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Contabilidade Tributária Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.a Esp. Nair Moretti Baradel Revisão Técnica: Prof.a Me..Graziela de Faria Santos Soares Revisão Textual: Prof.a Esp. Kelciane da Rocha Campos Tributos diretos – Lucro real 5 • Lucro real • Ajustes ao lucro líquido • LALUR - Livro de Apuração do Lucro Real • Adicional do Imposto de Renda • PAT - Programa de Alimentação ao Trabalhador · Conhecimento da legislação, análise e aplicação da tributação pelo sistema de Lucro Real, opção pela forma trimestral ou anual, obrigatoriedade. Bem-vindos! Esta unidade apresenta o sistema de tributação do Imposto de Renda pelo lucro real, cujo objetivo principal é transmitir, de forma clara e precisa, o funcionamento da legislação, a opção e a forma de apuração baseados no lucro real trimestral ou anual, a utilização dos benefícios fiscais concedidos pela legislação brasileira, quais são as despesas dedutíveis ou não dedutíveis, como são feitos os cálculos de ajuste do lucro real e do imposto devido. Não podemos deixar de mencionar que a legislação tributária no Brasil é bastante dinâmica e vive em constante atualização, portanto é recomendável que se acompanhem as mudanças nas leis que regem essa sistemática, para que nenhum detalhe de aplicação passe despercebido e coloque o contribuinte em situação de contingência. Não se esqueça de acessar o material didático, onde encontrará o conteúdo e as atividades propostas para esta unidade. Em caso de dúvidas, coloque-as no fórum de discussão, pois estaremos em contato permanente com você por meio do ambiente de aprendizagem virtual Blackboard. Tenha um excelente aproveitamento e conte sempre com o tutor para sanar qualquer dúvida. Bons estudos! Tributos diretos – Lucro real 6 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Contextualização Tributos diretos, o que vem a ser isso? São tributos que incidem diretamente sobre o contribuinte e cujo ônus, teoricamente, não é possível repassar para outrem. Isso pode acontecer com a pessoa física, na retenção na fonte do Imposto de Renda (no trabalho assalariado) e, também, com a pessoa jurídica, ou seja, quando a empresa tem por obrigação a tributação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ. O Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas é um dos principais impostos e nesta unidade trataremos da forma de tributação pelo lucro real. Lucro real é onde é exigida a forma de contabilização mais completa, sendo obrigatória a escrituração do Livro LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real, além de maiores controles contábeis e financeiros e obrigações acessórias. Essa forma de tributação pelo lucro real, apesar de ser opcional para algumas empresas, é obrigatória para empresas que tenham auferido, no ano anterior, receita superior ao valor de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) e para empresas cujas atividades estejam relacionadas com bancos comerciais, de investimento, caixas econômicas, entre outros. Diariamente estamos envolvidos com empresas que mantêm essa forma de tributação, apesar de não nos darmos conta da importância da escolha de tributação. Essa sistemática de apuração exige um controle bastante rígido quanto aos gastos da empresa e quanto à documentação fiscal, pois é muito comum, dentro de uma empresa, quando não se tem um comprovante hábil para uma despesa, o administrador lembrar que a falta de comprovante hábil custará à empresa 33% de imposto. Com esse contexto vivenciamos diariamente essa forma de tributação. Um grande abraço e bons estudos! 7 Lucro real Fonte: Thinkstock/Getty Images No cenário corporativo, sempre estamos em contato com palavras como “lucro”, “prejuízo”, “compensação” “dedutibilidade”, entre outras palavras muito comuns quando se fala de lucro real. A tributação pelo lucro real pode ser utilizada por empresas de grande ou pequeno porte, porém algumas empresas estão obrigadas a pagar seus impostos por esse sistema, cuja obrigatoriedade está descrita no Art. 14 da Lei no 9.718/98. A Receita Federal define que lucro real é a base de cálculo do imposto sobre a renda, a ser apurada com base nos registros contábeis e fiscais, obedecendo a forma sistemática estabelecida pela legislação comercial e fiscal. A apuração do lucro real é feita na parte A do Livro de Apuração do Lucro Real, mediante adições e exclusões ao lucro líquido de um determinado período, podendo ser anual ou trimestral, do imposto e compensações de prejuízos fiscais autorizadas pela legislação do imposto de renda, de acordo com as determinações contidas na Instrução Normativa SRF nº 28, de 1978, e demais atos legais e infralegais posteriores. Quando a Receita Federal define lucro real como lucro ou prejuízo apurado na escrituração comercial, existe o pressuposto das seguintes considerações em relação às pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real quanto à escrituração comercial que compreende toda a documentação comprobatória dos fatos escriturados: • que elas são obrigadas a mantê-la em boa ordem e guarda; • que elas devem observar as leis comerciais e fiscais; e • que elas devem observar os princípios contábeis. 8 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Apuração do lucro real: obrigatoriedade Fonte: Thinkstock/Getty Images Uma das principais características do lucro real é a sua obrigatoriedade para alguns tipos de pessoas jurídicas, conforme estabelece o artigo 246 do Regulamento do Imposto de Renda (artigo 14 da Lei nº 9.718, de 1998): Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas: I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 12.814, de 2013) (Vigência) II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei n° 9.430, de 1996; VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). VII - que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010.) Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9718compilada.htm. Acesso em: 16 jul. 2015. 