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Laísa Dinelli Schiaveto Diabetes Mellitus DEFINIÇÃO A Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome metabólica crônica caracterizada pela presença de hiperglicemia, como aspecto bioquímico principal, com várias etiologias possíveis. EPIDEMIOLOGIA • DM tipo I em menores de 15 anos (90%); • Brasil ocupa o terceiro lugar entre os 10 países com maior número de casos novos de diabetes; • Nos últimos anos, houve aumento progressivo de DM tipo 2 na população jovem devido à obesidade. CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA A classificação da DM leva em consideração a etiologia do processo. Sendo assim, têm-se: • DM TIPO I: autoimune ou idiopática. • DM TIPO II: associada à resistência insulínica e/ou à deficiência de secreção insulínica pancreática. • DEFEITOS GENÉTICOS NA CÉLULA BETA: - MODY 1: cromossomo 20; HNF-4a. - MODY 2: cromossomo 7; glicoquinase. - MODY 3: cromossomo 12; HNF-1a. - MODY 4: cromossomo 13; gene que que codifica o insulin promoter fator-1 (IPF-1). - MODY 5: cromossomo 17; HNF-1b. - MODY 6: cromossomo 2; neuroD1. - OUTROS: DNA mitocondrial, síndrome de Wolfram, DM neonatal permanente e DM neonatal transitório. • DEFEITOS GENÉTICOS DA AÇÃO DA INSULINA: leprechaunismo, lipodistrofia congênita ou atrófica (síndrome de Berardinelli), resistência insulínica tipo A e síndrome de Rabson-Mendenhall. • DOENÇAS DO PÂNCREAS EXÓCRINO: fibrose cística, hemocromatose, neoplasia, pancreatite, pancreatopatia fibrocalculosa, ressecção pancreática e trauma. • ENDOCRINOPATIAS: acromegalia, aldosterona, síndrome de Cushing, feocromocitoma, glucagona, hipertireoidismo e somatostatina. • INDUZIDA POR DROGA OU SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS: - Diuréticos e anti-hipertensivos: clortalidona, clonidina, diazóxido, furosemida, metazolona e tiazídico. - Hormônios: ACTH, glucagon, glicocorticoides, anticoncepcionais orais, GH e hormônios tireoidianos. - Agentes neuro e psicoativos: clorprotixeno, difenil-hidantoínas, haloperidol, carbonato de lítio, fenitoína, fenotiazinas, levodopa e antidepressivos tricíclicos. - Agonistas beta-adrenérgicos: adrenalina, noradrenalina e isoproterenol. - Anti-inflamatórios: indometacina. - Agentes antineoplásicos: haloxano, L- asparaginase e estreptozocina. - Outras: ciclosporina, isoniazida, ácido nicotínico, interferon-beta e vacor raticida. • INFECÇÕES: CMV e rubéola congênita. • FORMAS INCOMUNS DE DM IMUNOMEDIADO: síndrome de Stiff-Mann e anticorpo antirreceptor de insulina. • OUTRAS SÍNDROMES GENÉTICAS: porfiria, síndrome de Alström, síndrome de Down, síndrome de Klinefelter, síndrome de Lawrence-Moon-Biedl, síndrome de McCune- Albright, síndrome de Prader-Willi, síndrome de Refsum, síndrome de Turner, síndrome de Werner, ataxia de Friedreich, coreia de Huntington, distrofia miotônica de Steinert e pseudo-hipoparatireoidismo. • DIABETES GESTACIONAL. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de DM é baseado nos valores de glicemia tanto em jejum quanto após o teste de sobrecarga oral de glicose (TTGO). Laísa Dinelli Schiaveto Mais recentemente, a Associação Americana de Diabetes incluiu valores de HbA1c para o diagnóstico de diabetes, mas este não tem sido utilizados para a faixa etária pediátrica. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA DM: • Glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dL + sintomas típicos de diabetes. - Glicemia ao acaso é definido como qualquer hora do dia, sem nenhuma correlação com o horário da refeição. • Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL. - Glicemia em jejum é definida como a ausência de ingestão alimentar por, no mínimo, 8 horas. • Glicemia 2 horas após a ingestão de glicose ≥ 200 mg/dL durante teste de tolerância oral à glicose (TTOG). • HbA1c ≥ 6,5 à entretanto, há dificuldades com a padronização desses teste para DM1, especialmente na pediatria. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA PRÉ-DM: • Glicemia de jejum alterada (GJA): ≥ 100 e < 126 mg/dL. • Intolerância à glicose (IOG): Glicemia 2 horas após a ingestão de glicose ≥ 140 e < 200 mg/dL durante teste de tolerância oral à glicose (TTOG). DIABETES MELLITUS TIPO 1 O DM1 é uma doença autoimune, caracterizada pela deficiência ou ausência de secreção de insulina, com consequente hiperglicemia. Compreende uma doença inflamatória crônica, causada pela destruição autoimune seletiva parcial ou total das células beta-pancreáticas produtoras de insulina, de herança poligênica com contribuição de um ou mais fatores ambientais, e que acomete indivíduos geneticamente predispostos. Em geral, não é familiar, sendo a agregação familiar rara, ou seja, 85% dos pacientes não possuem história familiar. EPIDEMIOLOGIA: • É o tipo de diabetes mais frequente na faixa etária pediátrica (90%); • Ocorre principalmente em crianças e adolescentes; • Predomínio na raça branca; • Não tem preferência por sexo ou condição socioeconômica. FISIOPATOLOGIA: Ocorre interação entre fatores genéticos e ambientais, que induzem uma reação autoimune contra as células beta-pancreáticas, evoluindo com insulinopenia relativa ou absoluta, culminando com hiperglicemia. Sendo assim, a criança já nasce com uma predisposição genética para o desenvolvimento da doença, porém, em algum momento da vida, entra em contato com um desencadeante ambiental, que ativa a autoimunidade celular. • Desencadeantes ambientais: infecções virais (ex.: CMV e caxumba); antecipação do desmame com introdução precoce de leite de vaca e cereais; deficiência de vitamina D; exposição à medicamentos ou toxinas (ex.: haloxano, estreptozotocina, toxinas e metais pesados); estresse físico, psíquico ou emocional; idade materna acima de 35 anos; parto cesáreo; ganho ponderal materno excessivo durante a gestação. Consequentemente, há produção de anticorpos anti-ilhotas pancreáticas (ICA), anti-insulina antidescarboxilase do ácido glutâmico (IAA), antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD65), antitirosina-fosfatase (IA2 e IA2b) e antitransportador de zinco (ZNT8A), o que leva à lesão das células beta. Logo, o paciente começa a evoluir com intolerância à glicose, seguido por pré-diabetes (momento em que há perda da primeira fase de secreção de insulina) e, consequentemente, por diabetes clinicamente estabelecido, sendo que as manifestações clínicas da hiperglicemia só ocorrem quando 90% das ilhotas pancreáticas são destruídas. Laísa Dinelli Schiaveto Destaca-se que, a fisiopatologia pode ser dividida em três estágios: ESTÁGIO I: DM1 pré-sintomático, com autoimunidade positiva (dois ou mais autoanticorpos contra ilhotas) e normoglicemia; corresponde à fase de doença imunológica e, em muitos casos, a progressão para a doença clínica ocorre após 8-10 anos. ESTÁGIO II: DM1 pré-sintomático, com autoimunidade positiva e disglicemia pré- diabética (glicemia de jejum alterada e/ou tolerância à glicose diminuída no TOTG); corresponde à fase de doença quase irreversível, com perda funcional de células beta e início da doença metabólica; o risco de doença sintomática em um prazo de 5 