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0 OBJETIVO 01.DESCREVER A ORIGEM, PROCESSO E DESENVOLVIMENTO DA LINHAGEM HEMATOPOIÉTICA. A hematopoiese (ou hemopoese) é processo pelo qual são formadas as células do sangue. Ela abrange todos os fenômenos relacionados com a origem, a multiplicação e a maturação de células primordiais ou precursoras das células sanguíneas. A porção celular do sangue é composta de eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Essas três linhagens celulares, apesar de serem distintas umas das outras, são oriundas de uma célula-mãe única, denominada célula pluripotente, totipotente, stem–cell ou célula-tronco. HEMATOPOIESE NO PERÍODO INTRA- UTERINO As primeiras células sanguíneas do ser humano surgem no período embrionário (pré-hepático), por volta da sétima ou oitava semana de vida. Daí até o quarto mês, a formação das células se faz em agrupamentos de células redondas localizadas no saco vitelínico. Ocorre nesse sítio eritropoiese, que se desenvolve no mesoderma. Ainda durante a gestação, do quarto ao sexto mês de vida fetal, as células tronco hematopoiéticas emigram do saco vitelínico para o fígado e as células do sangue são, então, formadas no fígado e também no baço. É o período hepatoesplênico da hematopoiese. Nesse período, além de haver eritropoiese, surgem outras linhagens hemopoiéticas, como granulócitos e megacariócitos. Após o período hepatoesplênico, a hematopoiese passa a ser feita na porção esponjosa dos ossos, também denominado período medular. A medula óssea é o sítio hematopoiético mais importante a partir de 6 a 7 meses de vida fetal, durante a infância e na vida adulta. HEMATOPOIESE NO PERÍODO EXTRA- UTERINO Nos dois primeiros anos (fase criança), toda a medula óssea é hematopoiética. Porém, durante o resto da infância, há substituição progressiva da medula dos ossos longos por gordura, de modo que a medula hemopoética no adulto (fase adulta) é confinada ao esqueleto central e às extremidades proximais do fêmur e do úmero (convergência troncular da hematopoiese). Mesmo nessas regiões, aproximadamente 50% da medula é composta de gordura. Após os 50 anos há a produção de medula cinza pela substituição do tecido adiposo medular pela proliferação de fibroblastos nos ossos longos (fase senil). FORMAÇÃO DE CÉLULAS DO SANGUE Uma vez levadas pela corrente circulatória, as células que possuem atividade hemoformadora (células pluripotentes), formadas no saco vitelínico inicialmente, aninham-se em locais distantes, onde a disposição anatômica vascular e os elementos celulares de sustentação formam um microambiente propício a seu desenvolvimento. Em condições ideais de microambiente, o tecido hemopoiético prolifera e amadurece. No microambiente da medula óssea, as células pluripotentes (ou células--tronco hematopoiéticas) encontram condições favoráveis para sua sobrevida, autorrenovação e formação de células progenitoras diferenciadas. Esse meio é composto por células do estroma e uma rede microvascular. As células do estroma são formadas por adipócitos, fibroblastos, células endoteliais e macrófagos. Juntas, essas células secretam moléculas extracelulares, como colágeno, glicoproteínas e glicosaminoglicanos (ácido hialurônico e derivados condroitínicos) para formar uma matriz extracelular. Fatores de crescimento, necessários SP3 2 “Filho doente, dói na gente” à sobrevivência da célula-tronco, também são secretados pelas células do estroma. As células do estroma são oriundas das células- tronco mesenquimais, também chamadas células estromais mesenquimais multipotentes ou células mesenquimais aderentes. Junto com os osteoblastos, formam nichos e fornecem os fatores de crescimento, moléculas de adesão e citocinas que dão suporte às células-tronco hematopoiéticas. Em outras palavras, as células estromais permitem a fixação das células pluripotentes, trazidas pela circulação periférica, ao estroma medular e propiciam o contato íntimo entre essas células e os fatores de crescimento hemopoiéticos secretados pelas células do estroma que entram em contato com seus respectivos receptores de membrana. A fixação de células hematopoiéticas pluripotentes no estroma medular é mediada por moléculas de adesão e seus respectivos receptores situados na membrana dessas células. São exemplos de receptores: o CD44, o CD11, o CD18 e a fibronectina. A partir dessa interação com os receptores, as células-tronco hematopoiéticas proliferam-se e podem ser tanto estimuladas a autorrenovar-se como também a dar origem às distintas linhagens de células sanguíneas. Entre as células pluripotentes medulares e as células maduras que entram no sangue há várias fases intermediárias. A célula pluripotente, responsável pela formação de todas as células sanguíneas, expande-se ou se divide, guardando sempre a característica de pluripotencialidade. Porém, algumas de suas células-filhas evoluem num sentido mais avançado e apesar de ainda serem indiferenciadas já são orientadas para uma única ou apenas para algumas linhagens celulares. Essas são denominadas células comprometidas (ou precursores comprometidos). Quando as células comprometidas atingem um grau de diferenciação ainda maior elas se tornam onipotentes e são capazes de dar origem a apenas uma determinada série sanguínea. As séries sanguíneas são constituídas pelos eritrócitos (ou hemácias), células granulocíticas, monócitos e macrófagos, linfócitos e plasmócitos e, por fim, pelas plaquetas (ou trombócitos). ERITROPOIESE A cada dia são produzidos cerca de 1012 novos eritrócitos por meio de um processo complexo e regulado de maneira precisa denominado eritropoiese. A partir da célula-tronco, a eritropoiese passa pelas células progenitoras CFU- GEMM, BFU-E (fator estimulador da proliferação de progenitores eritroblásticos) e CFU-E (unidade ou célula formadora de colônias de eritroblastos) até o primeiro precursor eritroide com estrutura identificável na medula óssea, o proeritroblasto. Essa célula tem a capacidade de se dividir e, em condições normais, sofre três divisões celulares sucessivas. Como resultado dessas divisões, o tamanho das células diminui progressivamente ocorrendo ao mesmo tempo a expansão dessa linhagem. Assim, o volume do parênquima eritroblástico da medula óssea cresce após o estímulo da eritropoiese. O número de eritroblastos basófilos corresponde ao dobro dos proeritroblastos, e o número de células seguintes, eritroblastos policromatófilos e eritroblastos ortocromáticos também dobra. Os eritroblastos ortocromáticos são incapazes de se dividir, embora continuem a acumular hemoglobina. O núcleo dessas células é degenerado em um processo denominado cariorréxis. O conteúdo de DNA nuclear é então cercado por uma fina camada hemoglobínica do citoplasma celular, sendo expulso envolto numa capa de membrana. Os eritroblastos ortocromáticos também podem perder os núcleos pelo processo de expulsão dos mesmos através do citoplasma. O que sobra da célula sem núcleo é o eritrócito jovem recém formado, carregado de hemoglobina: o reticulócito. O reticulócito já pode circular, porém ainda contém restos de corpúsculos citoplasmáticos e excesso de membranas que precisam serem eliminados. Por isso, os reticulócitos atravessam os capilares sinusóides do baço para sofrerem a ação dos macrófagos esplênicos e, assim, tornarem eritrócitos maduros. O principal fator que regula a emissão dos eritrócitos para o sangue é o nível das trocas de gases que ocorre entre as células e os tecidos. Portanto, a oxigenação dos tecidos regula a produção de glóbulos vermelhos pela medula óssea. Em condições de baixa tensão de O2 ocorre estímulo para a eritropoiese, enquanto o aumento da tensão de O2 a deprime. A diminuiçãoda quantidade de oxigênio cedida pelo sangue aos tecidos leva à secreção de uma substância denominada eritropoetina (EPO), que atua sobre a medula óssea, levando ao aumento da produção de eritrócitos. A EPO tem papel fundamental na eritropoiese, atuando de modo diversificado no sentido de aumentar o número de células que darão origem ao eritrócitos. A EPO é secretada por células tubulares ou células endoteliais peritubulares dos rins, que possuem receptores capazes de detectar variações na concentração de oxigênio no sangue. Além dos rins, cerca de 10% da EPO é produzida no fígado ou mesmo por macrófagos da medula óssea. São funções da eritropoetina: Estimular a proliferação das células indiferenciadas medulares, produzindo maior número de mitoses dessas células. Estimular o amadurecimento das células indiferenciadas, que caminham rapidamente para eritropoiese. Estimular a síntese de hemoglobina. Aumentar a taxa de reticulócitos no sangue. GRANULOPOIESE E MONOPOIESE Os granulócitos e monócitos do sangue são formados na medula óssea a partir de uma célula precursora comum. Na série de células progenitoras granulopoiéticas, mieloblastos, prómielócitos e mielócitos constituem um conjunto mitótico, enquanto metamielócitos, bastonetes e granulócitos segmentados formam um compartimento pós-mitótico de maturação. Na medula óssea existe um grande número de bastonetes e neutrófilos segmentados, que formam uma reserva granulocítica medular. A medula óssea, em geral, contém mais células mieloides do que eritróides na proporção de 2:1 a 12:1, predominando os neutrófilos e os metamielócitos. Em condições normais, o número de granulócitos