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Demonstração financeira 4

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Demonstrações 
Financeiras Básicas
Demonstração do Resultado do Exercício
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Alexandre Saramelli 
Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
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• Introdução;
• Despesas e receitas;
• Arte e tecnologia;
• O conceito de resultados e o reconhecimento das 
despesas e receitas;
• A demonstração do resultado do exercício;
• A estrutura legal da Demonstração do Resultado 
do Exercício.
É importante, que você participe dos fóruns propostos e se prepare para as avaliações planejadas. 
Nesta unidade, haverá um fórum de discussão e atividade de sistematização. Ao realizá-
las, você poderá avaliar seus conhecimentos e se preparar para a avaliação presencial que 
ocorrerá no final do semestre.
Entender e elaborar uma Demonstração do Resultado 
do Exercício.
Demonstração do Resultado do Exercício
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Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
Contextualização
Para iniciar esta Unidade observe as atividades no ramo alimentício de “comidas de rua” 
com base na interessante matéria jornalística de Nana Caetano para o canal M de Mulher. 
Ao assistir preste atenção sobre como “funcionam” os restaurantes de gastronomia de rua. 
 Explore
O vídeo está disponível em: https://youtu.be/Oy_Goq6hS68
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Introdução
Para bem entender uma Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é importante 
inicialmente conhecer em detalhes a operação de uma empresa, ou “como uma empresa 
trabalha”, quais são os seus procedimentos, ações. Isso em uma situação de rotina ou também 
quando ocorre algo de diferente, anormal. 
Por exemplo: escolha um restaurante ou uma lanchonete e analise alguns aspectos: onde está 
localizado esse estabelecimento? O objetivo é dar um atendimento rápido ou criar um ambiente 
onde as pessoas possam passar mais tempo? Observe, por exemplo, como o garçom ou uma 
garçonete trabalha. Normalmente esse funcionário aguardará o cliente chamar para entregar 
um cardápio. Após discutir as opções, que podem ter a opinião desse(a) atendente, inclusive, o 
pedido será preparado pelo cozinheiro ou pelo “Chef” e, após a refeição, o cliente pedirá para 
efetuar o pagamento e ir embora. 
Bom, essa é a operação de rotina, mas e se o cliente for meio atrapalhado, tropeçar e jogar 
toda a comida e bebida no chão, quebrando pratos, copos, cadeira e um espelho que estava 
ao fundo? Como se resolve tal situação? Solicita-se do cliente o ressarcimento do “prejuízo”, ou 
acomoda-se o cliente em outra mesa e gentilmente prepara-se outra refeição? 
Em outra circunstância, e se surge uma fiscalização de surpresa da Vigilância Sanitária 
municipal, que identifica alguns problemas? Como as coisas são resolvidas? Ou ainda, se há 
um cliente que gosta da refeição, mas por estar trabalhando em uma obra onde há muito barro, 
sente-se envergonhado em usar uma mesa do salão principal? Como será atendido? 
Enfim, aguce a sua curiosidade e observe a operação em detalhes. Nesses contextos a DRE 
nada mais é do que contar uma história, tudo o que ocorreu durante um determinado período 
de tempo. Mas para tal narrativa você precisa seguir uma estrutura, a fim de que não apenas 
você, mas de modo que outros contadores e usuários da Contabilidade também possam fazer 
uso de tais informações.
Arte e Tecnologia
 Diálogo com o Autor
Immanuel Kant e outros filósofos de fins do século XVIII definiam a atividade artística como “livre”, 
isto é, não realizada com vistas ao lucro, mas governada somente pelo gênio do artista. 
A longevidade dessa ideia se deve ao fato de que expressava não apenas o desprezo aristocrático 
pelo comércio, mas também as novas condições da produção artística, resultantes da substituição do 
mecenato pelas transações de mercado como principal forma de remuneração do trabalho artístico.
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Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
O balanço patrimonial demonstra a situação econômico e financeira de uma entidade, ou seja, 
é um resumo dos saldos de bens, direitos e obrigações que essa mantém em um determinado 
momento. Essa é uma informação das mais importantes e pode ser a base para a tomada 
de decisões. Por exemplo, um fornecedor importante poderá começar a fornecer determinada 
matéria-prima restrita no mercado, ou atrair um sócio investidor.
É comum instituições financeiras públicas e privadas manterem produtos específicos para 
quem tem estrutura (bens) para determinada atividade, por exemplo, exportadores, industriais, 
comerciários, produtores de audiovisual, taxistas, microempreendedores etc. Nesse caso,
é importante para essas instituições financeiras analisarem se a estrutura no balanço patrimonial 
comporta o nível de atividade que a entidade se propõe a realizar. Se uma entidade possui muitas 
obrigações no passivo circulante e um saldo não muito relevante nos ativos não circulantes, 
certamente terá mais dificuldades para convencer investidores e atrair o interesse das pessoas em 
geral, a menos que consiga convencer que possui uma estratégia mais ousada, digamos assim.
Anteriormente, o artista que produzia para nobres e eclesiásticos negociava com o mecenas o tema, 
as dimensões, a abordagem e, às vezes, até mesmo as cores e o número de figuras. Com a ampliação 
do mercado para obras de arte, correspondente ao avanço na substituição das relações sociais feudais 
pelas capitalistas, o artista passou a ser responsável pela escolha dos temas e abordagens capazes de 
chamar a atenção dos potenciais compradores. A substituição das imagens religiosas e mitológicas 
pelas naturezas-mortas, pelos retratos e pela pintura de gênero multiplicou os tipos possíveis de 
assuntos e abordagens. O princípio dominante da atividade artística passava a ser, cada vez mais, 
não a tradição, as regras acadêmicas ou qualquer outra autoridade, mas o gênio do artista, que antes 
ligava aos trabalhadores manuais em geral, passava a ser um sinal de sua ousada inventividade, 
partilhada com o cientista, o homem de negócios e o político. 
