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Livro Texto HEMATOLOGIA CLINICA II

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65
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Unidade II
5 ALTERAÇÕES BENIGNAS DOS LEUCÓCITOS
Os leucócitos participam das respostas inflamatórias e imunológicas do organismo, conforme 
mencionado na unidade I. Neste momento, vamos considerar o diagnóstico das alterações qualitativas 
(morfológicas) e quantitativas dos leucócitos. Quando o indivíduo apresenta aumento do número 
de leucócitos, ou seja, leucocitose, devemos verificar qual tipo específico de leucócito está afetado. 
A leucocitose pode ser uma resposta fisiológica ou indicar presença de infecções, contra bactérias, 
vírus, fungos e protozoários e, ainda, estar associada às neoplasias como as leucemias. Assim, é 
importante indicar qual tipo de leucócito está elevado, ou seja, em maior quantidade.
5.1 Leucocitoses: neutroflilias, linfocitoses (reacionais e atipias) e eosinofilias
Geralmente, a presença de infecções bacterianas cursa com aumento do número de neutrófilos 
(neutrofilia), as viroses são acompanhadas de linfocitose e nas infecções parasitárias e alergias 
verifica-se eosinofilia.
A leucocitose fisiológica ocorre, por exemplo, nas seguintes situações: gestação e neonato, em 
que há aumento basal de granulócitos na medula óssea. Também há leucocitose após liberação de 
adrenalina, como ocorre após esforço físico. Nesse caso, os neutrófilos da periferia do vaso sanguíneo 
sofrem desmarginalização, o que causa uma pseudoneutrofilia. É por isso que o paciente deve evitar 
exercícios físicos antes da coleta de sangue para realização do hemograma (OLIVEIRA, 2007).
As neutrofilias podem ter causa congênita ou adquirida. Vejamos algumas causas.
• Congênitas:
— Neutrofilias hereditárias: aumento de produção e liberação na medula.
— Deficiência de CD11/18 na membrana dos neutrófilos: impede o neutrófilo de aderir ao 
endotélio vascular. Não ocorre a migração para os tecidos.
• Adquiridas:
— Leucemia mieloide crônica (LMC).
— Infecções por bactérias: estafilococos, pneumococos, menogococos.
— Infecções por fungos: Actinomyes.
66
Unidade II
— Infecções por vírus: vírus da raiva, poliomielites, herpes-zóster, varíola e catapora.
— Inflamações: pancreatite, apendicite, gota, febre reumática e artrite reumatoide.
— Distúrbios metabólicos: eclampsia e cetoacidose.
— Hemorragias aguda: aumento de produção, sobretudo de desmarginalização.
— Hemólises agudas: aumento de produção, sobretudo de desmarginalização.
— Estresse súbito: aumento da desmarginalização.
— Tabagismo: aumento de produção e liberação.
— Uso de corticoides: aumento da liberação medular, aumento da desmarginalização e diminuição 
de migração para o tecido.
— Terapia com G-CSF: para estimular a produção de células-tronco na medula óssea. Usada em 
casos de transplante de medula óssea.
— Pós-esplenectomia: diminui o sequestro de neutrófilos no baço.
As neutrofilias agudas geram discreta leucocitose (entre 15.000 e 20.000/mm3), como ocorre nos 
casos de aumento de desmarginalização e infecções locais como nas amigdalites, otites, furúnculos 
e faringites. Já nas infecções mais extensas, como na pneumonia, pancreatite, apendicite, colecistite, 
peritonites e meningintes, a leucometria pode ser superior a 50.000/mm3.
Nas neutrofilias mais extensas, pode ser verificado o desvio à esquerda, ou seja, o aumento de 
bastonetes ou das formas imaturas que não devem estar presentes, normalmente, no sangue periférico 
de um indivíduo saudável. Isso ocorre, principalmente, nas infecções bacterianas, no tratamento com 
G-CSF, GM-CSF, nos queimados, na gestação e nos politraumatizados.
Quando o desvio à esquerda é extremo ou as células imaturas sugestionarem leucemias, mesmo 
na ausência de anemia ou trombocitopenia, denomina-se reação leucemoide. É o que ocorre em 
infecções graves como em certas pneumonias, meningites, tuberculose e em estados inflamatórios 
importantes (OLIVEIRA, 2007).
O desvio à esquerda pode ser ainda do tipo escalonado e não escalonado. No tipo escalonado, 
a proporção de segmentados é maior que a de bastonetes e assim por diante, ou seja, a hierarquia 
maturativa é preservada. Já no tipo não escalonado, algum subtipo de neutrófilo mais imaturo está em 
maior proporção que um mais maduro, é o que ocorre, por exemplo, na leucemia mieloide crônica.
Mais adiante, estudaremos que outros exames são necessários para o diagnóstico de LMC. Vamos 
comparar dois leucogramas.
67
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Tabela 2 – Exemplo de desvio à esquerda escalonado 
em paciente com infecção bacteriana
% /mm3
Leucócitos 25.000
Neutrófilos: 95 23.750
 - Promielócitos 0 0
 - Mielócitos 1 250
 - Metamielócitos 10 2.500
 - Bastonetes 24 6.000
 - Segmentados 60 15.000
Linfócitos 3 750
Monócitos 2 500
Eosinófilos 0 0
Basófilos 0 0
Tabela 3 – Desvio à esquerda não escalonado em 
paciente com leucemia mieloide crônica
% /mm3
Leucócitos 90.000
Neutrófilos: 88 23.750
 - Promielócitos 3 79.200
 - Mielócitos 20 18.000
 - Metamielócitos 5 4.500
 - Bastonetes 10 9.000
 - Segmentados 50 45.000
Linfócitos 3 2.700
Monócitos 2 1.800
Eosinófilos 3 2.700
Basófilos 4 3.600
 Lembrete
O processo de granulopoese ocorre na medula óssea e gera 
promielócitos, mielócitos, metamielócitos, bastonetes e segmentados. 
Apenas bastonetes e segmentados são verificados no sangue periférico 
de indivíduos saudáveis.
E quais as etapas desde o recrutamento dos neutrófilos até a morte do patógeno? A sequência 
de eventos que ocorre com o neutrófilo são quimiotaxia, adesão do neutrófilo ao endotélio vascular, 
migração para o tecido (diapedese) e fagocitose do patógeno.
68
Unidade II
Inicialmente, sinais quimiotáticos produzidos pelo patógeno e pelas células do hospedeiro 
recrutam neutrófilos da medula óssea para a corrente sanguínea, entre estes: PAF, IL-1, TNF, 
endotoxinas, C5a, peptídeos quimiotáxicos e leucotrieno B4. Esses fatores estimulam a expressão 
de moléculas de adesão da família das selectinas (E, P-selectinas) e das integrinas (ICAMS) pelas 
células endoteliais próximas ao local da inflamação.
Na diapedese, as quimiocinas permitem a migração dos neutrófilos para o tecido, através dos 
espaços interendoteliais. Na maior parte das inflamações, os neutrófilos predominam durante as 
primeiras 6 a 24 horas, mas, após migrarem para os tecidos, a vida média é de 24 a 48 horas. A partícula a 
ser fagocitada é reconhecida pelo neutrófilo e, após a sua ligação com os receptores neutrofílicos, 
inicia-se a formação do fagolisossomo, que é a junção do vacúolo fagocitário com a membrana de 
um grânulo lisossomal.
Os mecanismos envolvem a formação de peróxido de hidrogênio (H2O2) que na presença de 
mieloperoxidase e um cloreto (Cl-), produz um radical hipocloroso (HOCl-) com potente ação antioxidante 
antimicrobiana. Outras substâncias presentes nos grânulos neutrofílicos induzem a morte bacteriana: 
proteína aumentadora da permieabilidade bacteriana (BPI), lisozima, proteína básica principal, hidrolases 
ácidas, entre outras.
Após o influxo de neutrófilos, ocorre a migração de monócitos que se transformam em macrófagos 
no tecido. Os macrófagos não morrem no foco inflamatório como os neutrófilos, eles atingem os 
vasos linfáticos e migram para os linfonodos drenantes. O processo inflamatório se finaliza quando os 
macrófagos fagocitam os restos celulares e promovem a síntese dos componentes da matriz extracelular.
Algumas vezes, a homeostase do tecido não é restabelecida e pode ocorrer destruição tecidual 
secundária, o que contribui para a cronicidade de doenças inflamatórias crônicas e de doenças 
autoimunes. Por que isso ocorre? Os neutrófilos apresentam enzimas lisossômicas em seus grânulos e 
espécies reativas de oxigênio e nitrogênio que podem danificar o endotélio vascular, destruir a estrutura 
óssea e as cartilagens. Isso explica o desencadeamento de patologias como a artrite gotosa, por exemplo.
5.2 Leucopenias: neutropenias e linfopenias
Na vigência de leucopenia, é importante determinar qual célula está diminuída. As principais causas 
de leucopenias são diminuiçãodo número de neutrófilos (neutropenia) ou de linfócitos (linfopenia).
A neutropenia está presente quando o valor absoluto é menor de 2.000/mm3. Quanto menor o valor 
absoluto de neutrófilos, maior é o risco de infecções. Defeitos na produção medular e lesão induzida por 
fármacos são as causas mais frequentes de neutropenia (OLIVEIRA, 2007).
Vejamos exemplos de fármacos que causam neutropenia:
• Antibióticos: penicilinas, cloranfenicol, rifampicina, isoniazida.
• Quimioterápicos.
69
HEMATOLOGIA CLÍNICA
• Antimaláricos: quinina, primetamina, dapsona.
• Anticonvulsivantes: carbamazepina, fenitoína.
• Anti-inflamatórios: ibuprofeno, indometacina, fenilbutazona.
