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Neoplasias Cervicais Intraepiteliais e Cancer de Colo do Utero

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Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Neoplasias Cervicais Intraepiteliais e Câncer de Colo do Útero 
ANATOMIA DO COLO DO ÚTERO 
O colo do útero é formado por epitélio colunar, 
que reveste o canal endocervical, e epitélio 
escamoso, que reveste a ectocérvice, sendo 
que o ponto de encontro entre os dois é 
denominado junção escamocolunar (JEC). 
 
JUNÇÃO ESCAMOCOLUNAR (JEC) 
A JEC consiste em um limite dinâmico entre o 
epitélio colunar e o epitélio escamoso, que se 
modifica em resposta à puberdade, gravidez, 
menopausa e estimulação hormonal. 
Nesse sentido, durante a menarca, a produção 
de estrogênio faz o epitélio vaginal se encher 
de glicogênio, sobre o qual os lactobacilos 
atuam com o objetivo de reduzir o pH, 
estimulando, assim, a metaplasia das células 
subcolunares de reserva. 
 
Então, a metaplasia avança internamente a 
partir da JEC em direção ao orifício externo e 
sobre as vilosidade colunares. Esse processo 
estabelece uma área denominada zona de 
transformação, que se estende da JEC original 
até a JEC fisiologicamente ativa, delimitada 
pela junção escamocelular. 
 
À medida que ocorre o amadurecimento, o 
epitélio metaplásico na zona de transformação 
começa a produzir glicogênio, tornando-se 
semelhante ao epitélio escamoso original. 
 
OBS.: A metaplasia proliferativa sem atividade 
mitótica atípica não deve ser denominada 
displasia. Assim, a metaplasia escamosa não 
deve ser diagnosticada como displasia, visto 
que não evolui para câncer invasor. 
ZONA DE TRANSFORMAÇÃO NORMAL 
A zona de transformação normal corresponde à 
região do colo uterino na qual o epitélio colunar 
é substituído pelo novo epitélio escamoso 
metaplásico. 
Nas mulheres na pré-menopausa, a zona de 
transformação está totalmente localizada na 
ectocérvice. Já, após a menopausa e com o 
avanço da idade, o tamanho do colo uterino se 
reduz em decorrência da diminuição do 
estrogênio. Assim, a zona de transformação 
pode mudar de posição em parte e, 
posteriormente, por completo no canal cervical. 
ZONA DE TRANSFORMAÇÃO NORMAL: 
composta de metaplasia escamosa imatura 
e/ou madura juntamente com as áreas ou 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
ilhotas interpostas de epitélio colunar, sem 
sinais de carcinogênese cervical. 
ZONA DE TRANSIÇÃO ANORMAL: há 
evidência de carcinogênese cervical, como 
alteração displásica na zona de transformação. 
 
PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) 
O genoma do HPV é encontrado em todos os 
graus de neoplasia cervical, além de constituir 
a causa primária do câncer de colo do útero. 
• HPV DE ALTO RISCO: 16, 18, 31, 33, 35, 
39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68 (destaca-se 
que o HPV tipo 16 e 18 são encontrados em 
até 62% dos carcinomas do colo do útero). 
 
• COILOCITOSE: alteração citológica 
provocada pelo HPV. 
O HPV afeta o crescimento e a diferenciação 
celular por meio de interações das proteínas 
virais E6 e E7 com os genes supressores 
tumorais p53 e Rb, respectivamente. A inibição 
do p53 impede a interrupção do ciclo celular e 
a apoptose celular, que normalmente ocorrem 
quando há lesão do DNA, enquanto a inibição 
de Rb interrompe o fator de transcrição E2F, 
resultando em proliferação celular 
descontrolada. Portanto essas duas etapas são 
essenciais para a transformação maligna de 
células epiteliais do colo do útero. 
VACINAS 
MENINOS E MENINAS DE 11-14 ANOS 
(2 DOSES COM INTERVALO DE 6 MESES) 
Tanto a vacina quadrivalente como a vacina 
bivalente protegem somente contra alguns 
tipos de HPV. Portanto, é fundamental 
continuar o rastreamento das mulheres 
vacinadas por exame de Papanicolau, de 
acordo com as diretrizes. 
Depois de três anos, a eficácia da vacina 
quadrivalente foi de 99% na prevenção da NIC 
II e NIC III em mulheres não infectadas, antes 
da vacinação, pelo HPV tipo 16 e 18. 
Entretanto, a eficácia foi apenas de 44% nas 
mulheres infectadas antes da vacinação. 
NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL 
(NIC) 
Toda a JEC com células metaplásicas iniciais é 
sensível à fatores oncogênicos, o que pode 
causar a transformação dessas células em NIC. 
Sendo assim, é mais provável que a NIC 
comece durante a menarca ou após a gravidez, 
quando a metaplasia é mais ativa, do que após 
a menopausa, quando a metaplasia é pequena 
e há menor risco de nova infecção pelo HPV. 
De maneira geral, a NIC se origina em uma 
área de metaplasia na zona de transformação 
da JEC. 
O principal fator de risco no desenvolvimento da 
NIC é a infecção persistente por HPV 
oncogênico de alto risco. 
As principais alterações celulares são: 
discariose, coilociose, binucleação, aumento da 
relação núcleo/citoplasma e cromatina densa. 
NIC I (displasia leve): células displásicas 
confinadas ao terço inferior do epitélio; as 
figuras de mitose estão presentes, mas são 
pouco numerosas; alterações citopáticas 
devidas à infecção pelo HPV são observadas 
na espessura total do epitélio. 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
NIC II (displasia moderada): alterações 
celulares displásicas, principalmente restritas à 
metade inferior ou os dois terços inferior do 
epitélio, com anomalias nucleares mais 
acentuadas que na NIC; figuras de mitose são 
vistas em toda a metade inferior do epitélio. 
 
