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49 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Unidade II 3 ARQUITETURA HOSPITALAR E SANEAMENTO AMBIENTEAL 3.1 Introdução Um importante objetivo da arquitetura dentro de uma instituição hospitalar é adequar suas instalações físicas para que pacientes e funcionários sintam‑se em segurança, assim existe uma tendência de sempre melhorar os espaços, uma vez que hospital, acima de tudo, é um lugar para a promoção da saúde e prevenção de riscos ocupacionais, sobretudo de infecção hospitalar. Portanto, a arquitetura hospitalar busca, dentro de uma legislação especifica, manter ambientes internos mais agradáveis e também mais eficientes, no sentido de promover fluxos adequados que facilitem os processos de trabalho. Desse modo, sempre se busca um melhor aproveitamento do espaço e racionalização para agilizar o trabalho dos funcionários, em especial, o atendimento aos pacientes. No Brasil, a arquitetura hospitalar passa por modelos de hospitais religiosos (pavilhonar), e o que temos até hoje são modelos modernos, ou seja, monoblocos. As edificaçãoes nacionais seguiram as construções europeias e americanas na transformação da arquitetura hospitalar. Um fator muito relevante e presente foi a noção de higiene e bacteriologia. No início do século XX, os projetos hospitalares estiveram sob a influência dessas ciências. Assim, o que podemos perceber até hoje ainda são construções em monobloco, e hospitais mais antigos como as Santas Casas ainda apresentam uma arquitetura original pavilhonar, contudo com reformas e adequações físicas de seus ambientes. Assim, quando se propõe uma construção hospitalar, deve‑se considerar aspectos legais, ambientais, físicos, de conforto, de humanização e, acima de tudo, de aspecto técnico para a construção dos ambientes e organização dos fluxos de trabalho e de atendimento aos usuários. Lembrete Considerando aspectos legais de arquitetura hospitalar, existe uma importante Resolução, a RDC nº 50, que dispõe sobre o regulamento técnico de planejamento e estabelece normas para projetos físicos de Estabelecimentos Assistências de Saúde (EAS). Todo EAS construído ou reformado deve estar de acordo com as definições e informações contidas neste documento, independentemente de ser um estabelecimento público ou privado. 50 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II Vale enfatizar que, tanto para novas construções como reformas e adequações de espaços físicos em ambientes hospitalares, devemos lembrar que se faz necessário a avaliação de serviços de engenharia e arquitetura especializados em área da saúde. Para aprovação junto aos órgãos competentes, é obrigatório apresentar um planejamento e projeto básico com as especificações e detalhamento do projeto arquitetônico devidamente assinado. Um projeto básico em arquitetura hospitalar deve estar de acordo com a Resolução RDC nº 50 e, portanto, deve conter prioritariamente: • plantas baixas com cortes e fachadas e com as escalas definidas pelo autor do projeto; • todos os ambientes devem ser identificados e com nomenclatura conforme pede a resolução; • descrição de medidas das áreas internas, inclusive de espessura das paredes; • localização exata de bancadas, posição dos leitos, equipamentos fixos, mobiliários e sentido de abertura das portas; • locação da edificação com identificação de acesso para pedestres e veículos; • identificação, na planta, do entorno do terreno onde está a edificação; • legenda com identificação completa do prédio, como endereço completo do estabelecimento, número sequencial das pranchas, área total de todo o pavimento e assinatura do responsável técnico pelo projeto básico. Um projeto básico arquitetônico de um ambiente hospitalar deve ainda receber avaliação, apreciação e orientação de órgãos fiscalizadores, por exemplo, a Vigilância Sanitária, pois, no caso de construção de nova edificação, existe a preocupação do uso solo e o impacto ao meio ambiente. O objetivo é avaliar os seguintes quesitos: funcionalidade do edifício, dimensionamento de ambientes, porte do hospital, verificação de todas as áreas e dimensões lineares, instalações especiais, sistema de fornecimento de energia geral, transformadores e gerador, sistema de gases medicinais adotado, sistema de tratamento de esgoto e sistema de tratamento de resíduos de serviços de saúde (RSS). A proposta de construção de uma nova estrutura hospitalar deve trazer segurança, sustentabilidade e resolutividade para a região, uma vez que o hospital integra uma rede de atenção à saúde e tem como função principal o tratamento e recuperação da saúde dos usuários que dele se utilizam. Quando citamos a sustentabilidade em um projeto arquitetônico, isso significa não somente a preservação do meio ambiente, mas sobretudo adequações do local para atender as exigências legais e às necessidades do homem, ou seja, o hospital deve ser útil para as carências da comunidade local. 51 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Observação Considerando a importância do termo “sustentabilidade”, devemos lembrar ser ele uma referência que nos traz a consciência de desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, preservação do ecossistema e ainda situações e medidas que sejam realistas para as atividades humanas. Devemos ressaltar que a arquitetura hospitalar moderna sempre procurou relacionar o adequado aproveitamento dos recursos naturais de acordo com os estilos arquitetônicos. Assim, com o passar dos anos, o modelo de arquitetura foi o modelo de arquitetura foi aprimorado para oferecer segurança, conforto, sustentabilidade do meio ambiente e, mais recentemente, a humanização hospitalar. Ainda nesse contexto, vale lembrar sobre o significado de saneamento ambiental, que é representado pelo conjunto de ações e serviços e por políticas públicas para o controle da saúde ambiental, cujo objetivo é resolver problemas de infraestrutura nas cidades que podem