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AULA Fundamentos do Direito Previdenciário

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15/09/2023, 20:55 Fundamentos do Direito Previdenciário
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/04661/index.html# 1/29
Fundamentos do Direito Previdenciário
Prof. Irapuã Beltrão
Descrição
Análise dos conceitos fundamentais da Previdência Social e dos
sistemas previdenciários.
Propósito
Compreender os conceitos básicos de proteção social e da seguridade
social, com a identificação dos elementos da Previdência Social e dos
sistemas previdenciários presentes no país, é fundamental aos
estudantes de Direito.
Preparação
Antes de iniciar o conteúdo, tenha em mãos uma versão atualizada da
Constituição Federal (especialmente nos artigos 193 a 204) e das leis
matrizes que regem o Direito Previdenciário nacional - a Lei nº 8.212/93,
conhecida como Plano de Custeio da Previdência Social, e a Lei nº
8.213/93, conhecida como Plano de Benefícios da Previdência Social.
Objetivos
Módulo 1
Princípios do Direito
Previdenciário
Identificar os princípios de informadores do Direito Previdenciário.
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Módulo 2
Sistemas previdenciários
Reconhecer os conceitos básicos da seguridade social e os sistemas
previdenciários nacionais.
Introdução
A evolução constitucional republicana brasileira colocou a função
previdenciária como um dos grandes destaques de organização
da Carta Política e das demandas sociais. Da evolução de vários
organismos e institutos tradicionais tivemos a consolidação da
seguridade social na Constituição de 1988, sendo ainda
percebido que o ordenamento jurídico nacional consagrou alguns
sistemas previdenciários dotados de algumas especificidades
entre si.
Por outro lado, mais do que uma atividade estatal, a atuação
previdenciária especializou também este campo do
conhecimento jurídico, trazendo autonomia didática-pedagógica
para o denominado Direito Previdenciário, com diversos
princípios básicos informadores.
1 - Princípios do Direito Previdenciário

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Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos básicos
da seguridade social e os sistemas previdenciários nacionais.
Histórico da seguridade
social
Conforme noção comum, até meados do século XIX o Estado limitava-
se a desempenhar o mínimo possível de atividades; no caso, aquelas
absolutamente essenciais e pertinentes à justiça, política, diplomacia e
segurança, tanto interna quanto externa, deixando tudo mais ao sabor
da iniciativa privada. Era o chamado Estado Liberal, instalado sob o
influxo do laissez faire – laissez passer, inspirado no individualismo
filosófico e político do século XVIII e da Revolução Francesa.
O Estado Moderno, ao revés, tem como linha mestra exatamente o
contrário, na dimensão em que o intervencionismo é seu traço peculiar.
Deveras, no crepúsculo do século XIX, o Estado deixou de ser um mero
espectador da vida social e foi instado a intervir nos inúmeros
segmentos da ordem econômica, financeira e social, com
desdobramentos na habitação, previdência, assistência social, saúde,
educação, ambiente e outras relacionadas ao aprimoramento da
qualidade de vida do cidadão.
Logo, em consonância com o aspecto intervencionista, o Estado tem o
poder-dever de atuar e interagir em prol da cidadania; oferecer saúde de
qualidade desponta como uma de suas missões primordiais. Todos
esses preceitos terão como fundamento o primado do trabalho, pois
têm por objetivo o bem-estar e a justiça social, conforme prescrito pelo
art. 193 da Constituição.
Entretanto, mais do que a positivação de tais elementos como ordem
social, os direitos e institutos ali envolvidos traduzem diversos outros
aspectos da formação do Estado, do desenvolvimento do direito e até
mesmo da formação de novos conteúdos da ordem jurídica e da
organização política do Estado.
A ideia da seguridade social não possui suas origens apenas no
território nacional, sendo famosos os registros do surgimento e
desenvolvimento do tema. Com a Revolução Industrial ocorrida na
Inglaterra, no século XVII, tem início a questão social, com uma nova
luta, em que as relações de trabalho e suas condições são
questionadas.
O homem passa a se preocupar com sua proteção no caso de um
possível risco social, esperando amparo do Estado para que melhores
condições de vida fossem garantidas. Como destaque de alguns
marcos importantes para o surgimento destes aspectos, podemos
consignar os seguintes eventos:
1601
Surge a Poor Law Act - Leis dos
Pobres - na Inglaterra, voltada
d i b d
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Por outro lado, na perspectiva constitucional, são marcantes os
tratamentos havidos no início do século XX, notadamente em 1917,
quando a Constituição Mexicana eleva ao nível constitucional a
seguridade social pela primeira vez, logo seguida pela Constituição
alemã de 1919 – Constituição do Weimar. Devemos mencionar ainda os
atos organizados após a surgimento do Welfare State, especialmente:
1935
Nos EUA, criou-se o Social Security Act; era o surgimento na América da
Previdência Social nos moldes atuais.
1942
Criou-se o Plano Beveridge, na Inglaterra, que sugeria que o cidadão
deveria ser protegido do berço ao túmulo.
para as camadas mais pobres da
população.
