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Interpretação dos contratos

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DIREITO CIVIL
CONTRATOS
JOSÉ MARIA DE ABREU
Interpretação dos contratos
Prestador de serviços que se compromete, num contrato a trocar dois pneus de dois carros: ambiguidade. (INTERPRETAÇÃO DECLARATÓRIA)
Mútuo é celebrado sem vantagens para o mutuante numa cláusula e estabelece cobrança de juros em outra: contradição. (INTERPRETAÇÃO DECLARATÓRIA)
Na compra e venda não se determina onde o bem deve ser entregue: omissão. (INTERPRETAÇÃO CONSTRUTIVA OU INTEGRATIVA)
Reajuste de valores é determinado por índice de correção e ele deixa de existir. (INTERPRETAÇÃO CONSTRUTIVA OU INTEGRATIVA)
EXEMPLOS
Introdução
A hermenêutica é a ciência que cuida interpretação das leis. O contrato, à semelhança da lei, requer uma interpretação, sobretudo quando existe divergência entre as partes sobre o sentido de uma determinada cláusula. Assim, interpretar o contrato, significa revelar o real significado de seu conteúdo.
A interpretação do contrato, como salienta Maria Helena Diniz, “é indiscutivelmente similar à da lei, podendo-se até afirmar que há certa coincidência entre as duas. Aplicam-se, por isso, à hermenêutica do contrato, princípios concernentes à interpretação da lei”.
Todavia, enquanto na hermenêutica da lei prevalece o lado objetivo do exame desta, e não a vontade do legislador, na interpretação dos contratos, sobressai, em primeiro lugar, o aspecto subjetivo da intenção comum dos contratantes, e, em segundo lugar o exame objetivo das cláusulas contratuais. Com efeito dispõe o art. 112 do CC que nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
O CC de 2002, a exemplo do de 1916, não sistematizou o assunto referente à interpretação dos contratos, limitando-se a fixar a regra do art. 112 CC, situada no livro da parte geral, relegando à doutrina o desenvolvimento da matéria atinente à exegese dos contratos.
Teorias
De acordo com a teoria subjetiva ou voluntarística, o intérprete deve investigar a real vontade dos contratantes. Esta prevalecerá sobre a vontade externada por palavras nas cláusulas contratuais. Assim, a vontade pode ser analisada até além do exame objetivo do contrato.
Pela teoria objetiva ou da declaração, o intérprete deve ater-se ao sentido das palavras consignadas nas cláusulas contratuais, desconsiderando a vontade interna dos contratantes.
Sobre a adoção de uma ou outra teoria, ensina-nos Sílvio Salvo Venosa que “é evidente que nenhuma dessas posições haverá de ser adotada isoladamente, razão pela qual a doutrina engendrou uma série de outras intermediárias, de pouco interesse prático. Em qualquer situação, deve o hermeneuta comportar-se de forma que evite o apego excessivo a uma só dessas posições, sob pena de atingir conclusões inócuas e distorcidas”.
Vê-se que o CC em seu art. 112, salienta que “nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”. Com essa redação, porém, o legislador não quis esquivar-se da teoria subjetiva (motivos psicológicos do agente) ou abraçar a teoria objetiva (interpretação fiel ao texto da declaração), mas sim, como salienta Antônio Junqueira de Azevedo, abraçar um critério intermediário, na qual avulta a preocupação com a confiança despertada no destinatário da declaração de vontade, e onde ressalta a responsabilidade do declarante.
O art. 112, acima transcrito, como enfatiza Renan Lotufo, se refere à vontade consubstanciada na declaração, portanto, na vontade já objetivada, não na intenção, vontade interna. Aliás, como já dizia Eduardo Espínola, o intérprete deve buscar a intenção consubstanciada na declaração, e não ao pensamento íntimo do declarante.
Do exposto deduz-se que o Código abraçou uma teoria intermediária ou eclética, porque a interpretação deve partir de dados objetivos consubstanciados no contrato, buscando-se, a partir daí, a real intenção dos contratantes, atentando-se, sobretudo, para a boa-fé e confiança das partes. Como afirma Sílvio Salvo Venosa, “não é dado pois, ao intérprete, alçar vôos interpretativos que o levem para longe do fulcro do negócio jurídico em exame”.
