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Clínica Médica e Cirúrgica Veterinária II | Alice Carolina Costa 
 
FUNDAMENTOS DA FLUIDOTERAPIA 
A FLUIDOTERAPIA 
É uma TERAPIA LÍQUIDA que visa corrigir distúrbios 
hidroeletrolíticos, acidobásicos, restaurar a volemia e 
manter homeostase. É a reposição e restauração à 
normalidade de volume e componentes dos líquidos 
corporais. 
→ A distribuição de água é regulada pelos solutos. 
→ Variações nas concentrações séricas do sódio 
provocam desvio da osmolaridade. 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
ORAL (2ml/kg/h), SUBCUTÂNEA ou INTRAVENOSA. 
Importante! Em animal muito desidratado não se faz soro subcutâneo, 
pois a desidratação causa vasoconstricção periférica. 
AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DESIDRATAÇÃO 
1. Realizar ANAMNESE: presença de diarreia ou 
vômito, ingestão de água, poliuria, polidipsia ou 
anorexia, perda de peso e quando iniciou algum 
desses sintomas. 
2. Fazer um bom EXAME CLÍNICO: conferir a 
elasticidade da pele, TPC, coloração e 
ressecamento das mucosas e retração do globo 
ocular (enoftalmia). 
3. Solicitar EXAMES COMPLEMENTARES: avaliar 
hematócritos/PPT (concentração) e densidade 
urinária. 
ESTIMATIVA CLÍNICA DO GRAU DE DESIDRATAÇÃO 
Grau de desidratação Perda de água Sinais clínicos 
NÃO APARENTE (4%) < 5% Indetectável 
LEVE (6%) 5 - 7% Diminuição da 
elasticidade da pele e 
mucosas secas 
MODERADA (8%) 8 - 9% Pequeno aumento do 
TPC, enoftalmia, mais 
perda de elasticidade 
da pele 
GRAVE (10%) 10- 12% A pele não retorna, 
aumento do TPC, 
sinais de choque, 
pulso rápido e fraco, 
palidez de mucosas e 
enoftalmia bem 
marcante. 
 
TIPOS DE FLUIDOS MAIS EMPREGADOS NA ROTINA CLÍNICA 
OS CRISTALÓIDES 
Contém solutos eletrolíticos e não eletrolíticos capazes 
de penetrar em todos os compartimentos corporais, pois 
atravessam facilmente a barreira endotelial atuando 
nos compartimentos intersticiais e intracelulares. 
Caracterizam-se por terem baixo custo e serem de 
escolha para a maioria dos pacientes. Sendo eles 
encontrados em: 
SOLUÇÕES ISOTÔNICAS 
RINGER LACTATO: discreto alcalinizante usado para 
reposição eletrolítica. 
RINGER: acidificante usado para reposição eletrolítica. 
CLORETO DE SÓDIO 0,9% (solução fisiológica): 
discreto acidificante usado para correção do déficit do 
volume extracelular. 
GLICOSE 5%: reposição de energia. 
SOLUÇÕES HIPERTÔNICAS 
SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA 20%: expande o 
espaço intravascular (↑volemia) através do gradiente 
osmótico produzido, elevam a pressão arterial e o débito 
cardíaco favorecendo o fluxo de água do interstício para 
o meio intravascular. 
✓ Transfere rapidamente o fluido do interstício para o 
espaço intravascular, sendo usado para tratamento 
inicial ou coadjuvante no choque hemorrágico. 
Importante! O efeito dura apenas 1-2h após a infusão. Deve 
ser administrado rapidamente. 
 
