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PROJETO INTEGRADOR: CONCEPÇÕES SOBRE LINGUAGEM E PRÁTICA DO TEXTO Prof. ESP. JULIANA SPADOTO 004 Aula 01: 016 Aula 02: 034 Aula 03: 042 Aula 04: Linguagem, Fala e Discurso Tipologia Textual Gêneros Textuais Elementos do Texto Dissertativo-Argumentativo Introdução Olá, estimados! Vamos iniciar um minicurso que certamente vai te surpreender: veremos conceitos, nomenclaturas e concepções essenciais para o profissional que lida com texto e linguagem – e todos precisamos lidar em algum momento, não é mesmo? Entende-se que ler, interpretar e escrever são atos de comunicação e, por isso, devemos ter em mente nossa condição de receptores e produtores de texto que usam a linguagem como meio. Mas o que é linguagem? Para responder a essa questão, vamos aqui tratar das formas que ela adquire nas diferentes ocasiões em que é utilizada e quais sãos suas funções dentro desse processo. Quanto ao texto, acredito ser desnecessário frisar que é impossível não ter contato com textos em todas as nossas atividades acadêmicas, profissionais e pessoais, pois eles estão por toda parte. Neste material, com a consciência de que já somos ou ainda seremos transmissores de conhecimento, vamos abordar o que é discurso textual, saber por que é importante conhecer a classificação do texto quanto a gênero e tipo e fechar com concepções sobre dois tópicos necessários para quem quer produzir textos de qualidade e ensinar sua construção: a diferença entre citação, paráfrase e intertextualidade. Espero que você faça bom uso deste material! Profª. Esp. Juliana Spadoto 3 01 Linguagem, Fala e Discurso Olá, alunos! Iniciando nossos estudos sobre linguagem e prática textual, vamos contextualizar três conceitos de suma importância para orientar o trabalho docente e outros: linguagem, fala e discurso. Há diferença entre tais termos? Sim! São palavras que fazem parte de um amplo escopo da comunicação humana, e apesar de muitos a usarem como sinônimos, nos estudos da linguagem e do discurso são empregadas para designar coisas diversas. Vamos ver? Linguagem A linguagem é um recurso presente em todos os momentos da nossa vida. É a principal ferramenta dos meios de comunicação; é o modo de interação que conecta quem está produzindo uma mensagem que deve ser entendida por quem a recebe. Assim, em linhas gerais, na definição de Faraco e Moura (1994, p. 12), linguagem é “todo sistema organizado de sinais que serve como meio de comunicação entre os indivíduos”. 5 Esses sinais são classificados em: a) VERBAIS: mensagens que utilizam palavras faladas ou escritas. b) NÃO VERBAIS: mensagens que não utilizam palavras escritas ou faladas, apenas imagens, gestos, fotos, desenhos, etc. Percebem que linguagem é todo meio disponível para que a comunicação aconteça? Dentro da linguagem verbal e da linguagem não verbal, por exemplo, podemos nos comunicar por meio de: 6 Gestos Parlamentares levantam a mão durante a votação da Constituição brasileira de 1988. Homem de terno levanta o polegar para cima. Expressões Faciais e Corporais Mulheres tristes. Foto de Paolo Monti, 1953. O atacante alemão Miroslav Klose comemora um gol no 7 x 1 contra o Brasil na Copa de 2014. 7 Sinais Gráficos Símbolos Mista Gibi Primeira capa da revistinha da Turma da Mônica (1970). Os quadrinhos são um exemplo de linguagem mista (verbal e não verbal). 8 Todos esses recursos são linguagens usadas na comunicação. Logo, são corretos enunciados do tipo: A linguagem corporal é importante tanto na hora da paquerar quanto em uma entrevista de emprego. É preciso que professores, cientistas, jornalistas e políticos falem a mesma linguagem que o povo. A nova campanha publicitária daquela marca tem uma linguagem visual bastante sofisticada! Gostei! Prefiro a linguagem audiovisual à linguagem fotográfica. Fonte: Disponível aqui A língua de sinais é uma língua visual, e não uma linguagem, tanto que no Brasil ela possui caráter oficial, tal qual a língua portuguesa. 9 https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_de_sinais#/media/Ficheiro:ASL_family.jpg o português e o inglês são duas línguas diferentes – a língua portuguesa e língua inglesa. Cada povo utiliza uma determinada língua. Qual a diferença entre LINGUAGEM e LÍNGUA? Como vimos, linguagem são os recursos que usamos para nos comunicar e pode ser a fala, a escrita, imagens, gestos, fotos, símbolos, desenhos, etc. Já língua é a linguagem verbal usada por um grupo de indivíduos, por exemplo: Fala Leia os seguintes trechos: Disponível aqui a) Hino ao sono - de José Paulo Paes sem a pequena morte de toda noite como sobreviver à vida de cada dia? b) “O organismo se recupera fisicamente durante o sono, e essa restauração ocorre principalmente durante o sono de ondas lentas, durante o qual a temperatura corporal, a frequência cardíaca e o consumo de oxigênio no cérebro diminuem. O cérebro precisa do sono para se restaurar, enquanto no resto do corpo esses processos podem ocorrer durante o despertar quieto. Em ambos os casos, a taxa reduzida de metabolismo permite processos restauradores compensatórios.” 10 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sono Percebe-se que o assunto dos dois textos é o mesmo: a necessidade de dormir. Ambos utilizam a linguagem verbal e dividem a mesma língua: o português. Porém, cada escritor escreveu do seu jeito, à sua maneira, para públicos diferentes – um é um poema e o outro é um texto científico. São situações comunicacionais diferentes: o poema serve para entreter ou causar emoção e reflexão, e o texto científico serve para informar. Cada texto tem uma fala diferente, que é a utilização individual da língua. Portanto, qualquer mensagem que utiliza palavras tanto na forma oral quanto na escrita é um ato de fala. Vamos complementar com as palavras de Infante (1998): Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular, personalizada, desenvolvendo assim a fala. Observe: você, ao escrever, dá preferência a determinadas palavras ou construções, seja por hábito, seja por opção consciente. Esse seu modo particular de empregar a língua portuguesa é a sua fala. (INFANTE, 1998, p. 28. Grifo meu.) Os falares podem ser diferentes por uma escolha pessoal – por exemplo, falar de um jeito mais formal em um ambiente de trabalho e de um jeito mais informal com os amigos – ou por fatores externos. Os dois fatores externos mais frequentes são: 1) GEOGRÁFICOS O contraste no modo de falar acontece dependendo do lugar em que a pessoa mora. Basta pensar nas diferenças entre a fala de um baiano, um gaúcho e um paulista do interior. Essas variações constituem os falares regionais e os dialetos. Veja no mapa quantos falares diferentes existem dentro da língua portuguesa: 11 Fonte: Disponível aqui Dialetos do português brasileiro 1 - Caipira 5 - Gaúcho 9 - Paulistano 13 - Carioca 2 - Costa norte 6 - Mineiro 10 - Sertanejo 14 - Brasiliense 3 - Baiano 7 - Nordestino 11 - Sulista 15 - Serra amazônica 4 - Fluminense 8 - Nortista 12 - Florianopolitano 16 - Recifense E aí, qual é o seu falar? O meu é caipira! 