9 Possibilidade de opção pelo lucro real Pode ocorrer que uma pessoa jurídica faça a opção de apurar o seu resultado pelo lucro real, mesmo ela não tendo tal obrigatoriedade. A empresa pode apresentar um lucro pequeno ou até mesmo um prejuízo (o que a desobrigaria à opção pelo lucro real), porém ela recorre à apuração do resultado pelo lucro real tendo em vista um planejamento tributário/fiscal, pelo qual ela pode obter uma economia tributária, lembrando, porém, que deverão ser considerados aspectos de mudanças nos controles e obrigações acessórias para atendimento aosistema. No caso de opção pelo lucro real, esta poderá ser feita no início do ano, com o pagamento do primeiro imposto, com o código da receita do sistema escolhido. PIS e COFINS no lucro real As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real recolhem o PIS e a COFINS pelo sistema não cumulativo, em que é possível tomar crédito dos impostos pagos nas operações anteriores. As alíquotas são: • 1,65% para o PIS. • 7,6% para a COFINS. Os créditos serão nesses percentuais, independentemente da forma de tributação da empresa vendedora. Determinação do lucro real Para determinar o valor do lucro real, as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real têm como ponto de partida o balanço anual levantado no dia 31 de dezembro ou, ainda, o levantamento de balanços ou balancetes trimestrais na forma da Lei 9.430/96. Diálogo com o Autor O lucro real é apurado a partir do resultado contábil do período-base, que pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). Logo, pressupõe escrituração contábil regular e mensal (FABRETTI, 2013, p. 224). Conforme Art. 248 do RIR/99: O lucro líquido do período de apuração é a soma algébrica do lucro operacional (Capítulo V), dos resultados não operacionais (Capítulo VII), e das participações, e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 1º, Lei nº 7.450, de 1985, art. 18, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 4º). A legislação fiscal determina que as despesas não reconhecidas como dedutíveis devem ser adicionadas ao lucro líquido do período, assim como as receitas que não sejam tributáveis devem ser excluídas, para que o lucro real seja apurado. De forma geral, podemos dizer que as despesas que não estão relacionadas com o objetivo social da empresa não poderão ser consideradas despesas. 10 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Ajustes ao lucro líquido S abemos que as empresas, em geral, registram diversas receitas e despesas que fazem parte do seu sistema de informação contábil, econômico e financeiro. Contudo, a legislação fiscal restringe algumas despesas que podem ser contabilizadas, ou seja, não aceita a sua dedução do lucro contábil para fins de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro. Essas limitações podem ser classificadas como diferenças permanentes e diferenças temporárias. Diferenças permanentes São as despesas e receitas que não são dedutíveis naquele momento, e jamais serão. Da mesma forma, existem as receitas que não são tributáveis atualmente e também não serão no futuro. Exemplos • Receitas de dividendos recebidos de outras sociedades; • Despesas com multas por infração de trânsito. Diferenças temporárias São as despesas e as receitas que não são dedutíveis naquele momento, porém poderão ser no futuro, desde que cumpridos os ordenamentos legais. Da mesma forma, existem as receitas que não são tributáveis atualmente, mas serão no futuro. Exemplos • Receita da venda de imóveis (para empresas do ramo imobiliário); ainda que tenha contabilizado o lucro pelo regime de competência, o lucro pelo recebimento (regime de caixa) poderá ser tributado; • Despesas de amortização de ágio na aquisição de investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial. Não é dedutível na data da contabilização, porém será quando da venda ou baixa do investimento. Para controlar essas despesas e receitas, foi criado pela legislação fiscal e tributária o livro LALUR - Livro de Apuração do Lucro Real. 11 LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real O LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real deve ser escriturado por todas as pessoas jurídicas que são contribuintes do imposto de renda com base no lucro real. Essa regra, inclusive, aplica-se àquelas pessoas jurídicas que fizeram a opção pelo lucro real de forma espontânea. A criação do Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR ocorreu através do Decreto-lei nº 1.598, de 1977, em obediência ao § 2º do art. 177 da Lei no 6.404, de 1976, tendo em vista a apuração extracontábil do lucro real. Esse lucro submete-se à tributação do Imposto de Renda, que ocorre a cada período de apuração, e pode conter, ainda, elementos que poderão afetar o resultado de períodos de apuração futuros (RIR/1999, art. 262). Nele são feitos os ajustes ao lucro líquido do período para fins de apuração do lucro real, que serão compostos de adições, exclusões ou compensações, que serão escriturados nas partes “A” e “B” (sendo a primeira subdivida em duas outras partes), a partir do lucro contábil antes da constituição da provisão para o Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro. A Lei 7.689, de 15 de dezembro de 1988, instituiu a Contribuição Social sobre o lucro líquido – CSLL. De maneira semelhante ao Imposto de Renda, a Contribuição Social sobre o lucro líquido – CSLL era registrada a débito no resultado e a crédito no passivo da empresa, intitulada provisão para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Embora o valor desse tributo fosse deduzido do resultado contábil (valor a ser deduzido do resultado antes da Provisão para o Imposto de Renda), para efeito de apuração do lucro real, a parcela de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL é considerada como despesa não dedutível. O LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real é composto por duas partes: a parte “A” e a parte “B”. Parte “A” do LALUR Na parte A do LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real) estarão demonstrados os ajustes do lucro líquido do período (adições, exclusões e compensações), tendo como fecho a transcrição da demonstração do lucro real. Alguns detalhes devem ser observados quando da escrituração da parte A do LALUR: • Escrituração em ordem cronológica; • Folha após folha; • Sem intervalos nem entrelinhas; • Encerrada período a período; • Com a transcrição da demonstração do lucro real. A conclusão da escrituração de cada período acontece com assinatura do responsável pela pessoa jurídica e do contabilista legalmente habilitado. 