afetar a saúde e qualidade de vida da população. Portanto, para a Organização Mundial de Saúde, para que ocorra o saneamento ambiental, é necessário o controle de fatores que possam exercer efeitos nocivos sobre o bem‑estar, físico, mental e social dos indivíduos. Assim podemos exemplificar os principais fatores ambientais que merecem monitoramento, vigilância e controle: • poluição do ar, que está representada pela emissão de gases nocivos à saúde do homem; • manutenção do solo, que está representada pelo controle do lixo urbano e das águas; • poluição sonora e visual de grandes centros urbanos; • ocupação desordenada do solo, como irregularidades na construção; • controle de esgoto a céu aberto, o que provoca enchentes. Com isso, cabe enfatizar que é essencial o cuidado com o saneamento básico, que engloba medidas de controle do abastecimento de água, de rede de esgotos, de limpeza pública e ainda a coleta de lixo, que são realizados por serviços municipais e que revelam as condições ambientais dos centros urbanos. O saneamento ambiental tem um papel fundamental na conservação do meio ambiente e na qualidade de vida da população. Deve ser realizado por parte dos gestores, em virtude das atividades econômicas e sociais das empresas, uma gestão ambiental adequada que visa um desenvolvimento sustentável e o uso racional de recursos naturais. 52 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II Desse modo, o projeto arquitetônico de uma unidade hospitalardeve, acima de tudo, ser considerado sustentável, pois deve investir em recursos de menor impacto ambiental, sendo necessário e muito importante um planejamento de melhor aproveitamento de energia elétrica e água, por exemplo, evitando desperdícios e economizando os recursos naturais. Uma preocupação quando o assunto é hospital e sustentabilidade é sobre o descarte de resíduos hospitalares. Lembrete Podemos considerar os resíduos de serviços de saúde (RSS) os despojos provenientes de hospitais, consultórios médicos e odontológicos, laboratórios de análises clínicas, entre outros semelhantes, e os profissionais que manipulam os RSS ficam expostos a riscos, e a manipulação inadequada desses resíduos pode causar situações de acidentes de trabalho. 3.2 Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde Cabe ressaltar que RSS são dejetos de todas as atividades executadas dentro das instituições de saúde e que necessitam de um tratamento diferenciado e adequado, desde de o momento de geração desses resíduos até o descarte final. Segundo as Resoluções Anvisa nº 306/2004 e Conama nº 358/2005, os RSS são classificados em cinco grupos, de acordo com a característica principal do resíduo e potencial de risco. São eles: • Grupo A – contém agentes biológicos, podem apresentar maior risco de infecção e devem ser descartados em recipientes com saco branco identificado como produto infectante; • Grupo B – com produtos químicos, devem ser descartados em galões contentores próprios; • Grupo C – presença de agentes radioativos, devem ser descartados em caixas blindadas; • Grupo D – são considerados resíduos comuns e alguns são recicláveis, como descartáveis e devem ser descartados em recipientes próprios identificados com saco de cor preta; • Grupo E – são materiais perfurantes e cortantes como agulhas, lâminas de bisturi, e devem ser descartados em recipientes rígidos e resistentes. Assim, os serviços de saúde devem exercer suas atividades através de um gerenciamento de resíduos, ou seja, organizar atividades técnicas e administrativas que envolvam todo o processo de controle, como o momento de manuseio inicial desses resíduos, a segregação e origem dos resíduos, a coleta, o acondicionamento, a identificação e o transporte final. 53 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES O ambiente hospitalar é considerado um local que gera um grande volume de resíduos perigosos à saúde e ao meio ambiente. Com isso, é muito importante que existam ações internas que minimizem seus efeitos nocivos. Assim, a Anvisa tem controlado e normatizado as atividades que envolvem o gerenciamento de resíduos em serviços de saúde. Os resíduos do serviço de saúde ocupam um lugar de destaque, pois merecem atenção especial em todas as suas fases de manejo, segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final em decorrência dos imediatos e graves riscos que podem oferecer, por apresentarem componentes químicos, biológicos e radioativos (BRASIL, 2006, p. 30). Observação Importante ressaltar que todos os funcionários que manuseiam os resíduos hospitalares devem utilizar os equipamentos de proteção individual (EPI) mais adequados para lidar com os tipos de resíduos de serviços de saúde no dia a dia de trabalho. Segundo as diretrizes governamentais, cabe aos estabelecimentos de saúde o controle do resíduo, desde a geração até a disposição final. Tem o dever do elaborar das instuições um plano de gerenciamento, registro que aponta e descreve as ações relativas ao manejo dos resíduos sólidos, observadas suas características e riscos, no âmbito das instituições, contemplando os aspectos referentes a geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública. Os principais objetivos desse plano são minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro, visando à proteção dos trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. Nesse sentido, para Brasil (2006, p. 65), o Plano de Gerenciamento de Resíduos em Serviços de Saúde (PGRSS) deve obedecer a alguns critérios técnicos, de legislações sanitárias, ambientais e ainda normas locais de coleta e transporte dos serviços de limpeza urbana, principalmente os resíduos gerados nos serviços de saúde. O estabelecimento de saúde deve manter uma cópia do Plano disponível para consulta, quando em situações de fiscalização de autoridade sanitária, para uso dos funcionários. Para elaboração do PGRSS, o gestor de uma unidade de saúde deve seguir alguns passos importantes como: • 1º passo – identificação de problemas e definição de objetivos: para o início do processo de elaboração do Plano, o gestor deve indicar um responsável para analisar em que contexto o PGRSS será inserido. Deve‑se avaliar aspectos econômicos, sociais, políticos/legais e ainda realizar uma avaliação prévia dos resíduos de serviços de saúde gerados pelo estabelecimento, mapeando todas as áreas do local envolvidas com RSS. Os objetivos dessa etapa são realizar um conhecimento preliminar do problema e elaborar um plano de trabalho para a aprovação da diretoria. 