anos é de aproximadamente 75%, chegando a 100% durante a vida inteira. ESTÁGIO III: DM1 sintomático, com autoimunidade positiva e disglicemia diabética (glicemia de jejum diabética e/ou TOTG diabético, elevação da Hb glicada); compreende uma fase de aceleração autoimune, com sinais e sintomas típicos de DM1, podendo chegar a cetoacidose diabética. QUADRO CLÍNICO: • Quadro agudo e não insidioso. • Quadro típico (4Ps): polidipsia, polifagia, poliúria e perda de peso. - A poliúria pode se manifestar como enurese noturna secundária em um paciente que já havia adquirido controle vesical noturno. - A perde de peso pode se manifestar por ganho ponderal insuficiente ou por emagrecimento inexplicável em uma criança com polifagia. • Glicosúria e cetonuria. • Outros: visão turva, taquipneia, cansaço, broncoespasmo, hábito cetônico, presença de formigasna urina presente em superfícies e candidíase genital. • Se o diagnóstico não for suspeita com os sintomas típicos (4Ps), o paciente progredirá com quadro de desidratação e acidose, podendo chegar à cetoacidose diabética (CAD). OBS.: Em lactentes e crianças pequenas, deve- se suspeitar quando: sede intensa, irritabilidade, fraldas pesadas com trocas frequentes e aumento atípico do volume das mamadas. DIAGNÓSTICO: • Glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dL + sintomas típicos de diabetes. • Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL. • Glicemia 2 horas após a ingestão de glicose ≥ 200 mg/dL durante teste de tolerância oral à glicose (TTOG). • HbA1c ≥ 6,5 à entretanto, há dificuldades com a padronização desses teste para DM1, especialmente na pediatria. EM CASOS DE DÚVIDAS: • TTOG, dosando a glicemia em jejum e 2 horas após a ingestão de 1,75g/kg de glicose, atingindo, no máximo, 75g. EM CASOS DE SUSPEITA DE CETOACIDOSE: • Solicitar: hemograma; eletrólitos (sódio, potássio, cloro, cálcio e fósforo); ureia; creatinina; gasometria venosa; colesterol total e Laísa Dinelli Schiaveto frações; triglicérides; amilase; lipase; sumário de urina. • Encaminhar para o PS. EM CASOS DE DIAGNÓSTICO CONFIRMADO: • Solicitar: hemoglobina glicada; exame de urina; insulina basal; peptídeo C; anti-GAD; anti-IA2; anti-insulina. • Encaminhar para endocrinologista pediátrico. TRATAMENTO: Para a escolha do esquema terapêutico e do tipo de insulina, devemos levar em consideração vários fatores, tais como: características da insulina, idade, estádio puberal, horário da escola, atividades físicas, padrão de alimentação e aceitação do esquema proposto pelo paciente e pela família. Destaca-se que, a monitorização contínua é fundamental. METAS: reestabelecer as funções metabólicas, evitar complicações agudas, manter a glicemia o mais próxima possível de valor normais e retardar as complicações crônicas, oferecendo qualidade de vida semelhante ao normal. (1) INSULINA: - Iniciar imediatamente o uso de insulina. - TIPOS: insulinas humanas (regular e insulina intermediária NPH); análogos da insulina de ação ultrarrápida (asparte, lispro e glulisina); análogos de ação prolongada (glargina, detemir e degludeca); apresentações com pré-misturas de insulinas e análogos (NPH + regular 70/30 e NPH + lispro 50/50 ou 75/25). - INDICAÇÕES DO USO DE SISTEMA DE INFUSÃO CONTÍNUA: recorrência de hipoglicemia severa; complicações microvasculares e/ou fatores de risco para complicações macrovasculares; bom controle metabólico, mas em regime de aplicação de insulina que compromete a qualidade de vida; pacientes muitos jovens e neonatos, adolescentes com desordens alimentares e crianças