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AULA 2 CONTROLADORIA AVANÇADA Profª Anelise Krauspenhar Pinto Figari 2 TEMA 1 – CONTROLADORIA NO CONTROLE “A Contabilidade está presente em todas as etapas do processo de gestão, seja nas fases de planejamento, execução ou propriamente controle” (Padoveze, 2015, p. 327). Para Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 32) “a função de controle, dentro do processo decisório, talvez seja a mais crítica para a controladoria”. Nesse contexto, observa-se que a função de controle exercida pela área contábil vai além de simplesmente olhar o que já passou, nas palavras de Padoveze (2015, p. 327), “[...] implica um processo de acompanhamento e controle que perpassa todas as fases de processo decisório e de gestão e, seguramente, as etapas do planejamento”. O autor conceitua controle da seguinte forma: O controle busca aferir os resultados alcançados diante de metas preestabelecidas fazendo com que, ao mesmo tempo, se possa avaliar o desempenho dos gestores responsáveis pelas atividades. Assim, o processo de controle busca avaliar o resultado dos eventos econômicos, atividades, departamentos, divisões, produtos e serviços, permitindo, conjuntamente, avaliar os responsáveis pela condução do processo operacional da empresa. (Padoveze, 2015, p. 327) De acordo com o conceituado pelo autor, o processo de controle possui duas responsabilidades fundamentais: a primeira é a de mensurar os resultados e verificar se atingiram as metas definidas anteriormente na fase de planejamento; a segunda é a de avaliar o desempenho dos gestores por meio dessa mensuração dos resultados e o cumprimento ou não das metas preestabelecidas. Corroborando com a definição, Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 32) apontam que “o controle, portanto, caracteriza-se como uma atividade que mede, avalia e indica, caso seja necessário, a correção dos rumos buscando o atingimento dos objetivos e os planos de negócio” (Schmidt; Santos; Martins, 2014, p. 32). Assim, observa-se que, além de mensurar os resultados e avaliar o desempenho, faz parte do processo, por meio da comparação do real versus o planejado, revisar e verificar todo o planejamento e, caso necessário, apontar ações corretivas. Para Atkinson et al. (2011, p. 581) “controle é o conjunto de métodos e ferramentas que os membros da empresa usam para mantê-la na trajetória para alcançar os objetivos”. Corroborando com essa perspectiva, Anthony e 3 Govindarajan (2011) demonstram o processo de controle formal na Figura 1 a seguir. Figura 1 – Processo de controle formal Fonte: Anthony; Govindarajan, 2011, p. 105. A Figura 1 apresenta os objetivos e estratégias da empresa que são traduzidos para o planejamento estratégico e, posteriormente, para os orçamentos anuais, os quais trazem receitas e despesas previstas para cada centro de responsabilidade da empresa com as devidas metas a serem cumpridas. Dessa forma, o processo de controle consiste em verificar o desempenho real diante do orçado de modo a analisar se o desempenho de cada centro de responsabilidade foi satisfatório ou não, e, quando necessário, indicar as correções que devem ser realizadas, bem como as revisões no planejamento estratégico e orçamento (Anthony; Govindarajan, 2011). Dessa forma, tem-se um processo de controle efetivo. Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 34) afirmam que “a principal justificativa para que o controle seja efetivo é a de que não existe avaliação sem controle, ou seja, se não for possível controlar, então não será possível avaliar”. Outra função da controladoria corresponde à avaliação de desempenho da organização, e como descrevem esses autores, para que seja possível avaliar o desempenho, seja da organização ou dos gestores (agentes) em suas ações, é necessário que exista um controle efetivo. Destaca-se que considerar o controle como uma atividade sem relevância para organização “[...] é como pilotar uma aeronave sem acesso constante às 4 referências que indicam a que velocidade ou altitude se está voando, a que distância se está do destino, quanto de combustível resta no reservatório ou se a rota está dentro do planejado” (Oliveira; Perez Junior; Silva, 2015, p. 69). Dessa forma, observa-se que “a função de controle deve ser preocupação contínua dos responsáveis pelo destino das organizações, visto que a gerência sabe que nenhum planejamento ou coordenação, por melhores que