Buscar

M1 - aula 3 - Abordagem histórica das teorias éticas

Prévia do material em texto

ABORDAGEM HISTÓRICA DAS TEORIAS ÉTICAS 
 
 
a) SÓCRATES 
 
 Atenas – 470 – 399 a.C 
 
Soldado exemplar 
 
Vida pública x vida privada 
 
Manteve-se afastado da vida política. 
 
Momento “Caras”....... 
 
Dedicação à Filosofia, que considerava como sua vocação, como missão 
confiada pela divindade. 
 
Dedicava-se a um exame incessante de si mesmo e dos outros com o 
objetivo de: 
 
esclarecer os conceitos diretivos da vida humana: a virtude; 
 a felicidade; 
 a justiça; 
 o bem. 
 
Conhecer o homem na sua conduta prática e nas suas relações com 
outros homens, na vida social. 
 
Admite, como Protágoras, que o homem como medida de todas as coisas, 
porém diferentemente daquele, entendia que o conhecimento e a verdade são 
interiores ao homem – conheça-te a ti mesmo (oráculo de Delfos) 
 
Sócrates nada escreveu. Sua vida e pensamento estão retratados por 
Platão: Teeteto; Apologia de Sócrates e Alcebíades. 
 
Seu filosofar era um incessante dialogar. 
 
Objetivo: estimular o interesse pela procura da verdade e do bem (que é 
o verdadeiro fim do homem, e onde ele pode encontrar a felicidade) 
 
 
O método Socrático: 
Ironia 
Maiêutica 
 
O exame, que a cada um recomendava fazer sobre si mesmo e que tão 
bem sabia praticar sobre o próximo, essa análise das noções, essa 
prova por ironia e a dialética (maiêutica) à qual submetia seus discípulos 
era um verdadeiro procedimento científico. 
Conheça-te a ti mesmo. 
 
O único conhecimento que interessa ao homem. 
Para tal é necessário despir-se da arrogância e reconhecer a própria 
ignorância. O sábio reconhece que pouco sabe. 
 
O papel da Filosofia não é responder, mas possibilitar o florescimento da 
verdade interior. 
 
Mas para ser ao mesmo tempo objeto de seu estudo e matéria da 
pesquisa (ciência) o homem é obrigado “a separar-se” de si mesmo, de 
analisar-se como objeto exterior. (psicologia). 
 
MAIÊUTICA 
 
Método que consiste, essencialmente, em: 
reduzir as opiniões em proposições claras, incontestáveis, ou pelo 
menos aproximadamente incontestadas e compará-las a fatos tão nítidos 
e simples de modo que ninguém possa negar. 
 
Espécie de arte da pesquisa associada. O homem, sozinho, não 
pode atingir a verdade; pode atingi-la somente com o dialogar 
contínuo com outros homens e consigo mesmo. 
 
Objetivo: descobrir e demonstrar a definição das coisas, a qual nos faz 
conhecer a verdadeira essência. 
 
Essa essência é um universal, conveniente a todos os objetos individuais 
que têm o mesmo nome, mas que não é separado nem separável. 
 Ou seja, Verdades nas quais todos os homens podem reconhecer-se e 
estar de acordo, e que, por isso mesmo, devem atingir para orientação 
de sua vida. 
 
(RACIOCÍNIO INDUTIVO) - do exame de um certo número de casos ou 
de afirmações particulares, chega-se a uma afirmação geral que exprime 
um conceito. 
 
O raciocínio indutivo chega a uma afirmação universal, isto é, à 
definição de conceito. 
 
O conceito é o que exprime a essência ou a natureza da coisa, 
aquilo que a coisa é e deve ser. 
 
SÓCRATES aplicou o conhecimento universal a argumentos MORAIS. 
BEM, VIRTUDE E JUSTIÇA. 
 
O HOMEM QUE NÃO SABE O QUE É O BEM NÃO PODE PRATICÁ-
LO. 
O HOMEM QUE NÃO SE PREOCUPA EM SABER O QUE É A 
JUSTIÇA NÃO PODE SER JUSTO. 
 
SABER E VIRTUDE SÃO IDÊNTICOS ENTRE SI E SE IDENTIFICAM 
COM O PRAZER, COM A FELICIDADE QUE É PRÓPRIA DO HOMEM. 
 