O trabalho artístico ganhou nova dignidade no cenário do capitalismo em desenvolvimento, um sistema 
social que, ao contrário dos anteriores, dignificava a atividade produtiva e enxergava as elites improdutivas 
do passado feudal como parasitas, por mais que os novos-ricos imitassem seu estilo de vida, comprando 
terras, títulos de nobreza e obras de arte. O artista refinado passava a ser visto como um criador de 
valor praticamente miraculoso, transmutando materiais relativamente baratos, às vezes em pouco tempo 
de trabalho efetivo, em mercadorias fabulosamente caras. A arte passava a ser considerada a forma 
mais elevada da atividade produtiva humana, o modelo pelo qual avaliar as outras formas de trabalho, 
em especial o trabalho padronizado, dividido e dirigido por gerentes, que veio a dominar a fábricas e 
escritórios do capitalismo em desenvolvimento (SIEGEL; MATTICK, 2010, p. 32, 33).
A Demonstração do Resultado do Exercício
Quando falamos de “patrimônio” de uma empresa, logo nos veem à cabeça 
os bens e propriedades de uma empresa. Mas não consideramos apenas bens 
e propriedades como patrimônio empresarial, reconhece-se também os seus 
direitos (por exemplo, uma venda a prazo onde o cliente se compromete a 
pagar em alguns dias ou meses) e também suas dívidas. Assim, o balanço 
patrimonial sempre demonstra bens + direitos + obrigações (dívidas). 
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É igualmente comum alguns usuários da Contabilidade se interessarem em como a empresa 
lida com o dinheiro, com o seu fluxo de caixa. Ou seja, se a empresa “tem dinheiro” não enfrenta 
dificuldades para pagar os fornecedores e se sempre possui valores disponíveis no caixa. Para 
esses usuários da Contabilidade, uma boa relação entre o ativo circulante e o passivo circulante 
é o mais importante dos aspectos a se observar. 
Por exemplo, imaginemos que uma entidade tem R$ 1.000.000,00 em seu ativo circulante e 
R$ 500.000,00 em seu passivo circulante. Se dividirmos um grupo pelo outro, de acordo com 
a fórmulaabaixo, teremos o seguinte resultado:
A situação acima significa que a cada um real de obrigações (dívidas), a empresa tem dois 
reais em seu ativo circulante, o que é algo confortável, pois indica que a operação da empresa 
está boa, possui ”liquidez”! 
No entanto, em grande parte das análises dos usuários da Contabilidade, surge a necessidade 
de, além do patrimônio da empresa e sua liquidez, conhecer seu desempenho nas operações. 
Ou seja, tomar ciência de forma mais íntima do trabalho que realiza e principalmente se essa 
empresa atende as necessidades das pessoas e da sociedade em geral. Se vende bem, se possui 
custos coerentes e, principalmente, se obtém lucro. 
Há, inclusive, os usuários que priorizam esta observação! Esses não se importam se o 
patrimônio da empresa não é grande ou adequado, mas sim como está a operação empresarial, 
se essa empresa consegue obter lucro. 
Para atender a essa necessidade de informação, temos a Demonstração do Resultado do 
Exercício (DRE), que evidencia o desempenho de uma entidade ao longo de determinado 
período de tempo, normalmente um mês, um trimestre, ou mesmo um ano. 
Pense
Imagine que você é o responsável pela liberação de crédito de uma instituição financeira e tem que 
decidir sobre uma proposta de um famoso estúdio de cinema de muito sucesso e que consegue altas 
bilheterias. Esse estúdio de cinema se propõe a fazer um grande filme. Mas... ao analisar o ativo 
dessa empresa você verifica que essa não possui equipamentos de filmagem! Não tem nem mesmo 
o “estúdio” (um galpão para filmar). Ao conversar com os responsáveis por essa empresa, descobre 
que alugam tudo o que precisam. Você investiria nesse estúdio de cinema? 
Ativo Circulante
Passivo Circulante
=2
Não necessariamente a DRE ou as demonstrações financeiras em geral 
precisam seguir o “ano calendário”, ou o “ano gregoriano”. É comum no 
Brasil, por exemplo, as empresas do setor sucroalcooleiro publicarem de-
monstrações em períodos que seguem a safra da cana de açúcar. 
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Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
A DRE é a diferença entre as receitas e despesas, que, assim como o balanço patrimonial, 
segue uma fórmula matemática: Receitas - Despesas = Resultado, apresentando seguinte 
estrutura básica:
Ao longo do tempo, a Demonstração do Resultado do Exercício vai acumulando todas 
as receitas e despesas para depois as comparar, ou “confrontar”, a fim de descobrir qual foi 
o resultado. Observe que a formula matemática não é Receitas - Despesas = lucro por um 
simples motivo: o resultado pode tanto ser positivo, com o qual recebe o nome de “lucro”, como 
negativo, onde lhe é atribuída a condição de “prejuízo”. Então:
Resultado =
Se Receitas > Despesas = Lucro
Mas,
Se Receitas < Despesas = Prejuízo
Então, o conceito de “resultado” é simples, não traz maiores dificuldades para as pessoas 
calcularem e interpretarem. Por isso, é comumente utilizado na prática, no dia a dia das 
pessoas, mesmo daquelas que não tenham interesse nenhum em conhecer particularidades 
conceituais do mundo dos negócios. Mas, ao mesmo tempo em que é um conceito simples, 
fatores como a necessidade de ganhar dinheiro, dificuldade em conseguir um cliente, além de 
outros impedimentos em geral e o próprio sentimento positivo de sucesso e entusiasmo podem 
levar os comerciantes a certa negligência e falta de cuidado ao fixarem seus preços e firmarem 
seus contratos e compromissos.
Digamos, por exemplo, que um profissional especializado em funilaria e pintura automobilística 
receba uma proposta (tentadora) de pintura de quatrocentos automóveis da cor branca e que, 
por um motivo qualquer, necessitem ser pintados de verde. Ora, um pedido desses não é de se 
desprezar! O cliente então procura um profissional que faça o trabalho por um preço que julgar 
razoável e, uma vez encontrado, abre uma negociação.