A exposição à radiação e ao benzeno pode resultar em mielodisplasia ou leucemia, que podem ser 
acompanhadas de neutropenia. A migração de células neoplásicas de tumores de mama, pulmão, próstata 
também pode acarretar neutropenia. Há pacientes neutropênicos que permanecem assintomáticos, 
especialmente aqueles com contagem superior a 1.000/mm3. Quando os sintomas surgem, há risco de 
infecções bacterianas, por exemplo, no caso do aparecimento de febre, ou neutropenia acompanhada 
de anemia e/ou plaquetopenia. No caso das viroses, na primeira semana, causam neutropenia, com 
presença de linfócitos atípicos.
Na neutropenia autoimune, ocorre a destruição de neutrófilos por anticorpos antineutrofílicos, o 
que aumenta a necessidade de produção medular. No lúpus eritematoso sistêmico, ocorre aumento de 
IgG na superfície de neutrófilos que são destruídos.
Algumas síndromes também cursam com neutropenia. Na síndrome de Felty, ocorre artrite reumatoide
com esplenomegalia e neutropenia, que costuma ser grave. Na síndrome de Kostmann, a neutropenia 
também é grave, desde a vida intrauterina, com quadros de pneumonia, gengivite e enterite. Na síndrome 
de Shwachman-Diamond, o paciente apresenta neutropenia grave desde o período neonatal, em geral, 
abaixo de 500 neutrófilos/mm3, com disfunção exócrina do pâncreas, retardo de desenvolvimento, 
anormalidades esqueléticas e baixa estatura. E na síndrome de Chédiak-Higashi, ocorre neutropenia, 
com presença de granulações azurófilas grosseiras nos neutrófilos e também nos monócitos e linfócitos. 
Os pacientes também apresentam albinismo oculocutâneo e fotofobia (OLIVEIRA, 2007).
A neutropenia pode ocorrer também pela falta de liberação dos granulócitos da medula óssea. Vejamos 
alguns casos: na mielocatexia, a maturação neutrofílica ocorre normalmente, mas os neutrófilos não 
são liberados para o sangue, o que acarreta neutropenia grave; na síndrome dos leucócitos preguiçosos, 
a medula também tem neutrófilos maduros, mas estes apresentam um defeito primário de motilidade, 
o que impede a liberação para o sangue periférico.
A seguir, apresentamos os principais mecanismos fisiopatológicos das neutropenias (OLIVEIRA, 2007).
I – Diminuição da produção
A) Por falha na proliferação:
• Congênitas:
— Síndrome de Kotsmann.
— Síndrome de Shwachman-Diamond.
— Síndrome de Chediak-Higashi.
— Neutropenia neonatal com hipertensão materna.
70
Unidade II
• Adquiridas:
— Radiação, benzeno, cochicina.
— Drogas citotóxicas.
— Infecções bacterianas: febre tifoide e paratifoide (salmonelose).
— Infecções virais: HCV, estágios avançados de HIV, parvovírus B19.
— Fases finais de septicemia.
— Anemia megaloblástica.
— Alcoolismo.
— Leucemias agudas.
— Alguns tipos de câncer com metástase.
B) Por falha na maturação:
• Congênitas:
— Deficiência de transcobalamina II.
— Neutropenias congênitas com disgranulocitopoiese.
• Adquiridas:
— Mielodisplasias.
II – Aumento da destruição periférica ou do consumo:
• Congênitas:
— Neutropenia aloimune neonatal.
— Síndrome de Felty.
— Síndrome de Sjögren.
• Adquiridas:
— Virais: sarampo, rubéola, dengue, febre amarela.
— Neutropenias autoimunes.
— Lúpus eriteramoso sistêmico (LES).
71
HEMATOLOGIA CLÍNICA
III – Alteração na distribuição dos neutrófilos:
• Pseudoneutropenia.
• Hiperesplenismo.
IV – Falha na liberação dos neutrófilos da medula óssea:
• Síndrome do neutrófilo preguiçoso.
• Mielocatexia.
Já a linfopenia ou linfocitopenia está presente quando o número de linfócitos está abaixo de 
1.500/mm3, sendo grave quando abaixo de 700/mm3. A maior parte dos casos de linfopenia é do tipo 
transitória e quando são de longa duração, sugerem defeito na imunidade celular. As principais causas 
de linfopenia são o uso de medicamentos e imunodeficiência. Alguns exemplos de infecções virais são o 
vírus da imunodeficiência humana (HIV), influenza, Sars-CoV-2, vírus da hepatite e sarampo.
Outras causas incluem a desnutrição proteica-energética, que contribui para a alta prevalência 
de infecções. Outras situações, por exemplo, paciente hospitalizado com linfopenia, outras causas de 
neutropenia são cirurgias, infecções e uso de corticoides. No quadro a seguir, estão listados os 
principais mecanismos e causas de linfopenia.
Quadro 9 – Mecanismos e causas de linfopenia
Produção diminuída
Desnutrição proteica-calórica
Imunodeficiências
Deficiência de zinco
Destruição aumentada
Aids
Radioterapia
Quimioterapia antineoplásica
Lúpus eritematoso sistêmico
Redistribuição
Influenza
Anestesia, cirgurgia
Terapia glicocorticoide
Adaptado de: Oliveira (2007).
72
Unidade II
5.3 Alterações morfológicas dos leucócitos
Além das alterações quantitativas reportadas no hemograma, é igualmente importante que o 
analista laboratorial reporte as alterações qualitativas, ou seja, morfológicas, evidenciadas na análise do 
esfregaço sanguíneo. Pode ocorrer, inclusive, a necessidade de contato imediato com o clínico devido 
à gravidade da patologia associada à alteração morfológica. É o que ocorre, por exemplo, na presença 
de blastos no hemograma, que são característicos das leucemias agudas. A presença de granulações 
tóxicas, vacúolos citoplasmáticos e inclusões anormais, linfócitos atípicos e blastos (células imaturas) 
devem ser reportadas no hemograma.
Figura 43 – Blastos
Uma das inclusões observadas é o bastonente de Auer, uma inclusão citoplasmática em forma de 
bastão fino, de coloração avermelhada (às vezes, estão dispostos formando feixes), que pode estar 
presente em blastos da linhagem mieloide e em promielócitos. A presença dessas inclusões não ocorre 
em blastos da linhagem linfoide, portanto, são considerados marcadores de leucemia mieloide aguda.
Figura 44 – Bastonetes de Auer em promielócitos (seta)
Fonte: Bennett et al. (2000, p. 1197).
73
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Há também os corpos de Döhle, que são inclusões de cor azul-acinzentada únicas ou múltiplas, 
presentes na periferia de neutrófilos. Indicam a presença de anomalia de May-Hegglin quando associado 
à trombocitopenia e a plaquetas gigantes. Também podem estar presentes em pacientes que fazem uso 
de fatores de crescimento como o G-CSF.
Outra alteração que pode ser encontrada em neutrófilos ocorre na anomalia de Pelger-Hüet. Na forma
heterozigótica, os neutrófilos são hiposegmentados, sem alteração da coloração do citoplasma e 
das granulações. O aspecto do núcleo lembra óculos (pince-nez) e pode estar presente em cerca 
de 40 a 70% dos neutrófilos. Já na forma homozigótica, o núcleo é único, ovalado ou arredondado. 
Eosinófilos e basófilos também exibem menor lobulação.
Apesar da alteração qualitativa das células, não há prejuízo da função, ou seja, os neutrófilos realizam 
normalmente a fagocitose e destroem os microrganismos. Entretanto, essas formas morfológicas devem 
ser reportadas no resultado do hemograma. Devido à presença de assincronismo de maturação entre 
o núcleo e o citoplasma, é importante diferenciar os casos de Pelguer-Hüet do quadro de desvio à 
esquerda, comum nas infecções bacterianas. Essas alterações também podem ser vistas em casos de 
leucemia mieloide crônica e na síndrome mielodisplásica, sendo denominados neutrófilos pelgueroides 
ou pseudo-Pelger Hüet.
Figura 45 – Neutrófilo pelgueroide
A presença de atipias linfocitárias também deveser reportada e vale ressaltar que existem muitas 
variações morfológicas benignas (reacionais a vírus) ou malignas relacionadas à leucemia linfocítica 
crônica e linfomas não Hodgkin. Nessas situações, os linfócitos podem apresentar intensa basofilia 
citoplasmática, menor relação núcleo/citoplasma, fenda na cromatina, projeções citoplasmáticas, 
cromatina mais frouxa ou muito densa (lembrando aspecto de terra rachada), entre outras alterações. 
Na suspeita de alterações associadas às neoplasias, há necessidade de exames complementares, como 
a imunofenotipagem.
74
Unidade II
Figura 46 – Linfócito atípico, com presença de projeções citoplasmáticas 
(leucemia de células cabeludas, do inglês hairy cell leucemia)
Em neutrófilos, podem ocorrer granulações tóxicas, vacúolos e hipersegmentação. As granulações 
tóxicas são grânulos grosseiros de cor roxa que ocorrem em resposta às infecções e inflamações. 
A presença de vacúolos citoplasmáticos também pode ocorrer nesses casos e são consequência da fusão 
entre o grânulo e o vacúolo fagocítico. Já a hipersegmentação (presença de mais de 5 lóbulos) pode ser 
encontrada em pacientes com anemia megaloblástica.
Figura 47 – Granulações tóxicas em neutrófilo segmentado
6 NEOPLASIAS HEMATOLÓGICAS
As alterações neoplásicas compreendem, de acordo com a classificação da OMS para tumores do 
tecido hematopoético e linfoide, as doenças mieloproliferativas, mielodisplásicas, leucemias mieloides 
agudas, neoplasias de células precursoras B e T e neoplasias de células maduras B, T e NK.
Historicamente, os sistemas classificatórios das neoplasias hematológicas consideraram os recursos 
tecnológicos disponíveis na época. O primeiro sistema de classificação, estabelecido por franceses, 
americanos e britânicos, denominado FAB (french-american-british), em 1976, considerou apenas os 
aspectos morfológicos das leucemias agudas (BENNETT et al., 1976).
75
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Em 1985, o Grupo Europeu para Caracterização Imunológica das Leucemias (EGIL) (European Group 
for Immunophenotyping Leukemias) estabeleceu a classificação das leucemias a partir do estudo 
imunofenotípico das células em concordância com os aspectos morfológicos (BENNETT et al., 1976).