12 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Adições São valores registrados como despesa na contabilidade da empresa, mas a legislação fiscal não permite a sua dedução do lucro. Como esse valor (despesa) deve ser retirado do resultado contábil, consequentemente o lucro aumenta, daí configura-se como uma ADIÇÃO ao lucro líquido. Também serão adicionadas as receitas exigidas pelo fisco e não contabilizadas em receita. Podemos exemplificar quando a empresa não registra na contabilidade em receita, mas o Fisco exige seu reconhecimento para fins fiscais. Como não está contemplado no resultado da empresa, se fosse incluído representaria uma adição. Art. 249 do Decreto-lei nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR): Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 2º): I - os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real; II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, devam ser computados na determinação do lucro real. Parágrafo único. Incluem-se nas adições de que trata este artigo: I - ressalvadas as disposições especiais deste Decreto, as quantias tiradas dos lucros ou de quaisquer fundos ainda não tributados para aumento do capital, para distribuição de quaisquer interesses ou destinadas a reservas, quaisquer que sejam as designações que tiverem, inclusive lucros suspensos e lucros acumulados (Decreto-Lei nº 5.844, de 1943, art. 43, § 1º, alíneas “f”, “g” e “i “); II - os pagamentos efetuados à sociedadecivil de que trata o § 3º do art. 146 quando esta for controlada, direta ou indiretamente, por pessoas físicas que sejam diretores, gerentes, controladores da pessoa jurídica que pagar ou creditar os rendimentos, bem como pelo cônjuge ou parente de primeiro grau das referidas pessoas (Decreto-Lei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, art. 4º); IV - as perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo dia (day-trade), realizadas em mercado de renda fixa ou variável (Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 3º); V - as despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores, ressalvado o disposto na alínea “a” do inciso II do art. 622 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso IV); VI - as contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso V); VII - as doações, exceto as referidas nos arts. 365 e 371, caput (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso VI); 13 VIII - as despesas com brindes (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso VII); IX - o valor da contribuição social sobre o lucro líquido, registrado como custo ou despesa operacional (Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996, art. 1º, caput e parágrafo único); X - as perdas apuradas nas operações realizadas nos mercados de renda variável e de swap, que excederem os ganhos auferidos nas mesmas operações (Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 4º); XI – o valor da parcela da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, compensada com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, de acordo com o art. 8º da Lei nº 9.718, de 1998 (Lei nº 9.718, de 1998, art. 8º, § 4º). Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm Acesso em 20 jul. 2015. Nesse mesmo Decreto-lei nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR), porém, no artigo 250 são apresentadas as possíveis exclusões ao lucro líquido: Art. 250. Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 3º): I - os valores cuja dedução seja autorizada por este Decreto e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração; II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam computados no lucro real; III - o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515 (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único). Parágrafo único. Também poderão ser excluídos: a) os rendimentos e ganhos de capital nas transferências de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária, quando auferidos pelo desapropriado (CF, art. 184, § 5º); b) os dividendos anuais mínimos distribuídos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento (Decreto-Lei nº 2.288, de 1986, art. 5º, e Decreto-Lei nº 2.383, de 1987, art. 1º); c) os juros produzidos pelos Bônus do Tesouro Nacional - BTN e pelas Notas do Tesouro Nacional - NTN, emitidos para troca voluntária por Bônus da Dívida Externa Brasileira, objeto de permuta por dívida externa do setor público, registrada no Banco Central do Brasil, bem assim os referentes aos Bônus emitidos pelo Banco Central do Brasil, para os fins previstos no art. 8º do Decreto-Lei nº 1.312, de 15 de fevereiro de 1974, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 2.105, de 24 de janeiro de 1984 (Lei nº 7.777, de 19 de junho de 1989, arts. 7º e 8º, e Medida Provisória nº 1.763-64, de 11 de março de 1999, art. 4º); 14 Unidade: Tributos diretos – Lucro real d) os juros reais produzidos por Notas do Tesouro Nacional - NTN, emitidas para troca compulsória no âmbito do Programa Nacional de Privatização - PND, controlados na parte “B” do LALUR, os quais deverão ser computados na determinação do lucro real no período do seu recebimento (Lei nº 8.981, de 1995, art. 100); e) a parcela das perdas adicionadas conforme o disposto no inciso X do parágrafo único do art. 249, a qual poderá, nos períodos de apuração subsequentes, ser excluída do lucro real até o limite correspondente à diferença positiva entre os ganhos e perdas decorrentes das operações realizadas nos mercados de renda variável e operações de swap (Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 5º). Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm . Acesso em 20 jul. 2015. Parte “B” do LALUR A parte B do LALUR é destinada exclusivamente ao controle dos valores que não constem da escrituração comercial, mas que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos futuros. Na sua parte B, utilizando-se uma folha para cada conta ou fato que requeira controle individualizado, são registrados todos os lançamentos que podem afetar a base fiscal de períodos posteriores, tais como as despesas que representam adição temporária, pois em algum momento, posteriormente, essa despesa poderá ser dedutível. Uma despesa de Perdas de Devedores Duvidosos - PDD, por exemplo, embora não seja dedutível quando de sua constituição, representa uma adição temporária, mesmo porque somente duas coisas podem acontecer com o referido cliente, sobre o qual se constituiu a provisão: pagar ou não pagar. No caso do pagamento, a provisão poderá ser revertida, gerando uma receita de reversão, que não é exigida pelo Fisco, sendo excluída no LALUR, desde que a despesa de PDD esteja registrada na parte B. Se o cliente não pagar, a empresa confirmará a despesa e reconhecerá a provisão já efetuada, realizando a baixa da conta retificadora do ativo (PDD) contra a conta de ativo (contas a receber) e deduzirá essa despesa na base do IR tão logo ela atinja os prazos definidos na Lei n° 9.430/96. Também na parte B são escriturados os prejuízos fiscais apurados que serão compensados em períodos futuros. Em virtude da limitação de compensação de somente 30% do valor do lucro do período seguinte, esse controle dos prejuízos na parte B do LALUR ganha ainda mais importância. Também são registrados na parte B os valores do incentivo fiscal para o Programa de Alimentação ao Trabalhador - PAT, que, devido à sua limitação percentual, podem ser aproveitados em dois anos subsequentes. O Lalur é destinado a registrar valores que, por sua natureza eminentemente fiscal, não devam constar da escrituração comercial. Assim, não pode ser utilizado para suprir deficiências da escrituração comercial (registrar despesas não constantes da escrituração comercial ou insuficientemente registradas) (PN CST no 96, de 1978; e PN CST no 11, de 1979). 15 Atualmente, a Receita Federal já disponibiliza a escrituração do LALUR mediante a utiliza- ção de sistema eletrônico de processamento de dados. Mesmo assim, ao utilizar o sistema eletrô- nico, na escrituração, as folhas deverão ser numeradas, obedecerão à ordem sequencial, mecânica ou tipograficamente, e o Livro conterá termos de abertura e encerramento (RIR/1999, arts. 255 e 263; IN SRF no 68/1995; e Portaria Cofins no 13, de 1995). É dispensado o registro do Lalur em qualquer órgão ou repartição (IN SRF nº 28, de 1978, item 1.3). O LALUR deverá ser entregue anualmente por meio do SPED.De forma bastante simples, a apuração do lucro real será: • Lucro líquido antes do IR...........142.000,00 • + Adições.....................................30.000,00 • (-) Exclusões................................22.000,00 • = Lucro real...............................150.000,00Portanto, nesse exemplo, o valor de R$ 150.000 será a base de cálculo do Imposto de Renda e do adicional do Imposto de Renda, conforme a forma de tributação anual ou trimestral. DRE Lucro líquido Provisão IRPJ .... .... .... .... .... L.L.A.I.R .... .... LALUR L.L.A.I.R (+) Adições (-) Exclusões (=) Lucro real Cálculo do IRPJ LALUR Livro de Apuração do Lucro Real L.L.A.I.R Lucro Líquido antes do Imposto de Renda Lançamentos no LALUR Segundo o regime de tributação adotado pelo contribuinte, os lançamentos serão efetuados como a seguir: Segundo a orientação da Receita Federal, quando da apuração da parte “A”, os ajustes ao lucro líquido do período serão feitos no curso do trimestre, ou na data de encerramento deste, no momento da determinação do lucro real. Na parte B, concomitantemente com os lançamentos de ajustes efetuados na parte A, ou ao final do período de apuração. No caso de levantamento de balanços ou balancetes para fins de suspensão ou redução do imposto de renda, as adições, exclusões e compensações computadas na apuração do lucro real deverão constar, discriminadamente, na parte A, para elaboração da demonstração do lucro real do período em curso, não cabendo nenhum registro na parte B. No final do exercício, com a apuração do lucro real anual, deverão ser efetuados todos os ajustes do lucro líquido do período na parte A, bem como os lançamentos na parte B. Alíquotas aplicadas: • 15% - Imposto de Renda. • 10% - Adicional do Imposto de Renda. 16 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Adicional do Imposto de Renda O adicional do Imposto de Renda deverá incidir sobre a parcela do lucro real, presumido ou arbitrado que exceder o valor da parcela de R$ 20.000,00, que deverá ser multiplicada pelo número de meses que compõem o período de apuração do resultado. No trimestral, o limite será de R$ 60.000,00, enquanto no anual será de R$ 240.000,00. Apuração do lucro real As pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real poderão optar entre recolher os impostos pela apuração trimestral ou pela apuração anual. Lucro real trimestral No lucro real trimestral, o Imposto de Renda e o adicional são calculados com base no resultado apurado em cada trimestre civil de forma isolada, sendo que nessa modalidade haverá, durante o ano, quatro apurações definitivas. A opção por essa modalidade deve ser vista com bastante cautela, pois como a apuração dos lucros e/ou prejuízos são apurados trimestralmente de forma definitiva, não será possível compensar integralmente os prejuízos acumulados no ano. Momento da opção O momento