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LIBRAS – REVISÃO Professora Regina Penachione INTRODUÇÃO • LIBRAS - O uso da sigla LIBRAS. Explicava-se esta sigla da seguinte forma: LI de Língua, BRA de Brasileira, e S de Sinais. Com a grafia Libras (ou libras), a sigla significa: Li de Língua de Sinais, e bras de Brasileira. - Nome correto: “Língua de Sinais Brasileira” (ou “língua de sinais brasileira”), pois Língua Brasileira não existe. - Libras é uma língua e não uma linguagem, uma vez que possui gramática, semântica e sintaxe muito bem definidas. Fernando Capovilla (autor do dicionário trilíngue da língua de sinais brasileira) INTRODUÇÃO • Língua: - ...“a língua é um sistema supra-individual utilizado como meio de comunicação entre os membros de uma comunidade.” - “A língua corresponde à parte essencial da linguagem e o indivíduo, sozinho, não pode criar nem modificar a língua.” • Linguagem: - É social e individual; psíquica; psico-fisiológica e física, portanto, a fusão de Língua e Fala. - É a forma pela qual o ser humano comunica suas ideias e sentimentos, seja pela fala, escrita ou outros signos convencionais. Ferdinand Saussure (linguista e filósofo suíço) UNIDADE 1 • Pensamento e linguagem - As línguas de sinais são fundamentais para o desenvolvimento cognitivo dos surdos. - Não é a surdez que compromete o desenvolvimento do surdo, e sim a falta de acesso a uma língua (GESSER, 2009, p. 76). - “[...] é fundamental que a criança aprenda a língua de sinais bem cedo, pois pesquisas têm mostrado que, quando a criança surda adquire linguagem desde bem pequena, o seu desempenho escolar será equivalente ao de crianças ouvintes” (REILY, 2004, p. 123). - A criança cresce e necessita da linguagem para poder se colocar no mundo, entender e se fazer entendida. Entra aí o papel da escola (MOURA, 2013, p. 18). UNIDADE 1 • História das línguas de sinais - O reconhecimento linguístico da Libras como língua teve início com os estudos do linguista americano William Stokoe em 1960. - No Brasil, os primeiros estudos sobre a Libras realizaram-se na década de 1980, por Lucinda Ferreira Brito, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Tanya Mara Felipe, da Universidade Federal de Pernambuco e da Federação Nacional de Escolas e Instituições de Surdos (FENEIS), entidade máxima representativa dos surdos brasileiros. - A escolarização do surdo brasileiro teve seu início ainda no período imperial, em 1855, com a chegada do professor surdo francês E. Huet. - Em 26 de setembro de 1857, foi fundado o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação do Surdo (INES), que adotava a língua de sinais. Essa língua deu origem à Libras e, constitui-se, naturalmente, pela interação da língua de sinais francesa (LSF), já constituída em seus aspectos gramaticais, com o conjunto de sinais utilizados pelos surdos brasileiros. UNIDADE 1 • Paralelos entre a Libras e a Língua Portuguesa Libras Língua Portuguesa - Visual-espacial - Oral-auditiva - Baseada nas experiências visuais - Baseada nos sons - Sintaxe espacial - Sintaxe linear - Estrutura tópico-comentário - Evita esse tipo de construção - Repetições sistemáticas - Esse processo não é comum - Referências anafóricas por meio de - Existência de ambiguidades pontos no espaço para evitar ambiguidades UNIDADE 1 • Paralelos entre a Libras e a Língua Portuguesa Libras Língua Portuguesa - Não tem marcação de gênero - Há marcação de gênero - Valor gramatical às expressões faciais - Essa fator não é relevante - Coisas que são ditas na língua de sinais - Coisas que são ditas na língua portuguesa não são ditas usando a mesma construção não são ditas usando a mesma construção gramatical na língua portuguesa gramatical na língua de sinais - Não é alfabética - É alfabética UNIDADE 1 • Línguas de sinais e Libras - Os sinais não são gestos porque se combinam com configuração de mãos, ponto de articulação, movimento, orientação das palmas das mãos que são os parâmetros constituintes da língua de sinais. - Não se pode afirmar que a língua de sinais seja icônica porque também há arbitrariedade. - Libras tem gramática própria e se estrutura nos mesmos níveis das línguas orais: fonológico, morfológico, sintático e semântico. - A língua de sinais não é mímica, porque a mímica é muito mais detalhada para representar o objeto do que os sinais. - A língua de sinais não é o alfabeto digital, o qual é um recurso utilizado pelos surdos sinalizadores para soletrar, manualmente, as palavras (soletração e datilologia). UNIDADE 1 - A língua de sinais