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FACULDADE UNINASSAU PAULITA PROF.: FLAVIO PORPINO DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO TURMA: 8MA TURNO: MANHà DIREITO TRIBUTÁRIO CONCEITO: O Direito Tributário é o ramo do direito público que regulamenta a tributação – instituição e cobrança dos tributos – e as relações jurídicas e obrigações relacionadas ao tributo, como as obrigações acessórias e as sanções de natureza tributária. Direito Tributário regulamenta desde a previsão mais abstrata da espécie de tributo e do seu conceito, passando pelos princípios e imunidades tributárias, até a definição conceitual mais específica do tributo (CTN). OBJETO DE ESTUDO: O direito tributário, então, trata exclusivamente da formação e das relações entre pessoas e o Estado no que tange as receitas derivadas, não tendo como campo de estudo a gestão do Estado em si, mas a análise de como os tributos são gerados e pagos. CONSTITUIÇÃO FEDERAL O Estado possui o poder de, por ato próprio – a lei –, obrigar os particulares a se solidarizarem com o interesse público mediante a entrega compulsória de um valor em dinheiro. Percebe-se que o Estado possui um poder de grande amplitude, mas esse poder não é ilimitado. A relação jurídico-tributária não é meramente uma relação de poder, pois, como toda relação jurídica, é balizada pelo direito e, em face da interferência que o poder de tributar gera sobre o direito de propriedade, o legislador constituinte originário resolveu traçar as principais diretrizes e limitações ao exercício de tal poder diretamente na Constituição Federal. PRINCÍPIOS Os princípios do direito tributário são regras importantes que guiam os juízes e advogados no campo do Direito. Entre eles estão: Princípio da Legalidade, Princípio da Isonomia, Princípio da Irretroatividade, Princípio da Anterioridade, Princípio do Não-Confisco e Capacidade Contributiva. 1. LEGALIDADE - O princípio da legalidade genérica encontra fundamento no art. 5º, II, da Constituição Federal e o princípio da legalidade tributária no art. 150, I, da Carta Magna. Não obstante esses enunciados normativos sejam tratados como princípios, eles se revelam como verdadeiras regras. Devemos lembrar que as regras, diferentemente dos princípios, são normas prescritivas, as quais regulam as condutas dos destinatários. O art. 5º, II, CF prescreve que: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” Já o art. 150, I, CF: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.” 2. PRINCÍPIO DA ISONOMIA - Previsto no art. 150, II, Constituição Federal, trata da regra que veda à União, Estados, Distrito Federal e Municípios instituírem tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente. Além disso, impede qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida. Isso independente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. A isonomia foi consagrada pelo ordenamento jurídico não apenas no sentido formal, que é atendido com a edição de lei genérica e abstrata, aplicável a todos. Foi também no sentido material, haja vista impor que os iguais sejam tratados igualmente, e os desiguais desigualmente, na medida de suas desigualdades. 3. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE - terceiro da lista de princípios do direito tributário tem fundamentação legal no art. 150, III, ‘a’, da Carta Magna, que diz: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III – cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.” O trecho versa sobre a vedação de uma nova lei (que houver instituído ou majorado tributos) retroagir a fim de alcançar fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Ou seja, a nova lei se aplicará aos fatos geradores ocorridos no futuro apenas, jamais para aqueles ocorridos antes de sua edição. O princípio da irretroatividade se caracteriza como um dos pilares da segurança jurídica, entendida como a previsibilidade, estabilidade e compreensão do Direito. 4. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: Outro pilar da segurança jurídica, o princípio da anterioridade impede que uma lei nova venha a ser aplicada de imediato. Subdivide-se em dois tipos de anterioridade, sendo a clássica prevista no art. 150, III, ‘b’, da Constituição: “b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;” E a anterioridade nonagesimal (ou noventena) com previsão no art. 150, III, ‘c’, do mesmo Diploma: “c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;” A primeira determina que é vedado aos Entes Federativos cobrarem tributos no mesmo exercício financeiro em que tenham sido editadas as respectivas leis. Já a segunda anterioridade, estabelece que a cobrança dos tributos não poderá ser exercida antes de transcorridos noventa dias da data da lei que os instituiu ou majorou. 5. PRINCÍPIO DO NÃO-CONFISCO - Tendo em vista o direito de propriedade e da liberdade, a Constituição prevê, expressamente, que os tributos não sejam utilizados com efeito confiscatório (art. 150, IV, CF/88). Em que pese o problema de materializar o que vem a ser um efeito de confisco, podemos sustentar que a preocupação do constituinte, nesse caso, foi de preservar a eficácia mínima dos princípios da proteção da propriedade e da liberdade em favor da tributação. Caberá ao Judiciário dizer quando um tributo será ou não confiscatório. Cumpre destacar que há autores que defendem que a vedação ao confisco diz respeito apenas aos tributos e outros que sustentam que as penalidades pecuniárias (multas) também estão abrangidas por esse princípio. 