da opção pela apuração trimestral ocorrerá na apuração do lucro real de cada trimestre: 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro, cujo imposto apurado poderá ser pago em 3 parcelas, sendo que no caso de pagamento parcelado a primeira parcela não terá qualquer acréscimo e a partir da segunda terá os acréscimos determinados em lei. Apuração e o pagamento do imposto A apuração do lucro real trimestral é feita através do levantamento do balancete do trimestre, efetuando os ajustes de adições, exclusões ou compensações ao lucro líquido do período para fins de apuração do lucro real. Caso sejam apurados prejuízos no trimestre, estes poderão ser compensados até o limite de 30% dos lucros líquidos ajustados pelas adições e exclusões previstas na legislação, apurados nos períodos seguintes. O imposto apurado e devido no trimestre deverá ser pago até o último dia do mês subsequente ao trimestre encerrado; ainda assim, a legislação permite que o imposto devido no trimestre encerrado seja pago em três parcelas ou quotas mensais iguais e sucessivas, vencíveis no último dia dos três meses subsequentes ao encerramento do trimestre, porém com a observação das regras de valores mínimos e da correção dos valores parcelados. 17 Compensação dos prejuízos Poderá ocorrer a compensação dos prejuízos de períodos anteriores até o limite de 30% dos lucros líquidos ajustados pelas adições e exclusões, conforme prevê a legislação vigente, apurados nos períodos seguintes. Dessa forma, no lucro real trimestral, o lucro do trimestre anterior não poderá ser compensado com o prejuízo fiscal de trimestres seguintes, mesmo dentro do ano- calendário. Os prejuízos não poderão ser compensados na sua totalidade, pois se no primeiro trimestre a empresa tiver um prejuízo de R$ 50.000,00 e no trimestre seguinte a mesma empresa tiver um lucro de R$ 20.000,00, mesmo ainda estando com um prejuízo acumulado de R$ 30.000,00 no semestre, ela terá de pagar Imposto de Renda sobre R$ 14.000,00, pois nesse sistema só poderá compensar 30% do lucro de R$ 20.000,00, que corresponde a R$ 6.000,00. O imposto a pagar, apurado em cada trimestre, poderá ser pago em uma quota única no mês seguinte ao trimestre, sem qualquer acréscimo, ou em três quotas mensais com juros pela taxa SELIC até o mês anterior ao do pagamento e de 1% nesse mês. Escrituração do Livro de Inventário No lucro real trimestral, existe a obrigatoriedade da escrituração do livro inventário, ao final de cada trimestre. Isso porque esse lucro é definitivo, portanto trimestralmente deve-se escriturar o Livro. Lucro real anual A pessoa jurídica optante pelo lucro real anual deverá efetuar, mensalmente, o pagamento do Imposto de Renda, a ser calculado pela forma estimada ou com base no balancete, conforme estabelecido pelo regulamento do Imposto de Renda. Os percentuais utilizados para determinação da receita bruta que será a base de cálculo do imposto de renda são os mesmos utilizados para as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro presumido. Caso a empresa seja composta por diversas atividades, será aplicado o percentual correspondente a cada atividade. Assim, se a pessoa jurídica auferiu receita da venda de mercadorias e receita de prestação de serviços de manutenção, sobre a receita da venda de mercadoria será percentual de presunção de 8%, enquanto para a receita de manutenção será aplicado o percentual de 32%. Caso a empresa não demonstre, por meio de balanço ou balancete mensal, a apuração de prejuízo fiscal, a falta de pagamento mensal sujeitará à multa isolada lançada de ofício, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ao final do ano-calendário (art. 44 § 1o, IV, da Lei nº 9.430/96). A Receita Federal definiu, por meio do ADN nº 6, de 13-01-97, que a atividade de construção por empreitada deverá ser aplicado o percentual de 8% sobre a receita bruta quando houver emprego de materiais, em qualquer quantidade, e de 32% quando houver emprego unicamente de mão de obra, ou seja, sem a aplicação de materiais. 18 Unidade: Tributos diretos – Lucro real O art. 3o, §7o, da IN nº 93/97, dispõe que sobre as receitas auferidas nas atividades de loteamento de termos, incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda será aplicado o percentual de 8%, considerando como receita bruta o montante efetivamente recebido, relativo às unidades imobiliárias vendidas. As receitas obtidas com atividade incentivada não irão compor a base de cálculo de imposto, na proporção do benefício a que a pessoa jurídica, submetida ao regime de tributação com base no lucro real, fizer jus. Dessa forma, como exemplo, a pessoa jurídica instalada na região da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) ou SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) com isenção de 100% sobre o lucro da exploração, não incluirá na base de cálculo do imposto de renda a receita bruta da atividade incentivada. Se a empresa tiver direito apenas à redução de um percentual, o resultado da aplicação desse percentual será excluído da receita bruta da atividade incentivada. A legislação dispõe que o ganho de capital auferido na venda de bens do ativo permanentepara recebimento do valor integral ou em parte, após o término do ano-calendário seguinte ao da contratação, deverá integrar a base de cálculo do imposto de renda mensal, podendo, para efeito de determinar o lucro real, ser computado na proporção da parcela do preço recebido em cada mês. Momento da opção Opção por estimativa com base nos balancetes mensais a partir do mês de janeiro ou do início da atividade, sendo a opção feita durante o ano- calendário irretratável. Dessa forma, a pessoa jurídica não poderá alterar a forma de tributação para o regime de apuração trimestral e vice-versa. Entretanto, pode suspender ou reduzir o recolhimento por estimativa, caso os valores recolhidos demonstrem ou excedam o valor do imposto devido. Base de cálculo da estimativa mensal A base de cálculo do imposto