54 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II • 2º passo – construir uma equipe de trabalho e estabelecer atribuições: essa etapa compreende a definição do grupo, quem será o responsável pelo PGRSS e principalmente o que cada membro da equipe deverá realizar. Lembrando que a equipe deve ser treinada e capacitada para a realização das tarefas e o responsável pelo PGRSS deve monitorar e supervisionar todas as etapas do plano. O objetivo dessa etapa é definir um líder pelo PGRSS e treinar a equipe de trabalho. • 3º passo – mobilização da Instituição de Saúde: nessa etapa deverá ocorrer reuniões com todos os setores da Instituição para apresentação do Plano, através de filmes, oficinas de sensibilização etc. O objetivo é que todos os funcionários conheçam o PGRSS e sua importância, pois, para elaboração, implantação e manutenção, será necessário o envolvimento e colaboração de todos os funcionários. • 4º passo – realizar um diagnóstico da Instituição quanto aos RSS: para essa etapa é necessário um diagnóstico detalhado de todas as áreas da Instituição de Saúde que geram resíduos. Para tal, é preciso efetuar um relatório específico da área, que resíduos são gerados, que fluxos de transporte e armazenamento existem, forma de coleta, quantidade de resíduo gerado, se as equipes estão treinadas. O objetivo dessa etapa é fazer um registro da situação atual da Instituição de saúde quanto ao modelo de gestão para os RSS. • 5º passo – estabelecer um cronograma com os objetivos para a implantação do PGRSS: é essencial elaborar um cronograma com quais metas deverão ser atingidas, estabelecendo o momento mais adequado para se dar início à execução do Plano. Deverão ser elaborados os objetivos que levarão ao atingimento das metas. O objetivo desse passo é estabelecer metas, objetivos e período de realização do PGRSS. • 6º passo – elaboração do PGRSS: essa etapa é a realização do PGRSS, com a identificação da Instituição de Saúde, suas áreas de trabalho, como os RSS são gerados, que fluxos deverão ser estabelecidos, que tratamento serão efetivados e a disposição final para os RSS, bem como o papel dos colaboradores da Instituição. O objetivo é realizar o PGRSS e ter a aprovação do gestor responsável pela Instituição de Saúde. • 7º passo – implantação do PGRSS: essa fase pretende efetivar o Plano, executar o que foi planejado, realizando também um monitoramentoestratégico e operacional de todo o processo. O objetivo dessa etapa é fixar o PGRSS. • 8º passo – avaliação do PGRSS: deve‑se verificar se as metas foram atingidas, identificar problemas, realizar intervenções necessárias e implantar indicadores de monitoramento e avaliação do Plano. O objetivo dessa etapa é ter PGRSS avaliado e, se necessário, realizar as devidas modificações. 55 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Lembrete Para a fase de avaliação e monitoramento PGRSS, a equipe responsável deve considerar custos, financiamento e ainda elaborar impressos próprios para registar todas as informações necessárias e possíveis alterações e modificações no Plano. 4 SUSTENTABILIDADE E GESTÃO DE RESÍDUOS HOSPITALARES Devemos lembrar nesse contexto sobre o conceito de sustentabilidade, que muitas vezes está relacionado com ações, atitudes e estratégias que são ecologicamente corretas, economicamente aceitas e socialmente justas. Sustentabilidade é um tema muito utilizado e de reflexão para várias áreas, principalmente para a área e serviços de saúde, uma vez que existe uma importante relação entre saúde e meio ambiente. De uma forma resumida, devemos considerar que sustentabilidade é fazer hoje pensando em não prejudicar o amanhã. Considerando instituições hospitalares e seu plano de gerenciamento para resíduos em saúde, cabe ressaltar que existe uma grande responsabilidade desses geradores de resíduos frente aos cuidados com o meio ambiente, uma vez que é uma situação que pode comprometer não só os envolvidos nesse processo de manejo como também a população e o meio ambiente. Assim, instituições hospitalares devem conhecer e respeitar as legislações que protegem o meio ambiente, pois, infelizmente, ainda existem estabelecimentos de saúde que não tratam de modo adequado seus RSS, expondo a saúde pública e o meio ambiente ao risco de contaminação. Cabe enfatizar que muitos municípios brasileiros realizam uma coleta de resíduos de serviços de saúde em separado dos resíduos urbanos, o que melhora e promove uma sustentabilidade e saúde ambiental. A separação correta de resíduos em hospitais pode reduzir e diminuir os custos do tratamento e ainda o prejuízo ao meio ambiente. As instituições hospitalares devem respeitar a classificação de RSS, pois cada material deve ser coletado de acordo com a sua classificação e legislação, em que o objetivo é reduzir os riscos para quem o manuseia e, consequentemente, danos ao meio ambiente. Devemos ainda lembrar que os hospitais devem, em respeito a legislações, construir espaços físicos específicos para o armazenamento dos resíduos antes da coleta final pelos serviços municipais. Assim, estando os resíduos hospitalares separados adequadamente e classificados conforme lei da Anvisa, o descarte final é realizado por empresas especializadas, lembrando que nem todos os materiais são incinerados, pois trata‑se de um processo de alto custo e nocivo ao meio ambiente. Alguns resíduos são destinados a aterros sanitários e outros até podem ser reciclados e separados em lixeiras semelhantes às de coleta seletiva. 