sejam, podem assegurar os objetivos pretendidos que possam ser atingidos” (Oliveira; Perez Junior; Silva, 2015, p. 69). Nesse contexto, observe que os autores afirmam que os próprios gestores reconhecem a importância do controle nas organizações, uma vez que sem controle organizacional de nada serve um planejamento bem elaborado, pois é necessário que vai ocorra a verificação do que está ocorrendo no dia a dia da empresa, se as metas estão sendo alcançadas etc. Em outra perspectiva, Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 34) afirmam que “o controle serve como uma ferramenta para que os gestores planejem ações futuras” (Schmidt; Santos; Martins, 2014, p. 34). Assim, fica claro que o controle auxilia os gestores nas decisões no que tange à elaboração do planejamento estratégico, entretanto, um planejamento estratégico sem um controle faz com que não seja conhecido se as metas definidas no planejamento estão sendo cumpridas. Atkinson et al. (2011, p. 94) apontam duas maneiras pelas quais o controle pode ser exercido: (1) Desenvolvimento de procedimentos padronizados que os funcionários são orientados a seguir; e (2) contratação de pessoas qualificadas que entendem objetivos da organização e recebem poder para fazer o que for necessário para atingi-los, usando o sistema de controle para avaliar o desempenho e a qualidade do resultado final. Na primeira forma de se exercer o controle mencionado pelos autores, a empresa pode desenvolver procedimentos (passo a passo) que devem ser seguidos pelos funcionários em suas atividades. Na segunda forma de se exercer o controle, poderíamos pensar, por exemplo, na contratação de um controller com a finalidade de desenvolver um sistema de controle na organização, de modo a alinhar os objetivos definidos no planejamento com o dia a dia organizacional, além de acompanhar a execução das atividades e verificar o cumprimento dos objetivos definidos. Os autores ainda 5 abordam o sistema de controle como uma ferramenta de avaliação de desempenho e de mensuração da qualidade do resultado final. TEMA 2 – CONTROLE INTERNO Para o correto entendimento do controle interno, é essencial levar em consideração a rotina da organização “de acordo com as necessidades da empresa, seu tamanho e cultura própria, diversidade de negócios, dispersão geográfica, bem como nas áreas operacionais” (Oliveira; Perez Junior; Silva, 2015, p. 70). Para o American Institute of Certified Public Accountants (Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados), controle interno é “o plano da organização e todos os métodos e medidas coordenados, aplicados a uma empresa, a fim de proteger seus bens, conferir a exatidão e a fidelidade de seus dados contábeis, promover a eficiência e estimular a obediência às diretrizes administrativas estabelecidas”. De acordo com Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 36), o conceito do Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados apresenta a “[...] estrutura do ciclo gerencial em termos de planejamento, execução e controle, relacionando uma diversidade de meios à disposição da alta administração para a devida aplicação das funções gerenciais dentro das entidades”. Com uma perspectiva abrangente, o Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (Coso, 2007, p. 6) define controle interno como “um processo conduzido pela estrutura de governança, administraçãoe outros profissionais da entidade, e desenvolvido para proporcionar segurança razoável com respeito à realização dos objetivos relacionados a operações, divulgação e conformidade”. Com base nos conceitos sobre controle interno mencionados, é possível observar a complexidade de se desenhar um controle interno para as empresas, pois não há uma ferramenta padrão que possa ser utilizada para todas igualmente. Pelo contrário, o controle interno deve ser desenvolvido de acordo com os objetivos e as necessidades de controle de cada empresa, levando em consideração suas particularidades. Para tanto, é importante planejar e mapear quais os objetivos e qual a finalidade da empresa com o controle interno e o sistema de controle interno a ser construído. Ainda, posteriormente, analisar técnicas e procedimentos de 6 controle interno que se adequem às necessidades da empresa. A Figura 2 a seguir demonstra a integração entre os fatores relacionados no parágrafo. Figura 2 – Objetivos e finalidade da empresa com o controle interno e o sistema de controle interno