A MAIOR INFELICIDADE PARA O HOMEM CONSISTE EM COMETER 
INJUSTIÇA. ISTO TORNA-O TRISTE E DOENTE. 
 
Acusado por (Melito, Anito e Lícon) de: 
a) não reconhecer os deuses do Estado; 
b) introduzir inovações religiosas pelo culto de divindades não 
reconhecidas; 
c) sedução e corrupção da juventude por doutrinas perigosas. 
 
Defendeu-se mas foi condenado a beber cicuta. 
 
No intervalo entre a condenação e a execução (retardada por festividade 
religiosa) seus amigos quiseram induzi-lo a fugir. 
 
Recusou: em toda a sua vida havia ensinado a justiça e o respeito às 
leis. Não quis desmentir seus ensinamentos. 
 
Bebeu cicuta entre discípulos amigos em 399 a.C. depois de ter 
discorrido sobre a imortalidade da alma e o destino do homem 
depois da morte (segundo Platão). 
 
“Para o homem honesto não existe mal nem na vida, nem na morte e 
que a sua causa está nas mãos do deuses. A divindade (Daimon) é, 
pois, a guarda do destino dos homens; é a garantia dos valores morais. 
 
 
CONHECIMENTO – VIRTUDE 
DIREITO – INSTRUMENTO HUMANO DE COESÃO SOCIAL que visa à 
realização do bem comum. 
As leis são inderrogáveis pelo arbítrio da vontade humana 
Prega o ideal cívico – liame entre indivíduo e sociedade 
 
Homem integrado na forma de vida comunitária – respeito às leis 
 
Desrespeitar as leis  derrogação da eficácia  comprometida a 
eficácia  desordem 
 
As leis podem ser criticadas, mas não derrogadas pela lei interior (moral) 
 
Moralidade e legalidade caminham juntas 
 
Ética socrática – teleológica - fim da ação --- felicidade 
 
Erro – ignorância 
 
Acerto – conhecimento 
 
Coletivo x individual 
 
Sua filosofia : ética / social / religioso 
 
 
 
b) PLATÃO 
 
 Atenas – 429-347 a.C. 
 
Proposta: 
 
Criar um sistema filosófico amplo que compreendia o mundo da natureza e o 
mundo social. 
 
a) Organizar a vida política segundo regras racionais. 
 
b) Sustentou que a maneira como Sócrates investigou a moral do indivíduo só podia 
ser bem sucedida se a comunidade também fosse reformada com base na razão. 
 
Destaque para: 
a) A doutrina das Ideias 
b) A teoria do Estado justo. 
 
IDEIAS: 
 
EXISTE UM MUNDO SUPERIOR DE REALIDADE, INDEPENDENTE DO 
MUNDO DAS COISAS QUE NOS É REVELADO TODOS OS DIAS. 
 
O reino das Ideias ou Formas – padrões imutáveis, eternos, absolutos e universais de beleza, bondade, 
justiça e verdade. 
 
Viver em harmonia com esses padrões constitui a felicidade; conhecer essas formas é 
compreender a verdade. 
Portanto, a verdade reside nesse mundo das Formas e não no mundo apreendido pelos 
sentidos. 
(mundo ideal situado além do espaço e do tempo) 
 
Por exemplo: 
 
Ninguém pode desenhar um quadrado perfeito, mas as propriedades de um quadrado 
perfeito existem no mundo das Formas. 
 
O escultor observa muitos corpos e todos são, de certa maneira imperfeitos. Com o olho 
da alma, ele procura penetrar no mundo das Ideias e reproduzir com arte um corpo 
perfeito. 
 
O homem comum só forma um conceito do que é a beleza, observando coisas belas. 
 
O filósofo, que aspira ao verdadeiro conhecimento, vai além do que vê e tenta apreender 
com a mente a Ideia do belo. 
 
Da mesma forma, falta ao indivíduo comum uma verdadeira concepção da justiça ou 
do bem; tal conhecimento está ao alcance somente do filósofo cuja mente pode saltar 
das particularidades vulgares para um mundo ideal situado além do espaço e do 
tempo. 
 
Por que? 
 
