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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e com a Educação a Distância presente em todo estado do Espírito Santo, e com polos distribuídos por todo o país. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Natacha Bolorino Assistência de Enfermagem na Saúde do Adulto I / BOLORINO, N - Multivix, 2023 Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2023 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE QUADROS UNIDADE 1 Classificação da pressão arterial de acordo com os valores de PAS e PAD 60 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS UNIDADE 1 Engajamento de profissionais da saúde 16 A obesidade e os principais riscos à saúde 18 Condições econômicas desfavoráveis 19 Representação de qualidade 21 Multicausalidade de doenças crônicas não transmissíveis 21 Diminuição de gastos das demandas das DCNT 23 Eixos temáticos prioritários das DCNT 24 Modelo de Atenção à Condições Crônicas (MACC) 25 Ambulância 27 Processo de trabalho 28 Educação permanente dialógica 29 Melhoria colaborativa 30 Troca de informações 31 Pessoas idosas ativas 34 Entrevista profissional para identificação de fatores de risco 35 Consumismo 36 Criança se alimentando de maneira saudável 37 Equipamentos para mensuração de peso 39 Ferramenta 5As 40 Ah não! 41 Ganho de peso 42 Coleta de sangue 43 Consulta de enfermagem 44 Atendimento multidisciplinar 45 Monitoramento de indicadores de saúde 46 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 UNIDADE 2 Monitorização da pressão arterial 51 Herança genética 52 Órgão alvo: coração nas mãos do profissional 53 Sobrepeso 55 Sal de cozinha 56 Medicamentos 57 Jaleco branco. 58 Consultório de saúde. 59 Esfigmomanômetro. 62 Sono tranquilo. 63 Aceitável ou não aceitável. 64 Casal pensativo. 65 Continuidade rumo à progressão. 66 Profissional atendendo um paciente com diabetes. 67 Profissional segurando as mãos de um idoso. 68 Prato de alimentação vazio (jejum). 69 Comunicação na população). 70 Vida uterina 71 Adulto jovem 72 Sistema imunológico combatendo células 73 Corpo magro 74 Gerações 75 Sintomas de hiperglicemia 76 Bebê em vida uterina envolto pela placenta 77 Enfermeira 78 Enfermeira atendendo o paciente no hospital 79 Livro com ideias e conhecimento 80 Tempo de estudo 81 Educação em saúde para o diabetes 82 Construção da aprendizagem 83 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 UNIDADE 3 Cuidados com o coração 87 Angina instável 88 Obstrução arterial 89 Formação de trombos 90 Dor no estômago 92 Molécula da morfina 93 Administração de oxigenoterapia 93 Anotação de informações 95 Punção para acesso venoso 96 Cuidados com o pulmão 98 Exame de imagem do pulmão 99 Tabagismo 100 Asfixia 102 Eixos do tratamento da asma 102 Nebulização 103 Eixos do tratamento de manutenção da rinite 104 Ausculta pulmonar 105 Irritantes pulmonares e ações de enfermagem 106 Não fumar 106 Intubação endotraqueal 107 Ansiedade 108 Preparo de sedativo e medicamentos 109 Expressão dos sentimentos 110 UNIDADE 4 Mulher com câncer 114 Palpação das mamas 115 Atividade física 116 Exame das mamas 117 Herança genética 118 Intestino 119 Comparação das células sanguíneas normais e com anemia 120 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Tratamento do câncer 121 Tratamento para o câncer colorretal 122 Marcação para mastectomia 123 Papel do enfermeiro na promoção da imagem corporal positiva 124 Mulher mastectomizada 125 Troca de experiências 126 Paciente com indicação para ostomia 127 Urina com aspecto alterado 128 Achados nos exames laboratoriais do portador de doença crônica 129 Cansaço 130 Dor na região posterior dos rins 131 Alimentação contendo carboidrato e proteína biológica 132 Enfermeira oferecendo assistência humanizada 133 Atribuições do enfermeiro na terapia renal substitutiva 134 Assistência de saúde ao sistema urinário 135 Assistência infusional de enfermagem 136 Equipe multiprofissional de saúde 137 Cuidados com os rins 138 Amostra de sangue 139 Idoso suscetível 140 Humanização da assistência 141 UNIDADE 5 Vírus do HIV 145 Fita dupla do DNA 146 Atenção aos preservativos 147 Fases do HIV 148 Temperatura elevada no termômetro 149 Coleta de sangue para exames laboratoriais 150 Bacilos 151 Vacina para todos 152 Microscópio 153 Enfermeiro auxiliando 154 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Cólicas abdominais 155 Pensamento e análise 156 Tosse 157 Notificação 158 Elevação da temperatura 159 Mosquito da dengue 160 Fases da dengue 161 Cefaleia 162 Células do sangue 163 Ingestão de líquidos 165 Inseto picando uma pele 166 Fases da malária 167 Mal-estar 167 Medicamentos 168 Consulta médica 170 Identificação de pessoas 171 UNIDADE 6 Teste rápido para detecção de IST 175 Conversa entre profissional e cliente 176 Preocupação com a saúde sexual 177 Sorriso e descontração para quebrar o gelo 178 Rastreamento de IST 179 Coleta de exames laboratoriais 180 Convocação 182 Envio de e-mail 183 Apresentação do cliente 184 Quebra de vínculo entre parceiros 185 Possibilidades de abordagem a parceiros sexuais 185 Atenção 187 Mandala da prevenção combinada 188 Vacinação 190 Preservativo 191 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Análise laboratorial de microrganismos 192 Saudável 193 Amostra de sangue para exame laboratorial 195 Preparo de medicamento intramuscular 196 Preocupação com a saúde genital 197 Febre e mal-estar 198 Menstruação 199 HIV 200 Início 201 Vírus 203 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MECnº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1UNIDADE SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 13 1. REDE DE ATENÇÃO A PACIENTES CRÔNICOS E OBESIDADE COMO FATOR DE RISCO 15 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 15 1.1 REDE DE ATENÇÃO A PACIENTES CRÔNICOS 15 1.2 SOBREPESO E OBESIDADE COMO FATOR DE RISCO 33 2. DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) – PARTE 1 49 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 49 2.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA 49 2.2 DIABETES MELLITUS 66 3. DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) – PARTE 2 86 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 86 3.1 DOENÇAS CARDIOVASCULARES 86 3.2 DOENÇAS RESPIRATÓRIAS 97 4. DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) – PARTE 3 113 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 113 4.1 CÂNCERES 113 4.2 DOENÇA RENAL CRÔNICA 127 5. DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS 144 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 144 5.1 HIV/AIDS E TUBERCULOSE 144 5.2 DENGUE E MALÁRIA 159 6. INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST) 174 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 174 6.1 MANEJO DAS IST 174 6.2 PRINCIPAIS IST 191 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 12 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA De maneira geral, esta disciplina poderá proporcionar uma reflexão acerca da assistência de enfermagem para pessoas adultas, de modo a apresentar as condições crônicas do processo saúde-doença-cuidado desde o panora- ma epidemiológico, as intervenções de enfermagem, a promoção e a pre- venção à saúde até os modelos assistenciais pautados nas recomendações dos principais órgãos responsáveis pela saúde. Ressalta-se que o papel de profissionais de enfermagem requer o direcionamento da formação como base estruturante para que possam atuar nos desafios do mundo de trabalho e acompanhem o desenvolvimento da população de acordo com as transfor- mações do mundo e a necessidade de indivíduos na vida adulta, de modo a minimizar os riscos e os agravos à saúde. Esperamos que até o final da disciplina você possa: • Apreender a saúde da pessoa adulta, a organização do processo de trabalho e a atuação da equipe de saúde, com enforque na equipe de enfermagem. • Identificar os princípios básicos das doenças mais prevalentes na vida adulta. • Conhecer e refletir sobre o processo de enfermagem direcionado para as principais doenças crônicas não transmissíveis e transmissíveis que acometem os ciclos adulto e senil. Antes de iniciar a leitura, pare um instante e reflita sobre algumas questões: a que você, enquanto profissional, deverá se atentar na assistência à saúde de pessoas adultas? Com quais desafios poderá se deparar? Não se preocupe. Não é necessário responder de imediato a essas questões. Esperamos que, até o final dos estudos, você tenha respostas e formule ou- tras perguntas. UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 14 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I > Compreender a organização do trabalho na rede de atenção a pacientes crônicos. > Reconhecer o sobrepeso e a obesidade como fatores de risco para desenvolvimento de doenças crônicas e conhecer a abordagem intervencionista da enfermagem. 