56 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II Observação O processo de coleta seletiva existe em muitas Instituições Hospitalares. Em algumas áreas da Instituição, é possível observar coletores de resíduos com separação por cores e tipos de resíduos. Contudo, o serviço interno de Higiene e Limpeza deve estar atento ao acondicionamento final desses sedimentos. Para os gestores de instituições hospitalares, a coleta de resíduo hospitalar ainda é um grande desafio e preocupação, como também para pessoas que moram perto dessas instituições. Devemos lembrar que o descarte desses dejetos exige uma coleta rigorosa e que normalmente é feita por empresas especializadas, transportando‑os para seu destino final. Vale enfatizar que os resíduos hospitalares, após sua classificação adequada, devem ser acondicionados e armazenados em local próprio ainda dentro das instituições hospitalares para em seguida ser devidamente coletado. Existem muitos municípios brasileiros que investem no gerenciamento de RSS. Nesse processo, após a coleta dos resíduos em instituições de saúde, eles são transportados para um local de armazenamento temporário, a fim de preparar adequadamente os RSS antes do descarte final, promovendo um cuidado importante para a saúde e para o meio ambiente. Essas unidades de tratamento de resíduos hospitalares, que em alguns municípios são denominadas usinas de tratamento de serviços de saúde, realizam uma série de procedimentos com o objetivo de eliminar os riscos de contaminação. Uma usina de tratamento de resíduos dos serviços da saúde pode, por exemplo, usar tecnologia através de autoclaves, preparando os resíduos para seu destino final. Ainda nesse sentido, destacamos que muitos municípios utilizam como destino final tanto para dejetos comuns, domésticos, como para RSS, conforme apresentamos a seguir: • Lixão – é uma opção inadequada de disposição final de resíduos a céu aberto, pois não existem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Cabe enfatizar que, no Brasil, desde 2010, existe Política Nacional de resíduos sólidos, que proíbe a existência de lixões, contudo sabemos que em alguns lugares ainda existem. • Aterro sanitário – é uma técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, que visa prevenir danos à saúde pública e ao meio ambiente, utilizando princípios de engenharia para confinar os dejetos sólidos à menor área possível e reduzi‑los ao menor volume. Para tal, prepara‑se o terreno, que deve estar adequado a exigências ambientais para funcionar como impermeabilização do solo, recobrimento diário dos resíduos, coleta e tratamento de gases. • Compostagem – considerada uma alternativa ambientalmente segura e sustentável, pois atende à legislação ambiental atual, é um processo biológico de reaproveitamento que transforma 57 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES resíduos orgânicos em matéria orgânica de qualidade, podendo ser utilizada na agricultura como fertilizante orgânico composto ou condicionador de solos. Assim, todos os gestores que estão envolvidos no processo de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde devem conhecer a legislação pertinente e investir em processos adequados e que promovam a saúde do meio ambiente e dos trabalhadores. Contudo o meio ambiente ainda sofre os efeitos do consumo exagerado da população, poluição da terra, água e ar e, principalmente, o descumprimento da legislação por parte dos governantes. Nesse sentido, as instituições hospitalares e seus gestores precisam estar atentos às mudanças socioeconômicas e culturais que impactam a sociedade nos dias atuais, pois o tema sustentabilidade ambiental, social e econômica são pertinentes e necessários para o processo de gestão hospitalar. Um grande desafio para uma instituição hospitalar é a busca por uma atuação sustentável. O cuidado com resíduo hospitalar é um item que merece atenção, É preciso investir na coleta seletiva e segura dos resíduos gerados, pois esse é considerado um processo importante, contínuo e dinâmico para reduzir os impactos nocivos ao meio ambiente. Portanto, o conceito de sustentabilidade dever ser utilizado dentro das instituições de saúde, não apenas como modismo, mas simcom intuito de obeter destaque e conquistar selos de certificação. As empresas devem almejar ser sustentáveis e aptas para cumprir uma missão como organização de saúde.Assim, as instituições de saúde, as hospitalares, devem investir e preparar seus gestores para os processos de gestão não somente de recursos humanos, mas principalmente para a gestão de recursos materiais, pois também devem consumir adequadamente. Saiba mais Para saber mais, leia a cartilha a seguir: BRASIL. O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, 2012a. Disponível em: <http://www. mma.gov.br/publicacoes/responsabilidade‑socioambiental/category/90 ‑producao‑e‑consumo‑sustentaveis?download=989:o‑que‑o‑brasileiro ‑pensa‑do‑meio‑ambiente‑e‑do‑consumo‑sustentavel>. Acesso em: 22 jun. 2016. 