comercial 144.138 Financeiras 76.551 Cartão de loja 33.193 Total serviços financeiros 437.728 Total de reclamações 2015 2.532.652 Adaptado de: Brasil (2015). O fato é que é necessário, em todo e qualquer lugar, ter fiscalização quanto à qualidade do produto. Um alimento estragado pode levar alguém a óbito. Tendo em vista esses aspectos, podemos concluir que as empresas e instituições precisam de uma gestão de qualidade. 5.2 História da gestão de qualidade Desde a Antiguidade, a qualidade possui diferentes formas, de acordo com o tipo de negócio. Nos séculos XVIII e XIX, os artesãos relacionavam a qualidade de um produto ao atender às necessidades de seus clientes. A partir da Revolução Industrial, a customização dos produtos é substituída pela padronização e inicia-se a produção em larga escala. Os artesãos perderam clientela, assim, a mão de obra de trabalhos manuais foi trocada por trabalhos mecânicos, com a substituição das ferramentas pelas máquinas, de energia humanapela energia motriz, sendo necessário inspecionar todos os produtos, levando a um processo de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica. Nessa época já era utilizado o modelo de administração taylorista, ou Administração Científica. Esse modelo retirou do trabalhador as etapas de concepção e de planejamento do produto. Em meio a essas mudanças, surge a função do inspetor, que era responsável pela qualidade dos produtos. Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foram encontrados vários defeitos em produtos bélicos, mesmo havendo pessoas responsáveis pela supervisão da qualidade desses produtos. Com o grande aumento da demanda de material bélico, os problemas com a falta da qualidade dos produtos cresceram de maneira assustadora, fazendo-se necessária a criação da figura do inspetor, que assumiu o papel do supervisor no controle da qualidade. 79 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a indústria foi impulsionada a produzir materiais bélicos de qualidade. Foi nesse período que o controle estatístico de qualidade se destacou. Em meados de 1924, o conceito de qualidade se expandiu, quando o engenheiro Walter Andrew Shewhart, conhecido como “pai do controle estatístico de qualidade”, inovou com gráficos de controle, quando fundiu conceitos de estatística à realidade produtiva de determinadas empresas, denominado controle estatístico de processo. Nesse mesmo período, Shewhart propôs o ciclo PDCA (plan, do, check e act, traduzido do inglês como planejar, executar, verificar e agir) para direcionar as atividades para análise e soluções de problemas, iniciando os estudos sobre a qualidade nas indústrias e demais locais de produção. Agir: Corretivamente e/ou preventivamente Atue no processo em função dos resultados Verificar: Verifique os efeitos do trabalho executado (metas x resultados) Planejar: Defina as metas e os objetivos Determine os métodos para alcançar as metas Executar: Eduque e treine Execute as tarefas documentadas A C P D Melhoria contínua Figura 12 – Ciclo PDCA Em 1931, Shewhart publica o livro Economic Control of Quality of Manufactured Product (Controle Econômico da Qualidade de Produto Manufaturado, em português), pela editora D. Van Nostrand Company Inc., de Chelsea, Michigan, no qual expõe os princípios básicos do controle da qualidade que seriam aprofundados mais tarde, em seu outro livro, Statistical Method from the Viewpoint of Quality Control (Método Estatístico do Ponto de Vista Controle de Qualidade, em português), de 1939, editado pela Graduate School of the Departament of Agriculture, em Washington. Os métodos estatísticos voltados para as técnicas de amostragem possibilitam uma inspeção mais eficiente, eliminando a amostragem 100%, mantendo, entretanto, o enfoque corretivo e não influindo no enorme número de produtos defeituosos sucateados. Já o controle estatístico do processo inicia a preocupação de detecção das causas dos defeitos e prevenção. Como o custo de inspecionar 100% das peças e componentes era proibitivo, adotaram-se técnicas sofisticadas de controle da qualidade, como as técnicas de amostragem. Para coordenar as tarefas dos operários não qualificados, foram criadas novas funções executadas por especialistas. Assim, surgiram batalhões de trabalhadores indiretos: mecânicos, inspetores da qualidade, especialistas em reparos, além dos supervisores e engenheiros de produção. Nos Estados Unidos, a área da qualidade se consolidou em 1945, com o surgimento da primeira associação de profissionais da área da qualidade, Society of Quality Enginers. Mais tarde, em 1946, foi 80 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II a vez da American Society for Quality Control (ASQC), modificada mais tarde para American Society for Quality (ASQ). Esta contava com a participação de nomes importantes, como Joseph M. Juran, membro e fundador. Após a Segunda Grande Guerra, em 1950, o americano William Edwards Deming foi convidado pelo Japão para ajudar a indústria japonesa, onde introduziu o método de controle estatístico a técnicos e engenheiros. A intenção era mudar a percepção de que o Japão somente produzia imitações baratas para uma nação que poderia produzir produtos inovadores e de qualidade. Segundo Deming, se os japoneses seguissem as suas instruções, eles poderiam conseguir os seus objetivos em cinco anos. Poucos acreditaram, mas decidiram aceitar o desafio e, para a surpresa do próprio Deming, conseguiram sucesso em quatro anos. Em 1954, Joseph Moses Juran contribui com a evolução da qualidade para os japoneses. Outros autores também ajudaram a formar o conceito de qualidade, e nas décadas de 1970 e 1980, os Estados Unidos e o Japão aprimoravam os processos de qualidade, mas de maneiras distintas. Na década de 1980, o planejamento estratégico se consolida como condição necessária, mas não suficiente, caso não esteja atrelado às novas técnicas de gestão estratégica. A partir de então, organizações no mundo todo implementaram os modelos de gestão de qualidade. No Brasil, em outubro de 1991, foi instituída a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ), entidade privada e sem fins lucrativos fundada por 39 organizações públicas e privadas, para administrar o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ), implementado em 1992 como um reconhecimento à excelência na gestão das organizações sediadas no Brasil, na forma de um troféu. Todas as atividades decorrentes da premiação, em todo o território nacional, e representação institucional externa do Prêmio Nacional da Qualidade em fóruns internacionais são atribuições da FPNQ. 5.3 Principais eras da qualidade As principais eras da qualidade foram: • Era da inspeção: o objetivo era separar o bom produto do produto defeituoso por meio da observação direta. No início do século XX, as empresas substituíram o supervisor de produção pelo inspetor da qualidade, tornando menos tendencioso o julgamento que determinava a qualidade. Mais tarde, foram criados departamentos especializados no controle da qualidade, que eram desvinculados dos departamentos de produção, mas que possuíam a mesma ênfase no julgamento independente. Após alguns anos, surgiram novas pesquisas que trouxeram destaque para o controle estatístico da qualidade. • Era do controle estatístico: entre os estudos que surgiram na época, um dos mais conhecidos foi a resolução dos problemas de qualidade dos produtos da Bell Telephone, o qual teve como integrantes Walter Shewhart e Joseph Juran, responsáveis pelo pontapé inicial do controle estatístico. Com a ascensão da produção massificada, tornou-se necessário o controle da qualidade com base 81 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO na amostragem, isto é, o controle estatístico da qualidade. Ao invés de inspecionar produto por produto, selecionava-se uma certa quantidade para