12 https://pt.wikipedia.org/wiki/Dialeto 2) SOCIAIS O português falado pelas pessoas que têm acesso à educação de base de melhor qualidade e a meios de instrução e culturais mais avançados difere bastante daquele empregado por pessoas que foram privadas de escolaridade ou receberam uma educação de base mais empobrecida. As classes sociais mais elevadas têm um falar que a princípio gozam de mais prestígio, enquanto classes desfavorecidas sofrem preconceito linguístico – logo, a fala é também um instrumento de dominação social. A gíria também pode ser uma variação social da fala, pois são criadas dentro de uma comunidade restrita, seja um grupo de nerds ou uma quadrilha de contrabandistas. Acesse o link: Disponível aqui Veja uma entrevista com Marcos Bagno, professor da UnB e um dos maiores estudiosos brasileiros sobre preconceito linguístico. Aqui, ele explica o que é esse fenômeno e como o professorpode desconstruí-lo e ensinar a norma padrão sem incentivar o preconceito linguístico. Vale a pena! 13 https://www.youtube.com/watch?v=UbdSNWv9XDQ Discurso A palavra “discurso” é usada em vários sentidos nos estudos da linguagem e vai além daquela que certamente nos vem primeiro à mente: discurso como pronunciamento; como um texto lido por alguém para exaltar um tópico em especial, como o discurso de formatura ou o discurso político de palanque. Mas não é só nesse sentido que trataremos aqui. Discurso é quando o indivíduo utiliza suas competências linguísticas para organizar a fala. Trata-se de um conceito que ganhou destaque na França em 1969 com o filósofo Michel Pêcheux (leia-se “pechê”), que desenvolveu a análise do discurso junto com seu grupo de estudos. Posteriormente, Foucault também intensificou tais estudos. Segundo Pêcheux (1969, p. 82), discurso é o efeito de sentido que os interlocutores dão na troca de mensagens. Complicado? Pense assim: analisar um discurso é observar o homem falando não somente quanto ao o que ele diz, mas COMO ele diz; é analisar as construções ideológicas presentes na fala dele. Logo, tomemos que a palavra-chave para entender o que é discurso é sentido. 14 Assim, os estudos do discurso abrangem não só a área de Linguística, mas também da Pedagogia, da Filosofia e das Ciências Sociais, pois a linguagem é uma produção social e uma possibilidade de agir sobre o outro indivíduo, e o discurso então agrega questões ideológicas que se apresentam nas estruturas sociais. Nas palavras de Basséggio e Dias, [...] discurso é a prática social de produção de textos. Isto significa que todo discurso é uma construção social, não individual, e que só pode ser analisado, considerando-se seu contexto histórico-social, suas condições de produção; significa ainda que o discurso reflete uma visão de mundo determinada, necessariamente vinculada à do(s) seu(s) autor(es) e à sociedade em que vive(m). (BASSÉGGIO E DIAS, 2008, online. Grifo meu.) Um exercício mental: será que o discurso sobre tabagismo é o mesmo quando elaborado por um grande empresário da indústria de cigarros e quando proferido por um portador de enfisema pulmonar? Cada um tem seu discurso. Perceba que estão corretos enunciados do tipo: O governador adotou um discurso bastante radical contra algumas políticas públicas federais. Seu discurso é forte, você citou as principais bases científicas que o comprovem. O discurso jurídico é cheio de expressões em latim! Está na hora de a mídia adotar um discurso mais imparcial ao cobrir casos de grande repercussão. A ativista ambiental sempre manteve um discurso inflamado contra as grandes indústrias poluidoras. Para concluir, não nos esqueçamos de que o discurso geralmente está associado a um adjetivo que define qual é a vertente ideológica ou a área de conhecimento do texto: discurso progressista/conservador, discurso machista/feminista, discurso vazio, discurso social, político, filosófico, religioso, jurídico, populista, e por aí vai! 15 02 Tipologia Textual Olá, estimados! Vamos começar a falar de textos – especificamente quanto à sua classificação entre tipos e gêneros textuais, que são duas categorias diferentes. Nesta Aula 2, falaremos sobre tipologia, e na Aula 3, sobre gênero. Entender o tema destas aulas é muito importante para dominar outros assuntos linguísticos, como interpretação do texto, por exemplo. Assim, nos interessa aqui conhecer as principais características para identificar a qual tipo e gênero um texto pertence. Para iniciar com um exemplo, veja os dois textos abaixo: Texto 1 Bolo de Chocolate Simples 1 xícara (chá) de leite 1 xícara (chá) de óleo de soja 2 ovos 2 xícaras (chá) de farinha de trigo 1 xícara (chá) de achocolatado em pó 1 xícara de (chá) de açúcar 1 colher (sopa) de fermento em pó Modo de Preparo Coloque os ingredientes líquidos no liquidificador e bata até misturar bem. Coloque os outros ingredientes, deixando o fermento por último. Leve para assar em forno médio, numa forma untada e enfarinhada. Texto 2 A vítima, Solange dos Santos, 27 anos, moradora da cidade de Bauru, era magra, alta, 1,75, cabelos pretos e curtos, nariz fino e rosto ligeiramente alongado. 17 Esses dois textos têm a mesma função, ou seja, foram escritos com o mesmo propósito? Têm a mesma estrutura, o mesmo formato? É disso que falaremos a partir daqui. Alguns termos úteis que vale fixar: TEXTO LITERÁRIO – é aquele com elementos que possuem múltiplos significados, reflexões e emoções. Expressa o ponto de vista do autor, usa figuras de linguagem e licença poética. Exemplos: novelas, romances, poemas, crônicas, etc. TEXTO NÃO LITERÁRIO – é aquele que pretende ter uma utilidade prática ao leitor. Traz relatos fiéis de fatos e prioriza a informação com objetividade e o uso de uma linguagem impessoal, logo, não expressa o ponto de vista do autor. Exemplos: notícias jornalísticas, manual de instrução, livros didáticos, bula de remédio, receitas culinárias, etc. PROSA – é o texto escrito em forma corrida, com orações, períodos, frases, pontuação, parágrafos, etc. Exemplos: textos de revistas e jornais, emails, relatórios, teses e dissertações, etc. VERSO – é o texto escrito com versos e estrofes. Exemplos: poemas, sonetos, letras de músicas, etc. OBJETIVIDADE – conceito de fala ou escrita em que o emissor não dá sua opinião e aponta dados e fatos que não podem ser questionados. São textos desprovidos de emoção que não permitem mais de uma interpretação. SUBJETIVIDADE – conceito daquilo que pode ser interpretado de várias formas, dependendo de quem emite a mensagem ou de quem a recebe. Tem a ver com percepções, e não com fatos. 