1789
A Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789
englobou a seguridade social
como direito inerente ao homem.
1883
Chanceler Otto Von Bismarck
institui o primeiro sistema de
Previdência Social, voltado para
doença (seguro doença de
1883), acidente de trabalho
(seguro acidente de trabalho em
1884), invalidez e velhice (seguro
invalidez e velhice em 1889).
1891
A igreja católica também se
mostrou preocupada com o
tema na Encíclica Rerum
Novarum, de Leão XIII de 15 de
maio de 1891, fazendo menção à
proteção Social.
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Registros históricos da
seguridade social no Brasil
No Brasil, a ideia de seguridade social iniciou-se com os “socorros
públicos”, com disposição expressa na Constituição de 1824 (primeira
previsão constitucional de atos securitários). Essas atividades eram
desenvolvidas pela iniciativa privada, por meio das Santas Casas de
Misericórdia, a exemplo da Santa Casa da Misericórdia de Santos, em
1553.
No âmbito previdenciário, primeiramente surgiu o Montepio Geral dos
Servidores do Estado (Mongeral), instituído em 1853, de caráter privado.
Posteriormente, a Constituição Brasileira de 1891 estabeleceu
expressamente a aposentadoria por invalidez aos funcionários a serviço
da Nação.
Após aquela primeira constituição republicana, surgiram instrumentos
normativos infraconstitucionais importantes, tais como o Decreto nº
9.284/1911, que criou a Caixa de Pensões dos Operários da Casa da
Moeda, e o Decreto nº 3.274/1919, que regulou as obrigações
resultantes dos acidentes no trabalho.
Na verdade, a Previdência Social brasileira foi implantada com a Lei Eloy
Chaves, estabelecida pelo Decreto Legislativo nº 4.682/1923, que criou
as chamadas Caixas de Aposentadoria e Pensões para os empregados
das empresas ferroviárias, contemplando os benefícios de
aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária (atualmente
chamada de aposentadoria por tempo de contribuição), pensão por
morte, bem como o benefício de assistência médica, tudo custeado por
contribuições do Estado, dos empregadores e dos trabalhadores.
Caderneta de contribuição da Caixa de Aposentadorias - Companhia Paulista de Estradas de
Ferro.
Lei Eloy Chaves, sancionada em 1923.                                                                                 
Embora não tenha sido a primeira norma jurídica brasileira sobrematéria previdenciária, o dia 24/01/1923 - data de publicação da Lei
Eloy Chaves - ainda hoje é comemorado pelo INSS como aniversário da
Previdência Social brasileira.
Vejamos a seguir a trajetória dos dispositivos legais do Direito
Previdenciário:
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Na década de 1920, o sistema de Caixas de Aposentadoria e
Pensões (CAP) foi ampliado para abranger empresas de
outros ramos de atividades, tais como as empresas dos
serviços telegráficos e portuários, de mineração etc. Nessa
sistemática, cada empresa criava e organizava sua própria
Caixa de Aposentadoria e Pensões.
Posteriormente, nos anos 1930, as 183 CAPs existentes à
época foram reunidas nos Institutos de Aposentadoria e
Pensão (IAP), organizados pelo Estado, como autarquias
federais, por categoria profissional, surgindo, assim, uma
Previdência Social de abrangência nacional, com ampliação
do quantitativo de segurados. Apenas para ilustrar, pode-se
citar o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos -
IAPM (em 1933), o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos
comerciários - IAPC (em 1934), e o Instituto de
Aposentadoria e Pensão dos bancários - IAPB (idem).
Com o advento da Constituição de 1934, foi instituída a
tríplice forma de custeio (Governo, empregadores e
empregados) e a noção do “risco social” (doença, invalidez,
velhice e morte). Além da estrutura mantida, a seguinte
Constituição outorgada em 1937 foi a primeira a utilizar a
expressão “seguro social”. Ainda na sequência
constitucional, a carta promulgada utilizou, de forma inédita,
a expressão “Previdência Social”, e instituiu o mecanismo
de “contrapartida” como forma de manter o equilíbrio entre
receita e despesas dentro do sistema da seguridade social
(ainda presente no texto atual – art. 195 §5º CF 1988), bem
como passou a proteger expressamente os denominados
“riscos sociais”.
Com base na Constituição de 1946, surge a Lei Orgânica da
Previdência Social – LOPS, de 1960 – que, posteriormente,
serviu para unificar a legislação dos diversos IAPs, iniciando
o processo de universalização da Previdência Social no
Brasil. Mas a unificação dos IAPs em um só instituto
somente ocorreu em 1º de janeiro de 1967, por meio do
Decreto-lei nº 72/66, que criou o Instituto Nacional da
Previdência Social (INPS) e consolidou o sistema
previdenciário brasileiro.
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O que dizem os princípios?
Os princípios da seguridade
social
Confira agora os princípios que regem a seguridade social.
A Previdência Social dos trabalhadores rurais somente foi
instituída em 1971 com a criação do Programa de
Assistência ao Trabalhador Rural (PRORURAL), que utilizava
recursos do FUNRURAL, por meio da Lei Complementar nº
11, de 1971.