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I 1. REDE DE ATENÇÃO A PACIENTES CRÔNICOS E OBESIDADE COMO FATOR DE RISCO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará uma reflexão sobre a necessidade de saúde para in- divíduos adultos e quais transformações pelas quais a população passou aos longos dos anos no sentido de impactar a assistência de saúde prestada e esperada. No primeiro momento, trataremos dos aspectos epidemiológicos da popu- lação com a finalidade de compreender detalhadamente o panorama das principais doenças e dos agravos à saúde que apresentam maior prevalência na população. Na sequência, compreenderemos os fatores de risco que podem levar à cro- nicidade da doença, isto é, o que pode condicionar ou determinar que uma doença tenha um longo curso de desenvolvimento, tratamento e reabilita- ção. Sabendo das transformações de um mundo globalizado, vamos falar do sobrepeso e da obesidade. Nessa direção, refletiremos sobre os fatores de ris- co que ocasionam essa condição e como evitar as possíveis complicações. Assim, vamos nos aprofundar no papel profissional da enfermagem, ou seja, como deverá ser a abordagem em tal cenário de saúde e das doenças crôni- cas. A assistência de enfermagem servirá como subsídio para a atuação de profissionais da equipe multidisciplinar e como protagonista no processo de gerenciamento do cuidado com doentes crônicos. 1.1 REDE DE ATENÇÃO A PACIENTES CRÔNICOS A rede de atenção a pacientes crônicos está baseada na compreensão da cau- salidade dos agravos e estruturada nas ações de prevenção e de promoção da saúde para que impacte diretamente os riscos de complicações que gera- riam mais demandas de saúde, gastos com internações, além de aumentar a morbidade e a mortalidade de pessoas na fase adulta. 16 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.1.1 EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são o maior problema de saú- de global. Além do impacto econômico nas famílias, nas comunidades e na sociedade em geral, as DCNT estão associadas a mortes prematuras substan- ciais e à qualidade de vida reduzida, bem como a altos níveis de limitação e incapacidade (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018). O Ministério da Saúde (MS) apresentou o mais atual cenário das DCNT no país e enfatizou a importância do engajamento da saúde pública em garantir metas regionais e globais com o envolvimento do governo federal e da socie- dade civil para o enfrentamento desse agravo (MINISTÉRIO…, 2021). ENGAJAMENTO DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: profissionais da saúde em reunião, aplaudindo um discurso. Esse órgão apresentou preocupação com o cenário atual, que revela a mortali- dade de, aproximadamente, 41 milhões de pessoas a cada ano. Esse quantita- tivo representa 71% de todas as mortes no mundo. Desse modo, é prioritário o foco da assistência à saúde em manter a vigilância nesse agravo e, consequen- temente, o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS), que consiste na porta de entrada de usuários ao sistema público de saúde (MINISTÉRIO…, 2021). 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I Mortalidade: número de óbitos ocorridos ao longo de um ano. Esse indicador é calculado a cada mil habitantes e reflete a relação entre o número de mortes anuais e de habitantes de determinado local. Morbidade: conjunto de pessoas que adquirem doenças (ou determinadas doenças) em dado intervalo de tempo, em determinada população. Representa o comportamento das doenças e dos agravos à saúde na população. Com base nisso, as DCNT são caracterizadas por múltiplas etiologias, variados fatores de risco, longo período de incubação, longo curso e origem não infec- ciosa também porque estão associadas a disfunção, incapacidade e cronici- dade (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018). A literatura se aprofunda em outras características da DCNT, como: longa história natural, interação entre a causalidade, causalidade inicial desconhe- cida, inespecificidade, longo período de desenvolvimento da doença como assintomática, progressão lenta e permanente, manifestações de sinais e sin-tomas brandos ou severos, dano celular irreversível e com terminalidade na incapacidade funcional, podendo aumentar a mortalidade (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018). De modo geral, os padrões de mortalidade e morbidade da população no país sofreram grandes mudanças nas últimas décadas devido aos processos de transição epidemiológica, demográfica e nutricional (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018). No que diz respeito à transição epidemiológica, pode-se observar que hou- ve queda acentuada das doenças transmissíveis ou parasitárias e aumento das doenças não transmissíveis, de acidentes e de violência (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018). Outro fato interessante é que houve declínio da mortalidade precoce e da fertilidade, bem como aumento da expectativa de vida ao nas- cer e da população idosa, que contribuem tanto para a transição epidemioló- gica quanto demográfica (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018). Com relação à transição demográfica, observa-se que o Brasil está mudan- do ligeiramente a estrutura etária e em breve terá uma pirâmide etária se- 18 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 melhante à dos países europeus, que representa a maior parte da população com idade acima de 60 anos. Essas mudanças gerarão desafios para todos os setores que prestam serviços à população, exigindo repensar os serviços es- senciais. Nessa perspectiva, o aumento da população idosa poderá acarretar o crescimento da carga de doenças, em especial das doenças crônicas (ROU- QUAYROL; GURGEL, 2018). Conheça a pirâmide etária da população brasileira de 1980 até as projeções para 2050. Acesse a notícia e saiba mais! Link. Na sequência, a transição nutricional, que aconteceu muito rapidamente nas últimas décadas, com taxas decrescentes de desnutrição infantil e adulta, e em contrapartida o aumento significativo da população que apresenta so- brepeso e obesidade. Todas as notícias e literaturas apontam que a proporção de pessoas adultas com excesso de peso aumentou gradativamente, o que não era visto antes (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018). A OBESIDADE E OS PRINCIPAIS RISCOS À SAÚDE Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: profissional da saúde avaliando pessoa com sobrepeso com balança e fita métrica. Ao redor, círculos indicando: acometimento osteomuscular, gastrointestinal, cardiovascular e hidratação. https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/piramide-etaria-populacao-brasileira.htm 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I Por outro lado, discute-se que determinantes sociais, tais como renda, gêne- ro, raça, educação e ocupação se relacionam à prevalência e aos fatores de ris- co para esse agravo. Desse modo, as transições demográfica, epidemiológica e nutricional, assim como os processos de urbanização, crescimento econô- mico e social, resultaram em uma população com maior risco de desenvol- ver doenças crônicas. Nesse contexto, grupos étnicos e raciais desfavorecidos economicamente são responsáveis pelo aumento da carga de doenças crôni- cas (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018; BRASIL, 2011). Um exemplo prático disso são doenças e agravos como diabetes mellitus, câncer, doenças circulatórias e doenças respiratórias crônicas que afetam in- divíduos, famílias e sistemas de saúde. Sob essa perspectiva, podem represen- tar gastos das famílias com DCNT e reduzem a disponibilidade de recursos para atender a necessidades básicas, como alimentação, moradia e educação (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018; BRASIL, 2011). Estima-se que 100 milhões de pessoas vivem em condição socioeconômica desfavorecida nessas condições e que isso pode gerar custos para os serviços de saúde. Sob essa ótica, no país, conta-se com o Sistema Único de Saúde (SUS) público e de acesso universal (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018; BRASIL, 2013; BRASIL, 2011). CONDIÇÕES ECONÔMICAS DESFAVORÁVEIS Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: mãos abrindo uma carteira e mostrando que ela está vazia. 20 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 No entanto, mesmo contando com o SUS, as famílias que requerem serviços assistenciais de saúde para doenças crônicas representam alto custo com a saúde, e esse fato está fortemente associado ao desemprego e à perda da produtividade na composição da renda familiar (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018; BRASIL, 2013; BRASIL, 2011). Esse alto custo com os serviços de saúde está relacionado ao fato de que as DCNT representam o principal motivo para as internações. Nesse aspecto, detalham-se os custos diretos, como tratamento médico, medicação, inter- nação, exames e procedimentos, fisioterapia e reabilitação, além de custos indiretos, como perda de produção e contribuição na renda familiar e absen- teísmo. Já os custos intangíveis são difíceis de estimar e se referem a renda familiar, cuidados informais, entre outros (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018). Na etiologia, referente às doenças crônicas, o modelo de compreensão se difere das demais categorias de doenças representando a multicausalidade como principal etiologia e modelo de associação. (ROUQUAYROL; GURGEL, 2018). Compreende-se multicausalidade como diversas causas que ocasio- nam a doença. Silva et al. (2003) expõem elementos que fazem parte do modelo da multi- causalidade. O primeiro, a biologia humana, constitui fatores do próprio orga- nismo e o fato de ele se adaptar ou não a um patógeno ou a uma condição clínica. O meio ambiente se refere ao meio externo em que a pessoa está in- serida, que podem ser fatores climáticos, condições econômicas e sociais. Na sequência, o estilo de vida representa as escolhas que podem determinar a condição social ou cultural. Por fim, a organização da atenção à saúde repre- senta o acesso, a disponibilidade e os serviços de saúde oferecidos com base na qualidade. 