inspeção, estendendo o seu resultado ao lote da qual aquela “quantidade” fora extraída. • Era da qualidade total: em 1961, Armand Vallin Feigenbaum apresentou o controle da qualidade total, que possuía duas ideias principais, o foco no cliente e os sistemas da qualidade. O primeiro significava que o interesse do cliente representava o ponto de partida, ou seja, a qualidade era embutida no produto ou serviço desde o seu início, a partir das necessidades e interesses do cliente. Quanto à gestão da qualidade, ela exigia uma visão sistêmicaque integrava pessoas, máquinas e informações. Seu papel era o de garantir a satisfação do cliente, ao mesmo tempo em que garantia os interesses econômicos da organização. Para esse pensador há nove fatores que afetam a qualidade – os chamados 9M –, que são: — Dinheiro (money): margens de lucro estreitas e investimentos. — Gerência (management): qualidade do produto e assistência técnica. — Pessoas (men): especialização e engenharia de sistemas. — Mercados (markets): competição e velocidade de mudança. — Motivação (motivation): educação e conscientização para a qualidade. — Materiais (materials): diversidade e necessidade de exames complexos. — Máquinas (machines): complexidade de manuseio e dependência da qualidade dos materiais. — Métodos (methods): melhores informações para tomada de decisão. — Requisitos de montagem do produto (mounting product requirements): fatores que devem ser considerados são poeira, vibração etc. • Gerenciamento estratégico da qualidade: incorpora elementos de visão e planejamento estratégico das organizações, no gerenciamento global dos negócios, com vistas às oportunidades diante da concorrência e à satisfação total do cliente. Essa abordagem incorpora elementos das três primeiras eras da qualidade, mas, segundo Garvin (1992, p. 45), “dá um passo adiante, vinculando a qualidade ao sucesso na concorrência”. Segundo o autor, antes a qualidade era responsabilidade do departamento de produção e agora saiu da fábrica e entrou na sala da alta gerência. Segundo Garvin, em seu livro Gerenciando a Qualidade: a Visão Estratégica e Competitiva, A pesquisa de mercado sobre qualidade, as pressões para melhoria contínua e os altos níveis de comunicação e participação são hoje uma necessidade. Estas responsabilidades ampliam o trabalho dos gerentes, que têm que 82 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II prestar atenção na qualidade se quiserem ser bem-sucedidos diante da intensa concorrência em escala mundial (GARVIN, 1992, p. 45). 5.4 Gestão de qualidade no Brasil As Normas ISO 9000 começaram a ser implantadas no Brasil a partir de 1990. Através dessas normas, as empresas brasileiras passaram a adquirir novas competências, como: aprender novos procedimentos, ter atitudes diferenciadas e interagir com o público interno e externo e também com o mercado. No Brasil, as indústrias de bens de capital, que têm como particularidade a produção por encomenda, sofreram grande influência, na área da qualidade e de tecnologia, das grandes empresas dos setores nuclear, elétrico, petroleiro e petroquímico, siderúrgico e de telecomunicações. Nessas indústrias, como regra geral, prevalecem os sistemas de gestão da qualidade. 5.5 Normalização de processos Pode-se definir a gestão da qualidade como qualquer atividade coordenada de direção e controle dos processos que possui como principal objetivo a melhoria de produtos e serviços, visando ainda garantir a satisfação total dos clientes. Normalização, portanto, é a maneira de organizar atividades pela criação e utilização de regras e normas, e elaboração, publicação e promoção do emprego destas. Segundo o site da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a definição de normalização é, Atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto. Consiste, em particular, na elaboração, difusão e implementação das Normas. A normalização é, assim, o processo de formulação e aplicação de regras para a solução ou prevenção de problemas, com a cooperação de todos os interessados, e, em particular, para a promoção da economia global. No estabelecimento dessas regras recorre-se à tecnologia como o instrumento para estabelecer, de forma objetiva e neutra, as condições que possibilitem que o produto, projeto, processo, sistema, pessoa, bem ou serviço atendam às finalidades a que se destinam, sem se esquecer dos aspectos de segurança. Norma é o documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características mínimas para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de ordenação em um dado contexto (ABNT, 2014). A norma, por princípio, é de uso voluntário, mas quase sempre é usada por representar o consenso sobre determinado assunto, obtido entre especialistas das partes interessadas. 83 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Na prática, a normalização está presente na fabricação dos produtos, na transferência de tecnologia e na melhoria da qualidade de vida através de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente. De acordo com os estudos sobre gestão da qualidade, existem seis elementos nos quais ela se baseia, sendo eles: excelência, valor, especificações, conformidade, regularidade e adequação ao uso. Veja a definição de cada aspecto: • Excelência: significa fazer o melhor que se consegue fazer. A excelência é considerada um valor por muitas organizações, sendo também um objetivo a ser seguido. Em termos simples, quando falamos de gestão da qualidade, utilizamos a palavra como sinônimo de um desempenho de alto nível, ou seja, trata-se basicamente do “fazer bem feito”, que é o ideal da própria excelência (boas práticas que conduzem à inovação e melhoram o resultado). • Regularidade: significa a redução da variação que ocorre em qualquer processo de trabalho, seja fabricar um produto ou prestar um serviço. Qualidade, em seu conceito, também é sinônimo de regularidade e confiabilidade. Dessa maneira, quanto menor for a variação de um produto (suas características ou desconformidades), mais qualidade ele conseguirá ter e vice-versa. Trata-se de um dos principais pontos na gestão da qualidade. • Valor: o valor é a apreciação feita pelo indivíduo da importância de um bem, tendo como base sua utilidade, aspecto e características. Num primeiro momento, significa produto de luxo ou de alto desempenho. Quanto mais alta a qualidade do produto, mais alto será o seu preço, uma vez que mais qualidade implica custos maiores. • Conformidade: é a contrapartida da qualidade planejada, ou seja, é a qualidade real que o produto oferece (aquela que o cliente recebe). Dependendo da taxa de sucesso do planejamento, ela pode ser próxima ou distante da qualidade planejada. Se ao final houver baixa conformidade, significa também que o produto é de baixa qualidade, pois um produto ou serviço bem feito é aquele que está dentro das especificações que foram planejadas. • Especificações: o elemento de especificação se refere à descrição do produto, ou de sua determinação circunstancial. São as características do produto. As especificações descrevem o produto ou serviço em termos de sua utilidade, desempenho e atributos. Com isso, nós temos a “qualidade planejada’’, que estabelece como o produto ou serviço devem ser. • Adequação ao uso: a adequação dependerá da perspectiva do cliente. Essa perspectiva abrange dois aspectos distintos: a qualidade de projeto e a ausência de deficiências. O primeiro compreende as características do produto que atendem às necessidades do cliente. Quanto mais o produto atender à sua finalidade, maior será a qualidade do projeto. A ausência de deficiências compreende as falhas no cumprimento das especificações, ou seja, quanto menor o número de falhas, mais alta será a qualidade do produto ou serviço. 