Fonte: Oliveira; Perez Junior; Silva, 2015, p. 69. Destaca-se que, apesar de a controladoria não ter poder de decisão quanto ao controle interno que será implementado, ela pode aconselhar a gestão e sugerir melhorias no processo de controle interno da empresa por meio de avaliações periódicas (Oliveira; Perez Junior; Silva, 2015). Entretanto, Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 39) apontam que a controladoria é responsável pela constituição dos controles internos. Adicionalmente, o controle interno permite uma proteção para as empresas de modo que procura “criar meios para prevenção de erros e a detecção de qualquer irregularidade nas atividades de uma entidade” (Schmidt; Santos; Martins, 2014, p. 37). Nesse contexto, para que a controladoria possa criar proteção para as empresas por meio do controle interno, Schmidt, Santos e Martins (2014) sugerem parâmetros que devem ser levados em consideração por meio de dois grupos de controles internos, contábil e administrativo, como apresentado no Quadro 1 a seguir. Quadro 1 – Controles internos: contábil e administrativo Controles internos contábeis Controles internos administrativos • Fidelidade da informação em relação aos dados • Segurança física • Segurança lógica • Confidencialidade (privacy) • Obediência à legislação em vigor • Eficácia • Eficiência • Obediência às diretrizes da alta administração Fonte: com base em Schmidt; Santos; Martins, 2014, p. 37. Sistema de controle interno por áreas contábeis Avaliação do controle interno Objetivos do controle interno . Técnicas e procedimentos de controle interno . 7 Outro fator a ser levado em consideração corresponde à quantidade de controles internos a ser construída em uma empresa. “Os controles internos deverão estar focados nas atividades-chaves para o sucesso da entidade, ou seja, em atividades em que o risco é baixo e a possibilidade de perda existe [...]” (Schmidt; Santos; Martins, 2014, p. 39). De acordo com Oliveira, Perez Junior e Silva (2015, p. 69): “para a Controladoria é de fundamental importância conhecer a qualidade e o grau de confiabilidade dos sistemas contábeis e de controles internos desde a fase de planejamento de seus trabalhos, para auxiliar na adequada identificação das áreas de risco”. Os autores destacam a relevância de a controladoria conhecer a qualidade e o grau de confiabilidade tanto do sistema contábil como dos controles internos. Dessa forma, o controle interno contribui no gerenciamento de riscos. Corroborando com essa perspectiva, o Committee Of Sponsoring Organizations Of The Treadway Commission (Coso, 2007) discorre sobre a abrangência do controle interno: “é parte integrante do gerenciamento de riscos corporativos. A estrutura do gerenciamento de riscos corporativos abrange o controle interno, originando dessa forma uma conceituação e uma ferramenta de gestão mais eficiente” (Coso, 2007, p. 8). Adicionalmente, Schmidt, Santos e Martins (2014, p. 39) afirmam que “a gestão de risco passou a representar um dos principais focos de gerenciamento nas entidades modernas, por isso, estruturar, implementar e manter sistemas eficazes de controles internos tornou-se um fator fundamental para o sucesso dessas entidades”. Dessa forma, observa-se a importância dos controles internos e, consequentemente, dos sistemas de controles internos no que tange à gestão de riscos da organização. Nesse contexto, cabe à controladoria optar pela estrutura (framework) de gestão de riscos mais adequada à organização. “O framework caracterizará a estrutura do sistema, ao passo que paralelamente deverá ser desenvolvido um método de implementação e monitoramento dos controles” (Schmidt; Santos; Martins, 2014, p. 39). Os autores adicionam que existem alguns frameworks mundiais e que a escolha por um deles está relacionada aos objetivos que a empresa possui: 8 • Coso e CoCo: soluções voltadas para os objetivos de negócio; • Cobit: solução voltada para os objetivos do negócio que foca em tecnologia da informação; • BS7799 e ISO 17799: soluções voltadas para objetivos de segurança da informação (Schmidt; Santos; Martins, 2014, p. 40). TEMA 3 – SISTEMAS DE INFORMAÇÕES E SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL “Cabe à Controladoria, de forma primária, preparar, analisar e interpretar todas as informações que serão disponibilizadas no sistema de informações e que servirão de base para os administradores no processo de tomada de