6. CAPACIDADE CONTRIBUTIVA - Nossa Constituição Federal prevê, no art. 145, §1º, que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. Retornando ao início do texto, esse enunciado normativo configura um dos verdadeiros princípios do direito tributário. Isso porque, tem caráter finalístico, com pretensão de complementariedade e parcialidade, almejando um estado de coisas a ser alcançado. Hugo de Brito Machado Segundo esclarece, que: “Ter caráter pessoal significa ser calculado, ou ter o seu montante determinado, conforme as peculiaridades e características inerentes a cada contribuinte.” Logo, podemos perceber que o ponto principal é o respeito às circunstâncias da vida de cada indivíduo. Por fim, importante destacar que a finalidade desse princípio é a de evitar que exista uma carga tributária exacerbada sobre os menos favorecidos e favorável aos mais fartos de recursos. O PACTO FEDERATIVO Por meio do pacto federativo, portanto, há uma definição quanto às obrigações financeiras, a arrecadação de recursos e a competência de cada um dos entes federados, de modo a garantir a autonomia política e o equilíbrio econômico-financeiro entre União, estados e municípios. A Constituição Federal de 1988 traz, em seu art. 151, três vedações voltadas especificamente à União. O claro objetivo do dispositivo é proteger o pacto federativo, impedindo ao ente que tributa em todo o território nacional a utilização deste poder como meio de submeter os entes menores à sua vontade, tolhendo-lhes a autonomia. São regras protegidas por cláusula pétrea, em virtude de se configurarem como verdadeiras garantias da Federação (CF, art. 60, § 4.º, I). O PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA DA TRIBUTAÇÃO - Este princípio está previsto no inciso I do art. 151 da CF e veda à União “instituir tributo que não seja uniforme em todo oterritório nacional ou que implique distinção ou preferência em relação à Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País”. Não pode a União, portanto, estipular diferentes alíquotas do imposto sobre a renda, nos distintos Estados da federação. Caso a alíquota fosse menor, a título de exemplo, no Estado de São Paulo, os demais Estados estariam sendo ilegitimamente diferenciados, o que poria em risco a federação. Vedação à utilização do IR como instrumento de concorrência desleal – Princípio da uniformidade da tributação da renda - Segundo o art. 151, II, da CF/1988, é vedado à União “tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes”. A restrição, aplicável exclusivamente ao imposto sobre a renda, visa evitar que a União utilize o tributo como um meio de concorrer deslealmente no “mercado” de títulos da dívida pública e na seleção de servidores públicos. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO ÀS ISENÇÕES HETERÔNOMAS - A isenção é forma de exclusão do crédito tributário (assunto a ser detalhado em capítulo futuro) consistente na dispensa legal do pagamento do tributo. É benefício fiscal concedido exclusivamente por lei, em regra elaborada pelo ente que tem competência para a criação do tributo. Assim, é lícito afirmar que o poder de isentar é natural decorrência do poder de tributar. Em outras palavras, a regra é que as isenções sejam autônomas (ou autonômicas), porque concedidas pelo ente federado a quem a Constituição atribuiu a competência para a criação do tributo. A regra está prevista no art. 151, III, cuja redação veda à União “instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”. Por simetria, é também possível afirmar que os Estados não podem conceder isenção de tributos municipais. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO E COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA – DIFERENÇAS Em primeiro lugar, faz-se necessário diferenciar a competência para legislar sobre direito tributário da competência tributária. Competência para legislar sobre direito tributário é o poder constitucionalmente atribuído para editar leis que versem sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Trata-se de uma competência genérica para traçar regras sobre o exercício do poder de tributar. Em contrapartida, competência tributária é o poder constitucionalmente atribuído de editar leis que instituam tributos. Foi exercendo a competência para legislar sobre direito tributário que a União editou o Código Tributário Nacional, a lei de normas gerais sobre tal ramo de direito. Mas foi exercendo a competência tributária que a mesma União instituiu, por meio de lei, o imposto de renda, o imposto territorial rural, o PIS e a COFINS, entre outros tributos. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA O Código Tributário Nacional, em seu art. 96, afirma que a expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes. Todavia, tal enumeração de normas que compõem a “legislação tributária” não é exaustiva, conforme demonstra o próprio CTN, em seu art. 2.º, ao asseverar que o sistema tributário nacional é regido pelo disposto na Emenda Constitucional 18, de 1.