84 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão: N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Os benefícios quantitativos permitem que as empresas reduzam o consumo de materiais, a variedade de produtos e o desperdício; padronizem componentes e equipamentos; aumentem a produtividade; melhorem a qualidade; e controlem os processos. As normas podem ser classificadas de diversas maneiras, dependendo do enfoque que se deseja dar. Assim, temos normas de procedimento, normas de especificação, de padronização, de ensaio, de classificação, de terminologia, de simbologia, apenas para citar alguns tipos de normas. Vamos ver o que nos interessa nesta disciplina. Primeiro, as normas de procedimento, que é todo e qualquer conjunto de normas, procedimentos, funções, atividades, políticas, objetivos, instruções e orientações que devem ser obedecidas e cumpridas pelos funcionários da empresa, bem como a forma como elas serão executadas, individualmente ou em conjunto. São documentos elaborados dentro de uma empresa com a finalidade de uniformizar os procedimentos que devem ser observados nas diversas áreas de atividade, sendo, portanto, um ótimo instrumento de racionalização de métodos, de aperfeiçoamento de sistema de comunicações, favorecendo a integração dos diversos subsistemas organizacionais, quando elaborados cuidadosamente com base na realidade da cultura organizacional. Em segundo lugar, as normas de terminologia, que são referentes a termos utilizados na organização, em seus sistemas e subsistemas, geralmente acompanhadas de definições. Proporciona os meios necessários para a adequada troca de informações entre clientes e fornecedores e os funcionários, com vistas a garantir a confiabilidade nas relações comerciais e pessoais. Imagine a empresa declarar no balanço de acidentes de trabalho que houve uma “reversão de expectativa”. Tudo bem que são palavras que muitos entendem, mas se declarar que “as metas de redução de acidentes de trabalho não foram atingidas”, ficaria mais claro para todos? As normas de terminologia geralmente são normas técnicas, que visam estabelecer uma linguagem única dentro da organização, para que ela não se transforme em uma Torre de Babel. Para quem não sabe ou não se lembra da história da Torre de Babel, de acordo com a Bíblia, especialmente no Antigo Testamento, livro do Gêneses, a torre teria sido construída pelos descendentes de Noé na época em que o mundo inteiro falava apenas uma língua. A soberba dos homens em se empenharem na empreitada de alcançar o mundo dos deuses teria causado a fúria de Deus, que, em forma de castigo, teria causado uma grande ventania para derrubar a torre e espalhado as pessoas sobre a Terra com idiomas diferentes, para confundi-las. Por esse motivo, o mito é entendido hoje como uma tentativa dos antepassados de explicar a existência de tantas línguas no mundo. Já as normas de simbologia ditam as formas de comunicação rápida entre pessoas (ou empresa e pessoas, ou mesmo entre empresas) utilizadas como padrão no mundo inteiro. No Brasil, as normas de segurança do trabalho estão reguladas pela norma regulamentadora NR 85 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 26. Infelizmente, e não sabemos o motivo, a NR 26 não determina as cores a serem utilizadas nas normas de segurança. No entanto, isso pode ser encontrado pelas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), denominada NBR 7195:1995: Cores para Segurança, que fixa as cores que devem ser usadas para prevenção de acidentes, empregadas para identificar e advertir contra riscos. Segundo essa norma, válida a partir de 31 de julho de 1995 e ainda em vigência, as cores a serem adotadas para segurança são: NBR 7195:1995: Cores para Segurança [...] 3.1.1 Vermelha 3.1.1.1 É a cor empregada para identificar e distinguir equipamentos de proteção e combate a incêndio, e sua localização, inclusive portas de saída de emergência. Os acessórios destes equipamentos, como válvulas, registros, filtros, etc., devem ser identificados na cor amarela. 3.1.1.2 A cor vermelha não deve ser usada para assinalar perigo. 3.1.1.3 A cor vermelha também é utilizada em sinais de parada obrigatória e de proibição, bem como nas luzes de sinalização de tapumes, barricadas, etc., e em botões interruptores para paradas de emergência. 3.1.1.4 Nos equipamentos de soldagem oxiacetilênica, a mangueira de acetileno deve ser de cor vermelha (e a de oxigênio de cor verde). 3.1.2 Alaranjada É a cor empregada para indicar “perigo”. É utilizada, por exemplo, em: a) partes móveis e perigosas de máquinas e equipamentos; b) faces e proteções internas de caixas de dispositivos elétricos que possam ser abertas; c) equipamentos de salvamento aquático, como boias circulares, coletes salva-vidas, flutuadores salva-vidas e similares. 3.1.3 Amarela É a cor usada para indicar “cuidado!”. É utilizada, por exemplo, em: 86 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II a) escadas portáteis, exceto as de madeira, nas quais a pintura fica restrita à face externa até a altura do 3º degrau, para não ocultar eventuais defeitos; b) corrimãos, parapeitos, pisos e partes inferiores de escadas que apresentem riscos; c) espelhos de degraus; d) bordas de portas de elevadores de carga ou mistos, que se fecham automaticamente; e) faixas no piso de entrada de elevadores de carga ou mistos e plataformas de carga; f) meios-fios ou diferenças de nível onde haja necessidade de chamar atenção; g) faixas de circulação conjunta de pessoas e empilhadeiras, máquinas de transporte de cargas, etc.; h) faixas em torno das áreas de sinalização dos equipamentos de combate a incêndio; i) paredes de fundo de corredores sem saída; j) partes superiores e laterais de passagens que apresentem risco; l) equipamentos de transporte e movimentação de materiais, como empilhadeiras, tratores, pontes rolantes, pórticos, guindastes, vagões e vagonetes de uso industrial, reboques, etc., inclusive suas cabines, caçambas e torres; m) fundos de letreiros em avisos de advertência; n) pilastras, vigas, postes, colunas e partes salientes de estruturas e equipamentos que apresentem risco de colisão; o) cavaletes, cancelas e outros dispositivos para bloqueio de passagem; p) para-choques de veículos pesados de carga; q) acessórios da rede de combate a incêndio, como válvulas de retenção, registros de passagem, etc.; r) faixas de delimitação de áreas destinadas à armazenagem. 3.1.4 Verde 3.1.4.1 É a cor usada para caracterizar “segurança”. É empregada para identificar: a) localização de caixas de equipamentos de primeiros socorros; 87 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO b) caixas contendo equipamentos de proteção individual; c) chuveiros de emergência e lava-olhos; d) localização de macas; e) faixas de delimitação de áreas seguras quanto a riscos mecânicos; f) faixas de delimitação de áreas de vivência (áreas para fumantes, áreas de descanso, etc.); g) sinalização de portas de entrada das salas de atendimento de urgência; h) emblemas de segurança. 3.1.4.2 Nos equipamentos de soldagem oxiacetilênica, a mangueira de oxigênio deve ser de cor verde (e a de acetileno de cor vermelha). 3.1.5 Azul É a cor empregada para indicar uma ação obrigatória, como, por exemplo: a) determinar o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) (por exemplo: “Use protetor auricular”); b) impedir a movimentação ou energizaçãode equipamentos (por exemplo: “Não ligue esta chave”, “Não acione”). 