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I REPRESENTAÇÃO DE QUALIDADE Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: pessoas debatendo e apontando ícones que representam qualidade, como relatórios, indicadores e gráficos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) expõe a complexidade da compre- ensão das doenças e identifica elementos como 1. determinantes e condicionantes socioeconômicas, culturais e ambientais; 2. fatores não modificáveis; 3. fatores de risco modificáveis (WHO, 2005). MULTICAUSALIDADE DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS MULTICAUSALIDADE DAS DCNT Genética Idade Tabagismo Alimentação Álcool Inatividade física Fatores modificáveis Fatores não modificáveis Determinantes sociais da saúde Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: esquema representando a multicausalidade das DCNT, com base nos Determinantes Sociais da Saúde. Fatores não modificáveis: genética e idade. Fatores modificáveis: tabagismo, alimentação, álcool e inatividade física. 22 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 • Tabagismo Cerca de 6 milhões de pessoas morrem a cada ano em razão do uso do tabaco, tanto por utilização direta como por fumo passivo. • Alimentação inadequada O grande consumo de sal e a alta ingestão de gorduras saturadas são importantes determinantes de hipertensão e de problemas cardiovasculares. • Álcool Cerca de 2,3 milhões de pessoas morrem a cada ano em virtude do consumo nocivo de álcool, correspondendo a 3,8% de todas as mortes do mundo. • Inatividade física Estima-se que 3,2 milhões de pessoas morram a cada ano devido à inatividade física (WHO, 2010). O modelo representado demonstra a direção para a promoção da saúde para profissionais da saúde, tanto para conhecimento da causalidade como tam- bém para eixos direcionadoresdas ações de controle e de prevenção das DCNT. Atualmente, são enfrentados outros riscos à saúde, como obesidade e sobre- peso, que ainda não foram superados. Desse modo, a promoção da saúde e a prevenção impactam diretamente a saúde e diminuem o risco de doenças não transmissíveis, além de baixar os custos relativos aos agravos das DCNT. 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I DIMINUIÇÃO DE GASTOS DAS DEMANDAS DAS DCNT Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: ilustração cofre de dinheiro em formato de porquinho sendo quebrado por uma seta para baixo, que representa um declínio. Algumas pessoas têm a concepção de que as DCNT abrangem apenas um grupo específico da população, mas isso não é verdade. Conheça nove mitos e verdades em relação às DCNT. Acesse a matéria no link a seguir e saiba mais! Link. 1.1.2 ASSISTÊNCIA E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO A organização da Rede de Atenção (Assistência) às Pessoas com Doenças Crônicas se configura como o principal desafio da gestão do SUS. Atualmen- te, observa-se a fragmentação da disposição dos serviços prestados, da dis- ponibilidade de programas de saúde e de práticas assistenciais, ocasionan- do o distanciamento entre os serviços ofertados e a necessidade das pessoas (BRASIL, 2013). https://vidaequilibrio.com.br/9-mitos-e-verdades-sobre-as-doencas-cronicas 24 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Desse modo, os objetivos da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crô- nicas são: 1. Fomentar a mudança do modelo de atenção à saúde, fortalecendo o cuidado às pessoas com doenças crônicas. 2. Garantir o cuidado integral às pessoas com doenças crônicas. 3. Impactar positivamente nos indicadores relacionados às doenças crônicas. 4. Contribuir para a promoção da saúde da população e prevenir o desenvolvimento das doenças crônicas e suas complicações. (BRASIL, 2013 p. 11) O Ministério da Saúde (MS) reafirma o compromisso em manter como priori- dade a rede organizada e direcionada para os seguintes eixos temáticos: EIXOS TEMÁTICOS PRIORITÁRIOS DAS DCNT EIXOS PRIORITÁRIOS DAS DCNT 1. Doenças renocardiovasculares 2. Diabetes 3. Obesidade 4. Doenças respiratórias crônicas 5. Câncer de mama e de colo do útero Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: esquema dos eixos prioritários da DCNT: 1. Doenças renocardiovasculares; 2. Diabetes; 3. Obesidade; 4. Doenças respiratórias crônicas; 5. Câncer de mama e de colo do útero. Com base nesses eixos prioritários, devem ser desenvolvidas as linhas para os cuidados e para a prevenção dos fatores de riscos que antecedem esses agra- vos. A organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS) é guiada pelo modelo de atenção à saúde, isto é, o modo como a RAS se organiza segue as relações obtidas entre a população com foco na intervenção específica do sistema ou da necessidade dos indivíduos (BRASIL, 2013). 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I Redes de Atenção à Saúde (RAS): são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado (BRASIL, 2010). Partindo desse pressuposto, para o melhor funcionamento da RAS é neces- sária uma intervenção com foco nas doenças agudas e crônicas, construindo uma intersetorialidade para a promoção da saúde, englobando a oferta de serviços considerando os riscos de vulnerabilidade das pessoas, da família e da coletividade com a intenção de qualificar e fortalecer as ações de controle das doenças crônicas (BRASIL, 2013). Nessa vertente, Mendes (2012) propõe o Modelo de Atenção às Condições Crô- nicas (MACC), conforme representado a seguir. MODELO DE ATENÇÃO À CONDIÇÕES CRÔNICAS (MACC) MACC Nível 1: intervenção de promoção à saúde Nível 2: intervenções de prevenção das condições crônicas Nível 3: gestão da condição de saúde Nível 4: gestão da condição de saúde Nível 5: gestão do caso Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: modelo de atenção às condições crônicas. Nível 1: intervenção de promoção à saúde. Nível 2: intervenções de prevenção das condições crônicas. Nível 3: gestão da condição de saúde. Nível 4: gestão da condição de saúde. Nível 5: gestão do caso. 26 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O nível 1 do MACC corresponde à população total e à acessibilidade desta aos serviços de saúde. Destacam-se as ações que promovem a saúde por meio da comunicação entre os setores de saúde. No nível 2, as subpopulações são estratificadas de acordo com os riscos relacionados a estilo de vida e compor- tamentos, isto é, as ações de saúde com foco na prevenção dos riscos. Dessa forma, a prevenção tem foco na modificação dos fatores de risco. Nesse nível destacam-se as ações: “saúde na escola” e “academia da saúde”, que são ini- ciativas do MS para alterações de comportamento e que integram a Rede de Cuidado às Pessoas com Doenças Crônicas (BRASIL, 2013). Já no nível 3 está a doença crônica instalada. Nesse nível se concentram as condições de baixo e médio riscos, com ações de apoio à população ou aten- ção individualizada provenientes da atenção básica. Na sequência (nível 4), a população de alto risco, com necessidade de cuidados especializados volta- dos para a condição crônica correspondente (BRASIL, 2013). Por fim, no último nível (Nível 5), está a população com casos complexos que consomem todos os recursos provenientes da rede, com planos de cuidados singulares e, principalmente, ferramentas de gestão, como fluxogramas de atendimento e diretrizes clínicas para atendimento (BRASIL, 2013). Em relação aos pontos de atenção que podem prestar assistência a pacientes crônicos, eles são constituídos de: 1) Atenção Básica à Saúde: ordenadora da rede com potencial para identificar os problemas de saúde e estratificar o risco; 2) atenção ambulatorial especializada e atenção hospitalar: nesse con- texto, a atenção se dá por especialistas com foco na condição crônica, ressal- tando a comunicação entre esse ponto de atenção e a atenção básica, para que não haja atuação fragmentada; 3) sistemas logísticos: representam os transportes (ambulâncias) e os meios eletrônicos de informação clínica para garantir o acesso quando se trata de urgência e compartilhamento de infor- mações de saúde (BRASIL, 2013). 