18 Tipos de Texto As tipologias textuais, ou apenas tipos de texto, são as diferentes formas que um texto pode se apresentar. Os tipos de texto são caracterizados por estruturas fixas e têm a ver com a forma que o texto se apresenta e seu objetivo. Então, quando falamos que um texto é de certo tipo, é porque ele tem características definidas e identificáveis. A maioria dos gramáticos elenca cinco principais tipos de texto: NARRATIVO – ARGUMENTIVO – DESCRITIVO – EXPOSITIVO – INJUNTIVO E PRESCRITIVO Texto Narrativo O principal objetivo de um texto narrativo é contar uma sequência de acontecimentos, ações e fatos tanto reais quanto fictícios. Sua principal característica é possuir os elementos tempo, espaço e personagens, e seus verbos estão predominantemente no pretérito do indicativo (passado). É o tipo textual que encontramos nas reportagens, relatos históricos, crônicas, romances, tirinhas, biografias, etc. Leia a crônica a seguir e identifique as características apresentadas: 19 O CRÍTICO TEATRAL VAI AO CASAMENTO Como espetáculo, o casamento da Senhorita Lígia Teles de Souza com o Senhor Herval Nogueira foi realmente dos mais irregulares a que temos assistido nos últimos tempos. A Senhorita Teles parecia muito nervosa, nervosismo justificado por estar estreando em casamentos (o que não se pode dizer do noivo, que tem muita experiência de altar) de modo que sua dicção, normalmente já não muito boa, foi prejudicada a tal ponto que os assistentes das últimas filas não lhe ouviram uma palavra. O cenário, altamente convencional, tinha apenas uma nota de originalidade nos cravos vermelhos que enfeitavam as paredes. Os turíbulos estavam muito bem colocados, mas os figurinos de todos os oficiantes foram, visivelmente, aproveitados de outras produções. O noivo representou o seu papel com firmeza, embora um tanto frio. Disse “sim” ou “aceito” (não ouvimos bem as suas frases porque a acústica da abadia é péssima). Fora os pequenos senões notados, teremos que chamar atenção, naturalmente, para o coroinha, que a todo momento coçava a cabeça, indiferente completamente à representação, como se não participasse dela. A música também foi mal escolhida, numa prova de terrível mau gosto. Realmente, pode ser que a Marcha Nupcial de Mendelssohn já esteja muito batida, mas é sempre preferível esse fundo ortodoxoa uma inovação do tipo da usada, tendo o coro cantado o samba “É com esse que eu vou”. O fato da noiva chegar atrasada também deixou altamente impacientes os espectadores, que a certo momento começaram mesmo a mostrar evidentes sinais de nervosismo. A sua entrada, porém, foi espetacular, e o modelo que trajava, além do andar digno que soube usar para se encaminhar ao palco de seu destino, rendeu-lhe os melhores parabéns ao fim do espetáculo. O vitorioso da noite foi, sem dúvida alguma, o padre, que disse o seu sermão com voz clara e emocionada, num texto traduzido do latim com toda perfeição. 20 Em suma – espetáculo normal, que deve ser assistido por todos os parentes e amigos. Lamentamos apenas – e tomamos como um deplorável sinal dos tempos – a qualidade do arroz jogado sobre os noivos. Millôr Fernandes. In: Almeida e Almeida, 2008, p.227 Provas de concursos públicos e outros processos seletivos sempre pedem questões sobre tipologia textual. Uma das “pegadinhas” comuns nessas provas é sobre a qual tipo pertence a tirinha, quadrinho ou cartoon. Pois bem: tirinhas, mesmo aquelas que não possuem nenhuma palavra, apenas desenhos, são do tipo narrativo. Texto Argumentativo O texto argumentativo se baseia em um raciocínio, ou seja, na análise de algum tema ou ideia. Ele é redigido em prosa e tem a intenção de convencer alguém sobre determinado assunto ou conceito. A tese defendida deve ser clara para que seja facilmente entendida pelo leitor/ouvinte. Trata-se, assim, de um texto geralmente impessoal, mas com toques opinativos, que deve estar embasado em dados e aspectos objetivos, o que confere a ele um valor de verdade universal. É o tipo textual encontrado nas cartas ao e do leitor, editoriais, teses e dissertações acadêmicas, etc. Leia o editorial a seguir: 21 Perceba que, além de oferecer dados que não podem ser questionados (trechos sublinhados), a argumentação também traz marcas pessoais do autor (trechos em negrito) para defender seu ponto de vista. Até fazia sentido, uma década atrás, concentrar em português e matemática os esforços para estancar a perda de qualidade nas redes públicas de educação no Brasil. São pré-requisitos básicos, inclusive para o aprendizado de ciências – o que não implica dizer que estas sejam menos fundamentais. Não são. A complexidade crescente na esfera da produção, mesmo no setor agrícola, exige hoje de cada trabalhador uma familiaridade com a verificação de dados e com o método hipotético-dedutivo que só um bom ensino de ciências pode prover. Um primeiro passo para pôr a educação científica no radar foi dado na semana passada. Como informou o jornal "O Globo", quase 85 mil alunos dos níveis fundamental e médio realizaram um exame de ciências como parte da Prova Brasil e da Avaliação Nacional da Educação Básica, além da tradicional avaliação nas áreas de matemática e leitura. [...] Toda a dificuldade enfrentada para melhorar a educação pública no Brasil, nas duas últimas décadas, tornou evidente que avaliações são condição necessária para elevar seu nível, mas insuficiente. Sem medidas estruturais, como a requalificação dos professores e a valorização da carreira docente (aliando ganhos salariais, bônus e cobrança de desempenho), o país nunca dará o salto necessário. É na formação de professores de ciências, de resto, que desponta a crise mais grave. Só de física e química a educação básica tem déficit de 100 mil docentes com formação específica (quase 90% dão aulas nessas disciplinas sem diploma na área). A avaliação em ciências vai revelar com maior clareza as fraquezas dos estudantes brasileiros nessas matérias. O passo seguinte, e necessário, será eliminá-las. Adaptado de: Editorial: Ciência Básica. Folha de S. Paulo. 25 nov. 2013. Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/opiniao/2013/11/1375994-editorial- ciencia-basica.shtml. 