da reserva medular é 10 a 15 vezes maior do que o número de granulócitos circulantes no sangue periférico. Após liberação da medula óssea, os granulócitos permanecem de 6 a 10 horas na circulação antes de migrarem para os tecidos onde desempenham sua função fagocítica. Na corrente sanguínea, os neutrófilos se distribuem em dois compartimentos ou pools de tamanho aproximado. Existe o pool circulante, que aparece nas contagens expressas no hemograma e o pool marginal, que não aparece nas contagens do hemograma. Nos tecidos, essas células permanecem de 4 a 5 dias até serem destruídos durante mecanismos de defesa ou por senescência. Muitos fatores de crescimento são envolvidos no processo de maturação da granulopoiese e monopoiese. Nesse sentido, fatores como IL-1, IL-3, IL-5, IL-6, IL- 11 e os fatores estimulantes de colônias granulocítico-macrofágicas (GM-CSF), granulocíticas (G-CSF) e monocíticas (M-CSF) desempenham um papel importante. Esses fatores de crescimento estimulam a proliferação, a diferenciação, bem como afetam a função das células maduras sobre as quais agem. No contexto de infecções, por exemplo, o aumento na produção de granulócitos e monócitos é induzido por uma maior produção de fatores de crescimento por células do estroma e linfócitos T em resposta a endotoxinas, IL-1 ou TNF. TROMBOPOESE As plaquetas são produzidas na medula óssea por fragmentação do citoplasma dos megacariócitos, uma das maiores células do organismo. O megacarioblasto, precursor do megacariócito, surge por um processo de diferenciação da célula- tronco hematopoiética. O megacariócito amadurece por replicação endomitótica sincrônica, aumentando o volume do citoplasma à medida que o número de lobos nucleares aumenta em múltiplos de dois. CONCEITO! Replicação endomitótica sincrônica é a replicação do DNA sem haver divisão nuclear ou citoplasmática. Ainda em formas precoces, são vistas invaginações de membrana plasmática, que evoluem durante o desenvolvimento do megacariócito, constituindo uma rede altamente ramificada. Em um estágio variável de desenvolvimento, comumente no estágio de oito lobos nucleares, o citoplasma torna-se granular. Os magacariócitos maduros são enormes, com um núcleo lobulado excêntrico e baixa relação núcleo-citoplasma. As plaquetas formam-se pela fragmentação das extremidades das extensões do citoplasma do megacariócito. Cada megacariócito dá origem a 1.000 a 5.000 plaquetas. O intervalo entre a diferenciação da célula-tronco humana e a produção de plaquetas é de 10 dias em média. O principal regulador da produção de plaquetas é a trombopoetina, produzida pelo fígado e pelos rins. Ela desempenha o efeito de aumentar o número e o ritmo da maturação dos megacariócitos para a produção de mais plaquetas. A sobrevida plaquetária média é de 7 a 10 dias. Fatores de crescimento Os fatores de crescimento hematopoéticos são hormônios glicoproteicos que regulam a proliferação e a diferenciação das células progenitoras hematopoéticas e a função das células sanguíneas maduras. Eles podem agir no local em que são produzidos, por contato célula a célula, ou podem circular no plasma. Eles também podem ligar-se à matriz extracelular, formando nichos aos quais células-tronco e células progenitoras se aderem. Os fatores de crescimento podem causar não só proliferação celular, mas também estimular diferenciação, maturação, prevenir apoptose e afetar as funções de células maduras. As células do estroma são as principais fontes de fatores de crescimento, com exceção da eritropoietina e da trombopoetina. Um aspecto importante da ação dos fatores de crescimento é que eles podem agir sinergicamente no estímulo à proliferação ou à diferenciação de uma célula em particular. Além disso, a OBJETIVO 02. COMPREENDER A EPIDEMIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, FATORES DE RISCO, CURSO CLÍNICO, FATORES DE HEREDITARIEDADE, DIAGNÓSTICO, ESTADIAMENTO, TRATAMENTO E TIPOS DE LEUCEMIA E SUAS COMPLICAÇÕES. (EXPLICAR DESVIO A ESQUERDA E DESTACAR EVENTUAL SEMELHANÇA COM OUTRAS DOENÇAS MENOS GRAVES) Os diversos tipos de cânceres são classificados de acordo com o tipo de tecido onde eles surgem; os principais tipos se dividem em: Carcinomas (tecido epitelial), sarcomas (tecido conjuntivo), linfomas (tecido linfático), gliomas (células da glia do SNC) e as leucemias (órgãos hematopoiéticos). A classificação das leucemias é dependente de marcadores celulares presentes na membrana e no citoplasma de cada célula leucêmica. Desse modo, elas podem ser classificadas em Leucemias Agudas (LA) e Leucemias Crônicas (LC). As LA são neoplasias primárias da Medula Óssea (MO), acontece a substituição de células medulares e sanguíneas normais por células imaturas. Como as células leucêmicas tem capacidade proliferativa exarcebada, o seu número cresce rapidamente e a doença se agrava em um curto intervalo de tempo. Divide-se em Leucemia Linfoide Aguda (LLA) e Leucemia Mieloide Aguda (LMA). A LLA incide na população de 0 a 14 anos, em uma frequência de 1/2500 indivíduos/ano e o risco de desenvolver a doença nos primeiros 10 anos de vida é de 1/2800. Na maioria das vezes, se caracteriza pela presença e acúmulo de blastos na MO e na corrente sanguínea. A LMA é caracterizada pela expansão e acumulo de mieloblastos, que suprimem a atividade hematopoiética normal. Já nas LC, as células leucêmicas ainda conseguem fazer algum trabalho das células normais. É uma doença que se agrava lentamente e quando surgem, os sintomas são brandos. São classificam em Leucemia Linfoide Crônica (LLC) e Leucemia Mieloide Crônica (LMC). A Leucemia Linfoide Crônica (LLC) é de origem desconhecida, os linfócitos têm seu material genético alterado e começam a se multiplicar descontroladamente na MO, acarretando o seu aumento no sangue. A doença é considerada crônica porque essa mutação provoca o crescimento desordenado de linfócitos maduros e não impede a produção de células normais; ou seja, ao mesmo tempo em que há um acumulo de linfócitos “doentes” na MO, o processo defabricação e maturação das células saudáveis continua. A LMC é caracterizada por leucocitose com desvio à esquerda; esplenomegalia e presença do cromossomo Philadelphia (Ph). LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA INTRODUÇÃO A Leucemia Mielóide Aguda é caracterizada pela proliferação anormal de células progenitoras da linhagem mielóide. É uma doença do tecido hematopoético que leva à produção insuficiente de células sanguíneas normais, promovendo um quadro de plaquetopenia, anemia e neutropenia que, em geral, ocorre devido ao aumento do número de células blásticas na medula óssea. Na infância, cerca de 15% a 20% das leucemias agudas são mielóides. Nos adultos, entretanto, essa percentagem sobe para 80%. As leucemias agudas apresentam um quadro clínico muito diferente das leucemias crônicas: estas surgem insidiosamente, enquanto as leucemias agudas têm geralmente início súbito. Existem 12 subtipos de LMA: LMA-M0 (Leucemia Mielóide Aguda – Indiferenciada). LM1 (Leucemia Mielóide Aguda – Mieloblástica). LMA-M2 (Leucemia Mielóide Aguda – Mieloblástica com Maturação). LMA-M2v (Leucemia Mielóide Aguda – Mieloblástica com Maturação Variante). LMA-M3 (Leucemia Mielóide Aguda – Promielocítica Hiper-granular). LMA-M3v (Leucemia Mielóide Aguda – Promielocítica Variante Hipogranular). LMA-M4 (Leucemia Mielóide Aguda – Mielomonocítica). LMA-M4eo (Leucemia Mielóide Aguda – Mielomonocítica com Eosinofilia). LMA-M5a (Leucemia Mielóide Aguda – Monoblástica sem Maturação). LMA-M5b (Leucemia Mielóide Aguda – Monoblástica com Maturação). LMA-M6 (Leucemia Mielóide Aguda – Eritroleucemia). LMA-M7 (Leucemia Mielóide Aguda – Megacarioblástica) TRATAMENTO O tratamento de um paciente com LMA inicia com a chamada quimioterapia de indução, cujo objetivo é controlar a doença e levar o doente ao estado de remissão completa (RC), no qual a doença não é detectada por métodos morfológicos convencionais Os pacientes com LMA são tratados com uma combinação de antraciclina (daunorrubicina ou idarrubicina) e citarabina, isoladamente ou em associação a outros agentes. Essa terapia produzirá remissão completa em 80-90% dos pacientes < 60 anos de idade e em 50-60% dos demais. Pacientes mais velhos com LMA que não são candidatos à quimioterapia tradicional podem receber um agente hipometilane (p. ex., decitabina) com resultados aceitáveis. No tratamento a fase inicial, como os primeiros meses são os piores, pois são administradas altas doses de quimioterapia que levam a supressão medular, fase em que há mais óbitos devido ás principais causas que são: choque térmico, neutropenia febril, insuficiência respiratória, insuficiência renal e hemorragia alvelolar. Com o tratamento da leucemia mieloide aguda, os pacientes podem-se beneficiar de outros métodos na busca a remissão completa como a radioterapia, que faz uso de raios de energia para matar as células cancerígenas. É realizado geralmente em última opção através de uma máquina que manda radiação para o baço, cérebro, ou outras partes do corpo onde tenha depósitos de células tumorais, a radioterapia é menos utilizada nesses casos, por não abranger tumores sólidos, e o TMO, uma boa opção, entretanto podendo levar a complicações sérias. Apesar da quimioterapia de indução promover remissão completa na LMA para maior parte dos pacientes, alguns em grande