O mundo dos fenômenos é instável, transitório e imperfeito. 
 
O seu reino das Ideias era eterno e universalmente válido. 
 
Cada pessoa em particular partilha de uma forma imperfeita e limitada da Ideia de 
homem. Os homens vêm e vão, mas a Ideia de homem persiste eternamente. 
 
Tal hipótese pode ser observada na famosa ALEGORIA DA CAVERNA, de Platão. 
 
Nessa, em apertada síntese, Platão relata a hipótese de uma caverna fictícia, onde os 
homens vivem em seu interior, acorrentados e com uma única possibilidade: olhar para 
a parede dos fundos, onde observam imagens (como se fosse um filme). Um certo dia, 
um dos habitantes (Sócrates), consegue se livrar das amarras, sai da caverna e vê que, 
em verdade, as imagens que os homens veem no interior da caverna, são meras 
projeções da realidade externa. Retorna à caverna e tenta convencer seus companheiros 
mas, desacreditado, é condenado à morte por eles. 
 
 
“........ SÓCRATES — Agora imagina a maneira como segue o estado da 
nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens 
numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entradaaberta à 
luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço 
acorrentadas, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está 
diante deles, poisas correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-
lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre 
o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo 
dessa estrada está construída um pequeno muro, semelhante às divisórias 
que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais 
exibem as suas maravilhas......” 
 
(República: livro VII) 
 
Tal hipótese demonstra que o homem que sai da caverna (Sócrates), o faz em virtude da 
utilização da razão, via de acesso ao verdadeiro conhecimento, através do conhecimento 
filosófico. 
 
Assim, a verdadeira sabedoria é obtida através do conhecimento das Ideias, e não através de reflexões 
imperfeitas sobre as Ideias percebidas pelos sentidos. 
 
Razão em primeiro plano, a ponto de tentar organizar a vida humana segundo 
modelos universalmente válidos. 
 
O ESTADO JUSTO 
 
Platão efetuou, no plano do pensamento, a idealização de um modelo racional de 
Estado. 
 
Tentou resolver um problema deixado pelos Sofistas radicais: o enfraquecimento dos 
valores tradicionais. 
 
Para Sócrates, lembrem-se, a solução para tal problema era a transformação moral do 
indivíduo. 
 
Platão quis ajustar toda a comunidade a princípios racionais. 
 
Afirmava: se os seres humanos devem viver uma vida ética, precisam fazê-lo como cidadãos de um 
Estado racional e justo. 
 
Obs.: num Estado injusto as pessoas não poderiam alcançar a sabedoria socrática, pois suas almas são o reflexo da maldade do 
Estado. 
 
Motivo: viu a guerra do Peloponeso e o julgamento de Sócrates. Na constituição de 
Atenas nem a moral de cada cidadão, nem o bem do Estado podiam ser valorizados. 
Atenas precisava de uma reforma moral e política completa, fundada na filosofia de 
Sócrates. 
 
A República: 
 
Imaginou um Estado ideal baseado em 2 modelos que salvariam os atenienses dos males 
que lhes foram impostos. 
 
O Estado justo não se podia fundar na tradição (pois os comportamentos herdados não 
provinham de modelos racionais) nem da doutrina da legitimidade do poder (pregado 
por sofistas radicais e praticado por estadistas atenienses). 
 
Um Estado justo devia conformar-se aos PRINCÍPIOS UNIVERSALMENTE 
válidos e visar ao aprimoramento moral de seus cidadãos e não ao aumento do seu 
poder e bens materiais. 
 
Tal Estado precisa de líderes que se distinguissem pela sabedoria e virtude mais do 
que pela inteligência e eloquência dos sofistas. 
 
A essência de sua teria política, tal qual na República, é a crítica da democracia ateniense. 
 
Aponta três problemas da democracia: 
 
Era insensato, dizia: 
 
1) Esperar que o homem comum pensasse de modo inteligente sobre política 
externa, economia ou outros assuntos vitais do Estado. Contudo era permitido ao 
homem comum falar na Assembléia, votar e ser escolhido, por sorteio, para cargos 
executivos. 
 