Em 1977, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e
Assistência Social (SINPAS), o que possibilitou a integração
das áreas de previdência social, assistência social e
assistência médica, bem como a gestão das entidades
ligadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social
(MPAS).
Com a promulgação da Constituição de 1988, ocorreu a
grande inovação em matéria de seguro social, reunindo as
três áreas da seguridade social: saúde, previdência social e
assistência social.
Em 1990, foi criado o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), por meio da Lei nº 8029/1990, decorrente da fusão
do INPS (benefícios) com IAPAS (custeio).

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A seguridade social, segundo a Constituição, foi subdividida em normas
referentes à saúde, previdência social e assistência social, devendo
compreender um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes
públicos e da sociedade. Como um direito social, tal compreensão foi
concebida dentro de um princípio geral de solidariedade, sendo este o
grande fator de influência em todos os seus campos e formas de
atuação.
Nesta partilha, caberá naturalmente ao poder público, nos termos da lei,
a organização de toda a seguridade social, observando os seguintes
objetivos listados no artigo 194 da Constituição, na seguinte redação
original:
I. universalidade da cobertura e do atendimento;
II. uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações urbanas e rurais;
III. seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e
serviços;
IV. irredutibilidade do valor dos benefícios;
V. equidade na forma de participação no custeio;
VI. diversidade da base de financiamento;
VII. caráter democrático e descentralizado da administração, mediante
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.
Os princípios constitucionais possuem a missão de garantir que todo
cidadão tenha acesso à seguridade social. Pode ser considerado como
um conjunto de normas que garante o funcionamento correto do tripé
da seguridade social e é decorrente dos diversos valores sociais
presentes na Constituição de 1988.
Princípio da universalidade de cobertura e do
atendimento
A ideia de universalidade de cobertura quer dizer que o serviço estará
disponível para todos os cidadãos, sem restrição. Entretanto, não é bem
assim que este princípio pode ser interpretado.
A Previdência Social só está disponível para os indivíduos que fazem a
devida contribuição, ou seja, pagam as taxas do INSS, tanto pela folha
de pagamento ou por meio do carnê separado. Por outro lado, o acesso
à saúde e assistência social está disponível para todos os cidadãos,
independentemente de qualquer contribuição.
Atenção!
Sendo assim, é possível afirmar que o princípio de universalidade é
aplicado sobre a seguridade social, mas não em sua integridade.
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Princípio da uniformidade e equivalência dos
benefícios e serviços às populações urbanas e
rurais
O trabalho rural e o urbano foram considerados como distintos por
muito tempo, de forma que uma categoria recebia benefícios
completamente diferentes da outra. A Constituição de 1988
praticamente acabou com essas diferenças, ainda que se mantenham
algumas regras mais favoráveis aos trabalhadores rurais, especialmente
para garantir maior efetividade nos direitos sociais.
De toda forma, o princípio da uniformidade garante que ambos
possuam acesso a todos os benefícios da seguridade. A
uniformidade traz o mesmo elenco de prestações e a equivalência
leva às mesmas fórmulas de cálculo, de modo que passa a existir a
isonomia entre esses dois tipos de trabalhadores.
Aliás, o apoio da seguridade social se divide tanto em prestação de
serviços quanto em auxílios materiais. A prestação de serviço possui
exemplos como assistência médica ou trabalho social. Já os benefícios
materiais agrupam auxílios como aposentadoria ou pensão.
Princípio da seletividade e distributividade na
prestação dos benefícios e serviços
O terceiro princípio garante que os casos mais relevantes serão
selecionados para receber um atendimento priorizado. A seletividade
limita a universalidade, mas ela não pode eliminar a universalidade e sim
concretizá-la. Para a correta seletividade, deve haver uma estimativa de
quais prestações são capazes de concretizar as finalidades da Ordem
Social.
A ideia é garantir um tratamento digno à população de baixa renda
que não possui acesso a outros serviços além do que o governo
disponibiliza. Ou seja, os casos mais urgentes e que possuem maior
necessidade do apoio da seguridade social serão considerados mais
relevantes, sem necessidade de qualquer pagamento, sendo isto
mais predominante na assistência social.
Em paralelo a tudo isto, a distributividade consistena faculdade
atribuída ao legislador para escolher, dentre as prestações, aquelas que
amparam a maior quantidade de pessoas que se encontram sob riscos
sociais. Cada pessoa será atendida na proporção de suas necessidades
e, assim, nem todos os riscos sociais serão cobertos.
Princípio da irredutibilidade dos benefícios
A irredutibilidade garante que os benefícios sigam com o mesmo valor
real com o passar dos anos; sendo assim, é necessário que reajustes
sejam aplicados regularmente para que os benefícios possam
acompanhar as mudanças do mercado financeiro e da economia do
País. Tal sentido visa que os benefícios tenham preservados o valor
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aquisitivo e o poder de compra. Neste sentido, o artigo 201, § 4º, da CF,
prevê que:
é assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
real, conforme critérios definidos em lei.
(CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL/1988)
Pode-se concluir, portanto, que as pensões e aposentadorias, por
exemplo, são benefícios materiais que também devem ser ajustados
regularmente e de acordo com as mudanças econômicas, para que
continuem com o mesmo valor para aqueles que recebem o benefício.
No entanto, os critérios definidos em lei não trazem os mesmos valores
de reajustes do salário-mínimo para quem recebe acima desse valor.
Princípio da equidade na forma da participação
no custeio
Por óbvio, a seguridade social depende das contribuições da população
para continuar em funcionamento. Ainda que de forma social, para todo
direito há um dever, sendo que para a concretização dos direitos
previstos nos quatro primeiros incisos é necessário que haja o custeio e
ele se realize de maneira equitativa.
Para atender a demanda da equidade, além de considerar o princípio
tributário da capacidade contributiva, a contribuição é distinta entre
trabalhadores com faixas salariais diferentes e entre empresas de
distintos portes.
De certo modo, a seguridade social também realiza a distribuição de
riquezas, pois retira da sociedade, por meio da arrecadação fiscal do
Estado, das empresas e dos trabalhadores, e distribui conforme os
riscos sociais, havendo equidade tanto na receita quanto no dispêndio.
Esse princípio relaciona-se diretamente com o princípio da isonomia,
porquanto deve haver um equilíbrio entre o que a sociedade, o Estado,
os próprios trabalhadores e as empresas contribuem, isto é, deve ser
levada em consideração a capacidade contributiva de cada contribuinte.
O artigo 195 da CF concretiza esse princípio, pois prevê que a
seguridade social será financiada pela sociedade de maneira direta e
indireta. A forma direta está presente entre os incisos I e IV do artigo
195 da CF, e prevê o financiamento por parte dos empregadores, dos
importadores de bens ou serviços do exterior, dos trabalhadores e sobre
a receita de concursos de prognósticos.
Saiba mais
A atual Constituição trouxe um avanço na diversidade da base de
financiamento, pois na Constituição anterior só existia o financiamento
realizado pela folha de pagamento.
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Em algumas contribuições estabelecidas em lei, tudo depende da
receita bruta anual do empreendimento ou do salário bruto mensal do
funcionário, ou de elementos que compõem a folha de pagamento ou
rendimentos.
Em outras, como, por exemplo, aquela estabelecida para financiamento
do acidente de trabalho, o próprio Supremo Tribunal já afirmou que “o
sistema impregnado, principalmente, pelos Princípios da Solidariedade
Social e da Equivalência (custo-benefício ou prêmio versus sinistro),
impõe maior ônus às empresas com maior sinistralidade por atividade
econômica” (BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Brasília: Recurso
Extraordinário nº 677.725, plenário, julgamento em 11.11.2021, publ.
DJe 16.12.2021).
Justamente em face do conteúdo do citado princípio, a própria
Constituição estabeleceu diversas formas de financiamento da
seguridade social na forma disciplinada pelo art. 195 que, além de
prever alguns tipos de contribuições tributárias (incisos listados no
caput do artigo), ainda admite que outras formas possam ser
estabelecidas (parágrafo 4º do art. 195).
Tal visão integrada é sempre reforçada pelo STF, como se ilustra: “o
parágrafo único do art. 194 da C.F. deixou claro que ao Poder Público
compete, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com
observância dos princípios enunciados em seus incisos, dentre eles o da
equidade na forma de participação no custeio, como estabelecido no
caput, seus incisos e parágrafos do art. 195” (BRASIL. Supremo Tribunal
Federal. Brasília: ADI nº 1002-MC, plenário, julgamento em 15.6.1994,
publ. DJ 30.9.1994).
Princípio da diversidade na base de
�nanciamento
O financiamento da seguridade social não é baseado apenas em uma
forma de recolhimento de contribuição, mas também de outras
modalidades que possam garantir a manutenção regular do serviço e
dos benefícios.
O financiamento indireto é realizado pelas receitas da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade
social que constarão dos respectivos orçamentos, mas que não
integrarão o orçamento da União.
Atenção!
A estratégia foi desenvolvida para evitar que o sistema seja afetado
caso surja um problema na base de financiamento. É necessário que
outras fontes possam cobrir o desfalque da eventual falha de outra. A
ideia é que a quantidade de fontes do financiamento aumente para
diminuir riscos financeiros e também otimizar a prestação dos serviços
e distribuição dos benefícios.
Além disto, existindo várias formas de contribuições, implementa-se
também, de certa forma, a ideia de solidariedade que penetra em todos
os olhares da seguridade social, como já teve oportunidade de reforçar
o Superior Tribunal de Justiça: “a Previdência Social funda-se no
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princípio da solidariedade, reclamando, em razão dessa especificidade,
que todos aqueles que fazem parte do sistema sejam convocados a
contribuir” (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Brasília: RMS nº
20.739, plenário, julgamento em 18.9.2007, publ. DJ 18.10.2007).