Em 1997, foi proposta a classificação da OMS que estratificou as neoplasias de acordo com a 
morfologia, imunofenótipo e alterações citogenéticas (HARRIS et al., 1999). Essa classificação é 
amplamente utilizada e tem como objetivo o entendimento e tratamento das neoplasias hematológicas.
As leucemias são neoplasias que ocorrem na medula óssea e podem ser classificadas de acordo com 
a velocidade de sua evolução e do tipo de célula afetada. As leucemias agudas se instalam rapidamente 
no paciente, em dias ou semanas, os sintomas já são evidentes e as células presentes são os blastos, que 
são imaturas e se multiplicam rapidamente. Já as leucemias crônicas se instalam mais lentamente, até 
vários meses e, muitas vezes, o paciente não tem os sintomas que caracterizam a doença.
Em relação à incidência, a leucemia é o câncer mais comum na população com até 20 anos de idade, 
sendo, nessa faixa etária, o subtipo LLA o mais frequente. Enquanto que na população entre 20 e 49 anos, 
o subtipo mais frequente é a LMA e acima dos 50 anos, a LLC (leucemia linfocítica crônica) e LMC (leucemia
mieloide crônica) são as mais diagnosticadas (INCA, 2021).
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a leucemia foi o 13° tipo de câncer mais 
comum em 2017, no Brasil. Em relação à mortalidade, os óbitos por leucemia representam 3,1% do 
total de mortes por câncer em 2017, sendo o 8º tipo de neoplasia que apresenta maior mortalidade 
(INCA, 2021).
Os avanços no tratamento das leucemias permitem que, atualmente, a taxa de sobrevida de paciente 
com LLA seja superior a 5 anos, em 90% dos casos em crianças. Já a LMA, em crianças, é uma doença 
de pior prognóstico.
As leucemias agudas compreendem um grupo heterogêneo de neoplasias que tem como característica
principal a proliferação descontrolada e o bloqueio na maturação e diferenciação das células-tronco 
hematopoiéticas, o que resulta no acúmulo de progenitores anormais (blastos) na medula óssea, sangue 
periférico e outros tecidos e, ainda, na diminuição da produção de hemácias, granulócitos e plaquetas.
Conforme a linhagem celular afetada pelo bloqueio maturativo, as leucemias agudas podem ser 
classificadas em mieloide ou linfoide, ou seja, leucemia mieloide aguda (LMA) ou leucemia linfoblástica 
aguda (LLA).
 Lembrete
As células mieloides originam hemácias, neutrófilos, eosinófilos, 
basófilos e plaquetas. As células linfoides originam os linfócitos.
76
Unidade II
Há casos em que os blastos se caracterizam pela expressão concomitante de marcadores linfoides e 
mieloides, originando as leucemias bifenotípicas. Também pode ocorrer dos blastos não apresentarem 
marcadores específicos para as linhagens linfoide ou mieloide, originando as leucemias indiferenciadas.
Na maioria das vezes, a etiologia das leucemias é desconhecida, mas alguns fatores de risco estão 
relacionados. Vejamos quais:
• Benzeno: solvente utilizado na produção de produtos farmacêuticos, borrachas, produtos 
químicos e tintas. A exposição ao benzeno aumenta o risco de LLA e LMA.
• Radiação ionizante: raios X e gama provenientes de procedimentos médicos (radioterapia). O 
grau de risco depende da dose de radiação. Aumenta a incidência de LLA e LMA.
• Quimioterápicos: algumas classes de medicamentos usadas no tratamento de neoplasias e 
doenças autoimunes aumentam o risco de LLA e LMA.
• Alguns vírus: vírus linfotrópico de células T humanas do tipo 1 (HTLV-1) e o vírus Epstein-Barr. 
A leucemia-linfoma de células T do adulto (LLTA) é uma neoplasia de linfócitos T maduros, 
associada à infecção pelo HTLV-1.
• Tabagismo: aumenta a incidência de LMA.
• Anomalias cromossômicas: síndrome de Down, síndrome de Bloom, anemia de Fanconi, síndrome 
de Kostmann, síndrome de Wiskott-Aldrich e ataxia-telangiectasia. O fator mais comum para o 
desenvolvimento da LMA é a trissomia do 21, sendo a incidência de leucemia nesses pacientes
10 a 20 vezes maior do que na população em geral.
Quais são as manifestações clínicas do paciente com leucemia?
Essas manifestações dependem do tipo de leucemia. Alguns pacientes com LMC não apresentam 
sintomas e descobrem a doença em um exame de rotina, por exemplo. Já nos casos de leucemias agudas, 
os sintomas ocorrem devido à proliferação excessiva de blastos na medula óssea, consequentemente, há 
palidez, febre, infecções, esplenomegalia, epistaxe, hemorragias conjuntivais, sangramentos gengivais 
e petéquias.
E como diagnosticar um caso de leucemia? Quais exames são solicitados?
Os exames solicitados são hemograma, mielograma, biópsia de medula óssea, citoquímica, 
imunofenotipagem, citogenética e biologia molecular. Além de coagulograma, exames bioquímicos 
para avaliação renal e hepática, dosagem de lactato-desidrogenase (LDH), ácido úrico, sorologias para 
hepatites A, B e C, sorologia para HIV, HTLV, CMV, Chagas, varicela e toxicoplasmose, mielograma. Pode 
ocorrer comprometimento do sistema nervoso central pelas células neoplásicas e, então, o exame de 
análise do liquor deve ser solicitado.
77
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Nas leucemias, a medula óssea está comprometida, então o mielograma deve ser realizado. 
O mielograma é feito a partir da coleta de medula óssea retirada do interior do osso, que pode ser 
a crista do ilíaco ou o esterno. Na coleta do mielograma, que leva cerca de 30 minutos, o paciente 
deve permanecer deitado. O local da coleta é previamente anestesiado e uma agulha (agulha de 
Jamshidi) é inserida até alcançar o interior do osso. As primeiras gotas da medula óssea são utilizadas 
na realização de esfregaços. A medula óssea também pode ser coletada para a realização do exame de 
imunofenotipagem ou citogenética.
Quando esses exames forem solicitados, alguns mililitros de medula devem ser transferidos para um 
tubo contendo heparina.Os esfregaços de medula óssea são corados e as células, contadas. Na avaliação 
do mielograma, são avaliados celularidade, quantidade e morfologia das células, escalonamento 
maturativo e relação de granulócitos em relação à série eritroide.
 Observação
O valor da relação de granulócitos em relação à série eritroide é dita 
G:E e é útil na avaliação da hipo ou hipercelularidade da série granulocítica 
ou eritrocítica. A série eritrocítica pode estar hipocelular na aplasia pura da 
série vermelha e na infecção por parvovírus. Também pode encontrar-se 
hipercelular na anemia megaloblástica, por exemplo, na carência de 
vitamina B12 e/ou ácido fólico.
Figura 48 – Aspirado de medula óssea corado. A seta indica um megacariócito
Disponível em: https://bit.ly/3jbhQQY. Acesso em: 23 jun. 2021.
78
Unidade II
 Saiba mais
A coleta de medula óssea para a realização do mielograma é um 
procedimento médico. O vídeo a seguir mostra como esse procedimento 
é realizado.
COLETA para exame de medula óssea/bone marrow aspiration and 
biopsy. 26 set. 2018. (1 vídeo) 2 m 48 seg. Publicado por Sollutio Diagnósticos. 
Disponível em: https://bityli.com/ZHZ1V. Acesso em: 26 jul. 2021..
Exemplo de aplicação
O mielograma de um paciente revelou hipercelularidade medular com 60% de blástos sem grânulos, 
20% de granulócitos, 10% de eritroblastos, 5% de linfócitos e 5% de monócitos. Diante do resultado, é 
possível afirmar que o paciente apresenta leucemia linfocítica aguda do tipo B?
A imunofenotipagem é realizada pela citometria de fluxo e possibilita a classificação imunofenotípica 
das leucemias, ou seja, se a linhagem neopláscia é B, T ou mieloide e, ainda, o estágio de maturação 
celular. O citômetro de fluxo é um equipamento que permite a avaliação de múltiplos parâmetros 
celulares simultaneamente de forma rápida, quando comparada às outras técnicas.
O citometro de fluxo é um equipamento que apresenta sistemas fluido (tampão para carreamento 
das células), óptico e eletrônico. É composto por uma fonte de luz (laser) que emite comprimentos de 
onda, como 355 nm, 405 nm, 488 nm,561 nm, 633 ou 638 nm, 808 nm e laser infravermelho.
Figura 49 – FACSCanto®Becton Dickinson
Disponível em: https://bit.ly/3wZk3Ty. Acesso em: 23 jun. 2021.
79
HEMATOLOGIA CLÍNICA
A citometria de fluxo é um método laboratorial que emprega anticorpos monoclonais conjugados 
a fluorocromos que reconhecem antígenos específicos. Durante o processo de hematopoese, as células 
ganham e perdem antígenos, o que permite que sejam utilizados como marcadores de linhagem celular 
e estágio de maturação. Também é possível a detecção de padrões de antígenos aberrantes, identificação 
de fenótipos associados a determinadas anomalias citogenéticas e de leucemias bifenotípicas, 
monitoramento do tratamento e detecção de doença residual mínima.
Esse exame pode ser realizado em células do sangue periférico (quando há a presença de células 
malignas no sangue periférico) ou em amostra de medula óssea para a finalidade de diagnóstico das 
leucemias. Outras amostras como liquor e linfonodos também podem ser estudadas por citometria de 
fluxo, sendo importante que as células estudadas estejam em uma suspensão, para que possam ser 
aspiradas pela cânula fina do equipamento. Inicialmente, o número de células da amostra é contado e 
ajustado para a concentração necessária para os testes.