No passado a DRE costumava ser chamada de Lucros e Perdas, ou em 
inglês, Gains and Losses, um termo usado até hoje!
Representação artística da estrutura básica de uma DRE, com a 
fórmula matemática do resultado. 
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O pintor de carros então, precisando de dinhei-
ro, aceita o trabalho por um valor X. Na sua men-
te, calculou rapidamente que gastaria em cada 
carro uma determinada quantidade de tinta, que 
teria de pagar o salário de um ou mais funcioná-
rios, além da sua conta de energia elétrica, que 
costuma ser de X reais e somando tudo rapida-
mente resolveu aceitar o trabalho ao afirmar que:
– Dá para fazer! Vai render um bom dinheiro!
Porém, esse pintor é comunicado de que, por conta de uma política interna do cliente, 
precisaria providenciar uma documentação que custará um bom dinheiro. Por conta também 
da política interna do cliente, teve que contratar um seguro de incêndio e de responsabilidade 
civil que não costumava fazer em suas operações normais, além de ter que comprar alguns 
exaustores e equipamentos de proteção ambiental, também exigências do cliente. 
Mais à frente constata que os carros são todos grandes, consomem mais tinta do que imaginava. 
Assim como o verde a ser pintado não é uma cor qualquer, mas uma tonalidade específica e 
somente misturada somente por um modelo específico de máquina, disponível longe de sua 
oficina, em uma loja que cobrava o triplo do que costumava comprar do fornecedor em seu 
bairro e que ainda não aceitava pagamento a prazo! Assim, teve que pagar um bom dinheiro 
de frete para transportar as latas de tinta.
Mais à frente, precisando de dinheiro para pagar os funcionários, recorreu a um banco que 
cobra juros altíssimos. Para dificultar ainda mais, o seu compressor de ar falhou porque estava 
com grande desgaste, o que lhe obrigou a comprar outro para poder entregar os carros no 
prazo, afinal, se não o fizesse, poderia pagar uma multa.
Seu funcionário tradicional, que era excelente pintor, ficou doente e teve de ser substituído 
por outro que não tinha tanta experiência e acabou por cometer alguns erros que precisaram 
de retrabalho, além de quebrar alguns vidros e. Enfim, nosso empreendedor de repente percebe 
que esse trabalho tentador e que não poderia perder de jeito nenhum, não lhe dá lucro, ao 
contrário, causa-lhe prejuízo!
Assim, a DRE é uma demonstração que ajuda o comerciante não apenas a conhecer o que 
ocorreu no passado, mas também o que pode acontecer no futuro. Em síntese, a DRE ajuda a 
conhecer em detalhes a operação da empresa. Mais do que isso, saber o conceito de “resultado” 
e sua apuração em detalhes, auxiliando os comerciantes a negociar de forma adequada.
Fo
nt
e:
 T
hi
nk
st
oc
k/
G
et
ty
 Im
ag
es
“Renda” e “resultado” são conceitos diferentes! Renda tem a ver com o 
direito de uma pessoa a receber determinado valor que veio de aumento de 
patrimônio, enquanto que resultado é a apuração entre receitas e despesas. 
Para mais informações ver Artigo 43 do Código Tributário Nacional e Lei 
Complementar n.º 104/2001.
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Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
Para bem entender o que é resultado, é imprescindível estudar detalhadamente os conceitos 
de receitas e despesas. A seguir, alguns exemplos de receitas e despesas:
Exemplos de custos, despesas e receitas.
Fato Gerado Conta contábil na DRE
Receitas
Realizou-se um serviço Receita de prestação de serviços
Foram vendidas mercadorias compradas de terceiros 
e que estavam em estoque
Receita de vendas de 
mercadorias
Foram vendidas produtos que foram manufaturados, 
industrializados, usinados, transformados, 
convertidos, etc. pela empresa (matérias primas 
foram transformadas em outros produtos)
Receita de venda de 
produtos
Despesas
Com as atividades 
produtivas:
Gastos para realizar serviço Custos dos Serviços Prestados
Gastos necessários para armazenar e colocar as 
mercadorias disponíveis para venda
Custo das Mercadorias 
Vendidas
Gastos para transformar o produto Custo dos Produtos Vendidos
Com as atividades 
(Administrativas, 
vendas, financeiras)
Uso da disponibilidade de trabalho dos funcionários Despesascom salários
Pagamento de comissões a vendedores Despesas de vendas
Desgaste das máquinas Depreciação
Compra de apólices de seguros Despesas com seguros
Realização de comerciais de TV Despesas com vendas
Uso de capital de terceiros Despesas financeiras
Pagamentos de taxas bancárias Despesas financeiras
Uso de espaço alugado Despesas com aluguel
Pagamento de impostos e taxas sobre o escritório e 
veículos da empresa Despesas administrativas
E o que vem a ser despesas? 
A palavra despesa em língua portuguesa é empregada das mais variadas formas e transmite 
uma noção de esbanjar dinheiro, de uso sem nenhum critério. Veja um interessante exemplo do 
uso desse termo na letra de Conversa de botequim, escrita por Noel Rosa e Vadico em 1935 
(SILVA, 2011, grifos nossos): 
Despesas e Receitas
 Atenção Atenção
Custos e despesas tem o mesmo sentido, com uma classificação importante: Custos são os gastos 
diretamente ligados à prestação de serviços, à comercialização de mercadorias ou à produção, 
enquanto as despesas são os gastos com o esforço de vendas, administração e apoio. Você terá a 
oportunidade de estudar em outras disciplinas Contabilidade de custos e Análise de custos.
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Nesta que é uma das músicas populares e que tão bem representam o folclore brasileiro, 
Noel Rosa se posiciona como um verdadeiro malandro carioca de Vila Isabel. É como diz 
Silva (2011 p. 118):
Ou seja, Noel Rosa expõe despesa como algo tão dispensável que nem precisaria ser 
cobrado! Quando muito se quer alguma coisa, com jeito e malandragem se consegue! Nesse 
sentido, bastaria ter talento para saber manejar as coisas a seu favor. 