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I AMBULÂNCIA Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: ambulância estacionada em uma vaga. Para o atendimento integral, o MS destaca o papel da atenção básica, que acompanha pacientes em todos os níveis, desde a identificação da necessi- dade, os próximos atendimentos, mesmo em outro setor, até a continuidade do acompanhamento. Com relação à estratificação de risco, o MS aponta o conhecimento profundo da população atendida para a organização do fluxo de atendimento nos outros se- tores, possibilitando a organização da consulta e dos procedimentos realizados. Estratificação de risco na prática: conheça como ocorre a estratificação de risco das condições crônicas na Atenção Básica, na perspectiva de profissionais de saúde. Acesso o vídeo e veja o relato profissional aqui. https://www.youtube.com/watch?v=SxSpwENZDVY 28 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.1.3 EDUCAÇÃO PERMANENTE No cenário da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas,é neces- sária a qualificação profissional para a atuação. É imprescindível que as estra- tégias educacionais valorizem a equipe profissional e a bagagem que detém com base na experiência e no conhecimento prévio (BRASIL, 2013). A Educação Permanente em Saúde (EPS) significa a aprendizagem para lidar com os desafios e as ações que poderão surgir no ambiente de trabalho, com foco na transformação da realidade. Desse modo, permite a reflexão sobre o processo de trabalho, a identificação da autogestão do conhecimento e o tra- balho em equipe (BRASIL, 2018). PROCESSO DE TRABALHO Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: profissionais segurando uma engrenagem. Recomenda-se a utilização da aprendizagem baseada em problemas, da aprendizagem significativa e estruturada na resolução de problemas em gru- po compostos pela equipe profissional (BRASIL, 2013). A estratégia educacional tradicional deve ser superada para romper o para- digma da fragmentação do conhecimento de cada profissional, permeando, assim, a aprendizagem eficaz para a implementação de diretrizes clínicas e promovendo a indissociabilidade entre a teoria e a prática, para que exista diálogo entre as categorias profissionais (BRASIL, 2013). 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I EDUCAÇÃO PERMANENTE DIALÓGICA Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: reunião com profissionais sentados em uma mesa, dialogando. Com vistas às necessidades de qualificação profissional, o Ministério da Saúde (MS) propõe a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNPS), que vem ao encontro das remodelações constantes que o setor de saúde deve deter para o acompanhamento do desenvolvimento da população e das necessidades de saúde (BRASIL, 2018). Como um elemento essencial do aprimoramento profissional, destaca-se a inovação da educação em saúde por meio de laboratórios. A inovação em saúde constitui um processo que resulta na melhoria dos atendimentos pres- tados, enfatizando avanços, novas práticas e maneiras de atender à popula- ção (BRASIL, 2018). 30 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 MELHORIA COLABORATIVA Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: cubos com desenhos de seta. A ponta da seta está sendo colocada por uma mão. Laboratórios de inovação: espaços de produção de evidências de boa gestão, a partir de práticas inovadoras desenvolvidas por gestões do SUS e de outros países, inicialmente abordando o tema Redes de Atenção à Saúde e coordenadas pela Atenção Primária à Saúde, focando processos inovadores que induzem a melhores resultados em saúde. Acesse o site para saber mais dessa ferramenta. Link. Laboratório de inovação em educação na saúde se configura como uma es- tratégia complementar para educar profissionais de saúde, implementar po- líticas e iniciativas de saúde e debater os processos de trabalho com base em evidências clínicas (BRASIL, 2018). https://apsredes.org/laboratorio-de-inovacao/ 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I Os debates profissionais são espaços que permeiam as trocas de saberes pro- fissionais e coletas de informações. Eles permitem a ampliação e a reflexão acerca dos desafios encontrados na prática, resultando em medidas que au- xiliam a busca por soluções. TROCA DE INFORMAÇÕES Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: ilustração de duas pessoas conversando, com balões representando as falas. Além disso, essa troca de saberes permite um mecanismo para a troca de conhecimentos e experiências significativas, sobre a realidade local e as ino- vações na resolução de estudos de caso. Segundo Brasil (2018, p. 34), durante anos diversos temas foram abordados nos laboratórios de inovação, como: 1. Redes de Atenção à Saúde; 2. Atenção Primária à Saúde (APS); 3. gestão participativa dos serviços de saúde; 4. atenção domiciliar; e 5. manejo das doenças crônicas na APS. O produto resultante dos laboratórios consiste em tomada de decisão, altera- ção das práticas locais, adoção de medidas inovadoras e compartilhamento de experiências de sucesso. Dessa forma, a discussão profissional nesses es- 32 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 paços também pode ressoar na mudança das políticas de saúde em âmbito nacional pelo envolvimento de gestores de saúde, experts no assunto e atores envolvidos na produção de saúde. As experiências de sucesso precisam ser compartilhadas nacionalmente como um entendimento do conhecimento produzido que qualificará ainda mais as políticas, os programas e as iniciativas de saúde. Dentre essas experiências, destacam-se três eixos temáticos: integração en- sino-serviço-comunidade; educação e práticas interprofissionais; e gestão da política de educação permanente em saúde: Integração ensino-serviço-comunidade: Este eixo parte do entendimento de que a EPS guarda uma interface importante com o sistema de ensino. Levando em consideração o potencial formativo dos serviços de saúde e a capacidade como contribuição, das instituições de ensino, destaca- se a importância da articulação das ações de integração para redefinir e refletir sobre as práticas docente-assistencial. Nesse sentido, este eixo agrupa as experiências que demonstram a relação entre as instituições de ensino (docentes e estudantes), serviços de saúde (gestores, profissionais e trabalhadores) e comunidade (usuários e cidadãos), como um espaço de aprendizagem nas experiências de formação profissional. Educação e práticas interprofissionais: Diante do reconhecimento do tema da Educação Interprofissional na realidade do SUS e de sua aproximação com os pressupostos da PNEPS, enquanto dispositivo que se dialoga com as bases do sistema educacional e sistema de saúde brasileiro, este eixo busca identificar experiências que se utilizam da Educação e práticas interprofissionais, com vistas a melhorar as respostas dos serviços às necessidades e a qualidade da atenção à saúde. Gestão da Política de Educação Permanente em Saúde: Este eixo incorpora as experiências que se caracterizam pela capacidade de formular, implementar e avaliar a PNEPS nas áreas técnica, financeira e administrativa e o desempenho nos diferentes níveis – estadual e municipal. (BRASIL, 2018 p. 36) Após a realização dos laboratórios de inovação em saúde, o MS publica perio- dicamente as ações exitosas para que as demais realidades tenham acesso, inspirem-se e as coloquem as sugestões em prática, quando for viável. Todos os eixos explanados anteriormente, são avaliados quanto aos resultados. 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I Práticas de educação permanente em saúde (EPS): conheça um documento com o compartilhamento dos desafios e dos avanços dos processos de EPS essenciais para a resposta oportuna e resolutiva do setor às necessidades de saúde da população. Acesse o documento aqui. 1.2 SOBREPESO E OBESIDADE COMO FATOR DE RISCO Atualmente, observa-se aumento no quantitativo de pessoas com sobrepeso ou obesidade. O MS demonstra preocupação em atuar nessa vertente por pacientes que são atendidos na Atenção Primária à Saúde (APS), o que repre- senta 60% de toda a população (BRASIL, 2021). Observa-se que a assistência prestada à população com sobrepeso é incipien- te quanto à avaliação individual, o que ocasiona o aumento das taxas de obe- sidade e, consequentemente, o crescimento da hipertensão e da obesidade instalada ou em desenvolvimento com esse fator de risco (BRASIL, 2021). No país, gastos com doenças como diabete e hipertensão ultrapassaramR$ 3 bilhões em 2018, divididos em 11%, correspondentes ao tratamento de obe- sidade (BRASIL, 2021). 1.2.1 PESSOA ADULTA SAUDÁVEL E DESAFIOS PARA A OBESIDADE As características humanas dos tempos atuais têm demonstrado alterações na distribuição demográfica pelo aumento da expectativa de vida e pela maior proporção da população idosa (CATANDUVA, 2019). https://apsredes.org/wp-content/uploads/2018/07/NavegadorSUS-WEB-INTER.pdf 34 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 PESSOAS IDOSAS ATIVAS Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: ilustração de quatro pessoas idosas representando atividades, com um taco de golfe, uma bolsa, acenando e sorrindo. Diante disso, a APS, pela natureza de se configurar como porta de entrada de usuários ao sistema de saúde, tem a complexidade de compreender as pessoas e realizar promoção à saúde com foco nos agravos que acometem indivíduo, família e coletividade (CATANDUVA, 2019). Nesse sentido, as intervenções de saúde devem ir ao encontro dos indicado- res de morbidade e mortalidade, bem como dos fatores de risco que podem determinar uma doença (CATANDUVA, 2019). 