quantidade podem apresentar recidiva da doença, assim o TCTH (Transplante de Células Tronco Hematopoiética) é a única chance possível de cura. EXAMES Os exames de laboratório comumente utilizados para diagnosticar e/ou determinar o subtipo específico da leucemia mieloide aguda são: Hemograma completo e sangue periférico Estes exames avaliam os diferentes tipos de células do sangue, mudanças no número e aparência dessas células ajudam no diagnóstico da leucemia. A maioria dos pacientes com leucemia mieloide aguda apresentam glóbulos brancos imaturos no sangue, e uma quantidade insuficiente de células vermelhas ou plaquetas. Muitas das células brancas do sangue são mieloblastos, isto é, células imaturas normalmente não encontradas na corrente sanguínea. Essas células não funcionam como glóbulos brancos maduros. Embora estes resultados possam sugerir leucemia, a doença geralmente não é diagnosticada sem um estudo das células da medula óssea. Exames de coagulação e bioquímica sanguínea A análise química do sangue mede as quantidades de certas substâncias químicas que circulam no sangue, mas não são utilizados para diagnosticar a leucemia. Em pacientes já diagnosticados com leucemia mieloide aguda, estes exames podem ajudar na detecção de alterações no fígado ou rins, causados por células leucêmicas ou efeitos colaterais de certos medicamentos quimioterápicos. Exames microscópicos de rotina Amostras de sangue, medula óssea ou do líquido cefalorraquiano são analisadas sob um microscópio pelo patologista, podendo ser revisadas pelo hematologista. Nessas amostras são observadas, tamanho, forma e outras características das células para classificá-las em tipos específicos. Um elemento chave é identificar se as células são maduras (como as células sanguíneas normais) ou imaturas. As células mais imaturas são denominadas mieloblastos ou blastos. A porcentagem de blastos na medula óssea ou sangue é particularmente importante. Para o diagnóstico de leucemia mieloide aguda é necessário ter, pelo menos, 20% de blastos na medula óssea ou no sangue. Ela também pode ser diagnosticada se os blastos encontrados (utilizando outro exame) têm uma alteração cromossômica que ocorre apenas em um tipo específico de leucemia mieloide aguda, mesmo que a porcentagem de blastos não alcance 20%. Às vezes, apenas contar e observar as células não é suficiente para um diagnóstico claro. Exames adicionais podem ser utilizados para confirmar a leucemia mieloide aguda. Citoquímica Citoquímica é a aplicação de corantes bioquímicos às células do sangue e medula óssea, de maneira a mostrar sua composição sem modificar apreciavelmente sua morfologia. As colorações citoquímicas auxiliam no diagnóstico de leucemias e de outras doenças hematológicas. Citometria de fluxo e imunohistoquímica Tanto para a citometria de fluxo como para a imunocitoquímica, as amostras das células são tratadas com anticorpos, que são proteínas que aderem apenas a determinadas proteínas nas células. Para a imunocitoquímica, as células são analisadas sob um microscópio para verificar se os anticorpos se ligam a elas (o que significa que têm essas proteínas), enquanto que para a citometria de fluxo é usada um equipamento especial. Estes testes são usados para imunofenotipagem - classificando as células leucêmicas de acordo com as substâncias (antígenos) em suas superfícies. As células leucêmicas podem ter antígenos diferentes, dependendo do tipo de célula em que elas se iniciam e estado de maturação. Essa informação é útil na classificação da leucemia mieloide aguda. Testes cromossômicos Citogenética. Neste exame, os cromossomos das células leucêmicas são analisados para diagnosticar qualquer anormalidade. Uma desvantagem desse exame é que geralmente demora de 2 a 3 semanas para ficar pronto. Os resultados dos testes citogenéticos são apresentados de forma abreviada para descrever as alterações cromossômicas: Uma translocação significa que partes de dois cromossomos trocaram de lugar entre si. Por exemplo, se os cromossomos 8 e 21 trocaram partes, seria escrito como t (8; 21). Uma inversão, escrita como inv (16), por exemplo, significa que parte do cromossomo 16 está agora em ordem reversa, mas ainda está ligada ao cromossomo. Uma deleção, escrita como del (7) ou -7, por exemplo, indica que parte do cromossomo7 foi perdida. Uma adição ou duplicação, como +8, por exemplo, significa que todo ou parte do cromossomo 8 foi duplicado, e muitas cópias dele foram encontradas dentro da célula. Hibridização fluorescente in situ (FISH). Este é outro tipo de exame que avalia os cromossomos, usando corantes fluorescentes que só se ligam a partes específicas de cromossomos específicos. FISH detecta a maioria das alterações cromossômicas (translocações), visíveis ao microscópio em exames citogenéticos, bem como alterações pequenas não visualizadas em exames de citogenética. FISH pode ser usado para detectar alterações específicas nos cromossomos, podendo ser usado nos exames de sangue ou em amostras da medula óssea. Reação em cadeia da polimerase. Este é um exame bastante sensível, que permite encontrar algumas alterações genéticas e cromossômicas pequenas, não visíveis ao microscópio, mesmo quando poucas células leucêmicas estejam presentes na amostra. ESTADIAMENTO O sistema da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualizado recentemente em 2016, inclui alguns desses fatores para obter um melhor estadiamento da leucemia mieloide aguda. O sistema de estadiamento da OMS divide a leucemia mieloide aguda em vários grupos: Leucemia mieloide aguda com anormalidades genéticas Leucemia mieloide aguda com uma translocação entre os cromossomos 8 e 21. Leucemia mieloide aguda com uma translocação ou inversão no cromossomo 16. Leucemia profolítica aguda com o gene de fusão PML-rara. Leucemia mieloide aguda com uma translocação entre os cromossomos 9 e 11. Leucemia mieloide aguda com uma translocação entre os cromossomos 6 e 9. Leucemia mieloide aguda com uma translocação ou inversão no cromossomo 3. Leucemia mieloide aguda com uma translocação entre os cromossomos 1 e 22. Leucemia mieloide aguda com o gene de fusão BCR-ABL1. Leucemia mieloide aguda com gene NPM1 mutado. Leucemia mieloide aguda com mutações bialélicas do gene CEBPA. Leucemia mieloide aguda com gene RUNX1 mutado. Leucemia mieloide aguda com alterações relacionadas à mielodisplasia Leucemia mieloide aguda relacionada a quimioterapia ou radioterapia prévia Leucemia mieloide aguda não especificadas Leucemia mieloide aguda com diferenciação mínima (FAB M0). Leucemia mieloide aguda sem maturação (FAB M1). Leucemia mieloide aguda com maturação (FAB M2). Leucemia mielomonocítica aguda (FAB M4). Leucemia monocítica aguda (FAB M5). Leucemia eritróide pura (FAB M6). Leucemia megacarioblástica aguda (FAB M7). Leucemia basofílica aguda. Panimielose aguda com fibrose. Sarcoma mieloide ou sarcoma granulocítico ou cloroma Proliferações mieloides relacionadas com a síndrome de Down Leucemias agudas indiferenciadas e bifenotípica Sistema de estadiamento Britânico-Americano- Francês (FAB) Na década de 1970, um grupo de especialistas franceses, americanos e britânicos dividiram a leucemia mieloide aguda em subtipos, M0 a M7, com base no tipo de célula em que a leucemia se desenvolve e o grau de maturidade das células. Os subtipos M0 a M5 se iniciam em formas imaturas dos glóbulos brancos. O subtipo M6 começa em formas muito imaturas dos glóbulos vermelhos, enquanto o M7 começa em formas imaturas das células produtoras das plaquetas. LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA INTRODUÇÃO A Leucemia Linfóide Aguda tem maior incidência em pacientes do sexo masculino de cor branca e na idade de dois a cinco anos, diminuindo a frequência na adolescência e na idade adulta, e novamente crescendo na faixa etária de 60 anos. Esta leucemia aguda é mais frequente na América do Norte, Oceania e norte da Europa. A Leucemia Linfóide Aguda é classificada pela FAB morfologicamente em três categorias, LLA-L1, LLA-L2 e LLA-L3, sendo que cada subtipo apresenta linfoblastos leucêmicos com características próprias. Na criança, aproximadamente 85% dos casos de LLA é do subtipo LLA-L1, cerca de 14% do subtipo LLA-L2, e 1% do subtipo LLA-L3. Os casos de LLA em adultos apresentam uma estatística diferente: o subtipo LLA-L2 é visto em 50% a 60% dos casos, o subtipo LLA-L1 em 30% a 40%, e a LLA-L3 em 5%. Porém, a classificação das LLAs não se baseia apenas no critério morfológico, pois a citogenética e a imunofenotipagem também são indispensáveis para o diagnóstico. EXAMES Exames de sangue As amostras de sangue para os exames de leucemia linfoide aguda são geralmente coletadas a partir de uma veia do braço. Hemograma completo e estudo do sangue periférico. O hemograma mede o número de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Estes exames avaliam os diferentes tipos de células do sangue, alterações na quantidade e aparência. Este exame é, muitas vezes, o primeiro a ser realizado em pacientes com suspeita de doença hematológica. Para o esfregaço do sangue periférico, uma gota de sangue é colocada numa lâmina e, em seguida, observada ao microscópio. As alterações na quantidade e aparência das células, muitas vezes, ajudam a diagnosticar a leucemia. A maioria dos pacientes com leucemia linfoide aguda apresenta glóbulos brancos