3.1.6 Púrpura É a cor usada para indicar os perigos provenientes das radiações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares. É empregada, por exemplo, em: a) portas e aberturas que dão acesso a locais onde se manipulam ou armazenam materiais radioativos ou contaminados por materiais radioativos; b) locais onde tenham sido enterrados materiais radioativos e equipamentos contaminados por materiais radioativos; c) recipientes de materiais radioativos ou refugos de materiais radioativos e equipamentos contaminados por materiais radioativos; d) sinais luminosos para indicar equipamentos produtores de radiações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares. 3.1.7 Branca É a cor empregada em: 88 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II a) faixas para demarcar passadiços, passarelas e corredores pelos quais circulam exclusivamente pessoas; b) setas de sinalização de sentido e circulação; c) localização de coletores de resíduos; d) áreas em torno dos equipamentos de socorros de urgência e outros equipamentos de emergência; e) abrigos e coletores de resíduos de serviços de saúde. 3.1.8 Preta É a cor empregada para identificar coletores de resíduos, exceto os de origem de serviços de saúde. 3.2 Cores de contraste 3.2.1 Recomenda-se o uso das cores de contraste da tabela [quadro a seguir], para se melhorar a visibilidade da sinalização. 3.2.2 As cores de contraste também podem ser usadas na forma de listas ou quadrados, para destacar a visibilidade, porém a sua área não pode ultrapassar 50% da área total. Fonte: ABNT (1995). Segundo as recomendações da NBR 7195, as cores de contraste devem ser aplicadas conforme o quadro a seguir: Quadro 1 – Cores de contraste Cor de segurança Cor de contraste Vermelha Branca Alaranjada Preta Amarela Preta Verde Branca Azul Branca Púrpura Branca Branca Preta Preta Branca Fonte: ABNT (1995, p. 3). 89 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Segundo a norma regulamentadora NR 26, 26.1 Cor na segurança do trabalho 26.1.1 Devem ser adotadas cores para segurança em estabelecimentos ou locais de trabalho, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes. 26.1.2 As cores utilizadas nos locais de trabalho para identificar os equipamentos de segurança, delimitar áreas, identificar tubulações empregadas para a condução de líquidos e gases e advertir contra riscos, devem atender ao disposto nas normas técnicas oficiais. 26.1.3 A utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas de prevenção de acidentes. 26.1.4 O uso de cores deve ser o mais reduzido possível, a fim de não ocasionar distração, confusão e fadiga ao trabalhador (BRASIL, 2011a, p. 1). Cabe lembrar que, antes da revisão da NR 26, a Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, que aprovava as Normas Regulamentadoras do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), relativas à Segurança e Medicina do Trabalho, estipulava as cores para a sinalização de segurança. Segundo a antiga norma, a indicação em cor, sempre que necessária, especialmente quando em área de trânsito para pessoas estranhas ao trabalho, será acompanhada dos sinais convencionais ou da identificação por palavras. Dizia a antiga norma: Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978 O vermelho deverá ser usado para distinguir e indicar equipamentos e aparelhos de proteção e combate a incêndio. Não deverá ser usado na indústria para assinalar perigo, por ser de pouca visibilidade em comparação com o amarelo (de alta visibilidade) e o alaranjado (que significa alerta). A cor vermelha será usada excepcionalmente com sentido de advertência de perigo: • Nas luzes a serem colocadas em barricadas, tapumes de construções e quaisquer outras obstruções temporárias. • Em botões interruptores de circuitos elétricos para paradas de emergência. O amarelo deverá ser empregado para indicar “Cuidado!” e em canalizações, deve-se utilizar o amarelo para identificar gases não liquefeitos. Listras (verticais ou inclinadas) e quadrados pretos serão usados sobre o amarelo quando houver necessidade de melhorar a visibilidade da sinalização. O branco será empregado em passarelas e corredores de circulação, por meio de faixas (localização e largura); direção e circulação, por meio de sinais; localização e coletores 90 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II de resíduos; localização de bebedouros; áreas em torno dos equipamentos de socorro de urgência, de combate a incêndio ou outros equipamentos de emergência; áreas destinadas à armazenagem; e, por fim, zonas de segurança. O preto será empregado para indicar as canalizações de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade (por exemplo: óleo lubrificante, asfalto, óleo combustível, alcatrão, piche etc.). O preto poderá ser usado em substituição ao branco, ou combinado a este, quando condições especiais o exigirem. O azul será utilizado para indicar “Cuidado!”, ficando o seu emprego limitado a avisos contra uso e movimentação de equipamentos, que deverão permanecer fora de serviço. O verde é a cor que caracteriza “segurança”. Deverá ser empregado para identificar canalizações de água; caixas de equipamento de socorro de urgência; caixas contendo máscaras contra gases; chuveiros de segurança; macas; fontes lavadoras de olhos; quadros para exposição de cartazes, boletins, avisos de segurança, etc.; porta de entrada de salas de curativos de urgência; localização de EPI; caixas contendo EPI; emblemas de segurança; dispositivos de segurança; e mangueiras de oxigênio (solda oxiacetilênica). O laranja deverá ser empregado para identificar: canalizações contendo ácidos; partes móveis de máquinas e equipamentos; partes internas das guardas de máquinas que possam ser removidas ou abertas; faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos; faces externas de polias e engrenagens; botões de arranque de segurança; dispositivos de corte, borda de serras, prensas. A púrpura deverá ser usada para indicar os perigos provenientes das radiações eletromagnéticas penetrantes de partículas nucleares. O lilás deverá ser usado para indicar canalizações que contenham álcalis. As refinarias de petróleo poderão utilizar o lilás para a identificação de lubrificantes. O tom cinza tem duas versões: • Cinza claro: deverá ser usado para identificar canalizações em vácuo. • Cinza escuro: deverá ser usado para identificar eletrodutos. O alumínio será utilizado em canalizações contendo gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade (por exemplo: óleo diesel, gasolina, querosene, óleo lubrificante, etc.). O marrom pode ser adotado, a critério da empresa, para identificar qualquer fluído não identificável pelas demais cores. Adaptado de: Brasil (1978d). 91 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Embora a norma tenha sido atualizada, pode valer a dica da norma anterior sobre a utilização das cores na área de segurança do trabalho, prevalecendo, é claro, as normas da ABNT, NBR 7195:1995: Cores para Segurança. No dia 27 de julho de 1972, o então Ministro do Trabalho, Sr. Júlio Barata, regulamentava a formação técnica em Segurança e Medicina do Trabalho no Brasil, umpasso importante e pioneiro no mundo, pois o Brasil foi o primeiro a ter um serviço obrigatório de segurança e saúde no ambiente de trabalho. Por definição, acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício a serviço de determinada empresa ou órgão, que provoca lesão corporal ou perturbação funcional de caráter temporário ou permanente, que pode levar ao afastamento, à redução da capacidade de trabalho ou até mesmo à morte do empregado. Dados do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (JARDIM, 2015), [...] apontam uma realidade preocupante: entre 2011 e 2013 mais de 600 pessoas morreram vítimas de acidentes de trabalho com máquinas e equipamentos. [...] Máquinas e equipamentos provocaram no total 221.843 acidentes, o que representa 17% dos acidentes de trabalho típicos ocorridos no período. Foram comunicados ainda 41.993 fraturas (270 por semana) e 13.724 amputações (mais de 12 por dia). Preocupado com esses dados, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), em parceria com diversas instituições públicas e privadas, instituiu o Programa Trabalho Seguro: Programa Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, que visa à formulação e execução de projetos e ações nacionais voltados à prevenção de acidentes de trabalho e ao fortalecimento da Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho, buscando diminuir drasticamente o número de acidentes desse tipo no Brasil. Um acidente é um evento indesejável que causa danos pessoais, pode causar danos materiais, ao patrimônio da empresa, e danos financeiros, e que ocorre de modo não intencional. Acidente de trabalho é aquele que ocorre no exercício do trabalho, a serviço da empresa, gerando lesão corporal ou até mesmo a morte, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho de forma permanente ou temporária. 