Finalmente, se a clareza da cláusula não deixa dúvida sobre seu sentido, a vontade íntima não pode prevalecer, pois o Código não adotou, na pureza, a teoria subjetiva. Aliás, o art. 112 do CC enfatiza muito bem que o contrato não pode colidir contra o seu conteúdo.
Interpretação dos contratos
Conceito: Identificação do sentido e do alcance do conteúdo da declaração de vontade
Interpretação contratual declaratória
Lacuna contratual: Interpretação contratual construtiva/integrativa (integração contratual)
CC. Art. 112 - Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.
Equilíbrio entre as teorias da declaração e da vontade (negócios jurídicos em geral)
Atenção aos princípios da boa-fé e conservação dos contratos
CC. Art. 423 - Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
CC. Art. 424 - Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Interpretação contratual
CC. Art. 113 - Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. (“quarto requisito de validade de todo negócio jurídico”)
Princípios do CC/2002 (Miguel Reale): Operabilidade, eticidade e sociabilidade (e atividade – Renan Lotufo)
Preferência, sempre, à revisão contratual e não à extinção (rescisão) contratual (princípio da conservação dos negócios jurídicos)
Art. 114 - Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
Valor jurídico do silêncio: Art. 111 - O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. 
Interpretação contratual no CDC
Destaque ao dever de informação
Art. 46 - Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
2. Art. 47 - As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
3. CDC. Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: 
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. (...)
4. CDC. Art. 54 - Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. (...)
Parágrafo terceiro - Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. 
Parágrafo quarto - As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
Regras gerais de interpretação
As normas restritivas de direito não comportam interpretação ampliativa (extensiva).
A intenção dos contratantes deve ser aferida a partir do exame do modo pelo qual as partes vem se comportando ao longo do tempo, consensualmente.
Na dúvida, deve-se interpretar o contrato de modo menos oneroso ao devedor (“favor debitoris”).
Não se interpreta o contrato “em tiras”, mas conjuntamente (“sistemicamente”).
A obscuridade da cláusula é de ser interpretada em desfavor daquele que a redigiu.
Quando passível de dois significados, preferência ao que preserve o contrato (princípio da conservação dosnegócios jurídicos).
Proibição contratual no CC (limite à autonomia privada): “pacta corvina”.
CC. Art. 426 - Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Meios auxiliares da Interpretação
Conquanto o objeto da interpretação seja o conteúdo do contrato, consubstanciado em suas diversas cláusulas, o certo é que são meios auxiliares da interpretação: as tratativas preliminares, o caráter habitual das relações mantidas entre as partes, as manifestações anteriores do declarante e do destinatário, que reconhecidamente se ligam à declaração, tais como uma expressão típica do declarante, conhecida pelo destinatário, bem como o lugar, o tempo e as circunstâncias inerentes. 
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) ainda prescreve que:
O contrato não obrigará o consumidor se o respectivo instrumento não for redigido de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance (art. 46, CDC);
As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor (art. 47, CDC).
Por outro lado, cumpre destacar que, na interpretação dos contratos, levar-se-á em conta a emissão da vontade e o significado extraído desta pelo destinatário. Afinal, a relação contratual é bilateral, de modo que o significado crucial é o que deram coincidentemente o proponente e o aceitante.
Nessa análise, como afirma Renato Lotufo, deve ser considerada a possibilidade de compreensão do destinatário da declaração, outrossim, a responsabilidade do proponente pelo significado da declaração contida na proposta.
Destinatários da Interpretação
As regras de interpretação são dirigidas às partes, que, por isso, podem substituí-las por outras, derrogando-as, ainda quando estampadas em lei.
De fato, a avaliação sobre a forma de cumprimento do contrato deve ser feita, em primeiro lugar, pelos contratantes, que são os maiores interessados. Se não chegarem a um acordo, daí sim o juiz passa a ser destinatário final das regras interpretativas, devendo segui-las à risca, sobretudo quando previstas em lei.
Todavia, na hipótese de o magistrado contrariar uma norma legal de interpretação contratual, não é cabível o recurso extraordinário dirigido ao STF nem o recurso especial endereçado ao STJ, porque se trata de questão de fato (súmula 454 do STF), ao passo que nesses dois recursos só é possível a discussão de questões jurídicas (direito).

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