imaturos no sangue, e uma quantidade insuficiente de células vermelhas ou plaquetas. Muitas das células brancas do sangue são linfoblastos, ou seja, linfócitos imaturos normalmente não são encontrados na corrente sanguínea. Embora estes resultados possam sugerir leucemia, a doença geralmente não é diagnosticada sem um estudo das células da medula óssea. Bioquímica sanguínea. A análise bioquímica do sangue mede as quantidades de certas substâncias químicas que circulam no sangue, mas não são utilizados para diagnosticar a leucemia. Em pacientes já diagnosticados com leucemia linfoide aguda, estes exames podem ajudar na detecção de problemas hepáticos ou renais causados pela disseminação de células leucêmicas ou efeitos colaterais de certos medicamentos quimioterápicos. Exames de coagulação. Os exames de coagulação são realizados para garantir que o sangue está coagulando adequadamente. Exames da medula óssea Aspiração e biópsia da medula óssea. Esses exames são geralmente realizados ao mesmo tempo. As amostras são normalmente coletadas da parte posterior do osso da pelve, do esterno ou de outros ossos. A biópsia da medula óssea é geralmente realizada logo após a aspiração. Estes exames são realizados para ajudar no diagnóstico da leucemia. Também, podem ser realizados para dizer se a leucemia está respondendo ao tratamento. Exames de laboratório para diagnosticar e classificar a leucemia linfoide aguda Exames de rotina sob um microscópio. A medula óssea é observada sob um microscópio por um patologista e poderá ser revisada pelo hematologista. Os médicos observam o tamanho, forma e outras características dos glóbulos brancos nas amostras classificando-os em tipos específicos. Um fator importante é saber se as células parecem maduras (parecidas com células sanguíneas normais) ou imaturas (sem características de células sanguíneas normais). As células mais imaturas são denominadas linfoblastos. É muito importante determinar a porcentagem de células na medula óssea que são blastos. Um diagnóstico de leucemia linfoide aguda requer, geralmente, que pelo menos, 20% das células na medula óssea sejam blastos. Em circunstâncias normais, os blastos nunca são mais do que 5% das células da medula óssea. Entretanto, às vezes são necessários outros exames de laboratório para ter um diagnóstico definitivo: Citoquímica. Consiste na aplicação de corantes bioquímicos às células do sangue e medula óssea, de maneira a mostrar sua composição sem modificar apreciavelmente sua morfologia. As colorações citoquímicas auxiliam no diagnóstico de leucemias e de outras doençashematológicas. Citometria de fluxo e imunohistoquímico. A citometria de fluxo é feita com um aparelho que consegue fazer medidas individuais de milhares de células, numa contagem exata que é essencial para a eficiência do tratamento da doença. Essa técnica é usada para examinar as células da medula óssea, linfonodos e amostras de sangue, para o diagnóstico das leucemias. No exame imunohistoquímico as células do sangue ou amostras da medula óssea são analisadas por meio de anticorpos monoclonais marcados com substâncias fluorescentes. Diferentes tipos de linfócitos têm diferentes antígenos, que sofrem alterações à medida que cada célula amadurece. As células de cada paciente com leucemia têm os mesmos antígenos, porque são todos derivados a partir da mesma célula. Além da caracterização dos antígenos expressos pelas células envolvidas, a citometria de fluxo fornece informação quanto ao tamanho e à granulosidade celular. Nas leucemias agudas, o exame é indicado para determinar a linhagem celular, análise de clonalidade e do estado de maturação das células leucêmicas, expressão de padrões de antígenos aberrantes típicos de determinados grupos de leucemias e acompanhamento do tratamento e detecção de doença residual mínima. Exames cromossômicos As células humanas normais contêm 23 pares de cromossomos. Em alguns casos de leucemia, as células têm alterações cromossômicas. O reconhecimento dessas alterações ajuda na identificação de determinados tipos de leucemia linfoide aguda e pode ser importante na determinação do prognóstico do paciente e na resposta a alguns tratamentos. Frequentemente, na leucemia linfoide aguda dois cromossomos trocam seu DNA, de modo que parte de um cromossomo se liga à parte de um cromossomo diferente. Isto é denominado translocação. A translocação mais comum nos adultos é conhecida como cromossomo Filadélfia, que é uma troca de DNA entre os cromossomos 9 e 22, o que resulta num cromossomo 22 encurtado. Cerca de 1 em cada 4 adultos com LLA tem esta anomalia em suas células. Esta mudança é especialmente importante, pois pode ser alvo de determinados medicamentos. Citogenética. Neste exame, os cromossomos das células leucêmicas são analisados para diagnosticar qualquer anormalidade. Em alguns casos de leucemia, as células apresentam alterações cromossômicas visíveis sob o microscópio. Hibridização fluorescente in situ (FISH). Este é outro tipo de exame que avalia os cromossomos, usando corantes fluorescentes que só se ligam a partes específicas de cromossomos específicos. O teste FISH detecta a maioria das alterações cromossômicas (translocações), visíveis ao microscópio em exames citogenéticos, bem como alterações pequenas não visualizadas em exames de citogenética. FISH pode ser usado para diagnosticar alterações específicas nos cromossomos, podendo ser usado nos exames de sangue ou em amostras da medula óssea. Reação em cadeia da polimerase (PCR). Este é um exame do DNA bastante sensível, que permite encontrar cromossomos pequenos, não visíveis ao microscópio, mesmo quando poucas células leucêmicas estejam presentes na amostra. Assim como o teste FISH, é usado para diagnosticar alterações genéticas específicas. Punção lombar A leucemia linfoide aguda pode se disseminar para a área ao redor do cérebro e da medula espinhal. Para saber se existe disseminação da doença nessas áreas, é retirada uma pequena amostra do líquido cefalorraquidiano para exames. A punção lombar também pode ser utilizada para a injeção de medicamentos quimioterápicos diretamente no líquido cefalorraquidiano para evitar ou tratar a disseminação da doença na medula espinhal e no cérebro. ESTADIAMENTO O sistema da OMS divide a leucemia linfoide aguda em vários grupos: Leucemia linfoide aguda de células B Leucemia linfoide aguda de células B com determinadas anormalidades genéticas Leucemia linfoide aguda de células B com hipodiploidia (as células de leucemia têm menos de 44 cromossomos). Leucemia linfoide aguda de células B com hiperdiploidia (as células de leucemia têm mais de 50 cromossomos). Leucemia linfoide aguda de células B com translocação entre os cromossomos 9 e 22 (o cromossomo Filadélfia, que cria o gene BCR- ABL1). Leucemia linfoide aguda de células B com translocação entre o cromossomo 11 e outro cromossomo. Leucemia linfoide aguda de células B com translocação entre os cromossomos 12 e 21. Leucemia linfoide aguda de células B com translocação entre os cromossomos 1 e 19. Leucemia linfoide aguda de células B com translocação entre os cromossomos 5 e 14. Leucemia linfoide aguda de células B com amplificação de uma porção do cromossomo 21 (iAMP21) *. Leucemia linfoide aguda de células B com translocações envolvendo certas tirosinas quinases ou receptores de citocinas (BCR- ABL1)*. Leucemia linfoide aguda de células B, não especificado de outra forma Leucemia linfoide aguda de células T Leucemia linfoide precursora de células T precoce*. * Ainda não está claro se existem evidências suficientes que é um grupo único. Leucemia linfoide aguda de linhagem mista Um pequeno número de leucemias agudas apresenta características linfoides e mieloides. Às vezes, as células leucêmicas têm características tanto mieloides quanto linfoides nas mesmas células. Em outros casos, um paciente pode ter algumas células leucêmicas com características mieloides e outras com características linfoides. Estes tipos de leucemias podem ser denominados de leucemias de linhagem mista, leucemia indiferenciada aguda ou leucemia aguda com fenótipo misto. A maioria dos estudos sugerem que estas leucemias tendem a ter um pior prognóstico do que os subtipos padrão de leucemia linfoide aguda ou leucemia mieloide aguda. O tratamento intensivo, como um transplante de células tronco, é muitas vezes realizado quando possível, porque não existe um alto risco de recidiva após o tratamento. LEUCEMIA MISTA INTRODUÇÃO É uma leucemia extremamente rara e incomum, sendo caracterizada pela presença de antígenos de superfície citoplasmático ou nuclear tanto da linhagem mielóide como da linhagem linfóide. A leucemia bifenotípica tem a base biológica desconhecida e comporta-se clinicamente com uma menor taxa de remissão, devendo ser tratada com quimioterapia mais intensificada. No sangue periférico, a presença de blastos das duas linhagens, juntamente com anemia e plaquetopenia, formam o quadro da leucemia bifenotípica. LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA INTRODUÇÃO A LMC é mais comum em homens na faixa etária de 20 a 50 anos e representa cerca de 20% de todas as leucemias, o que equivale a 1,6 casos por 100 mil habitantes. É uma doença de origem clonal (anômala), com presença do cromossomo Philadelfia em 90% dos casos (cromossomo 22 anormal). Outro exemplo é a exposição a