º de dezembro de 1965, em leis complementares, em resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas competências, em leis federais, nas Constituições e leis estaduais, e em leis municipais. INSTRUÇÕES NORMATIVAS - Instrução Normativa consiste em ato normativo expedido por uma autoridade com competência estabelecida ou delegada para normatizar a matéria, no sentido de disciplinar a execução de lei, decreto ou regulamento, sem, no entanto, transpor ou inovar em relação à norma que complementa. Exemplo: INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 2157, DE 11 DE AGOSTO DE 2023 O SECRETÁRIO ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 350 do Regimento Interno da Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria ME nº 284, de 27 de julho de 2020, e tendo em vista o disposto no art. 1º-B da Portaria MF nº 156, de 24 de junho de 1999, resolve: Art. 1º A Instrução Normativa RFB nº 1.737, de 15 de setembro de 2017, passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 11-A. A empresa na condição de transportador de mercadorias sob controle aduaneiro, poderá ser habilitada para operar o despacho aduaneiro de remessas expressas em recinto alfandegado de zona secundária, desde que: swap_horiz I - atenda aos requisitos estabelecidos no art. 4º; swap_horiz II - as mercadorias sejam remetidas em conformidade com as regras do Programa Remessa Conforme de que trata o Capítulo VI; e swap_horiz III - o recinto disponha de área de seu uso exclusivo e de infraestrutura adequada. swap_horiz Parágrafo único. Na habilitação a que se refere o caput, aplica-se, no que couber, os procedimentos e requisitos previstos nos arts. 5º a 11." (NR) JURISPRUDÊNCIA NORMAL - Exemplos A regra prevista no § 13 do art. 9º da Lei 12.546/2011 é dirigida apenas aos contribuintes e a revogação da escolha de tributação da contribuição previdenciária pelo sistema da CPRB, trazida pela Lei nº 13.670/2018, não feriu direitos do contribuinte - Origem: STJ - Informativo: 779 (I) A regra da irretratabilidade da opção pela Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta (CPRB) prevista no § 13 do art. 9º da Lei nº 12.546/2011 destina-se apenas ao beneficiário do regime, e não à Administração; e (II) a revogação da escolha de tributação da contribuição previdenciária pelo sistema da CPRB, trazida ... Lei estadual não pode conceder vantagens e aumento de vencimentos a servidores públicos sem prévia estimativa de impacto orçamentário e financeiro - Origem: STF - Informativo: 1098 É inconstitucional — por violar o art. 113 do ADCT — lei estadual que concede vantagens e aumento de vencimentos a seus servidores públicos sem prévia estimativa de impacto orçamentário e financeiro. Com o advento da EC 95/2016, que incluiu o art. 113 ao ADCT, tornou-se necessária a qualquer proposição legislativa que crie ou altere ... As receitas financeiras das instituições financeiras integram base de cálculo do PIS/COFINS - Origem: STF - Informativo: 1098 As receitas brutas operacionais decorrentes da atividade empresarial típica das instituições financeiras integram a base de cálculo PIS/COFINS cobrado em face daquelas ante a Lei nº 9.718/98, mesmo em sua redação original, ressalvadas as exclusões e deduções legalmente prescritas. As receitas financeiras auferidas pelas instituições ... JURISPRUDÊNCIA REPETITIVO / REPERCUSSÃO GERAL (Exemplos) REsp 1.767.945, REsp 1.768.060 e REsp 1.768.415- tratam do termo inicial da incidência de correção monetária no ressarcimento de crédito escritural excedente de tributo sujeito ao regime não cumulativo. REsp 1.799.306, REsp 1.799.308 e REsp 1.799.309 - tratando da possiblidade de inclusão dos serviços de capatazia na composição do valor aduaneiro e na base de cálculo do Imposto de Importação, assunto II (Imposto de Importação) RE 1063187 - afastar a incidência de IR e CSLL sobre a taxa SELIC quando aplicada à repetição de indébito tributário, preservando-se a tese referente ao Tema 504/STJ e demais teses já aprovadas no Tema 878/STJ, reconhecendo a modulação dos efeitos estabelecido no EDcl no RE 1.063.187/SC pelo STF. JURISPRUDÊNCIA – SÚMULAS CINCULANTE STF Súmula Vinculante STF nº 8 - São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Súmula Vinculante STF nº 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. Súmula Vinculante STF nº 24 - Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. Súmula Vinculante STF nº 29 - É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. Súmula Vinculante STF nº 31 - É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis. Súmula Vinculante STF nº 32 - O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas seguradoras. Súmula Vinculante STF nº 41 - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. Súmula Vinculante STF nº 48 - Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro. Súmula Vinculante STF nº 50 - Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. Súmula Vinculante STF nº 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. Súmula 188 do STJ – Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do trânsito em julgado da sentença. Súmula 162 do STJ – Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido. ESTRUTURA NORMATIVA O segundo livro do Código Tributário Nacional inicia o estudo da Legislação Tributária, designando suas fontes como: as leis, tratados e convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes (art. 96 do CTN). De início, percebemos que o legislador se preocupou em determinar que as matérias no direito tributário não estariam apenas restringidas às leis, também aceitando outas fontes para seu disciplinamento. Essas fontes representam a aplicação abstrata do direito tributário, dividindo-se em primárias (leis em sentido amplo, tratados e convenções internacionais) e secundárias (decretos e normas complementares). ESPÉCIES DE TRIBUTOS Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A análise das espécies tributárias pressupõe o entendimento de duas grandes teorias: a tripartição e a pentapartição. Por meio da teoria da tripartição, também chamada de “tripartite” e adotada pelo CTN no seu art. 5º, apenas existiriam três espécies tributárias: os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria. Já a pentapartição, denominada ainda de “pentapartite” e seguida pela CF, admite cinco diferentes espécies tributárias, acrescentando os Empréstimos Compulsórios e as Contribuições Especiais. RESPONSABILIDADES SUJEITO ATIVO (Competência versus capacidade tributária ativa) - O sujeito ativo da relação tributária se conceitua como a pessoa jurídica de direito público com titularidade para exigir o cumprimento da obrigação dessa natureza (art. 119 do CTN). A COMPETÊNCIA EM SENTIDO AMPLO se desdobra no exercício de quatro pilares: instituição/criação, fiscalização, arrecadação e execução de normas do direito tributário. O primeiro pilar: atribuição para instituição/criação de tributos, recebe doutrinariamente a alcunha de competência em sentido estrito (stricto sensu) e não poderá ser delegada a sujeito diverso daqueles que a própria Constituição Federal tenha determinado como competente para essa atribuição (competência indelegável). Exemplificando, a Constituição Federal designa que a competência para instituição do Imposto Territorial Rural será exercida apenas pela União (art. 154, VI, da CF). Os demais pilares de fiscalização, arrecadação e execução de normas do direito tributário correspondem a CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA e, diferentemente do anterior, podem ser delegados a outra pessoa jurídica de direito público, nos moldes autorizativos do art. 7º do CTN. Valendo-se do mesmo exemplo acima exposto, a atribuição de competência para União instituir o ITR não impedirá a delegação da capacidade tributária ativa quanto aos atributos de fiscalizar, executar e arrecadar para os Municípios que assim optarem (art. 153, § 4º, III, da CF). SUJEITO PASSIVO (Contribuinte e responsável) - Por sujeição passiva tributária buscaremos a identificação dos sujeitos responsáveis pelo cumprimento das obrigações tributárias. Considerando se tratar de meras formalidades (caráter instrumental), será enquadrado como sujeito passivo da obrigação acessória a pessoa obrigada as prestações que constituam seu objeto art. 122 do CTN). a) Contribuinte: Considera-se como contribuinte o sujeito que tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador (art. 121, parágrafo único, I, do CTN). Em termos mais simples, seria o agente praticante da hipótese de incidência do tributo no mundo real. Ex.: o proprietário do imóvel para fins de IPTU. b) Responsável tributário: A figura do responsável tributário será definida quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei (art. 121, parágrafo único, II, do CTN). Situações em que a lei determinará que outra pessoa se responsabilize pelo pagamento de tributo cujo fato gerador não tenha sido por ele praticado. Exemplificando, a empresa que figura como responsável tributário pelo recolhimento antecipado do IR sobre os rendimentos recebidos pelos seus funcionários, verdadeiros contribuintes (art. 45, parágrafo único, do CTN). EXTINÇÃO A extinção dos créditos tributários corresponde ao último elemento da relação jurídica. Aplicando-se o sentido lógico das relações obrigacionais, o crédito tributário não deve perpetuar-se infinitamente, determinando o Código Tributário Nacional momentos em que seu fim chegará. Aqui não se trata de mera suspensão da exigibilidade do crédito tributário, mas efetivamente sua extinção, seu fim, seu término. Disciplina o art. 156 do CTN: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I – o pagamento; II – a compensação; III – a transação; IV – remissão; V – a prescrição e a decadência; VI – a conversão de depósito em renda; VII – o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII – a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; IX – a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X – a decisão judicial passada em julgado; XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149. PAGAMENTO Enquadrada como a principal modalidade de extinção do crédito tributário, caracterizando-se pelo adimplemento do tributo mediante a entrega de valores aos cofres públicos (art. 156, I, do CTN). O Código Tributário Nacional se preocupou em apresentar uma série de comandos normativos responsáveis por disciplinar a mais importante espécie de extinção. Vejamos: a)Cumulatividade da penalidade e ausência de presunções b) Local e prazo do pagamento c) Encargos no pagamento d) Meios de pagamento e) Imputação ao pagamento f) Consignação em pagamento g) Repetição do indébito tributário
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