4.1 Planejamento orçamentário e financeiro A assistência à saúde é permeada de custos elevados e imprevisíveis. Frente a isso, torna‑se fundamental a monitoração dos gastos e ponto de equilíbrio entre o preço e o custo. Segundo Beulke e Bertó (2008, p. 3): 58 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II [...] a identificação dos custos, receitas e resultados em relação às atividades, centros de custos e unidades de negócios, constitui, assim, um primeiro passo importante para uma gestão de sucesso direcionada a efetivos objetivos de saúde econômica‑financeira. O planejamento orçamentário possibilita identificar todos os pontos que necessitam ser melhorados e permite antecipar os resultados esperados. O sistema orçamentário representa a operacionalização das ações elaboradas no planejamento financeiro. Ele mostra em quantidades físicas e valores monetários o desenvolvimento e o resultado dos planos de todas as unidades administrativas e operacionais da organização, incluindo previsão de receitas, custos, despesas e investimentos necessários para o alcance dos objetivos e metas pré‑estabelecidos. A utilização dessas informações favorece o processo de tomada de decisão em relação a situações econômicas futuras da instituição. O planejamento financeiro estabelece diretrizes para o crescimento da empresa, declara o que ela realizará no futuro com base no conhecimento a respeito de investimentos e financiamentos. Tem como responsabilidade analisar e avaliar os projetos e as fontes de financiamento para garantir seu equilíbrio econômico e o alcance dos objetivos. Para isso, o planejamento financeiro deve ser desenvolvido em duas etapas, em curto prazo e em longo prazo, de acordo com a execução do planejamento global e com as variações do orçamento. Os planos financeiros em longo prazo representam as ações para um futuro mais distante e seus respectivos impactos financeiros. Tendem a contemplar um período de dois a dez anos, geralmente sendo reavaliados quando completam cinco anos ou frente a informações significativas. Os planos financeiros em curto prazo constituem medidas para um período curto, no máximo dois anos, também acompanhados da previsão da repercussão financeira. Nesse contexto financeiro, nas organizações hospitalares, tem relevância o desempenho do setor de suprimentos. É necessário que haja uma preocupação do administrador no gerenciamento de materiais e medicamentos, processos de compra e seleção de fornecedores, visando à otimização dos serviços, à redução de custos e ao aumento do padrão de qualidade. 4.2 Modalidades de compras Atualmente, os hospitais enfrentam sérios problemas no que diz respeito à economia do País. Sofrem com as exaustivas demandas para redução de custos, melhoria da qualidade de serviços e expansão dos serviços ao maior número possível de usuários. 59 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Para que essas demandas sejam atendidas, faz‑se necessário o conhecimento e domínio de práticas de gestão que enriqueçam a atuação dos gestores, por meio de métodos de planejamento e avaliação dos serviços executados. Em relação ao processo de compras em instituições de saúde, os desafios geralmente são grandes, pois a função do setor de compras abarca várias divisões e procedimentos. O gestor deve levar em consideração vários aspectos, como: disponibilidade dos produtos no mercado, variação de preços, quantidade de suprimentos para serem geridos, prazos de validade dos produtos, tempo de reposição, entre outros. Além disso, o setor de compras deve voltar a atenção para as consequências graves que podem ocorrer por falta de materiais e medicamentos. Para minimizar essas consequências, faz‑se necessária a padronização de medicamentos e materiais, evitando o aumento do número de itens de estoque ocasionado pelas variedades lançadas no mercado e pela rotatividade dos recursos humanos envolvidos nesse processo – equipes médica e de enfermagem. A padronização objetiva a racionalização do uso de medicamentos e materiais, a diminuição do estoque e, consequentemente, o aumento do controle, a redução dos espaços de armazenamento e a agilidade na dispensação. Nesse sentido, uma das estratégias é o controle do estoque. Estoques baixos podem afetar a qualidade do serviço; caso sejam excessivos, podem impactar diretamente no orçamento financeiro do hospital. O controle de estoques em hospitais tem relação direta com a decisão do momento ideal para rever as quantidades armazenadas. A definição do momento ideal da compra depende do modelo para a reposição dos utensílios, portanto pode‑se comprar quando o estoque chegar ao ponto considerado mínimo ou aguardar o período estabelecido previamente para a avaliação/reposição dos sortimentos. Segundo a Lei nº 88.666, de 21 de junho de 1993, que dispõe sobre licitações e contratos, compra é “toda a aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente”. Baily et al. (2000, p. 25) definem compras como: [...] um processo no qual as organizações estabelecem os itens a serem comprados, identificam e comparam os fornecedores disponíveis, negociam com as fontes de suprimentos, firmam contratos, elaboram ordens de compras e, finalmente, recebem e pagam os bens e serviços adquiridos. Nesse contexto, podemos dizer que as atividades de compras têm como objetivo suprir as necessidades da organização mediante a aquisição de materiais, medicamentos e/ou serviços provenientes das solicitações dos usuários internos, visando buscar as melhores condições comerciais e técnicas no mercado. Vale a pena ressaltar que, independentemente da sua estrutura pública ou privada, deve contar com compradores com perfil adequado às estratégias internas e políticas de compra que atendam aos interesses da instituição. As organizações privadas têm autonomia para a compra 60 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II direta, analisando fatores de interesse como preço, prazo de entrega, condições de pagamento e, as públicas, além de atenderem às formalidades exigidas, devem seguir os procedimentos estabelecidos pela legislação em vigor. Para que o resultado do processo de compras seja mensurável, é importante estabelecer alguns objetivos, como: • atender à necessidade da organização com um fluxo seguro de materiais e serviços; • garantir a continuidade de suprimento com fornecedores existentes e desenvolver outras fontes de suprimentos para atender situações específicas ou de urgência; • comprar de maneira eficiente, obtendo as melhores condições sem relevar a segundo plano os aspectos éticos; • administrar adequadamente os estoques para proporcionar qualidade no serviço e melhor relação custo‑benefício; • Manter relacionamentos com os demais setores da organização, fornecendo informaçõese aconselhamentos necessários para assegurar a operação eficaz de toda a empresa. Observação Comprar e prover materiais e medicamentos são fatores essenciais na organização hospitalar, portanto, as pessoas envolvidas nesse processo, direta e indiretamente, têm papel fundamental na prestação dos serviços, garantindo a qualidade aos usuários e atendendo aos interesses da instituição. Devemos ainda considerar as atribuições do setor de compras: • manter cadastro de fornecedores atualizados; • realizar as licitações de acordo com as necessidades da instituição, buscando no mercado as melhores condições comerciais; • assegurar o cumprimento das cláusulas contratuais; • acompanhar e fiscalizar os pedidos pendentes quanto ao prazo de entrega acordado e documentando todos os passos; • manter atualizados os registros necessários à atividade. 