radiações ionizantes, que podem levar à LMC. Na Leucemia Mielóide Crônica, é comum em 95% dos casos uma acentuada leucocitose, dos quais 75% estão acima de 50 mil leucócitos por mm3, e 45% ultrapassam os 100 mil leucócitos por mm3. A presença de células mielóides em vários graus de maturação é característica. Na LMC, é bastante comum haver basofilia inexplicada, porém, os estudos apontam que, quanto maior o número de basófilos no sangue periférico, pior o prognóstico do paciente. Existem algumas variantes clínicas e morfológicas na Leucemia Mielóide Crônica: Variantes Clínicas: LMC típica com o cromossomo Philadelfia (ph1); LMC atípica sem o cromossomo Philadelfia (ph1); LMC em bebês. Variantes Morfológicas (raríssimas): Leucemia Eosinofílica Crônica; Leucemia Basofílica Crônica; Leucemia Monocítica Crônica; Leucemia Neutrofílica Crônica. A evolução clínica da LeucemiaMielóide Crônica divide-se em três fases: crônica, acelerada e blástica. Inicialmente, há a fase crônica, que é mais prolongada, durando de quatro a cinco anos; segue-se uma fase acelerada, que é mais curta, cerca de mais de um ano; e, finalmente, a fase blástica (crise), habitualmente fatal, com duração de dois a dez meses. FISIOPATOLOGIA A leucemia mieloide crônica (LMC) é caracterizada por leucocitose com desvio a esquerda; esplenomegalia e presença do cromossomo Ph. A incidência de LMC é de 1 a 2 casos para cada 100 mil habitantes e representa aproximadamente cerca de 15% de todas leucemias. Embora a doença seja relacionada à presença de uma única alteração genética, a progressão clínica apresenta-se heterogênea em várias fases da doença classificando-se em fase crônica (FC), fase acelerada (FA) e crise blástica (CB). A fase crônica é caracterizada por hiperplasia medular e maturação das células mieloides, é facilmente controlada por terapia medicamentosa. A fase acelerada caracteriza-se por leucocitose e basofilia, anemia e trombocitopenia. A progressão da fase acelerada para a crise blástica está associada à instabilidade genômica, nesse estágio da doença, muitos pacientes evoluem para óbito entre três a seis meses. Na fase crônica acontece a apresentação clínica de hepatoesplenomegalia e desvio à esquerda com predomínio de granulócitos neutrófilos, podendo haver presença de células imaturas, como o mieloblasto, promielócito, mielócito e metamielócito. Também apresentando, na maioria dos pacientes, um quadro de basofilia e eosinofilia, um aumento moderado de monócitos e alguns eritroblastos ou fragmentos de megacariócitos no sangue periférico. Quanto à série vermelha, pode haver uma anemia discreta e aumento de plaquetas. A leucemia mieloide crônica (LMC) evolui da fase crônica para um período mais avançado da doença e de difícil controle, chamada fase acelerada. Essa fase foi descrita pelo M.D. Anderson Câncer Center (MDACC), International Blood and Maroow Transplantation (IBMTR) e também pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Independente da classificação usada elas possuem critérios objetivos, como o número de blastos, basófilos e presença de evolução clonal, também tem como característica leucocitose persistente. Pacientes com leucemia mieloide crônica raramente são diagnosticados em fase acelerada e o número de pacientes que evoluem da FC para FA tende a reduzir drasticamente. A sobrevivência de pacientes em FA é de apenas um a dois anos. De acordo com Bortolheiro e Chiattone (2008), na crise blástica o quadro é diferenciado, pois se apresenta exuberante, é mais fácil de identificar pacientes nessa fase (embora alguns pontos permaneçam controversos). Um paciente é considerado em crise blástica, quando o número de blastos é ≥ 30% ou quando a soma de promielócitos e blastos for ≥ 30%. É importante salientar que o número de blastos é uma variável contínua. Em cerca de 70% dos casos de crise blástica (CB), a transformação é mieloide, e em 20% a 30%, linfoide. Na CB Mieloide (CBM), a transformação pode ocorrer em múltiplas linhagens ou predominar em uma linhagem: mieloblástica, eosinofílica, basofílica, monocítica, megacarioblástica, eritroblástica ou combinação destas. A CB Linfoide (CBL) pode surgir subitamente, sem ser precedida pela fase acelerada, e nela geralmente não ocorre displasia e nem basofilia. A desordem da leucemia mieloide crônica (LMC) começa com uma superprodução não letal de leucócitos, que logo evolui para uma leucemia. Essas células leucêmicas são identificadas, principalmente, pela presença de uma translocação cromossômica. Sabe-se que a LMC está associada à presença do cromossomo Ph. Embora ele seja observado em outras leucemias e até mesmo em condições neoplásicas não hematopoiéticas, ele é reconhecido como marcador da LMC. Segundo Nowell & Hungerford e Johansson et al, o cromossomo Ph foi a primeira alteração cromossômica associado a um tipo específico de neoplasia. O cromossomo Ph é resultado de uma translocação recíproca entre o braço longo do cromossomo 9 e o braço curto do cromossomo 22. Essa translocação resulta em um gene quimérico, conhecido como gene BCR-ABL, que possui atividade de tirosina quinase elevada. O gene BCR possui diferentes pontos de quebra, dependendo de cada loci para produzir uma resposta, cada um desses pontos produz transcrições de diferentes tamanhos que possuem capacidade de codificar vários produtos quiméricos, como proteínas p190, p210 e p230, que estão relacionadas com a diferenciação dos fenótipos leucêmicos. São responsáveis por alterações nas vias intracelulares, como por exemplo, independência nos fatores de crescimento da célula, inibição da apoptose e desequilíbrio celular. Todas essas alterações ocorrem devido à atividade de tirosina quinase elevada. A atividade molecular do gene ABL está diretamente ligada à tradução da proteína p145, que regula a atividade de tirosina quinase, fazendo com que a homeostase do organismo permaneça. É importante salientar, que apesar da translocação acontecer de forma recíproca, o cromossomo 9, que recebe parte do cromossomo 22 (BCR), até o momento não possui correlação com o prognostico da leucemia mieloide crônica e em algumas linhagens celulares ocorre sua deleção. Como foi dito anteriormente, o fenótipo das leucemias está relacionado com o ponto de quebra ou ponto de fusão específico para a formação do gene híbrido BCR- ABL. O proto-oncogene ABL pode fazer a junção em três regiões distintas, como o M-bcr, que está envolvido na parte central do gene BCR e traduz a proteína p210, que provoca o fenótipo maligno da LMC, pois promove a mieloproliferação e aumento da atividade quinásica. O m-bcr é outra região onde pode haver translocação, ocorre a tradução da p190 e está presente nos casos de pacientes com LLA. Já o loci µ- bcr é considerado a forma mais branda para a formação do gene BCR-ABL e traduz p230. Os aspectos biológicos do gene BCR-ABL, consistem principalmente na independência de fatores que levam à instabilidade genômica e, consequentemente, mutações que agravam a regulação do ciclo celular, promovendo resistência a apoptose e a perda da capacidade de adesão da célula no estroma da MO e matriz extracelular. Fase crônica Nesta fase, ocorrem várias alterações clínicas e laboratoriais bem características. No sangue periférico, os granulócitos apresentam-se em todas as fases de maturação, porém são mais encontrados na forma madura. Os blastos e promielócitos estão com contagem abaixo de 10% e a basofilia variável. Anemia é discreta geralmente normocrômica e normocítica, plaquetas normais ou plaquetose com raros casos de plaquetopenia, e a leucocitose é geralmente não muito elevada. Na bioquímica, entre outros testes, o DHL e o ácido úrico também estão elevados. Fase acelerada Esta fase é caracterizada pela progressiva resistência à terapêutica (não responde bem ao hidroxiúreia). Também se vê um aumento de células blásticas e de promielócitos, 10% a 20%. No sangue periférico, a basofilia é geralmente superior a 20%, sendo a leucocitose superior a 100.000 por mm3 na maioria dos casos, com as plaquetas freqüentemente baixas. É geralmente vista a esplenomegia nesta fase da LMC também. Fase blástica Também é conhecida como fase de agudização e, além de todos os sintomas anteriores, a dor óssea pode ser citada. É característico o grande número de blastos na medula óssea e no sangue periférico (superior a 30%), o que pode causar confusão com outras leucemias. Essas células, em 50% dos casos, são mieloblastos, 25% dos casos linfoblastos e, no restante, células indiferenciadas ou bifenotípicas. Nesta fase, intensificam-se as hemorragias ea anemia. A infiltração extramedular é comum, ocorrendo particularmente na pele, linfonodos, no osso e no sistema nervoso central. A acentuada leucocitose vista na Leucemia Mielóide Crônica é causada por vários fatores conjuntos, entre eles: Aumento no número de precursores; Aumento de mitoses; Aumento da sobrevida das células; Amadurecimento mais rápido das células malignas; Apoptose (morte celular) interrompida pelo gene cr pH1. TRATAMENTO O tratamento em geral não é urgente mesmo com contagens de leucócitos acima de 200.000/μL, uma vez que a maioria das células circulantes é formada por células mieloides maduras que são menores e mais maleáveis do que os blastos leucêmicos primitivos. Nos casos raros em que ocorrem sintomas resultantes de hiperleucocitose extrema (priapismo, desconforto respiratório, borramento da visão, alteração do nível de consciência), procede-se à leucoaférese emergencial em conjunto com terapia mielossupressiva. Na fase crônica da LMC, o objetivo do tratamento é normalizar as anormalidades hematológicas e suprimir o clone maligno que expressa bcr/abl. O tratamento preferencial consiste em um inibidor da tirosina quinase que tem como alvo a abl-quinase com atividade aberrante. Espera-se que a remissão hematológica completa, com normalização das contagens sanguíneas e da esplenomegalia, ocorra dentro de três meses do início do tratamento. Também deve ser obtida uma resposta citogenética, de preferência no prazo de seis meses, mas ainda de forma ótima ao final de 12 meses Os pacientes com LMC em fase avançada (fase acelerada ou crise blástica mieloide/linfoide) devem ser tratados com um inibidor da tirosina quinase de forma isolada ou em combinação com quimioterapia mielossupressora. As doses dos inibidores da tirosina quinase nesses casos são geralmente maiores do que as da fase crônica. Como a duração da resposta aos inibidores da tirosina quinase nessa situação é limitada, os pacientes devem ser considerados para transplante alogênico de células-tronco. Assim, o transplante alogênico de células-tronco deve ser considerado para pacientes cuja doença não está bem controlada, quando a doença progride após resposta inicial ou para pacientes com fase acelerada ou blástica da doença. EXAMES Hemograma completo. Esse exame mede os níveis de diferentes células sanguíneas que ajudam no diagnóstico da leucemia. O hemograma completo geralmente inclui um diferencial, que é uma contagem dos diferentes tipos de glóbulos brancos em sua amostra de sangue. A maioria dos pacientes com leucemia mieloide crônica apresentam glóbulos brancos imaturos no sangue e uma quantidade insuficiente de células vermelhas ou plaquetas. Embora estes resultados possam sugerir leucemia, a doença geralmente não é diagnosticada sem um estudo das células da medula óssea. Se o médico suspeitar que você possa ter leucemia, ele solicitará uma biópsia para ter certeza do diagnóstico. Exame da medula óssea. Uma característica importante de uma amostra da medula óssea é a quantidade de células formadoras de sangue, o que é conhecido como celularidade. A medula óssea normal contém células formadoras de sangue e células adiposas. Se a medula óssea de um paciente tem mais células formadoras de sangue do que o esperado, diz-se que é hipercelular. Se poucas dessas células forem encontradas, a medula é denominada hipocelular. Em pacientes com leucemia mieloide crônica, a medula óssea é muitas vezes hipercelular porque contém muitas células leucêmicas. Estes exames também podem ser realizados após o tratamento para verificar se a leucemia está respondendo ao tratamento. Exames bioquímicos. Esses exames medem a quantidade de determinadas substâncias químicas no sangue, mas não são feitos para diagnosticar a leucemia. Eles podem ajudar a diagnosticar problemas no fígado ou rins causados pela disseminação da doença ou pelos efeitos colaterais de certos medicamentos. Esses exames também determinam se o paciente precisa de tratamento para corrigir os níveis sanguíneos de certos minerais. ESTADIAMENTO Fases da leucemia mieloide crônica A leucemia mieloide crônica é dividida em 3 grupos, baseada principalmente no número de glóbulos brancos imaturos (blastos) no sangue ou na medula óssea: Fase crônica. Os pacientes nesta fase têm menos do que 10% de blastos nas amostras de sangue ou medula óssea. Estes pacientes geralmente apresentam sintomas leves (se existirem) e geralmente respondem ao tratamento padrão. A maioria dos pacientes é diagnosticada na fase crônica. Fase acelerada. Os pacientes são considerados em fase acelerada, se qualquer um dos seguintes for verdadeiro: 1. Amostras de sangue ou da medula óssea com mais de 15% e menos do que 30% de blastos. 2. Basófilos correspondem a 20% ou mais do sangue. 3. Blastos e promielócitos combinados correspondem s 30% ou mais do sangue. 4. Contagem de plaquetas muito baixas, não causadas pelo tratamento. 5. Novas alterações cromossômicas nas células leucêmicas com o cromossomo Filadélfia. Os pacientes com leucemia mieloide crônica em fase acelerada podem apresentar sintomas como febre, falta de apetite e perda de peso. Nesta fase , os pacientes não respondem ao tratamento tão bem quanto na fase crônica. Fase blástica. A medula óssea e as amostras de sangue de um paciente nesta fase têm mais de 20% de blastos. As células blásticas frequentemente se espalham para tecidos e órgãos além da medula óssea. Esses pacientes geralmente apresentam sintomas, como febre, falta de apetite e perda de peso. Nesta fase, a leucemia age como uma leucemia aguda. LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA INTRODUÇÃO A LLC é mais comum em homens do que em mulheres, sendo a idade de maior incidência acima dos 65 anos. É uma doença rara antes dos 50 anos de idade. Nos países do Ocidente, a LLC representa cerca de 30% de todos os casos de leucemias (cinco casos para cada 1 milhão de habitantes), porém é baixa a incidência da LLC na Ásia. No Brasil, surgem aproximadamente 1,5 mil casos novos por ano de LLC. A Leucemia Linfoide Crônica tem origem nos linfócitos maduros e representa um grupo de cerca de 12 doenças linfoides maduras. A LLC de células B (LLC-B) é a mais comum das doenças linfoproliferativas crônicas. Os linfócitos na LLC invadem órgãos linfoides, como o baço e os linfonodos, além de quase todas as partes do corpo, como sangue periférico, medula óssea, pele e meninge. A doença é geralmente assintomática, mas podem surgir sintomas como cansaço, perda de peso e linfoadenopatia, além de também serem vistas na LLC infecções por bactérias comuns. Há casos de LLC que evoluem para o Linfoma Difuso de Grandes Células B: essa evolução é conhecida como “Síndrome de Richter”. É acompanhada por febre, sudorese, anemia, trombocitopenia, linfoadenopatia e um mau prognóstico de mais ou menos seis anos de vida. A etiologia da Leucemia Linfóide Crônica ainda é desconhecida, porém há casos de predisposição genética. Pela medula óssea e sangue periférico, pode ser feito o diagnóstico da LLC, e em alguns casos é feita pela biópsia do gânglio linfático e baço. A Biologia Molecular e a Citogenética definem a doença. No sangue periférico, o achado mais característico é a linfocitose persistente de linfócitos maduros, pequenos com núcleos redondos, cromatina densa e com pouco citoplasma. Com a progressão da doença, ocorrem leucocitose e aumento do número de linfócitos, além de anemia e plaquetopenia, que são muito comuns. Frequentemente, são vistas manchas nucleares (Grumprecht). É comum síndromes de auto-imunidade como a anemia hemolítica, que pode ser desencadeada pelo tratamento com Fludarabina ou pela própria doença.Também há casos de hipergamaglobulinemia e teste de coombs positivo. A LLC pode ser dividida em três grupos: Š LLC típica ou clássica: os linfócitos maduros são a maioria, presença de raros ou nenhum prolinfócitos ou linfócitos atípicos. LLC com transformação prolinfocítica: a característica principal é a presença de 11% a 54% de prolinfócitos no sangue periférico. Mista: a presença de até 10% de prolinfócitos e frequentemente linfócitos atípicos. É comum não se tratar pacientes no estado inicial da Leucemia Linfóide Crônica, porém no estado progressivo é comum o uso de Clarambucil. PATOGÊNESE A leucemia linfoide crônica foi durante muito tempo entendida como uma doença relativamente homogênea causada pela acumulação de linfócitos B monoclonais, imuno-incompetentes e com graves distúrbios nos mecanismos normais de apoptose. Evidências recentes demonstram que as células leucêmicas LLC constituem-se em linfócitos B previamente expostos a antígenos, ou seja, provavelmente imunocompetentes. Além disso, ao contrário do que se acreditava, o aparato de apoptose destas células parece estar intacto. Pelo menos dois subgrupos distintos de LLC podem ser caracterizados por particularidades imunobiológicas, cursos clínicos e prognósticos distintos. A presença de mutações somáticas em genes da região variável de imunoglobulina define estes dois subtipos, onde o grupo não mutado apresenta melhor prognóstico, ao passo que o grupo com mutações indica cursa com pior prognóstico. A célula de origem da LLC, ou seja, a célula em que o evento leucemogênico inicial ocorre provavelmente é um progenitor linfóide, com boa parte da sua maquinaria transcipcinal comprometida com a linhagem B, mas com algumas características de linfócitos T anormalmente expressas. A progressão destas células para os linfócitos tipicamente LLC depende de estimulação antigênica. Tanto as formas não mutada como mutada expressam BCR, mas, aparentemente, as células com mutação são anérgicas. Células de LLC não mutada apresentam telômeros mais curtos que nos casos com mutação, indicando que os primeiros devem sofrer um número maior de divisões celulares e, portanto, uma maior probabilidade de adquirirem mutações. A expressão anômala de ZAP70, uma tirosina-quinase importante no processo de fosforilação de CD3 em linfócitos T, associa-se fortemente com o status não mutado e pode ser utilizado como um possível "surrogate" para a avaliação prognóstica. Alterações citogenéticas são frequentes em LLC, mas