com fobia de agulhas; atletas de nível competitivo. - REPOSIÇÃO DE INSULINA: é iniciada com quantidades médias de 0,5 U/kg/dia, variando de 0,3-0,7 U/kg; depois da fase de remissão, deve-se aumentar para 0,7-1 U/kg/dia em crianças e 1-2 U/kg/dia na puberdade, podendo chegar a 1,2-1,5 U/kg/dia nos dias de estresse maior (doença ou situacoes de estresse). IMPORTANTE FASE DE LUA DE MEL ou FASE DE REMISSÃO ou ESTÁGIO 3 PRECOCE: durante os primeiros meses, o paciente pode passar por um período no qual as células beta ainda conseguem produzir e secretar alguma quantidade de insulina, havendo redução na dose diária de insulina; geralmente, ocorre entre o 3º-6º mês após o diagnóstico. FENÔMENO DE SOMOGYI: hiperglicemias de jejum consequentes à hipoglicemias noturnas; é particularmente confirmado quando estas hiperglicemias de jejum pioram com o aumento nas doses de insulina de ação intermediária realizadas antes do jantar ou antes de deitar; isso acontece porque a hipoglicemia na madrugada, induzida pela insulinoterapia da Laísa Dinelli Schiaveto tarde ou noite, ativa o processo de glicogenólise hepática e aumenta a secreção dos hormônios contrarreguladores durante à noite, elevando os níveis de glicose sanguínea pela manhã. FENÔMENO DO ALVORECER: quando há hiperglicemia em jejum devido ao decréscimo da ação da insulina, que foi aplicada no dia anterior, nas primeiras horas da manhã seguinte. (2) ALIMENTAÇÃO: - IDEAL: 6 refeições por dia - café, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia. - INCLUIR: frutas, verduras e legumes. - EVITAR: alimentos gordurosos e açúcares de absorção rápida. (3) ATIVIDADE FÍSICA: - IDEAL: atividade física aeróbica, com duração de 40-60 minutos, pelo menos, 2 vezes/semana e com intensidade moderada, evitando-se ultrapassar 70% da taxa cardíaca máxima. - VANTAGENS: menor utilização de glicose pelo músculo; menor produção de corpos cetônicos; redução da resistência periférica à insulina; redução dos valores de LDL- colesterol e triglicérides; maior consumo energético; melhor controle de peso; melhor controle dos valores glicêmicos; maior integração social; estímulo psicológico positivo. - COMPLICAÇÕES: hipoglicemia; maior absorção de insulina administrada no subcutâneo; risco de descompensação metabólica em pacientes com glicemias elevadas (> 300 mg/dL) que fazem exercício. - Por isso, deve-se tomar o cuidado de ajustar a dose da insulina e a alimentação, de acordo com a intensidade física exercida (chegar intensidade, duração e frequência do exercício). (4) ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR: - Endocrinologista a cada 3 meses. - Oftalmologista anualmente nos casos de > 10 anos ou com mais de 5 anos de duração da doença; - Nutricionistas em intervalos regulares. - Dentista anualmente. (5) EVITAR DESCOMPENSAÇÕES: - Hipoglicemia; - Hiperglicemia; - Cetoacidose diabética. (6) ORIENTAÇÕES: - Cuidado com o uso de corticoides pela chance de descontrolar a glicemia. - Vacinação anual contra influenza e pneumocócica conjugada, com preferência para 13. - Necessidade de carregar um cartão de identificação para situações inesperadas. METAS GLICÊMICAS: COMPLICAÇÕES: (1) HIPOGLICEMIA: É a complicação aguda mais comum, além de ser responsável por muitas mortes na faixa etária pediátrica. Esta é definida como glicemia sérica, capilar ou no líquido intersticial ≤ 70 mg/dL, podendo ser classificada em três níveis: - Nível I: glicemia entre 54-70 mg/dL. - Nível II: glicemia < 54 mg/dL, com ou sem sintomas. - Nível III: hipoglicemia grave, com perda da