22 Acesse o link: Disponível aqui Para saber mais sobre o que é um editorial, acesse a seguir. Texto Descritivo O texto desta tipologia se caracteriza por apontar qualidades e características (adjetivos) de um indivíduo, objeto ou ambiente. É o texto que, por meio de palavras, traduz uma imagem ou cenário estático de modo objetivo ou subjetivo. Seus verbos estão predominantemente no presente e no pretérito imperfeito do indicativo, porém, o tempo da ação é estático. É o tipo encontrado em textos tais como literários, anúncios de venda/aluguel de imóveis, guias de viagens, etc. Veja um exemplo e identifique as características, adjetivos, verbos no presente e cenário estático do local descrito: 23 https://brasilescola.uol.com.br/redacao/o-editorial.htm A Ilha do Mel está localizada no estado do Paraná e pertence ao município de Paranaguá, sendo administrada pelo IAP (Instituto Ambiental do Paraná). Ela possui 35 quilômetros de praias, agradando turistas de todos os gostos. Isso porque algumas são quase desertas, enquanto outras são bastante agitadas, principalmente à noite. Sem contar que a Ilha do Mel possui ainda outras praias que são ideais para a prática de surf. Adaptado de: http://www.guiaviagensbrasil.com/pr/ilha-do-mel. Já o trecho descritivo a seguir talvez seja um dos mais famosos da literatura brasileira. Concorda? 24 Fonte: ASSIS, Machado. Dom Casmurro. Disponível aqui Capitu era uma criatura de 14 anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo... calçava sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos. (...) Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram, Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. (...) Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera dos olhos de Capitu, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada.” Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia. Fonte: arquivo pessoal Para concluir, vale citar que o texto descritivo pode ser híbrido, ou seja, pode estar dentro de outro texto, como um texto literário ou texto técnico. Texto Expositivo (ou Informativo) A principal característica do texto expositivo – também chamado de informativo – é a exposição e apresentação de informações sobre um fato, fenômeno, acontecimento ou objeto por meio de uma linguagem clara e concisa e pouco argumentativa. Ele é encontrado nas notícias, artigos científicos, palestras e seminários, etc. 25 http://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista/item/download/13_7101e1a36cda79f6c97341757dcc4d04 Exemplos de texto expositivo: Texto 1 O que é o coronavírus? Coronavírus (CID10) é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China. Provoca a doença chamada COVID-19. Como nunca tivemos contato com o vírus antes, não temos imunidade. Ela causa uma infecção pulmonar. Nos casos mais leves, porém, parece um resfriado comum ou uma gripe leve. Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa. Pessoas acima dos 60 anos e aquelas com doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares não devem viajar nem frequentar cinemas, shoppings, restaurantes e outros locais com aglomerações. A orientação é FICAR EM CASA. Fonte: Disponível aqui 26 https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#transmissao TEXTO 2 linguagem lin·gua·gem sf 1 Faculdade que tem todo homem de comunicar seus pensamentos e sentimentos. 2 Conjunto de sinais falados, escritos ou gesticulados de que se serve o homem para exprimir esses pensamentos e sentimentos. 3 Faculdade inata de toda a espécie humana deexpressão audível e articulada, produzida pela ação de língua e dos órgãos vocais adjacentes. 4 Faculdade inata de todo indivíduo de aprender e usar uma língua. 5 Qualquer meio utilizado pelo homem para se comunicar. 6 Uso da língua, segundo a situação, o meio social, o interlocutor etc.; registro. 7 Sistema de comunicação animal por meio de sons, cantos e outros meios: Alguns estudos indicam que os golfinhos e as baleias têm linguagem própria. Fonte: Disponível aqui 27 http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=linguagem Texto Injuntivo e Texto Prescritivo Por serem bastante semelhantes, vamos aqui tratar juntos o texto injuntivo e o texto prescritivo. A principal característica desses dois tipos é o predomínio dos verbos no imperativo, e sua finalidade é ensinar, orientar ou instruir o leitor/ouvinte. Injuntivo A finalidade do texto injuntivo é instruir e induzir o receptor da mensagem a proceder desta ou daquela forma. Ele não dá uma ordem ou indica algo obrigatório, assim, é possível substituir um determinado procedimento por outro, por exemplo. É o caso da receita culinária, que é um texto injuntivo porque orienta a fazer um prato, mas você pode substituir um ingrediente por outro, aumentar ou diminuir quantidades, adaptar a receita, e por aí vai. Veja um exemplo de texto injuntivo: um guia de combate à dengue. Perceba que há nele as características dos verbos no imperativo (“mantenha, lave, coloque, não deixe”, etc.) e da instrução de procedimento sem uma obrigatoriedade ou proibição. Fica a critério do receptor seguir os passos para atingir a finalidade do texto, que é combater o mosquito da dengue. Fonte: Disponível aqui 28 Outros exemplos textos injuntivos: mapas e aplicativos de trânsito (tipo Waze), campanhas de conscientização social, discurso de livros de autoajuda. Prescritivo O texto prescritivo nos remete à noção de algo que deve ser cumprido à risca e cujas instruções são inquestionáveis – ou seja, devemos segui-las corretamente para atingir o objetivo comunicativo. Trata-se de uma imposição, de uma obrigação ou proibição. Imagine o seguinte: quando você compra um aparelho novo, deve seguir a instruções do manual de uso ou montagem para fazê-lo funcionar, certo? Se você não seguir ao pé da letra o que o manual manda, o aparelho não vai funcionar ou a peça não será montada do jeito certo. Não tem outro jeito, como seria no caso de um texto injuntivo. Além dos manuais de instrução, o tipo prescritivo é encontrado nas placas de trânsito, bulas de remédio, regulamentos, regras gramaticais, editais de concurso, na Constituição Federal, etc. Exemplo de texto prescritivo: se você não obedecer às instruções do edital, sua inscrição para o dado evento não será efetuada. EDITAL I – INSCRIÇÕES As inscrições deverão ser efetuadas exclusivamente via internet. Para inscrever-se, o candidato deverá acessar o site https://www.xxxxxxxxx/processo-seletivo-2020/, localizar o link correlato à inscrição para aluno regular de pós-graduação, com início às 00h do dia 02 e término às 23h59min do dia 27 de setembro de 2019. Após a efetivação da inscrição, o candidato receberá um e-mail com as informações do link, login e senha para acesso. O candidato deve preencher todos os campos de forma correta, bem como anexar os documentos solicitados por meio de upload de arquivos no formato PDF no campo correspondente. 