Em seguida, uma alíquota de células é transferida para cada tubo de citometria onde se processa 
a marcação com anticorpos monoclonais. O processamento da amostra envolve uma primeira etapa 
na bancada, que consiste no ajuste do número de células para cada tubo, na adição dos anticorpos 
monoclonais, lise de hemácias, lavagem das células para remoção dos anticorpos não ligantes e 
suspensão em tampão salina para posterior aquisição no equipamento (BRAGA et al., 2016).
Solução 
de lise
30’ 10’
4 ºC TA
Centrifugação 
7’ x 1500 rpm
Aspirar o 
sobrenadante
3,0 mL
PBS/BSA
CD45 FITC
+
CD34 PE
+
Sangue
Centrifugação 
3’ x 1500 rpm
400 µL
PBS/BSA
Figura 50 – Preparo da amostra para aquisição em citômetro de fluxo. Exemplo de marcação celular 
com anticorpos anti-C45 FITC e anti-C34 PE. Isotiocianato de fluoresceína (FITC); ficoeritrina (PE); 
solução tampão fosfato (PBS); albumina sérica bovina (BSA)
80
Unidade II
Em seguida, a amostra é adquirida no equipamento e os dados são analisados. Os 
anticorpos monoclonais utilizados são denominados CD (cluster of differentiation), após serem 
caracterizados segundo critérios do International Workshop and Conference on Human Leukocyte 
Differentiation Antigens.
Os anticorpos podem ser conjugados a diferentes fluorocromos que absorvem a luz em um 
comprimento e onda e a emitem em um comprimento maior. Os fluorocromos são detectados por 
diferentes detectores de fluorescência, o que permite a avaliação de 2 a 3 antígenos, simultaneamente.
Durante a aquisição, as células são aspiradas para uma célula de fluxo onde são interceptadas 
por um feixe de laser que consegue separá-las utilizando três sinais diretos: dispersão frontal de luz 
(de forward scatter – FSC), dispersão lateral de luz (side scatter ou SSC) e fluorescência lateral (de 
side fluorescence – SFL). A intensidade da luz frontal indica o tamanho da célula e a dispersão lateral 
está associada à complexidade celular (presença de grânulos).
As células com propriedades semelhantes se agrupam em populações no denominado diagrama de 
dispersão. As hemácias, linfócitos, monócitos, granulócitos, plaquetas e blastos (células imaturas das 
leucemias agudas) podem ser identificadas e quantificadas.
250200150100500
0
50
100
250
200
250
Granulócitos
Monócitos
Linfócitos
FSC
SS
C
Figura 51 – Gráfico de dispersão FSC x SSC de amostra de sangue periférico. Dispersão frontal de luz 
(de forward scatter – FSC), dispersão lateral de luz (de side scatter – SSC)
Os fluorocromos possuem diferentes padrões espectrais de absorção e emissão. Essas informações são 
importantes na escolha dos anticorpos, para que não haja sobreposição de espectros. Os fluorocromos 
comumente utilizados em citometria de fluxo são: isotiocianato de fluoresceína (FITC), ficoeritrina (PE), 
aloficocianina (APC), proteína de clorofila peridimina (PerCP) (BRAGA et al., 2016).
81
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Os fótons de luz gerados ao atingirem detectores específicos (FL1, FL2, FL3) originam impulsos 
elétricos que, por sua vez, são convertidos em sinais digitais na tela do computador. Os resultados 
podem ser expressos em gráficos de dispersão (dot-plot) ou histogramas.
FL1
FL2
FSC
SSC
FL3
Solução isotônica
Amostra
Amostra
Luz
Laser
Solução 
isotônica
Solução 
isotônica Gráficos
Figura 52 – A luz do laser ao atingir a célula é dispersada e atinge detectores que convertem o sinal 
luminoso em eletrônico. Gráficos de disperão ou histogramas podem ser construídos
Adaptada de: https://url.gratis/S5ifZ0. Acesso em: 26 jul. 2021.
A análise da população celular de interesse é feita através de uma janela eletrônica e pode ser 
definida de duas maneiras: (1) a partir da análise do tamanho em relação à complexidade celular ou 
(2) definindo-se populações marcadas com um determinado anticorpo que apresentará diferentes 
intensidades versus complexidade celular.
O resultado do exame depende da análise em conjunto de diferentes marcadores antigênicos 
presentes na membrana e/ou citoplasma das células. Baseando-se no padrão típico de expressão 
antigênica presente em cada patologia.
Cada laboratório define um conjunto de marcadores a serem estudados, denominado painel. 
No princípio da utilização da citometria de fluxo, os esforços estavam concentrados na definição 
das linhagens leucocitárias (antígenos de linfócitos B, T, NK e células mieloides). Atualmente, outros 
parâmetros são avaliados, entre eles, os receptores de citocinas, moléculas de adesão e antígenos 
de ativação. O quadro a seguir mostra os antígenos expressos nas linhagens linfoide e mieloide em 
diferentes estágios de maturação.Quadro 10 – Exemplos de anticorpos utilizados nos exames 
de imunofenotipagem por citometria de fluxo
Anticorpos Linhagem
CD22ci, CD19, CD20 B
CD2, CD5, CD3, CD4, CD7, CD8 T
CD13, CD33, MPO, CD15 Mieloide
CD34, HLA-DR, TdT Imaturidade
Fonte: Santos (2013, p. 324).
82
Unidade II
 Saiba mais
Na animação a seguir, veja como é um citômetro em funcionamento. Há 
vários modelos no mercado, destinados a pesquisa ou diagnóstico clínico.
FLOW Cytometry Animation. 1 vídeo (4 min.). Publicado pelo canal 
mitedustar. Disponível em: https://cutt.ly/UmSdVot. Acesso em: 13 jul. 2021.
Já em relação ao exame de citogenética, o objetivo é a análise dos cromossomos e, com isso, a 
identificação de alterações cromossômicas. A partir do cariótipo, que corresponde ao conjunto de 
cromossomos, é possível a identificação de alterações numéricas e/ou estruturais. O material coletado, 
geralmente, sangue periférico, é cultivado em meio de cultura contendo agente mitogênico para que 
se multipliquem.
Depois, é adicionado um agente que inibe a divisão celular e, assim, o cromossomo permanece na 
sua forma mais condensada e de melhor visualização. Diferentes técnicas moleculares podem ser 
aplicadas, de acordo com o objetivo do exame. As mais usadas são bandeamento G e técnica de 
FISH (de fluorescent in situ hibridization).
• Bandeamento G: o corante Giemsa é empregado para a visualização dos cromossomos. O cariótipo
do paciente é comparado com o cariótipo de um indivíduo saudável. Essa técnica pode ser utilizada 
tanto na detecção de alterações numéricas quanto estruturais.
• Técnica de FISH: é mais sensível e específica que o bandeamento G e muito utilizada no 
diagnóstico das neoplasias, pois permite detectar anomalias cromossômicas como rearranjos 
complexos e microdeleções. Utiliza sondas de DNA marcadas com fluorescência
A interpretação dos resultados da imunofenotipagem e da citogenética deve sempre ser feita 
correlacionando os aspectos clínicos.
O desenvolvimento das técnicas de citogenética e moleculares nas últimas décadas possibilitou 
a melhor caracterização genética do clone leucêmico. Isso proporcionou a inclusão das alterações 
citogenéticas à classificação da OMS.
Periodicamente, a classificação da OMS é atualizada, de acordo com os novos achados citogenéticos 
e considerando a versão de 2016. As principais entidades consideradas são:
• Neoplasias mieloproliferativas (NMP).
• Neoplasias mieloides e linfoides com eosinofilia e anormalidades dos genes PDGFRA, PDGFRB 
e EGFR1.
83
HEMATOLOGIA CLÍNICA
• Neoplasias mielodisplásicas/mieloproliferativas (NMD/MP).
• Síndromes mielodisplásicas (SMD).
• Leucemia mieloide aguda (LMA) e neoplasia de precursor relacionado.
• Leucemias agudas e linhagem ambígua.
• Neoplasias de células B maduras.
• Neoplasias de células T e NK maduras.
Então, como se pode perceber, o assunto das neoplasias hematológicas é amplo e está em constante 
atualização. Na sequência, estudaremos as principais alterações dos exames diagnósticos, os sintomas e 
as possibilidades terapêuticas das neoplasias de maior incidência na população.
6.1 Leucemias agudas: LLA e LMA
Nas leucemias agudas, o paciente geralmente apresenta anemia do tipo normocítica e normocrômica. 
A leucometria nas leucemias agudas está normal ou aumentada, raramente apresenta-se acima de 
100.000/mm3. Segundo critérios da OMS para o diagnóstico da leucemia aguda, deve-se contar, no 
mínimo, 20% de blastos no sangue periférico ou medula óssea. Há casos de LMA em que os blastos não 
estão presentes, por exemplo, quando há t(8;21)(q22;q22), inv(16)(p13.1q22), t(16;16)(p13.1;q22) ou 
t(15;17)(q22;q12). Nesses casos, há promielócitos anormais.
Apesar de os blastos linfoides e mieloides apresentarem características peculiares, nem sempre 
é possível distingui-los apenas pela análise morfológica e, por isso, há necessidade de exames mais 
específicos. Os blastos mieloides costumam apresentam grânulos e também podem conter bastonetes 
de Auer no citoplasma. Outras vezes, podem ser muito parecidos com os blastos linfoides.
 Observação
Ainda que os bastonetes de Auer sejam evidenciados durante a análise 
morfológica, a imunofenotipagem é necessária para a comprovação do 
fenótipo do blasto.
Na imunofenotipagem, é possível diferenciá-los a partir de um conjunto de anticorpos monoclonais. 
A identificação de blastos é feita com o antígeno CD 34, presente nas células progenitoras. O marcador 
TdT (desoxinucleotidil terminal transferase), que é uma enzima intracitoplasmática, está presente na 
maioria dos casos de LLA. E os marcadores específicos das linhagens B e T são os marcadores linfoides B 
(CD19, CD79a, CD22 citoplasmático), os marcadores linfoides T (CD7, CD3 citoplasmático) e marcadores 
mieloides (CD13, CD33, CD117 e mieloperoxidase citoplasmática) (ZAGO, 2015). Veja nas figuras a seguir.