“.... ninguém confia um doente aos cuidados de qualquer um, nem esperasse que um 
aprendiz pilotasse um navio em plena tempestade. Contudo, numa democracia, permite-
se que amadores tomem as rédeas do governo e supervisionem a educação dos 
jovens....“ 
 
2) Os líderes são escolhidos e seguidos por razões não-essenciais tais como discurso 
persuasivo, boa aparência, riqueza e tradição familiar. 
 
3) Podia degenerar em anarquia. Intoxicados de tanta liberdade, os cidadãos de uma 
democracia podiam perder todo o seu sentido de equilíbrio, autodisciplina e respeito à 
lei. 
 
“os cidadãos se tornam desconfiados e irritadiços, a ponto de se erguerem em revolta 
contra a menor aparência ou suspeita de servidão. Acabam, como bem sabes, por não 
fazer nenhum caso das leis escritas ou não escritas, para que jamais se verifique a 
hipótese de terem sobre si algum de’spota.” 
 
Como a licença sucede à liberdade, a sociedade democrática viria a deteriorar-se 
moralmente. 
 
“..... os moços querem emparelhar-se com os velhos e lutar com eles, em pé 
de igualdade, nas palavras e atos....” 
 
4) Como a sociedade democrática descambasse em desordem, acabaria por evidenciar-se uma Quarta fraqueza da democracia. Um 
demagogo podia adquirir poder prometendo despojar os ricos em benefício dos pobres. Para conservar o seu domínio sobre o Estado 
o tirano 
 
“..... sempre tem o cuidado de manter algum simulacro de guerra, a fim de 
que o povo sinta a necessidade de um cabeça. E também a fim de 
empobrecê-lo com os imposots cobrados, de modo que, ocupado em acudir 
diariamente à própria penúria, não medite o povo em assaltos contra a sua 
pessoa.” 
 
Sugeria que Atenas só poderia ser governada corretamente quando os homens mais sábios, os filósofos galgassem o poder. 
 
As funções de governo só poderiam ser desempenhadas pela aristocracia da cidade, os filósofos (governantes naturais do Estado), 
que iriam tratar os problemas humanos com a razão e a sabedoria provenientes do conhecimento do mundo de Ideias imutáveis e 
perfeitas. 
 
A formulação de Estado formulada por Platão em A República correspondia à sua concepção da alma humana, da natureza humana. 
Tinha 3 partes: 
a) razão (a busca pelo conhecimento) 
b) cólera (auto-afirmação, coragem, ambição) 
c) desejo (ö monstro selvagem com muitas cabeças” que nos impele a comer, aos prazeres sexuais, à riqueza). 
 
Numa alma bem orientada, a cólera e o desejo são orientados pela razão. 
 
Frisava ele que podia ser contado nos dedos os homens que tinham inteligência e autodomínio para pautar a sua vida por modelos 
provenientes do mundo das Ideias. 
 
As pessoas eram divididas por ele em 3 grupos 
 
a) as que demonstravam capacidade filosófica - governantes 
 
b) aquelas cujo pendor natural revelava uma coragem 
 excepcional - soldados 
 
c) as que guiadas pelo desejo (a grande maioria) 
deviam ser produtores - comerciantes, artesões, agricultores) 
 
Sustentava que homens e mulheres deveriam receber a mesma educação e ter acesso igual a todas as ocupações e cargos públicos, 
até mesmo o de filósofo-governante. 
 
A comunidade devia reconhecer a primazia do intelecto e buscava criar um Estado harmonioso onde cada indivíduo desempenhasse 
a função de sua preferência, para a qual tivesse melhor qualificado. 
 
Esse era um Estado justo. Reconhecia as desigualdades e diversidades humanas e fazia melhor uso possível delas para toda a 
comunidade. 
 
Resposta aos Sofistas, para quem justo era o direito dos fortes em governar em seu próprio benefício, ou que a justiça era sempre 
tendenciosa. 
 
O filósofos eram selecionados de acordo com um critério rigoroso de educação aberto a todas as crianças. Aqueles que não 
demonstrassem inteligência ou força de caráter suficientes deveriam ser relegados a produtores ou guerreiros, dependendo de suas 
aptidões naturais. 
 
Depois de muitos anos de educação seriam filósofos-governantes e somente se preocupariam com a justiça. 
 