Caráter democrático e descentralizado da
administração
O artigo 194, parágrafo único, VII, da CF, prevê o caráter democrático e
descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite
(gestão democrática), com participação dos trabalhadores, dos
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
Esse último princípio garante que todo o financiamento da seguridade
social deve ser feito pela sociedade como um todo, de forma indireta ou
direta. A contribuição deve ser feita como trabalhador, como empresário
e da parte do governo.
Para que todos possam usufruir dos serviços e
benefícios, é preciso que os contribuintes cumpram
com suas responsabilidades para manter o sistema
ativo e disponível para toda a população, o que os
inclui também.
Considerando que todos estes objetivos e medidas implicarão diversos
gastos, trata ainda esse trecho constitucional de determinar a forma de
financiamento da seguridade social, notadamente para afirmar que será
financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos
da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Ainda que seja um direito social, a ideia da Previdência Social
demanda sua forma de financiamento, sendo correto afirmarsobre
os princípios que orientam tal sentido que
A
haverá uma diversidade de financiamento, sendo
que todos devem pagar a mesma quantidade de
valores para ter direito aos benefícios.
B
para os fins de aposentadoria, cada pessoa
somente poderá receber de benefício o que tiver
acumulado durante a fase de contribuição.
C
haverá uma diversidade de financiamento, com
vários tributos e mecanismos diversos de incidência
em cada um deles.
D
somente no regime geral da previdência social é que
se verifica a diversidade de financiamento.
E
o financiamento da previdência é feito
exclusivamente por meio das contribuições que
cada pessoa realiza para os fins de acumulação e
benefício futuro.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Como destacado, uma das características do atual regime de
previdência, como integrante da seguridade social, é que ele será
financiado por diferentes mecanismos, sendo um dos princípios
que o orientam a diversidade de financiamento por meio de várias
contribuições tributárias distintas e meios orçamentários outros.
Além disso, é importante recordar sempre que, sendo um
mecanismo de solidariedade social, os benefícios previdenciários
não são custeados na base da acumulação individual.
Questão 2
Beatriz teve a concessão de seu benefício de aposentadoria
concedida, mas começa a ficar assustada com as notícias de crises
econômicas que assolam o país, além dos comentários de
constantes déficits do equilíbrio previdenciário nacional. Receosa
com a diminuição dos valores do seu benefício, questiona a
possibilidade de isso ocorrer. Diante de tal cenário, é possível
afirmar que
Parabéns! A alternativa A está correta.
A
não há o risco da diminuição efetiva do benefício
diante do princípio da irredutibilidade dos
benefícios.
B
havendo déficit realmente comprovado, haverá
possibilidade de redução dos benefícios
anteriormente concedidos, desde que autorizada
por lei especial.
C
havendo calamidade pública ou situação extrema
declarada, haverá possibilidade de redução dos
benefícios anteriormente concedidos.
D
não é possível a redução dos benefícios
anteriormente concedidos, salvo casos de déficit ou
quebra do equilíbrio econômico-atuarial.
E
apesar de não ser possível a redução dos
benefícios, tal garantia não é uma garantia ou
mesmo um princípio constitucionalmente
assegurado.
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Como determinado no art. 194 da Constituição Federal, o regime de
previdência social é organizado de forma a respeitar a
irredutibilidade dos benefícios anteriormente concedidos. Mesmo
que se configure situações de déficit ou casos de crises
econômico-financeiras, não é possível a modificação – por tais
motivos – do benefício a que Beatriz tinha direito.
2 - Sistemas previdenciários
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os princípios de
informadores do Direito Previdenciário.
Contextualizando
Importa ressaltar que, constitucionalmente, a expressão seguridade
social agrega as atividades relacionadas à assistência social,
previdência e saúde, sendo este tópico logo tratado nos artigo 196/200
da Carta constitucional. Mas, outro segmento da seguridade social diz
respeito à previdência, resultando também no território nacional de toda
aquela evolução dos aspectos relacionados à seguridade.
A Previdência Social tem a finalidade de amparar as pessoas
reconhecidamente hipossuficientes, prestando-lhes auxílio em caso de
doença, invalidez, morte e idade avançada.
Já na forma consolidada pela Constituição de 1988, a Previdência Social
será organizada sob a forma de regime geral de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, sem prejuízo do reconhecimento da previdência
complementar tratada no artigo 202 da Constituição.
Os sistemas previdenciários

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Confira agora as principais características dos regimes previdenciários.
Regime geral de previdência
social
O regime geral de previdência social (RGPS) é gerenciado pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS). Essa é a opção de filiação de todos
os trabalhadores ligados ao INSS por meio da Consolidação das Leis de
Trabalho (CLT), ou que foram expressamente excluídos do regime
próprio dos servidores, como aqueles que exercem função unicamente
comissionada e que não são servidores concursados.
A Previdência Social é um mecanismo constitucional que garante a
renda do contribuinte e de sua família em casos de doença, acidente,
gravidez, prisão, morte e velhice, mediante contribuição mensal. Diante
da atual estrutura consagrada constitucionalmente, podemos afirmar as
seguintes características do regime geral:
1. Caráter contributivo;
2. Filiação obrigatória; e
3. Critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial (isso
porque a Previdência Social é uma relação de médio/longo prazo).