Mas agora, segundo Iudícibus (2010, p. 66), observe que a definição de despesa na 
Contabilidade é: 
Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Se você ficar limpando a mesa
Não me levanto nem pago a despesa
Vá pedir ao seu patrão
Uma caneta, um tinteiro
Um envelope e um cartão
Não se esqueça de me dar palitos
E um cigarro pra espantar mosquitos
Vá dizer ao charuteiro
Que me empreste umas revistas
Um isqueiro e um cinzeiro
Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Telefone ao menos uma vez
Para três quatro, quatro, três, três, três
E ordene ao seu Osório
Que me mande um guarda-chuva
Aqui pro nosso escritório
Seu garçom me empresta algum dinheiro
Que eu deixei o meu com o bicheiro
Vá dizer ao seu gerente
Que pendure esta despesa
No cabide ali em frente
Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa
Uma boa média que não seja requentada
Um pão bem quente com manteiga à beça
Um guardanapo e um copo d’água bem gelada
Feche a porta da direita com muito cuidado
Que não estou disposto a ficar exposto ao sol
Vá perguntar ao seu freguês do lado
Qual foi o resultado do futebol
Em “Conversa de botequim”, Noel Rosa se coloca na posição de 
um malandro que, sentado à mesa de um bar, manda e desmanda 
no garçom. Ambos pobres diabos, malandro e garçom, que aqui 
estão posicionados verticalmente: um é freguês, o outro o serve. 
Mas como malandro que é malandro sabe que para se conseguir 
as coisas é preciso muito jeito, o personagem da canção de Noel 
prefere dizer “por favor” ao garçom do que travar uma batalha de 
posição social – até porque a diferença entre eles é circunstancial, 
muito provavelmente ambos moram na mesa casa e dividem o 
mesmo bonde para chegar lá.
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Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
Então, veja que não é qualquer gasto que pode ser considerado despesa, que também não 
é o mero ato de esbanjar dinheiro, ou utilizá-lo de forma aleatória, muito menos algo ruim 
que surge no meio do caminho, mas que dá para manejar para não nos afetar. Despesa é 
um gasto fundamentado, planejado, que traz consigo a intenção de gerar vendas. Se isso não 
ocorrer, não é uma despesa!
Nesse sentido, Griffin (2012 p. 49) diz que custos e despesas “São gastos incorridos por 
uma empresa para fazer negócio em um período específico, incluindo custo de materiais, 
suprimentos, trabalho, leasing e utilitários”.
É interessante esta definição de Griffin (2012) porque complementa o pensamento de 
Iudícibus (2010, p. 66) com a realização de negócios. Despesas (e receitas) são, então, algo 
relacionado com um negócio. Isso nos impele imediatamente a estudar o que são receitas. 
E o que vem a ser receitas? Iudícibus (2010, p. 66) ensina que é a “Entrada de elementos 
para o ativo, sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, correspondentes, normalmente à 
venda de mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços”. 
Receita então não é qualquer dinheiro depositado para a empresa, ou um compromisso 
firmado em contratos, sejam esses formais ou contratos tácitos. É a venda efetiva dos produtos 
e/ou serviços que a empresa se propõe para seus clientes.
O consumo de bens ou serviços que, direta ou indiretamente, 
deverá produzir uma receita. Diminuindo o ativo ou aumentando 
o passivo, uma despesa é realizada com a finalidade de se obter 
uma receita cujo valor será superior à diminuição que provoca no 
patrimônio líquido.
 Explore
Como um bom exemplo de despesas, temos os gastos com publicidade e propaganda, onde convida-
se os consumidores a comprar e consumir um produto, mas não de forma direta, mas sim artística. 
Em 2011 os publicitários da AlmapBBDO criaram uma campanha de vendas para a Antarctica
(Atual Ambev), inspirados na música Conversa de botequim, de Noel Rosa. Saiba mais e assista 
em: https://bit.ly/3mWHcGe
Glossário
Contratos orais, que ninguém formaliza no papel, às vezes por não ser necessário ou prático, como 
usar um ônibus urbano ou uma passagem de avião.
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Griffin (2012 p. 48) enfatiza o seguinte
A seguir, continuaremos a estudar os conceitos de despesas, receitas e resultados, já que é o 
momento correto de reconhecê-los.
Raifur Kos realizou uma pesquisa com empresários na Cidade de Guarapuava, que fica no 
Estado do Paraná e concluiu que boa parte desse empresariado não entende o conceito contábil 
de resultado, apesar de utilizarem as informações contábeis para suas tomadas de decisão. 
O que Raifur Kos concluiu é o que se observa em inúmeras outras cidades: as pessoas não 
conseguem entender o que é receita sob o ponto de vista contábil.
Parte dessa dificuldade está em entender que a Contabilidade segue princípios, convenções 
e normas internacionais. No caso de despesas, receitas e resultados, entre todos os princípios 
e convenções contábeis, deve-se considerar a Convenção do conservadorismo (prudência); o 
Princípio da confrontação das despesas com as receitas; o Princípio da realização da despesa, 
sendo que esses dois princípios juntos geram o chamado Regime de competência.
As receitas são os benefícios totais reconhecidos por uma entidade 
como a venda de seus produtos ou prestação de serviços durante um 
período específico. Isso pode incluir a venda de produtos (vendas), 
prestação de serviços (honorários) e ganhos advindos de juros, 
dividendos, rendimentos de leasing, e royalties. Dependendo 
do tipo de organização, as receitas podem assumir vários nomes. 
Para um comerciante, a maior parte das receitas será na forma de 
venda de mercadorias. Em um escritório de advocacia, boa parte 
das receitas será proveniente dos honorários, assim como uma 
escola obtém suas receitas de mensalidades e taxas. No caso dos 
governos, as receitas são os recebimentos brutos de impostos, taxas 
e outros encargos.