Deviam ser monarcas absolutos. O povo perderia a participação nas decisões políticas mas ganharia um estado bem administrado, 
cujos governantes buscariam apenas o bem comum. 
 
O propósito de A República foi advertir os atenienses de que, sem respeito às leis, liderança sábia e educação adequada para a 
juventude, a sua cidade continuaria a degenerar-se. 
 
 
Referência: 
BITTAR, Eduardo C.B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de filosofia do 
direito. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br 
 
 
 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/
c) ARISTÓTELES 
 
A JUSTIÇA EM ARISTÓTELES 
 
1. Uma breve abordagem biográfica 
 
Aristóteles (384-322 a.C.) 
 
Aristóteles, fundador do Ginásio, foi, seguramente, o maior dos dos discípulos de 
Platão. 
 
Embora notemos em sua obra um certo distanciamentoda principal tese de seu mestre, 
mais especificamente da teoria das ideias (Aristóteles tinha uma preocupação constante 
e marcante com a realidade – com as coisas mesmas), tal afastamento, por certo, não 
retira o brilho do pensamento de Aristóteles. 
 
Referido afastamento, aliás, pode ser notado no Afresco de Rafael Sanzio (1483-1520) - 
Museu do Vaticano - “A Escola de Atenas” 
 
 
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source
=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm
%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-
kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLk
GHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM: 
 
Lembrar que Platão: 
analisa a situação social do seu tempo, estabelecendo planos de transformação da 
realidade - Estado Justo: 
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM:
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM:
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM:
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM:
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM:
diversidades e desigualdades humanas; 
sistema social hierarquizado. 
Aristóteles, por seu turno, efetua uma análise social. 
Consolida opiniões, as possibilidades, os fatos  situações da realidade – reflexão não 
axiológica 
 
DESTAQUE NA OBRA DE ARISTÓTELES – ética a Nicômaco – Livro V, onde 
encontramos uma análise excepcional sobre a 
 
justiça e suas espécies 
 
Aristóteles dedica o Livro V de sua a seu filho, denominando-a de Ética a Nicômaco. 
 
Seguramente a mais importante e consiste obra sobre a Justiça produzida pelo homem, 
conforme reconhece a doutrina majoritária. 
 
A título de exemplo podemos citar que Ulpiano, um dos mais conceituados juristas 
romanos utiliza, em sua definição de direito, o conceito de justiça distributiva de 
Aristóteles, como veremos a seguir. 
 
Para Ulpiano: justiça é a constante e perpétua vontade de atribuir a cada um seu direito. 
Princípios do direito: “viver honestamente; não causar dano a outrem e dar a cada um o 
que é seu”. 
 
Justiça, para Aristóteles, é uma ação CONCRETA. Uma AÇÃO DELIBERADA – com 
a finalidade de ser justa ou injusta. 
 
Não é, portanto, uma mera ação contemplativa, ou um mero conhecimento sobre o que é 
justo. 
 
Justo, para Aristóteles, é um AGIR, tal qual todas as demais virtudes. 
 
“Considera-se justo o ato que é feito deliberadamente com tal finalidade, e injusto do 
mesmo modo, o que é realizado com tal vontade.” 
 
A título de exemplo: “um juiz que conhece o justo e não o aplica ao caso concreto não é 
justo. Justo é o seu julgamento que determina que seja dado ao credor o que lhe é 
devido.” 
 
Justo: medida fixa, que vale sempre e em qualquer situação. 
Uma proporção dinâmica, fruto de uma realidade viva, que deve, portanto, ser 
observada nos aspectos histórico, social e político. 
 
Entretanto, para que possamos compreender a extensão do pensamento aristotélico 
sobre o justo, é necessário observarmos que: 
 
JUSTIÇA = virtude 
2 sentidos: 
a) universal 
b) particular. 
 
UNIVERSAL 
sentido lato, a justiça deve ser compreendida tanto na dimensão legal (respeito e 
cumprimento à lei, que, no geral é tido como justa); 
sentido de virtude: virtude geral que se encontra em todas as demais virtudes. 
 
