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O Direito de Greve no Brasil e suas limitações

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O Direito de Greve no Brasil e suas limitações 
 Disponível em: <https://fpsv.adv.br/publicacao/limitacoes-direito-de-
greve/> 
 
No Brasil, o direito de greve está assegurado pela Constituição Federal de 
1988 e pela Lei 7.783/89. 
Contudo, para que se constitua efetivamente como um direito, é 
importante que o ato da greve obedeça a alguns requisitos, sob pena de, 
não observados tais limites, a greve ser considerada abusiva. 
Inclusive, recentemente, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) declarou 
como abusiva a greve realizada em 2019 pelo Sindicato dos Trabalhadores 
em Transportes Rodoviários do Estado do Espírito Santo 
(Sindirodoviários) durante o período de tramitação da Emenda 
Constitucional da “Reforma da Previdência Social” no Congresso Nacional. 
Antes de adentrar neste caso, vamos verificar o direito de greve no Brasil 
e suas limitações para, então, entender a razão de o TST ter declarado a 
abusividade da referida greve. 
 
1. O Direito de greve no Brasil 
A Constituição Federal de 1988 assegura em seu artigo 9º o direito de 
greve: 
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores 
decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que 
devam por meio dele defender. 
A Lei 7.783 de 1989, que dispõe específica e exclusivamente sobre a greve, 
resguarda tal direito dispondo que 
Art. 1º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores 
decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que 
devam por meio dele defender. 
Parágrafo único. O direito de greve será exercido na forma 
estabelecida nesta Lei. 
Pela leitura dos artigos, verifica-se que o direito de greve é um direito dos 
obreiros, que funciona como um instrumento de pressão coletiva dos 
trabalhadores que paralisam os serviços prestados à empresa para 
pressionar seus empregadores. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7783.HTM
https://www.tst.jus.br/web/guest/-/greve-de-rodovi%C3%A1rios-do-esp%C3%ADrito-santo-contra-reforma-da-previd%C3%AAncia-%C3%A9-considerada-abusiva
https://www.tst.jus.br/web/guest/-/greve-de-rodovi%C3%A1rios-do-esp%C3%ADrito-santo-contra-reforma-da-previd%C3%AAncia-%C3%A9-considerada-abusiva
https://www.tst.jus.br/web/guest/-/greve-de-rodovi%C3%A1rios-do-esp%C3%ADrito-santo-contra-reforma-da-previd%C3%AAncia-%C3%A9-considerada-abusiva
Para que a paralisação se configure como greve, portanto, é necessário que 
seja feita coletivamente, eis que se apenas 01 (um) ou se grupo reduzido 
de trabalhadores suspenderem seu trabalho, a greve não estará 
configurada. 
Não por outro motivo, o próprio artigo 2º da Lei 7.783/1989 estabelece 
que a greve consiste na “suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou 
parcial, de prestação pessoal de serviços a empregador”. 
Como se pode verificar também pelo dispositivo acima citado, a greve 
consiste em um exercício de poder típico de países democráticos, mas que, 
para ser exercido, deve observar determinados limites impostos pela lei. 
Vamos verificar cada um destes limites a seguir. 
 
2. Limitações ao direito de greve 
A Lei 7.783/1989 (Lei de Greve) dispõe especificamente sobre o exercício 
do direito de greve, definindo as atividades essenciais – que não podem ser 
totalmente paralisadas e dispondo sobre os limites que devem ser 
observados quando da paralisação coletiva. 
Observando a Lei de Greve, verifica-se que a primeira exigência 
estabelecida se refere ao fato de que o movimento grevista deve ser 
pacífico (art. 2º), sendo vedada a utilização de meios que violem ou 
constranjam os direitos e garantias fundamentais de outros. 
Assim, o movimento paradista será legítimo desde que não ofenda o direito 
ao trabalho, que não cause danos ao patrimônio e que não limite a 
liberdade de locomoção dos trabalhadores não grevistas e das demais 
pessoas com acesso ao estabelecimento. 
Em seguida, a legislação traz ainda uma série de requisitos necessários 
para a deflagração da greve, tais como: 
• A exigência de prévia e frustrada negociação coletiva, acrescida da 
impossibilidade de utilização da via arbitral (art. 3º); 
• A necessidade de comunicação da paralisação com antecedência 
mínima de 48h (quarenta e oito horas) ou 72h (setenta e duas horas) 
a depender do tipo de atividade, se essencial ou não (art. 3 e 13); 
• A existência de atividades essenciais cuja prestação não pode sofrer 
suspensão total (art. 13), bem como a convocação de assembleia 
geral para definição das reivindicações da categoria e para 
deliberação sobre a paralisação das atividades. 
Por fim, o art. 14 da Lei de Greve estabelece que o movimento paradista 
perderá a sua legitimidade, caracterizando o abuso do direito de greve, 
quando houver a inobservância das normas contidas na Lei, bem como 
diante da manutenção da paralisação após a celebração de acordo, 
convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. 
A Lei ainda prevê que o abuso do direito de greve dará ensejo à 
responsabilidade dos agentes causadores, a qual poderá ser apurada, 
conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal. 
 