 
 
 
 
COLOIDES SINTÉTICOS 
Contém moléculas orgânicas de alto peso molecular que 
se mantém exclusivamente no plasma, assim, proporciona 
a expansão de volume e pressão oncótica no meio 
intravascular, sendo mais eficazes nas emergências e 
principalmente nas hipoproteinemias com edemas. 
✓ Suas desvantagens são o alto custo, sobrecarga de 
volume, exarcebação de coagulopatias, edema em 
caso de vasculite. 
Importante! O efeito clínico dura 24-48h após a infusão, a 
dose diária NÃO deve exceder 20ml/kg. São mais eficazes 
nas emergências 
ADITIVOS 
BICARBONATO DE CÁLCIO: alcalinizante. 
CLORETO DE POTÁSSIO (KCl 10%): acidificante 
usado também para corrigir deficiência de potássio. 
GLUTAMATO DE CÁLCIO: combater hipocalcemia. 
✓ Suas desvantagens são relacionadas a complicações na 
fluidoterapia, como tromboflebite e sobrecarga 
circulatória (água e/ou eletrólitos). 
QUAL CRISTALÓIDE ESCOLHER? 
Apenas VÔMITOS, leva a perda de ácidos (H+ Cl -) e predispõe a 
ALCALOSE: escolha RINGER OU NACL 0,9%. 
Apenas DIARREIA, leva a perda de K +, Na+, Cl+ e HCO3- e 
predispõe a ACIDOSE: escolha RINGER COM LACTATO. 
DIARREIA e VÔMITOS juntos predispõem a ACIDOSE: escolha 
RINGER COM LACTATO. 
 
Clínica Médica e Cirúrgica Veterinária II | Alice Carolina Costa 
 
 
O CÁLCULO VOLUMÉTRICO 
AS FASES DA FLUIDOTERAPIA 
A fluidoterapia compreende três fases, sendo elas: 
 
 
DISTRIBUIÇÃO OU REIDRATAÇÃO: é a fase que o 
LÍQUIDO SE DESLOCA PARA O MEIO 
INTRAVASCULAR E SE EQUILIBRA NO MEIO 
INTRACELULAR. 
 
MANUTENÇÃO: O volume de manutenção é a quantidade 
de LÍQUIDO PARA MANTER A HOMEOSTASE e é 
indicado para pacientes que não têm ingestão hídrica e 
não apresentam depressão de volume, hipotensão ou 
perdas contínuas. 
 
REANIMAÇÃO: é a reposição volêmica com GRANDES 
VOLUMES DE LÍQUIDO EM PEQUENOS 
INTERVALOS DE TEMPO (15 a 60 min) é indicada nos 
diversos tipos do choque. 
 
O CÁLCULO VOLUMÉTRICO PARA 
ADMINISTRAÇÃO DE FLUÍDOS 
O cálculo sempre é feito para 24 horas. 
A- PERDA JÁ OCORRIDA (grau de depleção) 
(A de “Aqui e agora”) 
 
B- NECESSIDADE HÍDRICA FISIOLÓGICA 
DIÁRIA 
(B de básico que precisa) 
 
C- NECESSIDADE HÍDRICA DEVIDO A DIARRÉIA 
E/OU VÔMITO 
(C de cesta de lixo, o que está sendo jogado fora) 
 
 
A – peso x % desidratação x 10 (constante) 
B – peso x 40 (constante) 
C – peso x constante 40 (êmese) ou 50 (diarréia) ou 
60 (diarreia + êmese) 
 
Volume diário = A + B + C (cães e gatos) 
EQUIPOS MICRO E MACROGOTAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXERCÍCIO 
Um cão pesando 5Kg e 10% de desidratação, apresenta 
anorexia, diarréia e vômitos, há cerca de 3 dias. Sobre 
a fluidoterapia neste animal, responda: 
 
Considerando os cristalóides NaCl0,9%, Ringer, Glicose 
0,5% ou Ringer com lactato, qual desses fluidos seria o 
mais indicado, no primeiro momento? 
Resp.: Ringer com lactato 
 
Qual o volume total a ser administrado (em 24 horas)? 
Qual o volume de reposição (primeiras 4 horas)? Qual o 
volume de manutenção (20 horas seguintes)? 
Resp.: 
A→ 5 X 100(10x10) = 500 ml 
B→ 5 x 40 = 200 ml 
C→ 5 X 60 = 300 ml 
Resp.: A+B+C= 500 + 200 + 300 = 1000 ml 
Resp.: A= 500 ml 
Resp.: B+C= 200+300= 500 ml 
 
Qual a velocidadede administração do volume de 
reposição (em gpm)? 
R= Velocidade= V / 3.h= 500/3.4 = 41,6 (42) gpm 
(macrogotas)