35 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I ENTREVISTA PROFISSIONAL PARA IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE RISCO Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: profissional com uma prancheta na mão entrevistando paciente. Para a assistência de enfermagem nesse nível de atenção é imprescindível que o profissional reconheça quais são os fatores de risco e vulnerabilidades do adulto para que seja planejada a assistência (CATANDUVA , 2019). O comportamento humano atual, outra vertente, está baseado no consumis- mo e necessidade de satisfação dos prazeres rápidos e resposta imediatas, que favorecem maus hábitos de vida e refletem no estado de saúde (CATAN- DUVA, 2019). 36 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONSUMISMO Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: mulher segurando sacolas e mexendo no celular, representando o consumismo. A manutenção dos hábitos saudáveis está relacionada com os desafios de vida, como trabalho, família, socialização e lazer. A combinação desses desa- fios se reflete na saúde física, mental, social e espiritual. Por esse motivo, é necessário se manter vigilante para esses fatores, que são riscos para a saúde Na tentativa de identificar esses fatores, a intenção de profissional de saúde deve ser modificá-los em tempo oportuno, antes que ocorra o aparecimento de doenças e agravos à saúde (CATANDUVA, 2019). A tentativa deve englobar ações de promoção da alimentação saudável, prá- tica de atividade física e de controle do tabagismo, por exemplo, incluem três vertentes: incentivo, proteção e apoio A Atenção Primária à Saúde é o espaço de destaque para a mudança do estilo de vida em breve momento, para que isso se reflita em toda a família, a vida adulta e a velhice, por meio do incentivo e do apoio à adoção de hábitos alimentares e à promoção da atividade física em período regular (CATANDUVA, 2019). Além de hábitos alimentares, uma pessoa adulta saudável deve controlar o peso corporal, realizar recreação e atividade físicas, não fazer uso de tabaco e 37 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I bebidas alcóolicas nem de substâncias que possam ser prejudiciais ao orga- nismo (CATANDUVA, 2019). Partindo do pressuposto da educação em saúde como estratégia para a pro- moção de uma vida saudável, pode-se considerar que esta ocorra ainda no período da infância. A alimentação saudável incluída no desenvolvimento da criança tem um impacto que determina a rotina e os costumes da vida adulta (FUNDAÇÃO JULITA, 2017). CRIANÇA SE ALIMENTANDO DE MANEIRA SAUDÁVEL Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: criança comendo cereais e segurando uma banana como se fosse um telefone. Nesse âmbito, a criança que não aprendeu sobre a alimentação saudável não crescerá e não se desenvolverá adequadamente para a faixa etária. Desse modo, é necessário intervir com a conscientização e sensibilização da família para o controle dos fatores de riscos ainda na infância (FUNDAÇÃO JULITA, 2017). Algumas escolas, com o apoio da APS, podem compor a merenda escolar com alimentos saudáveis, como frutas, verduras e alimentos ricos em nutrien- tes. Como ingredientes de baixo custo se destacam verduras e hortaliças, que podem ser inseridas na alimentação para o estabelecimento de um estilo de 38 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 vida saudável. Recomenda-se a criação de espaços como hortas caseiras ou comunitárias para estreitar a relação de acesso a esses alimentos e estimular o consumo (FUNDAÇÃO JULITA, 2017). Alimentação saudável para crianças: conheça algumas orientações para a criação de bons hábitos para crianças. Acesse o vídeo e acompanhe as indicações aqui. 1.2.2 AÇÕES PARA O SOBREPESO E A OBESIDADE As ações em saúde para o sobrepeso e obesidade estão pautadas no diagnós- tico proveniente dos serviços da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Para tanto, é necessário compreender os elementos que dão suporte a esses agravos e condições de saúde: Infraestrutura: Disponibilidade de serviços com salas amplas; salas para realização de atividades coletivas; disponibilização de rampas de acesso. Ainda, sugere-se avaliar a disponibilidade de serviços com horário estendido de atendimento, condição que poderá facilitar a execução das atividades. Equipamentos: balanças adequadas (com capacidade superior a 200kg), estadiômetro, fita métrica, esfigmomanômetro adequado às pessoas com obesidade, estetoscópio e outros equipamentos para exame clínico; cadeiras adequadas nas salas de espera, macas e cadeiras ginecológicas e odontológicas adequadas. Tecnologia da informação: equipamentos como computador, disponibilidade de rede de internet, impressoras, sistemas informatizados disponíveis (e-SUS AB, prontuário eletrônico etc.). Além disso, equipamentos para implantação de telemedicina poderão auxiliar na assistência e na regulação do município e/ ou região de saúde, especialmente em territórios com barreiras de acessibilidade. (BRASIL, 2021, p. 22) https://www.youtube.com/watch?v=cJS7vzd12Kg 39 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I EQUIPAMENTOS PARA MENSURAÇÃO DE PESO Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: pesagem em uma balança e fita métrica envolta nos pés. Diante da complexidade do atendimento a pessoas com sobrepeso e obesi- dade, é necessário que a gestão local realize a identificação desse agravo na população com a finalidade de organizar a Linha de Cuidado do Sobrepeso e Obesidade, permitindo o estabelecimento da integralidade para essas pessoas. Recomenda-se a articulação entre os setores da RAS para o melhor funciona- mento das ações, considerando os níveis de atenção, os serviços de referência, a disponibilidade e o encaminhamento para consultas e exames para essa demanda advinda da população (BRASIL, 2021). Profissionais devem realizar a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN), que consiste na identificação de fatores de risco ou tendências de alimentação e nutrição da população. Para tanto, na oportunidade de contato, profissionais devem se atentar a esse agravo, identificando precocemente algum compor- tamento inadequado que possa acarretar o excesso de peso e a obesidade (BRASIL, 2021). Como uma intervenção inicial, a mensuração dos dados de peso, de altura e de preferência alimentar podem organizaro processo de trabalho e, subse- quentemente, a continuidade do cuidado com pessoas que necessitem de 40 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 apoio, de maneira coletiva, para uma intervenção de qualidade (BRASIL, 2021). Para o atendimento dessa população específica, o MS recomenda a utiliza- ção da ferramenta 5As. Esse método se refere a cinco palavras que traduzem ações que direcionam a abordagem profissional: 1) Aborde/Pergunte; 2) Ava- lie; 3) Aconselhe; 4) Acorde; e 5) Ajude (BRASIL, 2021). FERRAMENTA 5AS FERRAMENTA 5As 1) Aborde/Pergunte 2) Avalie 3) Aconselhe 4) Acorde 5) Ajude Fonte: elaborado pela autora (2023). #pratodosverem: Ferramenta 5As. 1) Aborde/Pergunte, 2) Avalie; 3) Aconselhe; 4) Acorde; 5) Ajude. Na etapa 1, profissionais devem abordar e investigar se a pessoa tem interesse em falar sobre o peso e se aquele é um bom momento para pensar em mu- danças. É necessário que ocorra a permissão em falar sobre esse assunto e a tranquilidade de que não é uma questão tão complexa (BRASIL, 2021). Ao realizar a adoção de hábitos saudáveis, se não houver motivação, a pessoa poderá ficar frustrada, assim como quem prestar o atendimento. Por esse motivo, a escuta lapidada e compreensiva, livre de julgamentos, pode resultar em uma boa troca e estabelecimento de vínculo. Além disso, considere a pos- sibilidade de a pessoa já ter realizado tratamento em outro momento ou até mesmo estar realizando mudanças nos hábitos (BRASIL, 2021). É possível que a pessoa que está buscando tratamento já tenha iniciado um processo de mudanças antes mesmo de conversar com profissionais de saú- de. É necessário enfatizar também que o processo de cuidado das pessoas 41 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I com obesidade se inicia com a criação de práticas favoráveis. Por isso, avalie as instalações físicas da unidade de saúde, os equipamentos e os materiais utilizados e o quanto eles fazem pacientes nessas condições sentirem acolhi- mento ou exclusão nos serviços de saúde (BRASIL, 2021). AH NÃO! AH NÃO! Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: ilustração de mulher com as mãos na cabeça e pensando: “Ah, não!”