Aristóteles: uma lei é justa e a obediência a essa lei e a manifestação desse justo. 
Uma lei injusta é uma má lei e, nesse sentido, não é lei. 
Não existe o sentido positivista formalista de Kelsen 
 
A JUSTIÇA UNIVERSAL é uma virtude que está em todas as demais virtudes”. 
Vejamos: 
Uma virtude, seja ela qual for, possui um conteúdo específico, que lhe é próprio. Assim, 
v.g., a caridade se tipifica num ato de dar; enquanto a temperança se tipifica no justo uso 
dos prazeres físicos; a bondade se perfaz no ato de fazer o bem aos outros e a paciência 
se caracteriza como o ato de suportar dissabores). 
 
 
Ex.: (Mascaro) 
“aquele que dá ao poderoso, por medo de ser violentado, e não dá ao necessitado, por 
lhe ser superior em poder, não é caridoso, porque ao ato de dar (caridade) deve-se 
acrescer a justiça do ato”. 
OU, 
- não se pode ser temperante em relação a um determinado prazer físico e não sê-lo em 
relação a outros; ou, ainda, 
- não se pode ser paciente em relação ao poderoso, por temor às represálias que dai 
possam advir e não sê-lo com o necessitado por lhe ser superior e assim sucessivamente. 
 
Vê-se, portanto, que um ato isoladamente qualificado como sendo virtuoso, deixará de 
sê-lo se faltar a virtude da justiça. 
 
O mesmo, entretanto, não ocorre com as demais virtudes entre si. Por exemplo, alguém 
pode ser justamente temperante e impaciente, ou justamente bondoso e impaciente. A 
bondade, a temperança e a bondade, apenas para citar algumas virtudes, presumem a 
justiça, porém a bondade não pressupõe a paciência, nem a temperança. 
Daí afirmar Aristóteles que a justiça, em sentido lato, é universal. 
 
JUSTIÇA PARTICULAR 
 
enquanto virtude, a justiça tem uma tipificação que lhe é própria. Cabe indagar: o que é 
a justiça enquanto virtude específica, ou seja, tomada em sentido particular, o que 
é a justiça? 
 
Para Aristóteles justiça, em sentido estrito (particular) é o ato de dar a cada um o que 
é seu, 
 
é uma ação de distribuição, que demanda uma qualidade de estabelecer o que é de 
cada qual. 
 
Enquanto virtude particular, a justiça deve ser dividida em: 
distributiva, corretiva ou diortótica e reciprocidade. 
 
Justiça distributiva. 
 
É a mais elevada e sensível ocupação da justiça eis que 
“trata da distribuição de riquezas, benefícios e honrarias” entre os cidadãos que 
podem ser considerados minimamente semelhantes. 
Referida distribuição, que se configura na fórmula “dar a cada um segundo seu mérito” 
é uma proporção geométrica que pressupões sempre dois sujeitos em relação aos quais 
“se avalia a justa distribuição dos bens, e dois bens que serão divididos entre tais 
pessoas”. 
 
Considerando que referida justiça é uma proporção, a proporcionalidade caracteriza o 
justo e sua falta o injusto. 
 
Exemplos esclarecedores citados por Mascaro: 
“um professor, quando aplica uma prova a uma turma de alunos, será considerado justo 
em sua correção quando distribuir notas de acordo com uma proporção, tendo vista o 
mérito. De uma prova com cinco questões valendo cada qual dois pontos, o aluno que 
acerta quatro questões merece a nota oito. O aluno que acerta duas questões merece nota 
quatro. Qualquer outra nota diferente dessa para cada um desses alunos rompe com a 
proporção entre seus méritos e suas notas, e, portanto, a distribuição meritória de notas 
demonstra a justiça do professor”. 
 
“Se se considera que um trabalhador que produz 10 x por mês ganhe20 y, dir-se-á que 
outro trabalhador que produz 11 x por mês deverá ganhar, por tal produção, 22 y. De 
acordo com o mérito de cada qual, a proporção perfaz o justo”. 
 
A mesma proporção deve ser observada na distribuição de honrarias e incumbências 
sociais. 
 
“Não podem ser idênticos os benefícios e honrarias concedidas a um desembargador e a 
um ministro do Supremo Tribunal Federal”. 
 