Diante da estrutura constitucional e de sua regulamentação na Lei nº
8.213, de 1991, podemos indicar como principais benefícios do RGPS os
seguintes:
Quanto ao segurado
Aposentadorias por tempo de contribuição, especial, por idade, por
invalidez, especial a pessoas com deficiência e auxílio-doença.
Quanto aos dependentes
Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes e auxílio-reclusão.
A Previdência Social deverá observar critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e deverá atender, nos termos da lei:
I. cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
avançada;
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II. proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III. proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV. salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda;
V. pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
A partir destes princípios contidos no artigo 201, a Constituição detalha
os funcionamentos previdenciários, destacando-se a previsão contida
no § 2º de que nenhum benefício que substitua o salário de contribuição
ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao
salário-mínimo.
Além disso, assegura o critério da aposentadoria no regime geral de
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes
condições mínimas, respeitando a contagem recíproca do tempo na
administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em
que os diversos regimes de previdência social se compensarão
financeiramente.
Apesar de alguns parâmetros constitucionais, especialmente pelas
regras trazidas pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019, o
detalhamento dos benefícios, com padrões de concessão e regras para
sua formação, é dado pela Lei nº 8.213, de 1991, e, justamente por isto,
conhecido como Plano de Benefícios da Previdência Social. Sem
prejuízo disso, podemos extrair as seguintes premissas do texto
constitucional:

Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o
rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao
salário-mínimo.

Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de
benefícios serão devidamente atualizados na forma da lei.

É assegurado o reajuste dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.
Regime próprio de
previdência social
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O regime próprio de previdência social (RPPS) é voltado ao servidor
público com cargo efetivo no estado, no Distrito Federal, no munícipio
ou na União. Esse regime será, portanto, estabelecido por entidades de
caráter público, como fundos previdenciários e institutos de previdência.
Atenção!
Importa salientar que o regime próprio de previdência (RPPS) aplica-se
tão somente aos servidores detentores de cargos efetivos do quadro
efetivo da União, dos estados, Distrito Federal e municípios, e suas
autarquias e fundações, o que pode ser ratificado, inclusive, através da
leitura do disposto no artigo 40, §13 da Constituição Federal, já que
agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração, de outro cargo
temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego público, estará no
Regime Geral de Previdência Social.
Já que são formas presentes no campo dos entes políticos para os
servidores públicos em regime funcional estatutário, a filiação dos
agentes administrativos, nesse caso, também é obrigatória.
Na forma do atual art. 40 da Constituição, o regime próprio de
previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá
caráter contributivo e solidário, e será financiado mediante contribuição
do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de
pensionistas.
As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão
disciplinadas em lei do respectivo ente federativo, mas o regime deverá
ser estruturado de forma que se preserve o equilíbrio financeiro e
atuarial.
Esse regime torna efetivas as leis que regulamentam a proteção do
beneficiário em idade avançada (aposentadoria) e de pensão por morte
(aos dependentes do segurado). Ainda na forma do artigo 40, são
previstas as seguintes situações para o aposentamento:
No cargo em que estiver investido, quando insuscetível de
readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de
avaliações periódicas para verificação da continuidade das
condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na
forma de lei do respectivo ente federativo.
Com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70
anos de idade, ou aos 75, na forma de lei complementar.
Além dessas situações, são ainda previstas as seguintes alternativas, já
como resultado da reforma da previdência promovida pela Emenda
Incapacidade permanente para o trabalho 
Compulsoriamente 
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Constitucional nº 103, de 2019:
Aos 62 anos de idade, se mulher, e aos 65, se homem.
Na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas
Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de
contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei
complementar do respectivo ente federativo.
Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5
anos em relação às idades acima, desde que comprovem tempo de
efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no
ensino fundamental e médio, fixado em lei complementar do respectivo
ente federativo.
Regime de previdência
complementar
O regime de previdência complementar é de caráter privado e funciona
debaixo da autonomia exercida por entidades complementares de
previdência, sejam elas abertas ou fechadas. A ideia desse tipo de
regime é adicionar uma renda aos trabalhadores que desejam ampliar
seus ganhos, além do plano previdenciário oficial. Mas, até por conta de
tal ideia, ele será facultativo para apenas aqueles que desejarem nele
ingressar.
Re�exão
Assim, o regime de previdência privada, de caráter complementar, será
organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de
previdência social. Difere, na essência, dos regimes públicos porque
será facultativo e baseado na constituição de reservas que garantam o
benefício contratado, e não em uma perspectiva de solidariedade social.
Além da possibilidade de contratação individual, é comum e possível a
utilização deste regime de forma coletiva, seja por meio de grupos
associativos, sindicatos e outras organizações em benefícios dos seus
associados e sindicalizados, bem como por meio de empresas e outros
empregadores para seus funcionários e colaboradores.
Nesse último caso, as contribuições do empregador, os benefícios e as
condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos
de benefícios das entidades de previdência privada não integram o
No âmbito da União 
No âmbito dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios 
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contrato de trabalho dos participantes nem a remuneração dos
participantes.