provavelmente são fenômenos tardios da doença e a sua aquisição apresenta correlações prognósticas. TRATAMENTO O tratamento da LLC-B abrange desde a observação periódica do paciente (procedimento de watch and wait), sem medicação específica, até uma variedade de opções terapêuticas. Estas incluem: corticosteróides, agentes alquilantes, análogos de purina, quimioterapia combinada, anti-corpos monoclonais, quimioimunoterapia e transplante. Por ser doença incurável, incidir preferentemente em idosos e progredir lentamente, a LLC-B é geralmente tratada conservadoramente. Em pacientes assintomáticos, o tratamento pode ser adiado até que o paciente se torne sintomático, na progressão da doença. Como a taxa de progressão varia de paciente a paciente, por vezes com longos períodos de estabilidade e até com regressão espontânea da doença, é necessário um seguimento frequente e cuidadoso para monitorar a evolução clínica A maioria dos casos iniciais de LLC indolor não necessita de terapia específica, e o tratamento padrão para a doença em estágio inicial tem sido observação. Entre as indicações para tratamento estão cansaço progressivo, linfadenopatia sintomática, anemia ou trombocitopenia. Tais pacientes são classificados nos estágios II de Rai com doença sintomática e progressiva ou III/IV. O tratamento inicial preferencial é a associação do quimioterápico fludarabina ao anticorpo monoclonal rituximabe, com ou sem a adição do quimioterápico ciclofosfamida. EXAMES Hemograma completo e de sangue periférico Estes exames avaliam os diferentes tipos de células do sangue, mudanças na quantidade e aparência dessas células ajudam no diagnóstico da leucemia. Os pacientes com leucemia linfoide crônica têm uma quantidade aumentada de linfócitos (linfocitose). Ter mais de 10.000 linfócitos/mm³ pode sugerir leucemia linfoide crônica, mas é necessário a realização de outros exames para a confirmação diagnóstica. Uma amostra de sangue é analisada sob o microscópio (esfregaço de sangue periférico). Se a leucemia linfoide crônica for confirmada, o exame de sangue periférico pode evidenciar a presença de linfócitos anormais denominados células manchadas. Citometria de fluxo A citometria de fluxo é feita com um aparelho que consegue fazer medidas individuais de milhares de células, numa contagem exata que é essencial para a eficiência do tratamento da doença. Essa técnica é muitas vezes usada para examinar as células da medula óssea, gânglios linfáticos e amostras de sangue, para o diagnóstico das leucemias. Este exame pode ser realizado para analisar se os linfócitos de uma amostra de sangue contém células de leucemia linfoide crônica. Ele também pode ser usado para o diagnóstico da leucemia linfoide crônica na medula óssea ou outros líquidos corporais. A citometria de fluxo também pode ser utilizada para determinar a presença de ZAP-70 e CD38 sobre as células. Estudos sugerem que a leucemia linfoide crônica com poucas células com esses marcadores tem um melhor prognóstico. Outros exames de Sangue Outros exames podem ser realizados para medir a quantidade de determinados produtos químicos no sangue, mas não são usados para diagnosticar leucemias. Em pacientes com leucemia linfoide crônica, esses exames detectam problemas no fígado ou rim provocados pela proliferação das células leucêmicas ou devido aos efeitos colaterais da quimioterapia. Esses exames também determinam se é necessário tratamento adicional para corrigir a presença de determinados minerais no sangue. Se estiver previsto o tratamento com rituximab o médico pode solicitar exames de sangue para verificar a presença (ou não) do vírus da hepatite. O nível de imunoglobulina no sangue (anticorpos) pode ser realizado para verificar se o paciente tem quantidades suficientes de anticorpos para combater infecções. A proteína beta-2-microglobulina também pode ser determinada. Níveis elevados desta proteína geralmente indicam leucemia linfoide crônica avançada. Biópsia e aspiração da medula óssea A biópsia e a aspiração da medula óssea são dois exames realizados ao mesmo tempo. As amostras são geralmente colhidas do osso da pelve, embora em alguns casos, possam ser colhidas do esterno ou outros ossos. A biópsia da medula óssea é geralmente feita logo após a aspiração, com a remoção de uma amostra do osso com uma agulha. Estas amostras são enviadas para análise em um laboratório de patologia. Estes procedimentos também podem ser feitos após o tratamento para avaliar se a leucemia está respondendo à terapia. Exames genéticos • Citogenética. Neste exame, os cromossomos das células leucêmicas são analisados para diagnosticar qualquer anormalidade. Em alguns casos de leucemia, as células apresentam alterações cromossômicas visíveis sob um microscópio. • Hibridização fluorescente in situ (FISH). Este é outro tipo de exame que avalia os cromossomos, usando corantes fluorescentes que só se ligam a partes específicas de cromossomos específicos. O FISH detecta a maioria das alterações cromossômicas (translocações), visíveis ao microscópio em exames citogenéticos, bem como pequenas alterações não visualizadas em exames de citogenética. FISH pode ser usado para diagnosticar alteraçõesespecíficas nos cromossomos, podendo ser utilizado em exames de sangue ou em amostras da medula óssea. • Exames moleculares. Imunoglobulinas, anticorpos que ajudam o organismo no combate às infecções, são compostas de cadeias leves e pesadas. Se o gene para a cadeia pesada de imunoglobulina da região variável (IGHV ou IgVH) estiver alterado permite saber o grau de agressividade da doença. Esse gene é encontrado no sequenciamento do cDNA. Biópsia dos linfonodos A remoção de um gânglio linfático ou parte de um linfonodo é um procedimento importante no diagnóstico de linfomas, mas raramente é necessário nas leucemias. Neste procedimento, o cirurgião faz uma incisão na pele e remove todo o linfonodo (biópsia excisional) ou apenas uma pequena parte (biópsia incisional). Se o linfonodo está localizado na superfície da pele, o procedimento é simples, e pode ser realizado sob anestesia local, mas se estiver em planos mais profundos será necessária anestesia geral. Punção lombar O procedimento utilizado para recolher amostras do líquido cefalorraquidiano ou líquor é chamado de punção lombar. O líquor é o líquido que banha o cérebro e a medula espinal. Para este exame o médico anestesia a parte inferior das costas e com auxílio de uma agulha, retira parte do fluido. Este não é um exame de rotina para pacientes com leucemia linfoide crônica, só é realizado se houver suspeita de que células leucêmicas se disseminaram para a medula espinhal ou cérebro, ou se houver suspeita de infecção nessas regiões. ESTADIAMENTO Um sistema de estadiamento é a maneira padronizada para que todos os membros de uma equipe multidisciplinar entendam de imediato a extensão da doença. Existem 2 sistemas utilizados na LLC: Sistema Rai. Usado com mais frequência nos Estados Unidos. Sistema Binet. Usado na Europa. Sistema de estadiamento Rai O sistema Rai está baseado na linfocitose. O paciente deve ter um alto número de linfócitos no sangue e na medula óssea que não esteja relacionado a nenhuma outra causa, como uma infecção. Esse sistema divide a leucemia linfoide crônica em 5 estágios, com base nos resultados de exames de sangue e exame físico: Estágio Rai 0. Linfocitose. Os linfonodos, baço ou fígado não estão aumentados e glóbulos vermelhos e plaquetas normais. Estágio Rai I. Linfocitose mais linfonodos aumentados. O baço e o fígado não estão aumentados e glóbulos vermelhos e plaquetas normais. Estágio Rai II. Linfocitose e aumento do baço (e, possivelmente, aumento do fígado), com ou sem aumento dos linfonodos. Glóbulos vermelhos e plaquetas normais. Estágio Rai III. Linfocitose mais anemia, com ou sem aumento dos linfonodos, baço ou fígado. Plaquetas normais. Estágio Rai IV. Linfocitose mais trombocitopenia, com ou sem anemia, aumento dos linfonodos, baço ou fígado. Para fins práticos, os médicos separam os estágios Rai em 3 grupos: Estágio 0. Risco baixo. Estágio I e II. Risco intermediário. Fases III e IV. Risco alto. Sistema de estadiamento Binet No sistema de estadiamento Binet, a leucemia linfoide crônica é classificada pelo número de grupos de tecido linfoide afetados (linfonodos cervicais, linfonodos inguinais, linfonodos axilares, baço e fígado) e pelo fato do paciente apresentar anemia ou trombocitopenia: Estágio Binet A. Menos do que 3 áreas de tecido linfoide aumentadas, sem anemia ou trombocitopenia. Estágio Binet B. 3 ou mais áreas de tecido linfoide aumentadas, sem anemia ou trombocitopenia. Estágio Binet C. Anemia ou trombocitopenia presente. DESVIO A ESQUERDA A contagem normal de leucócitos varia de 4.000 a 11.000 células/mcl, com cerca de 60% delas sendo neutrófilos maduros. A leucocitose é definida por uma contagem de leucócitos superior a 11.000 células/mcl. Uma contagem de neutrófilos acima de 8.000 células/mcl é considerada neutrofilia. O aumento da contagem de neutrófilos pode ocorrer por diversos motivos, sobretudo associado a qualquer tipo de infecção, especialmente à infecção causada por agentes bacterianos ou fúngicos, e a uma variedade de neoplasias malignas, principalmente se metastáticas, além das leucemias agudas e da leucemia mieloide crônica. A neutrofilia pode estar relacionada ao chamado “desvio