de renda com base na apuração anual, a ser pago mensalmente, é o resultado da somatória de um percentual aplicado sobre a receita bruta do mês, acrescido de ganhos de capital, demais receitas e resultados positivos, excetuados os rendimentos ou ganhos tributados como de aplicações financeiras. Os percentuais aplicáveis sobre a receita bruta variam de acordo com a atividade da pessoa jurídica e constam do art. 15 da Lei nº 9.249/95. Receitas financeiras não são computadas para obtenção da base de cálculo do Imposto de Renda Apuração por estimativa. Na sistemática de pagamento por Estimativa Mensal, a receita bruta deve compreender: • O produto da venda de bens nas operações de conta própria; • O preço dos serviços prestados; • O resultado auferido nas operações de conta alheia. Vale lembrar que o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados não deve compor a receita bruta. 19 Outro detalhe importante a ser observado são as exclusões a serem efetuadas do montante da receita bruta: • Vendas canceladas; • Devoluções de vendas; • Descontos incondicionais concedidos. Desconto incondicional é aquele concedido independentemente de condição de prazo de pagamento. Não comporão a base de cálculo do imposto as receitas provenientes de atividade incentivada, na proporção do benefício a que a pessoa jurídica, submetida ao regime de tributação com base no lucro real, fizer jus (Lei 9.249/1995, art. 15, § 3º). Os rendimentos líquidos ganhos nas operações realizadas em bolsa de valores e os ganhos de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza serão apurados e tributados separadamente, e não integrarão a base de cálculo do Imposto de Renda, na declaração anual, sendo que o imposto pago não poderá ser deduzido do devido na declaração. Quando do pagamento do imposto de renda mensal por estimativa, a pessoa jurídica poderá deduzir o imposto retido na fonte sobre receitas, rendimentos ou ganhos computados na apuração do imposto, porém o imposto retido sobre rendimentos ou ganhos de aplicações financeiras somente poderá ser deduzido na declaração. A empresa poderá deduzir os incentivos fiscais de que trata o art. 34 da Lei nº 8.918/95, com nova redação dada pela Lei 9.065/95. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do coeficiente indicado para a atividade sobre a receita bruta auferida mensalmente. Conforme determinado na Lei 9.249/1995, art. 15, § 1º. Dentre os coeficientes utilizados, podemos destacar: • 1,6% revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural; • 8% para atividades em geral, tais como venda, revenda, transporte de cargas, atividades imobiliárias, serviços hospitalares, atividade rural e outras; • 32% para as atividades de serviços em geral, serviços prestados pelas sociedades civis de profissão regulamentada, intermediação de negócios; • 16% para atividades de serviços de transporte (exceto o de cargas), bancos comerciais, de investimentos, de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta. Também deverão utilizar o coeficiente de 16% as empresas prestadoras de serviços em geral que auferirem receita bruta anual até R$ 120.000,00. 20 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Exemplo de apuração de base de cálculo Uma empresa em determinado mês obteve receitas de prestação de serviços de manutenção no valor de R$ 100.000,00. • Base de cálculo = receita do mês x coeficiente. • Base de cálculo = R$ 100.000,00 x 8%. • Base de cálculo = R$ 8.000,00. Apuração do Imposto de Renda – Pessoa Jurídica • R$ 8.000,00 x 15% = R$ 1.200,00. • IRPJ devido por estimativa no mês R$ 1.200,00. Compensação de Prejuízos A empresa, na apuração do lucro real anual, poderá compensar integralmente os prejuízos acumulados durantes os meses, com lucros apurados, desde que dentro do mesmo ano- calendário. Assim, o lucro de janeiro poderá ser compensado com o prejuízo de fevereiro ou dezembro, e o lucro de março poderá ser compensado com o prejuízo de qualquer mês. Alíquota do Imposto de Renda e do Adicional Assim como no lucro real trimestral, a alíquota do imposto de renda continua sendo 15% e a do adicional 10%, mas o pagamento do adicional terá de ser feito mensalmente sobre a parcela do lucro estimado que exceder R$ 20.000,00. A partir de 01-01-98, as empresas que optarem pelo lucro real trimestral estão dispensadas do pagamento estimado do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro referentes às operações de janeiro e fevereiro. Pagamento do imposto As pessoas jurídicas sujeitas ao regime de tributação com base no lucro real anual deverão recolher o Imposto de Renda mensalmente, calculado com base nas regras de estimativa. O valor pago mensalmente a título de antecipação será recuperado no final do ano. A contabilização será em conta do ativo em imposto de renda a recuperar. No final do exercício contabiliza-se a provisão do Imposto de Renda no passivo circulante. Deve ser feita a confrontação do ativo e passivo, para definição do saldo a pagar ou a recuperar. Suspensão ou redução do imposto A pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que, por meio de balanços ou balancetes mensais, demonstre que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso. A suspensão ou redução do pagamento do Imposto é aplicável inclusive ao imposto do mês de janeiro. Assim, se no mês de janeiro a empresa verificar, por meio de balanços ou balancete, que teve prejuízo fiscal, não terá imposto a pagar. A faculdade de suspender ou reduzir o pagamento está baseado na Lei 9.430/96, artigo 2º. 21 O balanço ou balancete de suspensão ou de redução do imposto deverá compreender o período entre 1o de janeiro do respectivo ano e a data da apuração do lucro. Assim, a pessoa jurídica pagou o imposto dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril com base na receita bruta e em 31 de maio levantou o balanço; o lucro real desse balanço terá de compreender o período de 1º de janeiro a 31 de maio do respectivo ano. O imposto de