O Conceito de Resultados e o Reconhecimento das Despesase Receitas
Para Pensar
Esta pode ser uma excelente ideia para realizar um estudo de iniciação científica, um artigo ou um 
trabalho acadêmico! Que tal estudar em sua cidade, na sua região, no ramo de negócios em que está 
atuando, ou com algum interesse sobre como os comerciantes e empresários entendem conceitos de 
Contabilidade? 
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Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
Assim, é necessário confrontar as despesas de um período com 
as receitas desse mesmo intervalo de tempo. Eventuais gastos e 
entradas de valor no caixa que não atendam aos conceitos de 
despesas e receitas devem ser tratados contabilmente de forma 
a não distorcer o confronto das despesas e receitas. Comumente 
isso é feito por meio das contas contábeis adiantamento de clien-
tes que é uma obrigação que fará parte do passivo da entidade, 
ou adiantamento a fornecedores que é um direito, é demonstrado 
no ativo. A seguir, uma representação artística do confronto entre 
despesas e receitas:
No Brasil há um costume de considerar o momento exato para o reconhecimento das receitas 
quando o cliente assina o canhoto da nota fiscal. Esse ato significa que o cliente aceita e valida 
o negócio. Se o canhoto da nota fiscal não for assinado, não há ou não haveria como provar 
que o cliente de fato concordou com o negócio.
Glossário
No regime de competência o resultado é apurado quando as vendas são realizadas pela empresa, 
independentemente de quando serão pagas e quando as despesas serão incorridas, quando a empresa 
usa bens e serviços em suas atividades, independentemente de quando foram ou serão pagas.
Há outro regime, que é o de caixa (que a legislação fiscal brasileira aceita para alguns casos, mas 
que, com as normas internacionais de Contabilidade, tende a ficar cada vez mais em desuso), que 
é quando as despesas e receitas são reconhecidas no momento em que são pagas ou recebidas. 
[...] o princípio de realização da receita fornece diretrizes para 
mensuração da receita na demonstração do resultado. O princípio, 
em geral, exige que a receita seja reconhecida nas demonstrações 
financeiras quando for realizada e ganha. As receitas são realizadas 
quando os produtos ou serviços são trocados ou efetuados 
com dinheiro ou recebíveis (contas a receber). As receitas são 
consideradas ganhas quando uma empresa cumpriu o necessário 
para ter direito aos benefícios representados pelas receitas. O 
reconhecimento normalmente acontece por meio de vendas ou 
por meio do fornecimento (efetuação) de serviços (GRIFFIN, 
2012, p. 47).
Importante:
Consulte o que 
são princípios 
e convenções 
contábeis.
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Volte ao exemplo do nosso pintor de veículos que teve a felicidade de obter um contrato 
para pintar quatrocentos carros. Ao final da negociação, as duas partes assinam um contrato. O 
pintor certamente sairá da sala todo contente, dizendo que havia “lucrado” bastante. 
Mas, estaria correto reconhecer um lucro, se o pintor simplesmente assumiu um contrato, 
dado que nem sequer viu os carros ainda? De forma alguma! 
Representação artística do canhoto de uma nota fiscal, ato que costuma 
validar e reconhecer uma receita.
Você Sabia ?
As notas fiscais (conhecidas pelos estrangeiros como brazilian invoices) eram impressas em 
sequência, rigorosamente numeradas. As grandes empresas normalmente solicitavam a impressão 
de formulários personalizados, também numerados (além do número sequencial da nota fiscal, 
havia o número do formulário, também sequencial). Considere o rigor existente em torno das 
notas fiscais, emitidas em inúmeras vias. Os canhotos assinados eram colados manualmente e 
então arquivados. Era comum dedicar excessivo tempo colando canhotos em arquivos de notas 
fiscais! Atualmente, com o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), sistema padronizado 
de escrituração fiscal, temos a figura do Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE), 
mas a assinatura do cliente na hora da entrega da mercadoria não foi abolida! É o ato que valida 
a negociação e que dá o reconhecimento à receita. No exterior, há a figura da invoice, que é uma 
carta simples, sem muitos detalhes, mas nem por isso menos importante.
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Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
O contador precisa ser conservador nessas situações. Apesar da boa notícia da assinatura do 
contrato, absolutamente nada foi feito de real até o momento. Não se trata de negatividade, mas 
nada impede que o cliente, por algum motivo qualquer, cancele toda a negociação! 
Digamos que na negociação, preocupado com o fluxo de caixa, o pintor peça um adiantamento 
ao cliente, que efetua o depósito no banco. Nesse caso ainda não houve despesas e receitas, 
o dinheiro depositado é uma dívida do pintor para com o cliente. Na pior das hipóteses, é 
um dinheiro que o pintor terá que devolver ao cliente, caso o serviço não seja realizado por 
qualquer motivo.
Agora, imagine que o pintor começa efetivamente a pintar os carros. Esse inicia a incorrer 
em custos com a matéria-prima e outras despesas envolvidas. Aí sim, o contador pode começar 
a reconhecer as despesas. 
Terminados os carros, ou algumas unidades, pode-se reconhecer a receita? Ainda não! Pode 
ser que o contador seja excessivamente conservador, mas ainda existe uma possibilidade de 
o cliente não aceitar o serviço! Podem acontecer inúmeras situações desagradáveis: o cliente 
pode não gostar do serviço e se recusar pagar; os carros não estarem na tonalidade correta e 
precisarem ser repintados... os problemas podem ser inúmeros.
E quando o cliente recebe os carros, aceita, elogia e assina os documentos confirmando 
tudo isso? Aí sim, a receita pode ser reconhecida e pode-se realizar a apuração do resultado do 
exercício! Assim, imaginemos a seguinte situação: 
Serviço de pintura especial de quatrocentos veículos:
(+) Receitas = R$ 4.000.000,00
(-) Despesas = R$ 4.100.000,00
(=) Resultado (prejuízo) = R$ 100.000,00
É evidente que o empresário não ficará nada contente com essa situação! Imagine o trabalho 
que teve para pintar quatrocentos carros e ao invés de ganhar dinheiro, perde R$ 100.000,00. 
Não é fácil!