decisão” (Schmidt; Santos; Martins, 2014, p. 63). Assim, abordaremos o conceito, a utilidade e a importância dos sistemas de informações existentes em uma organização como ferramenta de controle, enfatizando o sistema de informação contábil ou de controladoria e como ocorre a integração desses sistemas. Inicialmente, é importante que saibamos o que é um sistema e, também, o que é uma informação. Frezatti et al. (2009, p. 71) conceituam sistema como “um conjunto coordenado de elementos interdependentes que interagem para atingir determinado objetivo”. Já o termo informação “é uma descrição ou mensuração de um objeto ou evento que: (a) provoca surpresa em quem a recebe; (b) reduz suas incertezas; e (c) ajuda-o a tomar decisões” (Frezatti et al., 2009, p. 70). Padoveze (2015, p. 45) conceitua sistema de informação como: “[...] um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma sequência lógica para o processamento dos dados e tradução em informações para, com o seu produto, permitir às organizações o cumprimento de seus objetivos principais”. O autor aborda o sistema de informação como um processamento de dados, de modo que há uma inserção de dados no sistema de maneira lógica, e que, após o seu processamento, tem-se como produto a informação. Assim, tem- se como entrada: os dados, sendo um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros, e tem-se como saída a informação. 9 Adicionalmente, o autor menciona que existem os sistemas de informações de apoio às operações, de apoio à gestão e de apoio à decisão, como evidenciado a seguir. Figura 3 – Sistemas de apoio à gestão Fonte: Padoveze, 2015, p. 46. O autor explica que “os sistemas de informações de apoio à gestão necessitam constantemente de informações qualitativas e quantitativas que são capturadas nos sistemas de apoio às operações” (Padoveze, 2015, p. 46). São também necessárias informações semiestruturadas e não estruturadas. No Quadro 2 a seguir, são apresentados alguns exemplos de informações qualitativas e quantitativas e de informações semiestruturadas e não estruturadas necessários aos sistemas de informações de apoio à gestão. Quadro 2 – Exemplos de informações qualitativas e quantitativas e de informações semiestruturadas e não estruturadasnecessárias ao sistemas de informações de apoio à gestão Informações qualitativas e quantitativas Informações semiestruturadas e não estruturadas • Número de funcionários e horas trabalhadas • Quantidades produzidas, estocadas e vendidas • Quantidades de pedidos, de desenhos, de refugos • Quantidades de reclamações • Tamanho de mercado • Concorrentes • Previsão de crescimento do PIB • População • Importações Fonte: com base em Padoveze, 2015. 10 Frezatti et al. (2009) utilizam o termo Sistema de Informação Gerencial (SIG) e o definem “como um conjunto de recursos e procedimentos interdependentes que interagem para produzir e comunicar informações para a gestão”. Os autores relatam que o papel do SIG é o de “gerar informações que atendam às necessidades dos tomadores de decisões, dando suporte ao processo de gestão em todas as suas etapas: planejamento, execução e controle” (Frezatti, 2009, p. 72). Padoveze (2015) evidencia, na Figura 4 a seguir, um método conceitual que integra o sistema de informação contábil nos Sistemas integrados de Gestão Empresarial (Sige), também conhecidos como Enterprise Resources Planning (ERP). Figura 4 – Sistemas Integrados de Gestão Empresarial (Sige) Fonte: Padoveze, 2015, p. 49. O autor aponta que esse modelo conceitual deve seguir um enfoque sistêmico, isto é, “partindo da análise do ambiente externo até a definição das necessidades informacionais para que as saídas do sistema sejam coerentes com os objetivos do sistema contábil” (Padoveze, 2015, p. 49). Adicionalmente, o autor aponta, no que tange à estruturação do sistema contábil, um foco gerencial e, ainda, a busca pela “otimização da utilização das demais informações já existentes nos demais sistemas de informação operacionais, tornando-se imperiosa a total integração com os demais módulos do Sige” (Padoveze, 2015, p. 49). E, por fim, gostaríamos de destacar que Padoveze (2015) descreve seis passos no que tange ao modelo conceitual proposto. 