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1 LESÕES PRECURSORAS E CÂNCER DE COLO UTERINO Gizelle Felinto LESÕES PRECURSORAS EPIDEMIOLOGIA ➢ O câncer de colo uterino é um dos tumores ginecológicos mais frequentes, principalmente nos países em desenvolvimento ➢ Incidência: • 2012 → 265.000 óbitos (Mundo), sendo que 87% foram nos países em desenvolvimento • 2013 → 5.430 mortes (Brasil) • 2016 → 16.340 casos (Brasil) • Segundo dados do INCA → 100.000 mulheres morrem por ano devido ao câncer de colo de útero, sendo: ▪ 23,97% dos casos na Região Norte ▪ 20,72% na Região Centro-Oeste ▪ 19,49% na Região Nordeste ▪ 11,30% na Região Sudeste ▪ 15,17% na Região Sul ➢ O câncer de colo uterino tem uma sobrevida de 70% em todo o mundo → ou seja, tem uma chance de cura muito alta, desde que seja identificado precocemente FATORES DE RISCO ➢ Vírus HPV (Papilomavírus Humano) → é o principal fator de risco! • Alto risco → tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56 e 58 • Baixo risco → tipos 6, 11, 42, 43 e 44 ➢ Início precoce da atividade sexual (< 16 anos) ➢ Múltiplos parceiros ao longo da vida ➢ Verrugas Genitais (Condilomas) ➢ Imunossupressão → pacientes imunossuprimidas ou em uso de drogas imunossupressoras ➢ Tabagismo ou exposição ao ambiente do tabaco ANATOMIA E HISTOLOGIA DO COLO UTERINO ➢ COLO UTERINO: • Ectocérvice: ▪ Parte do colo uterino visível ao exame especular ▪ Epitélio Pavimentoso Estratificado (ou Epitélio Escamoso) • Endocérvice: ▪ Corresponde ao canal endocervical ▪ Tem contato com a vagina e a cavidade uterina ▪ Epitélio Cilíndrico Simples (ou Epitélio Glandular) • Junção Escamo-Colunar (JEC) ou Zona de Transformação: ▪ Corresponde à área de encontro dos dois epitélios (Escamoso e Glandular) ▪ É uma área de alta divisão celular → com isso, apresenta maior suscetibilidade de desenvolvimento de neoplasias ▪ Pode ser Evertida (para fora do colo uterino) ou Invertida (para dentro do colo uterino) → essa topografia pode ser influenciada por múltiplos fatores que influenciam na mobilidade dessa Junção Escamo- Colunar ✓ Classificação: o Evertida → -1, -2, -3... o JEC no orifício → zero o Invertida → +1, +2, +3... ✓ Exemplos de fatores que influenciam: o Menopausa e Infância → essas mulheres não têm ação do estrogênio e da progesterona, fazendo com que a JEC seja invertida o Uso de Anticoncepcional e Paciente com Vulvovaginite → a JEC encontra-se evertida ✓ Muitas vezes, a JEC pode tomar todo o colo uterino → dessa forma, quando se faz o exame especular, vê-se os orifícios glandulares abertos e eliminação de conteúdo mucoide liberado pelas glândulas cervicais, o que pode ser confundido com alguma vulvovaginite o Dessa forma, nem sempre a JEC evertida é patológica o Muitas vezes, corrige-se o fator externo e a JEC volta para o orifício ou se reepiteliza, pois o colo do útero se reepiteliza com muita facilidade ➢ EPITÉLIO PAVIMENTOSO ESTRATIFICADO: • É o epitélio da ectocérvice • Apresenta 3 estratos celulares distintos: ▪ Camada 1 → Camada Profunda ✓ Camada Basal → células pequenas e arredondadas ✓ Camada Parabasal → células maiores, com núcleos grandes e vesiculosos ▪ Camada 2 → Camada Intermediária ✓ Citoplasma rico em glicogênio e núcleo de tamanho intermediário ▪ Camada 3 → Camada Superficial ✓ Células Orangiófilas e núcleo picnótico, tão menor quando mais maduro o epitélio • Para que o epitélio esteja totalmente maduro ele deve apresentar esses 3 tipos de camadas → são vistas pelo Papanicolau ➢ EPITÉLIO ENDOCERVICAL: • Camada única de células, com seu núcleo situado na parte basal do citoplasma 2 LESÕES PRECURSORAS E CÂNCER DE COLO UTERINO Gizelle Felinto NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL (NIC) INTRODUÇÃO ➢ São as lesões precursoras do câncer de colo uterino ➢ DEFINIÇÃO: • A Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) consiste em alterações da maturação celular restritas ao epitélio, sem invadir a membrana basal, ocorrendo o aumento da relação núcleo-citoplasma, atipias nucleares e mitoses, e, em geral, se acompanham de sinais citológicos de infecção pelo HPV ➢ CLASSIFICAÇÃO → histologicamente, são classificadas em 3 graus de gravidade: • NIC I → lesão de baixo grau • NIC II → lesão de alto grau • NIC III → lesão de alto grau ETIOLOGIA ➢ PAPILOMAVÍRUS HUMANO (HPV) → é a principal causa • Está intimamente agregado ao genoma celular, formando um novo tipo celular anárquico e displásico e iniciando a carcinogênese do colo uterino, podendo se dividir em dois grupos, quanto ao potencial carcinogênico • Transmissão → por meio da atividade sexual • Pode causar: ▪ Verrugas Genitais (Condilomas) ▪ Câncer de Colo Uterino • Potencial Carcinogênico: ▪ Grupo A (baixo risco) → tem maior correlação com Condilomas (verrugas genitais) ✓ Tipos 6, 11, 42, 43 e 44 ▪ Grupo B (alto risco) → tem relação direta com NIC e Carcinoma Invasor ✓ Tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56 e 58 PREVENÇÃO ➢ MEDIDAS EDUCATIVAS: • Evitar início precoce da vida sexual • Evitar uso de cigarro • Evitar múltiplos parceiros ➢ USO DE PRESERVATIVO: • Fazer uso de camisinha (condom) feminina ou masculina • Atenção → a camisinha não protege quando o homem tem verrugas (condilomas) na bolsa escrotal ➢ VACINAÇÃO CONTRA O HPV: • Ação → confere imunidade à mucosa vaginal, produzindo anticorpos IgG ▪ A vacina protege contra câncer de pênis, garganta, ânus, verrugas genitais e câncer de colo de útero • Indicada para: ▪ Meninas entre 9 e 13 anos ▪ Meninos entre 12 e 13 anos • Esquema: ▪ Esquema de 2 doses, com intervalo de 6 meses ▪ Não são recomendadas doses de reforço • Proteção → protege contra os principais subtipos (não protege contra todos os subtipos): ▪ Subtipos 6 e 11 → são os que causam Verrugas genitais ▪ Subtipos 16 e 18 → são causadores de 70% dos casos de câncer de colo uterino • No Brasil tem-se os seguintes tipos de vacinas: ▪ Gardasil (Quadrivalente) ▪ Cervarix (Bivalente) ➢ COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA: • É o Papanicolau, também conhecido como exame preventivo do câncer de colo de útero • Indicação → o Ministério da Saúde (MS) orienta que só há necessidade de realizar a Colpocitologia Oncótica em: ▪ Mulheres de 25 até 64 anos com vida sexual ativa ✓ Deve-se realizar o citológico a cada 3 anos, desde que ela tenha 2 exames normais com intervalo de 1 ano entre eles CLASSIFICAÇÃO Lâminas coradas por Papanicolau Lâminas de Biópsia de colo ➢ NIC I → Lesão de Baixo Grau • Há uma substituição de < 1/3 da espessura do epitélio por células imaturas e atípicas • Citologia → observa-se os seguintes: ▪ Grau leve de discariose ▪ Presença de células superficiais com núcleos atípicos acompanhada de Coilocitose (lesão sugestiva de infecção pelo HPV) ➢ NIC II → Lesão de Alto Grau • Alterações celulares (substituição de células maduras por células imaturas e atípicas) que ocupam até 2/3 da espessura do epitélio escamoso • Citologia → observa-se: ▪ Diferenciação celular incompleta nas camadas superiores ▪ Células intermediárias na camada superficial com núcleos atípicos ➢ NIC III → Lesão de Alto Grau • Substituição total ou pelo menos > 2/3 da espessura epitelial por células escamosas do tipo basal ou parabasal 3 LESÕES PRECURSORAS E CÂNCER DE COLO UTERINO Gizelle Felinto • Citologia → observa-se: ▪ Alta relação núcleo-citoplasmática ▪ Hipercromasia ▪ Mitoses atípicas ▪ Contornos celulares atípicos ➢ Carcinoma in situ: • Células imaturas e atípicas de núcleos nus e volumosos, com cromatina disposta em “sal e pimenta” • Esses carcinomas in situ se comportam como NIC III DIAGNÓSTICO ➢ Para a confirmação diagnóstica e classificação do NIC, é necessário realizar o seguinte tripé: 1. COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA→ é o exame de triagem ▪ É feito quando se colhe o citológico: ✓ Colhe-se o material tanto da ectocérvice (com a espátula de Ayres) quando da endocérvice (com o cytobrush, que é a “escovinha”) ✓ Espalha-se esse material em uma lâmina de vidro e fixa-se com álcool em spray ✓ Após isso, encaminha-se o material para o Citopatologista ▪ Resultado alterado → partir para a Colposcopia ✓ A biópsia é realizada, se necessário, mandando-se o material para o histopatológico 2. COLPOSCOPIA + BIÓPSIA: ▪ São feitos quando se encontram alterações na colpocitologia oncótica ▪ Colposcopia → é feita com um aparelho chamado colposcópio, que aumenta em até 40 vezes a imagem do colo uterino ✓ Primeiramente, cora-se o colo com Ácido Acético → se houver alguma lesão suspeita, ocorre coagulação das proteínas do colo do útero, formando placas brancas o Epitélio acetobranco regular e sem relevos → compatível com lesão de baixo grau o Epitélio acetobranco denso, com pontilhados → compatível com lesão de alto grau ✓ Na colposcopia é importante que se visualize o orifício cervical e a JEC ✓ Após a aplicação do ácido acético, deve-se aplicar o Lugol (solução a base de iodo) – Teste de Schiller → as células da ectocérvice são ricas em glicogênio, que capta o iodo. Dessa forma, se houver alguma alteração celular essas células alteradas serão pobres em glicogênio, não havendo captação do iodo (não coram com o lugol) o Iodo negativo (Schiller positivo) → se forma uma placa amarelada no colo uterino o Iodo claro → não capta ou capta muito pouco iodo o Iodo positivo (Schiller negativo) → quando ocorre a coloração do colo com o iodo 3. HISTOPATOLÓGICO → é feito com o material obtido na biópsia CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAL/ATUAL E CONDUTA ➢ CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAL → o Histopatológico pode vir caracterizando uma das seguintes alterações • Antigo NIC I: ▪ Lesões Intraepiteliais Escamosas de Baixo Grau (LSIL) → antigamente chamado de NIC I • Antigos NIC II e NIC III ▪ Lesões Intraepiteliais Escamosas de Alto Grau (HSIL) ▪ Células Atípicas de Significado Indeterminado: ✓ ASC-US → Achados possivelmente não neoplásicos ✓ ASC-H → Não pode ser descartada como de alto grau ▪ Adenocarcinoma In Situ (AIS) Endocervical: ✓ AGUS/AGC → Células Glandulares Atípicas ➢ CONDUTAS: • ASC-US → Achados possivelmente não neoplásicos ▪ Mulher < 30 anos → Repetir Citológico após 1 ano ✓ 2 resultados normais do Citológico → passar para Rastreamento habitual (citológico a cada 3 anos) ✓ Resultado do citológico igual ao anterior (ASC- US) ou de maior gravidade → realizar Colposcopia 4 LESÕES PRECURSORAS E CÂNCER DE COLO UTERINO Gizelle Felinto o Colposcopia Normal (JEC visível e satisfatória) → realizar rastreamento semestral até 2 resultados normais o Colposcopia Alterada → realizar Biópsia o Colposcopia Insatisfatória (não se visualiza a JEC) → avaliação do canal endocervical • ASC-H → Não pode ser descartada como de alto grau ▪ Realizar Colposcopia + Biópsia imediatamente ▪ Colposcopia: ✓ JEC visível na Colposcopia → realizar: o Biópsia + Excisão da Lesão ✓ JEC não visível na Colposcopia → realizar: o Biópsia + Avaliação do Canal Endocervical ▪ Biópsia: ✓ Biópsia Normal ou NIC I → realizar seguimento semestral com