84
Unidade II
Célula progenitora 
Ipluripotente
CD34, CD38, HLA-DR
Linfócito pró-B
HLA-DR, CD19, CD22c, 
CD79a
Linfócito pré-pré-B
HLA-DR, CD19, CD10, 
CD79a, CD22c
Linfócito pré-B
HLA-DR, CD19, CD10, CD20, 
IgMc, CD22c, CD79a
Linfócito B precoce
Linfócito B 
intermediário
Imunoblasto
Célula linfopasmocítica Plasmócito
Linfócito NK
Timo
Linfonodo
Linfócito B maduro
CD20, CD22, CD19, 
IgMs, CD79a
Linfócito T 
supressor/indutor
CD7, CD2, CD5, 
CD4, TCRaβ
Linfócito T 
supressor/citotóxico
CD2, CD5, CD7, 
CD8, CD3, TCRaβ
Timócito medular
CD7, CD2, CD5, 
CD8, CD3, TCRaβ
Timócito medular
CD7, CD2, CD5, 
CD4. CD3, CD38
Timócito cortical
TdT, CD7, CD2, CD5, CD1a, 
CD4, CD8, CD38, CD3
Timócito subcortical
TdT, CD7, CD2, CD5, 
CD38
Célula progenitora linfoide
CD34, TdT Célula pró-TCD7, TdT
Figura 53 – Diferenciação linfoide das células da medula óssea
Adaptada de: Mesquita Júnior et al. (2010).
Célula progenitora pluripotente
CD33, CD34, CD117, HLA-DR
Célula progenitora mieloide 
CFU-GEMM
CD33, CD34, CD117, HLA-DR
CFU-M
CD13, CD33, 
CD64
CFU-Meg
CD7, CD2, CD5, 
CD4. CD3, CD38
CFU-E
CD36, CD44, CD71 
Glicoforina A
BFU-E
CD33, CD34
Promonócito
CD14, CD15, 
CD36
Megacariócito
CD41, CD42a, 
cd61
Monócito
CD4, CD11c, CD64, 
Cd68, CD15, CD11b, 
CD14
Plaqueta
CD41, CD42a,b,b, 
CD61, CD62
CFU-G
CD34, CD13, CD33, 
MPO, HLA-DR, CD15
Mielócito
CD15, CD13
Neutrófilo
D15, CD11B, 
CD13
CFU-E0
CD34, CD13, 
CD33
Mielócito
CD15, CD13, 
CD11b
Eosinófilo
CD13, CD11b
CFU-Bas
CD34, CD123
Mielócito
CD33, CD114
Basófilo
CD33, CD38, 
CD13, CD11b, 
CDw115
Célula progenitora 
mielomonocítica CFU-GM
Reticulócito
Eritrócito
Figura 54 – Diferenciação mieloide das células da medula óssea
Fonte: Marti et al. (2017).
85
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Exemplo de aplicação
A imunofenotipagem de um paciente revelou blastos positivos para expressão de CD45, CD34, 
CD117, CD33 e mieloperoxidase (MPO). Revelou também ausência de expressão para CD10, CD19, CD22, 
CD3, CD5 e CD7. Os blastos, nesse caso, são de origem linfoide ou mieloide?
Considerando-se as alterações citogenéticas na classificação das leucemias agudas, temos o resumo 
nos quadros a seguir.
Quadro 11 – Classificação da OMS (2016) para 
as leucemias linfocícitas agudas
Leucemia\Linfoma linfoblástica B
Leucemia\Linfoma linfoblástica B, não especificada
Leucemia\Linfoma linfoblástica B com anormalidades genéticas recorrentes
Leucemia\Linfoma linfoblástica B com t(9;22) (q34.1;q11.2); BCR-ABL1
Leucemia\Linfoma linfoblástica B com t(v;11q23.3); rearranjo KTM24
Leucemia\Linfoma linfoblástica B com t(12;21) (p13.2;q22.1), ETV6-RUNX1
Leucemia\Linfoma linfoblástica B com hiperdiploidia
Leucemia\Linfoma linfoblástica B com hipodiploidia
Leucemia\Linfoma linfoblástica B com t(5;14) (q31.1;q32.3) IL3-IGH
Leucemia\Linfoma linfoblástica B com t(1;19)(q23;p13.3);TCF3-PBX1
Leucemia\Linfoma linfoblástica B BCR-ABL1-like
Leucemia\Linfoma linfoblástica B com iAMP21
Leucemia\Linfoma linfoblástica T
Leucemia linfoblástica precursora de célula-T primitiva
Leucemia linfoblástica de célula natural killer (NK)
Adaptado de: Arber etal. (2016).
Quadro 12 – Classificação da OMS (2016) para as leucemias 
mieloides agudas e neoplasias correlatas
LMA com anormalidades genéticas recorrentes
LMA com t(8;21) (q22;q22); RUNX1-RUNX1T1
LMA com inv(16) (p13;1q22) ou t(16;16)(p13;1q22); CBFB-MYH11
LPA (Leucemia Promielocítica Aguda) com PML-RARA
LMA com t(9;11) (p21.3;q23.3); MLLT3-KMT2A
LMA com t(6;9) (p23;q34.1); DEK-NUP214
LMA com inv(3)(q21.3q26.2) ou t(3;3)(q21.3;q26.2) GATA2,MECOM
LMA (megacarioblástica) com t(1;22) (p13.3;q13.3); RBM15-MKL1
86
Unidade II
LMA com BCR-ABL1
LMA com NPM1 mutado
LMA com mutação bialélica CEBPA
LMA com RUNX1 mutado
LMA com alterações relacionadas à síndrome mielodisplásica
Neoplasias mieloides relacionadas ao tratamento
LMA não categorizada nos itens anteriores
LMA minimamente diferenciada
LMA sem maturação
LMA com maturação
Leucemia mielomonocítica aguda
Leucemia monoblástica e monocítica aguda
Leucemias eritróides pura
Leucemia megacariocítica aguda
Leucemia basofílica aguda
Panmielose com mielofibrose aguda
Sarcoma mieloide
Proliferações mieloides relacionadas à síndrome de Down
Mielopoiese anormal transitória (TAM)
Leucemia mieloide associada à síndrome de Down
Adaptado de: Arber et al. (2016).
O tratamento das leucemias agudas é feito com o objetivo de destruição das células neoplásicas 
a partir do uso de quimioterapia e radioterapia, além de tratamento paliativo para náuseas, vômitos, 
alopecia, cistite e tromboflebite, febre e infecções.
O sucesso no tratamento da LLA depende de alguns fatores prognósticos, ou seja, fatores que 
influenciam o prognóstico e auxiliam a prever como o paciente vai reagir ao tratamento. Vejamos alguns 
fatores em crianças. As células de crianças menores de 1 ano e maiores de 10 anos de idade, leucometria 
superior a 50.000/mm3 ao diagnóstico, presença de células leucêmicas no liquor, determinadas alterações 
citogenéticas. Caso o paciente apresente algum desses fatores, a quimioterapia será mais agressiva. 
E, sabe-se, também, que pacientes que respondem melhor à terapia de indução, geralmente, apresentam 
menor risco de recaída da doença. Em adultos, contagens acima de 30.000/mm3 para LLA tipo B e acima 
de 100.000/mm3 para LLA tipo T, no momento do diagnóstico, tem duração de remissão reduzida.
A quimioterapia do paciente com LLA dura cerca de 2 a 3 anos e utiliza um conjunto de medicamentos 
que tem como objetivo erradicar as células que se proliferam rapidamente. A quimioterapia é feita em 
ciclos que alternam tratamento e descanso. Alguns medicamentos são aplicados por meio de um cateter 
que é colocado cirurgicamente (endovenosa) e por ter duração de minutos, horas ou dias (infusão 
contínua). Existem três fases de tratamento: indução, consolidação e manutenção.
87
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Indução Consolidação Manutenção
Figura 55 – Fases da quimioterapia para tratamento das leucemias
A fase de indução tem como objetivo a destruição das células a fim de se conseguir a remissão. 
Os medicamentos utilizados são antraciclinas (doxorrubicina e daunorrubicina), vincristina e 
corticoide (dexametasona e prednisona) em conjunto ou não com asparaginase e/ou ciclofosfamida. 
Ao final da quimioterapia de indução, verifica-se se o paciente se encontra em remissão completa.
A remissão é obtida quando:
• Não são detectadas células leucêmicas ao microscópio.
• Menos de 5% de blastos na medula óssea.
• Contagens celulares do sangue periférico normais.
• Ausência de blastos no sangue periférico.
• Ausência de sinais e sintomas de LLA.
Pode ocorrer de a análise microscópica ser negativa para células leucêmicas, mas estas ainda podem 
estar presentes no paciente. Nesse caso, dizemos que o paciente apresenta doença residual mínima 
(DRM) e maior risco de recidiva da doença.
E como saber se o paciente apresenta DRM? Realizando a pesquisa das células neoplásicas por meio 
da biologia molecular ou imunofenotipagem, que são métodos mais sensíveis.
Apesar de a presença de blastos não ser comum no liquor, é feito o tratamento profilático em todas 
as fases do tratamento, o que impede as células leucêmicas de atingirem o cérebro e a medula espinhal. 
A quimioterapia para profilaxia do sistema nervoso central pode ser:
• Intratecal: os medicamentos são aplicados na base da coluna, no espaço entre duas vértebras e 
atingem o líquor. Geralmente, são utilizados o metotrexato, a citarabina e a dexametasona.
• Quimioterapia sistêmica em altas doses: a administração do fármaco é endovenosa, mas 
atravessam a barreira hematoencefálica e atingem o SNC. São utilizados: citarabina, dexametasona, 
metotrexato, 6-mercaptopurina e asparaginase.
