Prévia do material em texto
Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2011 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Disciplina na modalidade a distância gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 1 18/01/12 09:19 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância Reitor Ailton Nazareno Soares Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Corrêa Máximo Pró-Reitor de Ensino e Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitora de Administração Acadêmica Miriam de Fátima Bora Rosa Pró-Reitor de Desenvolvimento e Inovação Institucional Valter Alves Schmitz Neto Diretora do Campus Universitário de Tubarão Milene Pacheco Kindermann Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Secretária-Geral de Ensino Solange Antunes de Souza Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Diretor Adjunto Moacir Heerdt Secretaria Executiva e Cerimonial Jackson Schuelter Wiggers (Coord.) Marcelo Fraiberg Machado Tenille Catarina Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça Assessoria de Relação com Poder Público e Forças Armadas Adenir Siqueira Viana Walter Félix Cardoso Junior Assessoria DAD - Disciplinas a Distância Patrícia da Silva Meneghel (Coord.) Carlos Alberto Areias Cláudia Berh V. da Silva Conceição Aparecida Kindermann Luiz Fernando Meneghel Renata Souza de A. Subtil Assessoria de Inovação e Qualidade de EAD Denia Falcão de Bittencourt (Coord.) Andrea Ouriques Balbinot Carmen Maria Cipriani Pandini Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.) Felipe Fernandes Felipe Jacson de Freitas Jefferson Amorin Oliveira Phelipe Luiz Winter da Silva Priscila da Silva Rodrigo Battistotti Pimpão Tamara Bruna Ferreira da Silva Coordenação Cursos Coordenadores de UNA Diva Marília Flemming Marciel Evangelista Catâneo Roberto Iunskovski Auxiliares de Coordenação Ana Denise Goularte de Souza Camile Martinelli Silveira Fabiana Lange Patricio Tânia Regina Goularte Waltemann Coordenadores Graduação Aloísio José Rodrigues Ana Luísa Mülbert Ana Paula R.Pacheco Artur Beck Neto Bernardino José da Silva Charles Odair Cesconetto da Silva Dilsa Mondardo Diva Marília Flemming Horácio Dutra Mello Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janaína Baeta Neves Jorge Alexandre Nogared Cardoso José Carlos da Silva Junior José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Joseane Borges de Miranda Luiz G. Buchmann Figueiredo Marciel Evangelista Catâneo Maria Cristina Schweitzer Veit Maria da Graça Poyer Mauro Faccioni Filho Moacir Fogaça Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Fontanella Roberto Iunskovski Rose Clér Estivalete Beche Vice-Coordenadores Graduação Adriana Santos Rammê Bernardino José da Silva Catia Melissa Silveira Rodrigues Horácio Dutra Mello Jardel Mendes Vieira Joel Irineu Lohn José Carlos Noronha de Oliveira José Gabriel da Silva José Humberto Dias de Toledo Luciana Manfroi Rogério Santos da Costa Rosa Beatriz Madruga Pinheiro Sergio Sell Tatiana Lee Marques Valnei Carlos Denardin Sâmia Mônica Fortunato (Adjunta) Coordenadores Pós-Graduação Aloísio José Rodrigues Anelise Leal Vieira Cubas Bernardino José da Silva Carmen Maria Cipriani Pandini Daniela Ernani Monteiro Will Giovani de Paula Karla Leonora Dayse Nunes Letícia Cristina Bizarro Barbosa Luiz Otávio Botelho Lento Roberto Iunskovski Rodrigo Nunes Lunardelli Rogério Santos da Costa Thiago Coelho Soares Vera Rejane Niedersberg Schuhmacher Gerência Administração Acadêmica Angelita Marçal Flores (Gerente) Fernanda Farias Secretaria de Ensino a Distância Samara Josten Flores (Secretária de Ensino) Giane dos Passos (Secretária Acadêmica) Adenir Soares Júnior Alessandro Alves da Silva Andréa Luci Mandira Cristina Mara Schauffert Djeime Sammer Bortolotti Douglas Silveira Evilym Melo Livramento Fabiano Silva Michels Fabricio Botelho Espíndola Felipe Wronski Henrique Gisele Terezinha Cardoso Ferreira Indyanara Ramos Janaina Conceição Jorge Luiz Vilhar Malaquias Juliana Broering Martins Luana Borges da Silva Luana Tarsila Hellmann Luíza Koing Zumblick Maria José Rossetti Marilene de Fátima Capeleto Patricia A. Pereira de Carvalho Paulo Lisboa Cordeiro Paulo Mauricio Silveira Bubalo Rosângela Mara Siegel Simone Torres de Oliveira Vanessa Pereira Santos Metzker Vanilda Liordina Heerdt Gestão Documental Lamuniê Souza (Coord.) Clair Maria Cardoso Daniel Lucas de Medeiros Jaliza Thizon de Bona Guilherme Henrique Koerich Josiane Leal Marília Locks Fernandes Gerência Administrativa e Financeira Renato André Luz (Gerente) Ana Luise Wehrle Anderson Zandré Prudêncio Daniel Contessa Lisboa Naiara Jeremias da Rocha Rafael Bourdot Back Thais Helena Bonetti Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Janaína Baeta Neves (Gerente) Aracelli Araldi Elaboração de Projeto Carolina Hoeller da Silva Boing Vanderlei Brasil Francielle Arruda Rampelotte Reconhecimento de Curso Maria de Fátima Martins Extensão Maria Cristina Veit (Coord.) Pesquisa Daniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC) Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem) Pós-Graduação Anelise Leal Vieira Cubas (Coord.) Biblioteca Salete Cecília e Souza (Coord.) Paula Sanhudo da Silva Marília Ignacio de Espíndola Renan Felipe Cascaes Gestão Docente e Discente Enzo de Oliveira Moreira (Coord.) Capacitação e Assessoria ao Docente Alessandra de Oliveira (Assessoria) Adriana Silveira Alexandre Wagner da Rocha Elaine Cristiane Surian (Capacitação) Elizete De Marco Fabiana Pereira Iris de Souza Barros Juliana Cardoso Esmeraldino Maria Lina Moratelli Prado Simone Zigunovas Tutoria e Suporte Anderson da Silveira (Núcleo Comunicação) Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte- Nordeste) Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos) Andreza Talles Cascais Daniela Cassol Peres Débora Cristina Silveira Ednéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste) Francine Cardoso da Silva Janaina Conceição (Núcleo Sul) Joice de Castro Peres Karla F. Wisniewski Desengrini Kelin Buss Liana Ferreira Luiz Antônio Pires Maria Aparecida Teixeira Mayara de Oliveira Bastos Michael Mattar Patrícia de Souza Amorim Poliana Simao Schenon Souza Preto Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais Didáticos Márcia Loch (Gerente) Desenho Educacional Cristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD) Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.) Aline Cassol Daga Aline Pimentel Carmelita Schulze Daniela Siqueira de Menezes Delma Cristiane Morari Eliete de Oliveira Costa Eloísa Machado Seemann Flavia Lumi Matuzawa Geovania Japiassu Martins Isabel Zoldan da Veiga Rambo João Marcos de Souza Alves Leandro Romanó Bamberg Lygia Pereira Lis Airê Fogolari Luiz Henrique Milani Queriquelli Marcelo Tavares de Souza Campos Mariana Aparecida dos Santos Marina Melhado Gomes da Silva Marina Cabeda Egger Moellwald Mirian Elizabet Hahmeyer Collares Elpo Pâmella Rocha Flores da Silva Rafael da Cunha Lara Roberta de Fátima Martins Roseli Aparecida Rocha Moterle Sabrina Bleicher Verônica Ribas Cúrcio Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letícia Regiane Da Silva Tobal Mariella Gloria Rodrigues Vanesa Montagna Avaliação da aprendizagem Claudia Gabriela Dreher Jaqueline Cardozo Polla Nágila Cristina Hinckel Sabrina Paula Soares Scaranto Thayanny Aparecida B. da Conceição Gerência de Logística Jeferson Cassiano A. da Costa (Gerente) Logísitca de Materiais Carlos Eduardo D. da Silva (Coord.) Abraao do Nascimento Germano Bruna Maciel Fernando Sardão da Silva Fylippy Margino dos Santos Guilherme Lentz Marlon Eliseu Pereira Pablo Varela da Silveira Rubens Amorim Yslann David Melo Cordeiro Avaliações Presenciais Graciele M. Lindenmayr (Coord.) Ana Paula de Andrade Angelica Cristina Gollo Cristilaine Medeiros Daiana Cristina Bortolotti Delano Pinheiro Gomes Edson Martins Rosa Junior Fernando Steimbach Fernando Oliveira Santos Lisdeise Nunes Felipe Marcelo Ramos Marcio Ventura Osni Jose Seidler Junior ThaisBortolotti Gerência de Marketing Eliza B. Dallanhol Locks (Gerente) Relacionamento com o Mercado Alvaro José Souto Relacionamento com Polos Presenciais Alex Fabiano Wehrle (Coord.) Jeferson Pandolfo Karine Augusta Zanoni Marcia Luz de Oliveira Mayara Pereira Rosa Luciana Tomadão Borguetti Assuntos Jurídicos Bruno Lucion Roso Sheila Cristina Martins Marketing Estratégico Rafael Bavaresco Bongiolo Portal e Comunicação Catia Melissa Silveira Rodrigues Andreia Drewes Luiz Felipe Buchmann Figueiredo Rafael Pessi Gerência de Produção Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Francini Ferreira Dias Design Visual Pedro Paulo Alves Teixeira (Coord.) Alberto Regis Elias Alex Sandro Xavier Anne Cristyne Pereira Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Daiana Ferreira Cassanego Davi Pieper Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Fernanda Fernandes Frederico Trilha Jordana Paula Schulka Marcelo Neri da Silva Nelson Rosa Noemia Souza Mesquita Oberdan Porto Leal Piantino Multimídia Sérgio Giron (Coord.) Dandara Lemos Reynaldo Cleber Magri Fernando Gustav Soares Lima Josué Lange Conferência (e-OLA) Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.) Bruno Augusto Zunino Gabriel Barbosa Produção Industrial Marcelo Bittencourt (Coord.) Gerência Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico Maria Isabel Aragon (Gerente) Ana Paula Batista Detóni André Luiz Portes Carolina Dias Damasceno Cleide Inácio Goulart Seeman Denise Fernandes Francielle Fernandes Holdrin Milet Brandão Jenniffer Camargo Jessica da Silva Bruchado Jonatas Collaço de Souza Juliana Cardoso da Silva Juliana Elen Tizian Kamilla Rosa Mariana Souza Marilene Fátima Capeleto Maurício dos Santos Augusto Maycon de Sousa Candido Monique Napoli Ribeiro Priscilla Geovana Pagani Sabrina Mari Kawano Gonçalves Scheila Cristina Martins Taize Muller Tatiane Crestani Trentin Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: cursovirtual@unisul.br | Site: www.unisul.br/unisulvirtual gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 2 18/01/12 09:19 Palhoça UnisulVirtual 2011 Revisão e atualização de conteúdo Terezinha Damian Antônio Design instrucional Roseli Rocha Moterle 2ª edição Graciella Martignago Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Livro didático gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 3 18/01/12 09:19 Edição – Livro Didático Professora Conteudista Graciella Martignago Revisão e atualização de conteúdo Terezinha Damian Antônio Design Instrucional Carolina Hoeller da Silva Boeing Viviane Bastos Viviane Poyer Roseli Rocha Moterle (2ª edição) ISBN 978-85-7817-267-1 Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Noemia Mesquita (2ª edição) Revisão Jaqueline Tartari Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2011 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 658.4052 M33 Martignago, Graciella Gestão estratégica de negócios internacionais I : livro didático / Graciella Martignago ; revisão e atualização de conteúdo Terezinha Damian Antônio ; design instrucional Carolina Hoeller da Silva Boeing, Viviane Bastos, Viviane Poyer, Roseli Rocha Moterle. – 2. ed. – Palhoça : UnisulVirtual, 2011. 169 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-267-1 1. Negociação (Administração de empresas). 2. Planejamento estratégico. 3. Relações econômicas internacionais. I. Antônio, Terezinha Damian. II. Boeing, Carolina Hoeller da Silva. III. Bastos, Viviane. IV. Poyer, Viviane. V. Moterle, Roseli Rocha. VI. Título. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 4 18/01/12 09:19 Sumário Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 Palavras da professora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 UNIDADE 1 - Negócios internacionais e gestão estratégica . . . . . . . . . . . . . 15 UNIDADE 2 - Metodologias de análise do ambiente externo . . . . . . . . . . . 59 UNIDADE 3 - Análise do ambiente interno da organização . . . . . . . . . . . . 103 UNIDADE 4 - Estratégias de negócios internacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Sobre as professoras conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 165 Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 5 18/01/12 09:19 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 6 18/01/12 09:19 7 Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Gestão estratégica de negócios internacionais I. O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre-se de que sua caminhada, nesta disciplina, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade entre em contato. Você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso, tais como: telefone, e-mail e o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, porque sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 7 18/01/12 09:19 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 8 18/01/12 09:19 Palavras da professora Caro aluno, Seja bem-vindo à disciplina de Gestão estratégica de negócios internacionais I. Esta disciplina tem o objetivo de mostrar como ocorre o processo de desenvolvimento de estratégias dentro das organizações, com enfoque para as organizações internacionais. A partir do estudo deste conteúdo, você estará apto a desenvolver um diagnóstico estratégico de organizações, identificando quais são as estratégias que desenvolvem, quais são as habilidades que possuem para competirem e como se caracterizam os ambientes externos às organizações. A disciplina desenvolve os conteúdos introdutórios, necessários para o estudo da disciplina de Gestão estratégica de negócios internacionais II. Ingresse no conteúdo da GENI I e bom estudo! Profa. Graciella Martignago gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 9 18/01/12 09:19 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 10 18/01/12 09:19 Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologiase por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: � o livro didático; � o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); � as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação); � o Sistema Tutorial. Ementa Estrutura competitiva das organizações e dos setores econômicos. O processo de criação de valor. O pensamento estratégico. Diagnóstico estratégico. A competitividade internacional entre as organizações. Barreiras culturais nos negócios internacionais. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 11 18/01/12 09:19 12 Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos da disciplina Geral: Apresentar o processo de gestão estratégica de negócios, com enfoque para a empresa internacionalizada. Específicos: � Conceituar a gestão de negócios internacionais. � Apresentar métodos de análise do ambiente externo e ambiente interno. � Apresentar as estratégias genéricas de negócios. Carga Horária A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula. Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação. Unidades de estudo: 4 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 12 18/01/12 09:19 13 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1: Negócios internacionais e gestão estratégica Esta unidade tem como objetivo caracterizar negócios internacionais, apresentar a gestão estratégica para as organizações internacionais, com enfoque para a sua importância enquanto área de estudo, como também mostrar os ambientes organizacionais, seus principais constituintes, características e a influência destes fatores no desempenho competitivo das empresas. Unidade 2: Metodologias de análise do ambiente externo Esta unidade tem por objetivo apresentar os modelos de identificação do posicionamento estratégico de uma organização na indústria, bem como a análise da concorrência, para definir as estratégias de atuação da empresa no mercado internacional. Unidade 3: Análise do ambiente interno da organização Esta unidade tem por objetivo mostrar que além do ambiente externo, a empresa precisa analisar o ambiente interno, e também caracterizar e apresentar como pode ser realizada uma análise do ambiente interno da organização. Unidade 4: Estratégias de negócios internacionais Esta unidade tem por objetivo apresentar as estratégias que podem ser desenvolvidas pelas empresas, após o conhecimento dos ambientes em que estão inseridas, para obterem competitividade no mercado. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 13 18/01/12 09:19 14 Universidade do Sul de Santa Catarina Agenda de atividades/Cronograma � Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor. � Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. � Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina. Atividades obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 14 18/01/12 09:19 1UNIDADE 1Negócios internacionais e gestão estratégica Objetivos de aprendizagem � Compreender o que são os negócios internacionais. � Conhecer o que é gestão estratégica de negócios internacionais. � Mostrar os ambientes organizacionais, seus principais constituintes e características e a influência destes fatores no desempenho competitivo das empresas. Seções de estudo Seção 1 Aspectos conceituais de negócios internacionais Seção 2 Evolução histórica dos negócios internacionais Seção 3 Estratégias de entrada e de operações em mercados internacionais Seção 4 Noções de planejamento e gestão estratégica Seção 5 Análise de ambientes organizacionais Seção 6 Investigação de variáveis ambientais gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 15 18/01/12 09:19 16 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Nesta primeira unidade de estudo, você poderá conhecer o que são os negócios internacionais e porque são tão importantes para a economia mundial da atualidade. Você aprenderá a identificar uma empresa internacional e uma empresa multinacional, os modos de atuação das organizações multinacionais e irá perceber que existem várias estratégias de entrada e de operações em mercados internacionais. Estudará também sobre a gestão estratégica e sua importância para a realização de negócios internacionais, assim como, vai conhecer os ambientes organizacionais, seus principais constituintes e características e a influência destes fatores no desempenho competitivo das empresas. Seção 1 – Aspectos conceituais de negócios internacionais Um renomado jornalista norte-americano chamado Thomas Friedman lançou, em 2005, um livro intitulado “O Mundo é Plano”. Nele, o autor descreve a descoberta de que o mundo “já não é mais redondo, mas ficou plano”. – Você sabe o que ele quer dizer com isto? Parece confuso não é? Mas observe as considerações. Segundo o autor, quando Colombo tentava descobrir o caminho para as Índias e, na verdade, descobriu a América, concluiu que o mundo era redondo. Em 2004, quando o Friedman visitou a Índia, concluiu que o mundo se achatou, houve uma terraplanagem que fez o mundo virar plano. – Você deve estar se perguntando: mas como? gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 16 18/01/12 09:19 17 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Friedman (2005) expõe que entre 1492 – quando Colombo inaugurou o comércio entre o Velho Mundo e o Novo Mundo – até por volta de 1800, ocorreu a globalização 1.0. Esta globalização reduziu o tamanho do mundo de grande para médio e envolveu basicamente países e músculos. O que promovia a integração global era a potência muscular, isto é, a força física, a quantidade de cavalos-vapor, a quantidade de vento e a quantidade de vapor, aliados à criatividade. Eram os países e governos, motivados pela religião e pelo imperialismo que interligavam o mundo. As grandes perguntas dessa época eram: como o meu país se insere na concorrência e nas oportunidades globais? Como posso me globalizar e colaborar com outras pessoas, por intermédio de meu país? Em seguida, veio a globalização 2.0 que durou de 1800 a 2000, apesar de interrompida pelas Guerras Mundiais. Neste período, o mundo passou de médio para pequeno. O agente de mudança, o que promoveu a integração, foram as empresas multinacionais que buscavam mercados e mão de obra e eram alimentadas pelos baixos custos de transporte e pela queda dos custos das comunicações (difusão do telégrafo, da telefonia, dos computadores pessoais, dos cabos de fibra óptica, da internet). Estes anos presenciaram o surgimento de um mercado verdadeiramente global, em que as empresas e as pessoas passaram a movimentar bens e informações entre os continentes. A globalização 2.0 passou a ser movida, como descreve Friedman (2005), pelas perguntas: como a minha empresa se insere na economia global? Como tirar proveito das oportunidades? Como posso me globalizar e colaborar com outras pessoas por intermédio da minha empresa? A partir de 2000, passou a ocorrer, na visão de Friedman (2005), um outro tipo de globalização, a globalização 3.0. Neste caso, a força vigente é a recém descoberta capacidade dos indivíduos de colaborarem e concorrerem no âmbito mundial, possibilitados pelo poder dos softwarese da internet, o que transformou a todos, nas palavras do autor, em vizinhos de porta. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 17 18/01/12 09:19 18 Universidade do Sul de Santa Catarina Agora, as perguntas são: como eu me insiro na concorrência global e nas oportunidades que surgem a cada dia e como é que eu posso colaborar com outras pessoas no âmbito global? – Mas e quanto ao tamanho do mundo? Agora ele ficou ainda mais achatado, virou plano, e quem está promovendo este achatamento da globalização 3.0 é um grupo cada vez mais diversificado, composto por não ocidentais e não brancos e, para as empresas, abriram-se novas perspectivas. Novas formas de se fazer negócios, com novas possibilidades de relação entre empresas e pessoas no mundo todo. Um exemplo comentado pelo autor é o da execução de serviços contábeis ou de call center por empresas indianas para clientes nos EUA. Uma empresa na Índia pode realizar o imposto de renda de norte-americanos, dada a terceirização de empresas dos EUA e as possibilidades que a tecnologia proporciona. Ou, ainda, um diagnóstico médico pode ser obtido de qualquer lugar do mundo. Com a digitalização de imagens, o exame pode ser enviado para um médico que esteja muito distante fisicamente do paciente, inclusive do outro lado do mundo. Na globalização 3.0, as atividades da cadeia de valor de uma empresa que podem ser decompostas estão sendo terceirizadas para empresas que estão em diferentes partes do mundo. Isto significa que mesmo os negócios prestadores de serviços, antes tipicamente nacionais, também estão se tornando negócios internacionais. Nunca houve na história econômica mundial tamanha inter-relação entre indivíduos, empresas, outros tipos de organizações e países. Logo, nunca houve tantos negócios internacionais. Além disso, cada vez mais existem empresas internacionais no mercado nacional. Você conhece alguma empresa internacional instalada no mercado nacional? gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 18 18/01/12 09:19 19 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Existem várias empresas brasileiras que se internacionalizaram. Os exemplos mais conhecidos são: Marcopolo, Alpargatas, Natura, Votorantim, Boticário, Petrobrás, Companhia Vale do Rio Doce, entre muitos outros. Além disso, a história mostra que empresas de capital internacional existem no Brasil há muitos anos, destacando-se as montadoras de automóveis como exemplo clássico. No segmento varejista o grupo Carrefour, de capital francês, instalou-se no Brasil, em São Paulo, em 1975. Em seguida, apareceu a Metro Holding (Suíça), a holandesa SHV International e a norte-americana Basic Economic Corporation que formaram um pool para constituir o Makro. Já nos anos 90, surgiu o capital português que constituiu o BIG. Observe a seguir outros exemplos importantes. Na área de construção, o grupo Odebrecht e a Andrade Gutierrez são excelentes exemplos. A Cutrale com a instalação de uma indústria na Florida, procura amenizar as restrições às suas vendas de suco de laranja para o mercado americano. O grupo Gerdau e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) já adquiriram siderúrgicas nos EUA. A Sadia e a Perdigão, lideres nacionais do agronegócio tem obtido uma parte substancial de suas receitas por meio da exportação. Observe a afirmação de Daft (2005, p. 78): [...] quão importante é o comércio internacional para o estudo da administração? Se você não estiver pensando internacionalmente, não está pensando em administração de negócios. O futuro das empresas e das sociedades será determinado por relacionamentos globais, e não locais. [...] Se você pensa que está isolado da influência global, pense novamente. Mesmo se você não arredar pé da sua cidade, sua empresa poderá ser comprada amanhã pelos ingleses, japoneses ou alemães. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 19 18/01/12 09:19 20 Universidade do Sul de Santa Catarina Theodore Levitt, em um clássico artigo na Harvard Business Review, em 1983, intitulado A globalização dos mercados, foi um dos primeiros autores a alertar que os mercados haviam se tornado globalizados. Neste artigo, o autor demonstrou que uma poderosa força impulsionava o mundo na direção de uma convergência para a uniformização e essa força era a tecnologia. A tecnologia, muito antes de a internet tornar-se uma realidade (no Brasil a internet chegou no início dos anos noventa), já transformava os mercados. Segundo Levitt (1998), a tecnologia proletarizou as comunicações, os transportes, as viagens. Fez de locais isolados e de povos empobrecidos entidades ansiosas por usufruírem dos atrativos da modernidade. O efeito foi que quase todas as pessoas por todos os lugares passaram a desejar todas as coisas que, agora, passaram a conhecer. Essa nova realidade afetou o mundo dos negócios. Fez surgir mercados globais para produtos padronizados, ampliando o mercado consideravelmente. O crescimento do mercado passou a permitir a produção, a distribuição, o marketing em escalas também ampliadas. As empresas passaram de empresas multinacionais para empresas globais. De acordo com Levitt (1998), as comunicações no âmbito global levam a toda parte as possibilidades modernas de aperfeiçoar e tornar mais fácil o trabalho, aumentar o padrão de vida e propiciar entretenimento. Ao mesmo tempo em que os países pedem que se respeite a individualidade de suas culturas, insistem na transferência de mercadorias e serviços modernos. Como consequência, as empresas passaram a produzir produtos padronizados da mesma maneira, em todos os lugares. A estrutura mundial de preferências se tornou irrevogavelmente homogeneizada. A redução das barreiras alfandegárias e não alfandegárias possibilita que os produtos sejam vendidos em vários lugares do mundo simultaneamente. Além disto, os investimentos em tecnologia se tornaram caros demais para serem amortizados num único mercado. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 20 18/01/12 09:19 21 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Há também o fato de que muitos concorrentes mudaram a natureza da rivalidade, ou seja, de concorrência entre países para concorrência global, o que fez com que outras empresas fossem incentivadas a se internacionalizar. Outro fator que estimula a internacionalização é o aumento do número de países recentemente industrializados, que gerou um incremento do número de locais viáveis para operações industriais sofisticadas com mão de obra barata. – Você sabia que a expansão do mercado é uma das principais razões da internacionalização? Quando a capacidade produtiva da empresa transcende o tamanho do mercado, a empresa tende a buscar novas oportunidades mercadológicas. É o caso de empresas sediadas em países pequenos, como a Nestlé (Suíça), que em 1875 vendia leite para 16 países. Do lado oposto, verificam-se que empresas norte-americanas tiveram um processo de internacionalização vagaroso dado ao tamanho do seu mercado interno. O varejo dos EUA é um exemplo. A internacionalização do varejo norte-americano aconteceu de forma mais vigorosa a partir dos anos 90 enquanto varejistas europeus já se encontravam pelo mundo todo. A busca por recursos constitui-se em outro fator que estimula a internacionalização. Recursos materiais, tecnológicos, humanos e de capital quando escassos localmente fazem com que as empresas os busquem no exterior. São estas as razões que estão levando empresas do mundo todo a produzir na China, por exemplo. Os baixos custos da mão de obra chinesa atraem o capital internacional para produzir na China e distribuir para o mundo todo. Como afirma Daft (2005), todas as grandes empresas reconhecem que a expansão internacional é necessária, apesar dos riscos. A maioria das grandes empresas do mundo depende do negócio internacional como parte substancial das vendas de lucros. O Wal-Mart, maiorvarejista do mundo, lançou-se em um processo de internacionalização e encontrou desafios no seu processo de internacionalização, mas mantém, ano a ano, a sua expansão além das fronteiras norte-americanas. O Carrefour (França) ingressou no Brasil em 1975, enquanto o Wal-Mart (EUA) chegou somente na década de 90. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 21 18/01/12 09:19 22 Universidade do Sul de Santa Catarina Mas, não são somente as grandes organizações que possuem operações internacionais ou são afetadas pela economia global. As pequenas organizações estão se tornando mais envolvidas nos negócios internacionais. Mesmo as pequenas empresas importam matérias-primas, exportam seus produtos finais e, mesmo que seus membros não tenham planejado entrar no mercado internacional, oportunidades podem aparecer e quando menos se espera a empresa está se internacionalizando. Na próxima seção, você vai conhecer como ocorreu a evolução histórica dos negócios internacionais. Seção 2 - Evolução histórica dos negócios internacionais Griffin e Pustay (1995) mostram que os negócios internacionais são relevantes para a economia mundial há vários anos. Apesar do volume de negócios internacionais ter crescido significativamente nas últimas décadas, muitos eventos do passado desempenharam um papel fundamental na definição dos mercados contemporâneos, dos padrões de comércio e dos centros financeiros atuais. Os negócios internacionais têm sua origem no comércio internacional. Este tem sido registrado pela história desde 2000 anos a.C, quando as tribos da África trocaram utensílios e roupas da Babilônia por especiarias e óleo de oliva. Este tipo de comércio continuou se expandindo com os anos e envolveu mais regiões e a lista de produtos foi crescendo. Em 500 a.C, mercadores chineses exportavam seda para Índia e Europa e uma rota de comércio comum estava estabelecida. Os autores ressaltam que a evolução dos negócios internacionais teve ligação com os poderes militares e políticos de cada época. Os impérios Grego e Romano prosperaram, em parte, por causa do comércio internacional. Por um período de cem anos, durante o século III a.C., Roma lutou contra Cartagena para manter a sua supremacia no comércio. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 22 18/01/12 09:19 23 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Durante a Idade Média, a Itália tornou-se o ponto focal dos negócios internacionais devido a sua localização central em relação ao mercado mundial da época. A força política e militar de Veneza, Gênova e Florença refletiam suas posições como maiores centros de comércio internacional e de atividade financeira. Essas cidades constituíam rotas de comércio entre Europa e China. Em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos Turcos, os Europeus lançaram-se nos oceanos em busca de novas rotas de comércio. Foi nesse período que Cristóvão Colombo identificou novas fontes de recursos e possibilitou a colonização da América pelos países Europeus. Ao mesmo tempo, Vasco da Gama abriu novas rotas de comércio para a Índia e China. A colonização da América proporcionou novas rotas de comércio internacional. A América vendia matérias-primas e metais preciosos enquanto a Europa trocava por chá, produtos manufaturados e outras commodities. Griffin e Pustay (1995) salientam também que os negócios internacionais se desenvolveram no período colonial e de imperialismo através do crescimento do investimento direto e da expansão de empresas multinacionais, ambos envolvendo o fornecimento externo de produtos e o controle dos investimentos realizados pelo país hospedeiro. Capitalistas europeus constituíram novos negócios nas colônias, estabelecendo redes de comércio, transporte e atividades bancárias, que persistem até hoje. No século XIX, as inovações tecnológicas do período possibilitaram a redução dos custos de transporte terrestre e tornaram as grandes fábricas economicamente viáveis, resultando em um incremento dos investimentos externos diretos. Griffin e Pustay (1995) indicam que foi nesse período que surgiram gigantes como Unilever, Ericsson, Royal Dutch Schell. Estas empresas passaram a investir na Ásia, Europa e América simultaneamente. Mas, foi no século XX que o comércio internacional e os investimentos externos diretos cresceram sem precedentes. Depois da Segunda Guerra, a Europa estava devastada, assim como o Japão. Como consequência, a economia norte-americana consolidou-se como a principal economia do mundo e a concorrência interna deste país não contava com competidores de outros países, além das empresas americanas desfrutarem de grande vantagem competitiva no exterior. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 23 18/01/12 09:19 24 Universidade do Sul de Santa Catarina Nos anos 50, empresas como Chrysler, Ford e General Motors vendiam todos os carros que podiam produzir. General Electric e RCA eram os principais fornecedores de produtos eletrônicos para o mundo todo. A US Steel e a Bethlehem Steel não tinham competidores estrangeiros disputando mercado nos EUA. A Boeing, a McDonnell Douglas e a Lockheed dominavam o mercado de aviação comercial internacional. As empresas norte-americanas eram as principais fornecedoras globais para a maioria das indústrias. No final da década de 50, 70 das 100 maiores empresas do mundo tinham sede nos EUA. (GRIFFIN; PUSTAY, 1995, p. 22). Com o tempo, a Europa e o Japão reconstruíram suas estradas, ferrovias, sistemas de comunicação e criaram a infraestrutura necessária para dar sustentação econômica à produção. Auxiliadas pelo Plano Marshall, essas economias estavam prontas para tomar a sua posição no mercado internacional na década de 60. Em 1958, a Nissan Motor Company começou a exportar carros para os EUA. Em 1960, estabeleceu-se em Los Angeles e implantou uma fábrica no México. No mesmo ano, a canadense Alcoa abriu uma fábrica nos EUA. Em 1962, a Fuji criou uma joint-venture com a Xerox para fabricar copiadoras. Em 1965, a Toyota começou a exportar para os EUA. Ao mesmo tempo, empresas norte-americanas criavam suas operações internacionais. Em 1960, a Ford passa a produzir na Inglaterra e na Alemanha. No mesmo ano, a Polaroid já vendia os seus filmes em 10 países. Em 1969, esta empresa já vendia para 62 países. Outras empresas como Merck, IBM, Caterpillar e Goodyear também se expandiam internacionalmente de forma vigorosa. Essas iniciativas deram origem ao ambiente competitivo global que hoje se presencia. (GRIFFIN; PUSTAY, 1995, p. 22). Nos anos 70, vários eventos enfraqueceram a posição dos EUA enquanto líder da economia mundial. Como nas décadas anteriores havia alta demanda pelos produtos norte-americanos, as empresas daquele país pouco se preocupavam com eficiência e a necessidade de reduções de custos e incrementos em qualidade do produto não representavam uma prioridade. Ao mesmo tempo, empresas de outros países enfrentavam mercados domésticos menores, mais intensivos em concorrência, o que as tornou mais competitivas internacionalmente. As empresas japonesas tornaram-se referência mundial em programas de controle da qualidade com reduções de custos. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 24 18/01/12 09:19 25 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Ainda na década de 70, ocorreu a crise do petróleo. O cartel formado pelos países produtores de petróleo passou a ameaçar as economias que demandavam óleo para a produção, como os EUA, que tem boa parte da força competitiva baseada em uma política que conta com grande oferta de energia, a baixos preços. Como consequência, empresas produtoras de automóveis norte-americanas perderam espaço no mercado internacional porque eram pouco eficientes no consumo de combustível, ao contrário das empresas japonesas. Outras empresas norte-americanas como DuPont, Monsanto e Dow Chemical também tiveram seu posicionamentocompetitivo ameaçado pela elevação dos custos dos seus produtos. Neste contexto, empresas europeias e japonesas ganharam espaço no mercado dos EUA e também no mercado internacional restante. Nos anos 70, as empresas japonesas tornaram-se líderes em segmentos como aço, eletrônicos; suplantaram as empresas americanas no mercado automobilístico e os bancos japoneses prosperaram junto com a indústria. No final dos anos 70, das 100 maiores empresas do mundo, 49 eram norte-americanas. (GRIFFIN; PUSTAY, 1995, p. 24). No início dos anos 80, as empresas norte-americanas começaram a olhar para fora e perceberam a necessidade de considerar como incrementar a vantagem competitiva em relação aos seus competidores internacionais. Muitas empresas copiaram práticas gerenciais das empresas japonesas, como os círculos de controle da qualidade, o sistema just-in-time, o controle estatístico do processo, dentre outras práticas, consideradas como razões do sucesso japonês. Entretanto, as empresas norte-americanas perceberam que havia uma grande dificuldade em adotar muitas das práticas, dada à notória diferença cultural que existe entre os dois países. Mas, como observam Griffin e Pustay (1995), foi analisando as empresas japonesas (Honda e Toyota) que a Ford e a Chrysler começaram a enfatizar a qualidade dos produtos e reconquistaram o mercado. O mesmo fizeram a Texas Instruments e a Motorola, na área de pesquisa e desenvolvimento e controle de custos, após analisar a Hitachi e a Toshiba. A Kodak redobrou seus esforços em desenvolvimento de produto e esforços de marketing após observar a Fuji. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 25 18/01/12 09:19 26 Universidade do Sul de Santa Catarina Ao mesmo tempo, muitas empresas europeias, japonesas e canadenses compravam empresas norte-americanas ou se instalavam neste país. De acordo com Griffin e Pustay (1995), o investimento direto externo disseminou-se pela economia norte-americana porque as empresas estrangeiras desejavam estabelecer-se rapidamente no território dos EUA e também por questões políticas e mercadológicas. Empresas como Nissan, Toyota e Mazda eram criticadas politicamente em campanhas que defendiam o “Made in America” e, como resultado, essas empresas construíram fábricas no território norte-americano. Os anos 90 encontraram um contexto de negócios mais complexo, marcado pela globalização, o que alterou o posicionamento competitivo de muitas empresas. Muitos negócios norte-americanos continuaram com as operações internacionais limitadas como a indústria de móveis, o varejo e a publicidade. Outros foram totalmente afetados pela globalização como a indústria de automóveis, de produtos eletrônicos de consumo, os produtos químicos, a aviação comercial. Nestas indústrias globais, as empresas perceberam que, para competir eficientemente, tinham que atuar na maioria dos mercados do globo. Outros setores como o de serviços de contabilidade, marketing, serviços bancários, jurídicos e a indústria de telecomunicações tornaram-se globais porque os clientes globalizaram-se. E a década seguinte, que deu início ao século XXI, outros setores se globalizaram, não só os que possuíam clientes globais, mas porque estes setores foram terceirizados para outras partes do globo, ação possível graças à tecnologia da informação, como o caso dos serviços. Na próxima seção, você vai conhecer os tipos de operações internacionais e os modos de atuação das empresas nos mercados externos. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 26 18/01/12 09:19 27 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Seção 3 – Estratégias de entrada e de operações em mercados internacionais A realização de operações internacionais envolve incerteza, riscos e complexidade. A incerteza decorre da necessidade de operar em mercados distintos do doméstico, isto é, em ambientes cujos sistemas político-legal e socioeconômico podem ter características bastante diferenciadas, segundo Rocha e Almeida (2006). Entretanto, as organizações podem se beneficiar, com o crescimento da empresa, a conquista de novos mercados, a obtenção de economia de escala, o fortalecimento da posição competitiva, o aumento da lucratividade, a redução do risco de atuação em um único mercado e o acesso a mercados de capitais de outros países. As organizações podem atuar em mercados externos de diversas formas. Algumas geram mais comprometimento, outras menos. Historicamente, os negócios internacionais são considerados aqueles que realizam operações de exportação e importação, mas podem ser desenvolvidos por meio de contratos internacionais ou de investimentos. A exportação consiste na venda de produtos fabricados em um país para uso ou revenda em outros países. É a forma de entrada no mercado externo na qual os produtos finais ou intermediários de uma organização são fabricados fora do país de destino e subsequente transferidos para ele. Trata-se de um modo simples e mais comum de ingresso em mercado externo, particularmente para as pequenas empresas, que têm poucas alternativas viáveis de expandir-se para o exterior. Já a importação é a compra de produtos fabricados em outros países para uso ou revenda no próprio país. Como indicam Griffin e Pustay (1995), as atividades de exportação e importação podem ser subdivididas em dois grupos: � Comércio de mercadorias: consiste no comércio de produtos tangíveis como máquinas, equipamentos, roupas, brinquedos, matérias-primas e produtos intermediários. Este tipo de comércio é conhecido como o “visible trade”. O comércio de mercadorias é contabilizado na balança de pagamentos dos países, na chamada balança comercial. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 27 18/01/12 09:19 28 Universidade do Sul de Santa Catarina � Comércio de serviços: consiste no comércio de produtos intangíveis como as viagens internacionais, operações bancárias internacionais e outros serviços que são prestados no exterior ou que alguma empresa ou profissional estrangeiro presta em outro país que não o de origem. Este tipo de comércio é conhecido como o “invisible trade”. O comércio de serviços é contabilizado na balança de pagamentos dos países, na chamada balança de serviços. – Mas o que é caracterizado como serviços quando se fala em comércio internacional? Contabilizam-se como serviços as seguintes operações: � transportes e seguros: corresponde ao saldo das receitas e despesas efetuadas com fretes e prêmios de seguros efetuados; � viagens internacionais: representa o saldo das receitas e despesas com turistas; � rendas de capital: refere-se a rendimentos de capital auferidos ou pagos pelo país. Nesta conta, estão incluídos os juros pagos ou recebidos do exterior por empréstimos ou financiamentos recebidos ou concedidos por não residentes em momento anterior. Também são incluídos nesta conta os lucros enviados por empresas nacionais no exterior – crédito - e os lucros remetidos pelas empresas estrangeiras no país - débito. Inclui ainda os lucros reinvestidos por empresas estrangeiras no país - crédito; � diversos: inclui-se aqui todos os gastos com representações diplomáticas no exterior e transferências dos demais países para os gastos de suas representações diplomáticas no país. Inclui também: recebimentos e pagamentos referentes a royalties, patentes, assistência técnica, comissões, aluguel de equipamentos, filmes etc. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 28 18/01/12 09:19 29 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Os dois tipos de comércio, de mercadorias e de serviços, são contabilizados na balança de pagamentos em conta corrente de todos os países do mundo. As exportações podem ocorrer de forma direta (exportação direta) ou por meio de terceiros (exportação indireta). A exportação direta é caracterizada por envios diretos de bens para clientes no exterior. Já a exportaçãoindireta é aquela que ocorre por intermédio de distribuidores localizados nos países importadores, agentes ou trading companies. Além da exportação e da importação, as organizações também podem desenvolver negócios internacionais através de contratos internacionais. Estes negócios consistem na associação não patrimonial, de longo prazo, entre uma empresa internacional e uma instituição em um país estrangeiro. Envolve a transferência de tecnologia ou capacitação da empresa para aquele país. Distingue-se das operações de exportação e importação, por se constituir em veículo para a transferência de conhecimentos e competências. Existem vários tipos de contratos que permitem a entrada de uma organização nos mercados internacionais, de acordo com Rocha e Almeida (2006). Os mais recomendados são: licenciamento, franchising e contrato de administração, conforme Griffin e Pustay (1995): a) o licenciamento – ocorre quando uma organização de um país licencia o uso de uma propriedade intelectual, como patentes, marcas, segredos de comércio etc. Geralmente, as partes celebram um contrato onde uma detentora de know- how concorda com a outra em proceder uma transferência de know-how, mediante pagamento em royalties. Normalmente, associado ao processo de licenciamento está uma marca consolidada, conhecida internacionalmente, ou uma tecnologia desenvolvida e patenteada, as quais poderão ser usufruídas pela empresa licenciada. Exemplos de processo de licenciamento são os acordos realizados pela empresa Renaux (empresa têxtil brasileira) que licencia os desenhos da Disney para que possa estampá-los em seus atoalhados. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 29 18/01/12 09:19 30 Universidade do Sul de Santa Catarina b) o franchising – quando em uma empresa o franqueador autoriza uma outra firma em outro país, o franqueado, a utilizar seu nome, logotipo, técnicas operacionais, produtos e processos tecnológicos, obtendo como retorno o pagamento de royalties. Ao contrário dos contratos, o franchising, é uma forma com mais tempo de duração. Um caso de sucesso nos negócios internacionais, que envolve a realização de franquias, é a cadeia de restaurantes McDonald’s. c) os contratos de administração – ocorrem quando uma organização de um país concorda em operar um negócio de uma empresa em outro país. Acordos gerenciais são comuns na indústria hoteleira. Empresas como Marriot e Hilton não investem na aquisição ou construção de empreendimentos hoteleiros, mas os operam sob contratos de administração. Mas, os negócios internacionais também podem ser desenvolvidos através de investimentos internacionais. Estes negócios consistem na aplicação em determinado país de capital de não residentes. São subdivididos em investimentos diretos ou, em inglês, foreign direct investments - FDI e em carteira ou, em inglês, portfólio investments. O investimento direto consiste em aplicações de capital em um país estrangeiro com o objetivo de controlar a propriedade de ativos. Incluem-se aí todos os investimentos realizados por empresas com o objetivo de produzir no exterior. Quando a empresa Renault (montadora francesa) passou a fabricar carros no Brasil, isso significou a realização de um investimento direto francês no Brasil. Existem vários tipos de investimento direto. A empresa pode construir uma nova fábrica, o chamado investimento greenfield, pode comprar as instalações de uma empresa nacional ou pode participar de uma aliança, constituindo um joint-venture. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 30 18/01/12 09:19 31 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 O investimento em carteira ocorre mediante a compra de ativos financeiros estrangeiros (ações, bônus, certificados de depósito e outros títulos). Quando uma empresa estrangeira compra ações de uma empresa brasileira, está realizando um investimento em carteira e vice-versa. Independente da forma adotada pela empresa para atuar nos mercados externos, ela pode seguir diferentes modos de atuação. Assim sendo, as organizações internacionalizadas podem ser caracterizadas de diferentes formas, de acordo com a extensão que o processo de internacionalização assume. Bartlett e Ghoshal (1992) apresentam uma tipologia que permite identificar que existem: � Organização internacional: toda aquela que está engajada de alguma forma com transações internacionais, seja com indivíduos ou organizações públicas ou privadas. � Organização multinacional: termo utilizado para organizações que possuem um envolvimento extensivo com os negócios internacionais. Uma empresa multinacional é aquela que realizou investimento direto ou que controla algum atividade (produção, distribuição e/ou pesquisa e desenvolvimento, por exemplo) em mais de um país. Uma multinacional típica é aquela empresa que compra recursos de vários países, fabrica produtos em vários países e os vende também para vários países.Geralmente, as atividades das empresas multinacionais são coordenadas por um escritório central (matriz), mas as subsidiárias (filiais) contam com considerável descentralização para ajustar suas operações ao contexto de cada país. Entretanto, com o crescente envolvimento de empresas em negócios internacionais em mercados externos com necessidades e demandas distintas , as empresas multinacionais passaram a atuar com diferentes modelos estratégicos, capazes de responder às várias forças mundiais. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 31 18/01/12 09:19 32 Universidade do Sul de Santa Catarina Desta forma, dependendo da estratégia utilizada para atuar nos mercados internacionais, a organização multinacional pode assumir as características de uma organização multidoméstica, organização global ou organização transnacional. � Organização multidoméstica: consistem em uma coleção de operações relativamente independentes. Cada subsidiária focaliza em um mercado doméstico específico e possui liberdade para customizar produtos, campanhas de marketing e técnicas de produção de acordo com as necessidades dos consumidores locais. Já a empresa multidoméstica acredita que o consumidor de cada país é basicamente diferente e ela precisa adotar diferentes estratégias para conquistá-lo, o que inclui a criação de produtos únicos. � Organização global: o mundo para a organização global é um mercado único e ela passa a criar e comercializar produtos padronizados que satisfarão as necessidades de um consumidor global. A empresa global percebe similaridades entre os consumidores dos diferentes países e passa a transformar uma série de negócios em vários países em um negócio mundial que possua uma estratégia global e integrada. � Organização transnacional: este tipo de organização procura conciliar os benefícios de uma operação em grande escala, ao mesmo tempo, que respeita as diferentes realidades locais. Esta organização precisa, portanto, trabalhar a grande complexidade que este tipo de estrutura exige. Ela tem grande interdependência nas operações e tende a centralizar a tomada de decisão na matriz no que se refere a algumas atividades, como produção, pesquisa e desenvolvimento de produto; mas, ao mesmo tempo, descentraliza outras decisões que se referem a funções como marketing e recursos humanos, por exemplo, atividades que demandam que especificidades locais sejam respeitadas, como a cultura local. Muitos autores não fazem a distinção entre uma empresa global é uma empresa transnacional. No entanto, a maioria distingue entre uma empresa multidoméstica e uma empresa global. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 32 18/01/12 09:19 33 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Conforme Oliveira Junior (2009) a estratégia global tem por objetivo maximizar o desempenho mundial através do compartilhamento e da integração, por meio do ganho de escala. Já a estratégia multidomésticavisa a maximizar o desempenho mundial por meio da maximização de receitas e lucros. O autor também apresenta quatro dimensões que distinguem as estratégias globais e multidomésticas: � Participação no mercado: na estratégia multidoméstica, os países são selecionados com base na autonomia de receitas e lucros, o que justifica optar por países importantes que fazem parte dos principais mercados. Já na estratégia global, os países são escolhidos pela contribuição decorrente dos benefícios da globalização, como mão de obra barata, incentivos fiscais, dentre outros. � Oferta de produtos: na estratégia multidoméstica, os produtos são personalizados para cada país, atendendo às necessidades locais. Na estratégia global existe um produto básico que exige adaptações mínimas para o atendimento das necessidades locais. O fator custo é o condicionador da produção padronizada. � Localização de atividades da cadeia de valor: na estratégia multidoméstica, todas estas atividades estão reproduzidas nos países em que existem subsidiárias nacionais. Na estratégia global, cada atividade da cadeia de valor está concentrada em um país. Desta forma, os custos são reduzidos, colocando cada atividade no local mais rentável, não duplicando esforços, como é o caso das plataformas globais da indústria automobilística e de eletroeletrônicos. � Abordagem de marketing: na estratégia multidoméstica, a abordagem de marketing é personalizada para cada país e desenvolvida localmente. Na estratégia global, existe uma abordagem de marketing uniforme para todo o mundo. Agora que você já sabe como ocorrem os negócios internacionais, você vai aprender noções básicas de planejamento e gestão estratégica e sua importância na realização dos negócios internacionais. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 33 18/01/12 09:19 34 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 4 – Noções de planejamento e gestão estratégica Nos anos 50 e 60, desenvolveu-se o enfoque das organizações como sistemas abertos ao ambiente. Este enfoque fundamenta-se no princípio de que as organizações devem atingir relações apropriadas com o ambiente, caso queiram sobreviver. Os teóricos da administração clássica deram pouca atenção ao ambiente. Trataram a organização como um sistema “mecânico” fechado e se preocuparam com os princípios de planejamento interno. A visão de sistemas abertos modificou esta concepção e trouxe implicações fundamentais para a prática organizacional, ressaltando a importância de se ter capacidade de pesquisa e de sentir mudanças, não só na tarefa, mas, também, no contexto ambiental; de se ter capacidade de ligar e de administrar os limites críticos e as áreas de interdependência, além de ser capaz de desenvolver respostas estratégicas apropriadas. (MORGAN, 2007). A sobrevivência organizacional passou a ser vista como alvo chave, o que contrasta com a teoria clássica sobre objetivos operacionais específicos. Enquanto a sobrevivência é um processo, os objetivos são metas ou pontos finais a serem atingidos. A partir desta mudança de perspectiva, que reconhece a importância do ambiente para a sobrevivência, os estudos sobre gestão estratégica começaram a florescer. Diferentes perspectivas surgiram tentando explicar como o processo de adaptação ocorre e buscou-se conceituar o termo estratégia e classificar as possíveis variações estratégicas. — Desta forma, você sabe como uma empresa é considerada bem-sucedida? Quando uma empresa implementa estratégias que outras não conseguem reproduzir, obtendo assim uma vantagem competitiva em relação aos demais competidores, é assim considerada bem-sucedida, ou seja, todas as ações desenvolvidas pelas empresas têm como objetivo fazer com que vençam a competição da qual participam. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 34 18/01/12 09:19 35 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Mas, como a empresa escolhe suas estratégias de atuação nos mercados? Como ocorre o processo decisório nas organizações? Toda decisão tomada na empresa seja ela de curto ou de longo prazo terá seus reflexos ao longo do tempo através dos resultados da empresa. A tomada de decisão que envolve investimentos de longo prazo é a mais difícil de ser operada, pois, implica no destino da organização. O processo de decisão eficaz é aquele que exige a participação dos grupos de interesse envolvidos no processo. Por outro lado, a decisão mais perigosa, é aquela tomada por aclamação. Por isso, o processo de tomada de decisão exige muitos passos, desde a formulação do problema até a escolha da melhor alternativa de investimento. O avanço no processo decisório não pode prescindir da análise dos pontos fortes e dos pontos fracos da organização, assim como, do levantamento das oportunidades e ameaças presentes no ambiente externo em que a empresa está inserida, e devem caminhar juntos em qualquer tomada de decisão na organização. Formular e implementar estratégias apropriadas, a partir do conhecimento do ambiente externo e do ambiente interno significa gerir estrategicamente uma organização. Entretanto, existe diferença entre gestão estratégica e planejamento estratégico. Por isso, você vai aprender o que é planejamento e o que é planejamento estratégico, para compreender o conceito de gestão estratégica. Planejamento Planejamento é uma atividade universal do homem, por ser inerente à sua própria natureza de ser racional e social; capaz de agir pensando e refletindo no que está ocorrendo e no rumo que pode dar às coisas, construindo desse modo seu futuro coletivo e individual; capaz de discutir, analisar e entrar em acordo com os outros homens a cerca do rumo a ser dado às coisas e à vida coletiva. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 35 18/01/12 09:19 36 Universidade do Sul de Santa Catarina É na teoria da administração que surgiu o planejamento como uma função do administrador, levado pela necessidade de dar maior atenção à empresa, quando a mesma não poderia mais ficar dependente de um só homem. Era preciso o talento especializado dos técnicos a fim de perquirir o futuro, de procurar antecipar-se ao mercado como um todo, ou de influenciá-lo. O planejamento passou a ser usado para atender aos interesses das empresas e organizações. O planejamento pode ser definido como um pacote de medidas inovadoras, claramente delimitado em função dos recursos, tempo e local, que estabelece objetivos e metas a serem alcançados por meio de um processo interativo entre todos os atores envolvidos e cuja implementação se dá por meio das instituições executoras, organizações ou grupos sociais. O propósito do planejamento pode ser definido como o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, que proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função dos objetivos, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. O exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, consequentemente, provocar o aumento da probabilidade de alcance dos objetivos, desafios e metas estabelecidos para a organização. O planejamento é um processo de estabelecimento de um estado futuro desejado e o delineamento dos meios efetivos de torná-lo realidade. O planejamento permite identificar dificuldades e pontos de estrangulamento e prever alternativas para superá-los; estabelecer sequência das atividades, possibilitando a execução das atividades do dia, da semana, do mês do ano; adequar atividades ao tempo disponível, recursos existentes, capacidade de ação, para o melhor resultado. Por outro lado, a ausência do planejamento implica em falta de clareza sobre os propósitos; rotina sem objetividade; perda do rumo; afobamento; urgência da prática e incapacidade dos técnicos. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 36 18/01/12 09:19 37 GestãoEstratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Henry Fayol, clássico da administração, foi um dos primeiros a abordar o planejamento ao afirmar que administrar é prever e planejar, organizar, coordenar e controlar. A partir da administração planejada, passou-se a utilizar, no começo do século XX, a previsão e controle na produção industrial. O processo de planejar envolve um modo de pensar, que pressupõe indagações e questionamentos sobre o que fazer, como, quando, quanto, para quem, por que, por quem e onde. Toda atividade de planejamento resulta de decisões presentes, tomadas a partir do exame do impacto das mesmas no futuro. Organizar corresponde à arte de empregar com eficiência todos os recursos disponíveis, a fim de alcançar um determinado objetivo. A função organização consiste na coordenação racional das atividades de certo número de pessoas, que desejam alcançar um objetivo comum e explícito, mediante a divisão das funções e do trabalho e por meio da hierarquização da autoridade e da responsabilidade. Assim, toda organização precisa definir seus objetivos e identificar as atividades necessárias para o alcance dos mesmos. Dirigir consiste em coordenar e direcionar as atividades dos integrantes da organização, implementando o que foi planejado e organizado. Controlar consiste em avaliar o que foi planejado e, se for necessário, realizar alterações no planejamento para que os objetivos possam ser eficazmente atingidos. Existem três níveis de planejamento nas organizações: planejamento estratégico, planejamento tático e planejamento operacional. � Planejamento estratégico: o planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela organização. Relaciona-se com objetivos de longo prazo e com estratégias e ações que afetam a organização como um todo, além de ficar sob a responsabilidade dos níveis mais altos da administração. O planejamento estratégico define a missão, os objetivos, as oportunidades e as ameaças, os pontos fortes e fracos, e as estratégias da empresa, por meio da análise do ambiente interno e externo no qual a organização está inserida. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 37 18/01/12 09:19 38 Universidade do Sul de Santa Catarina � Planejamento tático: tem por objetivo otimizar determinada área de resultado ou parte da organização, assim, relaciona-se com objetivos de mais curto prazo e com estratégias e ações que afetam parte da organização; é desenvolvido em níveis organizacionais inferiores. � Planejamento operacional: pode ser considerado como o detalhamento das ações, contendo os recursos necessários para o seu desenvolvimento e implantação; procedimentos básicos a serem adotados; resultados esperados; prazos estabelecidos; definição dos responsáveis pela execução e implantação. Planejamento estratégico As diferenças básicas entre o planejamento estratégico e o tático e entre o tático e o operacional são apresentados no quadro a seguir. Discriminação Estratégico Tático Tático Operacional Prazo Mais longo Mais curto Mais longo Mais curto Amplitude Mais ampla Mais restrita Mais ampla Mais restrita Riscos Maiores Menores Maiores Menores Atividade Fins e meios Meios Meios Meios Flexibilidade Menor Maior Menor maior Quadro 1.1 - Diferenças básicas entre os tipos de planejamento Fonte: Oliveira (2003). O planejamento estratégico é o plano elaborado pela empresa que consiste em um processo que permite selecionar as prioridades em função da gravidade dos problemas apresentados na organização e estabelecer uma sequência lógica nos processos de intervenção, começando por aqueles que foram diagnosticados como mais graves e importantes para o sucesso da organização. (COSTA, 2008). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 38 18/01/12 09:19 39 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 O planejamento estratégico contempla uma sequência de etapas, como: desenvolvimento da visão e da missão; estabelecimento de objetivos; desenvolvimento, implementação e execução de estratégias. Além disso, consiste na análise sistemática dos pontos fortes e fracos, e das oportunidades e ameaças do meio ambiente, com o intuito de estabelecer objetivos, estratégias e ações que possibilitem alcançar os resultados desejados pela organização. A falta de planejamento estratégico expõe a organização às incertezas do futuro e às diversas forças internas e externas que influenciam na competitividade no setor industrial no qual a organização está inserida. Por isso, a elaboração do planejamento estratégico proporciona maior orientação para a empresa; detecta possíveis mudanças econômicas, sociais, políticas e tecnológicas; torna o trabalho de gerenciamento menos complexo; torna mais eficiente o processo decisório; proporciona visão de futuro; estimula a produção de ideia; impulsiona uma maior avaliação das forças que contribuem para incrementar a competitividade; olha para o futuro e seus possíveis desafios; permite coordenação de esforços; facilita a integração de informações. Além disso, constitui um meio de coordenar eficientemente as diversas informações de cada sistema da empresa, estimulando o envolvimento e integração entre direção e colaboradores, conforme Costa (2008). Porém, um planejamento estratégico requer mudanças estratégicas, e as principais dificuldades de implantação das mudanças estratégicas não estão relacionadas à qualidade do plano, mas às pré e pós-condições de sua elaboração, à forma pela qual se conduz o processo de renovação da organização, de implementação e acompanhamento das decisões expressas no plano. Por isso, não bastam planos perfeitos, é preciso trabalhar a gestão estratégica. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 39 18/01/12 09:19 40 Universidade do Sul de Santa Catarina Gestão estratégica A gestão estratégica é mais ampla do que o planejamento estratégico, pois, segundo Costa (2008), engloba desde a elaboração de diagnósticos à estruturação do processo de planejar e formular um objetivo compartilhado para a organização, a escolha de estratégias, a fixação de metas e desafios, a atribuição de responsabilidades para o detalhamento dos planos e projetos e para conduzir e acompanhar as etapas de sua implantação. A gestão estratégica consiste em um processo, representado por um elenco de compromissos, decisões, ações necessárias para que a empresa alcance a competitividade estratégica. Conhecer o que está fora da organização e como isso influencia os seus resultados, assim como conhecer a organização e identificar como as suas características determinam os seus resultados, significa realizar um diagnóstico estratégico adequado. — Não esqueça que um bom diagnóstico estratégico é o início do processo de gestão estratégica. A Figura 1.1 mostra os principais elementos do processo de gestão estratégica. Figura 1.1 - O processo de gestão estratégica Fonte: Elaboração do autor (2006). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 40 18/01/12 09:19 41 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 — E o que significa competitividade? Dentre uma série de prioridades que uma organização pode escolher no planejamento e na gestão estratégica, o primeiro ponto de concentração deve ser a avaliação da competitividade, segundo Coutinho e Ferraz (1995). A competitividade é o resultado positivo ou negativo de uma disputa da organização em confronto com seus concorrentes na busca da preferência do seu público- alvo ou do seu mercado, associado às condições do mercado. Assim, a alta competitividade indica que o resultado da disputa é sempre favorável à organização e que a baixa competitividade é sempre desfavorável. O desempenho competitivo de uma empresa é condicionado por um vasto conjunto de fatores, que podem ser internos ou externos e que constituemos ambientes organizacionais. As empresas internacionalizadas analisam estes ambientes organizacionais, para avaliar seu posicionamento competitivo, trabalhar a sua cadeia de valor e desenvolver suas estratégias. Algumas perguntas servem para orientar uma avaliação da competitividade da organização. Respostas francas e favoráveis indicam que a organização está pronta e preparada para implantar uma gestão estratégica moderna e efetiva. Por outro lado, respostas desfavoráveis podem indicar a existência de problemas estratégicos graves na área da competitividade, que devem ser investigados, encaminhados e tratados convenientemente num processo de revisão estratégica. O processo de transformação organizacional resulta dessa análise e é chamado de gestão da estratégia competitiva. Os questionamentos a seguir orientam a avaliação da competitividade, segundo Coutinho e Ferraz (1995). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 41 18/01/12 09:19 42 Universidade do Sul de Santa Catarina a) Há mudanças drásticas no ambiente competitivo? A direção da organização está atenta às mudanças e tomando as providências necessárias? b) Existem novos concorrentes chegando no mercado? A direção da organização está atenta aos novos concorrentes e revendo sua estratégia competitiva? c) Os fatores-chave de sucesso na competitividade estão mudando rapidamente? A organização está se capacitando adequadamente para ser forte no que contribui para o que está surgindo? d) Está havendo mudanças nas atitudes, preferências ou hábitos dos clientes? A direção da organização conhece as novas tendências e sabe como tratá-las? e) Estão sendo lançados novos produtos e serviços no mercado com os quais a organização não está preparada para concorrer? A direção da organização já tem preparado e implantado um plano contingente para contornar essa desvantagem? f) A organização está mantendo ou aumentando sua participação no mercado? g) Há alguma condição que impede a livre-concorrência, como regulamentações, barreiras à importações e exportações, práticas aéticas de mercado? A eventual quebra dessas barreiras está contemplada nos planos contingentes da organização? Estes questionamentos servem para avaliar os fatores, condições e tendências que afetam as organizações e analisar os ambientes em que estão inseridas. Na próxima seção, você vai aprender sobre estes ambientes organizacionais. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 42 18/01/12 09:19 43 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Seção 5 – Análise de ambientes organizacionais O desenvolvimento de uma estratégia global emprega o mesmo processo de planejamento estratégico para os mercados domésticos. Entretanto, a análise dos ambientes organizacionais assume expressão ainda maior. O sucesso nos negócios internacionais requer uma análise mais detalhada dos fatores, condições e tendências que integram os ambientes em que as empresas estão inseridas. Este conjunto de fatores pode ser subdividido naqueles internos à empresa, que constituem o ambiente interno e naqueles que se encontram fora da organização, que constituem o ambiente externo. � O ambiente interno é formado pelos fatores que estão sob a esfera de decisão da organização. Por isso, incluem os estoques de recursos acumulados, as vantagens competitivas que possuem e a sua capacidade de ampliá- las; a capacitação tecnológica e produtiva; a qualidade e a produtividade dos recursos humanos; o conhecimento do mercado e a capacidade de se adequar às suas especificidades; a qualidade e a amplitude de serviços pós-vendas; as relações privilegiadas com usuários e fornecedores. � O ambiente externo é formado por todos os fatores que estão fora da organização que são relevantes para a sua atividade-fim. O ambiente externo está subdividido em ambiente geral e ambiente específico, conforme Coutinho e Ferraz (1995). � O ambiente geral é formado pelos fatores sistêmicos que são aqueles que constituem externalidades stricto sensu para a empresa produtiva. Constitui-se por fatores, tendências e condições gerais que afetam todas as organizações. Os fatores do ambiente geral incluem as variáveis demográficas, econômicas, político-legais, tecnológicas, econômicas, e socioculturais, dentre outras, conforme Hit, Ireland e Hoskisson (2002), apontadas no quadro a seguir. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 43 18/01/12 09:19 44 Universidade do Sul de Santa Catarina Variáveis demográficas Taxa de crescimento da população Distribuição da população por regiões Distribuição da população por sexos Estrutura etária da população Taxa de natalidade Taxa de mortalidade Fluxos migratórios Variáveis econômicas Comportamento dos preços Taxa de juros Política cambial Políticas de incentivo à produção Produto interno bruto e expectativas futuras Variáveis político- legais Leis antitruste Leis tributárias Leis trabalhistas Políticas educacionais Variáveis socioculturais A mulher na força de trabalho Hábitos de consumo e mudanças nas relações de preferências relacionadas às características de produtos e serviços Diversidade na força de trabalho Atitudes em relação à qualidade de vida profissional Questões ambientais Mudanças nas preferências de trabalho e carreira Fenômenos de opinião/moda Variáveis tecnológicas Inovações de produto Influência da Tecnologia na Produção Influência da Tecnologia no Mercado Influência na Tecnologia na Comercialização Aplicação de conhecimentos Enfoque de pesquisa e desenvolvimento do governo e da iniciativa privada Novas tecnologias de comunicação Variáveis globais Eventos políticos internacionais importantes Globalização dos mercados Atributos culturais e institucionais diferentes Países recém-industrializados Quadro 1.2 - Fatores do ambiente geral Fonte: Hitt, , Ireland e Hoskisson (2002). As variáveis do ambiente geral constituem-se em impulsionadores da internacionalização das empresas. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 44 18/01/12 09:19 45 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 O nível de tecnologia de uma sociedade ou indústria, por exemplo, desempenha um papel significativo na determinação dos produtos que serão produzidos e dos serviços que serão prestados, dos equipamentos utilizados e das operações realizadas. Mudanças tecnológicas podem afetar atos de concorrentes, podem levar a novas posições de uma organização na estrutura industrial ou alterar totalmente a estrutura de uma indústria. (PORTER, 1999). Variáveis econômicas, como política fiscal, política monetária, níveis de preços determinados por fornecedores e por concorrentes, influenciam os custos da produção de bens ou da prestação de serviços e as condições de mercado nas quais estes produtos ou serviços são vendidos. Geralmente, os períodos de crescimento econômico são acompanhados por crescimento das organizações que constituem parte desse ambiente. Entretanto, nos momentos de crise, esta se faz sentir de maneira desigual diante das partes de uma organização. Há uma tendência de as organizações cortarem os programas que considerem menos importantes para suas metas globais, a menos que haja outras pressões externas que impeçam tal atitude. Assim, as condições econômicas mutáveis passam a ser importantes indicadores das prioridades das organizações. A tecnologia, como a internet e a comunicação sem fio têm apresentado profundos efeitos sobre a maneira como os negócios internacionais são realizados. A internet, por exemplo, permite uma eficiente comunicação e coordenação entre as diferentes unidades de uma empresa global, como as de fornecedores e clientes. É a responsável pelo surgimento de vários tipos de negócios globais, como os sites de busca, sites de leilão e de compras eletrônicas. Empresas que antes atuavam somente no mercado nacional lançaram-se nos negócios internacionais por meio das vendas pelainternet. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 45 18/01/12 09:19 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Atuar globalmente requer também uma maior habilidade para analisar economias muito diferentes. O negócio global deve ser capaz de entender que os países possuem estruturas e políticas econômicas que não se assemelham, principalmente no atual contexto, em que empresas transcendem as fronteiras dos países desenvolvidos e partem para uma maior inserção em países emergentes. A empresa internacionalizada deve ter claro que a atuação no mercado internacional envolve estar sujeita aos riscos políticos e econômicos. (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2002). Os riscos políticos estão relacionados com a instabilidade em governos locais e com guerra, tanto civis como internacionais. A instabilidade num governo nacional cria numerosos problemas. Já um dos principais riscos econômicos consiste em diferenças nas flutuações entre as moedas. A legislação vigente em cada país também é um aspecto do ambiente geral que deve ser considerado no processo de internacionalização. De acordo com Miguel Krigsner, presidente de O Boticário, um dos principais desafios da internacionalização consiste em adequar os produtos à legislação vigente. “Há países, por exemplo, nos quais o álcool contido na formulação de alguns produtos de O Boticário teve de ser substituído por um gosto mais amargo, pois neles não e permitido o uso desse ingrediente em função de programas ‘de combate ao alcoolismo’.” (FÓRUM DE LIDERES EMPRESARIAIS, 2005, p. 45). Quanto aos aspectos culturais, você poderá perceber que: [...] à medida que as nações se industrializam, a demanda por produtos primários (commodities) parece tornar-se similar. Esta demanda sem pátria ou sem fronteiras talvez se deva às similaridades no estilo de vida das nações desenvolvidas. Também, o crescimento da mídia de comunicação global facilita a capacidade que pessoas de diferentes países têm para visualizar e modelar estilos de vida em distintas culturas. (HITT; IRELAND; HOSKISSON , 2002, p. 318). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 46 18/01/12 09:19 47 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Da mesma forma, a corporação multinacional sabe muito acerca de muitos países e se adapta às supostas diferenças. Ela aceita as diferenças nacionais perceptíveis, não questionando a possibilidade de transformação. A corporação multinacional percebe as diferenças culturais que existem entre os países e acomoda-se em relação a elas. A empresa global também monitora o seu ambiente e percebe as diferenças culturais. Mas ela sabe da necessidade de ser competitiva em base global e também nacional e procurará reduzir os preços, padronizando o que vende e como opera. A empresa global trata o mundo como um mercado padronizado e não como um mercado particularizado. Ela procura a denominada convergência global e reconhece o consumidor cosmopolita. Mas, a questão cultural não pode restringir-se à defesa da comoditização feita por Levitt. Em 1989, Kenichi Ohmae, em um artigo que virou clássico na área de gestão, mostrou como é gerenciar em um mundo sem fronteiras. Segundo o autor, realmente acontece o que Levitt defendeu, mas, ao mesmo tempo, Ohmae mostrou quando se trata de estratégia de produto, gerenciar em um mundo sem fronteiras não significa gerenciar pela média, isto é, os produtores não analisarão os diferentes gostos dos americanos, europeus, japoneses, latino- americanos e farão um produto que, na média, contente a todos. Para o autor, operar globalmente não remove a obrigação de particularizar o produto por localidade. “O sonho de um produto universal é uma falsa redução. A verdade é um pouco mais sutil.” (OHMAE, 1998, p. 223). A questão é que existem os produtos globais identificados por Levitt (1998) como câmeras, relógios, pilhas etc. Esses produtos têm em comum os preços populares, conseguidos por meio de uma redução agressiva de custos e uma alta produção que geram as denominadas economias de escala. São projetos de produtos que demonstram que houve um entendimento dos segmentos líderes de clientes em mercados-chave do mundo. Existem produtos globais orientados para moda e com marcas de alto preço que são vendidos no mundo todo, sem mudança de um lugar para outro. Mas são produtos que apelam para um segmento de mercado segregado que compartilha de um mesmo conjunto de gostos e preferências. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 47 18/01/12 09:19 48 Universidade do Sul de Santa Catarina Observe o exemplo das bolsas Gucci ou mesmo dos carros Mercedes Benz. De outro lado, nem todas as pessoas nos principais mercados do mundo pertencem ao segmento consumidor destes produtos. Para aqueles que pertencem, a crescente característica de gostos os qualifica como membros de um segmento global genuíno. (OHMAE, 1998, p. 225). Além disso, muitos produtos ditos como globais, têm que estabelecer uma infraestrutura para conseguir entrar em um determinado mercado. Observe o exemplo da Coca-Cola. Esta empresa teve que romper a barreira da preferência do japonês por outros tipos de refrigerante (o japonês preferia a soda). O que não aconteceu com as bolsas Gucci, por exemplo, que a demanda existente as atraiu para aquele mercado. — Você sabia que para empresas que desenvolvem bens de consumo, o desafio da adaptação de produtos é mais evidente? De acordo com o depoimento de um gestor da empresa O Boticário: [...] o ingresso da marca em qualquer país é sempre precedido por um amplo estudo sobre as características do padrão olfativo local, tamanho dos produtos, especificidades dos canais de distribuição e as formas de comunicação com o público. Além disso, há inúmeros outros detalhes que precisam ser considerados, como as embalagens, a etiquetagem, os registros sanitários e a forma de apresentação da marca. Abrir uma loja no exterior é resultado de um processo longo, diferente para cada país (FÓRUM DE LÍDERES EMPRESARIAIS, 2005, p. 46). Agora vamos analisar o ambiente específico que também compreende o ambiente externo. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 48 18/01/12 09:19 49 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 O ambiente específico é formado pelos fatores estruturais, que são aqueles que, mesmo não sendo inteiramente controlados pela organização, estão parcialmente sob a sua área de influência. Incluem fatores e condições externas que tenham relevância imediata para a organização. As variáveis do ambiente específico são os consumidores, os órgãos públicos, os concorrentes, as organizações trabalhistas, os fornecedores e as instituições financeiras e são específicos para cada organização, podendo sua composição mudar com o tempo, dependendo do domínio que a organização tiver escolhido. Toda organização obtém matérias-primas, serviços, energia, equipamentos e mão de obra do ambiente, fazendo emprego destes elementos para produzir. Portanto, as organizações são dependentes de seus fornecedores de materiais e de mão de obra, podendo, por exemplo, traçar estratégias para diminuir esta dependência e obter preços mais favoráveis, melhor qualidade e melhores prazos de entrega. Um importante aspecto do ambiente específico das organizações é a existência de grupos de interesse, os stakeholders. Essa abordagem reconhece que as exigências sobre as organizações empresariais crescem continuamente, o que inclui uma variedade mais ampla de grupos que não eram tradicionalmente definidos como parte do interesse imediato da organização. Stakeholders são grupos ou pessoas identificáveis, dos quais uma organização depende para sobreviver: acionistas, empregados, clientes, fornecedores e entidades governamentais. Considerado um nível mais amplo, “um interessado é qualquer grupo ou indivíduo que possa afetar ou ser afetado pelo desempenho da organização em termosde seus produtos, políticas e processos operacionais” (BOWDITCH; BUONO, 1992, p. 145). Portanto, grupos de interesse público, grupos de protesto, comunidades locais, entidades governamentais, associações comerciais, concorrentes, sindicatos e a imprensa, constituem exemplos de stakeholders. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 49 18/01/12 09:19 50 Universidade do Sul de Santa Catarina O conhecimento dos grupos de interesse permite que os administradores de empresas pensem sobre o ambiente de forma dirigida, compreendendo as maneiras com que os diversos interessados são, ou podem ser, afetados pelas políticas ou práticas da organização; como irão reagir e quais as opções para lidar com as possíveis reações. Além disso, faz com que as organizações analisem cada vez mais seu papel na sociedade, enfrentando problemas sociais contemporâneos e a real complexidade das transações e interações econômicas. (BOWDITCH; BUONO, 1992). Os grupos de interesse podem ser impulsionadores do processo de internacionalização ou não. A empresa internacionalizada tende a melhorar a sua rede de fornecedores e, em muitos casos, são os fornecedores que levam a empresa à internacionalização. Um motivo para que as empresas se internacionalizem é a garantia de recursos necessários. Fornecedores-chave de matérias-primas são importantes em algumas indústrias, como é o caso das empresas petrolíferas, que vasculham o mundo em busca de petróleo ou como as empresas mineradoras. A Companhia Vale do Rio Doce procura por reservas de classe mundial, disponibilidade de energia e ambiente regulatório favorável a novos investimentos por todo o globo. Outras empresas se internacionalizam porque procuram fatores de produção de baixo custo. É isso que faz da China um mercado tão procurado como fornecedor global. Empresas do mundo todo encontram na China a mão de obra barata que necessitam para reduzir os seus custos. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 50 18/01/12 09:19 51 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Seção 6 – Investigação de variáveis ambientais Enquanto o comportamento de alguns elementos pode ser previsto com confiança, outros são imprevisíveis, alguns são críticos para a sobrevivência da organização, outros são somente incidentes. Alguns elementos são relevantes e estão em contato direto com a organização e outros são potencialmente relevantes e estão em contato indireto. Quanto maior a interação dos elementos ao ambiente, maior a complexidade que este representará para os dirigentes das organizações e maior será a necessidade de mudanças estratégicas. O grau de incerteza que uma organização enfrenta em seu ambiente é determinado pela instabilidade e complexidade do ambiente. A instabilidade refere-se à velocidade e ao grau de previsibilidade com que as mudanças acontecem. Um ambiente no qual as mudanças são rápidas e inesperadas é considerado um ambiente instável. A complexidade se refere à quantidade de elementos diferentes e relevantes ao ambiente. Um ambiente pode ser dito complexo quando há um grande número de elementos distintos que exercem influência significativa sobre a organização. Um ambiente simples, ao contrário, caracteriza-se por apenas alguns fatores externos importantes. A incerteza ambiental é gerada pela falta de informações sobre as tendências e mudanças nas condições ambientais. Isto faz com que a eficácia da organização diminua e com que os gerentes busquem evitar a incerteza. — Lembre-se de que ambientes instáveis e complexos apresentam mais incerteza do que os mais estáveis e simples e, por isso, não são desejáveis pelos gerentes. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 51 18/01/12 09:19 52 Universidade do Sul de Santa Catarina De acordo com Botelho, diretor-presidente da Embraer, em entrevista à revista Fórum de Líderes Empresariais (2005, p. 25): [...] abruptas mudanças de cenário afetando a economia e a ordem geopolítica em escala mundial, como os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, têm impacto imediato sobre a indústria de transporte aéreo e, por decorrência, sobre os fabricantes de aeronaves. A flexibilidade para adaptar-se a estas mudanças, com mínima perda de eficiência e custos, constitui característica crucial para assegurar sua sobrevivência e preservação. Entretanto, nem todos os elementos do ambiente são percebidos pelos dirigentes da organização. Ninguém é capaz de captar toda gama de informações que está a seu redor. Mesmo que o fizesse, nada garantiria que a percepção captada fosse correta ou útil para as atividades. Muito embora o ambiente possa ser caracterizado de diferentes maneiras, ele só existirá para a organização à medida em que for percebido pelos seus integrantes. Esta consideração faz surgir uma distinção analítica entre ambiente real e ambiente percebido. O ambiente real (objetivo) é constituído pelas condições que existem fora da empresa. O ambiente percebido (subjetivo) é construído por meio da percepção dos gerentes. A mudança estratégica é, portanto, uma resposta organizacional a um ambiente que é internamente construído, ao invés de objetivamente entendido. Como a correlação entre a percepção e a realidade nem sempre é alta, pode haver a existência de percepções incorretas por parte dos dirigentes. — Portanto, tenha em mente que cada organização desenvolve uma estratégia diferente, pois percebe o ambiente de uma forma unicamente sua! gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 52 18/01/12 09:19 53 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 Hitt, Ireland e Hoskisson (2002) indicam que se deve realizar uma investigação minuciosa das variáveis do ambiente com o objetivo de identificar sinais precoces de mudanças e detectar mudanças em fase de andamento. Mas a investigação deve ser acompanhada do monitoramento. O monitoramento consiste na interpretação do significado por meio da observação continua das mudanças e tendências do ambiente. Algumas variáveis podem ser previstas por meio de projeções. A investigação, o monitoramento e a previsão devem vir acompanhados de avaliação. Na avaliação é que a organização especificará as implicações das variáveis ambientais para a sua atividade. Sem a avaliação a empresa poderá ficar com dados importantes do ambiente externo, mas não terá claro o que isso tudo pode significar para o seu desempenho. Porter (1999), no livro Estratégia Competitiva, desenvolveu na década de oitenta uma metodologia para análise da indústria na qual a organização participa. De acordo com o autor, o posicionamento que a empresa adota em relação a cinco forças competitivas determinará a rentabilidade do negócio e a obtenção de vantagem competitiva. Toda empresa internacionalizada ou que pretende se internacionalizar pode utilizar esta metodologia para identificar qual é, ou será, o posicionamento estratégico da empresa nos diferentes mercados de atuação. Como você pode verificar, as considerações expostas indicam que, para avaliar a capacidade de formular e implementar estratégias, é fundamental verificar em que se baseia essa capacidade. Isto significa identificar os fatores relevantes para o sucesso competitivo, sejam internos à própria organização, ao setor ou sistêmicos, verificar a sua importância setorial no presente e a que se pode esperar no futuro próximo e avaliar o potencial das firmas do país com relação a eles. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 53 18/01/12 09:19 54 Universidade do Sul de Santa Catarina Síntese Você estudou que o futuro das empresas e das sociedades será determinado por relacionamentos globais e não locais. Todas as pessoas sofrem influências da globalização, mesmo que não saiam da sua cidade. Uma poderosa força impulsionou o mundo na direção de uma convergência para a uniformização e esta força é a tecnologia. A tecnologia proletarizouas comunicações, os transportes, as viagens. Fez de locais isolados e de povos empobrecidos entidades ansiosas por usufruírem dos atrativos da modernidade. O efeito foi que quase todas as pessoas por todos os lugares passaram a desejar todas as coisas que agora passaram a conhecer. Outros fatores estimulam a internacionalização das empresas, ou seja: � a redução das barreiras alfandegárias e não alfandegárias; � os investimentos em tecnologia se tornaram caros demais para serem amortizados num único mercado; � muitos concorrentes mudaram a natureza da rivalidade – de concorrência entre países para concorrência global - fazendo com que outras empresas sejam incentivadas a se internacionalizar; � a maturidade em mercados domésticos (como o mercado norte-americano); � a volatilidade das taxas de câmbio contribuem para a aquisição de empresas em países com taxas desvalorizadas; � o aumento do número de países recentemente industrializados, que gerou um incremento do número de locais viáveis para operações industriais sofisticadas com mão de obra barata; � e, por fim, a necessidade de conquistar mercado. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 54 18/01/12 09:19 55 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 1 A internacionalização de empresas é um processo crescente e contínuo de envolvimento de uma organização em operações com outros países, fora de sua base de origem. Você pôde estudar que existem diversas formas de atuação nos mercados internacionais: exportação e importação; investimentos diretos e em carteira; licenciamento; franchising, acordos de administração. Existem também as empresas multidomésticas, as globais e as transnacionais. Lembre-se de que os negócios internacionais têm origem no comércio internacional. Este tem sido registrado pela história desde 2000 anos a.C. e apresentou expressivo crescimento no século XX, sobretudo devido às inovações tecnológicas. Foi no período pós-guerras que os EUA consolidou-se como principal economia mundial e os negócios daquele país internacionalizaram-se consideravelmente. Nos anos 60, a Europa e o Japão reconstruíram e passaram a ser sede de grandes “players”dos negócios internacionais. Além disso, você estudou sobre a importância da gestão estratégica nos negócios internacionais, como também aprendeu que as empresas internacionalizadas precisam analisar o seu posicionamento competitivo para desenvolver suas estratégias de atuação nos mercados externos. Também viu que existe diferença entre planejamento e gestão estratégica. A administração envolve as funções planejamento, organização, direção e controle. Existem também três níveis de planejamento: estratégico, tático e operacional. Você aprendeu que o desempenho competitivo das organizações depende da influência de uma série de fatores que definem os ambientes organizacionais: o ambiente interno, constituído por fatores internos à empresa e o ambiente externo, que inclui os fatores que se encontram fora da organização. O ambiente externo se subdivide em ambiente geral, formado pelo conjunto de fatores, tendências e condições gerais que afetam todas as organizações, e o ambiente específico, constituído pelo conjunto de fatores e condições relevantes para determinadas empresas. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 55 18/01/12 09:19 56 Universidade do Sul de Santa Catarina Um importante aspecto do ambiente específico das organizações é a existência de grupos de interesse, os stakeholders. Tanto o ambiente geral quanto o ambiente específico apresentam elementos que são imprevisíveis. Além disso, quanto maior a interação dos elementos do ambiente, maior a complexidade que este representará para os dirigentes das organizações e maior será a necessidade de mudanças estratégicas. Atividades de autoavaliação Você pode verificar que as empresas encontram-se inseridas em uma rede de influências denominadas ambiente externo. Suponha que você gerencia uma empresa de desenvolvimento de software e está planejando internacionalizar. Esse processo de internacionalização consistirá em exportar seus produtos para os EUA. Com base nesta situação, responda as seguintes questões e justifique suas respostas: 1) Quais variáveis do ambiente externo devem ser consideradas? gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 56 18/01/12 09:19 57Unidade 1 Nome da Disciplina 2) Como estas variáveis influenciarão a estratégia de internacionalização? Saiba mais Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você poderá pesquisar nos seguintes livros: CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. Capítulos 1, 3, 4, 7, 9, 10, 11, 14, 18. COUTINHO, Luciano; FERRAZ, João Carlos. Estudo da competitividade da indústria brasileira. 3. ed. Campinas: Papirus, 1995. FRIEDMAN, Thomas S. O mundo é plano: uma breve história do século XXI. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. NOSE JUNIOR, Amadeu. Marketing Internacional: uma estratégia empresarial. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 57 18/01/12 09:19 58 Universidade do Sul de Santa Catarina OLIVEIRA JUNIOR, Moacir de Miranda. Estratégia e inovação em corporações multinacionais: a transformação das subsidiárias brasileiras. São Paulo: Saraiva, 2009. Cap. 1. PORTER, M. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 18. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. SILBER, Simão Davi. A globalização dos mercados. In: VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; LIMA, Miguel; SILBER, Simão. Gestão de negócios internacionais. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 17-27. ROSSI, George Berdinelli; RACY, Joaquim Carlos. Introdução à gestão dos negócios internacionais. São Paulo: Thomson Learning, 2006. ROCHA, Ângela da.; ALMEIDA, Victor. Estratégias de entrada e operações em mercados internacionais. In: TANURE, Betânia; DUARTE, Roberto Gonçalvez. Gestão internacional. São Paulo: Saraiva, 2006. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 58 18/01/12 09:19 2UNIDADE 2Metodologias de análise do ambiente externo Objetivos de aprendizagem � Compreender como os negócios internacionais devem considerar o ambiente externo no processo de formulação de estratégias. � Compreender a análise da indústria em que atuam as empresas. � Conhecer o método para identificar o posicionamento estratégico das empresas. � Realizar análise de concorrentes em uma determinada indústria. Seções de estudo Seção 1 Análise da indústria: o modelo das cinco forças Seção 2 Ameaça de entrada Seção 3 Intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes Seção 4 Pressão dos produtos substitutos e poder de barganha dos compradores e dos fornecedores Seção 6 Metodologia para análise da concorrência Seção 6 Elementos de análise dos concorrentes gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 59 18/01/12 09:19 60 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Após ter estudado sobre a importância dos negócios internacionais no ambiente global da atualidade, identificar os aspectos principais e a importância da gestão estratégica no ambiente competitivo das organizações e aprender que o gestor necessita identificar o que está fora dos limites da empresa para desenvolver estratégias competitivas, você vai conhecer como é possível realizar a análise da indústria e da concorrência para determinação do posicionamento competitivo das empresas. Você saberá como pode proceder para realizar uma análise sistemática deste ambiente, por meio da metodologia de análise da indústria proposta por Michel Porter que será apresentada a seguir. Você conhecerá quais são as forças que regem a competição em um determinado mercado e como a organização pode proceder para proteger ou incrementar a sua rentabilidade. Além disso, você vai verificar que as organizações não existem isoladamentee precisam estar adaptadas ao meio em que estão inseridas para sobreviverem. Vários elementos fazem parte desse meio, mas algumas variáveis merecem mais atenção do que outras. Uma delas, que focaliza toda análise estratégica, é a concorrência. Uma empresa, ao formular as suas estratégias, precisa saber quem são seus concorrentes, como se comportam, quais seriam as suas reações dada a uma certa ação da empresa em questão, quais são os seus produtos etc. Um conhecimento da concorrência faz com que a empresa saiba como pode se distinguir dos demais participantes da indústria. Assim, encontrará o melhor posicionamento estratégico aquele que lhe traz mais vantagens competitivas, que lhe proporciona maior rentabilidade. Após a leitura das seções a seguir, você terá condições de aplicar as metodologias apresentadas e poderá analisar uma determinada indústria e verificar quais são as características dos diferentes concorrentes que dela participam. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 60 18/01/12 09:19 61 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Seção 1 – Análise da indústria: o modelo das cinco forças As empresas fazem parte de um ambiente externo e, para obterem vantagens competitivas sobre os demais participantes da concorrência, precisam desenvolver estratégias que melhor adaptem a organização a este ambiente. Mas, para isso, precisam conhecê-lo minuciosamente. Foi com o objetivo de auxiliar as empresas na análise do seu ambiente externo que Porter (1999) sugere um modelo denominado de Forças que dirigem a concorrência na indústria, conhecido como as Cinco Forças Competitivas de Porter. Para este autor, a essência da formulação de estratégias é relacionar uma companhia ao seu meio ambiente e a estrutura industrial tem forte influência na determinação das regras competitivas. O termo estrutura industrial tem origem nos estudos de economia industrial. A estrutura de uma indústria é formada pelos compradores, vendedores e os produtos transacionados. Quando existem poucos vendedores em relação ao número de compradores, ocorre uma estrutura industrial concentrada. Pode haver uma estrutura onde exista somente uma empresa vendendo o produto, denominada monopólio. As forças competitivas são um conjunto de cinco forças que determinam como ocorre a concorrência dentro de uma indústria e se as empresas terão alto retorno sobre os investimentos realizados Como as forças que caracterizam as indústrias são diferentes para cada indústria, umas podem apresentar alto retorno, enquanto que outras, um resultado baixo. Cabe, portanto, às organizações identificarem como as cinco forças competitivas se comportam na indústria em que atuam e como podem melhor se posicionarem para obter uma vantagem competitiva sobre as demais empresas. Considerando que uma indústria é um grupo de empresas que fabrica produtos que são substitutos próximos entre si, Porter sugere que se crie os limites geográficos do mercado antes de iniciar sua análise estrutural. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 61 18/01/12 09:19 62 Universidade do Sul de Santa Catarina As cinco forças competitivas podem ser aplicadas tanto para indústrias nacionais quanto para indústrias globais. De acordo com Porter (1999) a estrutura da indústria é dirigida por cinco forças competitivas: � Força 1 – Ameaça de entrada: a entrada de novas empresas no mercado pode gerar aumento da rivalidade entre os concorrentes. Os entrantes geram aumento de capacidade produtiva, trazem o desejo de ganhar parcela de mercado e frequentemente chegam com recursos substanciais, o que pode provocar mudanças nas condições estruturais da indústria. � Força 2 – Intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes: a rivalidade entre os concorrentes de uma indústria depende da interação de uma série de fatores. � Força 3 – Pressão dos produtos substitutos: além dos competidores diretos, toda indústria compete com os produtos substitutos, como por exemplo, os refrigerantes e os sucos; o café e o chá. � Força 4 – Poder de negociação dos compradores: os compradores forçam os preços para baixo e barganham por mais qualidade além de jogar os concorrentes uns contra os outros. � Força 5 – Poder de negociação dos fornecedores: os fornecedores podem diminuir a rentabilidade de uma indústria quando exercem seu poder de negociação sobre os participantes dessa indústria, ameaçando-os com a elevação dos preços ou com a redução da qualidade dos produtos fornecidos. Nas seções seguintes você vai aprofundar seus conhecimentos sobre as cinco forças competitivas de Porter. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 62 18/01/12 09:19 63 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Seção 2 – Ameaça de entrada A ameaça de entrada depende das barreiras das entradas existentes e da reação que um novo concorrente pode esperar dos competidores. Se as barreiras são altas, a entrada é desestimulada. Se as barreiras são baixas, ao contrário, haverá facilidade de entrada e ela ocorrerá. - Mas você sabe quais são estas barreiras? Quais fatores ampliam a concorrência no mercado? Alguns fatores criam as barreiras de entrada em um determinado mercado, como por exemplo: a) economias de escala; b) diferenciação do produto; c) necessidades de capital; d) custos de mudança; e) acesso a canais de distribuição; f) desvantagens de custo independente de escala; g) política governamental. - Para sua melhor compreensão, acompanhe a descrição de cada um desses fatores. Economias de escala As economias de escala referem-se aos declínios nos custos unitários de um produto ou de uma operação ou de uma função que entra na produção de um produto à medida que o volume absoluto por período aumenta. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 63 18/01/12 09:19 64 Universidade do Sul de Santa Catarina A economia de escala obriga que a empresa ingresse em grande escala ou, ao ingressar em pequena escala, sujeite-se a uma desvantagem de custo, ou seja, duas opções não desejadas para um entrante. Quando uma empresa expande o seu mercado, como ocorre no caso da internacionalização, pode passar a ter ou ampliar as economias de escala. À medida que as empresas são capazes de padronizar os produtos entre fronteiras de países e utilizar instalações de produção que são as mesmas ou similares, obtêm economias de escala significativas, ampliando suas vantagens competitivas, favorecendo-as no jogo da competição global. Outra fonte de economias de escala pode estar na logística. A logística internacional envolve custos fixos que podem ser divididos através do atendimento a vários mercados nacionais. Quanto maior o volume transportado dentro dos contêineres, quanto mais contêineres a empresa envia para o mercado externo, melhores podem ser as condições dos fretes. As compras constituem-se em outra fonte de vantagem competitiva para as empresas globais que operam em grande escala. Em muitos casos, a compra em grande quantidade gera maior poder de negociação ao comprador (empresa global) ou por gerar menores custos ao fornecedor, no caso da produção em grandes lotes. Nos dois casos, há uma redução de preços para a empresa que compra em grandes quantidades, o que pode ocorrer para a empresa global, principalmente aquela que possui as compras centralizadas. As economias de escala podem estar presentes em várias funções de um negócio como nas compras, na fabricação, no marketing, na pesquisa e no desenvolvimento, na distribuição etc. Caso existam economias de escala na produção que ultrapassem os limites dos principais mercados nacionais, a empresa pode obter vantagem de custo por meio de uma produção centralizada e de uma concorrência global. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 64 18/01/12 09:19 65 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Diferenciaçãodo produto A diferenciação do produto consiste em desenvolver um sentimento de lealdade/fidelidade do consumidor para com o produto. Mas como fazer isso? Primeiro, conscientizando-se da existência de várias dimensões que formam um produto. Após uma exposição das dimensões que formam um produto, será apresentado o motivo pelo qual a diferenciação pode criar uma barreira de entrada ao mercado internacional. Levitt (1998) criou um artigo que se tornou clássico na área de administração, o qual conceituou o produto como uma combinação do tangível e do intangível. Para ele, existe o produto genérico, que consiste na essência de cada produto, é fundamental, o essencial que uma empresa precisa apresentar para entrar no mercado. Para um produtor de chapas de aço, cita Levitt, o produto genérico é a própria chapa de aço. Para um banco, é o dinheiro que emprestará. Além do produto genérico, a empresa deve dispor da dimensão produto esperado. O produto esperado, conceituado por Levitt (1998), representa as condições mínimas de compra do cliente como a entrega, condições, esforços de apoio e novas ideias. Em relação à entrega, o autor cita que o cliente espera que esteja harmonizada logisticamente com o comprador. Deve ainda o produtor dispor de flexibilidade (apresentar respostas rápidas e sem queixas quanto a imprevistos em relação à quantidade e prazos de entrega). Mas, a diferenciação não está limitada ao que o cliente espera. O que o cliente espera pode ser ampliado para questões em que o cliente nunca pensou. O produto ampliado ou aumentado consiste naquele que excede as expectativas normais dos compradores. No caso das chapas de aço, isto pode ser feito pelo desenvolvimento de melhores formas de fabricação e revestimento do produto ou pela redução de sua espessura etc. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 65 18/01/12 09:19 66 Universidade do Sul de Santa Catarina Um importante aspecto apresentado por Levitt (1998) é que nem todos os clientes podem se sentir atraídos por produtos que ofereçam um pacote diferenciado. Alguns podem preferir preços mais baixos à ampliação do produto. São exemplos disso a estratégia da Gol no mercado de aviação do Brasil e da Southwest no mercado norte-americano. O produto não se restringe ao produto ampliado. Outra dimensão do produto é o produto potencial. A dimensão potencial do produto se refere a tudo aquilo que pode ser feito para atrair e reter os clientes. Para Levitt (1998), quando se trata de produto potencial, somente a imaginação e o orçamento consistem em limites. E o que acrescenta complexidade à competição é que as coisas variam com as condições. A concorrência não é em função simplesmente do que outros fornecedores de aço oferecem, mas também em relação ao que oferecem os fornecedores de produtos substitutos, como demonstrará o modelo das cinco forças competitivas de Porter. Logo, a rapidez de resposta à repetição de pedidos não é tão importante para os compradores nos bons tempos quanto é nos tempos de crise, ressalta Levitt. Além disso, o que é ampliado para um cliente pode ser esperado para outro; o que é ampliado em uma circunstância pode ser potencial para outra; parte daquilo que é genérico em períodos de fraca oferta pode ser esperado em períodos de excesso de oferta. Nos negócios internacionais cabe que o gestor identifique para os seus produtos, nos diferentes mercados em que opera, quais dimensões o seu produto se enquadra na percepção do cliente. Quando a empresa Gol iniciou as suas atividades no Brasil, uma das questões que os empreendedores se colocaram foi: será que o cliente realmente deseja o pacote de produtos que as empresas de aviação tradicionais oferecem? Muitos do mercado indicavam que sim, a empresa apostou que não e obteve sucesso. Além das economias de escala e da diferenciação do produto, o competidor global terá também que romper a barreira da necessidade de capital. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 66 18/01/12 09:19 67 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Necessidades de capital A necessidade de investir grandes somas de recursos financeiros para estar competindo em um determinado mercado cria uma barreira de entrada. Porter (1999) indica que a barreira de entrada fica ainda mais difícil de ser transposta se a aplicação de capital ocorre em atividades arriscadas e irrecuperáveis como a publicidade inicial ou na pesquisa e desenvolvimento. Operar em escala mundial exige, necessariamente, grande disponibilidade de capital. Atividades primárias de internacionalização, como é o caso da exportação, requerem que a empresa tenha recursos para arcar com possíveis retornos de mercadorias pelo não cumprimento de especificações legais; para criar ou fidelizar canais de distribuição; para realizar campanhas de marketing em mercados ainda não explorados (e, muitas vezes, não familiares) etc. Custos de mudança Outra barreira de entrada é criada quando existe um custo de mudança. Para Porter (1999), um custo de mudança é aquele que o comprador tem quando muda de um fornecedor para outro. Os custos de mudança podem incluir custos de um novo treinamento de empregados, custos psíquicos de se desfazer um relacionamento, um novo projeto de produto etc. Se estes custos são altos, os entrantes no novo mercado devem oferecer soluções que extrapolem o valor criado pelos atuais competidores. Caso contrário, a mudança não ocorrerá. Quando o mercado é global, as empresas aí instaladas atuam vigorosamente para que o custo de mudança ocorra. Entretanto, as empresas locais podem criar barreiras à entrada de empresas estrangeiras, fazendo com que uma indústria não se torne ou retarde a tornar-se uma indústria global. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 67 18/01/12 09:19 68 Universidade do Sul de Santa Catarina No Brasil, as montadoras de automóveis, apesar de estarem inseridas em um mercado global, colocaram muitas barreiras de entrada pela imposição de custos de mudança para montadores não locais. Uma das principais barreiras foi o acesso a peças de reposição. O cliente, com receio de não ter as peças disponíveis ou não ter acesso a uma assistência técnica especializada, resistia em mudar para o concorrente entrante, o que favorecia montadoras como a Volkswagen, que possui uma ampla rede de assistência técnica espalhada pelo Brasil. Mas, como a história mostrou, a estrutura da indústria não é estática, muda com o tempo e as montadoras brasileiras não conseguiram manter seu posicionamento competitivo livre das ameaças estrangeiras por muito tempo. A necessidade de criação de um serviço pós-venda no local é considerado um dos obstáculos à concorrência global. Acesso a canais de distribuição Uma barreira de entrada pode ser criada pela necessidade do entrante de assegurar a distribuição do seu produto. Considerando que os canais de distribuição já estão sendo atendidos pelas empresas estabelecidas, a empresa entrante precisa conquistar os canais a aceitarem o seu produto por meio de descontos de preços, verbas para campanha publicitária em cooperação e coisas semelhantes. Desvantagens de custo independente de escala Existem vantagens das empresas que estão atuando em um mercado, que são impossíveis de serem igualadas pelas empresas entrantes qualquer que seja o seu tamanho e as economias de escala obtidas. Algumas das vantagens críticas, listada por Porter (1999) são: tecnologia patenteada do produto; acesso favorável às matérias- primas; localizações favoráveis; subsídios oficiais; curva de aprendizagem ou experiência. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 68 18/01/12 09:19 69 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Empresas globais podem aplicar tecnologia patenteada em vários países. Quando realizam vultosos gastos em pesquisa e, como consequência, conseguem a patente de fabricação do produto,podem ter vantagem para entrar em vários mercados ou criar barreiras a novos entrantes. A curva de aprendizagem consiste na tendência dos custos unitários declinarem à medida em que a empresa acumula maior experiência na fabricação do produto. Os custos declinam quando os empregados aprimoram os seus métodos e se tornam mais eficientes: quando o layout de fábrica é aperfeiçoado, quando são desenvolvidos produtos e processos mais eficientes, quando a empresa aprimora o seu sistema de distribuição, quando conhece o mercado a ponto de não gerar gastos desnecessários em marketing etc. As empresas globais podem compartilhar conhecimento entre unidades por meio de fronteiras nacionais. Isto vai gerar sinergia e ajuda a empresa a produzir com mais qualidade e menor custo. As empresas que operam em diversos países aprendem com as melhores práticas que, compartilhadas, podem facilitar a entrada de empresas globais em novos mercados. As técnicas de gestão do conhecimento auxiliam as empresas a compartilhar os conhecimentos adquiridos pelas unidades organizacionais, mesmo que espalhadas em diversas partes do globo. Política governamental O governo pode ser uma importante barreira de entrada. Ele pode impor licenças de funcionamento, limites de acesso a matérias- primas, impor controles sutis como a adoção de padrões de poluição de ar, índices de eficiência e segurança do produto etc. Pode impor tarifas, taxas, cotas, dar tratamento fiscal preferencial às empresas locais, assim como políticas trabalhistas; pode exigir que a pesquisa e o desenvolvimento sejam realizados no país ou que parte do produto seja composto com componentes fabricados internamente. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 69 18/01/12 09:19 70 Universidade do Sul de Santa Catarina Os governos possuem vários mecanismos que podem impedir a operação de empresas globais. Complementando o modelo de análise da indústria, Porter (1999) afirma que as economias de escala e as curvas de aprendizagem consistem em barreiras de entrada, mas existem limites: � A grande escala e os custos mais baixos podem envolver uma perda da diferenciação dos produtos Um exemplo ocorre quando a escala impede que o produto tenha uma qualidade satisfatória. Outro caso ocorre quando uma mudança tecnológica afeta a empresa com operação em grande escala e ela não consegue ter flexibilidade para se adaptar às novas tecnologias. Além disso, a busca por uma grande escala pode ocultar a percepção, impedindo que a empresa identifique novas possibilidades tecnológicas ou de outras novas maneiras de competir que sejam menos dependentes da escala. � A curva de experiência pode ser anulada por inovações do produto ou no processo Algumas inovações podem fazer com que a tecnologia nova torne a experiência irrelevante. Os entrantes podem ultrapassar os líderes da indústria e se instalarem uma nova curva de experiência. Da mesma forma que a busca pela grande escala, a perseguição por declínios de custos por meio da experiência pode desviar a atenção do desenvolvimento do mercado em outras áreas ou do desenvolvimento de novas tecnologias. Todas as variáveis analisadas na Força 1 referem-se às barreiras de entrada que empresas podem ter que transpor ao optarem por entrar em um novo mercado ou que podem impor em relação a potenciais concorrentes que desejam tornarem-se participantes de um novo mercado. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 70 18/01/12 09:19 71 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 � Um mercado com alta barreira de entrada tende a ser concentrado As empresas existentes defendem a sua participação e obtém alta rentabilidade, principalmente se esse mercado cresce rapidamente. Percebeu-se, nesta seção, que a globalização promoveu uma troca no tipo de barreiras aos mercados. Nos séculos passados, as barreiras aos entrantes eram institucionais, impostas pelos governos; agora são determinadas pelas empresas, de acordo com a dinâmica competitiva que o mercado assume. Cabe, portanto, a cada empresa identificar se o seu mercado está criando barreiras de entrada a entrantes potenciais e se os mercados em que a empresa pretende atuar possuem barreiras que impedem a entrada de novos competidores. A segunda força a ser estudada para o desenvolvimento da análise da indústria é a intensidade da rivalidade entre concorrentes existentes, que você encontra na seção seguinte. Seção 3 – Intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes A rivalidade entre os concorrentes de uma indústria depende da interação de uma série de fatores, de acordo com Porter (1999). Conheça cada um desses fatores. Concorrentes numerosos e bem equilibrados Quanto menor o número de competidores, maior tende a ser a retaliação existente no mercado. Em mercados oligopolistas, o comportamento dos competidores tende a ser monitorado pelos demais, havendo, na maioria das vezes, respostas aos movimentos competitivos que cada empresa efetua no mercado. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 71 18/01/12 09:19 72 Universidade do Sul de Santa Catarina Oligopolista é a estrutura de mercado caracterizada pela existência de grandes empresas que possuem alta participação de mercado. A globalização, por meio da queda das barreiras ao comércio internacional, tem acirrado a concorrência na maioria dos mercados. Em alguns mercados, a globalização aumenta o número de competidores. Em outros, provoca uma concentração, fazendo com que grandes empresas dominem a maior parte das vendas. No Brasil, a indústria automotiva vivenciou o aumento do número de competidores, o que diminuiu a concentração do mercado. Novas montadoras entraram no país e passaram a disputar o mercado brasileiro de automóveis com a General Motors, a Ford, a Volkswagen, a Fiat, dentre outras. Por isso, todos os competidores tiveram que rever o seu posicionamento estratégico. Crescimento lento da indústria Quando a indústria cresce lentamente as empresas passam a disputar parcelas de mercado. Não há como crescer a não ser tentando abocanhar a parcela de mercado do outro. O jogo por parcelas de mercado é muito mais instável e desafiador. Com o amadurecimento da indústria, o crescimento do mercado declina, o que resulta em maior intensidade da rivalidade e redução dos lucros. Os concorrentes mais fracos tendem a não ter capacidade para se manter no mercado. Custos fixos altos Quando as empresas instaladas possuem custos fixos altos, elas tendem a trabalhar com alta capacidade, criando uma tendência à queda de preços quando a oferta supera a demanda da indústria. Um exemplo indicado por Porter consiste naquele em que o produto, uma vez produzido, fica muito caro para ser mantido em estoque. Nessa situação, as empresas ficam vulneráveis e baixam os preços como forma de assegurar as vendas. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 72 18/01/12 09:19 73 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 O processo de inovação pode aumentar os custos fixos, como é o caso dos laboratórios de medicamentos que investem na criação de novos produtos. O estágio inicial de criação do produto requer que a empresa despenda vultosas somas, o que torna a rivalidade mais acentuada, provocando um jogo pesado de marketing na introdução dos novos produtos no mercado. Ausência de diferenciação ou custos de mudança Quando o produto ou o serviço é visto como um artigo de primeira necessidade, é homogêneo, o consumidor tende a escolhê-lo pelo preço. A inexistência de custos de mudança também implica na possibilidade de passar facilmente de um produtor para outro, o que intensifica a rivalidade entre os concorrentes na indústria. Capacidade aumentada em grandes incrementos Quando as economias de escala determinam que a capacidade deve ser ampliada em grandes incrementos, os acréscimos de capacidade podem gerar um aumento da ofertado produto além da demanda, o que acarreta em um processo a queda de preços. Concorrentes divergentes Concorrentes podem ser divergentes quanto a estratégias, origens, personalidades etc. A existência de concorrentes divergentes em um mercado pode criar dificuldades para todos os concorrentes decifrarem com exatidão quais são as regras do jogo. Surgem várias alternativas estratégicas e os participantes ficam inseguros a respeito de qual caminho seguir. Segundo Porter (1999), os concorrentes estrangeiros muitas vezes acrescentam um alto grau de diversidade às indústrias devido às circunstâncias e metas diferentes. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 73 18/01/12 09:19 74 Universidade do Sul de Santa Catarina Um exemplo consiste em empresas que praticam dumping (venda do produto abaixo do preço que é vendido no mercado de origem da empresa produtora). O mercado no qual a empresa exportadora pratica dumping pode estar sendo considerado como uma saída para o excesso de capacidade, um escoamento de produção; enquanto outras empresas, neste mesmo mercado, podem encará-lo como o seu mercado básico. Grandes interesses estratégicos A rivalidade em uma indústria se torna mais instável se algumas empresas tiverem muitos interesses em jogo com o propósito de obter sucesso na indústria. Por exemplo, Porter (1999) cita o caso de uma empresa diversificada que pode considerar muito importante alcançar sucesso em determinada indústria de modo a promover a sua estratégia global. Esta empresa estará disposta a sacrificar a sua rentabilidade para estabelecer-se ou manter-se no mercado. Mesmo as empresas que não são líderes no mercado global podem ter grandes interesses estratégicos em um determinado mercado e utilizar-se de estratégias que ampliem a rivalidade, com consequências para a rentabilidade da indústria. Barreiras de saída elevadas Barreiras de saída são fatores econômicos, estratégicos e emocionais que mantêm as companhias competindo em determinado mercado, mesmo obtendo retornos baixos ou até negativos sobre seus investimentos. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 74 18/01/12 09:19 75 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Você sabe quais são as principais fontes de barreiras de saída? Conheça, então, cada uma: � ativos especializados; � custos fixos de saída como os acordos trabalhistas; � inter-relações estratégicas entre as unidades da empresa em termos de imagem, capacidade de marketing, acesso a mercados etc. A empresa pode entender que deve continuar no mercado mesmo que não obtenha o retorno esperado; � barreiras emocionais, pois a empresa pode identificar-se com uma atividade em particular. Uma razão pode ser devido a empresa ter iniciado as suas atividades com determinado produto, em determinado mercado ou por uma questão de lealdade com os empregados, por orgulho etc. � restrições de ordem governamental e social, onde as restrições podem ser devido ao desemprego causado pela saída ou outros efeitos econômicos. Quando as barreiras de saída são elevadas, as empresas tendem a permanecer nesses mercados. A consequência é a queda da rentabilidade para toda a indústria. Para cada mercado, os competidores devem verificar a relação da existência de barreiras de saída e entrada para relacioná-las. O melhor caso ocorre, de acordo com Porter (1999), quando as barreiras de entrada são altas e as de saída são baixas. Neste caso, a entrada não acontece facilmente e os concorrentes que não têm os retornos esperados saem facilmente do mercado, não gerando excesso de capacidade. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 75 18/01/12 09:19 76 Universidade do Sul de Santa Catarina Ao contrário, o pior caso ocorre quando as barreiras de entrada são baixas, mas as de saída são altas. Neste caso, a entrada é facilitada, seja pelo baixo investimento financeiro, seja pelo baixo know-how necessário para atuar no mercado e a saída implicará na perda de um mercado que dificilmente perdoará um competidor instável. Muitas empresas encaram as exportações dessa forma. Em período de taxa de câmbio favorável (câmbio desvalorizado), aventuram-se em mercados externos. Com a mudança cambial, essas empresas saem do mercado externo e enfrentam barreiras de saída como a capacidade instalada excessiva, contratações no estrangeiro e no país de origem, desistência de vínculos com canais de distribuição, perda de trabalho de introdução da marca e do produto no novo mercado e, o que é pior, deterioração da imagem da marca. No caso de uma nova entrada tornar-se necessária, a empresa terá que arcar com altos custos iniciais de penetração no mercado. Nesse último caso, a empresa tende a preferir continuar no mercado, mesmo que a exportação não lhe proporcione a rentabilidade esperada sob pena de prejudicar a sua nova inserção no mercado externo. Seção 4 – Pressão dos produtos substitutos e poder de barganha dos compradores e dos fornecedores Nesta seção, você estudará as três últimas forças competitivas: � Força 3 – Pressão dos produtos substitutos; � Força 4 – Poder de barganha dos compradores; � Força 5 – Poder de barganha dos fornecedores. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 76 18/01/12 09:19 77 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Força 3 – Pressão dos produtos substitutos Além dos competidores diretos, toda indústria compete com produtos substitutos. Exemplos de produtos substitutos são: o transporte particular e o transporte público; os refrigerantes e os sucos; o café e o chá. De acordo com Porter (1999), a identificação de produtos substitutos é realizada por meio da busca de produtos que possam desempenhar a mesma função do produto da indústria. Os produtos substitutos que constituem ameaça à indústria são aqueles que: a) estão sujeitos a tendências de melhoramento da sua relação preço-desempenho; b) são produzidos por indústrias com lucros altos. Força 4 – Poder de negociação dos compradores A quarta força competitiva de Porter consiste no poder de negociação dos compradores. Para o autor, os compradores forçam os preços para baixo e barganham por mais qualidade além de jogar os concorrentes uns contra os outros. Veja a seguir quando os compradores constituem uma ameaça: a) Estão concentrados ou adquirem grandes volumes em relação às vendas do vendedor: no início do processo de internacionalização, algumas empresas se deparam com a dependência de um grande cliente importador. Esse, responsável por grande parte do faturamento da exportadora, passa a deter grande poder, impondo as condições comerciais. Desde os anos 90, a concentração do varejo no mercado internacional tem gerado um aumento do poder de grandes cadeias varejistas em relação à indústria. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 77 18/01/12 09:19 78 Universidade do Sul de Santa Catarina b) Os produtos que adquirem da indústria representam uma fração significativa de seus próprios custos ou compras: quando o produto é adquirido com pouca frequência ou tem valor muito baixo em relação ao produto do comprador, esse tende a negociar/barganhar menos por preço. c) Os produtos que os compradores compram da indústria são padronizados ou não diferenciados: quanto menor a diferenciação, mais fácil para o comprador comparar preços. Sempre que a competição ocorre entre produtos commoditizados, os compradores tendem a ter mais força, jogarão um produtor contra o outro buscando o menor preço. d) Enfrentam poucos custos de mudança: neste caso, o comprador não terá perda nenhuma em realizar a troca. Os custos de mudança devem ser considerados pelas empresas globais no processo de fidelização do cliente, o que pode envolver um trabalho local considerável. O comprador pode preferir ter uma assistência técnica local ou uma equipe de vendas que esteja em contato permanente com o cliente.Esses fatores farão com que o comprador prefira o fabricante local. e) Conseguem lucros baixos: quando o comprador está enfrentando períodos de crise financeira, a tendência é barganhar por preço e negociar condições de pagamento. Quando o país importador desvaloriza o câmbio, por exemplo, há uma redução das margens do importador (comprador). A tendência é o comprador, neste caso, querer partilhar com o exportador o seu prejuízo, forçando o exportador a baixar preços. Como contra-ponto, Porter (1999) explica que compradores rentáveis são, em geral, menos sensíveis ao preço e podem adotar uma visão a longo prazo no sentido de preservar a saúde de seus fornecedores. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 78 18/01/12 09:19 79 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 f) O produto da indústria não é importante para a qualidade do produto do comprador: quanto menos representa o produto para o faturamento do comprador ou para a qualidade do produto do comprador, mais poder ele terá em negociar preços. g) Tem total informação: informações relevantes consistem em, por exemplo, informações sobre a demanda, preços de mercado, custos dos fornecedores. Essas são informações que dão, ao comprador, mais poder para a negociação. Força 5 – Poder de negociação dos fornecedores Os fornecedores podem diminuir a rentabilidade de uma indústria quando exercem seu poder de negociação sobre os participantes dessa indústria. Podem ameaçar com a elevação dos preços ou com a redução da qualidade dos produtos fornecidos. Veja a seguir quando os fornecedores são poderosos: a) Não possuem concorrentes e constituem uma indústria mais concentrada do que a indústria para a qual vendem: quando os fornecedores vendem para compradores mais fragmentados, terão grande capacidade de exercer influência em preços, qualidade e condições. Um exemplo claro, e de impacto mundial, é o poder que os produtores de petróleo têm sobre as economias do mundo. b) Não está obrigado a lutar com outros produtos substitutos na venda para a indústria: o poder de fornecedores fortes pode ser posto em cheque se concorrerem com substitutos. Certamente o poder da OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo) não existirá mais se surgir um produto substituto para o petróleo. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 79 18/01/12 09:19 80 Universidade do Sul de Santa Catarina c) A indústria não é um cliente importante para o grupo fornecedor: quando a indústria é um cliente importante, o desempenho dos fornecedores depende dos resultados da indústria. Logo, o fornecedor desejará protegê-la através de preços razoáveis e de assistência em atividades como P & D, marketing e vendas. d) O produto dos fornecedores é um insumo importante para o negócio do comprador: isto aumenta o poder do fornecedor, principalmente quando o insumo não é armazenável, o que impede o comprador de formar estoques. e) Os produtos do grupo de fornecedores são diferenciados ou o grupo desenvolveu custos de mudança: seguindo a mesma linha de raciocínio desenvolvido nas seções anteriores, a diferenciação e o custo de mudança farão com que o comprador tenha uma relação de monopólio com o fornecedor, o que lhe dá poder para impor as condições que desejar. f) O fornecedor é uma ameaça concreta de integração para frente: na medida em que a distribuição de produtos tende a ser cada vez mais global, a capacidade de fornecedores tornarem-se varejistas, por exemplo, diminui. Qualquer indústria fabricante de bens de consumo tende a render-se atualmente ao poder de mercado exercido pelas grandes redes internacionais. Criar a sua própria rede de distribuição implica ter que enfrentar a necessidade de capital, assim como a necessidade de desenvolver-se gerencialmente, além de criar obstáculos à relação com os varejistas do mercado. Em seu livro Estratégia Competitiva, Porter (1999) salienta que em indústrias que não contam com fornecedores relevantes, a mão de obra pode ser considerada um fornecedor para efeitos de análise. Ainda segundo o autor, existe grande evidência de que empregados qualificados e escassos e/ou sindicalizados podem absorver uma proporção significativa dos lucros potenciais de uma indústria. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 80 18/01/12 09:19 81 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Ressalta-se também que, em muitas indústrias, o governo e um comprador ou um fornecedor pode influenciar a concorrência na indústria por meio das políticas. Como exemplos podem- se considerar o papel desempenhado pelo governo como comprador de produtos relacionados com a defesa nacional e medicamentos. O governo pode, também, afetar a posição de uma indústria através dos seus produtos substitutos. A criação de regulamentações, aplicação de subsídios ou outros meios pode estimular o desenvolvimento de produtos substitutos. Todas as cinco forças competitivas, consideradas em conjunto, devem mostrar se uma determinada indústria é atraente ou não. Cabe a cada empresa realizar a sua análise, buscando salientar quais pontos são considerados como uma oportunidade de atuação e quais são ameaças. Uma comparação das oportunidades e das ameaças de cada mercado criará um panorama no qual a empresa deverá basear-se para a definição das estratégias de atuação. Até aqui, você estudou as cinco forças competitivas que compõem a metodologia de análise da indústria proposta por Michel Porter. Nas seções seguintes, você vai aprender sobre a metodologia de análise da concorrência. Seção 5 – Metodologia para análise da concorrência Analisar a concorrência de forma sistemática é algo que muitas vezes é relegado a um segundo plano por grande parte das organizações. Muitas empresas acreditam que conhecem os seus concorrentes porque estão sempre observando as suas ações, mas muitas vezes, o que se percebe é que as empresas começam a criar hipóteses a respeito dos concorrentes e deixam de tomar cuidado com a realidade. Para a empresa internacionalizada, a análise da concorrência torna-se ainda mais complexa. Quanto maior o número de países em que ela atua, mais concorrentes conquista. Alguns podem ser concorrentes comuns a vários mercados, outros podem ser concorrentes locais com um atributo que pode ser uma grande vantagem, o conhecimento do local. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 81 18/01/12 09:19 82 Universidade do Sul de Santa Catarina Na estratégia competitiva multinacional, uma empresa enfrentará seus concorrentes em cada país, sendo as batalhas desenvolvidas em separado, mesmo que várias multinacionais disputem os mesmos mercados. Em uma estratégia competitiva global, as ações competitivas são integradas entre os países. “O mesmo tipo de ação é feito em diferentes países ao mesmo tempo ou numa sequência sistemática; ou, então, um concorrente é atacado em um país a fim de se drenarem recursos para outro país; ou, ainda, um ataque competitivo em um país é contra-atacado em um país diferente”. (YIP, 1996, p. 21). Analisar a concorrência global adquire, portanto, uma complexidade maior do que a análise local. Neste caso, o mundo todo, e não somente um país, é o campo de batalha competitivo. Por isso, todos os concorrentes importantes devem ser analisados. A análise da concorrência não deve se restringir ao estudo dos concorrentes atuais, mas também dos concorrentes potenciais. Porter (1999) apresenta alguns critérios que podem ajudar na identificação dos concorrentes potenciais. Clientes potenciais são aqueles que: � não participam da indústria, mas que têm condições de superar facilmente as barreiras de entrada; � suas atividades apresentam sinergia com as atividades desenvolvidas pela indústria; � a competição na indústria é uma extensão da sua estratégia; � são clientes ou fornecedores da indústria e têm condições de integrar-se a ela, levando-apara frente (fornecedores tornam-se participantes da indústria) ou para trás (clientes tornam-se participantes da indústria); � podem entrar na indústria por meio de fusões ou aquisições. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 82 18/01/12 09:19 83 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Yip (1996) sugere que uma empresa internacional analise todos os concorrentes globais, os maiores concorrentes de cada país e os concorrentes globais potenciais. Entretanto, a lista não deve ultrapassar dez concorrentes e a empresa deve montar uma matriz, que contemple os seguintes dados: � participação de mercado (considerar a de três anos atrás, a do ano e qual a participação projetada para três anos); � preços; � custos; � qualidade. Definidos os concorrentes, a empresa deve buscar dados que possibilitem entender não somente a estratégia atual, mas também as suas metas futuras, as suas capacidades (pontos fortes e fracos) e também as suas hipóteses. São esses quatro elementos que Porter (1999) desdobra na sua proposta metodológica para análise da concorrência. Na medida em que a empresa compreende esses quatro elementos, conseguirá prever as respostas do concorrente. Geralmente, as empresas, mesmo que intuitivamente, conhecem as estratégias correntes e os pontos fortes e fracos dos seus concorrentes. Mas as suas metas futuras e as suas hipóteses a respeito da sua situação e como entende a natureza da indústria, são aspectos mais desconhecidos dada à dificuldade de observação, mas são significativos para o entendimento de como o concorrente se comportará no futuro. (PORTER, 1999). Para Porter (1999), a empresa pode coletar os dados de campo via força de vendas, com o pessoal da engenharia, com os canais de distribuição, com fornecedores, com agências de publicidade, por meio da contratação de pessoas que já trabalharam com o concorrente, em associações comerciais, por meio de firmas de pesquisa de mercado, com analistas de mercado etc. Os dados também podem ser coletados através de publicações como artigos, jornais locais, anúncios classificados, documentos do governo, declarações da diretoria, relatórios dos analistas, respostas às agências governamentais e regulatórias, registros de patentes, acordos judiciais etc. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 83 18/01/12 09:19 84 Universidade do Sul de Santa Catarina Para compilação dos dados pode-se: contratar serviços de informação sobre os concorrentes; entrevistar pessoas que têm contato com os concorrentes; utilizar formulários para relatar acontecimentos básicos dos concorrentes a uma central de informações; elaborar relatórios regulares sobre a situação dos concorrentes. Os dados coletados e compilados podem ser catalogados em forma de arquivos sobre os concorrentes e/ou em uma área de análise da concorrência. A partir disdo, podem ser geradas análises financeiras trimestrais dos concorrentes mais importantes, análise da linha de produtos, estimativas de curvas de custos e dos custos relativos dos concorrentes, demonstrativos financeiros dos concorrentes sob diferentes cenários da economia, preços e condições competitivas. E, finalmente, os dados e análises devem ser comunicados aos gerentes sob a forma de relatórios e informativos para alimentar o processo de planejamento. Seção 6 – Elementos de análise da concorrência Definidos os concorrentes, a empresa deve buscar dados que possibilitem entender não somente a estratégia atual, mas também as suas metas futuras, as suas capacidades (pontos fortes e fracos) e também as suas hipóteses. A seguir, você vai estudar cada um dos elementos que compõem a proposta metodológica de análise da concorrência, segundo Michel Porter. Análise das metas atuais e futuras As empresas possuem objetivos e metas em relação a um futuro próximo. Para que os objetivos sejam alcançados, as empresas desenvolvem estratégias. E são essas que os participantes da competição querem descobrir. Estar participando de um mercado significa buscar conhecer qual será a próxima “cartada” (estratégia) do concorrente. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 84 18/01/12 09:19 85 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Para isso, as empresas devem tentar identificar quais são os objetivos e metas dos concorrentes. São as metas que permitirão à empresa fazer previsões sobre cada concorrente e, a partir daí, poderá verificar qual é a probabilidade do concorrente manter a mesma estratégia atual ou alterá-la. Conhecer as metas do concorrente permite também: � prever suas reações a mudanças do ambiente externo. Mudanças ambientais podem fazer com que alguns participantes do mercado tenham que rever as suas estratégias para que consigam atingir as suas metas, principalmente se a empresa é uma subsidiária de uma matriz internacional. Um exemplo é a mudança cambial de um país onde uma subsidiária está instalada. Quando um país desvaloriza a sua moeda, a subsidiária tem que gerar muito mais receitas em moeda local para conseguir atingir as metas financeiras definidas pela matriz. Se o concorrente conhece/supõe qual meta ficou definida com a matriz, tem mais subsídios para prever quais serão as estratégias que a subsidiária adotará no mercado; � interpretar a seriedade com que o concorrente toma as suas iniciativas. A matriz realmente sustenta a iniciativa de uma das unidades? A matriz apoiará a retaliação de uma unidade contra movimentos dos concorrentes? As metas analisadas não devem se restringir aos aspectos financeiros, mas também devem ser consideradas as metas de participação de mercado, posição tecnológica, atuação social etc. Para a definição das metas deve-se considerar: as metas no âmbito de toda a empresa; as metas para as unidades empresariais; e as metas de áreas funcionais. - Quais perguntas devem ser realizadas para identificar as metas do concorrente? Porter (1999) sugere uma lista de questões que devem ser respondidas para a determinação das metas atuais e das metas futuras de um concorrente. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 85 18/01/12 09:19 86 Universidade do Sul de Santa Catarina 1. Quais são as metas financeiras declaradas e não declaradas do concorrente? Ao responder esta questão, a empresa deverá buscar identificar se o concorrente privilegia o resultado de curto prazo ou de longo prazo. Há uma preocupação em obter altas margens por produto vendido ou obter alto volume de vendas? A empresa está mais preocupada em crescer ou em ampliar a sua capacidade de pagar dividendos regularmente aos acionistas? 2. Qual a atitude do concorrente em relação ao risco? Toda empresa possui objetivos financeiros como rentabilidade, posição no mercado (parcela), índice de crescimento e nível desejado de risco. Deve-se identificar de que forma o concorrente parece balancear estes fatores. Até que ponto a empresa estará disposta a arriscar-se a entrar em um novo mercado e sacrificar a sua rentabilidade atual? 3. O concorrente tem valores ou crenças organizacionais (econômicos ou não econômicos; disseminados pela organização ou mantidos pela alta cúpula) que afetem suas metas de forma importante? Deve-se buscar identificar se o concorrente deseja, por exemplo, ser o líder do mercado ou ser um representante da indústria (como a Coca-Cola, que representa a indústria de refrigerantes) ou ser o líder em tecnologia etc. As histórias das empresas geralmente revelam as descontinuidades estratégicas ou se a empresa vem mantendo tradicionalmente a mesma estratégia. Deve-se questionar se a empresa estabeleceu como tradição seguir uma determinada estratégia ou uma determinada política funcional (como as referentes à qualidade do produto, localização, tipo de distribuição etc). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 86 18/01/12 09:19 87 Gestão Estratégica de Negócios InternacionaisI Unidade 2 4. Qual a estrutura organizacional do concorrente (estrutura funcional, presença ou ausência de gerentes de produto, laboratório próprio de P&D etc.)? Uma análise acurada da estrutura organizacional pode revelar vários aspectos da estratégia organizacional. Deve-se buscar identificar como a responsabilidade e o poder são distribuídos, principalmente, salienta Porter (1999), para as decisões relevantes como alocação de recursos, fixação de preços e alterações no produto. A posição relativa às áreas funcionais e como são coordenadas podem indicar, por exemplo, se o enfoque da empresa será na fabricação dos produtos, na ampliação da força de vendas, na pesquisa e desenvolvimento, no controle de qualidade. Se um executivo-chave é responsável por determinada área, isto significa que aquela área deve ser a prioritária em termos estratégicos. 5. Que sistemas de controle e incentivos são usados? Conhecer o sistema de remuneração dos executivos e dos empregados, conhecer as medidas de desempenho adotadas pela empresa, fornecer indícios do que o concorrente acredita ser importante. Por exemplo, se o concorrente passou a adotar um sistema de remuneração variável, baseado na quantidade de produto vendido, mostra que a empresa pode estar privilegiando o número de clientes atendidos em relação à margem de contribuição. É um indicador de uma estratégia que visa a ampliar sua participação no mercado. 6. Que sistema de contabilidade e que convenções são usados? Conhecer como o concorrente fixa preços, aloca custos, controla estoques também mostrará o que a empresa privilegia para a definição das suas metas. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 87 18/01/12 09:19 88 Universidade do Sul de Santa Catarina 7. Quais gerentes estão na liderança do concorrente, particularmente o diretor executivo? O perfil do executivo responsável pela empresa pode indicar quais os caminhos ele indicará para a empresa seguir. Existem executivos conhecidos pelo mercado por implantarem verdadeiras revoluções nas empresas pelas quais passam, outros são oriundos das áreas operacionais da empresa e valorizam a qualidade do produto, outros profissionais são da área financeira e tendem a preocupar-se com os resultados financeiros que a empresa apresenta. 8. Existe consenso na gerência sobre o rumo futuro do negócio? Nas empresas formam-se coalizões que disputam o poder internamente. O objetivo de toda estratégia é conseguir que os conflitos entre estas coalizões sejam suprimidos ou reduzidos drasticamente. Se o concorrente não conseguiu criar este clima organizacional, as disputas internas podem fazer com que a empresa fique dividida. Diferentes unidades cumprem metas diferentes. O resultado pode ser a existência de oscilações estratégicas na medida em que o poder muda. 9. Qual a composição do conselho de administração? A composição do conselho administrativo pode fornecer pistas sobre a orientação da empresa ou sobre abordagens estratégicas preferidas. Um exemplo é se no conselho existe um participante externo capaz de trazer uma visão de fora e quais são as experiências que podem indicar a sua contribuição à empresa? 10. Existem compromissos contratuais que podem limitar as alternativas estratégicas dos concorrentes? Por exemplo, o concorrente possui um acordo de licenciamento que o impede de vender o produto em outros mercados? Qual o prazo de vencimento do contrato de licenciamento? gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 88 18/01/12 09:19 89 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 1. Quais são os resultados correntes (crescimento de vendas, taxas de retorno etc.) da matriz? 2. Quais são as metas globais da matriz? 3. Qual a importância estratégica que a matriz atribui à unidade empresarial em termos de sua estratégia empresarial global (constitui seu negócio base ou não, é uma área de crescimento ou é um negócio maduro)? 4. Quais as razões que levaram a matriz a entrar neste negócio (excesso de capacidade, necessidade de integração vertical, para explorar canais de distribuição, por sua força de marketing)? 5. Qual o relacionamento estratégico entre o negócio e os outros negócios do grupo (integração vertical, complementação a outros negócios, P&D compartilhado)? 11. Existem políticas regulatórias, como políticas antitruste, que podem afetar o comportamento estratégico do concorrente? Os países estão, cada vez mais, com políticas de regulação da concorrência bem definidas e punitivas. Os governos têm sido agentes ativos de regulação. Para uma análise acurada do ambiente competitivo, as empresas e os governos de seus países de origem devem ser observados em conjunto na análise da concorrência. Como afirma Porter (1999), os dois mantêm relações complexas que podem envolver muitas formas de regulamentação, subsídios e outros tipos de assistência. Além das perguntas anteriores, Porter (1999) indica questões adicionais no caso da empresa analisada ser uma empresa diversificada. As mesmas perguntas podem ser utilizadas para a análise do relacionamento da matriz com as subsidiárias que possuem atuação no exterior. As perguntas que seguem têm como objetivo identificar a influência da matriz sobre as metas das diferentes unidades. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 89 18/01/12 09:19 90 Universidade do Sul de Santa Catarina Todas as questões elencadas anteriormente oferecerão indicadores das possíveis ações que a empresa concorrente ou as empresas concorrentes podem tomar. As respostas podem variar de acordo com o tempo e, por isso, devem ser periodicamente refeitas em cada plano estratégico da empresa. 6. Quais são os valores ou as crenças da alta direção aplicáveis a todo o grupo empresarial? 7. Existem estratégias que a matriz tenha aplicado em alguns negócios e possa tentar neste? 8. Qual é o desempenho e quais são as necessidades das outras unidades/subsidiárias da corporação que podem implicar em metas para a unidade/subsidiária como: metas de vendas, retorno sobre o investimento etc? 9. Quais os planos de diversificação da matriz? Esta pergunta tem relevância porque pode indicar que a matriz alocará capital em outros negócios gerando escassez de capital no grupo ou que está buscando aplicar em áreas que criem sinergia com o negócio atual e ampliem a vantagem competitiva do negócio no longo prazo. 10. Quais as indicações que a estrutura organizacional da corporação oferece em relação à importância da unidade/ subsidiária para a estratégia global? 11. Como o gerente da unidade/subsidiária é remunerado? Se a remuneração é variável, o que geralmente é, oferece um bom indicador das metas da unidade ou da subsidiária estrangeira. 12. Que tipo de executivo é recompensado pela matriz? Os mais ousados estrategicamente ou os que preferem a estabilidade? 13. Como a matriz recruta os seus dirigentes? As unidades/ subsidiárias são promovidas internamente ou são selecionados executivos de fora da corporação? Qual a origem do principal executivo em termos de área funcional (produção, marketing, vendas, distribuição etc)? 14. A corporação tem sensibilidade a fatos sociais, reguladores ou antitruste que possam vir a afetar a unidade? 15. A matriz ou determinados gerentes de topo têm alguma ligação emocional com a unidade? A unidade é um dos primeiros negócios da companhia? gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 90 18/01/12 09:19 91 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 A seguir serão apresentadas as questões necessárias para realizar a análise do portfólio (conjunto de unidades/subsidiárias) da empresa concorrente na tentativa de identificar quais são as metas do concorrente em relação ao seu conjunto de unidades/ subsidiárias. Primeiro, serão apresentadas técnicas de análise de portfólio. Em seguida, serão relatadas as questões que devem ser realizadas para a análise de portfóliode um concorrente. Técnicas de análise de portfólio As técnicas de análise de portfólio consistem em demonstrações gráficas e categorizações dos diferentes negócios de uma empresa. A partir do momento que a empresa conta com uma metodologia de análise dos seus diferentes negócios, pode tomar decisões sobre para quais negócios deve alocar recursos ou não. Servem, portanto, para empresas que atuam em diversos negócios (corporações) e necessitam desenvolver uma estratégia para toda a corporação. As duas técnicas mais disseminadas para a realização de análise de portfólio são: � Matriz de crescimento/parcela de mercado – criada pela Boston Consulting Group (conhecida como a matriz BCG); � Tela de atratividade da indústria/posição da empresa, desenvolvida pela General Electric e a empresa de consultoria McKinsey. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 91 18/01/12 09:19 92 Universidade do Sul de Santa Catarina Matriz de crescimento/parcela de mercado A matriz de crescimento/parcela de mercado utiliza o crescimento da indústria e a parcela de mercado relativa como determinantes da posição competitiva de uma unidade da empresa em sua indústria e do fluxo de caixa líquido gerado pela unidade. Desta forma, têm-se as seguintes unidades, conforme Figura 2.1: Figura 2.1 – Matriz crescimento/parcela mercado Fonte: Porter (1999). � Vacas caixeiras: são negócios que possuem alta parcela de mercado relativa, mas estão em mercados de baixo crescimento. Mas, devido à alta parcela de mercado, produzem um bom fluxo de caixa, que poderá ser empregado para financiar outros negócios em desenvolvimento. � Cães: constituem-se de negócios com parcela de mercado relativa baixa, em mercados de baixo crescimento. Dadas essas condições, possuem um fraco posicionamento competitivo. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 92 18/01/12 09:19 93 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 � Estrelas: os negócios estrela são aqueles com uma parcela de mercado relativa alta, em mercados de alto crescimento. Exigem grandes montantes de caixa para sustentar o crescimento, mas possuem uma posição em rápido crescimento. Exigem muito do caixa da empresa para financiar o seu crescimento e são fracos geradores de caixa, dado ao frágil posicionamento competitivo. � Pontos de interrogação: são negócios com parcela de mercado relativa baixa, em mercados em rápido crescimento. Exigem muito do caixa da empresa para financiar o seu crescimento e são fracos geradores de caixa, dado ao frágil posicionamento competitivo. As unidades que são as “vacas caixeiras” geram recursos para financiar as outras unidades, sobretudo as unidades que são “pontos de interrogação”, aquelas que se constituem nas grandes apostas da corporação, mas que ainda não deslancharam. As unidades estrela tendem a se tornarem vacas caixeiras quando o mercado já está com baixo ritmo de crescimento, que são os mercados maduros. As unidades cães devem ser desativadas, dado ao baixo retorno que apresentam e, com o baixo crescimento do mercado, não têm perspectivas de ampliar a geração de caixa no futuro. Tela da atratividade da indústria/posição da empresa A tela da atratividade da indústria/posição da empresa permite comparar a atratividade da indústria e o posicionamento competitivo da unidade empresarial. A atratividade é determinada por variáveis como tamanho, crescimento do mercado, preços praticados, rentabilidade, questões técnicas, legais, sociais etc. A posição da unidade empresarial é determinada pelo seu tamanho, potencial de crescimento, parcela de mercado, rentabilidade, margens praticadas, posicionamento tecnológico, imagem, impactos ambientais etc. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 93 18/01/12 09:19 94 Universidade do Sul de Santa Catarina A tela apresentada na Figura 2.2 mostra o cruzamento entre as duas variáveis: Figura 2.2 – Tela da atratividade da indústria/posição da empresa Fonte: Porter (1999). Dependendo de onde uma unidade localiza-se na tela de atratividade, pode-se investir capital para construir posição ou manter-se com um equilíbrio ou colher/desativar-se. A tela da atratividade da indústria/posição da empresa pode ser quantificada com menos precisão do que o método do crescimento/parcela. É um método que exige julgamentos subjetivos. Durante a análise de portfólio do concorrente, deve-se questionar: 1. Como a matriz da unidade/subsidiária do concorrente classifica seus negócios? 2. Que negócios são considerados “vacas caixeiras”? 3. Que negócios são candidatos à colheita ou à desativação, dada a sua posição no portfólio? 4. Que negócios são as fontes habituais de estabilidade (que compensam as flutuações de outras unidades)? 5. Que negócios representam movimentos defensivos para proteger outros negócios mais importantes? gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 94 18/01/12 09:19 95 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 6. Quais os negócios mais promissores para a companhia investir recursos e construir posição de mercado? 7. Que negócios têm um alto efeito de “alavancagem” no portfólio? (o negócio que pode alavancar uma empresa é aquele que gerará crescimento de vendas, lucros, fluxo de caixa etc). (PORTER, 1999). Terminada a análise das metas, deve-se realizar a análise das hipóteses do concorrente, conforme será apresentado, a seguir. Análise das hipóteses do concorrente O segundo componente da análise da concorrência é a identificação das hipóteses de cada concorrente. Essas se dividem em duas categorias: � as hipóteses do concorrente sobre ele próprio; � as hipóteses do concorrente sobre a indústria e as outras empresas participantes. Os exemplos de questões apresentadas por Porter (1999) são: 1. Como o concorrente percebe a sua posição relativa em relação a custo, qualidade, sofisticação tecnológica etc? Onde estão seus pontos fortes e fracos? 2. O concorrente tem forte identificação histórica ou emocional com determinados produtos ou com determinadas políticas funcionais (como qualidade do produto, projeto de produtos etc.)? 3. Existem diferenças culturais, regionais ou nacionais que afetem a maneira como os concorrentes percebem e atribuem significado aos acontecimentos? gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 95 18/01/12 09:19 96 Universidade do Sul de Santa Catarina 4. Existem valores organizacionais arraigados e que podem afetar a maneira como os acontecimentos são vistos? Existem políticas em que os fundadores da empresa acreditaram e que possam ainda estar em vigor? 5. Como o concorrente percebe a demanda futura do produto e quais as tendências que a indústria acredita que existam? 6. Quais metas e capacidades o concorrente pressupõe que as demais empresas da indústria têm? Alguns deles estão sub ou superestimando? 7. O concorrente acredita que a indústria segue uma tendência histórica ou que existem novas condições? Adota critérios convencionais como “todo mundo deve ter uma linha completa”, “o cliente tem sempre razão”, “deve-se controlar as fontes de matérias-primas neste negócio” etc, ou ele identifica-se com novas condutas? Existem ainda outras questões que podem ser levadas para a análise das metas e das hipóteses dos concorrentes. Exemplos de questionamentos adicionais são os relativos a: a) situação financeira do concorrente e sua parcela de mercado comparados com o passado; b) história do concorrente ao longo do tempo (falhas, novas tentativas etc); c) áreas em que foi bem-sucedido (introdução de novos produtos, campanhas mercadológicas etc); d) reações do concorrente a movimentos estratégicos (rápido, lento, racionalmente, emocionalmente etc); gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 96 18/01/12 09:19 97 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 e) estratégias bem desenvolvidas pelos gerentes da empresaquando estavam em outras companhias; f) tipos de consultores, agências de publicidade e bancos de investimento etc, que auxiliam a empresa também podem fornecer indícios e orientações estratégicas do concorrente. O terceiro componente da análise da concorrência é o desenvolvimento da estratégia corrente de cada concorrente, apresentada a seguir. Análise das estratégias e capacidades do concorrente Depois de analisar as metas e as hipóteses dos concorrentes, é preciso avaliar as estratégias e verificar as capacidades empresariais. Segundo Porter (1999), as metas, hipóteses e estratégias correntes influenciarão a probabilidade, a oportunidade, a natureza e a intensidade das reações de um concorrente. Seus pontos fortes e fracos determinarão sua capacidade de iniciar ou reagir a movimentos estratégicos e de lidar com acontecimentos ambientais ou da indústria que ocorram. Os pontos fortes e fracos dos concorrentes podem ser identificados a partir do posicionamento competitivo do concorrente em relação as cinco forças competitivas e também realizando a análise da cadeia de valor do concorrente. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 97 18/01/12 09:19 98 Universidade do Sul de Santa Catarina Síntese Nesta unidade, você aprendeu sobre a metodologia para análise do ambiente geral proposta por Porter (1999) no livro Estratégia Competitiva. O modelo é denominado de Cinco forças competitivas e consiste em cinco forças que determinam a rentabilidade da indústria. A primeira força é a de entrantes potenciais. A entrada de novas empresas no mercado pode gerar aumento da rivalidade entre os concorrentes. Os entrantes geram aumento de capacidade produtiva, trazem o desejo de ganhar parcela de mercado e frequentemente chegam com recursos substanciais, o que pode provocar mudanças nas condições estruturais da indústria. A segunda força é a rivalidade entre concorrentes, que depende do número de empresas na indústria, do grau de concentração de empresas, presença de custos fixos, existência ou não de diferenciação de produtos etc. Além dos competidores diretos, toda indústria compete com produtos substitutos. Exemplos de produtos substitutos são o transporte particular e o transporte público; o refrigerante e os sucos; o café e o chá. De acordo com Porter (1999), a identificação de produtos substitutos é realizada por meio da busca de produtos que podem desempenhar a mesma função que aquele da indústria. A quarta força competitiva de Porter consiste no poder de negociação dos compradores. Para o autor, os compradores forçam os preços para baixo e barganham por mais qualidade além de jogar os concorrentes uns contra os outros. Os fornecedores podem exercer poder de negociação sobre os participantes de uma indústria quando ameaçam elevar os preços ou, então, deprimir o alcance da qualidade dos bens e serviços. Quando os fornecedores são poderosos, concentrados, determinam preços e qualidade dos produtos, podem baixar a rentabilidade de uma indústria quando esta se vê incapaz de repassar os aumentos de custos em seus próprios preços. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 98 18/01/12 09:19 99 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 O governo não constitui uma força, mas age influenciando todas as forças da indústria. Para que uma empresa consiga implementar a gestão estratégica, necessita realizar uma análise acurada de todos os elementos do ambiente externo, inclusive dos concorrentes. Todos os concorrentes importantes devem ser analisados. Mas, a análise da concorrência não deve restringir-se ao estudo dos concorrentes atuais, mas também dos concorrentes potenciais. A metodologia de análise da concorrência proposta por Michel Porter contempla a avaliação das metas atuais e futuras, das hipóteses, das estratégias e capacidades dos concorrentes. Durante o processo de identificação das metas, é necessário que a organização analise o portfólio do concorrente. São dois os métodos de análise de portfólio: a) a matriz de crescimento/ parcela de mercado - utiliza o crescimento da indústria e a parcela de mercado relativa como determinantes da posição competitiva de uma unidade da empresa em sua indústria e do fluxo de caixa líquido gerado pela unidade; e b) a tela da atratividade da indústria/posição da empresa - neste método são comparados a atratividade da indústria e o posicionamento competitivo da unidade empresarial. O segundo componente da análise da concorrência é a identificação das hipóteses de cada concorrente. Estas se dividem em duas categorias: a) as hipóteses do concorrente sobre ele próprio; e b) as hipóteses do concorrente sobre a indústria e as outras empresas participantes. Além destes elementos, são necessárias, para a realização da análise da concorrência, a identificação das estratégias dos concorrentes e a análise das suas capacidades. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 99 18/01/12 09:19 100 Universidade do Sul de Santa Catarina Atividades de autoavaliação 1) Descreva o posicionamento estratégico de uma empresa que você conhece. Mostre como as cinco forças atuam diminuindo ou ampliando o retorno da empresa. 2) Porter sugere que muitas informações podem ser obtidas em materiais impressos e públicos como jornais e revistas. Procure em uma revista ou em um jornal especializado em negócios (Jornal Valor Econômico, Revista Exame, HS Management), uma reportagem de uma empresa que mostre algumas metas e hipóteses que a organização em questão possui sobre a indústria em que atua. Prefira casos de empresas internacionalizadas. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 100 18/01/12 09:19 101 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 2 Saiba mais Para aprofundar as questões abordadas nesta unidade, você poderá pesquisar os seguintes livros: AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. Porto Alegre: Bookman, 2001. BESANKO, David. A economia da estratégia. Porto Alegre: Bookamnn, 2006. DAY, G. A empresa orientada para o mercado. Porto Alegre: Bookman, 2001. FAHEY, L.; RANDALL, R. MBA: curso prático de Estratégia. SP: Campus, 1999. HITT, M.; IRELAND, R.; HOSKISSON, R. Administração estratégica. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. PORTER, Michael. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 18. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. PORTER, Michael E. Competição - On competition: estratégias competitivas essenciais. 1. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2009. Ler os artigos: GUPTA, Anil K.; GOVINDARAJAN, Vijay. Como construir uma presença global. In: Dominando os mercado globais. IMD, São Paulo: Makron Books, 2001, p.16 – 20. KNETTER, Michael M. Bicicletas de Taiwan. In: Dominando os mercados Globais. IMD. São Paulo: Makron Books, 2001, p. 303. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 101 18/01/12 09:19 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 102 18/01/12 09:19 3UNIDADE 3Análise do ambiente interno da organização Objetivos de aprendizagem � Realizar a análise do ambiente interno de uma organização, etapa necessária à elaboração do diagnóstico estratégico. � Saber como identificar as competências pela análise da cadeia de valores. Seções de estudo Seção 1 O Ambiente interno Seção 2 Competências essenciais Seção 3 Relações na cadeia de valor Seção 4 A cadeia de valor e a gestão internacional gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 103 18/01/12 09:19 104 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo O resultado da análise do ambiente externo é a identificação das oportunidades e das ameaças que são impostas ao posicionamento estratégico das organizações. Cabe aos gestores, então, diante do conhecimento das oportunidades e das ameaças, olhar para dentro das empresas e buscar identificar quais são os pontos fortes que dispõem paraenfrentar essas ameaças e aproveitar as oportunidades, assim como conhecer quais são os pontos fracos da organização que a impedem de obter o retorno desejado. A identificação dos pontos fortes e fracos de uma organização é resultante da análise do ambiente interno, objeto de estudo desta unidade. – Vamos lá, siga em frente, pois o enfoque desta unidade orienta-se para a empresa. Seção 1 – O ambiente interno O ambiente interno consiste em tudo que está dentro das fronteiras da organização. É a partir do que a empresa dispõe de recursos, capacidades e competências que ela pode escolher o que fazer ou identificar o que poderia fazer. Conforme Rossi e Racy (2008) os conceitos de recursos e capacidades são os alicerces da Visão Baseada em Recursos (VBR). A proposta básica da visão baseada em recursos é de que uma empresa consiste em um conjunto de recursos e capacidades produtivas. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 104 18/01/12 09:19 105 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 Recursos são ativos tangíveis e intangíveis utilizadas pelas empresas para escolher e implementar suas estratégias. Os recursos tangíveis são os bens que podem ser vistos e quantificados, como as máquinas e os equipamentos, as instalações de uma empresa, os recursos financeiros disponíveis. Os recursos intangíveis, ao contrário, não são palpáveis, concretos, logo não são vistos. São aqueles que se encontram enraizados na história da empresa, que se acumularam com o passar do tempo. São recursos que estão incrustados nas rotinas da empresa e, por isso, são de difícil entendimento e imitação, como confiança, conhecimento, reputação. Entretanto, os recursos por si só são incapazes de gerar uma vantagem competitiva. Uma organização pode ter grande quantidade de capital que lhe possibilite a entrada no mercado internacional, mas estes recursos, somados aos recursos como máquinas e reputação, não significam que a empresa terá sucesso na implementação da sua estratégia. Por isso, para ter vantagem competitiva, é preciso ter algo mais, a empresa necessita ter capacidade. A capacidade é a condição que um conjunto de recursos tem para desempenhar uma tarefa de forma integrada. É a aptidão da empresa em empregar os recursos de forma dinâmica. É a habilidade que a empresa possui de organizar os recursos para atingir determinado objetivo. Ter capacidade é gerar uma interação complexa entre recursos tangíveis e intangíveis. Rossi e Racy (2008) afirma que alguns autores distinguem recursos e capacidades e defendem uma visão baseada em capacidades dinâmicas. Outros preferem o termo competência essencial quando se referem aos atributos internos da empresa que fornecem a base para a vantagem competitiva. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 105 18/01/12 09:19 106 Universidade do Sul de Santa Catarina Os recursos e capacidades tangíveis podem ser classificados, segundo Rossi e Racy (2008), em quatro tipos: � Financeiros: referem-se à quantidade de recursos financeiros da empresa, como dinheiro em caixa; � Organizacionais: referem-se aos sistemas e às estruturas de planejamento, comando e controle formais de uma empresa, como estrutura formal da organização, sistema de comunicação, sistema de controle; � Físicos: incluem fábricas, máquinas, equipamentos, ponto de localização geográfica da empresa, e acesso a matérias-primas e canais de distribuição de uma empresa; � Tecnológicos: referem-se a habilidades e ativos que geram produtos e serviços de ponta, respaldados por patentes, marcas registradas, direitos autorais e segredos comerciais. O quadro a seguir apresenta exemplos de recursos e capacidades tangíveis: Financeiros Habilidade de gerir fundos internos Habilidade de levantar capital externo Físicos Localização de fábricas, escritórios e equipamentos Acesso a matérias-primas e canais de distribuição Tecnológicos Posse de patentes, registro de marcas e direitos autorais Organizacionais Sistemas formais de planejamento, comando e controle Sistemas integrados de administração de informações Quadro 3.1 - Exemplos de recursos de capacidades tangíveis Fonte: Rossi e Racy (2008). Os recursos e capacidades intangíveis podem ser classificados, conforme Rossi e Racy (2008), em: � Humanos: referem-se ao conhecimento, confiança e talento inerentes a uma empresa, elementos que não se detém em sistemas e estruturas formais tangíveis; � Inovadores: referem-se a ativos e habilidades de uma empresa para gerir e nutrir novas ideias, pesquisar e desenvolver novos produtos e serviços, inovar e transformar a empresa; gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 106 18/01/12 09:19 107 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 � Reputacionais: referem-se à capacidade da empresa de desenvolver e impulsionar sua reputação como fornecedor sólido de produtos e serviços, de empregador atraente, de entidade com responsabilidade social corporativa; a reputação pode ser considerada como o resultado de um processo competitivo em que as empresas mostram suas principais características aos participantes. O quadro a seguir apresenta exemplos de recursos e capacidades intangíveis, segundo Rossi e Racy (2008): Humanos Conhecimento Confiança Talentos administrativos Cultura organizacional Inovadores Atmosfera propícia a novas ideias Capacidade de pesquisa e desenvolvimento Capacidade de inovação e mudanças organizacionais Reputacionais Percepção da qualidade, durabilidade e confiabilidade do produto perante o cliente Reputação como um bom funcionário Reputação como uma entidade com responsabilidade social corporativa Quadro 3.2 - Exemplos de recursos de capacidades intangíveis Fonte: Rossi e Racy (2008). Todos os recursos e habilidades expostos não são únicos, pois com o crescimento das organizações novos recursos e habilidades serão descobertos e alavancados. Portanto, os recursos constituem-se na fonte das capacidades da empresa que garantem a vantagem competitiva. Ter vantagem competitiva sustentável é ter uma competência essencial, que se forma a partir das capacidades. Hamel e Prahalad no livro “Competindo pelo Futuro” criaram o conceito de competência essencial, observe: “Uma competência essencial é um conjunto de habilidades e tecnologias que permite a uma empresa oferecer um determinado benefício aos clientes.” (HAMEL; PRAHALAD, 1999, p. 229). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 107 18/01/12 09:19 108 Universidade do Sul de Santa Catarina Como exemplos, os autores citam o caso da Federal Express que possui competência em logística, o que permite beneficiar os clientes com a entrega rápida. Para esses autores, uma empresa tem uma competência essencial quando: � tem um conjunto de habilidades e tecnologias e não uma única habilidade e tecnologia isolada: uma competência representa a soma do aprendizado de todos os conjuntos de habilidades pessoais e organizacionais; � gera valor percebido pelo cliente: ao explorar suas competências essenciais e atender aos elevados padrões da concorrência, a empresa gera valor. O valor é constituído pelas características e atributos de desempenho que as empresas proporcionam sob a forma de bens ou serviços pelos quais o cliente está disposto a pagar; � tem uma habilidade que é competitivamente única, que se diferencia da concorrência: estar participando da competição exige capacidades. Por exemplo, a capacidade de desenvolvimento de um produto, é o mínimo necessário para estar no mercado. Mas, existem capacidades que não são comuns a todas as empresas que participam da competição e existem ainda capacidades que diferenciam uma empresa da outra, que são difíceis de imitar; � tem capacidade de expansão: a competência essencial é aquela capaz de gerar uma gama de novos produtos e serviços a partir dela. Assim, quando a empresa for identificar a sua competência, tem queabstrair o máximo da configuração de um produto específico e imaginar como a competência poderia ser aplicada em novos produtos. Conseguir identificar a competência essencial da organização não é uma tarefa fácil. Por isso, é importante que também se conheça o que não é uma competência essencial. As competências essenciais não aparecem no balanço da empresa. Uma fábrica, um canal de distribuição, uma marca ou uma patente são exemplos utilizados por Hamel e Prahalad (1995) para demonstrar o que não é uma competência essencial. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 108 18/01/12 09:19 109 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 Uma competência sempre envolve uma habilidade, uma aptidão. Não são coisas. Uma fábrica não é uma competência. A competência é a aptidão para gestão dessa fábrica (por exemplo, a produção enxuta da Toyota). Da mesma forma, ter um canal de distribuição não é uma competência. Competência é ter a habilidade para gerir o canal. Ter uma patente ou uma marca registrada é um ativo. A competência está na habilidade de proteger e explorar esta patente ao longo do tempo; isso não é um ativo. Algumas vantagens competitivas não são competências Uma competência essencial é uma fonte de vantagem competitiva porque é competitivamente única e gera valor para o cliente. Mas existem também vantagens competitivas que não são competências. Um exemplo citado por Hamel e Prahalad (1995) e que se enquadra na gestão de empresas internacionalizadas, é de uma empresa que se beneficia com a licença de importação de um produto exclusivo em um determinado país. A licença é uma vantagem competitiva, ou seja, a empresa conseguirá trazer com exclusividade o produto, será monopolista. No entanto, não é uma competência porque não consiste em uma habilidade que a empresa possui. – Imagine, por exemplo, se ela perder a licença! Perderá,consequentemente, a vantagem competitiva, não é mesmo? Outros exemplos de vantagem competitiva que não são competências essenciais são as fábricas localizadas próximas dos fornecedores de matéria-prima ou fábricas localizadas em um país com mão de obra barata. – Mas se existem tantas vantagens competitivas, por que a empresa deve preocupar-se em desenvolver uma competência essencial? Hamel e Prahalad (1995, p. 241) respondem esta pergunta com a seguinte provocação: “[...] É muito fácil para uma empresa descansar tranquilamente à sombra de um ativo ou de uma vantagem baseada na infraestrutura e reduzir os investimentos no desenvolvimento de competências únicas.” gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 109 18/01/12 09:19 110 Universidade do Sul de Santa Catarina Da mesma forma, uma desvalorização cambial no país também é uma fonte de vantagem competitiva para as empresas exportadoras. Mas, se ocorre uma mudança cambial, perde-se a vantagem competitiva. Logo, a vantagem competitiva deve estar baseada em algo mais sólido, em uma habilidade da organização, uma habilidade considerada única, difícil de imitar e percebida pelos clientes. De acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson (2002), a competência essencial deve ser uma combinação de recursos e capacidades: � valiosos: que permitem à empresa beneficiar-se de oportunidades e neutralizar ameaças do ambiente externo; � raros: porque poucos concorrentes possuem. Quantas empresas têm essa capacidade? É a pergunta que a organização deve fazer após listar as suas capacidades; � dispendiosos de imitar: seja por condições históricas, pela cultura organizacional etc.; � insubstituíveis: quando não há equivalentes na indústria. Estes quesitos são apresentados pelos autores no quadro a seguir, que relaciona cada um dos critérios com as consequências competitivas. Observe que somente quando a capacidade é valiosa, rara, difícil de imitar e insubstituível é que gera uma vantagem competitiva sustentável. É valioso? É raro? É difícil de imitar? É insubstituível? Consequências competitivas Não Não Não Não Desvantagem competitiva Sim Não Não Sim/Não Paridade competitiva Sim Sim Não Sim/Não Vantagem competitiva temporária Sim Sim Sim Sim Vantagem competitiva sustentável Quadro 3.3 - Combinação dos critérios de vantagem competitiva Fonte: Hitt, Ireland e Hoskisson (2002). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 110 18/01/12 09:19 111 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 O laboratório Eli Lilly do Brasil é um exemplo de empresa que tinha grande vantagem competitiva sustentada por patentes de remédios conhecidos e consumidos há anos pelos brasileiros. Exemplos são o Merthiolate, Keflex etc. Com a lei dos genéricos, na década de Noventa, o laboratório viu suas vantagens competitivas irem por água a baixo. Muitos dos seus famosos produtos passaram a ser vendidos como produto genérico e o consumidor passou a comprar o produto mais barato. Na medida em que os produtos tornaram-se homogêneos (substitutos), o consumidor passou a comparar preços. O resultado foi a formação de um mercado de baixa rentabilidade, fragilizando a subsidiária da empresa norte-americana. As receitas do Lilly, por exemplo, com o antibiótico Keflex, uma “vaca caixeira”, diminuíram de 92 milhões de dólares em 1997 para menos de 20 milhões em 2002. O produto, com 30 anos de existência, já foi líder de categoria no mercado brasileiro. Além disso, mundialmente, o laboratório sofreu com o vencimento da patente do antidepressivo Prozac em 2000, o que foi um baque para o grupo. (CAETANO, 2003). – Mas você sabe como a empresa reagiu a essa mudança do ambiente externo? A empresa observou o ambiente interno e percebeu que tinha que desenvolver novas capacidades. Percebeu, então, que necessitava desenvolver a habilidade de criação, de inovação, para que pudesse ter novos produtos para oferecer ao mercado. Além disso, a subsidiária brasileira foi colocada em sintonia com a estratégia global do grupo. O foco foi desviado para produtos vendidos exclusivamente com prescrição médica e protegidos por patentes, ou seja, a inovação passou a ser o centro da estratégia. Para o desenvolvimento da habilidade de criação de novas drogas, a empresa investe recursos financeiros da ordem de 2 bilhões de dólares por ano na pesquisa e desenvolvimento de produtos. (CAETANO, 2003). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 111 18/01/12 09:19 112 Universidade do Sul de Santa Catarina Você estudou, nesta seção, o conceito de competência essencial e o porquê das empresas necessitarem ter uma competência essencial para ter vantagem competitiva sustentável. Na próxima seção, você poderá conhecer como as competências essenciais podem ser identificadas. Será apresentada uma metodologia de identificação das competências a partir da análise do ambiente interno da organização. Seção 2 - Competências essenciais As capacidades de uma empresa podem ser identificadas pela análise da cadeia de valor. A análise de uma cadeia de valor centra-se em como o conjunto de recursos e capacidades de uma empresa agrega valor. A cadeia de valor desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica para que se possa compreender o comportamento dos custos e as fontes existentes e potenciais de diferenciação. (PORTER, 2002). A cadeia de valor de uma organização envolve atividades primárias e de apoio, como mostra a figura a seguir: Figura 3.1 - Cadeia de valor Fonte: Porter (2009). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 112 18/01/12 09:19 113 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 As atividades primárias dizem respeito à criação física do produto, sua venda e distribuição aos consumidores e o seu serviço pós-venda. As atividades de apoio fornecem suporte necessário para que as atividades primárias possam ocorrer. Cada uma das atividades da cadeia de valor é apresentada a seguir, conforme apresentado por Hitt, Ireland e Hoskisson(2002). Logística de entrada Atividades que dizem respeito ao manuseio de materiais, armazenagem e controle de estoque utilizado para receber e disseminar os insumos de um produto. Operações Atividades necessárias para converter os insumos fornecidos pela logística interna na forma do produto final. A embalagem, montagem e manutenção de equipamento são exemplos das atividades de operação. Logística de saída Atividades que dizem respeito à coleta, armazenagem e distribuição física do produto final para o cliente. Como exemplos destas atividades, podemos citar: a armazenagem de produtos acabados, o manuseio de materiais e o processamento de pedidos. Marketing e Vendas Atividades concluídas para fornecer os meios que permitam que os clientes adquiram os produtos. Para alcançar maior eficácia na comercialização e na venda de produtos, as empresas desenvolvem campanhas publicitárias e promocionais, escolhem os canais de distribuição adequados, selecionam, desenvolvem e apóiam a sua força de vendas. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 113 18/01/12 09:19 114 Universidade do Sul de Santa Catarina Serviços Atividades destinadas a realçar ou manter o valor de um produto. As empresas executam uma gama de atividades relacionadas com os serviços, inclusive instalação, reparo, treinamento e ajuste. Cada uma das atividades deve ser examinada em relação às capacidades da concorrência. Da mesma forma, a empresa classificará cada atividade como superior, equivalente ou inferior. Suprimentos Atividades realizadas visando à compra dos insumos necessários à fabricação dos produtos. Os insumos adquiridos compreendem os itens totalmente consumidos durante a fabricação dos produtos. Por exemplo, matérias-primas e outros materiais, bem como ativos fixos - maquinaria, equipamento de laboratório, equipamentos e materiais de escritórios e edificações. Desenvolvimento tecnológico Atividades realizadas com o objetivo de melhorar o produto e os processos utilizados na sua fabricação. O desenvolvimento tecnológico assume as mais variadas formas, como equipamento de processo, pesquisa básica, design de produto e procedimentos de serviços. Administração de recursos humanos Atividades que dizem respeito ao recrutamento, admissão, treinamento, desenvolvimento e remuneração de todo o pessoal. Infraestrutura da empresa Inclui as atividades necessárias ao apoio de toda a cadeia de valor, como direção geral da empresa, planejamento, finanças, contabilidade, apoio legal e relações governamentais. Por meio de sua infraestrutura, a empresa tenta identificar de forma eficaz e consistente as oportunidades e ameaças externas, os recursos e capacidades e fornecer apoio às competências essenciais. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 114 18/01/12 09:19 115 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 É por meio da cadeia de valor que a empresa gerará valor. O valor consiste no montante que os compradores estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes fornece. Uma empresa é rentável se o valor que ela impõe ultrapassa os custos envolvidos na fabricação do produto. A cadeia de valor exibe o valor total gerado pela empresa e consiste na soma da margem e das atividades de valor (conforme as descritas acima). A margem é a diferença entre o valor total e o custo coletivo para a execução das atividades de valor. (PORTER, 2002). Para a análise de cada atividade geradora de valor, a organização deverá realizar levantamentos de informações junto aos empregados e executivos, além de realizar pesquisas, como de clima organizacional, nível de satisfação dos clientes. Deve salientar também a necessidade de avaliação da estrutura organizacional. Para cada área funcional, Maximiano (2000) indica a análise dos seguintes critérios: � produção e operações: análise do arranjo físico, sequência e organização das operações, utilização do espaço, métodos de trabalho, idade de máquinas e equipamentos, flexibilidade dos recursos produtivos; � pesquisa e desenvolvimento: número de produtos novos lançados, percepção dos clientes em relação aos produtos novos, integração com as áreas de marketing e produção; � marketing e vendas: capacidade de entender o mercado, conhecimento de técnicas de pesquisa de marketing, experiência com o mercado; desempenho no lançamento de produtos; � recursos humanos: existência de um departamento de RH, políticas de pessoal, remuneração; � finanças: fluxo de caixa, liquidez, retorno sobre o investimento; gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 115 18/01/12 09:19 116 Universidade do Sul de Santa Catarina � compras: parceiras com fornecedores, preço das compras; � administração superior: orientação estratégica, políticas de qualidade, desenvolvimento de produtos, responsabilidade social. Após a empresa analisar cada uma das atividades, deverá comparar com as capacidades dos concorrentes e classificar cada uma das atividades como superior, equivalente ou inferior. Atualmente o benchmarking tem ganhado força como ferramenta de análise do ambiente interno. A seção seguinte mostrará que as atividades, apesar de aparentemente independentes, formam elos e são fontes da vantagem competitiva. Entretanto, estas relações não se restringem à parte interna da organização, mas podem ocorrer entre cadeia de valor da empresa e a cadeia de valor de outras empresas. Você vai aprender também sobre as redes interorganizacionais e as alianças estratégicas. Seção 3 – Relações na cadeia de valor A cadeia de valor não é uma coleção de atividades independentes. Existem elos entre as atividades, formando um sistema de atividades interdependentes. Estes elos são relações entre o modo como uma atividade de valor é executada e o custo ou o desempenho de outra. Os elos geram vantagem competitiva quando proporcionam otimização e coordenação. A otimização ocorre quando uma determinada atividade é otimizada e gera um menor custo para outra atividade. Por exemplo, quando o controle de qualidade é mais eficaz (otimizado), tem-se menores custos na prestação de serviços pós-venda. Os elos também podem refletir a necessidade de coordenar atividades. Um serviço de pronta-entrega gera a necessidade de coordenar as atividades de produção (operações) e logística externa. A habilidade para coordenar elos frequentemente reduz o custo e aumenta a diferenciação. O benchmarking é a técnica por meio da qual a organização compara seu desempenho com o de outra organização. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 116 18/01/12 09:19 117 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 Em geral, a exploração dos elos exige informações ou fluxos de informações que permitam a ocorrência de otimização ou da coordenação. Sistemas de informações são vitais para vantagem competitiva. As relações entre as atividades da cadeia de valor não se restringem à parte interna da organização, mas podem ocorrer entre cadeia de valor da empresa e a cadeia de valor de outras empresas. A complexidade e o detalhamento das informações disponibilizadas aos consumidores aumentam o seu grau de exigência em relação aos parâmetros de oferta de bens e serviços, como: preço, nível de qualidade, inovação tecnológica, confiabilidade de entrega e preservação ambiental, dentre outros, segundo Govindarajan e Gupta (2003 apud BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007). Neste sentido, as organizações mais perspicazes têm desenvolvido alianças e estratégias colaborativas como uma maneira de adquirirem habilidades e competências que não possuem, e que são necessárias à sobrevivência e ao crescimento, conforme Dyer et al. (2001 apud BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007). Esta realidade tem forçado as empresas a atuarem de forma associativa e colaboracionista, o que exige sinergia de relações/ interesses e auxilia as organizações no desafio do crescimento sustentado por meio do compartilhamentode recursos e canais de suprimento/escoamento da produção. (LORANGE; CONTRACTOR, 2002 apud BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007). E na medida em que estas relações são fortalecidas, amplia- se a vantagem competitiva das organizações, pois essas redes interorganizacionais são baseadas em uma estrutura que contempla atividades agregadoras de valor para os consumidores finais, resultando em maior poder de competição para as empresas inter-relacionadas – as firmas individuais seriam menos competitivas em comparação com a atuação em base coletiva. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 117 18/01/12 09:19 118 Universidade do Sul de Santa Catarina Redes interorganizacionais As redes interorganizacionais podem ser definidas como complexas estruturas compostas por empresas que, conscientemente, admitem possuir limitações estruturais, financeiras e competitivas que restringem as condições de sobrevivência e desenvolvimento. (BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007, p. 413). As organizações que sistematizam alianças focalizadas em redes de fornecedores e clientes conseguem mais facilmente cooperar para sobreviver em ambientes agressivos. As atuais organizações necessitam estabelecer relações e compromissos em toda a cadeia de valor, abrangendo consumidores de produtos acabados e intermediários, produtores e fornecedores de matérias- primas e tecnologias. A cooperação estimula o desenvolvimento de estreitos relacionamentos entre firmas, amplificando o alcance de novos mercados, além de permitir operações mais enxutas e maior controle sobre os custos operacionais. (WARREN, 2002 apud BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007, p. 413). As redes empresariais são como um conjunto de organizações autônomas que une recursos em torno de valores e interesses compartilhados em detrimento das estruturas hierárquicas rígidas, com foco nas relações de poder e dependência nas associações individuais, de acordo com Casarotto Filho e Pires (2002 apud BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007). As empresas competitivas devem conhecer, detalhadamente, os padrões de demanda do mercado, pois configuram o comportamento de mercado, influenciam o perfil de atuação das empresas e representam as bases para a formulação de estratégias competitivas. A competitividade determina o sucesso por meio da construção de vantagens competitivas em dimensões como: custos, qualidade, rapidez na entrega, flexibilidade e serviço, seja no contexto de firmas isoladas ou de redes de empresas. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 118 18/01/12 09:19 119 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 Para Murdick et al. (2000 apud BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007) a competitividade decorre do poder de inovação com base em novas tecnologias, nas quais as organizações devem lançar produtos e adotar processos que priorizem vantagens baseadas em práticas de excelência mundial. Porter e Montgomery (1998 apud BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007) dizem que a globalização força as organizações a atuarem em mercados mundiais, desenvolvendo vantagens competitivas que nascem e se desenvolvem na rede de relacionamentos. A competitividade baseada no fortalecimento dos arranjos interorganizacionais é amplamente defendida por Porter (2009), advogando que o aumento da competitividade não se dá, exclusivamente, no âmbito das estratégias e investimentos, sendo necessárias redes de relacionamentos com clientes, fornecedores e subcontratados para perceber necessidades em toda cadeia produtiva. Também segundo Porter (apud BARBOSA; SACOMANO; PORTO, 2007), o conhecimento da cadeia produtiva é importante para que uma empresa possa, efetivamente, criar valor para os clientes por meio da redução de custos e melhoria de desempenho dos produtos. Entretanto, é necessário que o consumidor perceba o valor adicionado e, esteja disposto a pagar um adicional ao preço final do produto ou serviço. Assim sendo, a compe¬titividade desenvolvida em redes interorganizacionais torna importante a compreensão da cadeia de valor das empresas para as atividades ligadas às necessidades de investimento tecnológico. Desta forma, quanto mais capacitada para a geração e/ou para a utilização de diferentes tecnologias, mais a organização se mantém atualizada e competitiva. As necessidades humanas exigem novos serviços, produtos e processos, cujo conhecimento tende a gerar inovações tecnológicas. Conforme Fleury e Fleury (2003), diversos aspectos relacionados às redes interorganizacionais tem suscitado muitas discussões, como, por exemplo, os determinantes para uma organização vir a estabelecer uma rede, o impacto da estrutura de uma rede na capacidade de inovação de uma firma, a influência das relações de uma organização em sua capacidade de formar novas alianças, as peculiaridades de redes de pequenas e médias empresas e a centralidade da colaboração entre empresas para a inovação em setores de rápido desenvolvimento tecnológico. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 119 18/01/12 09:19 120 Universidade do Sul de Santa Catarina Esses estudos discutem principalmente aspectos de redes interorganizacionais, cujas relações são horizontais. Entretanto, em relação às redes (ou cadeias) de suprimentos, onde se verifica a relação vertical, os estudos são principalmente descritivos e focalizados nas grandes corporações. (HARLAND et al., 2001 apud FLEURY; FLEURY, 2003). No caso de relações horizontais, as empresas têm relações simétricas, recíprocas; duas companhias formam uma aliança de negócios, ou mesmo criam uma aliança estratégica porque têm recursos, especialmente competências complementares e a associação tem por objetivo criar sinergias que alavanquem o potencial competitivo de ambas. No caso das redes de relações verticais, a área de gestão de operações foca as relações de cooperação entre cliente e fornecedor; nas indústrias de vestuário e calçados, o comando da cadeia concentra-se nas grandes empresas de distribuição e naquelas que detêm as griffes. Essa questão é importante para entender quais as empresas que podem liderar a cadeia, estabelecer as regras e procedimentos para a sua operação conjunta, e comandar as atividades mais lucrativas. Na área de gestão de operações, o modo como as atividades dos fornecedores ou do canal de distribuição é executado afeta o custo ou o desempenho das atividades de uma empresa e vice-versa. As atividades de aquisição e logística interna de uma empresa interagem, por exemplo, com um sistema de entrada de pedidos de um fornecedor, enquanto o pessoal de engenharia do fornecedor trabalha com as atividades de desenvolvimento de tecnologia e fabricação. As características do produto de um fornecedor podem afetar os custos da empresa. Um exemplo é a criação de um sistema de entregas frequentes de um fornecedor. Este sistema poderá reduzir as necessidades de estoque da empresa. Na última década, houve alterações fundamentais na relação do fornecedor com o varejista no mundo todo. Esforços colaborativos entre o fornecedor e o varejista têm reduzido dramaticamente o tempo com que o produto é colocado no mercado. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 120 18/01/12 09:19 121 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 Alianças estratégicas e desenvolvimento de recursos As alianças estratégicas são acordos nos quais dois ou mais parceiros dividem o compromisso de alcançar um objetivo comum, unindo todas as suas capacidades e recursos e coordenando as suas atividades. Duas teorias analisam a formação e o desenvolvimento de alianças estratégicas: a teoria dos recursos empresariais e a teoria da aprendizagem organizacional. A teoria de aprendizagem organizacional encara a capacidade de aprendizagem como um dos principais fatores que influenciam a competitividade internacional de uma empresa. A teoria dos recursos empresariais tem como foco principal os aspectos internosda empresa, segundo Wernerfelt (1984 apud KLOTZLE, 2002). Como muitos recursos são específicos de uma empresa e não são perfeitamente móveis ou imitáveis, as firmas são muitas vezes caracterizadas por uma heterogeneidade grande em relação à sua base de recursos. A capacidade de uma empresa desenvolver uma heterogeneidade de recursos próprios se torna, portanto, uma fonte possível de vantagens competitivas que, por sua vez, podem levar a um lucro ou rentabilidade acima da média do setor ou da indústria. A teoria dos recursos empresariais parece particularmente apropriada para examinar alianças estratégicas, visto que as firmas usam tais alianças com a intenção de ganhar acesso aos recursos valiosos de outras empresas. Devido a esse motivo, os recursos de uma empresa oferecem certa base relevante para o estudo de alianças estratégicas. Nesse sentido, Eisenhardt e Schoonhoven (1996 apud KLOTZLE, 2002) descobriram, por exemplo, que a tendência à formação de uma aliança é maior: 1. quando os potenciais parceiros se encontram em posições estratégicas vulneráveis (isto é, necessitam de recursos); ou 2. quando eles detêm posição forte no mercado (isto é, possuem recursos valiosos para serem divididos com outras empresas). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 121 18/01/12 09:19 122 Universidade do Sul de Santa Catarina Mowery, Oxley e Silverman (1998 apud KLOTZLE, 2002) também se basearam na teoria dos recursos empresariais para analisar a escolha de parceiros em alianças estratégicas, enfatizando principalmente o papel da capacidade tecnológica das diferentes empresas envolvidas. Utilizando estatísticas relativas ao registro de patentes como meios de se avaliar a capacidade tecnológica de uma empresa, os autores chegaram à conclusão que a similaridade da capacidade tecnológica entre empresas é importante fator na decisão de escolha de parceiro para uma aliança estratégica. Os autores mostram que parceiros envolvidos tanto em parcerias nacionais como em parcerias internacionais do tipo joint-venture possuem maiores níveis de similaridade da sua capacidade tecnológica do que os ditos não parceiros. Além disso, a congruência do nível de capacidade tecnológica dos parceiros tende a aumentar, à medida que uma aliança estratégica se vai consolidando. Entretanto, os autores indicam que a congruência extremamente grande da capacidade tecnológica entre empresas inibe a formação de alianças estratégicas, visto que não existe então nenhuma motivação para se aprender com o outro parceiro ou para se obterem recursos adicionais dele. Isso só é possível se existir certa diferenciação ou complementaridade entre os recursos das empresas envolvidas na criação de uma aliança estratégica. Blodgett (1991 apud KLOTZLE, 2002) também utiliza a teoria dos recursos empresariais para analisar a formação de joint-ventures internacionais. Os estudos do autor determinam o papel das contribuições dos diferentes parceiros (em termos de recursos materiais e imateriais) como meio de se fazerem prognósticos sobre o percentual de cada parceiro no capital da joint-ventures. O autor mostra que o recurso tecnológico tende a dar dominância à firma que possui, em detrimento dos recursos relacionados aos conhecimentos do mercado local, possuídos pelos parceiros. Isso explica em muitos casos a dominância da firma estrangeira (obtenção da maioria do capital acionário) em joint-ventures formadas com firmas de países em desenvolvimento. Joint-venture é uma associação de empresas com fins lucrativos destinada a explorar determinado tipo de negócio, sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 122 18/01/12 09:19 123 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 Certos recursos não são perfeitamente negociáveis, imitáveis ou substituíveis, já que estão incrustados nas organizações ou misturados a outros recursos. Como exemplos podemos citar a reputação de uma empresa, a sua cultura organizacional e a sua capacidade de utilização de tecnologia altamente inovadora. Devido a esse fato, alianças estratégicas são muito utilizadas como forma de se trocar, negociar ou obter acesso a esses tipos de recursos empresariais. Neste sentido, a reputação de uma potencial parceira para uma aliança estratégica, como a sua linha de produtos e a sua capacidade gerencial, exerce grande influência na escolha efetiva dessa empresa como parceira de tal aliança. O tipo de aliança estratégica a ser escolhido pelos parceiros é também influenciado pelas características dos recursos possuídos pelas diferentes empresas. Joint-ventures, por exemplo, são o melhor instrumento para a transferência de recursos imperfeitamente imitáveis e substituíveis, principalmente devido ao alto grau de exposição entre os parceiros. (KOGUT, 1988 apud KLOTZLE, 2002). Certos tipos de alianças estratégicas como, os contratos de licenciamento, oferecem muito menos oportunidades para a transferência de tais conhecimentos. Eles são preferíveis para a transferência de recursos baseados em direitos de propriedade, como patentes, contratos, direitos autorais, marcas registradas e desenhos registrados. Seção 4 – A cadeia de valor e a gestão internacional A cadeia de valor proporciona a ferramenta básica para salientar as questões estratégicas exclusivas da estratégia global. Tanto as empresas domésticas como as globais possuem cadeias de valor. A empresa doméstica (ou multidoméstica) exerce todas as atividades no país de origem (ou em cada país). Já a empresa global tem a liberdade de ação para distribuir partes da cadeia de valor entre os países. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 123 18/01/12 09:19 124 Universidade do Sul de Santa Catarina As opções básicas podem ser: � configuração: diz respeito ao local onde cada uma das atividades da cadeia de valor da empresa é executada. Por exemplo, a montagem pode estar em um país, enquanto o desenho é realizado em outro e, ainda, a pesquisa e desenvolvimento são feitos em outro. Uma atividade tanto pode estar concentrada em um país quanto pode estar dispersa em vários pontos. Enquanto o design dos produtos é realizado em um país, a produção é desenvolvida em vários países dispersos pelo mundo. � coordenação: na medida em que as atividades ficam dispersas, podem ser mais ou menos coordenadas. A coordenação refere-se à extensão de como as atividades dispersas se coordenam em rede ou permanecem autônomas, amoldadas às circunstâncias locais. Geralmente as empresas internacionalizadas vendem em vários países. Algumas atividades, como vendas e distribuição, se encontram vinculadas à localidade do cliente. No intuito de conhecer melhor o cliente, a empresa passa a desenvolver atividades de marketing e vendas e distribuição física; ou atua na dependência de terceiros como distribuidores ou outros parceiros. Outras atividades são totalmente dissociadas do cliente, o que proporciona total liberdade para que a empresa escolha o local onde as desenvolverá. Na estratégia multidoméstica, a empresa executa toda a cadeia de valor em um país e as subsidiárias possuem autonomia para adaptar as atividades ao país em que se encontram. Na estratégia global isso não ocorre, pois as atividades dispersas pelos diversos países do globo são coordenadas, o que possibilita à empresa global explorar e ampliar a vantagem competitiva da rede. De acordo com Porter (2009), nos setores multidomésticos as empresas perseguem estratégias separadas em cada um dos seus mercados externos. O desafio competitivo é encarado de forma independente nos diferentes mercados em que a empresa atua. Cada subsidiária externa possui independência estratégica com operações autônomas. A sede da multinacional coordena os controles financeiros e as políticas de marketing (inclusive das marcas) em todo o mundo e geralmente centraliza atividades de P&D.gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 124 18/01/12 09:19 125 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 Mas as estratégias e as operações são descentralizadas. Cada subsidiária é um centro de lucros devendo contribuir com a sua parcela de rentabilidade e de crescimento, na proporção das suas oportunidades de mercado. Em termos gerenciais, Porter (2009) mostra que a empresa multidoméstica atua de forma eficaz por meio de uma série de posições mundiais, com diferentes especificações de produtos, de índices de crescimento, de ambientes competitivos e riscos políticos. – Você sabe qual o papel do gerente em uma empresa multidoméstica? Na perspectiva da empresa multidoméstica, cada gerente terá que fazer o que for possível para o alcance dos resultados esperados nas diversas funções como pesquisa e desenvolvimento, produção, marketing e distribuição. Na medida em que a empresa abandona a estratégia multidoméstica, a possibilidade de configuração gera vantagem competitiva porque a empresa pode escolher onde localizar determinadas atividades da cadeia de valor e em quantos locais serão utilizados. As empresas podem escolher os locais que garantam melhor desempenho, por meio da disponibilidade de matéria-prima e da mão de obra barata, o que garante um baixo custo de produção. Ou, ainda, podem dispor da mão de obra especializada, o que proporciona uma qualidade inigualável ao produto. No livro o Mundo é Plano, Friedman (2007) apresenta exatamente a razão pela qual acredita que o mundo é plano. Ele descobre que cada vez mais as atividades da cadeia de valor estão sendo dispersas pelo mundo. O autor mostra que empresas de serviços contábeis estão dispersando parte das suas operações para Índia; ou que empresas estão dispersando parte das suas atividades de vendas ou pós-venda para as unidades de call center na Índia. Essas empresas se utilizam de vantagens comparativas que a Índia oferece como uma mão de obra, falando inglês e que tem alta capacidade de trabalhar com números e que acabou tornando-se referência internacional na área de tecnologia. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 125 18/01/12 09:19 126 Universidade do Sul de Santa Catarina As empresas buscam, então, estar em locais que possibilitem um melhor desempenho, mas também que apresentem um ambiente voltado para inovação e para o aumento da produtividade. Quando uma empresa concentra as suas atividades em uma localidade, pode gerar economias de escala e obter ganhos em aprendizagem. A concentração de um grupo de atividades interligadas em uma localidade também proporciona melhores condições de coordenação. No entanto, atualmente, a dispersão das atividades é possível devido à redução dos custos de transporte e de armazenamento e é vantajosa na medida em que: � protege as empresas contra os riscos de se produzir em um único local (riscos do macroambiente, por exemplo); � possibilita adaptar as atividades às peculiaridades de cada mercado; � facilita o aprendizado sobre o país e as condições de mercado, o que pode ser transmitido à matriz; � e, também, faz com que a empresa tenha mais capacidade de responder às pressões ou a incentivos do governo local para se estabelecer em uma localidade, de modo a produzir e vender no país (muitas empresas exportadoras são pressionadas pelos países importadores a produzir no local onde os produtos são consumidos). (PORTER, 2009). – Você sabe quais as atividades que devem ser dispersas? Somente as atividades necessárias à obtenção de benefícios e não outras atividades. A concentração facilita a eficiência e a facilidade para a inovação, além de minimizar a necessidade de coordenação e os custos do transbordo. (PORTER, 2009). Por que coordenar atividades em nível global? gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 126 18/01/12 09:19 127 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 A coordenação das atividades em nível global faz com que a empresa possa: � responder às mudanças nas vantagens comparativas (por exemplo, mudanças nas taxas de câmbio, variações salariais, preços de matéria-prima etc.); � compartilhar o aprendizado entre os países; � ampliar a reputação da marca (está em todo lugar); � diferenciar ou servir com maior eficiência compradores multinacionais que se relacionam simultaneamente com várias unidades locais da empresa; � negociar de forma mais eficaz com governos (pode ameaçar sair do país); � responder às ameaças competitivas com maior eficiência em relação ao custo, por meio da escolha da localidade onde ocorre o problema. Os benefícios da coordenação devem ser ponderados pela necessidade de dar à subsidiária local autonomia para realizar adaptações necessárias, dada a grande variedade entre as necessidades e condições locais. Os desafios da coordenação de atividades localizadas dispersas geograficamente são organizacionais. Gerenciar diferenças culturais, de línguas e de alinhamento de incentivos entre gerentes das subsidiárias com os da empresa global como um todo são alguns exemplos. Na empresa global, a alta administração e a diretoria planejam fábricas, políticas de marketing, fluxos financeiros e sistemas logísticos a nível mundial. Suas unidades operacionais globais reportam-se diretamente ao presidente ou comitê executivo e não ao dirigente de uma divisão internacional. Os executivos são treinados em operações mundiais e não apenas em operações domésticas ou internacionais. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 127 18/01/12 09:19 128 Universidade do Sul de Santa Catarina De acordo com Porter (2009), as subsidiárias de uma empresa global são fortemente interdependentes em termos de operações e de estratégia. Uma subsidiária pode se especializar na fabricação de apenas parte da linha de produtos, intercambiando produtos com as demais subsidiárias. Em termos de resultados, os objetivos de lucro de cada unidade variam dependendo do impacto de cada unidade sobre a eficácia do sistema mundial ou da posição da subsidiária em relação a um concorrente global importante. A estratégia de preços também é relacionada. Um preço fixado em um país pode ser com vistas a um efeito intencional em outro. Após conhecer como realizar a análise do ambiente externo e a análise do ambiente interno, você estudará, na próxima unidade, as opções estratégias que as empresas podem desenvolver para aproveitar as oportunidades e neutralizar as ameaças, por meio da exploração dos seus pontos fortes e da minimização ou eliminação dos seus pontos fracos. A identificação das capacidades organizacionais (competência essencial) faz com que a empresa saiba quais são as armas que dispõe para enfrentar a concorrência. Na seção Saiba Mais você encontra um quadro que apresenta algumas questões que podem auxiliá-lo na análise do ambiente interno de uma organização. Síntese Você estudou que o ambiente interno consiste em tudo que está dentro das fronteiras da organização. É a partir do que a empresa dispõe de recursos, capacidades e competências que ela pode escolher o que fazer ou identificar o que poderia fazer. Os recursos dividem-se em recursos tangíveis e intangíveis. Por si só, eles não garantem uma vantagem competitiva sustentável. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 128 18/01/12 09:19 129 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 A capacidade é a condição que um conjunto de recursos tem para desempenhar uma tarefa de forma integrada. É a habilidade que a empresa possui de organizar os recursos para atingir determinado objetivo. Ter capacidade é gerar uma interação complexa entre recursos tangíveis e intangíveis. Uma competência essencial é um conjunto de habilidades e tecnologias (capacidades) que permite a uma empresa oferecer um determinado benefício aos clientes. A competência é essencial e é fruto de uma combinaçãode recursos e capacidades que são: valiosos, raros, dispendiosos para imitar e insubstituíveis. As capacidades de uma empresa podem ser identificadas pela análise da cadeia de valor. A cadeia de valor desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica. É composta por atividades primárias e de apoio e não é uma coleção de atividades independentes. Existem elos entre as atividades, formando um sistema de atividades interdependentes. Essas relações não são restritas às atividades internas da empresa, mas podem existir nas relações externas das empresas com outras, por meio das redes interorganizacionais. Estas redes são baseadas em uma estrutura que contempla atividades agregadoras de valor para os consumidores finais, resultando em maior poder de competição para as empresas inter-relacionadas. As organizações que sistematizam alianças focalizadas em redes de fornecedores e clientes conseguem mais facilmente cooperar para sobreviver em ambientes agressivos. As alianças estratégicas permitem às empresas desenvolverem uma heterogeneidade de recursos, o que significa uma fonte possível de vantagens competitivas que, por sua vez, podem levar a um lucro ou rentabilidade acima da média do setor ou da indústria. Tanto as empresas domésticas como as globais possuem cadeias de valores. A empresa doméstica (ou multidoméstica) exerce todas as atividades no país de origem (ou em cada país). A empresa global tem a liberdade de ação para distribuir partes da cadeia de valor entre os países. As opções básicas podem ser: a) configuração: diz respeito ao local onde cada uma das atividades da cadeia de valor da empresa é executada; b) coordenação: refere-se à extensão com que as atividades dispersas se coordenam em rede ou permanecem autônomas, amoldadas às circunstâncias locais. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 129 18/01/12 09:19 130 Universidade do Sul de Santa Catarina Após a realização do diagnóstico estratégico, elemento central da gestão estratégica das organizações, na próxima etapa parte-se para a formulação das estratégias. Atividades de autoavaliação Para praticar os conhecimentos apropriados nesta unidade, realize as atividades propostas. Você deverá ler os enunciados e responder as questões seguintes: 1) Escolha uma empresa na qual você pode pesquisar características da cadeia de valor. Utilize reportagens em revistas especializadas. Não se preocupe se você não conseguir explorar todos os aspectos da cadeia, mas concentre-se em elementos centrais. Descreva como as atividades são executadas pela empresa e onde se encontram as suas principais capacidades/habilidades. 2) Com base nas questões apresentadas nesta unidade, elabore um diagnóstico estratégico interno de uma organização que você conhece. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 130 18/01/12 09:19 131 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos, você pode: ler os seguintes livros: HAMEL, G.; PRAHALAD, C.K. Competindo pelo futuro. Rio de Janeiro: Campus, 1999. PORTER, M. A vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro: Campus, 2002. ______. Competição: estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 2009. ROSSI, George Berdinelli; RACY, Joaquim Carlos. Estratégia global. São Paulo: Thomson Learning, 2008. TANURE, Betania; DUARTE, Roberto Goncalez (Orgs.). Gestão internacional. São Paulo: Saraiva, 2006. Ler os artigos: BRISOLA, Marlon Vinicius. Diagnóstico e intervenção estratégica em fazendas. Revista acadêmica da FACECA – RAF, v. 1, n. 2, jan./jul. 2002. Disponível em: <www.faceca.br/ raf/diagnostico.doc>. Acesso em: 10 fev. 2011. FLEURY, Afonso C. C; FREURY, Maria Tereza Lema. O que torna uma empresa competitiva? In: Estratégias competitivas e competências essenciais: Perspectivas para a internacionalização da indústria no Brasil. Gestão e Produção, v.10, n.2, p.129- 144, ago. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2003000200002>. Acesso em: 12 abr. 2011. Ler o quadro que contém sugestão de questões para um levantamento de dados necessários para a análise do ambiente interno que auxiliará o gestor a elaborar o diagnóstico interno de uma organização, adaptado de Oliveira (2003). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 131 18/01/12 09:19 132 Universidade do Sul de Santa Catarina Questões para análise do ambiente interno de uma organização Ambiente da organização: � Como está funcionando a atual estratégia? � Quais são os pontos fortes e fracos que a organização enfrenta? � É o produto ou serviço competitivo em termos de custos? � Como está a organização posicionada com relação à concorrência? � Quais os problemas em relação a(s) estratégia(s) que a organização está enfrentando? � A parte operacional da organização (produção, marketing, vendas etc.) que dá suporte as devidas estratégias devem ser identificadas e bem compreendidas. Posição da organização em relação à estratégia presente: � Tem produto/serviço mais barato que os concorrentes? � Procura diferenciar o produto/serviço dos concorrentes? � Foca em específicos nichos de mercados ou consumidores? Indicadores do desempenho estratégico de uma organização: � Se o “market share” está crescendo ou diminuindo. � Se as margens de lucro estão crescendo ou dimnuindo, e como está com relação à concorrência. � Se o lucro líquido e o retorno do investimento encontram-se ameaçados. � Se as vendas estão crescendo ou diminuindo em relação ao mercado. � Se a organização apresenta vantagem competitiva ou está em desvantagem com relação à concorrência. � Se os objetivos de longo prazo da organização estão se transformando em realidade. Análise dos pontos fortes de uma organização: os mais comuns são: � Produto/serviço com melhor qualidade em relação ao dos concorrentes. � Recursos financeiros adequado. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 132 18/01/12 09:19 133 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 � Boa reputação, bom nome perante o consumidor. � Liderança de mercado. � Executa as estratégias eficientemente. � Acesso à economia de escala ou de utilização. � Bem protegida estrategicamente perante às forças externas mais influentes. � Tecnologia própria. � Vantagens de custo. � Campanhas de propaganda ou publicidade são eficientes. � Capacidade inovadora. � Gerenciamento eficiente. � Bem posicionada quanto à curva de aprendizado. � Capacidade de produção melhor e mais eficiente que da concorrência. � Tecnologia eficiente. � Pessoal satisfeito e motivado. Análise dos pontos fracos de uma organização: os mais comuns são: � Sem direcionamento estratégico. � Instalações obsoletas. � Baixa lucratividade. � Gerenciamento ineficiente. � Perdendo habilidades ou competências própria. � Controle de documentação fraco. � Problemas operacionais internos. � Sistemas de pesquisa e desenvolvimento defasados. � Oferta de poucos produtos ( no caso de economia de escala). � Fraca imagem no mercado. � Rede de distribuição ineficiente. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 133 18/01/12 09:19 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 134 18/01/12 09:19 4UNIDADE 4Estratégias de negócios internacionais Objetivos de aprendizagem � Conhecer quais são as estratégias genéricas que as empresas podem adotar nos diferentes mercados em que atuam. Seções de estudo Seção 1 Estratégias genéricas Seção 2 Liderança de custo total Seção 3 Diferenciação Seção 4 Enfoque gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 135 18/01/12 09:19 136 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo O diagnóstico estratégico permite que a organização identifique os seus pontos fracos, seus pontos fortes e as oportunidades e ameaças que o ambiente externoapresenta. Nas unidades anteriores, você pôde conhecer ferramentas que auxiliam as organizações na realização de um diagnóstico. A partir do momento que a empresa se conhece, tem uma visão acurada dos principais elementos que compõem o ambiente externo, sabe como esses elementos influenciam a empresa e como ela pode influenciá-los já está desenvolvendo o processo de gestão estratégica. O diagnóstico mostrou as áreas em que a empresa deve: � Capitalizar: devem ser capitalizadas as oportunidades por meio dos pontos fortes; � Melhorar: os pontos fracos devem se tornar pontos fortes para que a empresa aproveite as oportunidades; � Monitorar: as ameaças devem ser monitoradas, por meio dos pontos fortes; � Eliminar: os pontos fracos da empresa devem ser eliminados face às ameaças ambientais. O próximo passo é saber o que fazer: � Quais são as ações tomadas pela organização que podem fazê-la ter vantagem competitiva? Como a organização pode atingir os seus objetivos e metas? � Como a organização poderá usar suas competências essenciais para suplantar os concorrentes e atender as necessidades dos consumidores? A resposta a essas questões está no tema desta unidade. - Lembre-se que as ações da empresa que farão (ou tentarão fazer) com que os objetivos sejam atingidos são denominadas estratégias. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 136 18/01/12 09:19 137 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 4 A seguir, você poderá conhecer o que é uma estratégia, quais são as opções estratégias genéricas e os tipos de estratégia adotados pelas organizações internacionalizadas. Seção 1 – Estratégias genéricas Estratégia é um termo criado pelos gregos, sob a inspiração das ações desenvolvidas pelos comandantes militares. No século XIX, Carl von Clausewitz, citado por Ghemawat (2000, p.20), escreveu que enquanto “táticas... (envolvem) o uso de forças armadas na batalha, estratégia (é) o uso de batalhas para o objetivo da guerra”. Começou-se, então, naquela época, a se desenvolver as diferenças analíticas entre táticas e estratégias. O conceito de estratégia disseminou-se pelo mundo dos negócios no século XX. A Primeira Revolução Industrial (século XVIII até meados do século XIX) teve como característica a expansão do comércio internacional de commodities, que não gerou um processo de acumulação de capital a ponto de formar grandes corporações. As empresas, na sua maioria, eram pequenas e empregavam o mínimo possível de capital fixo (máquinas e equipamentos). Foi durante a Segunda Revolução Industrial (meados século XIX), com a formação de mercados de massa, o acesso mais favorável ao capital e ao crédito, que grandes investimentos ocorreram e as empresas puderam obter economias de escala na produção e economias de escopo na distribuição. (GHEMAWAT, 2000). Foi no final do século XIX que surgiram as grandes empresas verticalmente integradas que investem grandes somas de capital nas suas operações e em marketing, além de formarem grandes hierarquias gerenciais para coordenar essas funções. Ocorreu, neste período, um processo de concentração econômica em muitos mercados. As grandes corporações não só eram influenciadas pelo ambiente externo como também o influenciavam. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 137 18/01/12 09:19 138 Universidade do Sul de Santa Catarina No início do século XX Alfred Sloan, o principal executivo da General Motors, criou uma estratégia bem-sucedida baseada nas forças e fraquezas identificadas na maior concorrente da sua empresa, a Ford Motor Company. Foi durante o período das guerras que o uso do pensamento estratégico formal para guiar as decisões gerenciais passou a ser adotado. As estratégias formais contêm três elementos essenciais: � as metas (ou objetivos) mais importantes a serem atingidas; � as políticas mais significativas que orientam ou limitam as ações; � as principais providências sequenciais (ou programas) que devem atingir as metas definidas dentro dos limites estabelecidos. (MINTZBERG; QUINN, 2002). A estratégia determina a orientação geral e o foco de ação da organização. São as estratégias que garantem coerência, equilíbrio e enfoque na alocação de recursos e nas ações das unidades organizacionais. Todas as diferentes unidades de uma organização (diferentes atividades da cadeia de valor) precisam ser coordenadas e controladas para garantir que as estratégias sejam implementadas. Como lida com o desconhecido e o imprevisível, a essência da estratégia - quer seja militar, diplomática, empresarial, esportiva (ou) política - é construir uma postura que seja forte e flexível ao mesmo tempo, e possibilite que a organização alcance suas metas. (MINTZBERG; QUINN, 2002). Lembre-se que toda estratégia deve mostrar coesão, flexibilidade, ímpeto, um sentido de posicionamento contra a oposição, independente de serem planejadas ou surgirem incrementalmente ao longo do processo de gestão estratégica! gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 138 18/01/12 09:19 139 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 4 Após a apresentação das dimensões que definem uma estratégia, você irá conhecer, na próxima seção, os diferentes tipos de estratégias de negócios. Porter (1999) identifica quatro opções estratégicas básicas que as empresas podem adotar. Cada uma destas opções tem como objetivo posicionar a empresa no ambiente organizacional de forma que ela obtenha vantagens competitivas, isto é, a empresa estará bem posicionada em relação aos seus concorrentes, clientes, fornecedores, possíveis entrantes e substitutos. As quatro opções estratégicas são: � liderança de custos; � diferenciação; � liderança de custos com enfoque; � diferenciação com enfoque. Quando a empresa opta por uma estratégia genérica está definindo um caminho, fazendo uma escolha. E toda escolha tem o seu risco. Nas seções seguintes você vai estudar as características e os riscos de cada uma das opções estratégicas. Seção 2 – Liderança no custo total A estratégia de liderança de custo total se tornou bastante comum nos anos 70 devido à popularização do conceito da curva de experiência. Esta estratégia consiste em atingir a liderança no custo total em uma indústria através de um conjunto de políticas funcionais orientadas para este objetivo básico. Todas as atividades da cadeia de valor da organização são desenvolvidas com o intuito de dar conta desta estratégia: tornar a empresa líder de custos na indústria em que opera. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 139 18/01/12 09:19 140 Universidade do Sul de Santa Catarina Para que a empresa consiga implementar esta estratégia, necessita: � instalações que produzam em grande escala (que permitam obter economias de escala); � buscar reduções de custo pela experiência (curva de experiência); � adotar um controle rígido do custo e das despesas gerais; � minimizar o custo em áreas como P & D, assistência, força de vendas, publicidade etc. O tema central desta estratégia é a obtenção de custos mais baixos que os concorrentes, embora a qualidade, a assistência e outras áreas não possam ser ignoradas. – Porém, lembre-se que cortar custos não é ter uma estratégia de liderança de custos. Todas as empresas devem estar atentas aos custos, mas a adoção de uma estratégia de liderança representa que a empresa desenvolverá todo o seu sistema de atividades voltado para esta estratégia, que requer ter custos reduzidos. Empresas que vendem os seus produtos a custos reduzidos sem um nível de qualidade aceitável pelo cliente tende a não ter sucesso no mercado. – Você deve estar se perguntando: Como esta estratégia gera vantagem competitiva? Como garante um bom posicionamento em relação as cinco forças competitivas? gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 140 18/01/12 09:19 141 Gestão Estratégica de NegóciosInternacionais I Unidade 4 As respostas a essas perguntas estão no quadro 4.1. Observe: Concorrentes Mesmo que os preços praticados pelo mercado fiquem baixos, dada à intensidade da competição, a empresa líder em custos ainda terá retornos. Os seus custos estão abaixo dos custos dos concorrentes. Enquanto a concorrência já consumiu suas margens, a líder em custos ainda tem margens embutidas em seus preços. Compradores Os compradores poderosos exercem seu poder até o nível da empresa mais eficiente. O líder de custos terá margem de manobra para negociar com os compradores. Fornecedores A empresa com baixo custo defende-se dos fornecedores poderosos, pois tem flexibilidade para enfrentar os aumentos de custo dos insumos. Entrantes potenciais Os fatores que levam a uma posição de baixo custo proporcionam barreiras de entrada em termos de economias de escala e vantagens de custos. Produtos substitutos Uma posição de baixo custo coloca a empresa em uma posição favorável em relação aos produtos substitutos de seus concorrentes na indústria. Esses, para conseguir ter vantagem competitiva, precisam ter, igualmente, baixos custos de produção. Quadro 4.1 - Liderança em custos e as cinco forças competitivas Fonte: Porter (1999). A adoção de uma estratégia de liderança de custo exige da empresa algumas capacidades organizacionais: � alta parcela de mercado relativa. A empresa necessita de economias de escala, o que exige um grande mercado comprador; � acesso favorável às matérias-primas; � projetos de produtos que simplifiquem a fabricação; � manutenção de uma vasta linha de produtos relacionados para diluir os custos; � atendimento de todos os principais grupos de clientes de modo a expandir o volume. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 141 18/01/12 09:19 142 Universidade do Sul de Santa Catarina Atuar nestas condições exige um alto investimento de capital. A empresa necessitará, além de grandes instalações, equipamentos atualizados e caixa para que possa realizar uma política de preço agressiva, principalmente no momento de entrada no mercado, enquanto não tem uma parcela de mercado consolidada. Como produz em grandes quantidades, terá economias nas compras, o que reduz os custos ainda mais. Suas margens altas podem ser reinvestidas em novos equipamentos e instalações mais modernas de modo a manter a liderança de custo. As atividades da cadeia de valor de uma empresa que se utilizada estratégia de liderança de custos podem ser observadas na Figura 4.1: Figura 4.1 – Atividades da cadeia de valor de uma estratégia de liderança de custos Fonte: Porter (2002) e Hitt, Ireland e Hoskisson (2002). O sistema de atividades dessas empresas é totalmente voltado para a estratégia de liderança de custos. Todos operam em grande escala e buscam aperfeiçoar continuamente o seu sistema logístico. A venda assistida é reduzida ao máximo. Todas essas lojas têm o autoserviço como predominante em seu sistema de vendas. Alguns gastos com publicidade e propaganda tendem também a ser reduzidos em relação ao porte dos negócios. Como exemplo, pode-se apresentar a empresa de aviação Gol. Inspirada na empresa norte-americana de aviação, a Southwest, a brasileira Gol veio contrapor-se as outras empresas que atuam no mercado com a estratégia de diferenciação. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 142 18/01/12 09:19 143 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 4 Observe algumas características do sistema de atividades da Gol que sinalizam a adoção da liderança de custos: � redução de custos nas refeições de bordo. Ao invés de refeições quentes como os seus concorrentes, optou por servir refeições rápidas como barras de cereais, amendoins, bolos etc. Como consequência, eliminou não só um item representativo dos custos por passagem, mas também uma das principais razões de atrasos nas decolagens. O abastecimento da refeição faz com que o avião fique mais tempo em solo. O tempo de um avião em solo é um dos itens mais significativos de custos de uma empresa de aviação; � redução de custos com a eliminação das reservas e emissão de passagens. A empresa reduz o pagamento para agências de viagem; � a redução de preços possibilita que cada aeronave realize mais voos e que todos os voos estejam completos, o que permite economias de escala. Todos esses itens possibilitaram que a empresa mudasse completamente a forma de operar no mercado brasileiro, o que gerou uma ruptura significativa no mercado de aviação caracterizado por estratégias de diferenciação. Apesar da Gol adotar a liderança de custos, isto não torna indispensável ter competências mínimas para entrar no mercado como a capacidade de oferecer um voo seguro ao passageiro. Logo, a redução de custos encontra limites, mas a empresa mostrou que sempre há onde reduzir custos. O limite está na satisfação do cliente. No entanto, lembre-se que existe um ponto no qual o cliente não está mais disposto a trocar benefícios por queda no preço. Cabe a empresa identificar quais são os benefícios que o cliente está disposto a trocar. No caso da Gol, a substituição das refeições quentes constitui um exemplo. A empresa a adotou, mesmo quando alguns especialistas do mercado afirmavam que no Brasil isso não daria certo. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 143 18/01/12 09:19 144 Universidade do Sul de Santa Catarina As estratégias de liderança de custos em nível internacional tendem a ocorrer em empresas de países que possuem grandes mercados, contam com grande demanda pelos seus produtos. As operações dessas empresas tendem a ocorrer de forma centralizada em um país de origem com o objetivo de obter economias de escala. Logo, a empresa se utiliza de exportações para a sua internacionalização. Como toda estratégia, a liderança de custo total apresenta risco em sua adoção. Para que a empresa se mantenha como líder de custos sempre, não pode ficar obsoleta ou ultrapassada tecnologicamente sob pena de perder produtividade. Isso significa que possui a necessidade de realizar reinvestimentos com o objetivo de atualizar os seus equipamentos. Outro risco da liderança de custos é a empresa deixar que ocorra uma proliferação na linha de produtos e não conseguir (devido à diversidade) ficar atualizada tecnologicamente. Existem ainda outros riscos que anulam a economia de escala e a curva de aprendizagem como apresentado por Porter (1999). São eles: a) pode ocorrer uma mudança tecnológica que anula o investimento ou o aprendizado anterior. Exemplo: a tecnologia digital anulou o aprendizado de empresas da área mecânica; b) empresas seguidoras (que entram no mercado posteriormente) podem imitar facilmente o produto ou investirem em instalações modernas, possibilitando que tenham menores custos; c) a empresa pode ficar tão enfocada na questão custos que não percebe a necessidade de gerar mudanças no produto ou no seu marketing; d) pode haver uma elevação de preços dos insumos, por exemplo, o que acarreta uma elevação dos custos, estreitando a capacidade da empresa manter o diferencial de preço. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 144 18/01/12 09:19 145 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 4 Seção 3 – Diferenciação A estratégia de diferenciação consiste em a empresa oferecer algo que seja considerado único no mercado. A diferenciação pode assumir várias formas: um projeto único, uma marca consolidada, uma tecnologia inovadora, atendimento personalizado etc. Lembre-se que a estratégia de diferenciação não permite à empresa ignorar os custos, mas eles não são o alvo estratégico primário. Empresas que enfatizam a diferenciação geralmente aplicam vultosas somas em marketing e desenvolvimento de produto. A diferenciação, se alcançada, é uma estratégia viável para obter retornos acima da média em uma indústria, porque ela cria uma posição defensável paraenfrentar as cinco forças competitivas, embora de um modo diferente do que na liderança de custo, como você pode verificar no Quadro 4.2: Concorrentes A lealdade à marca e a menor sensibilidade aos preços diminui a rivalidade entre os concorrentes. A concorrência não ocorre via preços, mas, sim, através do marketing. São enfatizados os atributos dos produtos, as propagandas, os serviços de venda e pós-venda. Compradores Como o comprador tende a ser leal ao produto, fica com menor poder para barganhar preços. A diferenciação enquanto estratégia de fidelização faz com que o consumidor tenha uma relação de monopólio com o vendedor. Fornecedores Na medida em que o produto diferenciado conquista os clientes, atraindo a sua fidelidade e proporcionando altas margens para a indústria, os fornecedores tendem a ficar enfraquecidos na negociação. Entrantes potenciais A diferenciação e as altas margens constituem-se em barreiras de entrada. O entrante necessita entrar com capacidade para trabalhar o marketing. A conquista de um cliente fidelizado exige estratégias que transcendam o preço. Produtos substitutos Da mesma forma que as demais barreiras, o produto diferenciado tende a inibir o produto substituto. Este também terá que desenvolver estratégias de diferenciação, através do fortalecimento de marca, investimentos na qualidade do produto etc. Quadro 4.2 – Diferenciação e as cinco forças competitivas Fonte: Porter (1999). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 145 18/01/12 09:19 146 Universidade do Sul de Santa Catarina Adotar a estratégia de diferenciação pode significar não ter alta parcela de mercado. Posicionar o produto como diferenciado requer o desenvolvimento de um sentimento de exclusividade, o que é incompatível com a alta parcela de mercado e geralmente implicará na necessidade da empresa em abrir mão de uma posição de custo. Atingir a diferenciação requer o desenvolvimento de atividades dispendiosas, como pesquisa, projeto de produtos, materiais de alta qualidade ou apoio intenso ao consumidor. Mesmo que os consumidores no âmbito da indústria reconheçam a superioridade da empresa, nem todos os clientes estarão dispostos ou terão condições de pagar os altos preços praticados. Foi exatamente este o caso que ocorreu com as empresas aéreas brasileiras. O mercado brasileiro garantiu o sucesso da Gol por não estar disposto a pagar o preço da diferenciação das demais companhias. A consequência foi uma redução de margens de todas as empresas. Como as empresas diferenciadas têm custos maiores, não conseguiram competir com o concorrente com menores custos em um momento que o mercado encontrava-se fragilizado economicamente (em alguns anos, até recessivo). Como aponta Porter (1999), quando o mercado cresce lentamente, o jogo gira em torno da parcela de mercado dos concorrentes. A entrada da Gol afetou diretamente a parcela de mercado das outras companhias aéreas brasileiras. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 146 18/01/12 09:19 147 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 4 Exemplos de empresas diferenciadas podem ser encontrados em diversos segmentos. Todas as grandes marcas representam produtos diferenciados. Na Figura 4.2 são apresentadas características das atividades da cadeia de valor de uma empresa que adota a estratégia de diferenciação. Figura 4.2 – Atividades da cadeia de valor de uma estratégia de diferenciação Fonte: Porter (2002) e Hitt, Ireland e Hoskisson (2001). Na medida em que a empresa diferenciada procura satisfazer as necessidades de um cliente exigente, buscará desenvolver sistemas de informações que identifiquem as suas necessidades e o seu perfil. Muitas empresas estão adotando os cartões fidelidade, por exemplo, com este objetivo: saber quando, como e o que compram seus clientes. A empresa buscará também adotar um sistema de produção flexível, voltado para a produção de vários produtos de qualidade, que será vendido por vendedores treinados e que conhecem não só o produto, mas o mercado que objetivam atingir. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 147 18/01/12 09:19 148 Universidade do Sul de Santa Catarina As estratégias de liderança de custos e de diferenciação podem ser adotadas para um mercado amplo ou para um mercado específico. O risco da diferenciação consiste em o consumidor não estar disposto a pagar o preço da diferenciação (caso das companhias aéreas comentado anteriormente). Quando a diferença de preços entre um líder de custos e uma empresa diferenciada é muito acentuada, a empresa não consegue manter a lealdade à marca. Os compradores então passam a preferir ter a vantagem de custo do que ter algumas características do produto. A história do varejo mostra que os consumidores estão optando por lojas de desconto ao invés das luxuosas lojas de departamentos. As luxuosas lojas de departamento vendem produtos diferenciados, com atendimento diferenciado, em instalações diferenciadas, em localizações também diferenciadas. Já as lojas de desconto aderiram ao autoatendimento, em instalações enormes, o que propicia ganhos de escala e os produtos não são diferenciados, no entanto, possuem preços mais atraentes. Pode acontecer também: � uma mudança na necessidade dos compradores em relação ao fator de diferenciação, ou seja, os compradores podem se tornar mais sofisticados; � que a imitação reduza a diferenciação percebida, uma ocorrência comum quando a indústria amadurece. A seguir, você estudará a estratégia de enfoque, que se constitui na aplicação da liderança de custos e da diferenciação para um mercado específico. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 148 18/01/12 09:19 149 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 4 Seção 4 – Enfoque A estratégia de enfoque consiste em atuar nas posições de liderança de custos e diferenciação em relação a um alvo estratégico estreito. A empresa que adota a estratégia de enfoque escolhe atuar em um determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos ou um mercado geográfico, ou seja, tem como objetivo atingir um alvo determinado. Muitas indústrias são segmentadas. Em quase todas existe uma variedade grande de produtos, diferentes canais de distribuição, tipos de consumidores. Cada segmento tem as suas necessidades. A diferença entre um produto comum e um de griffe é que são vendidos a compradores com critérios de compra diferentes. Para atender a diferentes segmentos, necessitam-se estratégias diferentes e capacidades distintas. Porter (2002) salienta também que o âmbito competitivo no qual a empresa está competindo é importante porque as empresas podem, por vezes, obter vantagem competitiva da sua amplitude, competindo globalmente, ou da exploração de inter-relações, competindo em indústrias correlatas. Colocar em prática as quatro estratégias exige das empresas diferentes recursos e habilidades. Ou seja, implica que a empresa, ao optar por uma estratégia, deve desenvolver um compromisso contínuo com uma das estratégias como alvo primário. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 149 18/01/12 09:19 150 Universidade do Sul de Santa Catarina Observe o Quadro 4.3 que complementa os recursos e habilidades descritos. Estratégia genérica Recursos e habilidades Requeridos Requisitos organizacionais Comuns Liderança no custo total Investimento de capital sustentado e acesso ao capital Boa capacidade de engenharia de processo Supervisão intensa de mão-de-obra Produtos projetados para facilitar a fabricação Sistema de distribuição de baixo custo Controle de custo rígido Relatórios de controle freqüentes e detalhados Organização e responsabilidade estruturadas Incentivos baseados em metas estritamente quantitativas Diferenciação Grande habilidade de marketing e engenharia do produto Tino criativo Grande capacidade de Pesquisa básica Reputação da empresa comolíder em qualidade ou tecnologia Longa tradição na indústria ou combinação ímpar de habilidades trazidas de outros negócios Forte cooperação dos canais Forte coordenação entre funções em P&D, desenvolvimento do produto e marketing. Avaliações e incentivos subjetivos em vez de medidas quantitativas Ambiente ameno para atrair mão-de-obra altamente qualificada, cientistas ou pessoas criativas. Enfoque Combinação das políticas acima dirigidas para a meta estratégica em particular Combinação das políticas acima dirigidas para a meta estratégica em particular Quadro 4.3 – Recursos e habilidades e as estratégias genéricas Fonte: Porter (1999). - Mas o que acontece com as empresas que não optam pelas estratégias genéricas? Para Porter (1999), a empresa que não opta por pelo menos uma das quatro direções - uma empresa que fica no “meio-termo” - está em uma situação estratégica extremamente pobre. Um exemplo é a empresa que tem falta de parcela de mercado ou não dispõe de capital e resolve fazer o jogo do baixo custo. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 150 18/01/12 09:19 151 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 4 Se a empresa não possui as capacidades necessárias para atingir a liderança de custo (investimentos agressivos, parcela de mercado) ou ela deve orientar-se para um alvo determinado (enfoque) ou atingir alguma supremacia (diferenciação). As duas últimas opções provocarão uma redução da parcela de mercado e de vendas, mas a empresa estará ajustando a sua estratégia às suas capacidades. Geralmente, as empresas em dificuldades ficam pulando ao longo do tempo de uma estratégia genérica para outra. Como as capacidades necessárias para o desenvolvimento de cada estratégia são muito diferentes, esta abordagem quase sempre gera o fracasso. Mas a adoção de cada estratégia implica em a empresa assumir determinados riscos. Os riscos do enfoque consistem em: � ter um diferencial de custos muito grande entre os concorrentes que atuam em todo o mercado e as empresas que adotaram enfoques particulares. Quando esse diferencial de custos cresce, elimina as vantagens de custos de atender um alvo estreito ou, então, anula a diferenciação alcançada pelo enfoque; � as diferenças nos produtos ou serviços pretendidos entre o alvo estratégico e o mercado como um todo se reduzirem. Mulheres grávidas, por exemplo, ao não usarem roupas específicas, anulam a estratégia de enfoque das lojas de roupas para grávidas; � os concorrentes encontrarem submercados dentro do alvo estratégico e desfocalizarem a empresa com estratégia de enfoque. Nesta unidade, você pôde estudar as opções estratégicas básicas que uma empresa pode desenvolver nas indústrias em que faz parte. Agora, quando você observar a atuação de empresas reais, poderá identificar como as estratégias estudadas podem ser encontradas na realidade. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 151 18/01/12 09:19 152 Universidade do Sul de Santa Catarina Síntese Nesta unidade, você estudou que as estratégias consistem em meios para que as empresas alcancem os seus objetivos. Dentro delas, existem três tipos de estratégias de negócios: � Estratégia de liderança de custos: esta estratégia consiste em atingir a liderança no custo total em uma indústria por meio de um conjunto de políticas funcionais orientadas para este objetivo básico. Todas as atividades da cadeia de valor da organização são desenvolvidas com o intuito de dar conta desta estratégia: tornar a empresa líder de custos na indústria em que opera. � Estratégia de diferenciação: a estratégia de diferenciação consiste em a empresa oferecer algo que seja considerado único no mercado. A diferenciação pode assumir várias formas: um projeto único, uma marca consolidada, uma tecnologia inovadora, atendimento personalizado etc. A estratégia de diferenciação não permite à empresa ignorar os custos, mas eles não são o alvo estratégico primário. Empresas que enfatizam a diferenciação geralmente aplicam vultosas somas em marketing e desenvolvimento de produto. � Estratégia de enfoque: consiste em atuar nas posições de liderança de custos e diferenciação em relação a um alvo estratégico estreito. A empresa que adota a estratégia de enfoque escolhe atuar em um determinado grupo comprador, um segmento da linha de produtos ou um mercado geográfico. A empresa buscará um alvo determinado e o atenderá mais efetiva ou eficientemente do que os concorrentes que estão competindo de forma mais ampla. Nesta unidade você pôde estudar as estratégias que as empresas desenvolvem nos seus diferentes mercados. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 152 18/01/12 09:19 153 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 4 Atividades de autoavaliação 1) Selecione uma empresa de sua preferência e estude-a. Descreva quais são as capacidades organizacionais desenvolvidas por esta empresa que indicam a estratégia de negócios adotada por ela. 2) Selecione uma empresa de sua preferência e estude-a. Elabore um diagnóstico estratégico com base no roteiro que segue, considerando o ambiente externo e o ambiente interno; destaque a estratégia adotada por ela e faça uma relação entre o diagnóstico e a estratégia, justificando sua resposta. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 153 18/01/12 09:19 154 Universidade do Sul de Santa Catarina Roteiro para elaboração do diagnóstico estratégico e definição da estratégia: � Dados de identificação da empresa: razão social, nome fantasia, endereço, CNPJ, I.E., representante, site, telefone. � Ambiente geral: identificar o mercado desejado e descrever suas características básicas, considerando as variáveis do ambiente geral estudadas, indicando oportunidades e ameaças. � Ambiente específico: descrever as características básicas do setor, considerando a metodologia de análise setorial proposta por Porter, como também descrever as características básicas da concorrência, considerando a metodologia de análise da concorrência estudada, indicando oportunidades e ameaças. � Ambiente interno: descrever as características básicas do ambiente interno da organização, considerando os questionamentos do roteiro de análise do ambiente interno da organização estudado, indicando pontos fortes e pontos fracos. � Estratégia de negócio internacional: descrever a estratégia competitiva utilizada pela empresa, correlacionando-a com o diagnóstico elaborado. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 154 18/01/12 09:19 155 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 4 Saiba mais Para aprofundar os seus conhecimentos você pode ler os seguintes livros: HITT, M. IRELAND, R, HOSKISSON, R. Administração Estratégica. São Paulo: Thomson, 2002. PORTER, M. A vantagem Competitiva das Nações. São Paulo: Campus, 2002. Ler os artigos: CARNEIRO, Jorge Manoel Teixeira, et al. Porter Revisitado: Análise crítica da Tipologia estratégica do Mestre. RAC, v.1, n.3, Set/Dez. 1997: 7-30. Disponível em: http://www.scielo.br/ pdf/rac/v1n3/v1n3a02.pdf. Acesso em: 08 fev. 2011. PELLEGRIN, Ivan de; ARAUJO, Renato Samuel Barbosa. Análise estratégica do ambiente externo de um fornecedor da cadeia de petróleo: O caso da Cordoaria São Leopoldo SA. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Disponível em:http:// www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR72_0263.pdf. Acesso em: 30 jun. 2008. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 155 18/01/12 09:19 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 156 18/01/12 09:19 Para concluir o estudo Caro aluno, A disciplina de Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I apresentou a você os conceitos introdutórios da gestão internacional. Por meio do conteúdo desenvolvido, você pôde elaborar um diagnóstico organizacional, identificando quais são os fatores do ambiente externo que podem afetaro desempenho competitivo da empresa, bem como verificar quais são os aspectos do ambiente interno que se constituem em pontos fortes e quais são os pontos fracos. Terminada a análise ambiental, você está apto a identificar quais são as estratégias da organização. O conteúdo desenvolvido pela disciplina Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I possibilita que você estude o conteúdo da Gestão Estratégica de Negócios Internacionais II, que apresentará um passo a mais na análise estratégica. Abraços, Profa. Graciella Martignago gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 157 18/01/12 09:19 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 158 18/01/12 09:19 Referências AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. Porto Alegre: Bookman, 2001. BARBOSA, Fabio Alves; SACOMANO, José Benedito; PORTO, Arthur José Vieira. Metodologia de análise para redes interorganizacionais: competitividade e tecnologia. Gestão e Produção, São Carlos, v. 14, n. 2, p. 411-423, maio-ago. 2007. BARTLETT, Christopher A.; GHOSHAL, Sumantra. Gerenciando Empresas no Exterior: A Solução Transnacional. São Paulo: Makron Books, 1992. BARRETO, A.; ROCHA, A. A Expansão das fronteiras: brasileiros no exterior. In: A internacionalização das empresas brasileiras: estudos de gestão internacional. Rio de Janeiro: Maud, 2002. BOWDICH, James L.; BUONO, Anthony F.. Elementos do Comportamento Organizacional. São Paulo: Saraiva, 1992. BRISOLA, Marlon Vinicius. Diagnóstico e intervenção estratégica em fazendas. Revista acadêmica da FACECA – RAF, v. 1, n. 2, Jan/Jul 2002. Disponível em: www.faceca.br/raf/diagnostico.doc. Acesso em: 10 fev. 2011. CAETANO, José Roberto. A travessia. Revista Exame, 29 out. 2003. COSTA, Eliezer A. Gestão estratégica. São Paulo: Saraiva, 2008. COUTINHO, Luciano; FERRAZ, João Carlos. Estudo da competitividade da indústria brasileira. 3. ed. Campinas: Papirus, 1995. DAFT, Richard. Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005 DAY, G. A empresa orientada para o mercado. Porto Alegre: Bookman, 2001. FLEURY, Afonso C. C; FREURY, Maria Tereza Lema. Estratégias competitivas e competências essenciais: Perspectivas para a internacionalização da indústria no Brasil. Gestão e Produção, v.10, n.2, p.129-144, ago. 2003. Disponível em: http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 530X2003000200002. Acesso em: 12 abr. 2011. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 159 18/01/12 09:19 FÓRUM DE LÍDERES EMPRESARIAIS, novembro de 2005, Ano VIII, no 13. FRIEDMAN, Thomas S. O mundo é plano: uma breve história do século XXI. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. GHEMAWAT, P. A estratégia e o cenário de negócios. Porto Alegre: Bookman, 2000. GRIFFIN, R. ; PUSTAY, M. International Business: a managerial perspective. Addison-Wesley Publishing, 1995. HAMEL, G.; PRAHALAD, C.K. Competindo pelo futuro. Rio de Janeiro: Campus, 1999. HITT, M.; IRELAND, R.; HOSKISSON, R. Administração Estratégica. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. KLOTZLE, Marcelo Cabus. Alianças estratégicas: Conceito e teoria. RAC, v. 6, n. 1, p. 85 – 104, jan./abr. 2002. LEVITT, T. A globalização dos mercados .In: MONTGOMERY, C; PORTER, M. Estratégia: a busca da vantagem competitiva. São Paulo: Campus, 1998. MAXIMIANO, A.C. Introdução à Administração. São Paulo: Atlas, 2000. MINTZBERG, M; QUINN, J. B. Processos de Estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2002. MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 2007. OHMAE, K. Gerenciando em um mundo sem fronteiras. In: MONTGOMERY, C; PORTER, M. Estratégia: a busca da vantagem competitiva. São Paulo: Campus, 1998. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 19. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2003. OLIVEIRA JUNIOR, Moacir de Miranda. Estratégia e inovação em corporações multinacionais: a transformação das subsidiárias brasileiras. São Paulo: Saraiva, 2009. PORTER, M. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1999. ___________. A vantagem competitiva das nações. 9. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2002. ___________. Competição - On competition : estratégias competitivas essenciais. 1. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus, 2009. ROCHA, A. E ARKADER, R. (2002). Internacionalização e escolhas estratégicas na indústria de autopeças. In. ROCHA, A. A internacionalização das empresas brasileiras: estudos de gestão internacional. Rio de Janeiro: Maud, 2002. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 160 18/01/12 09:19 ROCHA, A. (Org.) As novas Fronteiras: a multinacionalização das empresas brasileiras. Rio de Janeiro: Mauad, 2003. ROCHA, Ângela da.; ALMEIDA, Victor. Estratégias de entrada e operações em mercados internacionais. In TANURE, Betânia; DUARTE, Roberto Gonçalvez. Gestão internacional. São Paulo: Saraiva, 2006. ROSSI, George Berdinelli; RACY, Joaquim Carlos. Estratégia global. São Paulo: Thomson Learning, 2008. YIP, George S. Globalização: como enfrentar os desafios da competitividade mundial. São Paulo: SENAC,1996. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 161 18/01/12 09:19 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 162 18/01/12 09:19 Sobre as professoras conteudistas Graciella Martinhago é graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em Ciências Econômicas. Graduada em Administração de Empresas pela Universidade do Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – UDESC/ESAG. Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. Pesquisadora de Gestão Estratégica de Organizações. Possui artigos publicados em congressos científicos e orienta trabalhos de conclusão de curso, conforme lista no currículo Lattes. Terezinha Damian Antônio é graduada em Serviço Social e Direito pela Universidade do Sul de Santa Catarina, especialista em Gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, especialista em Comércio Exterior pela Universidade Católica de Brasília, especialista em responsabilidade civil e direito do consumidor pela Universidade Estácio de Sá e Mestre em Administração pela Universidade do Sul de Santa Catarina. Iniciou sua carreira profissional na universidade em março de 2002, e, atualmente, é professora das disciplinas de Direito Empresarial, Gestão empresarial, Gestão estratégica de marketing II e Gestão de vendas e atendimento ao Cliente nos ensinos presencial e virtual da Unisul, e também coordenadora e professora da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso em Relações Internacionais. Já lecionou na Unisul outras disciplinas voltadas para as áreas de direito, gestão empresarial e contratos internacionais. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 163 18/01/12 09:19 164 Universidade do Sul de Santa Catarina É professora conteudista das disciplinas de Direito comercial e contratos internacionais, Gestão ambiental industrial, Gestão da cadeia de abastecimento, Gestão da inovação em micro e pequenas indústrias, Gestão da qualidade e produtividade, Gestão de compras na área pública e privada, Gestão de Marketing II, Gestão de projetos ambientais, Gestão de transportes, Gestão de vendas, Gestão de empresas familiares e Pesquisa de marketing no Ensino a Distância da Unisul. Trabalhou na Caixa Econômica Federal, exercendo funções operacionais e gerenciais em várias agências, com atuação voltada para a área de captação de recursos financeiros, crédito e cobrança bancária e títulos de crédito. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 164 18/01/12 09:19 Respostas e comentários das atividades de autoavaliação Unidade 1 1) Devem ser consideradas variáveis do ambiente geral – como as variáveis econômicas (taxas de câmbio, taxas de juros etc.); variáveis leais (como barreiras tarifárias e não tarifárias e outras formasde regulamentação que possam afetar o setor); variáveis tecnológicas (como padrões tecnológicos mais utilizados no país) etc. 2) Como variáveis do ambiente específico devem ser considerados os concorrentes, os clientes, as instituições bancárias etc. Unidade 2 1) Exemplo: o posicionamento estratégico de uma empresa X. Entrantes potenciais: ameaça de novos entrantes: a empresa está sempre se atualizando, participando de feiras para obter informações sobre novos entrantes e as perspectivas do mercado. Tendo em vista a aproximação de um novo entrante, a empresa utiliza estratégias colocando barreiras de entrada no mercado em que atua. Como exemplo: licitações em meios legais e jurídicos que exigem a comprovação dos projetos; o acesso aos canais de distribuição, ou seja, o fato de ela ter um forte domínio de atuação no mercado, possuindo uma grande rede de representantes comerciais em todo o Brasil; experiência de treze anos no seu ramo de atuação. � Concorrentes na indústria: rivalidade entre as empresas existentes; no mercado da X existem 15 empresas concor- rentes, em que ela se encontra entre as 5 principais. Possui um elevado conhecimento das demais, por meio da partici- pação de eventos e feiras. A empresa utiliza os serviços de pós-venda baseados em assistência técnica como estratégia de diferenciação em relação aos seus concorrentes. Alguns concorrentes, por serem grandes, acabam conseguindo pro- duzir um produto semelhante ao da X a um custo mais baixo, justamente o que foi observado no cliente Y em Florianópo- lis, que deixou de trabalhar com os produtos da X passando a atuar com a concorrente Z por possuir um preço inferior. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 165 18/01/12 09:19 166 Universidade do Sul de Santa Catarina � Substitutos: ameaça de produtos ou serviços substitutos; na sua rede de produtos oferecidos, a empresa também oferece o pro- duto substituto do produto principal. Como é o caso do produto Y mais usado em padarias e pequenos estabelecimentos. Este substitui o produto X mais elaborado e com um valor aquisi- tivo maior, fragilizando o posicionamento competitivo da X. � Compradores: poder de negociação dos compradores; de acordo com as leis brasileiras, a X é uma empresa de pequeno porte, mesmo assim ela vende seus produtos para grandes empresas, tanto públicas quanto privadas, por isto seus clientes exercem poder de compra, fragilizando o posicionamento competitivo da X. � Fornecedores: poder de negociação dos fornecedores; existe uma relação de grande comprometimento entre a empresa e seus for- necedores. Esses, porém, não são fornecedores exclusivos da X, pois são fornecedores de grandes empresas; sendo assim, seu poder sobre a X é maior do que o da X nos seus fornecedores. Dentre as cinco forças exercidas pelo ambiente externo, a mais predominante sobre a X é o poder que os concorrentes exercem sobre ela, provocando uma rivalidade entre as empresas atuantes no mesmo ramo. 2) Um exemplo de metas e hipóteses pode ser encontrado na seguinte declaração de Carlos Erminio de Moraes, presidente do Conselho Executivo da Votorantim. Quando introduzimos a diretriz estratégica da internacionalização para o Grupo Votorantim há cerca de 5 anos, estabelecemos a meta de atingir, até 2010, 50% de nossas receitas vinculadas à moeda forte, entre exportações de produtos e operações externas. Hoje esta relação já se aproxima a 40% e contribui para uma boa percepção externa do grupo Votorantim quanto à solidez e baixa exposição à volatilidade dos mercados internos, graças ao balanceamento do seu portfólio de negócios. Isso tem permitido ao Grupo efetuar captações financeiras de longo prazo no mercado externo, com custos compatíveis aos de nossos competidores internacionais, o que é um importante aspecto de competitividade nos setores de capital intensivo em que atuamos. (FÓRUM DE LIDERES, 2005, p. 50). gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 166 18/01/12 09:19 167 Gestão Estratégica de Negócios Internacionais I Unidade 3 1) Exemplo de cadeia de valor de uma empresa da área tecnológica. às 2) Você poderá apresentar os aspectos relacionados ao ambiente da organização e sua posição em relação à estratégia atual, verificar indicadores do desempenho estratégico, avaliar os pontos fortes e os pontos fracos que a empresa apresenta e que têm relação com as competências essenciais. Unidade 4 1) Exemplo: a 3M tem como habilidades a inovação, a capacidade de desenvolvimento de novos produtos, de trabalhar a marca. Essas competências indicam que a empresa desenvolve a estratégia de diferenciação. 2) Você deve elaborar um diagnóstico apresentando as variáveis do ambiente geral, específico e interno. Depois, comentar se a estratégia adotada pela empresa tem relação com o que foi constatado no diagnóstico. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 167 18/01/12 09:19 gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 168 18/01/12 09:19 Biblioteca Virtual Veja a seguir os serviços oferecidos pela Biblioteca Virtual aos alunos a distância: � Pesquisa a publicações online www.unisul.br/textocompleto � Acesso a bases de dados assinadas www. unisul.br/bdassinadas � Acesso a bases de dados gratuitas selecionadas www.unisul.br/bdgratuitas � Acesso a jornais e revistas on-line www. unisul.br/periodicos � Empréstimo de livros www. unisul.br/emprestimos � Escaneamento de parte de obra* Acesse a página da Biblioteca Virtual da Unisul, disponível no EVA e explore seus recursos digitais. Qualquer dúvida escreva para bv@unisul.br * Se você optar por escaneamento de parte do livro, será lhe enviado o sumário da obra para que você possa escolher quais capítulos deseja solicitar a reprodução. Lembrando que para não ferir a Lei dos direitos autorais (Lei 9610/98) pode-se reproduzir até 10% do total de páginas do livro. gestao_estrategica_de_negocios_internacionais_I.indb 169 18/01/12 09:19