6 ACIDENTE DE TRABALHO Sabemos que um acidente nunca tem origem em apenas uma causa, mas em uma cadeia de eventos, que vão se acumulando, até que uma última falha propicie a ocorrência do acidente. Um acidente não ocorre simplesmente de forma imprevista, é causado por ato inseguro, seja por imperícia, imprudência ou negligência: • Negligência: desleixo, descuido, desatenção, menosprezo, indolência, omissão ou inobservância do dever em realizar determinado procedimento, com as precauções necessárias. Na negligência, alguém deixa de tomar uma atitude ou apresentar conduta que era esperada 92 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II para a situação. Age com descuido, indiferença ou desatenção, não tomando as devidas precauções. Negligência é quando aquele que deveria tomar conta para que uma situação não aconteça, não presta a atenção requerida e deixa acontecer. • Imprudência: é a falta de cautela, de cuidado, é mais que falta de atenção, é a imprevidência acerca do mal que se deveria prever, porém, não previu. A imprudência pressupõe uma ação precipitada e sem cautela. A pessoa não deixa de fazer algo, não é uma conduta omissiva como a negligência. Na imprudência, ela age, mas toma uma atitude diversa da esperada. Imprudente é aquele que sabe do grau de risco envolvido na atividade e mesmo assim acredita que é possível a realização sem prejuízo para ninguém. É aquele que extrapola os limites da inteligência e do bom senso. • Imperícia: falta de técnica necessária para a realização de certa atividade. Para que seja configurada a imperícia é necessário constatar a inaptidão, ignorância, falta de qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de conhecimentos elementares e básicos da profissão. Um médico sem habilitação em cirurgia plástica que realize uma operação e cause deformidade em alguém pode ser acusado de imperícia. Imperícia é quando alguém que deveria ter domínio sobre uma determinada técnica não a domina. Refere-se à ausência de conhecimentos básicos, habilidades e ignorância sobre determinados assuntos relacionados à profissão. A imperícia pode gerar responsabilidade civil e criminal nos envolvidos. E por que acontecem acidentes de trabalho? Os acidentes de trabalho ocorrem por que houve falha de um sistema, porque não foram respeitadas as leis e práticas de trabalho com segurança e estabilidade, porque não se atendeu a repetidos sinais e ocorrências de menor gravidade que indiciavam múltiplos perigos. Um acidente é um grave evento desencadeado por, basicamente, dois grandes grupos de causas, tradicionalmente definidos como atos inseguros e condições inseguras: • Atos inseguros: são fatores importantes que colaboram para a ocorrência de acidentes do trabalho e são definidos como as causas de acidentes que residem exclusivamente no fator humano. São exemplos de atos inseguros: executar tarefas para as quais não está qualificado, dirigir perigosamente, não usar EPI etc. Podemos definir ato inseguro como a ação das pessoas ao se expor, de forma consciente ou não, ao risco de sofrer acidentes. É possível identificar sete fatores associados a erros humanos como causa de acidentes: — Personalidade: ao integrar o quadro de funcionários de uma empresa, o trabalhador carrega consigo um conjunto de características, tanto positivas como negativas, que em conjunto definem a sua personalidade. Algumas dessas características negativas (irresponsabilidade, teimosia, impaciência, entre outras) podem constituir causa de atos inseguros e condições inseguras. Uma vez que não se consegue eliminar os traços negativos da personalidade, surgirão, em consequência, falhas no comportamento, no trabalho. Isso pode resultar em atos e condições inseguras, que poderão levar ao acidente e às lesões. 93 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO — Falta de capacidade: falta de qualificação para a execução da tarefa. Um motorista comum, por exemplo, que, ao tentar operar uma empilhadeira, sofre ou causa um acidente. — Falta de aptidão física ou mental: está associada a duas circunstâncias: ou o indivíduo não preenche o perfil mínimo para ocupar uma função ou fatos circunstanciais alteram momentaneamente essa aptidão. Condições como uma noite mal dormida, problemas pessoais, situações de estresse e uso de drogas podem afetar o desempenho do trabalhador. — Falha devido a condições ergonômicas inadequadas: estão associadas ao ambiente, a máquinas e equipamentos não protegidos ou inapropriados, que propiciam a ocorrência da falha humana. — Falha na informação: nessas circunstâncias, o acidente acontece porque quem executava a tarefa não dispunha de alguma informação ou fato que alguém conhecia e ele não. Decorre de deficiência no sistema de comunicação. — Falha por deslize: a pessoa tem a informação necessária, tem qualificação e capacitação adequadas, tem aptidão e motivação, e mesmo assim, em determinado momento, esquece-se de cumprir determinado passo ou etapa. — Falha devido à motivação incorreta: decorre do excesso de confiança, comum nas pessoas mais experientes, que ignoram alguns passos e precaução na execução da tarefa, tomando atalhos. Por exemplo: o eletricista que retira os EPIs após finalizada a tarefa, ainda estando dentro da área de risco. • Condições inseguras: são assim consideradas as não conformidades que, presentes no ambiente de trabalho, comprometem a segurança dos trabalhadores e das instalações e equipamentos. Constituem-se basicamente em: — Fatores ambientais: agentes químicos, físicos, biológicos, equipamentos, ferramentas, instalações, layout (espaço). — Fatores organizacionais: organização do trabalho, métodos e processos, procedimentos. Já que é difícil modificar a personalidade e a falha humana, se eliminarmos atos inseguros e condições inseguras,quebramos o ciclo de um possível acidente que poderia ocorrer. A eliminação da causa-raiz, seja ele ato inseguro ou condição perigosa, constitui a base da prevenção dos acidentes. Lembrete Atos inseguros e condições inseguras se referem à causa do acidente. Acidente é o provável resultado da presença de atos e condições inseguras no local do trabalho. 94 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II No Brasil, a definição de acidente de trabalho não é dada por documento oficial do Ministério do Trabalho, mas sim pela Lei Geral da Previdência Social, a Lei nº 8.213, de 1991. São considerados acidentes de trabalho: • O acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o local de trabalho. • A doença profissional produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade. • A doença do trabalho adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. Pelos artigos 19 e 21 da Lei nº 8.213/91, Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (BRASIL, 1991). Complementando, pelo Artigo 2º, parágrafo 1º, inciso V, alínea d, da Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976: Art. 2 º. Equiparam-se ao acidente do trabalho, para fins desta Lei: [...] V – o acidente sofrido pelo empregado ainda que fora do local e horário de trabalho: [...] d) no percurso da residência para o trabalho ou deste para aquela (BRASIL, 1976). O acidente do percurso, ou in itinere (em percurso), ocorre quando o operário vai da residência para o emprego, para entrar em serviço, ou quando o deixa e se dirige à residência, é o tempo que o empregado gasta até o seu local de trabalho e para o retorno. No percurso, se sofrer danos à saúde ou à integridade física, tem direito a ser indenizado. O art. 21 da Lei nº 8.213/91 equipara ainda a acidente de trabalho: Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: 95 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. 