. Na etapa 2, com a avaliação dos riscos relacionados à obesidade e às princi- pais raízes, profissionais devem avaliar as complicações e principalmente as barreiras que poderão impedir a perda de peso. Observe os aspectos econô- micos, sociais, ambientais, emocionais e biológicos (BRASIL, 2021). Já na terceira etapa, no que tange ao aconselhamento, profissionais devem orientar sobre os riscos de acometimento à saúde e possibilitar tratamentos adequados com base na preferência de pacientes. Essa etapa é importante, pois não foca apenas a perda de peso, e sim a transformação de padrões no comportamento, que poderão ser ofertados para a promoção da saúde, refe- rente a alimentação, atividade física, acompanhamento psicoterápico e ações específicas em outros pontos da RAS (BRASIL, 2021). A quarta etapa diz respeito ao acordo estabelecido com a pessoa para a ob- tenção de resultados de saúde e metas de mudanças de comportamento. Ressalte que a mudança de comportamento poderá impactar o peso e gerar mais resultados ao longo do tempo. Converse sobre metas de perda de peso que são atingíveis (BRASIL, 2021). 42 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A última etapa consiste em fornecer ajuda quanto ao acesso a recursos de saúde diante da condição clínica instalada. Enfatize que o acompanhamento profissional não se encerra na orientação fornecida e que pode haver conti- nuidade na contribuição para o autogerenciamento do peso (BRASIL, 2021). Nesse caso, profissionais devem planejar o acompanhamento por um lon- go período, de modo frequente, para que pacientes tenham contato com a equipe. Em casos de recuperação do peso, não significa que houve falha no tratamento, mas que isso pode ser tratado com naturalidade e pode ser o re- sultado esperado de uma condição crônica de saúde, em que o processo será diferenciado para cada pessoa (BRASIL, 2021). GANHO DE PESO Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: homem segurando no abdome, fazendo uma prega. Obesidade na APS: conheça algumas orientações para o fortalecimento da identificação da obesidade da APS. Confira aqui. https://www.youtube.com/watch?v=TBqktB5llS4 43 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I 1.2.3 ABORDAGEM DA EQUIPE DE ENFERMAGEM PARA SOBREPESO E OBESIDADE Com relação à abordagem da equipe de enfermagem, profissionais de enfer- magem devem incentivar a participação comunitária em ações que promo- vam a qualidade de vida da pessoa com sobrepeso ou obesidade (BRASIL, 2021). Profissionais devem também realizar orientações em saúde sobre alimenta- ção saudável, prevenção de excesso de peso e ações de vigilância nutricional. Nesse momento, pensando em sobrepeso e obesidade como fator de risco, isto é, antes que ocorram complicações (BRASIL, 2021). Durante a consulta de enfermagem, é possível solicitar exames complemen- tares se houver estabelecimento no protocolo institucional e realizar a mensu- ração de medidas antropométricas (peso, altura e cálculo do índice de massa corpórea) (BRASIL, 2021). COLETA DE SANGUE Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: profissional da saúde realizando a coleta de sangue para exames. Quando houver necessidade, profissionais de enfermagem podem encami- nhar pacientes ao nível especializado, a serviços clínicos ou de nutrição. Após 44 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 o encaminhamento, devem controlar os agravos à saúde, atuar a partir da contrarreferência e coordenar as ações de educação permanente da equipe, supervisionando o caso e participando de reuniões para o planejamento das intervenções como membro da equipe multidisciplinar (BRASIL, 2021). Para identificar a necessidade de pacientes, profissionais de enfermagem ou a equipe de enfermagem podem realizar a captação diante de uma deman- da espontânea que compareceu à Unidade Básica de Saúde (UBS) ou abor- dar esse tema durante as consultas programáticas, bem como a busca ativa de casos que apresentam riscos (BRASIL, 2021). CONSULTA DE ENFERMAGEM Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: enfermeira realizando consulta de paciente e mostrando dados em uma prancheta. A consulta inicial pode ser realizada por profissionais de enfermagem a partir do interesse manifestado por pacientes para início da avaliação do estado nu- tricional e determinação dos riscos de desenvolvimento de doenças crônicas (BRASIL, 2021). Já o acompanhamento individualizado pode ser realizado por profissionais de enfermagem enquanto parte da equipe multidisciplinar, de maneira sistemática, estabelecendo metas e obtendo o cuidado comparti- lhado (BRASIL, 2021). 45 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: equipe multidisciplinar envolvida nos cuidados à saúde. Outra vertente de atuação da enfermagem é na promoção da saúde em gru- pos terapêuticos sistemáticos, que podem ter outra finalidade ou até mes- mo grupos direcionados para a promoção da alimentação saudável ou para o acompanhamento da obesidade (BRASIL, 2021). Em espaços coletivos, como é o caso de grupos terapêuticos, as ações devem ocorrer periodicamente, com o levantamento de temas que envolvam possi- bilidades da continuidade do hábito saudável,ou seja, a enfermagem pode propor medidas inovadoras que motivem e despertem o interesse de quem participa (BRASIL, 2021). Em face do exposto, de modo a qualificar a assistência prestada, a enferma- gem deve envolver toda a equipe de saúde nas ações de controle. Além dis- so, incluir na agenda de prioridades a serem trabalhadas, detalhar e registrar essas ações como identificação de riscos para o desenvolvimento de doenças crônicas (BRASIL, 2021). No monitoramento dessas ações, profissionais de enfermagem devem elen- car indicadores que possibilitem o acompanhamento das ações e verificar se objetivos estão sendo atingidos de acordo com a orientação do Ministério da Saúde (BRASIL, 2021). 46 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 MONITORAMENTO DE INDICADORES DE SAÚDE Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: homem monitorando dados no computador. Os indicadores podem ser mensurados quanto à quantidade e à qualidade. Por exemplo: cobertura de acompanhamento do estado nutricional e propor- ção de atendimentos individuais por problema ou condição avaliada obesi- dade, que devem conter metas esperadas, com progressividade ao longo da implementação de estratégias de abrangência da população (BRASIL, 2021). Essas informações referentes à situação alimentar e nutricional da popula- ção devem ser registradas por profissionais de enfermagem no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional para a geração de relatórios, orientações de políticas e programas de saúde, bem como o monitoramento dos casos acompanhados. Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN): conheça o sistema de acompanhamento, registro e avaliação dos dados de saúde sobre a alimentação e a nutrição da população. Acesse o site e fique por dentro. https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/ 47 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MATERIAL COMPLEMENTAR Para saber mais do tema, acesse: 1. SOARES, B. K. P. et al. Impactos das tecnologias de informação e comunicação como estraté- gia de educação permanente em saúde para os profissionais de enfermagem. Revista Ciência Plural, v. 8, n. 2, p. 1-18, 2022.. LINK. 2. SOARES FILHO, A. M.; DE FRANÇA, G. V. A.; MALTA, D. C. Tripla carga de doenças no Brasil, 1990- 2021: Mudanças, inflexões e o fator COVID-19. Revista Mineira de Enfermagem, v. 26, 2022. LINK. 3. MENDEZ, R. D. R. et al. Estratificação do risco cardiovascular entre hipertensos: influência de fatores de risco. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 71, p. 1985-91, 2018. LINK. 4. FRANZEN, E. et al. Adultos e idosos com doenças crônicas: implicações para o cuidado de en- fermagem. Revista HCPA, Porto Alegre, v. 27, n. 2, p. 28-31, 2007. LINK. 5. BRAGA, V. A. S. et al. Intervenções do enfermeiro às pessoas com obesidade na Atenção Primá- ria à Saúde: revisão integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 51, 2018. LINK. https://periodicos.ufrn.br/rcp/article/view/24770 https://periodicos.ufmg.br/index.php/reme/article/view/39410 https://www.scielo.br/j/reben/a/vzrNYZf4Cscs7MCqb9dDSxd/abstract/?lang=pt https://seer.ufrgs.br/index.php/hcpa/article/view/2045 https://www.scielo.br/j/reeusp/a/fWScZ4M8TSTD36sVYPMhrcb/abstract/?lang=pt UNIDADE 2 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 48 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I > Compreender os princípios básicos da hipertensão arterial sistêmica e conhecer os cuidados de enfermagem. > Compreender os princípios básicos do diabetes mellitus e conhecer os cuidados de enfermagem. 49 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I 2. DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) – PARTE 1 INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará uma reflexão sobre a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus, com relação aos princípios básicos desses agravos, como a fisiopatologia, que analisa a ocorrência no corpo humano, bem como as manifestações clínicas. Nos dias atuais observam-se mudanças no padrão de vida que propiciam maus hábitos de saúde, influências do meio externo e aumento da expec- tativa de vida. Com esses avanços, têm-se discutido a qualidade de vida, as possíveis doenças crônicas e as complicações decorrentes. No que tange ao trabalho do enfermeiro no cenário atual, surge a necessi- dade de ele estar apto a trabalhar com essas condições de saúde, visto que a ocorrência de novos casos tem se mantido crescente. Diante da cientificidade da profissão, espera-se que o enfermeiro tenha co- nhecimento para educar em saúde de forma assertiva e eficaz, preenchendo a lacuna do conhecimento do paciente e o tornando empoderado para atuar no autocuidado. 