3. Greve política 
Ultrapassadas as limitações no plano legal, ainda se observa no plano 
doutrinário e jurisprudencial uma outra limitação ao exercício de greve: a 
vedação à greve política. 
Diferentemente da greve “comum”, cujo objetivo é a conquista de melhores 
condições de trabalho a partir de uma pressão exercida sobre o 
empregador, a greve política tem sua origem em uma reivindicação de 
natureza política e é geralmente destinada contra os poderes públicos, em 
especial ao Legislativo e ao Executivo. 
Objetiva, assim, o alcance de determinadas reivindicações que não 
suscetíveis de negociação coletiva, cuja competência, inclusive, excede às 
possibilidades patronais. 
Diante da sua natureza, os Tribunais do Trabalho, em especial o Tribunal 
Superior do Trabalho tem rejeitado a possibilidade de deflagração da greve 
política, notadamente porque foge à lógica intrínseca do movimento 
grevista, já que se direciona a um terceiro fora da relação de trabalho, não 
possuindo o empregador condições de negociar ou atender às 
reivindicações. 
Nesse sentido, a Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do 
Tribunal Superior do Trabalho pacificou o entendimento de que é abusiva 
a greve de cunho político, por não se dirigir diretamente ao empregador, 
mas a uma medida governamental. 
 
3.1 O caso decidido pelo TST – greve dos rodoviários 
A mais recente decisão do Tribunal Superior do Trabalho sobre a greve 
política foi proferida nos autos do Recurso Ordinário Trabalhista nº 
0000304-39.2019.5.17.0000, relativa à greve dos rodoviários do Espírito 
Santo deflagrada em 14/06/2019, contra a reforma da previdência. 
No caso, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande 
Vitória (GVBUS) e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros 
do Estado do Espírito Santo (Setpes) entraram na Justiça contra o 
Sindirodoviários a fim de que fosse declarada a abusividade e a ilegalidade 
da greve programada para ocorrer no dia 14. 
O argumento adotado pelos sindicatos patronais foi no sentido de que a 
greve tinha cunho eminentemente político e objetivava pressionar o 
Congresso Nacional contra a reforma da previdência, de modo que o 
empregador não possuía condições de negociação, visto que o objetivo não 
era reivindicar melhores condições de trabalho. 
Na ocasião, o Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região declarou a 
legalidade do movimento grevista, por entender que, uma vez preenchidos 
os requisitos legais para a deflagração do movimento grevista, o direito em 
questão não poderia sofrer restrições, ainda que a motivação da greve não 
estivesse relacionada com questões contratuais. 
O Tribunal Superior do Trabalho, no entanto, no julgamento do Recurso 
Ordinário interposto pelos sindicatos patronais,reformou a decisão 
proferida pelo Tribunal Regional, reafirmando mais uma vez o seu 
entendimento de que a greve política é abusiva e ilegal, já que os interesses 
reivindicados não podem ser atendidos pelo empregador por não serem 
passíveis de negociação coletiva. 
 
4. Possíveis consequências para os grevistas 
Conforme já tratamos neste texto, o artigo 14 da Lei de Greve estabelece 
expressamente que 
Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas 
contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após 
a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. 
Desse modo, se a greve deixar de obedecer a qualquer dos limites impostos 
na Lei ou se for mantida mesmo após a celebração de acordo, convenção 
ou decisão da Justiça do Trabalho, será considerada abusiva, podendo 
acarretar graves consequências para os grevistas. 
A seguir vamos abordar cada uma das possíveis consequências aos 
trabalhadores que participam de uma greve considerada abusiva. 
 
4.1 Os direitos e vantagens pleiteados pelo movimento grevista não serão 
reconhecidos 
A primeira consequência está estabelecida na Orientação Jurisprudencial 
10 do TST – Seção Especializada de Dissídios Coletivos (SDC): 
É incompatível com a declaração de abusividade de movimento 
grevista o estabelecimento de quaisquer vantagens ou garantias a seus 
partícipes, que assumiram os riscos inerentes à utilização do 
instrumento de pressão máximo. 
Portanto, quaisquer direitos conquistados em decorrência do exercício da 
greve serão perdidos caso ela seja considerada abusiva. 
 