61 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Nas organizações, é essencial providenciar os materiais na qualidade especificada e no prazo necessário, para o funcionamento da empresa. Segundo Viana (2002, p. 48), as principais etapas do fluxo básico da compra são: a) preparação do processo – recebimento dos documentos e montagem do processo de compra com os itens solicitados pelas unidades usuárias; b) planejamento da compra – indicação de fornecedores e a elaboração de condições gerais e específicas; c) seleção de fornecedores – seleção para a respectiva concorrência em virtude da sua avaliação de desempenho; d) concorrência – expedição de consulta, abertura, análise e avaliação de propostas e negociação; e) contratação – julgamento da concorrência, negociação com o fornecedor vencedor e fechamento do pedido; f) controle de entrega – recebimento do material com controle da qualidade e quantidade e o encerramento do processo. Segundo Baily et al. (2000), existem variáveis que devem ser consideradas no processo de compras, como quantidade, qualidade, tempo para a entrega, negociação, preço, entre outros. O processo de negociação compreende três fases distintas: • fase preparatória – determinada pelo tempo utilizado na definição de objetivos e estratégias; • fase de discussão – engloba discussão, reuniões, coleta e análise de outras informações e o acordo entre as partes; • fase de implementação – nessa fase, o acordo é colocado em prática. 4.2.1 Compra direta A compra direta, prática utilizada em hospitais privados, pode ser feita por meio de pesquisa de preço ou contrato de fornecimento com fornecedores previamente selecionados e cadastrados na instituição. As necessidades de materiais e medicamentos devem ter foco em fatores como tempo, qualidade, custo e rapidez nos procedimentos envolvidos para a execução dessa atividade. A compra direta normal consiste na emissão das solicitações mensais referentes às necessidades de materiais e medicamentos feitas pelo setor do almoxarifado ou farmácia central ao setor de compras. 62 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II O setor de compras, por sua vez, inicia o processo de cotações com quantos fornecedores for possível. A área técnica participa da seleção dos produtos a serem adquiridos, levando em consideração critérios mínimos de qualidade pré‑estabelecidos. Ao fim do processo, são geradas confirmações de pedidos que serão enviadas aos fornecedores para a efetivação da compra. A compra direta de emergência consiste na compra mediante a necessidade imediata, geralmente em fornecedor cadastrado para o produto, dispensando a cotação em vários fornecedores. 4.2.2 Licitação Licitação é o processo formal de aquisição, executado por órgãos públicos, com o objetivo de atender às necessidades da organização quanto à compra de produtos, bens ou serviços. É desenvolvido conforme os preceitos estabelecidos para esse fim e de acordo com as regulamentações na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, atualizada pelas leis nº 8.883, de 8 de junho de 1994, e nº 9.648, de 27 de maio de 1998. Cada modalidade de licitação tem exigências específicas de procedimentos, formalização dos processos e prazos. As modalidades de compra são apresentadas a seguir. • Concorrência – é a modalidade de ampla publicidade, feita com antecedência de 30 dias, que oportuniza a participação de quaisquer interessados que atendam aos pré‑requisitos exigidos e publicados no edital de convocação em jornal de vasta circulação e no Diário Oficial, sem necessidade de registro ou cadastro prévio. É indicada para contratos de grande proporção ou de maior valor. • Tomada de preços – realizada somente entre interessados previamente cadastrados ou que atendam aos requisitos para cadastramento até três dias antes do recebimento das propostas, desde que qualificados para tal. As tomadas de preços devem ser publicadas em órgãos da imprensa oficial e as propostas podem ser entregues no prazo de 15 dias após a data da publicação. É utilizada para contratos de valores estimados inferiores aos da modalidade concorrência. • Convite – ocorre entre, no mínimo, três fornecedores interessados do ramo da sua atuação, cadastrados ou não, escolhidos ou convidados pelo setor administrativo. Podem ser incluídos, também, aqueles que não foram convidados, mas que tiverem cadastro naquela especialidade e manifestarem interesse com antecedência de 24 horas da apresentação das propostas. É indicada para compra de produtos sem muita complexidade ou de pequeno valor, e os prazos de recebimento de proposta são menores (cinco dias). • Leilão – licitação entre quaisquer interessados em adquirir bens móveis que não servem mais à administração ou de produtos lealmente penhorados ou apreendidos, ou bens imóveis decorrentes de ações judiciais. Seu prazo de publicação é de 15 dias anteriores à data estabelecida para o evento. 