96 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II § 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior (BRASIL, 1991). O local é fator importante para a caracterização da relação de causa e efeito, entre a conduta e o resultado, entre o trabalho e o acidente. É evidente que, se o acidente ocorre nas dependências da empresa para a qual o trabalhador presta serviços, há maior facilidade para tal configuração. Da mesma forma, o horário da ocorrência. Entretanto, desde o momento que o trabalhador sai de sua residência com destino ao serviço, até o seu retorno, está amparado pela lei acidentária. Há, porém, necessidade de o trabalhador estar dirigindo- se ao local de trabalho com o objetivo de cumprir a sua jornada. Assim, se um empregado, em um domingo em que não trabalha, caminha em direção à fábrica onde presta serviços e é atropelado, está bem claro que não ocorreu o acidente de trabalho. Se o mesmo trabalhador se dirige à mesma fábrica, pouco antes do horário de entrada, com o objetivo de cumprir o seu trabalho diário, e é atropelado, no mesmo local, há a caracterização do acidente in itinere. Cabe aqui lembrar que o segurado tem garantida à manutenção de seu contrato de trabalho, independentemente do recebimento do auxílio-acidente. Veja o que diz o Artigo 118, da Lei nº 8.213/91: Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente (BRASIL, 1991). Observação Lesão: dano sofrido pelo trabalhador em consequência de um acidente, mas nem todo acidente implica lesão, pois lesão implica dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano. 6.1 Como prevenir acidentes de trabalho Afinal, como prevenir acidentes de trabalho? O Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (Plansat) estabelece que, A Convenção nº 155 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que dispõe sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores e o Meio Ambiente de Trabalho, de 22 de junho de 1981, aprovada pelo Congresso Nacional 97 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO em 18 de maio de 1992 e incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro através do Decreto nº 1.254, de 29 de setembro de 1994, estabelece o dever de cada Estado-Membro de, em consulta com as organizações mais representativas de empregadores e trabalhadores, formular, implementar e rever periodicamente uma política nacional de segurança e saúde no trabalho, com o objetivo de prevenir acidentes e doenças relacionados ao trabalho por meio da redução dos riscos à saúde existentes nos ambientes de trabalho (BRASIL, 2012b, p. 9). Segundo a mesma publicação, o objetivo e os princípios do Plansat são: I – A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho PNSST tem por objetivos a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram nocurso dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho; II – A PNSST tem por princípios: a) universalidade; b) prevenção; c) precedência das ações de promoção, proteção e prevenção sobre as de assistência, reabilitação e reparação; d) diálogo social; e e) integralidade; III – Para o alcance de seu objetivo a PNSST deverá ser implementada por meio da articulação continuada das ações de governo no campo das relações de trabalho, produção, consumo, ambiente e saúde, com a participação voluntária das organizações representativas de trabalhadores e empregadores (BRASIL, 2012b, p. 18). Assim, é necessário que a empresa adote uma linguagem clara quanto aos riscos e às medidas preventivas que deverão ser adotadas. Segundo a Norma Regulamentadora 9, do Ministério do Trabalho e Emprego: NR 9.5.2 Os empregadores deverão informar os trabalhadores de maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos (BRASIL, 1994d, p. 4). 98 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II A conscientização dos funcionários é a prática mais importante para uma gestão de segurança do trabalho. 6.1.1 Fases da conscientização Podemos considerar como fases da conscientização: Divulgação dos riscos A empresa precisa divulgar de forma clara os riscos a que estão expostos os funcionários da empresa, utilizando os canais de comunicação interna (lembre-se das normas de terminologia e simbologia), visando conscientizar e alertar seus colaboradores quanto aos riscos e às ações de prevenção, para evitar doenças ocupacionais e acidentes no ambiente de trabalho. Essa conscientização pode acontecer através da promoção de palestras e treinamentos específicos, ministrados por pessoas capacitadas, que abordem temas relacionados às regras de proteção, à saúde e às boas condutas no ambiente de trabalho. Podemos destacar ações como: o diálogo diário de segurança (DDS), que constitui basicamente na reserva de um pequeno espaço de tempo, recomendado antes do início das atividades diárias na empresa e com duração de 5 a 15 minutos, para a discussão e instruções básicas de assuntos ligados à segurança no trabalho que devem ser utilizadas e praticadas por todos os participantes; a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat), um evento obrigatório nas empresas instaladas no Brasil, que deve ser organizado anualmente pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), em conjunto com o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), com o objetivo de conscientizar os empregados sobre a saúde e segurança no trabalho, além da prevenção de acidentes, entre outras questões; e também usando comunicação visual, placas de perigo, risco e cuidado e até o mapa de risco. Lembre-se que o mapa de risco deve ser elaborado pelos membros da Cipa, de acordo com a norma regulamentadora NR 5, na qual: DAS ATRIBUIÇÕES 5.16 A CIPA terá por atribuição: a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho (BRASIL, 1999a, p. 2). Um mapa bem elaborado, com uma linguagem clara, é muito útil para a conscientização. O mapa de risco consegue conscientizar e orientar até aqueles que ainda não tiveram chance de participar de palestras, como visitantes da empresa, por exemplo. 99 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO O mapa de risco é representado graficamente através de círculos de cores (conforme a figura a seguir) e tamanhos diferentes (riscos pequeno, médio e grande) sobre o layout (palavra inglesa que significa plano, arranjo, esquema, design, projeto) da empresa e deve ficar afixado em local visível a todos os trabalhadores. A maior dificuldade das empresas no mapeamento dos riscos ambientais está na falta de capacidade, informação e subsídios técnicos para identificar, avaliar e controlar os riscos existentes dentro de seus processos produtivos. Legenda: Cores Os números dentro dos círculos indicam quantos funcionários estão expostos ao risco Tamanho dos círculos Indica riscos físicos Indica risco pequeno Indica risco médio Indica risco grande Indica riscos químicos Indica riscos biológicos Indica riscos ergonômicos Indica riscos de acidentes Figura 13 – Dados para representação de mapa de risco Divulgação das medidas preventivas Antes de receber o equipamento de proteção individual (EPI), o funcionário deve ser orientado. Muitas empresas entregam o EPI e obrigam o uso sem se dar ao trabalho de mostrar para que serve e como usá-lo. Todos os funcionários devem receber orientação sobre o uso adequado, guarda e conservação antes de iniciar o uso. Diálogos individuais e palestras podem ajudar muito na conscientização dos funcionários mais resistentes ao uso. Conforme a Norma Regulamentadora 6: 6.6.1 - Cabe ao empregador quanto ao EPI: a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade; b) exigir seu uso; c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, 100 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. 