capacidade cognitiva, incluindo coma e convulsões, exigindo assistência de outra pessoa para administrar carboidratos, glucagon ou ações corretivas. FATORES DE RISCO: crianças < 6 anos; diabetes de longa duração; barreira ao acesso Laísa Dinelli Schiaveto de insumos para o tratamento; ambiente familiar desfavorável; comorbidades (hipotireoidismo, insuficiência renal, doença celíaca, insuficiência adrenal e distúrbios psiquiátricos). Nesses casos, a conduta depende do nível de consciência do paciente: - Consciente: administrar 15g (7,5g para lactentes ou 0,3 g/kg para crianças) de carboidratos simples e rapidamente absorvíveis, medindo a glicemia capilar após 15 minutos. - Inconsciente: administrar glucagon SC/IM e, se não for possível, esfregar um pouco de açúcar dentro da boca; no hospital, administrar SG 10% (2-4 ml/kg) IV ou SG 25% (1-2 ml/kg) IV. (2) HIPERGLICEMIA: É definida como a glicemia acima do intervalo normal ou indicado para cada faixa etária. Se a hiperglicemia for grave ou sustentada, como persistentemente acima de 300 mg/dL, orienta-se repouso, hidratação oral e doses mais frequentes de insulina. (3) CETOACIDOSE DIABÉTICA: É causada pela deficiência restritiva relativa ou absoluta de insulina, associada ou não à maior atividade dos hormônios contrarreguladores. Clinicamente, aparece como desidratação, hálito cetônico, respiração acidótica e alteração do sensório. Laboratorialmente, aparece como hiperglicemia, acidose metabólica e cetonemia. O tratamento deve ser feito com hidrataçãovenosa, infusão contínua de insulina por via venosa ou IM e reposição eletrolítica. DIABETES MELLITUS TIPO 2 O DM2 clássico é caracterizado pela resistência à ação da insulina e pela incapacidade da célula beta em manter a secreção adequada de insulina. FISIOPATOLOGIA: Em relação à fisiopatologia da DM2, como a genética e o ambiente são favoráveis, ocorre um resistência insulínica em uma das etapas da via de sinalização do receptor e, assim, a insulina não consegue se conectar com o receptor ou não consegue realizar a sua ação. Sendo assim, inicialmente, o pâncreas tenta compensar, aumentando a produção de insulina. Entretanto, conforme a doença progride, o pâncreas não consegue suprir as demandas e é incapaz de produzir insulina adequadamente. Essa resistência à insulina faz parte de uma cascata de eventos metabólicos, o que é conhecido como síndrome metabólica, a qual é caracterizada por obesidade (especialmente acúmulo de gordura abdominal), hiperglicemia de jejum; resistência insulínica; dislipidemia (aumento dos triglicerídeos e diminuição do HDL); e hipertensão. DIAGNÓSTICO: • Início insidioso. • Sobrepeso ou obesidade. • Forte história familiar de DM2. • Capacidade residual de secreção de insulina substancial (comprovada por concentração elevada ou anormal de peptídeo C). • Presença de resistência insulínica (evidência de SOP, HAS ou dislipidemia). • Exclusão de DM autoimune. TRATAMENTO: METAS: manter o paciente assintomático; prevenir complicações agudas e crônicas da Laísa Dinelli Schiaveto hiperglicemia; manter o crescimento e desenvolvimento normais; controlar o peso. (1) MODIFICAÇÃO DO ESTILO DE VIDA. (2) ALIMENTAÇÃO ADEQUADA. (3) PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA. (4) MEDICAMENTOS: - PRIMEIRA ESCOLHA: Metformina 1-2,5 mg/dia, dividida em 2-3 tomadas à ação na diminuição da produção hepática de glicose, aumentando a sensibilidade do fígado à insulina e a captação de glicose no músculo. - Insulina deve ser recomendada em pacientes que apresentem cetose ou cetoacidose