29 https://saude.gov.br/saude-de-a-z/dengue TIPOLOGIA TEXTUAL PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS FIXAS EXEMPLOS DE TEXTOS NARRATIVO Conta, narra uma sequência de acontecimentos reais ou fictícios Apresenta tempo, espaço e personagens Verbos predominantemente no tempo passado Romances Crônicas Reportagens Biografias e autobiografias Atas de reunião Quadrinhos (tirinhas) Relatos históricos ARGUMENTATIVO Analisa um tema com base em dados e aspectos objetivos Tem por objetivo convencer Linguagem clara Texto de opinião com base em raciocínio Teses e dissertações acadêmicas Carta ao leitor Carta do leitor Editoriais jornalísticos Artigos de opinião DESCRITIVO Aponta características de um indivíduo, objeto ou lugar, classificando-os Texto com o predomínio de adjetivos Pode ser subjetivo ou objetivo Verbos predominantemente no presente e no passado É híbrido quando está dentro de uma narrativa Descrição de personagens e lugares dentro de textos narrativos Guia de viagens Anúncio de imóveis Notas fiscais de produtos Cardápios Tabela de Características dos Tipos de Texto Para concluir a aula e facilitar a sua vida, sempre que necessário consulte a tabela a seguir: 30 Pouco ou nada argumentativa Estudos Palestras Seminários Livros didáticos a) INJUNTIVO Orienta e instrui sobre um procedimento Apresenta pedidos Verbos no imperativo Guias de trânsito Campanhas de conscientização Livro de autoajuda b) PRESCRITIVO Instruções inquestionáveis Impõe, obriga ou proíbe Função coercitiva Manual de instrução Bula de remédio Leis e regulamentos Placas de trânsito Editais Constituição Federal Fonte: elaborado pela autora. Prática! Vamos fazer um breve treino de escrita? 1) Observe a tira a seguir: EXPOSITIVO OU INFORMATIVO Apresenta informações sobre o objeto Linguagem clara e concisa Jornais e revistas Dicionários Enciclopédias Artigos científicos 31 Fonte: Quino. In: Infante, 1998. Pegue uma folha de caderno ou abra o bloco de notas e escreva um texto narrativo com elementos descritivos sobre o que aconteceu na cena da tirinha de Quino. Depois, compare com o texto proposto. Mas não se preocupe: não existe um jeito certo ou errado! Apenas treine e compare! 32 Texto proposto: Em uma rua qualquer, uma fila se formava em frente à cabine telefônica. Ali, homens e mulheres visivelmente irritados esperavam impacientes o indivíduo sair do telefone. O senhor que fazia a ligação apontava para o outro lado da rua, na direção de uma viela com casas espremidas entre edifícios. Com quem ele tanto falava? Do outro lado da linha, o interlocutor era um típico pintor de óculos de grau e barbas longas, vestindo guarda-pó e boina, pintando uma tela. O quadro era exatamente a descrição que o homem da cabine fazia: uma rua com casas assobradadas, com telhado à mostra, e nem do hidrante ele esqueceu! (Nota a professora: você também pode descrever o ateliê do pintor). 2) Redija um texto injuntivo que será veiculado junto com a imagem a seguir: Depois, compare com o texto proposto. Mas não se preocupe: não existe um jeito certo ou errado! Apenas treine e compare! Texto proposto: Se beber,não dirija! Na estrada, você tem responsabilidade não só pela sua vida, maspela vida dos outros que trafegam. Álcool e direção não combinam. Se for beber,deixe o carro na garagem e vá de carona, táxi, Uber, metrô ou ônibus, mas vácom segurança! E se não beber, seja o motorista da rodada e proteja a vida deseus amigos. (Nota a professora: aintenção aqui não é que seja um texto grande, mas frases que induzam o leitor apensar sobre responsabilidade, como uma campanha de conscientização. Oimportante é que seu texto possua verbos no imperativo). 33 03 Gêneros Textuais Olá, queridos alunos! Na aula passada, estudamos a tipologia textual, e sem saber, você já estava aprendendo um pouco sobre gêneros textuais também! Vamos relembrar de uma tabela que começava assim: Fonte: elaborado pela autora. TIPOLOGIA TEXTUAL PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS FIXAS EXEMPLOS DE TEXTOS NARRATIVO Conta, narra uma sequência de acontecimentos reais ou fictícios Apresenta tempo, espaço e personagens Verbos predominantemente no tempo passado Romances Crônicas Reportagens Biografias e autobiografias Atas de reunião Quadrinhos (tirinhas) Relatos históricos Pois a última coluna, a de exemplos de textos, tem justamente a ver com quais são os gêneros textuais. São os textos que produzimos no dia a dia para nos comunicar. Crônica é um gênero textual, os quadrinhos são outro gênero e as reportagens são um terceiro gênero – embora todos pertençam a um grupo maior, a da tipologia narrativa. 35 O gênero textualé uma subclassificação da tipologia. Segundo o pensador russo Bakhtin, Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua. Não é de surpreender que o caráter e os modos dessa utilização sejam tão variados como as próprias esferas da atividade humana. (…) A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos (...) que refletem as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas. (BAKHTIN apud KOCH & ELIAS, 2011, p. 55). Ou seja, tudo aquilo que a gente fala e escreve é baseado em formas-padrão relativamente fixas denominadas gêneros, que nós aprendemos nos processos de interação entre os sujeitos de uma determinada cultura, região, grupo social, etc. Lembrete: texto não é só aquilo que foi escrito, mas pode ser também falado ou cantado; pode ser imagens, pinturas e fotografias, placas e filmes, e por aí vai! Entendemos texto aqui como toda produção que transmite uma mensagem. 36 Veja os três textos a seguir: Texto 1 ESCORPIÃO - 23/10 A 21/11 Você está recendo informações que podem gerar transformações em suas decisões profissionais. Pela manhã, é importante analisar os projetos e colocar em destaque os investimentos. Tenha atenção com desafetos com uma pessoa de um grupo do qual você faz parte. Texto 2 37 Texto 3 Nos exemplos acima, os textos produzidos foram denominados de horóscopo (Texto 1), bilhete (Texto 2) e soneto/poema (Texto 3). Cada um deles é um gênero textual, ou seja, tem um formato próprio dependendo do objetivo de quem o produziu. Simplificando: você acha que é possível escrever um horóscopo no formato de um soneto? Ou uma notícia no formato de um cardápio? E que tal uma lei no formato de uma propaganda? Entende como cada gênero tem a sua função? 38 1) Artigo de opinião 17) Monografia 2) Autobiografia 18) Notícia 3) Bilhete 19) Novela 4) Biografia 20) Propaganda 5) Bula de remédio 21) Quadrinho/tirinha/cartoon 6) Carta do leitor 22) Receita culinária 7) Contratos/cláusulas contratuais 23) Regulamento 8) Curriculum vitae 24) Relato de viagem 9) Diário pessoal 25) Relato histórico 10) Editorial 26) Relatório científico 11) E-mail 27) Resenha crítica 12) Ensaio 28) Resumo escolar/acadêmico 13) Fábulas 29) Seminário/ palestra 14) Folheto turístico 30) Sermões religiosos 15) Lendas 31) Anedota/piada 16) Manual de instrução 32) Classificados Principais Gêneros Textuais É importante esclarecer que existe uma variedade enorme de gêneros textuais, por isso, nos estudos das práticas textuais, geralmente citamos os mais corriqueiros. Vamos a eles: 39 Prática! Agora, vamos a um exercício: Pegue uma folha de papel ou abra o bloco e notas, volte aos 32 gêneros acima e anote a qual tipo de tipologia cada um pertence. Use a seguinte nomenclatura: N = NARRATIVO, A = ARGUMENTIVO, D = DESCRITIVO, E = EXPOSITIVO, I = INJUNTIVO e P = PRESCRITIVO. Confira o gabarito a seguir! 