63 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES • Concurso – licitação entre quaisquer interessados para a escolha de trabalho, mediante a instituição de prêmios aos vencedores que atendam aos critérios apontados no edital, que deve ser publicado com antecedência de 45 dias. É comumente utilizado na busca de projetos com melhor técnica e qualidade, e não de preço. • Pregão – instituído por lei em 2002, destina‑se à aquisição de bens e serviços comuns de qualquer valor estimado, em que a disputa é realizada por interessados cadastrados ou não, através de propostas e lances, por meio eletrônico ou sessões públicas, que podem ser renovados até alcançar uma proposta mais vantajosa. Vale ressaltar que existem circunstâncias especiais que prescindindo do processo de licitação, como na dispensa de licitação – situações em que o valor não ultrapasse os limites estabelecidos na legislação, casos emergenciais ou em casos de licitações não concluídas com sucesso; na inexigibilidade de licitação – quando o material ou medicamento só pode ser adquirido de fornecedor exclusivo – devendo a exclusividade ser comprovada. Lembrete Nas compras de materiais e medicamentos, além do aspecto financeiro, deve‑se manter a preocupação com a qualidade, uma vez que os serviços de saúde têm a responsabilidade de oferecer um serviço com qualidade, livre de riscos aos pacientes. Dentre os requisitos básicos para determinar uma compra vantajosa para a organização, podemos citar o cadastro de fornecedores, a definição de um número mínimo de cotações, prazos de pagamento e entrega e o conhecimento dos preços aplicados no mercado. 4.3 Cadastro de fornecedores O cadastro de fornecedores possibilitaao comprador a análise dos fornecedores com melhores condições de atender às necessidades do serviço. Para isso, é fundamental que o cadastro seja revisado e atualizado de tempo em tempo devido à variedade de materiais, medicamentos e fornecedores disponíveis no mercado. As informações das empresas fornecedoras, como nome, CNPJ, endereço, instituições financeiras, catálogo de produtos, endereço eletrônico, entre outras, devem estar disponíveis de forma sistematizada, facilitando o acesso no momento em que se fizer necessário. Frente à variedade de fornecedores no mercado de produtos hospitalares, é essencial que se faça uma busca das melhores condições para a provisão de materiais e medicamentos que atendam às exigências impostas para a obtenção da qualidade com preços competitivos. 64 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II Deve‑se atentar para alguns aspectos como a estrutura do fornecedor para atender às solicitações, a habilidade técnica para produzir ou representar os produtos, além do atendimento pós‑venda e localização geográfica do fornecedor – deve‑se optar preferencialmente por aqueles próximos a instituição –, pois otimiza o tempo de entrega e minimiza riscos de atrasos e falta de medicamentos e materiais de consumo elevado. Uma maneira de selecionar os fornecedores é a pesquisa por meio de catálogos, eventos, sites específicos, como também a opinião de compradores de outras instituições (benchmarking), obtenção de informações com representantes das indústrias e distribuidoras e avaliação da reputação do produtor no mercado. A avaliação de fornecedores possibilita verificar a capacidade de entrega dos materiais e medicamentos dentro dos requisitos de qualidade pré‑definidos e sua conduta durante o processo de compra, recebimento, utilização e resolução de problemas pós‑venda, se houver. Considera‑se que a seleção e qualificação dos fornecedores são aspectos relevantes para a manutenção de uma parceria ideal, promovendo uma relação de confiança. Saiba mais Para conhecer a modalidade de pregão eletrônico para as compras do Estado, as portarias e as orientações aos fornecedores, acesse o site a seguir: <www.pregao.sp.gov.br>. Resumo Aprendemos nesta unidade a importância da arquitetura hospitalar, sua história e hoje como os hospitais estão organizados. O projeto básico arquitetônico de um ambiente hospitalar deve receber avaliação, apreciação e orientação de órgãos fiscalizadores, por exemplo, a Vigilância Sanitária. No caso de construção de nova edificação, existe a preocupação do uso solo e o impacto ao meio ambiente. O objetivo de um projeto básico é avaliar a funcionalidade do edifício, o dimensionamento de ambientes e porte do hospital, verificação de todas as áreas e dimensões lineares, instalações especiais, sistema de fornecimento de energia geral, transformadores e gerador, sistema de gases medicinais adotado, e ainda o sistema de tratamento de esgoto e sistema de tratamento de resíduos de serviços de saúde (RSS). 65 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES Vimos também que a arquitetura hospitalar moderna sempre procurou relacionar o adequado aproveitamento dos recursos naturais de acordo com os estilos arquitetônicos. Assim com o passar dos anos, o modelo de arquitetura foi sofrendo aprimoramento em virtude de segurança, conforto, sustentabilidade do meio ambiente e humanização hospitalar. Foi possível observar a importância do tema resíduos de serviços de saúde (RSS), que resultam de todas as atividades executadas dentro de estabelecimentos de saúde e que necessitam de um tratamento diferenciado e adequado, desde de o momento de sua geração até o descarte final. Aprendemos que o ambiente hospitalar cria um grande volume de resíduos e ainda considerados perigosos à saúde e ao meio ambiente. Com isso, é essencial que existam ações internas que minimizem os efeitos nocivos de resíduos hospitalares. Nesse contexto, destavamos que a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem controlado e normatizado as atividades que envolvem o gerenciamento de resíduos em serviços de saúde. Deve‑se investir na coleta seletiva e segura dos resíduos gerados, pois esse é vital para um processo, contínuo e dinâmico, reduzir os impactos nocivos ao meio ambiente. Desse modo, o conceito de sustentabilidade deve ser utilizado dentro das instituições de saúde, com intuito de obter destaque e conquistar selos de certificação, as empresas devem almejar ser sustentáveis e aptas para cumprir uma missão enquanto organização de saúde. Tratamos da gestão orçamentaria e financeira, ressaltando que os hospitais enfrentam sérios problemas no que diz respeito a economia do País. Sofrem com as exaustivas demandas para redução de custos, melhoria da qualidade de serviços e expansão dos serviços ao maior número possível de usuários. É necessário o conhecimento e domínio de práticas de gestão que enriqueçam a atuação dos gestores, por meio de métodos de planejamento e avaliação dos serviços executados. Vimos que, em relação ao processo de compras em instituições de saúde, os desafios geralmente são grandes, pois a função do setor de compras abarca várias divisões e procedimentos, conjuntura em que o gestor deve considerar alguns aspectos, como: a disponibilidade dos produtos no mercado, variação de preços, quantidade de suprimentos para serem geridos, prazos de validade dos produtos, tempo de reposição, entre outros. 