não é artificial como o Esperanto, construída por um grupo de indivíduos, com um objetivo específico de estabelecer uma comunicação internacional fácil. - A língua de sinais não é universal, pois existe diferença entre as Línguas de Sinais utilizadas em países diferentes. - As línguas de sinais não dependem das línguas orais. - As Línguas de Sinais não são exclusividade dos surdos. - Intérprete de Libras é a pessoa que, sendo fluente em Língua Brasileira de Sinais e em Língua Portuguesa, tem a capacidade de verter, em tempo real (interpretação simultânea) ou com pequeno espaço de tempo (interpretação consecutiva), a Libras para o português ou ele para Libras. UNIDADE 1 • Aspectos linguísticos da Libras - A estrutura gramatical da Libras é organizada em 5 parâmetros: a configuração da(s) mão(s) – CM, movimento – M, ponto de articulação – PA, orientação das mãos – O, e componentes não manuais, que são as expressões faciais e corporais. - A escrita datilológica só é utilizada para nomes próprios ou para palavras que ainda não têm um sinal ou não podem ser facilmente representadas por um classificador icônico. - Exemplos: a) CM (aprender, laranja, chuva); b) M (perguntar, namorar, ajoelhar-se); c) PA (trabalhar, brincar, pensar); d) O (passado, sentir, querer e não querer); e) Expressões faciais (frase interrogativa, alegre, triste, desculpas). UNIDADE 1 • Tipos de frases em libras a) Afirmativa: a expressão facial é neutra. Exemplo: Meu nome é M-A-R-I-A. b) Interrogativa: sobrancelhas franzidas e ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima. Exemplo: Qual o seu nome? c) Exclamativa: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima.. Exemplo: É bom conhecer você! d) Negativa: acréscimo de “não” à frase (Não vou à escola); movimento contrário do sinal (Não gosto de carne); utilizando sinais diferentes (Eu não tenho carro). e) Imperativa: sobrancelhas franzidas e o rosto representando “brava”. Exemplo: Fique quieto! UNIDADE 1 • Classificadores: - Os classificadores são auxiliares da língua de sinais para determinar as especificidades e “dar vida” a uma ideia ou a um conceito ou signos visuais. - Em Libras, esses classificadores são formas representadas por configurações de mão, que podem aparecer junto de verbos de movimento e de localização, para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo. - Exemplos: fila cheia (fila + bochecha cheia); carros em fila (mão espalmada + mão espalmada alongada); mala, mochila. UNIDADE 2 • Léxico de unidades semânticas: - alfabeto (datilologia), números (cardinais e ordinais) e pronomes (pessoais, possessivos e demonstrativos); • Léxico de unidades semânticas: - saudações cotidianas (bom dia, boa tarde, boa noite), cores (amarelo, laranja, azul), calendário (mês, janeiro, fevereiro), tempo (que horas são?, meio-dia, manhã); • Léxico de unidades semânticas: - deficiências (cego, surdo), profissões (professor, médico), educação (aluno, disciplina, Libras), escola (escola, banheiro, sala dos professores) e economia (dinheiro, cheque, milhão, bilhão). UNIDADE 2 • Tradutor intérprete de língua de sinais TILS - O intérprete deve conhecer, com profundidade, cientificidade e criticidade, sua profissão, a área em que atua, as implicações da surdez, as pessoas com surdez, a Libras e os diversos ambientes de sua atuação, a fim de que seja capaz de atuar, de maneira adequada, em cadauma das situações que envolvem a tradução, a interpretação e a ética profissional. - Um dos aspectos positivos do TILS em sala de aula: o aluno sente-se mais seguro e com chances de compreender e ser compreendido. - Um dos aspectos negativos do TILS em sala de aula: o intérprete pode não conseguir explicar os conteúdos disciplinares da mesma maneira que o professor e o aluno pode não interagir com o professor. UNIDADE 2 • O mercado de trabalho para as pessoas surdas - Ainda não há uma educação que prepare os surdos para atuar em diferentes profissões e, mesmo quando o surdo, por mérito próprio, consegue se formar como engenheiro, dentista, psicólogo, devido ao preconceito existente na sociedade, não consegue trabalho. - Para os surdos, as opções de trabalho disponíveis são, em geral, de auxiliares para várias funções, professor de Libras, instrutor, promotor de vendas, entregador, linha de produção, pedreiros, marceneiros, serventes, zeladores e outras vagas que não utilizem telefone ou tenham atendimento ao público. - Durante muito tempo, e ainda hoje, os surdos só conseguiam trabalhar em “linhas de produção”, em trabalhos repetitivos