Citologia e Colposcopia ✓ Biópsia demonstrando AGUS/AGC (Células Glandulares Atípicas) → Realizar Colposcopia imediatamente o Durante a colposcopia, deve ser realizada nova coleta para Citopatologia (Biópsia) → se o resultado for: ❖ Biópsia normal + Persistência de AGC (atipia de células glandulares) → Colposcopia + Citologia a cada 6 meses por 2 anos ou até o diagnóstico de uma lesão • Mulheres ≥ 35 anos de idade → além das condutas descritas acima, deve-se solicitar Ultrassonografia (USG) Transvaginal ▪ Para avaliar o espessamento do endométrio → o epitélio do endométrio é diferente do epitélio do canal endocervical, estando ambos em íntimo contato, por isso que se deve solicitar a USG ▪ Alterações à nível de endométrio na USG → realizar Anatomopatológico endometrial, por meio da solicitação de um dos seguintes: ✓ Histeroscopia ✓ Aspirado da região do endométrio ➢ Condutas → Tabela e Fluxograma do INCA TRATAMENTO ➢ CARACTERÍSTICAS: • O tipo de tratamento estabelecido depende da Citologia, da Colposcopia e do Histopatológico ➢ NIC I → TRATAMENTO CONSERVADOR: • Colpocitologia Oncótica: ▪ De 3 em 3 meses no 1º ano ▪ De 6 em 6 meses no 2º ano ▪ Ocorre regressão espontânea em 60 a 85% das NIC’s ▪ Após regressão espontânea → realizar Citológico a cada 2 ou 3 anos • Atenção → existem casos especiais que devem ser tratados de outra forma: ▪ Quais são os casos: ✓ Imunossupressão ✓ NIC I persistente por mais de 2 anos ✓ NIC I recidivante ▪ Como devem ser tratados → Excisão Cirúrgica por meio de um dos seguintes: ✓ Conização a frio ou com Laser: o É a retirada da lesão em forma de cone → o colo do útero é cilíndrico. Dessa forma, retira-se um fragmento maior da lesão (tanto a ectocérvice quanto a endocérvice) ✓ Conização por Cirurgia de Alta Frequência (CAF): o É como se fosse um bisturi elétrico, não causando sangramentos 5 LESÕES PRECURSORAS E CÂNCER DE COLO UTERINO Gizelle Felinto ➢ NIC II e III: • TRATAMENTO CIRÚRGICO → Métodos Excisionais: ▪ Conização: ✓ Por meio de Bisturi frio ou CAF: o O CAF é menos invasivo ✓ É tanto um método diagnóstico quanto terapêutico: o Diagnóstico → com a conização e realização da biópsia, pode-se acabar descobrindo até mesmo um câncer de colo uterino que anteriormente era classificado como NIC III, por exemplo, por isso que a conização também é um método diagnóstico, devendo- se prosseguir com o tratamento o Terapêutico → uma lesão NIC II, por exemplo, pode ter sido indicada a Conização e, após a biópsia, identificou-se que realmente era um NIC II ou um carcinoma in situ, o que significa que o método também foi terapêutico, parando-se o tratamento até aqui ✓ Riscos da Conização → a conização deixa o colo uterino curto o Trabalho de parto prematuro • Biologia Molecular (Captura Híbrida ou PCR para HPV): ▪ São úteis apenas no tratamento pós-cirúrgico, para o seguimento ▪ Só se solicita a captura híbrida quando se tem, por exemplo, um HPV confirmado pelo Histopatológico e se deseja fazer o seguimento CÂNCER DE COLO UTERINO EPIDEMIOLOGIA ➢ Acomete mais frequentemente mulheres entre 40 e 50 anos ➢ A evolução para a forma invasora é lenta (demora em torno de 7 anos) ➢ Representa cerca de 23% das neoplasias ginecológicas e aproximadamente 60% das mulheres que desenvolvem este tipo de câncer não haviam realizado o rastreamento há 5 anos ou mais FATORES DE RISCO ➢ Infecção por HPV (principalmente o 16 e 18) ➢ Início precoce da atividade sexual ➢ Multiparidade: • Principalmente aquelas que tem o parto sem assistência adequada e partos domiciliares • Mulheres com lacerações no colo uterino → as lacerações são de difícil cicatrização, deixando o epitélio exposto e permitindo uma diferenciação