Atenção!
Diante dessa estrutura básica descrita no art. 202 Constituição, houve a
edição da Lei Complementar nº 109, de 2001, que disciplina as formas
básicas de contratação ou adesão a tais planos de previdência privada,
bem como as regras de constituição, organização e fiscalização das
entidades de previdência complementar.
De toda forma, podemos registrar o seguinte quadro resumo das
principais referências dos sistemas previdenciários:
Público; para toda a sociedade; compulsório e no regime de
solidariedade.
Público; para servidores estatutários; compulsório e no regime
de solidariedade.
Privado; para quem quiser aderir; adesão facultativa e no regime
de acumulação.
Reformas constitucionais
previdenciárias
Desde a promulgação da Constituição constavam no texto de 1988
referências previdenciárias. Mas, do texto original, diversas reformas
foram realizadas por meio de Emendas Constitucionais, sendo que
algumas merecem nosso destaque aqui.
Em 1998, a Emenda Constitucional 20/1998 introduziu as mais
sensíveis modificações no sistema previdenciário, com a
constitucionalização do pilar complementar de previdência (privado e
facultativo) e a exigência do tempo mínimo de contribuição (além do
tempo de serviço) para efeitos de aposentação. Essas mudanças foram
introduzidas tanto no regime geral (RGPS) quanto no regime próprio dos
servidores públicos (RPPS).
RGPS (art. 201 CF) 
RPPS (art. 40 CF) 
Previdência Complementar (art. 202 CF) 
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Em 2003, a reforma da previdência foi complementada
pela EC 41, pôs fim à integralidade e paridade entre
servidores ativos e inativos; determinou a
convergência dos regimes próprios e geral de
previdência; fixou o abono de permanência e a
contribuição previdenciária para os servidores inativos.
A principal alteração promovida pela Emenda Constitucional nº41/2003
foi o fim da integralidade e da paridade como direito do servidor público
federal (ainda que as regras de transição das EC nº 41/2003 e nº
47/2005 tenham garantido os referidos direitos para os servidores que
já haviam ingressado no serviço público até 31 de dezembro de 2003).
Contudo, a instituição da contribuição previdenciária dos servidores
inativos foi o tema que atraiu grande parte da atenção e da resistência
dos servidores públicos em 2004.
Em 2005, a Emenda Constitucional nº 47/2005 (PEC paralela) modificou
algumas alterações da Emenda Constitucional 41/2003, basicamente no
que diz respeito ao teto de remuneração dos estados e do Distrito
Federal, bem como as regras de transição para a aposentadoria dos
servidores públicos e a ampla extensão da integralidade e a paridade a
todos os servidores que ingressaram no serviço público até 31/12/2004.
Já com a previsão modificada pela Emenda Constitucional nº 20, assim
restou estabelecida inicialmente a previsão para a concessão do
benefício da aposentadoria:
I. 35 de contribuição, se homem, e 30 de contribuição, se mulher;
II. 65 de idade, se homem, e 60 de idade, se mulher, reduzido em
cinco anos o limite para os trabalhadoresrurais de ambos os
sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e
o pescador artesanal.
Estes requisitos seriam reduzidos em 5 anos para o professor que
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.
Podemos ainda destacar as seguintes previsões:
Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo
de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.
É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-
lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei.
Previsão 1 
Previsão 2 
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É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de
regime próprio de previdência.
A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por
base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.
Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão
incorporados ao salário para efeito de contribuição
previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos
casos e na forma da lei.
Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária
para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda
própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico
no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias
de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor
igual a um salário-mínimo, com alíquotas e carências inferiores
às vigentes para os demais segurados do regime geral de
previdência social.
Quadro atual das
características
previdenciárias
Por meio de nova Emenda Constitucional, o critério da idade foi incluído
para mitigar o anterior, do tempo de contribuição. Além disso, podemos
ainda destacar as principais modificações trazidas ao segmento
previdenciário por meio da reforma dada pela Emenda nº 103, de 2019,
sem prejuízo das muitas regras de transição criadas para as diversas
categorias e segmentos da sociedade atingidos pelo novo formato de
previdência:
Previsão 3 
Previsão 4 
Previsão 5 
Previsão 6 
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No regime geral de previdência social (RGPS), para
trabalhadores da iniciativa privada e de municípios sem
sistema previdenciário próprio, entre outros, a regra geral de
aposentadoria passa a exigir, das mulheres, pelo menos 62
anos de idade e 15 anos de contribuição. No caso dos
homens, 65 anos de idade e 20 anos de contribuição. O
tempo de contribuição mínimo permanecerá em 15 anos
somente para os homens que estiverem filiados ao RGPS
antes de a emenda constitucional entrar em vigor.
Já para os servidores públicos federais que contribuem para
o regime próprio de previdência social (RPPS) da União, a
nova regra geral exigirá 62 anos de idade para mulheres e 65
para os homens, com pelo menos 25 anos de contribuição,
10 anos de serviço público e 5 anos no cargo em que se dará
a aposentadoria.