2.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde dos últimos anos, um número alto de adultos brasileiros tem hipertensão, representando 21,4% de todos os adultos, incluindo até mesmo aqueles indivíduos que usam anti-hipertensivo (BAR- ROSO et al., 2021). Esse agravo representou 1.312.663 óbitos, devido às complicações. Dentre elas destacam-se as doenças cardiovasculares, que podem ser desenvolvidas pela cronicidade. 50 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 2.1.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA A hipertensão arterial (HA) é uma doença crônica não infecciosa (DCNT) defi- nida como um nível de pressão arterial em que os benefícios do tratamento (não farmacológico ou farmacêutico) superam os riscos. É uma doença multi- fatorial, que depende de fatores genéticos/epigenéticos, ambientais e sociais (BARROSO et al., 2020). Conheça mais do Dia Mundial da Hipertensão e das estratégias para a prevenção e o controle com base na conscientização da população. Link. Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020, esse agravo caracteriza-se por PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA dias- tólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, ao menos em dois momentos diferentes, na ausência de medicação anti-hiper- tensiva (BARROSO et al., 2020). Quando possível, recomenda-se que essas medições sejam validadas por uma avaliação da pressão arterial fora do consultório usando a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), Monitorização Residencial da Pres- são Arterial (MRPA) ou Automedida da Pressão Arterial (AMPA) (BARROSO et al., 2020). https://bvsms.saude.gov.br/17-5-dia-mundial-da-hipertensao-saiba-sua-pressao/ 51 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MONITORIZAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: profissional da saúde aferindo a pressão de uma paciente utilizando um esfigmomanômetro. A pressão arterial é o produto do débito cardíaco (DC) e da resistência pe- riférica. Já a hipertensão deve-se ao aumento do dióxido de carbono (CO2), aumento da resistência periférica (vasoconstrição) ou ambos. O aumento do dióxido de carbono geralmente está associado ao alargamento dos vasos sanguíneos. Pode-se considerar um distúrbio multifatorial, embora a causa exata não possa ser determinada na maioria dos casos de hipertensão. Como a pressão alta pode ser um sintoma, ela provavelmente tem várias causas (HINKLE; CHEEVER, 2015). Dessa forma, deve haver uma ou mais resistências periféricas que afetam atores ou alterações de CO2. A predisposição à hipertensão é hereditária. No entanto, o perfil genético por si só não pode prever quem desenvolverá ou não hipertensão (HINKLE; CHEEVER, 2015). 52 ASSISTÊNCIADE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 HERANÇA GENÉTICA Fonte: ©kjpargeter, Freepik (2023). #pratodosverem: fita dupla de DNA com uma célula alterando a composição. As causas sugeridas, segundo Hinkle e Cheever (2015) incluem: • aumento do tônus simpático associado ao comprometimento do sistema nervoso autônomo; • aumento da absorção renal de sódio, cloreto e água devido à variação genética; • aumento da atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona; • diminuição da associação com vasodilatação arterial associada à disfunção endotelial; • resistência à insulina; e • ativação de respostas imunes que podem levar à inflamação e à deterioração da função renal. Por ser geralmente uma condição assintomática, a HA frequentemente se desenvolve com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos sanguíneos. Esse agravo pode ser considerado um fator de risco modificável para o desenvolvimento da Doença Cardiovas- 53 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I cular (DCV), Doença Renal Crônica (DRC) e morte prematura. E ainda pode estar associado a fatores de risco metabólicos para doenças cardiovasculares e renais, incluindo dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes mellitus (DM) (BARROSO et al., 2020). ÓRGÃO ALVO: CORAÇÃO NAS MÃOS DO PROFISSIONAL Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: representação de um coração nas mãos de um profissional da saúde. Os fatores genéticos podem afetar os níveis de pressão arterial em 30-50%, e estão entre os fatores de risco que podem desencadear a HA. No entanto, devido à variedade de genes, variantes genéticas e híbridos estudados até o momento, não foram identificados dados consistentes sobre esse fator. A PAS se torna mais problemática com a idade devido à rigidez progressiva e perda de complacência nas grandes artérias. Nas faixas etárias mais jovens, os homens apresentaram pressão arterial mais alta, mas as mulheres tiveram maiores aumentos de estresse por década. As- sim, as mulheres tendem a ter pressão arterial mais elevada e maior preva- lência de HA na sexta década de vida. Em ambos os sexos, a frequência de HA aumentou com a idade, chegando a 61,5 ± 8,0% em homens e mulheres, respectivamente, na faixa etária de 65 anos ou mais (BARROSO et al., 2020). 54 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Conheça mais do acometimento da HA em homens, bem como a realização de abordagem para esse público específico. Link. A raça é um fator de risco significativo para HA, mas o status socioeconômico e o estilo de vida são fatores de maior relevância para as diferenças na inci- dência de AH, mais do que a própria raça. Dados do Vigitel, de 2018, não mos- traram diferença significativa na prevalência de AH entre negros e brancos em nosso país (24,9% versus 24,2%) (BARROSO et al., 2020). Conheça mais do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Link. O ganho de peso (sobrepeso/obesidade) também é um fator de risco preocu- pante que interfere nos níveis pressóricos. Apesar de décadas de evidências claras de que a Circunferência da Cintura (CC) fornece informações indepen- dentes e adicionais ao Índice de Massa Corporal (IMC) na previsão do risco de morbidade e mortalidade, essas medidas não são realizadas rotineiramente na prática clínica. Os profissionais devem ser treinados para a realização cor- reta dessa medida e compreender a importância na prática clínica (BARRO- SO et al., 2020). https://periodicos.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/36171 https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/v/vigitel#:~:text=O%20Vigitel%20faz%20parte%20das,brasileiros%20e%20no%20Distrito%20Federal. 55 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I SOBREPESO Fonte: Kazakova, Freepik (2023). #pratodosverem: mulher com sobrepeso realizando a mensuração da circunferência abdominal com uma fita métrica. Também é digno de nota que a ingestão excessiva de sódio é um dos fatores de risco modificáveis mais importantes para a prevenção e o tratamento de HA e doenças cardiovasculares, com um gasto hospitalar de US$ 102 milhões, em 2013, devido à ingestão excessiva de sódio. Em contraste, o aumento da ingestão de potássio reduziu os níveis de pressão arterial. Vale ressaltar que o efeito da suplementação de potássio, aparentemente, é maior em indivíduos com maior ingestão de sódio e em negros. O consumo médio de sal no Brasil foi de 9,3 gramas por dia (9,63 gramas por dia para homens e 9,08 gramas por dia para mulheres), enquanto o potássio foi de 2,7 gramas por dia para homens e 2,1 gramas por dia para mulheres (BARROSO et al., 2020). 56 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SAL DE COZINHA Fonte: ©Racool_studio, Freepik (2023). #pratodosverem: colher de pau de cozinha cheia de sal ( que contém sódio). Entre os fatores socioeconômicos, podemos inferir o menor nível de escola- ridade, condições de residência inadequadas e situações desfavorecidas de composição da renda familiar, que constituem dados fortemente significati- vos, como risco para o desenvolvimento da HA (BARROSO et al., 2020). 