• Irradiação craniana: é aplicada radioterapia no cérebro. Não é utilizada em crianças, exceto se 
estas apresentarem leucemia no SNC ou recidiva do SNC.
88
Unidade II
Vejamos alguns medicamentos utilizados no tratamento da LLA:
• Antibióticos antitumorais: diferem dos antibióticos utilizados para tratar infecções. Esses 
fármacos alteram o DNA das células tumorais e impedem a multiplicação. São estes: doxorubicina, 
mitoxantrona, daunorubicina, inibidor da enzima de reparo de DNA, etoposide.
• Agentes que danificam o DNA: ciclofosfamida e ifosfamida.
• Enzimas que impedem as células de sobreviver: asparaginase e pegaspargase.
• Inibidores de tirosina quinase: mesilato de imatinibe, dasatinibe, nilotinibe, bosutinibe, ponatinibe.
• Antimetabólitos: clofarabina, citarabina, fludarabina, hidroxiureia, 6-mercaptopurina, 6-tioguanina,
nelarabine, metotrexato.
• Drogas que impedem as células de se dividir: vincristina, sulfato de vincristina lipossomal, 
hormônios sintéticos (corticoides), prednisona, metulprednisolona, dexametasona.
• Imunoterapia: alemtuzumabe, rituximabe, ofatumumabe, inotuzumase, blinatumomabe, ozogamicina
e tisagenlecleucel.
Após a quimioterapia de indução, é realizada a consolidação, cujo objetivo é destruir as células 
leucêmicas em remanescentes. Nessa fase, os quimioterápicos são administrados em doses maiores 
do que na fase de indução, durante cerca de 6 meses. Alguns fármacos utilizados na consolidação 
são metotrexato, citarabina, vincristina, 6-mercaptopurina, blinatumomabe, inotuzumabe ozogamicina, 
ciclofosfamida, asparaginase e corticoides (prednisona e dexametasona).
Na fase de manutenção, o objetivo é evitar recaídas da doença. Geralmente, os medicamentos 
utilizados são administrados por via oral e os pacientes tratados em ambulatório. Essa fase dura cerca de 
2 anos para adultos e 1 ano e meio a 2 anos para crianças. Os medicamentos utilizados na manutenção 
incluem 6-mercaptopurina, metotrexato, vincristina e corticoesteroides.
O tratamento da LLA acarreta efeitos colaterais que são temporários e desaparecem à medida que 
o organismo se ajusta à quimioterapia. Os fármacos afetam as células neoplásicas e as saudáveis como 
células da mucosa da boca e intestino e folículo capilar. As células saudáveis da medula óssea também 
são afetadas, o que ocasiona pancitopenia (diminuição do número de hemácias, leucócitos e plaquetas).
Por conta disso, o paciente precisa, frequentemente, de transfusões de hemocomponentes.
A diminuição do número de leucócitos favorece o aparecimento de infeções bacterianas e fúngicas na 
pele, gengivas, nariz ou intestino. Em geral, os pacientes apresentam aftas, diarreia, perda de cabelo, 
perda de apetite e neuropatia com formigamento ou fraqueza muscular das mãos ou pés. É importante, 
também, monitorar o nível de ácido úrico dos pacientes, sobretudo na fase de indução, quando a 
leucometria do paciente está elevada.
89
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Nessa fase, os pacientes apresentam alto risco para o desenvolvimento da síndrome de lise tumoral, 
provocada pela morte das células. O ácido úrico acumulado pela lise celular pode sobrecarregar os rins 
e provocar danos ao coração. O paciente pode apresentar arritmias, convulsões e evoluir a óbito.
6.2 Leucemia mieloide crônica (LMC)
A LMC é uma doença que acomete adultos. A frequência em adultosé de 1 em 100.000 indivíduos 
e raramente acomete crianças. Os sintomas se desenvolvem lentamente e os pacientes podem relatar 
cansaço, palidez, sudorese, perda de peso e desconforto do lado esquerdo do abdome, o que evidencia 
o aumento do baço. Muitas vezes, a doença é diagnosticada ao acaso e o paciente não apresenta 
sintomas. A doença apresenta três fases: crônica, acelerada e aguda.
Geralmente, o diagnóstico é feito na fase crônica e o hemograma apresenta leucocitose com neutrofilia
e desvio à esquerda não escalonado até promielócito, basofilia e trombocitose. O diagnóstico depende 
da presença do cromossomo Filadélfia, que é uma anormalidade que envolve os cromossomos 9 e 22. 
Ele é o resultado da translocação t(9;22) (q34;q11) e/ou do rearranjo BCR-ABL.
A evolução para a fase acelerada é caracterizada pela presença de blastos inferior a 20% no sangue 
ou medula óssea, basófilos inferior a 20% ou trombocitopenia não relacionada à quimioterapia e 
evolução clonal na avaliação citogenética. Na fase blástica, verifica-se número de blastos superior a 
20% na medula óssea ou sangue periférico e, nesse estágio, é preciso a realização da imunofenotipagem 
para caracterização dos blastos que podem ser do tipo linfoide (cerca de 25% dos casos), mieloíde (cerca 
de 75% dos casos) ou bifenotípicos (casos mais agressivos).
Blastos
Duração média sem tratamento
BCR-ABL
Sintomas
Ausência
5 a 6 anos
Fase crônica
Leucocitose
Neutrofilia
Desvio à 
esquerda
Basofilia
Tromboitose
Assintomático
1% a 19%
6 a 9 meses
Fase acelereada
Aparecimento 
de blastos 
plaquetopenia
Cansaço
Aumento do tamanho 
do baço
> 20%
3 a 6 meses
Crise blástica
Transformação 
para leucemia 
aguda
Hemorragias
Infecções
Perda de peso
Figura 56 – Fases da leucemia mieloide crônica
90
Unidade II
Leucocitose
LMCCondições 
normais
abl
22
bcr
9
9
Philadelphia
bcr/abl
RNA
DNA
bcr/abl
Proteína com atividade 
tirosina quinase aumentada
Transformação 
leucêmica
Figura 57 – Esquema representando a translocação entre os cromossomos 9 e 22
Disponível em: https://bit.ly/3vO1lgk. Acesso em: 23 jun. 2021.
Hemácias: 5,42 milhões/mm3 (4,30 a 5,7 milhões/mm3)
Hemoglobina: 13,7 g/dL (13,5 a 15,5 g/dL)
Hematócrito: 42,5% (39,0 a 50,0%)
Leucócitos: 75.000/mm3 (3.500 a 10.500/mm3)
Promielócitos: 6%
Mielócitos: 2%
Metamielócitos: 10%
Bastonetes: 8% (2 a 4%)
Segmentados: 53% (36 a 66%)
Linfócitos: 5% (25 a 45%)
Monócitos: 5% (2 a 10%)
Eosinófilos: 2% (2 a 4%)
Basófilos: 9% (0 a 1)
Plaquetas - 500.000/mm3 (150.000 a 450.000/mm3)
Figura 58 – Exemplo de hemograma de um paciente 
diagnosticado na fase crônica da leucemia mieloide crônica
91
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Hemácias: 3,0 milhões/mm3 (4,30 a 5,7 milhões/mm3)
Hemoglobina: 9 g/dL (13,5 a 15,5 g/dL)
Hematócrito: 26% (39,0 a 50,0%)
Leucócitos: 25.000/mm3 (3.500 a 10.500/mm3)
Promielócitos: 9%
Mielócitos: 9%
Metamielócitos: 9%
Bastonetes: 8% (2 a 4%)
Segmentados: 3% (36 a 66%)
Linfócitos: 4% (25 a 45%)
Monócitos: 6% (2 a 10%)
Basófilos: 10% (0 a 1)
51% de células blásticas
Plaquetas - 40.000/mm3 (150.000 a 450.000/mm3)
Figura 59 – Exemplo de hemograma de um paciente com LMC 
que evoluiu para fase aguda (crise blástica)
Nos últimos anos, verificou-se sensível evolução no tratamento da LMC pela aplicação dos inibidores 
de tirosina quinase, como o mesilato de imatinibe, dasatinibe e nilotinibe, o que permitiu o controle 
da doença. No início do diagnóstico, os pacientes podem apresentar leucometria alta, o que pode 
prejudicar a circulação sanguínea. Quando isso acontece, a hidroxiureia é o medicamento de escolha 
para a diminuição rápida da contagem de leucócitos até a confirmação do diagnóstico.
Uma vez feito o diagnóstico, o paciente interrompe a hidroxiureia e inicia os inibidores de tirosina 
quinase. Os pacientes com LMC são monitorados com a realização do cariótipo até a remissão 
citogenética, ou seja, o desaparecimento do cromossomo Ph. Mesmo após a remissão citogenética, o 
paciente deve fazer o exame uma vez ao ano, assim pode detectar precocemente a evolução clonal que 
pode desencadear a crise blástica.
 Saiba mais
Vale a pena conhecer como as principais rotas sintéticas dos inibidores 
de tirosina quinase são utilizadas na terapêutica da LMC. No artigo 
intitulado “Sínteses e propriedades de fármacos inibidores da tirosina 
quinase BCR-ABL, utilizados no tratamento da leucemia mieloide crônica”, 
você vai conhecer mais sobre o tratamento:
BOECHAT, N. et al. Sínteses e propriedades de fármacos inibidores 
da tirosina quinase BCR-ABL, utilizados no tratamento da leucemia 
mieloide crônica. Química Nova, v. 40, n. 7, p. 791-809, ago. 2017. 
Disponível em: https://cutt.ly/6mxqUTo. Acesso em: 2 ago. 2021.
92
Unidade II
6.3 Policitemia vera
A policitemia vera é uma doença mieloproliferativa caracterizada pela proliferação clonal de células 
indiferenciadas da medula óssea, que originam um clone de precursores eritroblásticos neoplásicos. 
Incide em pessoas acimas de 50 anos de idade, com predomínio em homens. Ocorre aumento da série 
mieloide com predomínio da população eritroide na medula óssea, resultando em maior número de 
hemácias circulantes e níveis de hemoglobina e hematócrito elevados.