NIC III (displasia grave): células displásicas 
distribuídas no terço superior do epitélio, bem 
como nos dois terços inferiores; anomalias 
nucleares se estendem em toda a espessura do 
epitélio; muitas figuras de mitose têm formas 
anormais. 
 
 
A maioria das lesões NIC I e algumas NIC II não 
tratadas regridem de maneira espontânea. Já, 
se as lesões de alto grau NIC II e NIC III não 
receberem tratamento, podem avançar para 
carcinoma invasor. 
Portanto, o tratamento da NIC I é conservados, 
enquanto da NIC II e NIC III é invasivo (exérese 
da zona de transformação). 
 
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO 
O câncer invasor do colo do útero é 
considerado um câncer evitável, pois o estágio 
pré-invasor é longo, existem programas de 
rastreamento por exame colpocitológico e o 
tratamento das lesões pré-invasoras é eficaz. 
Além disso, as vacinas ajudam na reducao da 
incidência. 
Como já dito, o processo iniciador na displasia 
e da carcinogênese cervical é a infecção por 
HPV de alto risco, o qual é detectado em até 
99% das mulheres com carcinoma escamoso 
(epitélio escamoso) do colo do útero. 
EPIDEMIOLOGIA 
• Estimativa de 16.710 casos em 2022; 
• Terceiro tipo de câncer em incidência; 
• Quarto tipo de câncer em óbitos; 
• 15,38 casos para 100.000 habitantes; 
- Norte: 26,24/100.000. 
- Nordeste: 16,10/100.000. 
- Centro-Oeste: 12,35/100.000. 
- Sul: 12,60/100.000. 
- Sudeste: 8,61/100.000. 
FATORES DE RISCO 
• Precocidade da sexarca; 
• Múltiplos parceiros sexuais; 
• Tabagismo; 
• Paridade elevada; 
• Baixa condição socioeconômica; 
• Imunossupressão; 
• ISTs; 
• Uso de anticoncepcionais orais devido ao 
aumento de sexo desprotegido. 
 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
RASTREAMENTO 
MULHERES ACIMA DE 25 ANOS 
• Dois exames com intervalo anual negativos 
= RASTREIO TRIENAL. 
 
ESTADIAMENTO (FIGO,2018) 
ESTÁGIO I: carcinoma confinado ao colo do 
útero (deve-se desconsiderar a extensão em 
relação ao corpo uterino). 
• ESTÁGIO IA: carcinoma diagnosticado 
apenas por microscopia, com invasão do 
estroma ≤ 5 mm de profundidade. 
• ESTÁGIO IA1: invasão mensurada do 
estroma < 3 mm de profundidade. 
• ESTÁGIO IA2: invasão mensurada de 
estroma ≥ 3 mm e < 5 mm de profundidade. 
• ESTÁGIO IB: invasão medida ≥ 5 mm (maior 
que o estágio IA) com lesão limitada ao colo 
do útero. 
• ESTÁGIO IB1: lesões < 2 cm na maior 
dimensão. 
• ESTÁGIO IB2: lesões ≥ 2 e < 4 cm na maior 
dimensão. 
• ESTÁGIO IB3: lesões ≥ 4 cm na maior 
dimensão. 
ESTÁGIO II: extensão muito além do útero, 
mas não até a parede pélvica ou até o terço 
inferior da vagina. 
• ESTÁGIO IIA: limitado a 2/3 superiores da 
vagina sem envolvimento parametrial óbvio. 
• ESTÁGIO IIA1: lesão ≤ 4 cm na maior 
dimensão. 
• ESTÁGIO IIA2: lesão ≥ 4 cm na maiordimensão. 
• ESTÁGIO IIB: envolvimento parametrial, 
mas não até a parede pélvica. 
ESTÁGIO III: extensão até a parede pélvica 
e/ou envolvimento do terço inferior da vagina, 
e/ou causa hidronefrose ou rim não funcional, 
e/ou envolve linfonodos pélvicos e/ou para-
aórticos. 
• ESTÁGIO IIIA: extensão até o terço inferior 
da vagina, mas não até a parede pélvica. 
• ESTÁGIO IIIB: extensão até a parede 
pélvica e/ou causa hidronefrose ou rim não 
funcional (a menos que se saiba que é 
devido a outra causa). 
• ESTÁGIO IIIC: envolve os linfonodos 
pélvicos e/ou para-aórticos, 
independentemente do tamanho e extensão 
do tumor (com as notações r e p). 
• ESTÁGIO IIIC1: apenas metástases nos 
linfonodos pélvicos. 
• ESTÁGIO IIIC2: metástases nos linfonodos 
para-aórticos. 
ESTÁGIO IV: extensão para além da pelve 
verdadeira, ou envolvimento comprovado por 
biópsia da bexiga ou mucosa retal. 
• ESTÁGIO IVA: disseminação para órgãos 
pélvicos adjacentes. 
• ESTÁGIO IVB: disseminação para órgãos 
distantes.