irregular desse epitélio ➢ Múltiplos parceiros ➢ Tabagismo ➢ Infecção pelo HIV ➢ Imunossupressão (Ex: Transplantadas, doenças do colágeno, doenças autoimunes) ➢ Deficiência de Alfa-1-Antitripsina (AATD) → é uma doença genética caracterizada por níveis séricos baixos de AAT, principal inibidor de proteases no soro humano QUADRO CLÍNICO ➢ O quadro clínico, muitas vezes, é inespecífico, e a paciente, quando vem a apresentar alguma queixa específica significa que o tumor já entrou em estado degenerativo/avançado, onde o tratamento é apenas paliativo ➢ SINAIS E SINTOMAS: • Sinusorragia → sangramento durante ou após o coito • Corrimento com odor fétido ou aquoso contínuo: ▪Corrimento de odor fétido → não é semelhante a vaginose, sendo um corrimento de odor pútrido e que indica estágio avançado da doença • Sangramento genital irregular • Caquexia • Disúria • Oligúria • Perda involuntária de urina (perde urina mesmo sem esforço) → ocorre principalmente quando já se tem Fístula Vesical • Dor hipogástrica ➢ EXAME FÍSICO: • Abdome: ▪ Massa palpável → apenas se houver invasão do corpo uterino e se a paciente estiver muito emagrecida ▪ Edema de membros inferiores ▪ Giordano positivo • Exame Especular: ▪ Aumento global do colo ou presença de massa tumoral exofítica (vegetante) com áreas de necrose e sangrante ao contato ▪ Infecção secundária por anaeróbios → exala odor característico • Toque retal: ▪ É feito para avaliar o comprometimento dos ligamentos paramétricos e a mucosa retal, auxiliando no estadiamento da doença EXAMES COMPLEMENTARES ➢ Hemograma completo ➢ Prova de Função Renal (Uréia e Creatinina) ➢ Ultrassonografia Pélvica e das Vias Urinárias ➢ Urografia Excretora ➢ Cistoscopia ➢ Retossigmoidoscopia ➢ Ressonância Magnética e/ou Tomografia pélvica ➢ Raio-x de tórax e/ou Tomografia de tórax: • Para o estadiamento → avaliar se há doença metastática avançada) 6 LESÕES PRECURSORAS E CÂNCER DE COLO UTERINO Gizelle Felinto DIAGNÓSTICO ➢ Anamnese ➢ Exame físico ➢ Exames Complementares: • Colposcopia • Anatomopatológico (Biópsia) → deve-se confirmar a presença do tumor com a Biópsia ▪ O mais comum é o Carcinoma de Células Escamosas (CEC), que representa 70% dos casos, e em segundo lugar o Adenocarcinoma (15% a 20%) • Outros exames → são solicitados apenas quando necessário PROPAGAÇÃO DO CÂNCER DE COLO UTERINO ➢ Por Contiguidade → se propaga para: • Paramétrios • Paracolpos (tecido conjuntivo ao redor da vagina) • Bexiga • Reto ➢ Por Continuidade → se propaga para: • Vagina • Corpo uterino ➢ Por Via Linfática → se propaga para: • Inicialmente → linfonodos paracervicais, parametriais, obturadores, ilíacos internos e externos • Posteriormente → linfonodos ilíacos comuns, para-aórticos e inguinais ➢ Por Via Hemática → se propaga para: • Fígado • Pulmões • Cérebro • Ossos • Linfonodos supraclaviculares (Sinal de Troisier-Virchow) ESTADIAMENTO ESTADIAMENTO DO CÂNCER DE COLO UTERINO ESDADIO DESCRIÇÃO 0 Carcinoma in situ I Restrito ao Colo Uterino Ia Câncer invasor diagnosticado apenas por microscopia (invasão do espaço vascular não altera estadiamento) Ia1 Invasão de até 3mm de profundidade e 7mm de extensão Ia2 Invasão de 3 a 5 mm de profundidade e 7 mm de extensão Ib Lesão clínica confinada ao colo e maior que o estádio Ia2 Ib1 Lesão clínica não maior do que 4cm Ib2 Lesão clínica maior do que 4cm II Envolvimento da vagina, mas não do terço inferior ou invasão de 1 ou ambos os paramétrios sem invadir a parede pélvica IIa Envolvimento da vagina, sem o terço inferior IIa1 Envolvimento da vagina, sem o terço inferior com tumor menor que 4 cm IIa2 Envolvimento da vagina, sem o terço inferior com tumor de 4cm ou