40 1) Artigo de opinião = A 17) Monografia = A 2) Autobiografia = N 18) Notícia = E ou N 3) Bilhete = E 19) Novela = N 4) Biografia = N 20) Propaganda = I 5) Bula de remédio = P 21) Quadrinho/tirinha/cartoon = N 6) Carta do leitor = A 22) Receita culinária = I 7) Contratos/cláusulas contratuais = P 23) Regulamento = I 8) Curriculum vitae = E 24) Relato de viagem = N 9) Diário pessoal = N 25) Relato histórico = N 10) Editorial = A 26) Relatório científico = E 11) E-mail = E 27) Resenha crítica = A 12) Ensaio = A 28) Resumo escolar/acadêmico = E 13) Fábulas = N 29) Seminário/ palestra = E ou A 14) Folheto turístico = D 30) Sermões religiosos = A 15) Lendas = N 31) Anedota/piada = N 16) Manual de instrução = P 32) Classificados = D E então, acertou bastante? 41 04 Elementos do Texto Dissertativo- Argumentativo Olá, estimados alunos! Como vimos neste curso, o texto argumentativo tem características próprias tais como ter como base o raciocínio e a análise de um tema ou ideia e tem a intenção de convencer alguém sobre uma tese. Você deve ter se lembrado das aulas de Redação do ensino médio, certo? Pois é isso mesmo: o que chamamos de “redação” é um texto dissertativo-argumentativo: dissertativo porque você deve escrever em prosa (estruturada em períodos e parágrafos) e argumentativo porque você deve refletir e informar a respeito de um assunto, mas sem “achismos” e subjetividade. A importância em se conhecer os elementos que compõem esse tipo de texto é grande, pois ao longo da vida, tanto na carreira acadêmica quanto profissional, somos testados quanto à nossa capacidade de selecionar, organizar e relacionar argumentos consistentes sobre os inúmeros conceitos, temas e desafios que vão surgindo. Ademais, sabe-se que a maioria dos grandes concursos públicos cobra uma dissertação – a temida redação – e, na vida acadêmica, o mestrado e o doutorado nada mais são que uma pesquisa que resulta em uma argumentação que você defende para obter a titulação. Não é à toa que o trabalho de conclusão do mestrado se chama “dissertação” e do doutorado, “tese”! 43 Elementos Estruturais A estrutura clássica de introdução, desenvolvimento e conclusão tem um sentido: ela comanda a organização das ideias para que o autor escreva sobre o problema proposto. Mas, de início, é preciso enfatizar que essa estrutura pode mudar conforme a finalidade e propósito da dissertação. Se for uma redação estilo Enem, FUVEST, vestibulares e concursos, pede-se que sejam feitos quatro parágrafos, e o candidato será eliminado se não cumprir. Já em um projeto de pós-graduação, o texto – resultado de um estudo mais complexo – é muito mais longo, e a estrutura é aplicada em páginas, e não em parágrafos. De qualquer forma, podemos pensar que a redação deve apresentar três partes: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Introdução Também chamada de tópico frasal, a introdução é indispensável em um texto argumentativo. Deve ser totalmente vinculada ao tema proposto, o que pode ser feito com uma citação, uma definição, uma alusão histórica, uma contestação, uma afirmação... Enfim, uma ideia inicial do assunto a ser desenvolvido. Dentro disso, o Blog do Enem elenca seis caminhos para começar uma argumentação: 1) Com uma pergunta – pergunta de ênfase que será respondida durante a redação. – perguntas que fogem desse padrão atrapalham a lógica da dissertação Exemplo: É possível imaginar o Brasil como um país desenvolvido e com justiça social enquanto existir tanta violência contra o menor? 2) Com um dado histórico – é necessário dar uma indicação de datas ou referências de acontecimentos históricos. Exemplo: Às crianças, nunca foi dada a devida importância. Em Canudos e em Palmares, não foram poupadas. Na Candelária ou na praça da Sé, continuam não sendo. 44 Fonte: Adaptado de: 100 Dicas sobe como fazer a Redação do Enem nota 1000. Blog do Enem. Disponível aqui 3) Com uma comparação – faz-se aqui uma assemelhação ou oposição de assuntos. Exemplo: É comum encontrar crianças de dez anos de idade vendendo balas nas esquinas brasileiras. Na França, nos EUA ou na Inglaterra – países desenvolvidos – nessa idade, as crianças estão na escola e não submetidas à violência das ruas. 4) Com um dado estatístico – não se esqueça de referenciar de onde esse dado foi extraído! Exemplo: Quarenta mil crianças morreram hoje no mundo, vítimas de doenças comuns combinadas com a desnutrição, segundo a UNICEF. Para cada criança que morreu hoje, muitas outras vivem com a saúde debilitada. Entre os sobreviventes, metade nunca colocará os pés em uma sala de aula. 5) Com uma citação – se forem usadas as palavras literais da pessoa, deve vir entre aspas. Exemplo: ‘‘Navegar é preciso, viver não é preciso’‘. Aplica-se o antigo verso do poeta Fernando Pessoa ao sistema de informação, pesquisa e correspondência por computador, a comunicação online, a Internet. 6) por uma definição, ou conceito. Exemplo: A gíria é um patrimônio comum, é um instrumento de comunicação que parece imprescindível,sobretudo, para a juventude. Até mesmo as gerações que a condenavam acabaram por assimilar algumas expressões de maior ocorrência. Algumas frases (o chamado tópico frasal) que servem de inspiração para iniciar uma redação: 1. É notório que... 2. Sabe-se que... 3. Comenta-se que um dos maiores problemas... 4. Historicamente, observa-se que... 5. Tem sido generalizada a opinião de que... 6. Tornou-se comum a afirmação de que... 7. É de consenso geral que... 8. É preciso, inicialmente, observar que... 9. Deve-se analisar, primeiramente, que... 10. É indiscutível.../ É urgente... /É sabido que... 45 https://blogdoenem.com.br/dicas-redacao-enem/ No caso de uma redação, o parágrafo de introdução deve ser curto, não mais que seis linhas, mas não deve ser muito maior ou menor que os outros parágrafos. Já no caso de um texto mais elaborado, de TCCs, teses e dissertações, a introdução deve conter a justificativa de porque você quer dissertar sobre a problemática pesquisada. Desenvolvimento O desenvolvimento é a principal parte de uma argumentação, pois é o corpo do texto. Nele, deve-se desenvolver aquilo que foi escrito na introdução, e os assuntos ou ideias devem ser separados em parágrafos. Assim, o desenvolvimento se caracteriza por ser a maior parte, digamos assim, de uma redação, e por conter a substância, a essência da argumentação. É o momento em que se defende o ponto de vista sobre tema proposto, e é preciso tomar cuidado para não deixar de abordar nenhum item proposto na introdução. Os estudiosos da área também usam a denominação “sequência argumentativa” para o desenvolvimento. Em geral, essas sequências argumentativas são predominantemente temáticas e ainda que possam se valer de sequências descritivas e narrativas, ocupam-se de análises, interpretações e avaliações. Na argumentação, há uma seleção de prós e/ou contras, em que o autor foca no assunto proposto, questiona-o e procura solucioná-lo por meio de uma análise valorativa. Como já comentado, não podemos usar como argumentação um “achismo”, ou seja, algo que não é comprovado estatística ou cientificamente. 