A Nova Previdência prevê regras diferentes para algumas
categorias profissionais. Para os professores, por exemplo,
são 25 anos de contribuição e idade mínima de 57 anos,
para as mulheres, e de 60 anos para os homens. Essa regra
somente se aplicará aos professores que comprovarem,
exclusivamente, tempo de efetivo exercício nas funções de
magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou
no ensino médio.
Policiais, tanto homens quanto mulheres, poderão se
aposentar aos 55 anos de idade, desde que tenham 30 anos
de contribuição e 25 anos de efetivo exercício da função.
Essa regra se aplicará aos cargos de agente penitenciário,
agente socioeducativo, policial legislativo, policial federal,
policial rodoviário federal, policial ferroviário federal e policial
civil do Distrito Federal.
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Para a aposentadoria de trabalhadores e trabalhadoras
rurais estão mantidos o tempo de contribuição de 15 anos e
as idades mínimas de aposentadoria de 55 anos para as
mulheres e de 60 anos para os homens.
Ao atingir a idade e o tempo de contribuição mínimos, os
trabalhadores do RGPS poderão se aposentar com 60% da
média de todas as contribuições previdenciárias efetuadas
desde julho de 1994. A cada ano a mais de contribuição,
além do mínimo exigido, serão acrescidos dois pontos
percentuais aos 60%. Assim, para ter direito à aposentadoria
no valor de 100% da média de contribuições, as mulheres
deverão contribuir por 35 anos e os homens, por 40 anos.
O valor das aposentadorias não será inferior a um salário-
mínimo nem poderá ultrapassar o teto do RGPS.
O percentual do benefício recebido poderá ultrapassar 100%
para mulheres que contribuírem por mais de 35 anos e para
homens que contribuírem por mais de 40 anos – sempre
limitado ao teto do RGPS.
A Nova Previdência muda a forma de calcular a
aposentadoria. O valor será definido levando em
consideração todas as contribuições feitas pelo segurado
desde julho de 1994.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre a relação entre os sistemas previdenciários, suas
características fundamentais e a situação de determinada pessoa
que, além de filiada ao regime de previdência social, mantém
contrato de previdência complementar, é correto dizer que
A
atualmente, o limite de idade de aposentadoria na
previdência social é de apenas 55 anos.
B
tendo direito a se aposentar em um dos regimes
previdenciários, por si só não teria direito ao mesmo
benefício em outro.
C
em qualquer dos dois regimes, o dito interessado
teria direito a se aposentar pelo tempo de serviço.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Como destacado, algumas características do regime de previdência
complementar são sua independência e autonomia em relação ao
regime de previdência social. Isto significa sim dizer que, tendo
eventualmente direito à aposentadoria na previdência privada, não
necessariamente teria o mesmo direito no regime público.
Além disso, em nenhum deles o direito virá simplesmente pelo
tempo de serviço, devendo ser verificado, dentre outros requisitos, o
tempo de contribuição.
Questão 2
Sobre a interseção e ligação do regime de previdência
complementar com o regime de previdência social, é correto afirmar
o seguinte:
Parabéns! A alternativa E está correta.
D em qualquer dos dois regimes, o limite de idade
para os fins de aposentadoria seria de 60 anos.
E
uma vez aposentado no regime geral da previdência
social, automaticamente deverá entrar no período de
benefício da previdência complementar.
A
O regime de previdência privada, de caráter
complementar, terá sua disciplina de benefícios
dependente do regime geral de previdência social.
B
Os dois regimes previdenciários são de natureza
facultativa.
C
Os dois regimes previdenciários são baseados no
critério de benefício de aposentadoria por critérios
etários.
D
O regime de previdência social será facultativo e
baseado na constituição de reservas.
E
O regime de previdência privada tem caráter
complementar e é organizado de forma autônoma
em relação ao regime geral de previdência social.
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Como determinado no art. 202 da Constituição Federal, o regime de
previdência privada,de caráter complementar e organizado de
forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social,
será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam
o benefício contratado.
Considerações �nais
Vimos a existência do regime próprio aplicável aos servidores titulares
de cargos efetivos, com os padrões básicos de seu funcionamento no
art. 40 da Constituição. Este deverá ser instituído e organizado por cada
ente político para seus servidores, na medida em que estabeleçam o
regime estatutário para aqueles agentes públicos.
Não sendo o caso dos servidores, o regime geral da previdência social é
o grande modelo aplicável para todas as demais pessoas no país, de
filiação obrigatória e com as bases descritas no art. 201 da Constituição
para a concessão de formas de aposentadoria e pensão.
E, em paralelo a estes dois sistemas públicos e obrigatórios, ainda é
reconhecido o regime de previdência complementar, de adesão
facultativa e completamente autônomo em relação aos demais, tudo em
forma minimamente afirmada no art. 202.
É importante conhecer os aspectos básicos desses modelos de
previdência para melhor compreender as bases constitucionais do
consagrado Direito Previdenciário.
Podcast
Para encerrar, ouça sobre os sistemas previdenciários e suas
características, relembrando os principais pontos analisados neste
estudo.

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