66 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II Além disso, o setor de compras deve voltar a atenção para as consequências graves que podem ocorrer por falta de materiais e medicamentos. Percebemos que, nas instituições hospitalares, independentemente da sua estrutura pública ou privada, deve contar com compradores com perfil adequado às estratégias internas e políticas de compra que atendam aos interesses da organização. Vimos ainda que as empresas privadas têm autonomia para a compra direta, analisando fatores de interesse como preço, prazo de entrega, condições de pagamento e, as públicas, além de atenderem às formalidades exigidas, devem seguir os procedimentos estabelecidos pela legislação em vigor. Exercícios Questão 1. (Enade 2005) Acidentes industriais ocorrem, muitas vezes, devido às interações inadequadas entre o trabalhador e sua tarefa, máquina e ambiente. Sob o enfoque ergonômico, a ação realmente eficaz para reduzir o número de acidentes consiste em A) Selecionar cuidadosamente os trabalhadores, para cada tipo de tarefa, de acordo com suas habilidades individuais. B) Manter o ambiente sempre limpo e bem arejado, removendo todos os obstáculos existentes no piso. C) Programar pausas para a redução da fadiga, sendo obrigatórios pelo menos 5 minutos de descanso a cada 30 minutos de trabalho contínuo. D) Dimensionar as tarefas, colocando‑as dentro dos limites e capacidades da maioria dos trabalhadores. E) Colocar música no ambiente de trabalho, a fim de reduzir a fadiga e a monotonia e, consequentemente, aumentar a vigilância dos trabalhadores. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: uma seleção cuidadosa dos trabalhadores para cada tipo de tarefa, de acordo com suas habilidades individuais, não garante que acidentes industriais não possam acontecer devido às interações inadequadas entre o trabalhador e tarefa, máquina e ambiente. Sob o enfoque ergonômico, 67 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gram aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 SERVIÇOS DE TERCEIROS E PROCESSOS HOSPITALARES a ação realmente eficaz para reduzir acidentes consiste em dimensionar as tarefas, colocando‑as dentro dos limites, capacidades e conhecimentos dos trabalhadores. B) Alternativa incorreta. Justificativa: apesar de haver um ambiente sempre limpo, bem arejado e sem obstáculos no piso, não existe garantia de que um acidente não ocorra, pois as tarefas podem não estar convenientemente dimensionadas de acordo com outros aspectos relativos à saúde dos trabalhadores e limites de suas capacidades e conhecimentos. C) Alternativa incorreta. Justificativa: embora as pausas para compensação da fadiga durante a jornada de trabalho sejam importantes, não há garantia de que um acidente não venha a ocorrer, pois as tarefas podem não estar convenientemente dimensionadas de acordo com outros aspectos relativos à saúde dos trabalhadores e limites de suas capacidades e conhecimentos. D) Alternativa correta. Justificativa: “Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora” (MTPS, 1990, item 17.1.2.). A análise ergonômica procura evidenciar os fatores que podem levar a uma sub ou sobrecarga de trabalho (física ou cognitiva) e suas influências sobre a saúde. Segundo Wisner (1994), citado por Alves (2005), a ergonomia visa ao aprimoramento e à conservação da saúde dos trabalhadores e à concepção e à execução satisfatórias do sistema técnico do ponto de vista da produção e da segurança. Portanto, as tarefas devem ser dimensionadas, colocando‑as dentro dos limites e das capacidades da maioria dos trabalhadores. E) Alternativa incorreta. Justificativa: apesar da influência positiva da música no ambiente de trabalho, não existe garantia que um acidente não venha a ocorrer, pois as tarefas poderão não estar convenientemente dimensionadas levando em consideração outros aspectos relativos à saúde dos trabalhadores, bem como os limites das suas capacidades e conhecimentos, o que poderá aumentar o risco de acidentes. Questão 2. (Enade 2006) A Cia. Alterosa, seguindo seu planejamento estratégico, terceiriza os serviços de limpeza e segurança de suas unidades administrativas e comerciais. Em 1º.07.2005, após minuciosa cotação de preços, contrata a empresa Serviços Limpinha & Segura Ltda., por 3 anos, pagando, na ocasião da assinatura do contrato, o valor de R$1.200.000,00 correspondente ao montante total dos serviços contratados. Na empresa prestadora de serviços, no momento da assinatura e recebimento total do contrato, qual o procedimento contábil para o registro dessa operação? 68 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 7/ 06 /1 6 Unidade II A) Reconhecer como Receita Operacional do período o valor total recebido. B) Registrar como conta de Passivo o valor contratado. C) Lançar o valor do contrato em conta do Ativo Diferido. D) Registrar o total contratado como Resultado de Exercícios Futuros. E) Contabilizar o valor total contratado como Receita Não Operacional. Resposta desta questão na plataforma.
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