A palavra consumo ajuda a reconhecer uma despesa: se um produto ou 
serviço foi consumido em determinado período como algo necessário para 
gerar uma receita, trata-se de uma despesa. 
Não é que o contador seja rigoroso ou queira “torcer contra” ou “agourar”. 
Esse comportamento é correto de acordo com os princípios contábeis. 
Enquanto o empresário/comerciante costuma ser empolgado quanto a seus 
negócios, o contador precisa trabalhar com absoluta neutralidade e refletir 
o que de pior poderá ocorrer, a fim de que o negociante/empresário tenha 
condições de tomar boas decisões. 
19
Mas é essa a situação, como empresário precisa rever seu preço de venda ou, se isso não for 
possível, verificar o que é possível fazer para diminuir suas despesas e custos.
Mas imagine que, por um erro na Contabilidade, um contrato de outro cliente para o qual 
ainda não iniciou nenhum trabalho, indevidamente teve a receita reconhecida. Digamos que 
esse contrato tinha o valor de R$ 400.000,00. O que ocorreria?
Serviço de pintura especial de quatrocentos veículos: 
(+) Receitas = R$ 4.400.000,00
(-) Despesas = R$ 4.100.000,00
(=) Resultado (lucro) = R$ 300.000,00
Estaria informando um lucro de R$ 300.000,00! Nada mau! Certamente esse pintor ficaria 
feliz em ter feito no período um lucro de R$ 300.000,00. Mas esse número seria irreal, uma 
ilusão que faria com que o empresário mantivesse o mesmo preço e não se interessasse em 
analisar seus custos e despesas. Ao invés de um prejuízo de R$ 100.000,00, poderia incorrer em 
prejuízos ainda maiores. 
Por isso, é imprescindível que a confrontação entre as despesas e receitas se deem no mesmo 
período e com os devidos ajustes, se esses forem necessários. Isso pode ser mais trabalhoso, mas 
é absolutamente imprescindível! 
Você deve ter percebido até então que o resultado é mais do que uma fórmula matemática, 
não é mesmo? Sim, O resultadoé uma medida de desempenho! 
No caso de nosso empresário pintor de veículos, será que consegue pintar um veículo de 
grande porte em curto espaço de tempo e seguindo alguns pré-requisitos por R$ 10.000,00? E 
seus concorrentes, conseguem cumprir o prazo nessas condições e preço?
Nesse sentido, o pensamento de Eugen Schmalenbach (1955 p. 39), um autor clássico da Escola 
Alemã de Contabilidade, ajuda a melhor entender o conceito de resultados, comentando que:
A nossa ideia de resultados precisa começar pela natureza de 
um negócio.
O negócio é uma parte da totalidade da vida econômica a que é 
chamado a atuar para fazer parte de uma divisão de tarefas da 
economia como um todo. Como uma parte da economia que 
recebe matérias-primas e serviços de vários tipos e retorna para a 
economia mercadorias ou serviços. 
Nesse processo, deve produzir um valor adicionado, senão o 
negócio não estará contribuindo para a economia como um todo, 
estará, ao contrário, consumindo-a. Aquilo que é pego da economia 
geral é despesa do negócio. Aquilo que contribui para a economia 
geral em mercadorias, serviços ou outros atos é receita do negócio.
O resultado é a diferença entre receitas e despesas, sua determinação, 
é a tarefa da contabilidade de negócios.
20
Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
Assim, apurar o resultado, por tudo o que representa, é uma das tarefas mais relevantes do 
contador e um dos aspectos importantes a serem observados pelos usuários da Contabilidade 
em suas análises. A seguir há a estrutura para a DRE, conforme os pronunciamentos contábeis.
Segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábeis 00 conceitual básico (CPC, 2011, parte 
4.24), o resultado é considerado uma medida de performance, ou seja, de desempenho empresarial.
Portanto, a International Accounting Standards Board (IASB) e o CPC reconhecem o caráter 
avaliativo e a importância dessa demonstração para os usuários da Contabilidade. Assim, é 
necessário fixar uma estrutura legal para que haja uma uniformidade nas demonstrações contábeis. 
A Lei n.º 6.404/1976, já devidamente ajustada e complementada pela Lei n.º 11.638/2007, que 
ordenou a seguinte estrutura:
A Estrutura Legal da Demonstração do Resultado do Exercício
4.24 O resultado é frequentemente utilizado como medida de per-
formance ou como base para outras medidas, tais como o retorno 
do investimento ou o resultado por ação. Os elementos diretamente 
relacionados com a mensuração do resultado são as receitas e as 
despesas. O reconhecimento e a mensuração das receitas e despe-
sas e, consequentemente, do resultado, dependem em parte dos 
conceitos de capital e de manutenção de capital adotados pela en-
tidade na elaboração de suas demonstrações contábeis.
Disposições contidas na seção V, artigo 187 da Lei n.º 6.404/76, Se-
ção V da Lei n.º 6.404/76. Demonstração do Resultado do Exercício. 
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, 
os abatimentos e os impostos;
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias 
e serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas 
das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras despesas 
operacionais;
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não ope-
racionais e o saldo da conta de correção monetária (artigo 185, § 3º);
IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não ope-
racionais; (redação dada pela Lei n.º 9.249, de 1995);
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a 
provisão para o imposto;
VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e 
partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos 
de assistência ou previdência de empregados;
21
Essa estrutura é descrita na Lei n.º 6.404/76 da seguinte forma:
Quadro 2 – Estrutura básica da Demonstração do Resultado do Exercício.
VI - as participações de debêntures, de empregados e administra-
dores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de institui-
ções ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que 
não se caracterizem como despesa (Redação dada pela Lei n.º 
11.638, de 2007);
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por 
ação do capital social;
§ 1º - Na determinação do resultado do exercício serão computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independente-
mente da sua realização em moeda; e 
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, cor-
respondentes a essas receitas e rendimentos.
§ 2º - O aumento do valor de elementos do ativo em virtude de 
novas avaliações, registrados como reserva de reavaliação (artigo 
182, § 3º), somente depois de realizado poderá ser computado 
como lucro para efeito de distribuição.