É necessário observar, entretanto, que 
 
o justo de que fala Aristóteles se apresenta como proporção matemática entre os 
cidadãos relativamente iguais. Portanto, entre os desiguais (senhor para com o 
escravo; pai para com o filho, para citar alguns exemplos de que trata Aristóteles), 
não é possível falar-se em distribuição de justiça. 
 
 
Lembrar que, para Aristóteles: 
 
“não pode haver injustiça no sentido irrestrito em relação a coisas que nos pertencem, 
mas os escravos de um homem, e seus filhos até uma certa idade em que se tornam 
independentes, são por assim dizer partes desse homem, e ninguém faz mal a si mesmo 
(por esta razão, uma pessoa não pode ser injusta em relação a si mesma). Logo, não há 
justiça ou injustiça no sentido político em tais relações”. 
 
Do mesmo modo (Mascaro, 71), em relação ao exemplo acima citado, do professor que 
aplica prova aos alunos: 
 
só será poderá considerar a proporcionalidade e, portanto, a justiça da situação se a 
prova for apresentada a alunos do mesmo nível escolar, por exemplo, entre alunos da 
sétima série do curso fundamental ou entre alunos da primeira série do segundo grau. A 
aferição do mérito entre alunos da sétima série do curso fundamental e entre alunos da 
primeira série do segundo grau é desproporcional e, portanto, injusta. 
 
Deve-se, ainda, lembrar que essa proporção se caracteriza como um meio termo entre 
dois extremos: excesso e falta. 
 
Portanto: “se alguém constrói um charafiz no quintal da casa, na bacia do Amazonas, 
não comete ato injusto. 
O mesmo, porém, não se poderia dizer daquele que constrói charafiz idêntico no deserto 
do Saara. 
 
Justo - em Aristóteles deve ser, sempre, compreendido na dimensão social e política: as 
possibilidades, os fatos e as situações da realidade. 
 
Justiça corretiva, ou diortótica. 
A justiça corretiva, também denominada comutativa, é bem menos complexa que a 
distributiva. 
 
“Ao contrário da distribuição das honrarias, bens e cargos de acordo com o 
mérito, nessa vertente a justiça é tratada como uma reparação do quinhão que foi, 
voluntária ou involuntariamente, subtraído de alguém por outrem.” 
 
Enquanto a justiça distributiva trata de bens, cargos e méritos próprias do direito 
público, as questões de direito privado (contratuais) e mesmo as de ordem penal 
(retribuição) são relativas à justiça corretiva. 
 
Assim, “as questões de ordem penal são tratadas como justiça corretiva, na medida 
daquilo que representou a perda e o ganho. No caso penal, mais do que a pena, a justiça 
corretiva trata da reparação civil dos danos causados pelo crime”. 
 
No caso do direito privado, “os contratos, a troca, a compra e venda e mesmo a 
responsabilidade civil, podem ser pensados a partir da justiça corretiva. À perda de 
alguém corresponde uma correção equivalente”. 
 
Assim, enquanto na justiça distributiva a proporção é geométrica (pessoas e 
coisas), na justiça corretiva a proporção é aritmética: existe apenas entre coisas 
(devolução daquilo que foi acrescido a alguém), porque as pessoas são tomadas 
formalmente como iguais. 
 
Reciprocidade 
A terceira forma de justiça de que trata Aristóteles é a reciprocidade. 
 
Trata-se de uma forma especial de justiça e que ocorre na dimensão econômica, ou da 
produção (trocas entre profissionais – advogado, professor, engenheiro etc). 
 
“as trocas entre um sapateiro, um pedreiro, um médico e um fazendeiro, para serem 
consideradas justas, devem alcançar uma certa reciprocidade. Não se pode imaginar que 
a produção de um sapato valha o mesmo que a construção de uma casa, ou que a 
colheita de um quilo de determinada planta equivalha a uma certa cirurgia. Aristóteles, 
para isso, aponta que o dinheiros faz o papel de uma equivalência universal entre 
produtos e serviços. Ele possibilita a reciprocidade entre tais elementos”. (Mascaro) 
 
 
 
Referências: 
BITTAR, Eduardo C.B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de filosofia do 
direito. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br 
 
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do direito. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597007503/cfi/6/24!/4/2/6@0:0 
 
 
 
 
 
 
 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597007503/cfi/6/24!/4/2/6@0:0

Continue navegando