4.2 Dispensa por justa causa dos trabalhadores grevistas 
Essa consequência já foi trabalhada em outro texto disponível em nosso 
site, ocasião em que explicamos que a possibilidade de dispensa por justa 
causa de trabalhadores grevistas que participam de greve considerada 
abusiva é ainda controvertida. 
De fato, os Tribunais Regionais do Trabalho não possuem uma posição 
firme e única sobre a situação. Por isso, cada caso precisa ser tratado de 
maneira específica e individualizada a partir de criteriosa análise jurídica. 
Contudo, existem decisões reconhecendo que, diante da abusividade da 
grave, é cabível a aplicação de medidas disciplinares, incluindo-se a mais 
gravosa delas, a justa causa. 
Nesse sentido, o Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região, ao julgar o 
processo 0001409-70.2016.5.11.0017, entendeu correta a justa causa 
aplicada em desfavor de um empregado que atravessou seu veículo para 
obstruir o portão de acesso à empresa. 
Para chegar nessa conclusão, a 1ª Turma do TRT-11 entendeu que a 
paralisação não atendeu aos requisitos legais (a “greve” não representava 
interesses da categoria; não houve comunicação prévia). 
 
4.3 Desconto dos dias de paralização 
Outra consequência – esta de natureza financeira – para os trabalhadores 
que participam de greve considerada abusiva, é a permissão para que o 
https://www.tst.jus.br/ojs/-/asset_publisher/1N7k/content/05-secao-de-dissidios-coletivos-sdc
https://www.tst.jus.br/ojs/-/asset_publisher/1N7k/content/05-secao-de-dissidios-coletivos-sdc
https://fpsv.adv.br/publicacao/paralisacao-abusiva-justa-causa/
https://fpsv.adv.br/publicacao/paralisacao-abusiva-justa-causa/
empregador desconte na folha de pagamento dos trabalhadores os dias de 
paralização. 
Essa penalidade, inclusive, foi permitida no caso que analisamos – da greve 
dos rodoviários em 2019 que recentemente teve sua abusividade 
reconhecida pelo TST. 
A decisão do TST autorizou que fosse realizado o desconto dos dias 
parados nos salários de quem participou do movimento. 
 
5. Conclusão 
Conforme demonstrado, a greve se constitui, no Brasil, como um direito 
dos trabalhadores, que deve ser exercido de forma coletiva e pacífica. 
O objetivo deve ser a busca por melhores condições de trabalho, sendo 
vedada a greve política, tendo em vista que, neste caso, não haveria como 
o empregador atender as reivindicações dos grevistas para encerrar o 
movimento. 
Contudo, para além destes requisitos, o exercício do direito de greve 
também esbarra em outras limitações, que somadas aos requisitos 
tratados acima, podem ser resumidos por meio dos seguintes critérios: 
• O movimento grevista deve ser pacífico (art. 2º da Lei 7.783/89), 
• A greve somente pode ser deflagrada após negociação coletiva 
frustrada, acrescida da impossibilidade de utilização da via arbitral 
(art. 3º da Lei 7.783/89); 
• É preciso comunicar sobre a paralisação com antecedência mínima 
de 48h (quarenta e oito horas) ou 72h (setenta e duas horas) a 
depender do tipo de atividade, se essencial ou não (art. 3º e 13 da 
Lei 7.783/89); 
• Em se tratando de atividades essenciais, não pode haver paralização 
total dos serviços (art. 13). 
Observando todos os limites impostos, a greve será legítima e, portanto, o 
empregador não poderá sujeitar os grevistas a qualquer medida 
disciplinar, eis que os trabalhadores se encontram exercendo um direito 
fundamental. 
Contudo, caso o movimento grevista deixe de observar algum limite 
imposto, poderá ser considerada abusivo e, assim sendo, os trabalhadores 
que participam da greve poderão ver impostas contra si as consequências 
mencionadas neste texto, entre elas desconto na folha de pagamento dos 
dias de paralização e aplicação de medidas disciplinares. 
 
 
Gabriela Pelles Schneider 
Advogada. Mestre em direitos e garantias fundamentais pela FDV. 
 
Thaís Vieira Loureiro 
Advogada. Pós-graduanda em direito material e processual do trabalho.

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