6.7 Responsabilidades do trabalhador. 6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI: a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; b) responsabilizar-se pela guarda e conservação; c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado (BRASIL, 2001, p. 2). O EPI trata-se de todo dispositivo ou produto, de uso individual, utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho, enquanto o equipamento de proteção coletiva (EPC) é todo dispositivo, sistema ou produto de uso coletivo destinado à proteção e à promoção da segurança e saúde no trabalho. Como o próprio nome diz, os EPC dizem respeito ao coletivo, devendo proteger todos os trabalhadores expostos a determinado risco, podendo ser um dispositivo, um sistema ou um meio, fixo ou móvel, que protege todos ao mesmo tempo, pois todos observam, usam ou são beneficiados. O EPC deve ser a primeira opção a ser analisada para atenuação ou eliminação dos riscos no ambiente de trabalho. Conforme consta na NR 9: 9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia: a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; b) utilização de equipamento de proteção individual - EPI (BRASIL,1994d, p. 3). 101 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Checklists Os checklists possuem várias utilidades. Na segurança do trabalho, podem ser usados para verificações de segurança em condições de instalações, veículos, máquinas, ferramentas e equipamentos que podem gerar riscos por falta de manutenção, por estarem estragados, e para perceber itens que, se estiverem defeituosos, serão possíveis causadores de acidentes, bem como EPI, e até para verificar e organizar o funcionamento de algum órgão interno de segurança da empresa, como o SESMT e a Cipa. Há também checklists de normas regulamentadoras, que servem para adequar a empresa às exigências da norma utilizada como fonte do próprio checklist. Investigação de acidentes A investigação de acidentes é importante para determinar a causa dos acidentes que já ocorreram, de forma a tentar evitar que se repitam ou que aconteçam acidentes parecidos. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), regulamentado pela Norma Regulamentadora NR 9, não é um programa sobre meio ambiente, mas um programa que visa à proteção da saúde do trabalhador no ambiente de trabalho, um documento fundamental para a proteção e saúde dos trabalhadores e também para uma boa gestão de segurança e medicina do trabalho na empresa. A partir do mapeamento dos riscos feitos no PPRA, fica mais fácil fazer o monitoramento e o controle dos riscos existentes no local de trabalho. Inspeções de segurança Quem deve fazer as inspeções de segurança são o SESMT e a Cipa, que vão inspecionar as dependências da empresa. Visam à identificação, detecção e eliminação dos riscos comuns, já conhecidos tanto do ponto de vista do equipamento quanto pessoal, como a falta de uso de EPI ou sua inexistência, ordem, arrumação e limpeza. Após o mapeamento dos riscos, serão determinadas as medidas preventivas e corretivas necessárias. Podemos ter os seguintes tipos de inspeção: • Geral: envolve todos os setores da empresa, ou grande parte deles. Normalmente, esse tipo de inspeção é previamente definida. • Parcial: é feita em setores de trabalho, maquinários ou partes específicas. • De rotina: são inspeções eventuais ou feitas em intervalos regulares curtos e previamente definidos. Esse tipo de inspeção é muito usado por profissionais de segurança do trabalho. • Periódica: são programadas para serem feitas em intervalos regulares (semanais/mensais/ bimestrais/trimestrais), adotando-se, para tanto, um cronograma que indicará os locais e a 102 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II periodicidade de inspeção adotada para cada setor listado. Tem como objetivo dar atenção às condições de segurança dos diversos setores existentes em uma empresa. • Eventual: feitas sem previsão de data. É o tipo de inspeção que depende da sensibilidade do profissional. Normalmente, surte bons resultados por causa do fator surpresa. • Oficial: são realizadas por órgãos governamentais do trabalho, como Ministério do Trabalho e bombeiros, e empresas particulares, como seguradoras e parceiros de trabalho. • Especial: é o tipo de inspeção mais aprofundada, que requer equipamentos ou aparelhos especiais. Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) É regulamentado pela Norma Regulamentadora NR 7. O Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) tem como objetivo a promoção e a preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. É um programa que, em conjunto com os demais, tende a somar forças em proveito da saúde dos trabalhadores. O PCMSO é preventivo, para mapeamento e diagnóstico dos danos sofridos pela saúde dos trabalhadores, além da constatação dos casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. O responsável legal por esse programa deve ser um médico do trabalho. Análise preliminar de risco (APR) A análise preliminar de risco (APR) é um dos muitos métodos usados pelos técnicos em segurança do trabalho. Ela visa à prevenção de acidentes do trabalho através da antecipação dos riscos. É uma visão antecipada do trabalho a ser executado, que permite a identificação dos riscos envolvidos em cada passo da tarefa, detectar possíveis riscos ou erros que são praticados, ou que podem atrapalhar o bom andamento de um processo de trabalho, e ainda permite a condição de evitá-los ou conviver com eles em segurança. Note que a palavra preliminar significa “que antecede o assunto ou objeto principal e serve para o esclarecer ou para facilitar a sua compreensão” (PRELIMINAR, 2015). Portanto, é uma das ferramentas de segurança usadas para evitar futuros acidentes. Sinalização e placas de aviso Sinalização e sinalização de segurança se confundem, pois ambas servem como orientadores. Uma pessoa que recebe boa orientação tem menos chances de sofrer um acidente. As placas de aviso dos tipos perigo, risco e cuidado devem ser usadas com inteligência, não rotulando tudo como perigoso, pois desacreditaria sua sinalização. Uma sinalização desacreditada se torna inválida e não cumpre sua missão. Lembre-se aqui das normas de simbologia. Organização do ambiente Sabemos que um ambiente desorganizado é um convite ao acidente. Então, devemos também estar de olho na organização e até na limpeza do ambiente. Mantenha contato permanente com o pessoal do setor de limpeza, descubra quais são as áreas mais vulneráveis e carentes de limpeza e, vez ou outra, dê uma conferida. Limpeza e organização andam juntas. 103 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Lembrete Lembre-se dos conhecidos 5S: seiri (senso de utilização), seiton (senso de ordenação), seiso (senso de limpeza), seiketsu (senso de saúde ou higiene) e shitsuke (senso de autodisciplina). Não improvisar Esta é uma regra de ouro da segurança do trabalho. O improviso é um dos maiores causadores de acidentes e acidentes de trabalho. Participação nos treinamentos oferecidos pela empresa É muito importante a participação de todos os funcionários nos treinamentos de segurança oferecidos pela empresa, incluindo os líderes da empresa, para dar o exemplo. Dessa forma, o treinamento acaba por ganhar credibilidade e, consequentemente, cada vez mais pessoas se sentirão motivadas a participar. Cumprimento das normas de segurança adotadas pela empresa Como bem sabemos, a empresa é a responsável pela prestação de serviço, é ela que deve coordenar como o trabalho é desenvolvido. Ela também deve arcar com a responsabilidade e a consequência dessa coordenação. 