Receita bruta de venda de bens e serviços:
(-) Devoluções, abatimentos, descontos comerciais;
(-) Impostos sobre venda;
= Receita líquida;
(-) Custo dos produtos e serviços vendidos;
= Lucro bruto;
(-) Despesas de vendas;
(-) Despesas financeiras;
(+) Receitas financeiras;
(-) Despesas administrativas;
(-) Outras despesas operacionais;
(+) Outras receitas operacionais;
= Lucro operacional;
= Lucro antes do Imposto de Renda;
(-) Provisão para Imposto de Renda;
(-) Participações e contribuições;
= Lucro líquido do exercício;
Lucro por ação.
Fonte: Lei n.º 6.404/1976.
22
Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
Já o Pronunciamento CPC (2011, parte 82) 26 – apresentação das demonstrações contábeis, 
emite as seguintes orientações:
Vamos então analisar essas rubricas: 
As receitas são separadas em dois conceitos:
• Receita bruta: é a soma de todas as vendas reali-
zadas pela empresa em um determinado período; 
• Receita Líquida: sobre a receita bruta, desconta-se 
as deduções de vendas, que são basicamente de 
três tipos:
• Devolução e abatimento: devoluções são quan-
do a empresa vende um produto, embarca e 
quando esse é entregue ao cliente, é rejeitado. 
Isso pode ocorrer porque o cliente verificou que o 
produto entregue não estava com a qualidade es-
perada ou porque o cliente simplesmente mudou 
de ideia. O abatimento ocorre quando, ao invés 
da devolução, opta-se por conceder um valor a 
menos para uma próxima venda de mercadorias.
A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir 
as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais:
(a) Receitas;
(b) Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos;
(c) Lucro bruto;
(d) Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras 
despesas e receitas operacionais;
(e) Parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida 
por meio do método de equivalência patrimonial;
(f) Resultado antes das receitas e despesas financeiras;
(g) Despesas e receitas financeiras;
(h) Resultado antes dos tributos sobre o lucro;
(i) Despesa com tributos sobre o lucro;
(j) Resultado líquido das operações continuadas;
(k) Valor líquido dos seguintes itens:
(i) Resultado líquido após tributos das operações descontinuadas;
(ii) Resultado após os tributos decorrentes da mensuração ao 
valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do 
grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade 
operacional descontinuada.
(l) Resultado líquido do período.
O Código de De
fesa do 
Consumidor fi xa
 um prazo 
para que o cons
umidor devolva 
ou não a merca
doria, sendo 
que em algumas
 situações o 
comerciante tem
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de recusar a de
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No entanto, é c
omum no 
mercado, princi
palmente 
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as que têm 
forte relacionam
ento, 
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es.
23
• Desconto comercial: há situações onde a empresa divulga uma lista de preços que 
não pode ser modificada, por questões comerciais ou até legais. Quando se vê na 
necessidade de cobrar menos de um determinado cliente, mantém o preço fixado, 
mas concede um desconto.
• Impostos sobrevenda: são os impostos que incidem diretamente sobre as vendas. 
Uma relação desses impostos está disponível no quadro a seguir:
Quadro 3 – Impostos que incidem diretamente sobre as vendas.
Sigla Descrição Âmbito
ICMS
Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviços 
Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações
Estadual
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados Federal
ISS Imposto Sobre Serviço Municipal
IE Imposto sobre Exportação Federal
PIS
PASEP
COFINS
Respectivamente, Programa de Integração Social; Programa de 
Formação do Patrimônio do Servidor Público; Contribuição para 
Financiamento da Seguridade Social
Federal
• Custos: também são despesas, mas são as despesas relacionadas diretamente com o 
esforço de produção da empresa, seja para prestar um serviço, comercializar uma merca-
doria já pronta ou transformar matéria-prima em outro produto. Nesta rubrica os usuários 
da Contabilidade podem verificar a eficiência de uma empresa para produzir os bens ou 
serviços que se propõe, ou o que em inglês é chamado de core business, ou seja, o que 
está ligado com o negócio principal;
• Lucro bruto: é a diferença entre a receita líquida e o custo dos itens vendidos. Nesta rubrica 
o usuário da Contabilidade pode analisar o desempenho do esforço de vendas da empresa;
• Receitas e despesas: apurado o lucro bruto, descontam-se as despesas e adicionam-se 
eventuais receitas com a operação da empresa. Não são as receitas diretamente ligadas 
à produção, mas para dar apoio e vendas. Ou o que é costume denominar em inglês de 
back office, aquilo que “está por trás” do negócio. Não entenda o que “está por trás” como 
algo sem ou de importância menor. Ao contrário, é comum empresas terem excelentes 
vendas, ótimos custos de produção, mas não representam sucesso com gastos de vendas, 
administrativos e financeiros. É justamente isso que os usuários externos verificam com 
considerada ênfase! Ainda quanto a definição de receitas e despesas, segue parte do CPC 
(2011, parte 4.25) Conceitual Básico, onde são definidas as receitas e despesas:
Você Sabia ?
O Fisco enxerga com muita desconfiança devoluções, abatimentos e descontos comerciais 
porque essas modalidades podem ser aproveitadas como subterfúgios e fraudes. De uma maneira 
geral, o Fisco não considera normal que uma empresa realize vendas e depois receba de volta 
produtos ou dê descontos e abatimentos.
24
Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
Sendo que entre as despesas e receitas há as seguintes classificações:
• Despesas de vendas;
• Despesas financeiras;
• Receitas financeiras;
• Despesas gerais/administrativas.
• Equivalência patrimonial: é o resultado obtido por meio das empresas investidas, situ-
ação comum nos chamados grupos empresariais. A priori, os resultados dessas empresas 
não dependem necessariamente do esforço dos sócios e/ou dos administradores, não 
raramente ocorrem de forma independente. Fazem parte do resultado da empresa inves-
tidora, mas para não confundir o usuário da Contabilidade, é demonstrado nessa linha 
em particular e atualmente há a Demonstração do Resultado Abrangente;
• Resultado antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o lucro líquido: 
esta conta mostra o resultado que incidirá o Imposto de Renda e a Contribuição Social 
sobre o lucro líquido, tributo devido ao Governo Federal pelas empresas que estão sujeitas 
ao recolhimento do Imposto de Renda com base no lucro real. 