11 • Passo 1 – estudo da empresa, obtendo-se a visão dos negócios e da organização. • Passo 2 – identificação das necessidades de informação de todos os usuários do Sistema de Informação Contábil. • Passo 3 – estruturação da conta contábil. • Passo 4 – parametrização dos demais módulos do Sige. • Passo 5 – plano de contas e operacionalização dos lançamentos. • Passo 6 – disponibilização das informações e relatórios gerenciais. Leitura complementar Para um aprofundamento do assunto, sugere-se a leitura do capítulo 5, Subsistema de informações para acompanhamento do negócio, Padoveze, Clóvis L. Controladoria estratégica aplicada: Conceitos, estrutura e sistema de informações. Cengage Learning Brasil, 2016. Disponível na Biblioteca Virtual. Saiba mais Segundo o Portal da Conta Azul, você consegue ter uma visão ampla do seu negócio e controlar de perto o financeiro, comercial, estoque, relacionamento com os clientes, contabilidade e muito mais. Então, acesse o link a seguir e leia o artigo completo do Vinicius Roveda. Link: <https://blog.contaazul.com/erp> TEMA 4 – SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL E SEUS SUBSISTEMAS O sistema de informação contábil ou de controladoria é um dos sistemas que contempla o Sistema de Informação Gerencial (SIG). De acordo com Frezatti et al. (2009), o SIG deve conter três módulos, no mínimo: Contabilidade, Orçamento e Custos. O módulo da contabilidade é a essência do SIG, pois “[...] identifica, mensura e registra, de acordo com a sua natureza, os eventos econômicos que decorrem, principalmente, das transações realizadas entre a organização e terceiros” (Frezatti et al., 2009, p. 72). O autor ainda destaca que o próprio sistema de informação contábil é alimentado por dados de outros subsistemas. O módulo de orçamento vai traduzir “[...] o plano operacional da empresa, geralmente expresso em termos físicos e operacionais, em sua expressão monetária” (Frezatti et al., 2009, p. 74). 12 O módulo de custos consiste na escolha de um sistema de custeio que vai tratar “da mensuração do custo das diversas entidades de interesse, tais como processos, atividades, centros de custos, produtos etc., tanto para alimentar os dois primeiros – contabilidade e orçamento – como para prover informação para decisões”. Padoveze (2015) sugere trabalhar com três áreas e seus respectivos subsistemas para o sistema de informação contábil. O Quadro 3, a seguir, demonstra a sugestão do autor. Quadro 3 – Sugestão de Sistema de Informação Contábil Sistema de Informação Contábil Área legal/Fiscal Área de Análise Área Gerencial • Contabilidade Geral • Análise de Balanço • Orçamentos e Projeções • Correção Monetária Integral • Análise de FC • Custos e Preços de venda • Contabilidade em outras Moedas • Gestão de Impostos • Contabilidade por Responsabilidade • Consolidação de Balanços • Centros de Lucros e Unidades de Negócios • Valorização de Inventários • Acompanhamento do Negócio e Gestão do Rico e Estratégia • Controle Patrimonial Fonte: Padoveze, 2015, p. 52. O autor sugere que o Sistema de informação Contábil contemple três áreas contábeis: área fiscal, área de análise e a área gerencial. Entretanto, ressalta que todas as áreas são relevantes e devem estar integradas sem qualquer tipo de segregação no sistema. Por exemplo, “a escrituração dos lançamentos é tão importante como a mais profunda análise de custo ou projeção de resultados” (Padoveze, 2015, p. 52). Para Oliveira, Perez Junior e Silva (2015, p. 74), os sistemas contábeis e de informações “devem fornecer à administração e ao pessoal de supervisão meios de identificar erros ou omissões nos registros contábeis, pois quanto maior o volume das transações envolvidas, menor a participação direta da administração nessas transações”. Padoveze (2015, p. 56) reforça que a controladoria deve acompanhar o processo de gestão por completo, “desde o Planejamento Estratégico, passando pelo Planejamento Operacional e Programação, até a execução e o controle”; assim como o Sistema de informação contábil ou de controladoria deve cumprir esse mesmo papel por meio de seus subsistemas. 