O diagnóstico é realizado a partir dos valores de hemoglobina ou hematócrito elevados, eritropoietina 
sérica diminuída e mutação do gene JAK 2 (em cerca de 95% dos casos). No hemograma do paciente, 
verifica-se hemoglobina acima de 20g/dL e hematócirto acima de 60% para homens e acima de 18/dL 
e 56% para mulheres. As hemácias são normocíticas e normocrômicas, mas podem ocorrer microcitose e
hipocromia em pacientes que desenvolvem carência de ferro secundária ao curso da doença.
A leucometria é normal ou discretamente elevada e pode ocorrer discreta basofilia e eosinofilia. 
E o número de plaquetas pode ser normal ou elevado, com possibilidade da migração de fragmentos 
de megacariócitos para o sangue periférico, presença de macroplaquetas e índice de anisocitose 
plaquetária elevado.
O sangue torna-se mais denso, há aumento da volemia e o aparecimento de sintomas neurológicos 
como dor de cabeça, tonturas e alterações sensitivas e motoras. A face tem cor avermelhada, o paciente 
apresenta prurido no corpo e sensação de queimação nas mãos e pés. A presença de hepatoesplenomegalia 
também é observada, pois esses órgãos passam a produzir células sanguíneas.
É importante diferenciar a policitemia vera das policitemias relativas, nas quais ocorre aumento 
do hematócrito, dos níveis de hemoglobina e do número de hemácias, sem real aumento da massa 
eritroide. Isso ocorre em estados que levam à diminuição do volume plasmático, por exemplo, no caso dos 
hipertensos ou indivíduos que usam diuréticos. Esses casos são conhecidos como pseudopoliglobulias.
O tratamento é realizado com a flebotomia (sangria), que consiste na remoção e descarte de cerca 
de 400mL de sangue por dia, duas vezes na semana, com o objetivo de manter o hematócrito próximo 
ao normal. Concomitante ao uso de medicamentos para alívio dos sintomas. Após diagnóstico e 
tratamento, a média de sobrevida é de 10 anos, entretanto, há casos que podem evoluir para leucemia 
aguda ou mielofibrose.
6.4 Leucemia linfocítica crônica (LLC)
A LLC acomete indivíduos em torno dos 70 anos de idade e é mais frequente em homens do que 
em mulheres. O paciente apresenta sintomas inespecíficos como fraqueza, zumbido, pode ocorrer febre, 
adenomegalia (aumento do tamanho do linfonodo), esplenomegalia e infecções recorrentes. Pelo fato de
a LLC não apresentar sintoma de diagnóstico, é importante o paciente ir ao médico assim que observar 
algum dos sintomas citados e realizar mais exames. O hemograma cursa com linfocitose, geralmente, 
acima de 10.000/mm3 e pode ocorrer anemia e/ou plaquetopenia.
93
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Os linfócitos da LLC são pequenos, apresentam alta relação núcleo/citoplasma e cromatina 
extremamente condensada. Além disso, são células frágeis e, durante a confecção do esfregaçosanguíneo, é possível que se rompam formando as conhecidas manchas de Gumprecht.
Figura 60 – Manchas de Gumprecht (setas)
Fonte: Lesesve; Feugler (2015, p. 133).
Além do hemograma, outros exames são necessários para se confirmar a clonalidade das células B, 
que expressam anomalamente o antígeno CD5 (marcador de linfócito T). Além do CD5 são utilizados, na 
imunofenotipagem, o CD19, CD20, CD23 e imunoglobulinas de superfície. Em relação à citogenética, as 
alterações genéticas mais comuns são deleção do cromossomo 13q, trissomina do 22, deleção do 17p e 
deleção do cromossomo 11q.
Quanto ao tratamento, muitas vezes, não é necessário na fase inicial, porém, com a progressão da 
doença, a quimioterapia é a base do tratamento, vai considerar fatores como a idade, situação 
clínica da doença, comorbidades associadas e prognóstico. Alguns fármacos utilizados no tratamento 
da LLC são rituximabe, fludarabina, ciclofosfamida, clorambucil, ibrutinibe, idelalisibe e venetoclax.
6.5 Linfomas: do tipo Hodgkin e não Hodgkin
Os linfomas são neoplasias que se caracterizam pela proliferação de linfócitos maduros (B, T ou NK), que 
ocorre nos linfonodos. Pode ocorrer em crianças, adolescentes ou adultos, mas se tornam mais comum 
à medida que as pessoas envelhecem, a predisposição é maior em homens do que em mulheres. O risco 
de desenvolvimento de linfoma é maior em portadores do vírus Epstein-Barr e HTLV-1 e da bactéria 
Helicobacter pylori. A exposição ocupacional a agrotóxicos, benzeno, solventes orgânicos e radiação 
ionizante também aumenta o risco de desenvolvimento de linfoma.
94
Unidade II
Os pacientes apresentam linfonodos aumentados em qualquer parte do corpo, axilas, virilhas, pescoço 
etc. Quando ocorrem no tórax, podem provocar tosse, falta de ar e desconforto. Quando se desenvolvem 
no abdome, ocorrem sinais de distensão abdominal. Outros sinais são febre, sudorese noturna, perda de 
peso sem causa aparente e coceira pelo corpo.
Timo
Nódulos linfáticos
Vasos linfáticos
Baço
Medula óssea
Intestino delgado
Cólon
Estômago
Figura 61 – Órgãos linfoides
Disponível em: https://bit.ly/3vTwmzm. Acesso em: 23 jun. 2021.
Os linfomas são classificados em duas categorias: Hodgkin (LH) e não Hodgkin (LNH). O linfoma 
de Hodgkin representa cerca de 12% dos casos de linfomas e acomete mais adultos jovens. As células 
presentes nos linfonodos acometidos são denominadas de células de Reed-Sternberg, que derivam de 
linfócitos B maduros que sofreram a transformação maligna. Juntamente com essa população clonal 
maligna e rara, está presente um infiltrado inflamatório e células estromais.
Esse linfoma leva o nome do seu descobridor, Thomas Hodgkin, que o descreveu em 1832. 
O prognóstico da doença é bom, especialmente quando os pacientes respondem à primeira linha de 
tratamento. Alguns fármacos utilizados em primeira linha de tratamento são adriamicina, bleomicina, 
vimblastina e dacarbazina (protocolo ABVD). Para os pacientes que apresentam recaídas, o transplante 
alogênico é indicado.
95
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Já a categoria LNH ainda é classificada em vários subtipos, de acordo com as características das 
células, que consideram os aspectos morfológicos, imunofenotípicos, citogenéticos e resposta à terapia. 
A maior parte dos LNH são de células B, apenas 10% originam-se de células T ou NK. Existem mais de
20 subtipos de LNH. Os pacientes apresentam sintomas mais heterogêneos do que os pacientes com LH. 
O prognóstico depende do subtipo, pois existem os considerados indolentes, como o linfoma folicular, e 
os mais agressivos, como o linfoma difuso de grandes células B e o linfoma de Burkitt. A seguir, podemos 
ver quais são os principais tipos de LNH.
Quadro 13 – Linfomas agressivos e indolentes
LNH agressivos
Linfoma difuso de grandes células B
Linfoma do sistema nervoso central
Linfoma relacionado ao vírus HTLV
Linfoma de Burkitt
Linfoma de células do manto
Linfoma de células T periférico:
 - Linfoma anaplásico de grandes células
 - Linfoma cutâneo de grandes células anaplásicas primárias
 - Linfoma de células T hepatoesplênias
 - Linfoma de células T angioimunoblástico
Linfoma extranodal de células natural killer/células T nasal
Linfoma de células T associado a enteropatia
LNH indolentes
Linfoma folicular
Linfoma de células T cutâneo (micose fungoide)
Linfoma linfoplasmocítico (Macroglobulinemia de Waldenstron)
Linfoma linfocítico de pequenas células/linfoma linfocítico crônico
Linfoma mediastinal de grandes células
Linfoma intravascular de grandes células B
Linfoma de célula T linfoblástico
Linfoma de zona marginal
Adaptado de: Choi e O’Malley (2018).
6.6 Transplante de medula óssea
Outra modalidade de tratamento do paciente com neoplasias hematológicas é o transplante de 
medula óssea, que consiste na substituição da medula óssea por células-tronco saudáveis. É indicado 
para o tratamento do paciente com leucemia, linfomas, mieloma múltiplo, aplasia de medula, 
imunodeficiências, entre outras. Entretanto, a indicação do paciente para o transplante de medula óssea 
depende de vários fatores, incluindo a idade do paciente, a existência de um doador compatível e o 
estágio da doença.
96
Unidade II
Existem dois tipos principais de transplante de medula óssea. No tipo alogênico, o doador recebe 
as células-tronco de um doador compatível. Já no tipo autólogo, o paciente recebe suas próprias 
células-tronco que são coletadas após tratamento quimioterápico. Então nos perguntamos: por que 
utilizar as próprias células se estas são doentes?
Essa modalidade é indicada para doenças que não se originam diretamente na medula óssea (por exemplo,
os linfomas) ou quando a doença regrediu e o paciente está em remissão. As células da medula ou do 
sangue do próprio paciente são coletadas e congeladas (BORDIN; LANGHI JÚNIOR; COVAS, 2018). Após 
quimioterapia ou radioterapia de alta dose, as células são infundidas.
Quais são as fontes de células para transplante de medula óssea?
• Sangue periférico: coletado por aférese (separação e coleta específica) após o paciente ter 
recebido fator estimulador de produção de células-tronco na medula óssea (por exemplo: G-CSF) 
durante cinco dias. As células migram para o sangue periférico e são coletadas com o auxílio de 
um equipamento de aférese.
• Medula óssea: as células são coletadas por punções das cristas ilíacas, em centro cirúrgico, e o 
paciente recebe anestesia geral. A medula óssea é filtrada e encaminhada para o banco de sangue, 
onde será processada e preparada para ser infundida no receptor. Geralmente, não há necessidade 
de congelamento das células.