46 Acesse o link: Disponível aqui “O mundo das redes valoriza mais o quanto alguém é seguido, e a crença do mesmo, do que se o que a pessoa fala é fato. E, por fato, entenda que estou retomando aqui a lógica da ‘Terra redonda’.” Leia um breve, porém, interessante texto do escritor Filipe Vilicic sobre o discurso do achismo na internet. Conclusão A conclusão é a última parte do texto e deve encerrar com coerência a posição assumida. O parágrafo deve se adequar à introdução e ser um fecho para o desenvolvimento. Assim como a introdução, deve ter em torno de seis linhas. Um elemento de coesão que deve ser seguido na conclusão é começar este parágrafo com um conectivo – uma conjunção ou locução conjuntiva. Alguns exemplos: Portanto, / Logo, / Assim sendo, / Dessa forma... Dado o exposto… Em virtude desses aspectos, conclui-se que... Levando em consideração tais fatores... / o que foi observado… Tendo em vista a discussão levantada... Em vista dos argumentos apresentados… 47 https://veja.abril.com.br/blog/a-origem-dos-bytes/na-internet-argumentos-nao-valem-so-achismos/ ATENÇÃO: Seguindo a tendência de temas atuais e dos últimos grandes concursos públicos, vestibulares e do Enem, a conclusão deve conter uma proposta de intervenção, ou seja, uma solução para o problema debatido. Nessa intervenção, sempre que possível, deve-se propor que o problema seja solucionado com medidas do Estado (o poder público, o governo, etc.) juntamente com ações afirmativas da sociedade em geral (conscientização do problema, fiscalização das medidas, mobilização social, a tríade família- escola-governo, etc.), ou seja, não colocar a solução do problema na conta de apenas um segmento. O Que Não Fazer Eu costumo dizer aos meus alunos que estudar redação é, muitas vezes, atentar-se ao que ele não deve fazer! Se você tem alguma lembrança das aulas de redação no ensino médio, fez algum curso ou leu materiais sobre a disciplina, deve saber de algumas regras que passarei a seguir. Mas é sempre bom reforçar! 1. Não escreva sua redação em primeira pessoa do singular (eu, meu). No máximo, use no plural (nós, nosso) quando se referindo a uma situação geral. 2. Não fale com o leitor com se estivesse conversando com ele, não dê conselhos do tipo: “Você pode mudar o mundo. Faça a sua parte.” 3. Não use ditados populares. Ser original conta ponto. 4. Não dê exemplos que só você conheça ou que seja local. Exemplos servem para ilustrar a dissertação e devem, quando possível, ser de conhecimento no mínimo nacional. 5. Não faça letra muito grande com o intuito de ocupar linha. Não se esqueça de que o corretor conhece as artimanhas. 6. Não generalize: “Ninguém respeita o trânsito”, “Todos os políticos são corruptos”. Esses argumentos não têm consistência, pois há pessoas que obedecem às leis de trânsito e também há políticos honestos. 48 Não confunda o significado das conjunções. Empregue-as corretamente, elas são elementos coesivos importantes em um texto. Por exemplo, nunca se deve usar uma conjunção conclusiva (portanto, desse modo, sendo assim) para iniciar um parágrafo de desenvolvimento. Use seu senso crítico, com coerência. Não faça críticas levianas e respeito os direitos humanos. Não use pontos de exclamação (!). Você corre o risco de parecer exagerado e o texto fica com caráter opinativo ou literário. Cuidado para não inserir trechos que não são do gênero argumentativo, como frases narrativas, descritivas ou literárias. Fonte: a autora 7. 8. 9. 10. A citação direta é quando reproduzimos fielmente tudo o que o autor falou. Assim, nós abrimos aspas, inserimos o conteúdo e fechamos aspas: Conforme o filósofo grego Sócrates, “Só sei que nada sei”. Já a citação indireta é quando eu trago a ideia central de um autor reproduzida nas minhas palavras. Muita atenção para não cair em pegadinhas: neste caso, nós não utilizaremos as aspas, mas precisaremos creditar o autor. Por exemplo: De acordo com Sócrates, filósofo grego, a nossa única certeza é a de que não sabemos nada, ou seja, de que estamos em constante aprendizado. Para finalizar, vejamos o quadro-exemplo elaborado por Martins e Zilberknop: 49 TEMA – MEGALÓPOLE: UM BEM OU UM MAL? APRESENTAÇÃO DO ASSUNTO PROPOSTO Quando uma cidade cresce vertiginosa e desenfreadamente, assume as características de uma megalópole. Assim, Nova York, Tóquio, São Paulo e outros centros urbanos espalhados pelo mundo têm conseguido diariamente aumentar a sua densidade demográfica, apresentando pontos positivos e negativos para os seus habitantes. INTRODUÇÃO FRASE-PONTE (LIGAÇÃO) Vejamos primeiramente os aspectos positivos numa grande cidade. DESENVOLVIMENTO PRÓ + JUSTIFICATIVA Com relação ao setor econômico, há maiores possibilidades de emprego, melhores salários, mais chance de ascensão profissional, conferindo tudo isso ao trabalhador de uma megalópole a oportunidade, por tantos desejada, de atingir um status social elevado. PRÓ + JUSTIFICATIVA Se focarmos o assunto pelo prisma cultural, observaremos que as megalópoles, com seus teatros, museus, universidades e casas de cultura, oferecem grandes oportunidades para a aquisição de conhecimentos na área artístico- cultural. PRÓ + JUSTIFICATIVA Quanto ao lazer, podemos afirmar que as megalópoles proporcionam uma vida social intensa: possuem 50 boas casas de diversão, muitos clubes, restaurantes com comidas das mais variadas origens, lugares aprazíveis para passear e toda a sorte de atrativos. PRÓ + JUSTIFICATIVA Finalmente, se levarmos em consideração as facilidades que as megalópoles oferecem aos seus moradores, podemos aventar toda a gama de conforto conquistada pela moderna tecnologia científica, como o metrô, o aperfeiçoamento da aparelhagem doméstica nos prédios residenciais, hipermercados, alimentos prontos etc. FRASE-PONTE (SEPARAÇÃO) Se focarmos, porém, o lado negativo das megalópoles, veremos que elasapresentam diversos pontos cruciais. CONTRA + JUSTIFICATIVA Em primeiro lugar, poderemos citar a falta