• Resultado líquido do exercício: após essas apurações e descontado o imposto sobre a renda 
e a contribuição social, esta é a conta contábil que representa um aumento de patrimônio 
para a empresa caso seja lucro ou uma diminuição do patrimônio na condição de 
prejuízo. Até antes das normas contábeis internacionais, este resultado costumava receber 
o nome de lucros acumulados. Agora, entende-se que lucros devem ter uma destinação, 
ser distribuídos aos sócios e/ou acionistas, ou ainda direcionados para reservas e não 
acumulados para um novo período. Já os prejuízos, podem e devem ser acumulados para 
um novo período. Em inúmeras situações é comum um negócio apresentar prejuízos nos 
primeiros anos de operação e se recuperar posteriormente.
4.25 Os elementos de receitas e despesas são definidos como segue:
(a) receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o 
período contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumen-
to de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos 
do patrimônio líquido e que não estejam relacionados com a con-
tribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais;
(b) despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante 
o período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução 
de ativos ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do 
patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribui-
ções aos detentores dos instrumentos patrimoniais.
 Importante
Na linha de deduções de vendas demonstra-se apenas os impostos incidentes diretamente sobre as 
vendas e nessa linha os impostos sobre a renda. A definição de renda pode ser encontrada no Artigo 
43 do Código Tributário Nacional e Lei Complementar n.º 104/2001.
25
Material Complementar
A leitura do artigo abaixo ajudará no aprofundamento de seus estudos.
Este texto é particularmente importante porque detectou as dificuldades que os empreendedores 
costumam sentir quando se deparam com as demonstrações financeiras e com a Demonstração 
do Resultado do Exercício (DRE). 
Inteirado deste tema e com esta leitura já poderá ajudar eventuais empreendedores que você 
conheça, dado que o conteúdo desta disciplina será útil em sua vida profissional!
O texto integral está disponível em: https://bit.ly/3JfH4Ji.
11º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade.
São Paulo, SP, 28 e 29 julho de 2011.
Compreensão e utilização da informação contábil pelos 
micro e pequenos empreendedores em seu processo de gestão
Sonia Raifur Kos
Universidade Federal do Paraná
Raquel Prediger Anjos
Universidade Federal do Paraná
Márcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo
Universidade Federal do Paraná
Léo Raifur
Universidade Estadual do Centro Oeste
RESUMO: 
Dados do IBGE (2009) destacam que as micro e pequenas empresas (MPEs) 
respondem por cerca de 70% dos empregos e 20% do Produto Interno 
Bruto. No entanto, apesar da já mencionada importância das MPEs, nota-
se um interesse ainda pequeno no sentido de conhecer, analisar e propor 
alternativas para esse segmento empresarial. O presente estudo objetiva 
verificar se os gestores das MPEs recebem, compreendem e utilizam 
informações contábeis em seu processo de gestão. Três construtos foram 
investigados, (1) compreensão da informação; (2) utilização da informação 
e (3) recebimento da informação e relacionamento entre gestor e contador. 
A amostra foi constituída por 50 empresas da cidade de Guarapuava-PR. A 
coleta de dados foi realizada pessoalmente, por meio de questionário com 
questões abertas e fechadas com escala Likert. Os resultados mostram que 
os gestores recebem parte das informações, não as compreendem, porém 
as usam como subsídio em seu processo decisório, dentro do limite de sua 
compreensão. O termo que mais gerou dificuldade de entendimento foi Receita 
Contábil. Ainda observou-se que o nível de formação do gestor interfere na 
compreensibilidade da informação. Com de 0,008 foi demonstrado que o 
grau de instrução do gestor é determinante na compreensão da informação, 
já que existe diferença entre o escore médio de cada grupo.
PALAVRAS-CHAVE: Micro e pequenas empresas; Informação; Compreensi-
bilidade; Utilização; Relacionamento.
26
Unidade: Demonstração do Resultado do Exercício
Referências
BRASIL. Lei n.º 6.404/76, de 15 de dezembro de 1976, dispõe sobre as sociedades por 
ações. Brasília, DF, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.
htm>. Acesso em: 1 jul. 2014.
______. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, alterae revoga dispositivos da Lei 
n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e da Lei n.º 6.385, de 7 de dezembro de 1976 e estende 
às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações 
financeiras. Brasília, DF, 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014.
______. Lei n.º 11.941, de 27 de maio de 2009, altera a legislação tributária federal 
relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que 
específica. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l11941.htm>. Acesso em: 1 jul. 2014.
CPC (Org.). Pronunciamento 26 (R1) apresentação das demonstrações contábeis. 
Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/312_CPC_26_
R1_rev%2003.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2014.
______. Pronunciamento conceitual básico (r1) estrutura conceitual para elaboração 
e divulgação de relatório contábil-fi nanceiro. Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http://
www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2014.
GRIFFIN, M. P. Contabilidade e fi nanças. Trad. Giovanna Matte; Giuliana Castorino. São 
Paulo: Saraiva, 2012. (Série Fundamentos, conhecimento real para o mundo real).
IUDÍCIBUS, S. (Coord.). Contabilidade introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SCHMALENBACH, E. Dynamic accounting. 12. ed. Cologne, Italy: Arno, 1955.
SIEGEL, K.; MATTICK, P. Arte & dinheiro. Trad. Ivan Kuck. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
SILVA, T. T. da. Conversa de botequim: o processo criativo da função conativa em Noel Rosa. 
Cadernos do Il. Porto Alegre, RS, n. 43, p.111-125, 31 dez. 2011. Disponível em: <http://
seer.ufrgs.br/index.php/cadernosdoil/article/view/25330>. Acesso em: 1 jul. 2014.

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