diabética. OBS.: Paciente com DM2 não faz cetoacidose diabética; na verdade, evolui com DM1 e aí sim faz a cetoacidose. DIABETES NEONATAL A DM neonatal é causada por alterações monogênica e deve ser suspeitada em todo paciente que apresenta DM nos primeiros 6 meses de vida, sendo que o diagnóstico geralmente acontece aos 3 meses. Esta pode ser divida em dois subtipos: transitório ou permanente. • Dependente de insulina. MODY A MODY é causada por alterações monogênicas que interferem na secreção de insulina pelo pâncreas e, em razão do seu caráter genético, é comum acometer mais de duas gerações da mesma família. Por via de regra, são pacientes com pouca secreção de insulina, portanto, magros e os sintomas iniciais dependem do grau da insulinopenia. DIAGNÓSTICO: Deve ser considerado nos seguintes casos: • Diabetes neonatal ou diagnosticado nos primeiros 6 meses de vida. • Diabetes na família, com um dos pais afetados. • Moderada hiperglicemia de jejum (90-144 mg/dL) no jovem ou na família. • Bom controle glicêmico com pequenas doses de insulina e ausência de desenvolvimento de cetoacidose na falta do uso da insulina. • Diabetes associado a características extrapancreáticas. EXAMES LABORATORIAIS: • Peptídeo C detectável com glicemia elevada após três anos de diabetes. • Anticorpos pancreáticos negativos. TIPOS DE MODY E SUAS CONDUTAS: Os dois tipos mais frequentes são o MODY2 (MODY-GCK) e o MODY3 (MODY-HF1-a). • MODY2: apresenta fenótipo característico, com valores poucos elevados de glicemia e HbA1c, sem sintomas ou com sintomas leves de hiperglicemia; não há necessidade de tratamento nesse tipo de situação. • MODY3: DM que se inicia mais insidiosamente, simulando DM2, mas pode evoluir com quadro típico dos 4Ps, simulando DM1; boa resposta à sulfonilureias em doses baixas, bem como o MODY4. • OUTROS MODY: podem apresentar graus mais severos de insulinopenia e simular DM1, inclusive com insulo-dependência. OBS.: As sulfonilureias atuam nos canais de potássio, inibindo o efluxo de potássio, permitindo a despolarização celular e, consequentemente, a abertura dos canais de cálcio voltagem-dependente, que, por sua vez, permite o influxo de cálcio e a liberação da insulina pré-formada. Laísa Dinelli Schiaveto CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: DM1, DM2 E DM MONOGÊNICA DIABETES MITOCONDRIAL A diabetes mitocondrial apresenta padrão de herança materna, devido a transmissão de um DNA mitocondrial (mtDNA) mutado ou de sua deleção. As alterações no DNA mitocondrial podem afetar vários órgãos, inclusive o pâncreas. Como a função mitocondrial é fundamental nesses tecidos, o DM está geralmente associada a outras alterações, principalmente em músculos e nervos. Na faixa etária pediátrica, o quadro de DM pode se assemelhar mais a DM insulino-dependente; entretanto é mais comum encontrar pacientes previamente diagnosticados como DM2, não insulino-dependentes, portadores de alteração mitocondrial em associação com surdez. Assim, pode estar associada, principalmente, à surdez, deficiência neurossensorial e baixa estatura. SÍNDROME DE BERARDINELLI A síndrome de Berardinelli compreende uma lipodistrofia congênita de herança autossômica recessiva, caracterizada pela presença de resistência insulínica; ou seja, é consiste em um defeito genético na ação da insulina. QUADRO CLÍNICO: • Ausência de tecido adiposo; • Hipertrofia muscular; • Feições faciais grosseiras; • Acantose nigricans; • Crescimento acelerado; • DM associado a hipertrigliceridemia.
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