13 Na Figura 5, a seguir, o autor demonstra o processo de gestão e o sistema de informação contábil. Figura 5 – Processo de gestão e sistema de informação contábil Fonte: Padoveze, 2015, p. 46. A Figura 5 descreve as etapas do processo de gestão – planejamento estratégico, pré-planejamento, planejamento operacional, programação, execução e controle –, assim como demonstra, em paralelo, em cada etapa do processo de gestão, o respectivo subsistema de informação contábil ou de controladoria. Por exemplo, para a etapa de controle é possível observar três subsistemas do sistema de informação contábil: o sistema de custos, o sistema de contabilidade por responsabilidade e o sistema de contabilidade. TEMA 5 – CONTROLE, AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E PLANEJAMENTO Como foi possível observar na discussão em relação à controladoria e suas funções de controle até o momento, verifica-se que “[...] nenhum planejamento ou coordenação, por melhores que sejam, podem assegurar os objetivos pretendidos que possam ser atingidos” (Oliveira; Perez Junior; Silva, 2015, p. 69), o que demonstra a importância de um controle efetivo para que se possa verificar o andamento das atividades e ações conforme o planejamento. Cabe à controladoria, assim como Atkinson et al. (2011, p. 581) apontam aos contadores gerenciais três funções relevantes no que tange ao controle organizacional: “1. Ajudar uma empresa a ficar sob controle. 2. Identificar quando o processo está fora de controle. 3. Dar suporte à aprendizagem da empresa”. 14 Adicionalmente, os autores ainda mencionam a importância das funções de suporte ao planejamento e à tomada de decisão. Atkinson et al. (2011)demonstram a seguir o ciclo do controle. Figura 6 – Ciclo do controle Fonte: Atkinson et al., 2011, p. 582. O autor aponta que, para se manter uma organização sob controle, são necessários cinco passos, o que é denominado ciclo de controle. Como apresentado na Figura 6, o ciclo do controle é composto por planejamento, execução, monitoração, avaliação e correção do planejamento, quando necessário. Ainda, para que o controle seja efetivo, Atkinson et al. (2011, p. 582) afirmam que “[...] a empresa deve ter conhecimento e habilidade para corrigir as situações que identifica como fora de controle; caso contrário, o controle não serve a nenhum propósito, porque não pode corrigir as situações fora de controle”. Assim, observa-se que o planejamento e o controle estão fortemente relacionados, de modo que não é possível conhecer se o planejamento está ocorrendo de maneira desejada sem um controle efetivo do que está sendo executado em uma organização. Isso somente é possível quando há comparação do que está sendo executado no dia a dia da empresa com as metas e ações definidas no planejamento. Desse modo, é possível identificar e analisar as divergências entre o planejado e a execução. 15 Com esse feedback, é possível identificar as causas das divergências e propor ações de melhoria na execução do dia a dia da empresa e/ou propor melhorias no planejamento, quando necessário. Nesse contexto, Frezatti et al. (2009, p. 157) apresentam a integração do planejamento e do controle conforme a Figura 7 a seguir. Figura 7 – Integração do planejamento e do controle Fonte: Frezatti et al., 2009, p. 157. Complementarmente à discussão, Frezatti et al. (2009) apresentam, na Figura 7, uma etapa de avaliação de desempenho, e apontam com base em Marr (2006, citado por Frezatti et al., 2009) as razões que justificam uma organização de realizar a avaliação de desempenho: checar a posição, o processo decisório e a aprendizagem organizacional, comunicar a posição e accountability, confirmar prioridades, influenciar o comportamento pelo acompanhamento do progresso e, por fim, analisar remuneração, recompensa e promoção. Em relação à necessidade de avaliação de desempenho, Atkinson et al. (2011, p. 94) afirmam que “as medidas de desempenho são partes críticas do controle das operações”. 16 REFERÊNCIAS ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de controle gerencial. 12 ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade Gerencial. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2011. COSO – COMMITTEE OF SPONSORING ORGANIZATIONS OF THE TREADWAY COMMISSION. COSO gerenciamento de riscos corporativos: Estrutura integrada – sumário executivo. Jersey City, 2007. Disponível em: <https://www.coso.org/Documents/COSO-ERM-Executive-Summary-Portuguese.p df>. Acesso em: 28 jun. 2020. FREZATTI, F. et al. Controle Gerencial: uma abordagem da contabilidade gerencial no contexto econômico, comportamental e sociológico. São Paulo: Atlas, 2009. OLIVEIRA, L. M.; PEREZ JUNIOR, J. H.; SILVA, C. A. S. Controladoria estratégica: textos e casos práticos com solução. 11 ed. São Paulo: Atlas, 2015. PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. SCHMIDT, P.; SANTOS, J. L.; MARTINS, M. A. S. Manual de Controladoria. São Paulo: Atlas, 2014. controladoria avançada
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