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AESPI-UNIP - CURSO DE PSICOLOGIA DISCIPLINA: PSICANÁLISE PROF.: ROSÂNGELA PARGA ALUNO: FÁBIO C RESENHA SOBRE O FILME: NISE - O CORAÇÃO DA LOUCURA O filme “Nise: O coração da loucura” retrata uma parte da história da psiquiatra alagoana Nise da Silveira. O início do filme é bem simbólico, ela espera que abram a porta do Hospital Psiquiátrico que trabalha, batendo diversas vezes: uma porta e muros de ferro, frios, altos e sem vida. Lá, ela presencia os tratamentos convencionais da época como o eletrochoque e a lobotomia - técnicas que ela abomina, pois acredita ser uma forma de violência. O diretor cede a ela o Setor de Terapia Ocupacional, para que ela não tenha que participar das intervenções utilizadas ali. Esse setor é discriminado e subvalorizado por todos, inclusive seu marido. Mas ela acredita que será uma maneira dela trabalhar com o que desejava. Após ela com sua nova equipe limpar todo um galpão destinado às atividades da STO, é hora deles levarem os pacientes. Inicialmente não se tem muita dimensão nem planejamento no que será realizado, deixando os poucos estímulos e as próprias iniciativas dos enfermos direcionarem as atividades. A verba era pequena e eles se viravam com o que podiam para oferecer algumas oficinas e atividades. Acreditava na arte, no afeto e no contato com os animais. Como todo início e mudança de ambiente em uma instituição, é bem difícil a relação dos enfermeiros com os pacientes e até mesmo a familiarização e aproximação de Nise com todos e a própria rotina. Até que um dia, é sugerido a Nise montar um ateliê de pintura no setor. Conseguiu-se o material inicial e tiveram início o contato dos pincéis, tintas e telas com seus tratandos, além de cerâmica para esculturas. E gradativamente a evolução era visível e positiva aos olhos de Nise e sua equipe. Desde o paciente mais dócil e calado ao mais violento e instável, foram se revelando artistas das cores e formas. Era claro que todo o corpo médico restante não apoiava nem acreditava no trabalho de Nise. Era sempre vista como causadora de confusões e perturbadora do ambiente, sem falar no tratamento machista Ao final, após todo um tratamento humanizado e com as atividades lúdicas e artísticas desenvolvidas no STO, temos no filme as exposições que foram desdobradas a partir dos geniais trabalhos desenvolvidos pelos pacientes, além de caso de alta do hospital de membros do processo terapêutico - atestando o sucesso do trabalho de Nise. A colaboração de uma das mais importantes médicas para a luta antimanicomial no Brasil foi imprescindível e os métodos empregados por ela geram bons resultados e são empregados até hoje em pacientes esquizofrênicos. Nise é registrada em imagem e som pelo diretor do filme e aparece nos créditos finais, onde destaco este trecho de sua fala: "Nós estamos pretendendo a recuperação de homens considerados farrapos, para uma vida socialmente útil e talvez mais rica que a vida anterior que eles levavam". + Nise Magalhães da Silveira nasceu em Maceió em 1905. Formada em uma turma de medicina com 157 alunos, Nise era a única mulher, em Salvador-BA. Ela vai para o Rio de janeiro. Em 1933, terminando sua especialização na psiquiatria, estagiou em uma renomada clínica neurológica. Passa em um concurso e vai trabalhar com serviço de atendimento a psicopatas. Nesse hospital ela já demonstra seu incômodo com os acompanhamentos e tratamentos convencionais da época. Só que não demora e ela é presa durante 18 meses no governo de Getúlio, por terem feito associação dela com o PCB. Um fato curioso é ela ter feito amizade muito forte com outro ilustre preso: Graciliano Ramos. Em 1944 ela volta ao serviço público no RJ no Hospital Psiquiátrico de Pedro II (Engenho de Dentro). A história inteira da Nise é inspiradora e importantíssima para a epistemologia na psicologia. Título – Nise: O Coração da Loucura Ano produção – 2015 Dirigido por – Roberto Berliner Estreia – 21 de Abril de 2016 Duração – 108 minutos Gênero – Biografia Drama História País – Brasil