• Sangue de cordão umbilical: após o nascimento do bebê, o sangue da placenta é removido 
através das veias do cordão umbilical. O sangue é congelado e pode ser utilizado futuramente.
O transplante de medula óssea compreende as etapas descritas na figura a seguir:
Mobilização
↓
Monitorização
↓
Coleta de células-tronco
↓
Criopreservação de células-tronco
↓
Condicionamento
↓
Infusão
↓
Pega
Figura 62 – Etapas do transplante de medula óssea
97
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Vejamos o que ocorre em cada etapa:
• Mobilização: o doador ou o paciente recebe fator de crescimento que estimula a produção de 
células-tronco (CD34 positivas) na medula óssea e migração para o sangue periférico. Em condições 
normais, o sangue periférico apesenta menos de 0,5% de células CD34 positivas, por isso a 
necessidade de estímulo para a produção de mais células na medula óssea.
• Monitorização: uma amostra de sangue periférico é coletada para contagem de células CD34 
positivas. Quando o paciente apresenta, no mínimo, 10 células CD34 positivas/mm3, as coletas se 
iniciam. Às vezes, uma única coleta é suficiente para se atingir o número de células pretendido 
pelo clínico. Pode ocorrer também desse número não ser atingido e, então, uma nova mobilização 
será necessária. Essa contagem é feita por citometria de fluxo.
• Coleta de células-tronco: é realizada em equipamento de aférese.No caso do doador de sangue, 
a punção é feita em veia do braço e no caso do paciente, o acesso é feito por meio do cateter. 
O sangue é centrifugado, as células de interesse são coletadas e o restante devolvido continuamente 
para o paciente. É um processo que demora de 3 a 4 horas. Algumas vezes, o procedimento ocorre 
em dias subsequentes, até que se obtenha o número de células adequado.
• Criopreservação de células-tronco: as células coletadas são processadas e congeladas em várias 
bolsas para posterior infusão. Quando o transplante é alogênico, essa etapa não é necessária.
• Condicionamento: o receptor é tratado com altas doses de quimioterapia para destruição de 
células doentes.
• Infusão: as células-tronco são descongeladas à beira do leito e infundidas no receptor por meio de 
um cateter. A infusão leva cera de 1 a 2 horas e é importante a monitorização clínica do paciente.
• Pega: as células-tronco infundidas no sangue periférico apresentam a propriedade de migração 
para a medula óssea (homing) e, após cerca de 10 a 15 dias, restabelecem a hematopoiese. O dia da pega
é identificado pela contagem acima de 500 leucócitos/mm3 no sangue periférico, quando a medula
óssea nova passa a produzir novos elementos sanguíneos. Antes da pega, o paciente precisa receber
hemocomponentes (hemácias e plaquetas) (BORDIN; LANGHI JÚNIOR; COVAS, 2018).
Sobre o transplante alogênico, é importante ressaltar que é o transplante mais comum no tratamento 
da LLA. O doador pode ser um membro da família ou de um banco de doadores cadastrados no Registro 
Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) ou, ainda, um cordão umbilical. No caso do cordão 
umbilical, existem bancos privados e públicos que realizam esse serviço. É importante lembrar que o 
efeito enxerto versus hospedeiro é mais intenso no TMO alogênico e está associado a efeitos colaterais 
e mortalidade.
98
Unidade II
 Saiba mais
Para saber mais sobre como ser um doador de medula óssea, acesse a 
página do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea.
REDOME. Doador. Rio de Janeiro, [s.d]. 
Disponível em: https://cutt.ly/cmvnQOQ. Acesso em: 23 jun. 2021.
 Resumo
Estudamos as alterações qualitativas e quantitativas de leucócitos. 
As alterações qualitativas incluem a presença de granulações tóxicas e 
vacúolos em neutrófilos, inclusões citoplasmáticas, hiposegmentação 
da cromatina de neutrófilos e as atipias linfocitárias. Já em relação às 
alterações quantitativas, vimos que podem ser do tipo benigna ou maligna.
Entre as alterações benignais, estudamos as leucopenias e leucocitoses, 
que podem ser decorrentes de alterações em apenas um único tipo de 
leucócito ou de vários tipos de leucócitos.
De modo geral, as leucopenias podem ser causadas por vírus, bactérias, 
medicamentos, agentes físicos, câncer, uso de determinados medicamentos 
ou em decorrência de quimioterapia.
Já no caso das leucocitoses, normalmente as infecções bacterianas são 
acompanhadas de neutrofilia, as viroses cursam com linfocitose e as infecções 
por parasitas e alergias são acompanhadas por eosinofilia, especialmente 
porque estes últimos apresentam histamina em seus grânulos.
No caso das alterações malignas, foram abordadas as leucemias agudas 
e crônicas, linfomas e a policitemia. Para o diagnóstico das leucemias e 
linfomas, são necessários exames como imunofenotipagem, citogenética e 
biologia molecular.
Estudamos também as etapas do transplante de medula óssea, que é 
um procedimento utilizado para substituir a medula óssea de paciente com 
leucemias e linfomas, desde a seleção do doador até a pega da medula óssea.
99
HEMATOLOGIA CLÍNICA
 Exercícios
Questão 1. Leia o texto e avalie o caso clínico e as figuras a seguir.
O LH pode ser definido como neoplasia de origem linfoide caracterizada por proliferação de células 
neoplásicas de morfologia variável, denominadas Células de Reed-Sternberg (CRS), imersas em substrato 
celular característico, de aspecto inflamatório. Suas características morfológicas e clínicas, bem como 
sua resposta à terapêutica, vão transformá-lo em uma das mais bem estudadas neoplasias linfoides.
Fonte: SOARES, F. A. A classificação morfológica e os aspectos histológicos do linfoma de Hodgkin. 
In: ZAGO, M. A. et al. Tratado de hematologia. São Paulo: Atheneu, 2013.
Caso clínico
Identificação: MRS, sexo masculino, 28 anos, cor parda, solteiro, bancário, natural e procedente de 
Ribeirão Preto - SP.
Queixa principal: massa no pescoço há 3 meses.
História da moléstia atual: o paciente relata o surgimento de um nódulo na região cervical 
anterior direita de crescimento progressivo há 3 meses e febre intermitente de até 38,5 °C 
nos últimos 20 dias. Refere, ainda, apresentar acessos de tosse sem expectoração, que cedem 
espontaneamente, principalmente na última semana. Nega dispneia, perda de peso, inapetência, 
sudorese noturna, bem como outras queixas.
Fonte: Casos clínicos. Disciplina de hematologia e hemoterapia, 2015. 
Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto. Disponível em: https://cutt.ly/6mvmtQD. Acesso em: 20 abr. 2021.
Figura 63 – Achado em biópsia de massa cervical
100
Unidade II
Figura 64 – Achado em série branca
Fonte: Casos clínicos. Disciplina de hematologia e hemoterapia, 2015. 
Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto. Disponível em: https://cutt.ly/6mvmtQD. Acesso em: 20 abr. 2021.
Considerando o que foi exposto e os conhecimentos sobre o tema, avalie as afirmativas.
I – A presença de blastos no hemograma é característica do linfoma de Hodgkin (LH), uma alteração 
benigna dos leucócitos.
II – A figura 63 relaciona-se ao texto e ao caso clínico.
III – A figura 64 não se relaciona ao texto nem ao caso clínico.
É correto o que se afirma apenas em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) II e III, apenas.
Resposta correta: alternativa E.
101
HEMATOLOGIA CLÍNICA
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: o texto já esclarece que a presença de células CRS é o que caracteriza o linfoma de 
Hodgkin. Os blastos são característicos das leucemias agudas. Além disso, o texto é claro quanto ao fato 
do linfoma de Hodgkin ser uma neoplasia, não uma alteração benigna de leucócitos.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: a figura 63 relaciona-se ao texto e ao caso clínico, os quais se referem ao linfoma de 
Hodgkin. A figura 63 mostra células características dessa patologia (relatadas no texto), encontradas na 
biópsia da massa cervical (legenda da figura), queixa principal do paciente do caso clínico.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: a figura 64 não se relaciona ao texto nem ao caso clínico. Trata-se de achado de blastos, 
característicos de leucemia aguda, não de linfoma de Hodgkin. A legenda da figura (achado série branca) 
também ajuda a excluir a possibilidade de se tratar de linfoma de Hodgkin.
Questão 2. Avalie os elementos da série branca representados nas figuras 65 e 66 mostrados a 
seguir, extraídas (e modificadas) do Atlas de hematologia, da Universidade Federal de Goiás.
A) B) 
Figura 65
Fonte: A) Disponível em: https://cutt.ly/DmSnMcd. Acesso em: 23 abr. 2021.
B) Disponível em: https://cutt.ly/ImSnGT8. Acesso em: 23 abr. 2021.
Considerando as figuras e os conhecimentos sobre o tema, avalie as afirmativas.
102
Unidade II
I – As viroses, geralmente, são acompanhadas de redução no número dos leucócitos, representados 
na figura B.
II – Nas infecções parasitárias e alergias, ocorre, geralmente, aumento de leucócitos, representados 
na figura A.
III – Nas infecções bacterianas, ocorre, geralmente, aumento do número de leucócitos, representados 
na figura A.
É correto o que se afirma apenas em:
A) I.
B) II.
C. III.
D. I e II.
E. II e III.
Resposta correta: alternativa B.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: conforme mostra a imagem do Atlas de hematologia, da UFG, o leucócito representado 
na figura B é um linfócito. Nas viroses, geralmente se verifica aumentode linfócitos (linfocitose), não 
sua redução.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: conforme mostra a imagem do Atlas de hematologia, da UFG, o leucócito representado 
na figura A é um eosinófilo. Nas infecções parasitárias e alergias, geralmente se verifica eosinofilia 
(aumento de eosinófilos).
III – Afirmativa incorreta.
Justificativa: nas infecções bacterianas, ocorre, geralmente, aumento do número de neutrófilos, 
leucócitos não representados nas figuras.

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