2.1.2 CLASSIFICAÇÕES E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS De modo geral, são considerados indivíduos hipertensos aqueles que apre- sentarem PAS ≥ 140 mmHg ou PAD ≥ 90 mmHg. Durante a realização desse diagnóstico, é necessário que a medida realizada no consultório seja validada com os dados obtidos por meio de medidas realizadas na residência repeti- damente, utilizando as mesmas condições, com intervalos de dias ou sema- nas, por meio do MAPA ou MRPA (BARROSO et al., 2020). Pode-se definir a classificação da PA do consultório de acordo com os valores mais elevados de PA sistólica e diastólica. Dessa maneira, indivíduos com PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg serão denominados HA sistólica isolada. Já os 57 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I indivíduos que apresentarem < 140 mmHg e PAD ≥ 90 mmHg denomina-se HA diastólica isolada. Dentre essas denominações, apresentam maior preva- lência de HA do avental branco (HAB) (BARROSO et al., 2020). Chama-se a atenção para aqueles que apresentam a PAS entre 130 e 139 e PAD entre 85 e 89 mmHg. São considerados pré-hipertensos pelo fato de re- presentarem maior risco de desenvolverem doenças cardiovasculares, doença arterial coronariana e acidente vascular encefálico, quando comparados a in- divíduos com níveis entre 120 e 129 ou 80 e 84 mmHg (BARROSO et al., 2020). Ainda há classificações em relação ao ambiente de aferição da PA. Caracteri- za-se a Normotensão Verdadeira (NV) como a medida obtida no consultório e fora dele com valores considerados normais. Já a Hipertensão Sustentada (HA) quando os valores obtidos nos dois ambientes resultaram em anormais. A Hi- pertensão do Avental Branco (HAB) é considerada quando a PA estiver eleva- da durante o atendimento no consultório, resultando em parâmetros fora do normal. A Hipertensão Mascarada (HM) ocorre quando se obtiveram valores normais dentro do consultório e elevada fora dele (BARROSO et al., 2020). Ressalta-se que as denominações HAB e HM são destinadas às pessoas que não realizam tratamento para HA. Já as pessoas que realizam tratamento medica- mentoso anti-hipertensivo podem apresentar comportamentos de valores dis- crepantes da PA, tanto no consultório quanto fora dele(BARROSO et al., 2020). MEDICAMENTOS Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: ilustração de uma mão segurando comprimidos e pílulas e alguns elementos químicos ao redor. 58 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Para aqueles que tomam anti-hipertensivos utiliza-se a nomenclatura: HA mascarada não controlada, que consiste na apresentação de valores normais no consultório e elevada fora dele; HA do avental branco não controlada quan- do a PA está elevada durante a consulta e normal fora dele. HA sustentada não controlada quando a PA, tanto no consultório quanto fora, está alterada, com valores elevados; HA controlada quando a PA está normal nos dois am- bientes (BARROSO et al., 2020). Quando se trata da aferição da PA, classificações e efeitos que podem alterá- -las, observamos alguns efeitos que podem alterar a aferição, tais como, o Efei- to do Avental Branco (AEB) e Efeito de Mascaramento (EM), que correspon- dem a eventos referentes às medidas obtidas dentro do consultório e fora ele, sendo positivos e negativos, respectivamente. Compreende-se efeito como sendo algo temporário (BARROSO et al., 2020). JALECO BRANCO. Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: profissional utilizando um jaleco branco. As evidências que compõem as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020 informam que pode haver a diferença de 15mmHg ou mais de PAS e/ou 9mmHg na PAD, determinando um EAB significativo (BARROSO et al., 2020). 59 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I Conheça como o Evento do Avental Branco (EAB) tem afetado milhares de pessoas e verifique os valores da mensuração alterados. Link. Esses eventos não alteram o diagnóstico de HA, pois o indivíduo que tem ní- veis elevados pressóricos se manterá hipertenso, e aquele que tiver valores pressóricos dentro dos parâmetros de normalidade também será considera- do normotenso (BARROSO et al., 2020). Sendo assim, a identificação desses eventos poderá ser útil para identificar o risco de apresentar diferenças significativas dos níveis pressóricos dentro e fora do consultório, o que poderá permitir o melhor gerenciamento do trata- mento (BARROSO et al., 2020). CONSULTÓRIO DE SAÚDE. Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: sala de consultório de atendimentos de saúde. https://saude.abril.com.br/medicina/o-medico-te-deixa-nervoso-saiba-o-que-e-a-hipertensao-do-jaleco-branco/ 60 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Os parâmetros também poderão ser apresentados segundo o estágio de de- senvolvimento desse agravo, conforme os valores de PAS e PAD: CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL DE ACORDO COM OS VALORES DE PAS E PAD Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg) PA ótima < 120 e <80 PA normal 120-129 e/ou 80-84 Pré-hipertensão 130-139 e/ou 85-89 HA estágio 1 140-159 e/ou 90-99 HA estágio 2 160-179 e/ou 100-109 HA estágio 3 ≥ 180 e/ou ≥ 110 Fonte: adaptado de Barroso et al. (2020, p. 545). #pratodosverem: quadro de classificação da pressão arterial de acordo com os valores de PAS e PAD. HA: hipertensão arterial; PA: pressão arterial; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica. Como apoio ao diagnóstico, o profissional deverá se atentar para as manifes- tações clínicas, que também poderão indicar níveis elevados de PA. Segundo Hinkle e Cheever (2015, p. 617), são elas: • O exame físico pode não revelar nenhuma anormalidade, a não ser a pressão arterial elevada; • Na hipertensão arterial grave, podem-se observar alterações na retina com hemorragias, exsudatos, estreitamento das arteríolas, manchas algodonosas (pequenos infartos) e papiledema; • Em geral, os sintomas indicam lesão vascular relacionada com os órgãos supridos pelos vasos acometidos; • A doença arterial coronariana com angina e o infarto do miocárdio constituem consequências comuns; 61 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I • Pode ocorrer hipertrofia ventricular esquerda; pode-se observar o desenvolvimento de IC; • Podem ocorrer alterações patológicas nos rins (nictúria e níveis aumentados de ureia sanguínea e creatinina); • O comprometimento vascular encefálico pode levar a acidente vascular encefálico (AVE, ou ataque cerebral), ataque isquêmico transitório (AIT), com sintomas de alterações na visão ou na fala, tontura, fraqueza, queda súbita ou hemiplegia transitória ou permanente. A primeira tentativa de quantificar numericamente o pulso arterial, de maneira não invasiva, foi feita pelos franceses, J. Hérrison (médico) e P. Gernier (engenheiro), em 1834. Tratava-se de um aparelho similar a um termômetro, com um reservatório de Hg na parte inferior, e de uma coluna graduada em mm. Colocado sobre o pulso, o peso do Hg comprimia a artéria, cuja pulsação movimentava a coluna de Hg. Verifique a notícia completa aqui. 2.1.3 CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA O PACIENTE HIPERTENSO Os cuidados de enfermagem para o paciente hipertenso se iniciam na ava- liação inicial do paciente para o planejamento das ações de enfermagem. O profissional, deverá realizar a aferição da PA com intervalos frequentes e, em caso de alterações, registrar no prontuário ou instrumento para possíveis comparações dos níveis pressóricos (HINKLE; CHEEVER, 2015). A utilização da técnica apropriada é imprescindível, usando um equipamento adequado, o manguito recomendado para a faixa etária e padrão do biotipo. O enfermeiro tem autonomia para avaliar e classificar o padrão da PA como parte do conjunto de sinais vitais, observar sinais de lesão dos órgãos-alvo, como angina, dispneia, alterações na fala, na visão ou no equilíbrio, epistaxe, cefaleia, tontura ou nictúria (HINKLE; CHEEVER, 2015). http://publicacoes.cardiol.br/abc/1996/6705/67050001.pdf 62 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ESFIGMOMANÔMETRO. Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: esfigmomanômetro, aparelho utilizado para a aferição da pressão arterial. O profissional poderá questionar o cônjuge sobre a ocorrência de apneia obs- trutiva do sono e como tem ocorrido o padrão de sono do parceiro. Ainda na avaliação, deve-se observar a frequência, o ritmo e as características da pulsa- ção nos focos apicais e periféricos. 63 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA SAÚDE DO ADULTO I SONO TRANQUILO. Fonte: Freepik (2023). #pratodosverem: mulher deitada e dormindo na cama, aparentemente tendo um sono tranquilo. Realizar também a investigação para melhor compreensão de como a HA tem afetado a vida social, pessoal e financeira e se esse motivo o torna inapto para realizar alguma atividade do cotidiano (HINKLE; CHEEVER, 2015). Durante a entrevista, o profissional deverá educar em saúde, ressaltando a importância da manutenção de padrões no estilo de vida que poderão con- trolar a HA, tais como encaminhá-lo para a nutrição visando a uma melhora no padrão alimentar, controle de peso e inserção de nutrientes que favorece- rão o controle nos níveis pressóricos (HINKLE; CHEEVER, 2015). Recomendar que o paciente evite o consumo de bebidas alcoólicas, bem como o uso de tabaco e de substâncias nocivas ao estado de saúde. Um bom estilo de vida pode promover mudanças na PA progressivamente e em longo prazo (HINK- LE; CHEEVER, 2015). Em casos de utilização de medicamentos anti-hipertensivos, o importante é reforçar a adesão ao tratamento medicamentoso. Estimular o paciente à par- ticipação ativa do autocuidado, como vigiar os níveis de pressão
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