6.2 Técnicas e dispositivos de segurança do trabalho Adotar uma postura de prevenção, através da aplicação das medidas de proteção que visam melhorar o meio ambiente do trabalho, além de relevante e fundamental, é ainda a melhor forma de se evitar as estatísticas que permeiam os acidentes de trabalho, pois, segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2011), estima-se que, mundialmente, 6.300 trabalhadores perdem suas vidas diariamente em decorrência dos acidentes e das doenças ocupacionais, e cerca de 317 milhões de trabalhadores são feridos em acidentes de trabalho a cada ano, o que representa uma média de 850.000 lesões por dia, que resultam em quatro ou mais dias de absentismo, observando ainda que o número total de acidentes e doenças fatais relacionadas ao trabalho aumentou entre 2003 e 2008. De acordo com o relatório, enquanto o número de acidentes fatais caiu de358.000 para 321.000 durante esse período, o número de doenças fatais aumentou de 1,95 milhões para 2,02 milhões. As estimativas apontam que a cada três minutos morre um trabalhador, sendo que 12 mil dessas mortes anuais são de crianças que estão inseridas indevidamente no ambiente do trabalho. Verifica-se ainda o alto custo destes infortúnios relacionados ao trabalho, que é de 4% do PIB global, o que estima-se ser aproximadamente 20 vezes o gasto mundial que é destinado ao desenvolvimento dos países (OIT, 2008). É importante observar que, no Brasil, as estatísticas incluem apenas os trabalhadores registrados e que solicitam o benefício equivalente junto à Previdência Social ou preencheram devidamente a 104 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) e a protocolaram no órgão responsável. Mesmo com essa limitação, registrou-se, em 2013, segundo o Anuário Brasileiro de Proteção, cerca de 717.911 acidentes do trabalho no País, distribuídos em 432.254 acidentes do trabalho típicos, 111.601 acidentes de trajeto e 15.226 doenças do trabalho (ANUÁRIO..., 2015a). Segundo o mesmo anuário, sem a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) registrada, o número foi de 158.830 acidentes. De acordo com Espinosa (2014), As perdas econômicas devido aos infortúnios laborais atingem até 2,3% do PIB brasileiro anual, e de acordo com o mesmo estudo poderiam atingir o índice de 4% se fossem considerados os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais que ocorrem com os trabalhadores do setor informal da economia, do setor público, da área rural e os cooperados e autônomos, dados não registrados pelas estatísticas oficiais. A conta ainda poderia chegar a números mais alarmantes, caso fossem incluídos nesses cálculos os dias de trabalho perdidos ou, ainda, o valor da hora/homem perdida com os acidentes de trabalho. Ressalta-se a importância da inserção das ações preventivas no meio ambiente de trabalho a fim de tornar os ambientes de trabalho mais salubres e, com isso, forçar uma redução nos índices que se apresentam. É necessário que o empregador compreenda que ele terá maiores lucros e menores prejuízos econômicos e sociais se favorecer um ambiente de trabalho confortável e seguro. O direito a um ambiente de trabalho salutar e livre de ameaças não é apenas um princípio consagrado na legislação, é também uma obrigação de todo o empregador, cabendo a este verificar qual é a melhor maneira de utilizar esta missão a seu favor, como minimizar a responsabilidade decorrente dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais através da aplicação prática das ações preventivas. 6.3 Meio ambiente O meio ambiente é definido, em sua concepção jurídica, pela Lei n° 6.938/81, em seu artigo 3°, inciso I: “Para fins previstos nesta lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). Pode-se ainda verificar a definição de meio ambiente na Resolução 306, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 2002, que o define da seguinte forma: “XII - Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 2002b, p. 760). 105 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO É importante observar outra definição para o meio ambiente, encontrada na ISO 14001, de 2004, que possui o objetivo de instituir os requisitos necessários para a realização de um sistema de gestão ambiental eficiente. Ela exige que uma organização considere todas as questões ambientais relevantes para as suas operações, tais como a poluição do ar, problemas de água e esgoto, gestão de resíduos, contaminação do solo, atenuação das alterações climáticas e adaptação e utilização de recursos e eficiência. Como podemos notar, o meio ambiente é um consistente conjunto de aspectos, identificados segundo as suas características específicas: • O meio ambiente artificial é entendido como aquele feito pelo ser humano no espaço urbano, ou seja, é o conjunto de condomínios horizontais (casas) e verticais (prédios), equipamentos públicos e mobiliários públicos dispostos de maneira a suprir as necessidades do ser humano em um espaço determinado, visando, com isso, ao seu bem-estar. • O meio ambiente cultural é o constituído através do patrimônio histórico, cultural, paisagístico, artístico, arqueológico, turístico, e pelos costumes sociais de uma determinada região, sendo o resultado da atividade humana valorada pela sua importância histórica e cultural. • O meio ambiente natural é composto pelos recursos naturais, na qual se observa a interação das espécies com o meio que as cercam, composto basicamente pelo solo, pela água, pelo ar, pela flora e fauna, pelo clima e por tudo aquilo que não for decorrente da atividade humana. Pode ser verificada na Constituição Federal, no artigo 225, que considera o meio ambiente equilibrado ecologicamente essencial à qualidade de vida, sendo tarefa de todos a sua preservação, conservação e manutenção: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). Figura 14 – Cidades: um exemplo de meio ambiente artificial 106 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Embora o artigo 225 da Constituição Federal não destaque o meio ambiente do trabalho, a sua proteção pode ser verificada no artigo 200, inciso VIII, da Constituição Federal, sendo que “ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (BRASIL, 1988). 6.4 Meio ambiente do trabalho Conforme já vimos, o meio ambiente do trabalho é o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas ou não, que está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a segurança físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da sua condição, sejam homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos etc. O meio ambiente do trabalho corresponde ao complexo de bens imóveis e móveis de uma empresa e de uma sociedade, objeto de direitos subjetivos privados, e de direitos invioláveis da saúde e da integridade física dos trabalhadores que o frequentam (SILVA, 2003, p. 5). Verifica-se, portanto, que o meio ambiente do trabalho pode ser considerado como as estruturas para estabelecer condições físicas e psíquicas benéficas e de conforto aos trabalhadores, não se restringindo ao espaço físico interno, onde são desenvolvidas as atividades de trabalho, mas estendendo-se também aos demais espaços urbanos que se relacionem direta ou indiretamente no desempenho de uma função. 7 AÇÕES PARA A MELHORIA DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Temos muitas formas legais que prescrevem programas e práticas para a melhoria do meio ambiente do trabalho, determinando quais as formas de aplicação das ações preventivas, bem como os limites de tolerância para com os riscos identificados em uma determinada atividade econômica. Cabe ao empregador a implementação das ações
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