à esquerda”, situação em que há aumento de células imaturas granulocíticas como mielócitos e metamielócitos, ou uma concentração de bastonetes maior que 10% da concentração dos netrófilos segmentados. Esses achados ocorrem sobretudo em quadros infecciosos e inflamatórios e em pacientes com doenças mieloproliferativas crônicas. Quando os neutrófilos são jovens, isto é, quando ainda estão em fase de desenvolvimento, eles são chamados de bastões. Quando estão maduros, eles são chamados de segmentados. Quando estamos infectados por uma bactéria, o objetivo do sistema imunológico é controlar a infecção de modo rápido. A forma como a medula responde à messa invasão é através do aumento da produção e da liberação do maior número de neutrófilos possíveis para a corrente sanguínea. Não há tempo para esperar que os bastões fiquem maduros antes de lançá-los ao combate. Em situações normais, apenas 4% a 5% dos neutrófilos circulantes são bastões. A presença de um percentual maior dessas células jovens, associado a uma leucocitose com neutrofilia, sugere fortemente a existência de uma infecção aguda. Quando o paciente apresenta muitos bastões no sangue, dizemos que ele tem um “desvio à esquerda”. Esta denominação deriva do fato dos laboratórios fazerem no hemograma a listagem dos diferentes tipos de leucócitos colocando seus valores um ao lado do outro. Como os bastões costumam estar à esquerda na lista, quando há um aumento do seu número, dizemos que há um desvio para a esquerda no hemograma. Portanto, desvio à esquerda no hemograma é um sinal de produção aumentada de neutrófilos, o que, na maioria dos casos, indica um processo infeccioso agudo em curso. OBJETIVO 03.DEFINIR E DIFERENCIAR TUMORES SÓLIDOS E NÃO SÓLIDOS. Existem hoje na medicina vários tipos de cânceres chamados hematológicos, originários das células do sangue, sendo os três principais: as leucemias – tipo que tem início na medula óssea; os linfomas – que se originam no sistema linfático e se dividem entre Hodgkin e Não-Hodgkin; e o mieloma múltiplo, desenvolvido a partir dos plasmócitos. A principal diferença é que os cânceres hematológicos têm origem no tecido hematológico ou no sistema linfático. Eles podem circular (sendo assim chamados líquidos), enquanto os sólidos ficam restritos a seus órgãos de origem ou, em alguns casos, com metástase para outros órgãos, mas quase sempre com lesões ‘sólidas’. Entre as diferenças estão também os sintomas. Enquanto as manifestações dos tumores sólidos estão relacionadas ao local em que ele está instalado, como nódulos na mama, dores ósseas nos tumores ósseos e escarros com sangue no caso do câncer de pulmão, os sintomas dos cânceres hematológicos são diversos e dependem muito do tipo desenvolvido. Nos linfomas, por exemplo, o mais comum são linfonodos (ínguas) indolores, febre, sudorese noturna e perda de peso. Já no mieloma múltiplo o indivíduo pode apresentar dores ósseas, anemia e insuficiência renal. Os sintomas dos cânceres hematológicos são inespecíficos, confundidos com uma série de outras doenças. Então é importante fomentar o conhecimento sobre esses sintomas, para que os diagnósticos sejam realizados mais precocemente. Já quando se fala de tratamento, apesar da principal diferença ser em relação à cirurgia – para os tumores sólidos a cirurgia é uma opção importante para a retirada do tumor, nos hematológicos, procedimentos mais invasivos são utilizados apenas para coleta de material para diagnóstico– os avanços da medicina para ambos caminham lado a lado. As células hematológicas, por apresentarem a habilidade de circular pelo corpo, são mais fáceis de cultivar em laboratório, gerando melhor entendimento e estudo acerca de suas características. OBJETIVO 04. ENTENDER O PAPEL DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR E DAS ENTIDADES DE APOIO NO ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO E REFERÊNCIA/CONTRARREFERÊNCIA DOS PACIENTES COM LEUCEMIA E SUAS FAMÍLIAS, BEM COMO AS POLÍTICAS PÚBLICAS. (UNACON) Existem ONGS como a GRAAC, CASA HOPE, ABRAPEC que dão todo o suporte psicológico, financeiro e medico que os pacientes oncológicos precisam, visto que muitas vezes eles não tem condições de arcar com tais custos. O GRAAC é uma instituição sem fins lucrativos, criada para garantir a crianças e adolescentes com câncer, dentro do mais avançado padrão cientifico, o direito de alcançar todas as chances de cura com qualidade de vida. O hospital do GRAAC possui cerca de 3000 crianças atendidas anualmente, entre sessões de quimioterapia, consultas, procedimentos ambulatoriais, cirurgias, transplantes de medula óssea e outros. Além de diagnosticar e tratar o câncer infantil, o GRAAC atua no desenvolvimento de ensino e pesquisa. O GRAAC nasceu em 1991, graças a iniciativa de Dr. Sergio Petrilli, chefe do setor de oncologia do departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina. O primeiro passo foi transferir o setor de oncologia pediátrica do hospital são Paulo para uma casa, que ficou conhecido como “casinha”. Os pequenos paciente eram atendidos nesse local, dentro do conceito de hospital-dia, onde recebiam atendimento médico e assistencial e voltavam para suas casas. Desde 1998, o Hospital do GRAACC corresponde ao setor de Oncologia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), vinculado ao Departamento de Pediatria. A parceria assegura ao GRAACC suporte técnico e científico e impulsiona a criação de conhecimento e a qualidade das pesquisas genéticas, clínicas, cirúrgicas e biológicas sobre o câncer infantil, colaborando para criar novos protocolos terapêuticos. Para os alunos da Unifesp, o trabalho conjunto proporciona a experiência prática no hospital, aperfeiçoando a qualificação dos novos profissionais, que ajudarão a difundir técnicas de prevenção e tratamento do câncer infantil em todo o País. A atuação dos oncologistas pediátricos é dirigida a crianças e adolescentes e engloba as modalidades tratamento ambulatorial (em regime de internação em enfermaria e em unidade de tratamento intensivo – UTI), procedimentos diagnósticos e terapêuticos, cirúrgicos, quimioterapia, radiologia e tratamento de suporte. EQUIPE MULTIDISCIPLINAR O tratamento oncológico envolve etapas diversas e para cada uma delas existe um profissional especializado para oferecer o melhor atendimento. A medicina é um dos campos mais vastos do conhecimento humano. Um médico oncologista pode passar cerca de 10 anos estudando antes de se tornar um especialista, sendo 6 anos de formação em medicina, a pós-graduação em oncologia e mais 2 ou 3 anos de residência clínica ou estágio em instituição reconhecida. Mesmo assim, seria praticamente impossível que esse profissional trabalhasse sozinho. É essencial ter o apoio de um enfermeiro oncologista, por exemplo, para aplicar e intermediar o tratamento entre paciente e médico. Além dele, existem outros profissionais envolvidos que se dedicam a ajudar de outras formas, como o nutricionista, já que a alimentação é primordial em qualquer tratamento médico. Para determinar um plano de tratamento, é preciso saber tudo a respeito do paciente, suas condições, tipo de tumor, medicamentos disponíveis, entre diversos outros detalhes. É por isso que existe a equipe multidisciplinar no tratamento contra o câncer. O médico oncologista é quem irá avaliar as condições do tumor, de saúde do paciente, o tratamento indicado, e a evolução do tratamento. O médico oncologista determina o rumo geral do tratamento, qual a forma de tratamento a ser aplicada, se será necessário realizar cirurgia, quimioterapia, radioterapia, ou alguma outra forma de tratamento. Ele também avalia a resposta do tratamento para saber se o mesmo está sendo eficaz ou se é necessário mudar a forma de tratamento. Além disso, também avalia os efeitos colaterais que podem surgir ao longo do tratamento oncológico. Existem ainda profissionais de apoio, como psicólogos, equipe de terapia, odontologista, assistente social, entre outros. Tudo isso para que o paciente possa passar pelo tratamento com todo o suporte que puder ter. UNACON Com a finalidade de direcionar recursos para prevenção e combate ao câncer no Brasil, em 2012 foi criado pelo Governo Federal, através da Lei n° 12.715, o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica, apelidado de PRONON. A Política Nacional para Prevenção e Controle do Câncer – PRONON está estruturada e organizada em uma linha de cuidados que perpassa todos os níveis de atenção, desde a atenção básica até a atenção especializada de média e alta complexidade. Na Oncologia, o SUS atende os pacientes que necessitam de tratamento, através de uma Rede de Atenção Oncológica que inclui hospitais denominados Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia – Unacon ou Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia – Cacon e estabelecimentos de saúde não hospitalares autorizados, com Serviços de Radioterapia e Quimioterapia. Os hospitais habilitados como Unacon ou Cacon fazem assistência às sete modalidades, que devem atuar integralmente: diagnóstico, cirurgia, radioterapia, quimioterapia (oncologia clínica, hematologia e oncologia pediátrica), medidas de suporte, reabilitação e cuidados paliativos, sendo que a reabilitação e os cuidados paliativos, para conforto e comodidade dos doentes.
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