e mecânicos. - Só atualmente surgiu a possibilidade de instrumentalizar o surdo para uma profissão mais bem remunerada em uma sociedade capitalista, a de professor de Libras. UNIDADE 3 • Concepções de surdez - O surdo é considerado diferente do ouvinte, porque os seus mecanismos de processamento da informação e as formas de compreender o mundo se constroem como experiência visual. - A definição mais atual para a surdez é a de “experiência visual”, isto é, as experiências vivenciadas pelos surdos são muito mais experiências de visão do que de não audição. - Para os defensores do oralismo, a surdez era vista como uma deficiência, quase que uma patologia que necessitava ser “normalizada”. - A concepção de surdez, subjacente à comunicação total, era de uma marca, como significações sociais. - Para o Bilinguismo, a surdez é muito mais uma diferença do que deficiência. Para Skliar (1998), uma “experiência visual”. UNIDADE 3 • Culturas e identidades surdas - De acordo com Strobel (2008, p. 17), para falar sobre cultura - a humanidade, ao longo do tempo, adquire conhecimento através da língua, crenças, hábitos, costumes, normas de comportamento dentre outras manifestações. Partindo do suposto que cultura é a herança que o grupo cultural transmite a seus membros através de aprendizagem e de convivência, percebe-se que cada geração e sujeito também contribuem para ampliá-la e modificá-la. - Segundo a pesquisadora surda Gladis Perlin (2004), ser surdo é pertencer a um mundo de experiência visual e não auditiva. Viver uma experiência visual é ter como primeira língua a língua de sinais, que é visual e pertence a outra cultura, que também é visual. - A identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual. Essa é também a opinião de Quadros (2002, p. 10), para quem a cultura do povo surdo “é visual, ela traduz-se de forma visual”. UNIDADE 3 • Legislação brasileira referente à educação dos surdos - A Constituição Brasileira de 1988: • Art. 208: III – Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; - A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), Lei nº 9.394, de 1996, define as diretrizes para educação nacional e aos educandos com necessidades especiais no • Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: III – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; UNIDADE 3 - Lei Federal nº 10.098, de 2000: • Art. 18. O Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes de escrita em braile, linguagem de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação. - Lei Federal nº 10.436, de 24 de abril de 2002 que oficializou a Língua Brasileira de Sinais – Libras e a palavra “libras” deixou de ser escrita com todas as letras maiúsculas, como se fazia anteriormente, quando ela representava uma sigla: LÍngua BRAsileira de Sinais – LIBRAS. - Decreto Federal nº 5626 – 2005 que considera surda a pessoa que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura, principalmente, pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. UNIDADE 3 • As políticas públicas referentes à educação dos surdos - A primeira política pública para a educação dos surdos no Brasil pode ser considerada a Decisão Imperial, de 26 de setembro de 1857, quando o governo de D. Pedro II criou o Instituto Nacional de Surdos-Mudos no Rio de Janeiro, atual Instituto Nacional de Educação do Surdo (INES), que adotava a língua de sinais. - No documento da Política Nacional de Educação Especial, de 1994, aparecem, pela primeira vez de forma explícita, propostas de apoio à “utilização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), na educação de alunos surdos” e “incentivo à oficialização da Libras”. - Na Política Nacional de Educação Especial (PNEE), de 2008, na perspectiva inclusiva, o MEC reconheceu que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las. UNIDADE 3 • Desconstruindo crenças sobre o surdo e a surdez - Quando se refere ao surdo, a palavra “muda” não corresponde à realidade desse sujeito, pois não é mudo. Na maioria das vezes, a pessoa surda ou com deficiência auditiva não fala, porque não consegue aprender por não possuir o feedback auditivo. (CORRETO) - O pensamento do surdo se efetiva por imagens e não por sons como os ouvintes. (CORRETO) - A surdez definitivamente não é uma deficiência. (CORRETO) - Todos os surdos são hábeis leitores labiais. (FALSO) - A língua de sinais é inata na pessoa surda. (FALSO) - A denominação “surdo” é a mais adequada quando se trata de uma pessoa surda. (CORRETA)
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