maior IIb Envolvimento dos paramétrios sem atingir a parede pélvica III Envolvimento da vagina até seu terço inferior ou de 1 ou de ambos os paramétrios até a parede pélvica IIIa Envolvimento da vagina até o terço inferior IIIb Envolvimento de 1 ou ambos os paramétrios até a parede pélvica ou urétero-hidronefrose com exclusão renal por comprometimento ureteral IV Extensão da neoplasia para fora do trato genital IVa Envolvimento do reto e/ou bexiga IVb Metástases a distância FATORES PROGNÓSTICOS ➢ Estadiamento: • Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a possibilidade de tratamento, sobrevida e chance de cura ➢ Comprometimento Linfonodal: • Na presença de metástase nodal, há uma queda de 40% na chance de cura ➢ Tipo Histológico: • O CEC (Carcinoma de Células Escamosas), tem melhor prognóstico que os outros tipos ➢ Grau de Diferenciação Celular: • Quanto mais bem diferenciado, melhor o prognóstico ➢ Diâmetro Tumoral: • Quanto maior o tumor, maior a chance de recidiva e de comprometimento linfonodal ➢ Envolvimento Parametrial: • Acometimento do paramétrio é sinal de mau prognóstico ➢ Invasão Angiolinfática ou Vascular: • Se presente, determina risco maior de recorrência e menor sobrevida ➢ Idade: • O Carcinoma Invasor costuma ser mais agressivo em pacientes jovens (< 40 anos de idade) TRATAMENTO ➢ Estadio 0 (zero) → Carcinoma in situ: • Método Excisional → Conização a bisturi frio ou CAF ▪ É um tratamento diagnóstico e terapêutico: ✓ Após a conização constatou-se Carcinoma Invasor → continuar tratamento para estadiar ✓ Após a conização confirmou-se Carcinoma in situ → o tratamento acaba e faz-se apenas o seguimento ➢ Estadio Ia → Carcinoma Microinvasor: • Traquelectomia → retirada do colo uterino ➢ Estadio Ia1: • Conização Cirúrgica (ou amputação do colo uterino) + Estudo das margens e comprometimento linfovascular: ▪ Se houver invasão linfovascular → Histerectomia total com parametrectomia e dissecção dos linfonodos pélvicos ➢ Estadios Ia2, Ib1, Ib2, IIa: • Cirurgia de Wertheim-Meigs: ▪ Histerectomia Total + Parametrectomia + Retirada do 1/3 superior da vagina + Linfadenectomia Pélvica Sistemática 7 LESÕES PRECURSORAS E CÂNCER DE COLO UTERINO Gizelle Felinto • Casos especiais → além da cirurgia, deve-se realizar: ▪ Pacientes obesas e com comorbidades → opta-se também pela Radioterapia ▪ Massas tumorais grande → propõe-se a Radioterapia + Quimioterapia ✓ Para reduzir a morbidade cirúrgica e o tamanho da massa ✓ São feitos antes da cirurgia ▪ Todos os casos cujo tipo histológico for Adenocarcinoma → deve-se realizar Anexectomia bilateral (retirada de trompas e ovários), devido ao risco de metástase • A sobrevida após 5 anos de tratamento, gira em torno de 80% a 90% ➢ Estádios IIb, III e IV → Tratamento Paliativo • Radioterapia e Quimioterapia • Assistência nutricional e higiênica • Analgesia • Priorização da qualidade de vida da paciente • Manejo de complicações (Ex: Nefrostomia, Colostomia) • BRAQUITERAPIA: ▪ Reservada para tumores localmente avançados, consistindo em permitir maior quantidade de radiação na lesão com menor dano às estruturas vizinhas SEGUIMENTO ➢ Independentemente do Tratamento: • 1º e 2º ano após o tratamento: ▪ Avaliação, a cada 3 meses, com: ✓ Citologia ✓ Colposcopia do fundo de saco vaginal ✓ Toque retal (para checar comprometimento dos paramétrios) • Do 2º ao 5º ano após o tratamento: ▪ Controle a cada 6 meses, com: ✓ Citologia ✓ Colposcopia do fundo de saco vaginal ✓ Toque retal (checar comprometimento dos paramétrios) • Após 5 anos do tratamento: ▪ Controle anual com Citologia e Colposcopia do Fundo de Saco Vaginal
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