renda e o adicional do imposto de renda, calculados com base no lucro real daqueles períodos, serão comparados com o imposto e o adicional pagos dos meses de janeiro, fevereiro, março e abril. Se a soma dos pagamentos efetuados for maior que o imposto devido apurado com base no balanço, a empresa não terá de pagar os impostos relativos às operações de maio, porém se o imposto sobre o lucro apurado no balanço ou balancete for um pouco maior, a empresa deverá pagar a diferença.O código da receita deverá ser sempre o de pagamento estimado. No balanço ou balancete de suspensão ou redução de pagamento apurado, o limite de isenção do adicional corresponderá ao valor do resultado da multiplicação do limite mensal de R$ 20.000,00 pelo número de meses que compõem o período desde janeiro até o mês do balanço ou balancete, nesse caso 5 meses. Assim, o limite de isenção do adicional no balanço de suspensão de 31 de maio será de R$ 100.000,00. O balanço de maio não servirá para suspender ou reduzir o pagamento relativo ao mês de junho. A empresa terá de levantar novo balanço ou balancete compreendendo o período de 1o de janeiro a 30 de junho. O imposto e adicional devidos são comparados com o imposto e adicional pagos nos meses de janeiro a maio, e assim por diante. Para a comparação, deverá ser considerado como imposto devido o resultado da aplicação da alíquota do imposto sobre o lucro real, acrescido do adicional e deduzido, quando for o caso, dos incentivos fiscais de dedução e de isenção ou redução. Considera-se imposto de renda pago a somatória dos valores correspondentes aos impostos de renda pagos mensalmente, retidos na fonte sobre receitas ou rendimentos computados na determinação do lucro real do período; pago sobre os ganhos líquidos de renda variável ou mesmo pagos a maior ou indevidamente em anos-calendário anteriores. O balanço ou balancete de suspensão ou redução de pagamento do imposto terá de ser transcrito no Livro Diário até a data fixada para pagamento do imposto do respectivo mês. No lucro real anual, em caso de suspensão ou redução do imposto mensal, o §3o do art. 12 da IN nº 93, de 12/12/97, dispensa a escrituração do livro do inventário. Se a pessoa jurídica possuir registro permanente de estoque, o §4o permite que o confronto entre a contagem física e a escritural seja feito só no balanço de 31 de dezembro. Os saldos de estoques do registro permanente, apurados no final de cada mês, servem para apuração do lucro mensal. 22 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Balanço anual No final do exercício, deverá ser levantado o balanço anual, e a diferença entre o imposto devido apurado de forma anual e o pago pelas importâncias estimadas será: a) Havendo diferença ao recolher, a mesma deverá ser efetuada até o último dia do mês de março, em uma única quota, acrescida de juros equivalentes à soma: 1) Taxa Selic a partir de 1º de fevereiro até o último dia do mês anterior ao pagamento. 2) 1% no mês do pagamento. b) Havendo recolhimento a maior entre o valor do imposto sobre o lucro real apurado e o pago por estimativa, o mesmo poderá ser compensado a partir de janeiro do ano- calendário seguinte. De acordo com o artigo 858 do Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda), estabeleceu-se que a compensação será feita a partir de abril do ano subsequente ao do período de apuração, entretanto a Secretaria da Receita Federal editou o Ato Declaratório Normativo nº 3, de 7 de janeiro de 2000, estabelecendo que a compensação ou a restituição possa ser feita a partir do mês de janeiro do ano-calendário subsequente ao período de apuração. O balancete deverá ser levantado com as observações das leis comerciais e fiscais, transcrito no livro-diário. O resultado contábil do período será ajustado pelas adições, exclusões e compensações admitidas pela legislação do Imposto de Renda, resultando, assim, no lucro real ou lucro tributável. Nesse sistema, o livro de apuração do lucro real deverá ser escriturado mensalmente, determinando a cada período ou mês um novo lucro real e considerando sempre os resultados acumulados. 23 PAT – Programa de Alimentação ao Trabalhador O Programa de Alimentação ao Trabalhador, o PAT, é um dos incentivos que a legislação permite que as empresas tributadas pelo lucro real possam deduzir do imposto de renda, respeitando o limite estabelecido de até o valor equivalente a 15 % do total das despesas de custeio efetuadas no período de apuração. Porém, o custo máximo da refeição será de R$2,49 (dois reais e quarenta e nove centavos), no caso de o custo efetivo ter sido superior a esse valor. O valor mensal do benefício será calculado mediante a aplicação da alíquota do imposto sobre o resultado da multiplicação do número de refeições fornecidas em cada período de apuração, correspondente a 80% do custo efetivo de cada refeição. No caso de o custo efetivo ser igual ou superior a R$2,49, o valor mensal do benefício será calculado mediante a aplicação da alíquota do imposto sobre o resultado da multiplicação do número de refeições fornecidas, no período de apuração, pelo valor de $1,99 (um real e noventa e nove centavos) (IN RF n° 16, de 1992). A pessoa jurídica que estiver apurando lucro real anual considerará como valor do benefício o resultado da soma dos valores correspondentes aos meses do ano-calendário, observados os limites em relação ao imposto devido. A dedução do imposto de renda a este título não poderá exceder, isoladamente, a 4% do imposto de renda devido, observado o disposto no § 4° do art. 3º da Lei nº 9.249, de 1995 (Lei n° 9.532, de 1997, art. 5° e art. 81, II). Para o cálculo do limite dessa dedução deverá ser excluída, do imposto de renda devido, a parcela do imposto correspondente a lucros, rendimentos ou ganhos de capital auferidos no exterior (Lei nº 9.430, de 1996, art. 16, § 4º). Eventuais excessos podem ser transferidos para dedução nos dois anos-calendário subsequentes (Decreto nº 3.000, de 1999, art. 582). Observando os limites acima mencionados e os requisitos normativos, o incentivo PAT poderá ser deduzido do valor do imposto de renda devido mensalmente por estimativa, ainda que calculado com base em balanços ou balancetes de suspensão ou redução do imposto mensal e no valor devido apurado com base no lucro real anual ou trimestral. Para aproveitar esse incentivo, o correto é fazer o cálculo entre as formas de apuração e utilizar aquele que corresponder ao menor valor entre as três opções. a) 15% (quinze por cento) sobre o resultado da multiplicação do número de refeições fornecidas em cada trimestre, pelo valor equivalente a R$ 1,99 (um real e noventa e nove centavos); b) 15% (quinze por cento) sobre o valor total das despesas de custeio efetuadas no período de apuração, observado o limite específi co. c) dedução do incentivo, diretamente do Imposto de Renda apurado, está limitada a 4% (quatro por cento) do imposto em cada período, sem a inclusão do adicional, quando devido (art. 6º da Lei nº 9.532/1997). Saiba Mais No site da Receita Federal http://goo.gl/E7DuXW, podemos encontrar as considerações adicionais para o caso de incentivos. 24 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Exemplos práticos de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – Sistema Lucro Real. Lucro real trimestral Considere as seguintes informações, em 30.06.20X4 de uma empresa tributada pela apuração TRIMESTRAL DO LUCRO REAL. Lucro líquido do período antes do IR......................... R$ 300.000,00. Dividendos recebidos de participações societárias avaliadas pelo Método de Custo.................................................. R$ 16.000,00. Provisão para contingências..................................... R$ 30.680,00. Despesas não relacionadas intrinsecamente com a atividade operacional da empresa............................................................. R$ 76.000,00. Prejuízos fiscais acumulados até 31.03.20X4........... R$ 145.000,00. Considere as alíquotas: IRPJ 15%, Adicional 10% sobre o que exceder a R$ 60.000 no trimestre. Cálculo – Lucro líquido antes do Imposto de Renda:............................R$ 300.000,00 – Adições: – Provisão para contingências:.................................................R$ 30.680,00 – Despesas não relacionadas intrinsecamente ..............................R$76.000,00 – Exclusões: – Dividendos recebidos participações societárias......................(R$ 16.000,00) BASE DE CÁLCULO ANTES DA COMPENSAÇÃO.....R$ 390.680,00 – Compensação do prejuízo (limitado a 30%)............................(R$ 117.204,00) – Base de cálculo.........................................................................R$ 273.476,00 Cálculo do Imposto de Renda e do Adicional – Imposto de Renda............................ 273.476,00 x 15% = R$ 41.021,40 – Adicional do IR...............................213.476,00 x 10% = R$ 21.347,60. TOTAL IMPOSTO DEVIDO............................................... R$ 62.369,00. 25 Lucro real anual – Estimativa Suponhamos que uma empresa, tributada pelo sistema de lucro real anual, apurando seu Imposto de Renda pelo sistema de Estimativa, no mês de fevereiro de 20X4, apresente os seguintes dados: Receita total de vendas de produtos:................................R$ 289.750,00 IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados....................R$14.487,50 Receita de intermediação de negócios:.............................R$ 103.250,00 Rendimentos sobre aplicações financeiras:.......................R$3.180,00 IRRF sobre receitas de intermediação de negócios............R$1.548,75 Cálculo do Imposto de Renda – Receita de venda de produtos.................................................289.750,00 – (-) IPI......................................................................................14.487,50 – Receita líquida de venda...............................275.262,50 x 8% = 22.021,00 – Receita de serviços.........................................103.250,00 x 32% = 33.040,00 BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA....................55.061,00 – Cálculo do Imposto............................................55.061,00 x 15% = 8.259,15 – Adicional do IR.................................................35.061,00 x 10% = 3.506,10 – IR DEVIDO.............................................................................11.765,25 – (-) IRRF.....................................................................................1.548,75 IMPOSTO DE RENDA A PAGAR.........................................10.216,50 26 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Material Complementar Livros: AVILA, H. Sistema constitucional tributário. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. (e-book). BOMFIM, D. Tributação e livre concorrência. São Paulo: Saraiva, 2010. (e-book). CHIMENTI, R. C.; TOLEDO. A. teoria e prática do direito tributário. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. (e-book). LUZ, E. E. Contabilidade tributária. Curitiba: IBPEX, 2010. (e-book). POLONIO, W. A. Terceirização: aspectos legais, trabalhistas e tributários. São Paulo: Atlas, 2001. (e-book). Sites: Acesso à Legislação do LUCRO REAL pelo site da Receita Federal. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2000/orientacoes/lucroreal.htm Acesso em: 22 nov. 2014. 27 Referências FABRETTI, L. C. Contabilidade tributária. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013. OLIVEIRA, L. M.; CHIEREGATO, R.; PEREZ JUNIOR, J. H.; GOMES, M. B. Manual de contabilidade tributária. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2012. PEGAS, P. H. Manual de contabilidade tributária. 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2011. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Decreto 3.000/99. Regulamento do Imposto de Renda. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm. Acesso em 21 nov. 2014 . 28 Unidade: Tributos diretos – Lucro real Anotações
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