de solidariedade humana e o egoísmo que habitam o coração dos indivíduos das grandes metrópoles. Como são pessoas sem tempo para dialogar, os moradores das megalópoles tornam-se praticamente insensíveis à dor e aos problemas dos que os cercam. CONTRA + JUSTIFICATIVA Como decorrência desse fato, os habitantes das megalópoles, embora cercados por alguns milhões de indivíduos, sentem-se, paradoxalmente, muito sozinhos; o 51 Tabela 1 - Exemplos de sequência argumentativa | Fonte: Martins e Zilberknop, 2019. ambiente lhes é estranho, o meio lhes é hostil. CONTRA + JUSTIFICATIVA Acrescente-se a isso o problema da poluição ambiental. Nas grandes cidades, onde a indústria prolifera, lançando no ar, rios e mares, toda sorte de detritos químicos, um indivíduo que nelas habita terá maior chance de adoecer física e psiquicamente. CONCLUSÃO De tudo o que se expôs acima, infere-se que as megalópoles apresentam muitos pontos positivos, se a pessoa que nelas habita for ambiciosa (econômica e culturalmente) e apreciar o movimento, a rapidez e o conforto. Se, por outro lado, tratar-se de indivíduo preso à natureza e à vida pacata, o aspecto negativo das megalópoles pesará muito mais na sua balança valorativa, porquanto não atenderá às suas necessidades vitais. CONCLUSÃO Termino esta aula reforçando a importância de conhecer os mecanismos que compõem um texto dissertativo-argumentativo, mas alertando que nenhuma fórmula funciona se você não cultivar o hábito de ler textos de fontes variadas para formar um repertório cultural e argumentativo para ser capaz de desenvolver ou ensinar a desenvolver uma boa dissertação. Leitura, sempre! 52 Conclusão Enfim, alunos! Chegamos ao final deste projeto, e espero que você tenha aproveitado o máximo! Ao longo dele, estudamos assuntos que ampliaram o seu conhecimento e sua formação no terceiro grau e que certamente lhe serão úteis em várias etapas do seu crescimento pessoal e profissional. Todo conhecimento é válido; nada que se aprende é em vão. Vimos aqui conceitos que provavelmente serão vistos em algum outro momento; em alguma outra disciplina do seu curso, mas com certeza você já terá uma base valiosa para dar continuidade aos estudos que envolvam língua portuguesa e linguagem. É pela linguagem que nosso pensamento, ideias, ideologias e sentimentos ganham forma de expressão com o mundo. É uma atividade inerente ao homem que lhe possibilita a comunicação e a interação social, e fomenta as relações que desejamos estabelecer, os efeitos que pretendemos causar nos interlocutores e os comportamentos que queremos ver desencadeados no nossos alunos, por exemplo. Pense nisso! Assim, espero poder vê-los em breve, talvez em uma segunda parte deste projeto integrador! Bons estudos, Profª. Ju Spadoto 53 Material Complementar Livro Manual de Redação e Estilo do Estado de S. Paulo Autor: Eduardo Martins Editora: Moderna Sinopse: Consagrado conjunto de normas da imprensa brasileira, que ultrapassa a fronteira do papel para o mundo online, o Manual de redação e Estilo do Estado cumpriu essa trajetória exatamente porque sua utilidade não é restrita às redações de jornais e revistas. De autoria do jornalista Eduardo Martins, com 40 anos dedicados ao ofício de moldar textos na Redação do Estado, o Manual chega agora à terceira edição impressa. Cada um dos seus verbetes traz a experiência de quem chefiou incontáveis editorias no jornal, foi seu secretário de Redação e já por oito anos auxilia a Direção da Redação no controle de qualidade dos textos publicados. Indispensável para que quer aprimorar sua escrita, pois funciona como um tira-dúvidas rápido e eficaz. Filme Romeu + Julieta Sinopse: A clássica história de William Shakespeare sobre o amor proibido entre dois jovens de famílias rivais ganha uma versão moderna. Desta vez a trama se desenrola numa cidade americana nos anos de 1990. Além da atmosfera de romance, há muita ação e aventura, com as famílias rivais se enfrentando em meio a carros e pistolas. Um belo e envolvente show de imagens e música. 54 Comentário: A eterna história de amor de Shakespeare já teve várias adaptações para o cinema, mas esta de 1990 é bastante indicada para estudantes de linguagem e produção textual porque se trata de uma mescla de tipos textuais: as falas dos personagens são as originais de Shakespeare do século XVI, mas a trama se passa atualmente, em Verona Beach, em uma linguagem visual totalmente moderna. Vale a pena conferir o resultado! Web Indispensável para quem escreve em uma base diária, o dicionário da língua portuguesa também serve como gramática e conjugador verbal. Veja 5 dicionários online gratuitos, entre eles o Michaellis, o Aurélio e o Priberam. Acesse o link 55 http://portuguesonline.net/5-dicionarios-de-portugues-online-gratis/ Referências ALMEIDA, Antonio Fernando de; ALMEIDA, Valéria Silva Rosa de. Português básico: gramática, redação, texto. 5. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. ASSIS, Machado. Dom Casmurro. In: <http://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista/item/ download/13_7101e1a36cda79f6c97341757dcc4d04 >. Texto fonte: Obras Completas de Machado de Assis, v. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Acesso em: 03 abr. 2020. BASSÉGGIO, Sandra Mara, DIAS, Luciana Ferreira. Os efeitos de sentidos atribuídos pelos sujeitos ao discurso sobre violência no cotidiano. Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação – SEED, Superintendência da Educação – SUED. Curitiba, 2008. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/907-4.pdf.> Acesso em: 30 mar. 2020. CEGALLA, D. P. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009. FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis: Vozes, 2016. FARACO, Carlos Emílio, MOURA, Francisco Marto. Língua e Literatura - Volume 1. São Paulo: Editora Ática, 1994. FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: Leitura e redação. 18. ed. São Paulo: Editora Ática, 2006. INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto: curso prático de leitura e redação. São Paulo: Scipione, 1998. KOCH, Ingedore e ELIAS, Vanda Maria. Ler e Escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2011. MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental. Versão digital. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2019. PÊCHEUX, M. Análise Automática do Discurso. In: Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, pp.61-161, 1969. TERRA, Ernani. Práticas de leitura e escrita. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 56 http://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista/item/download/13_7101e1a36cda79f6c97341757dcc4d04 http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/907-4.pdf Linguagem, Fala e Discurso Tipologia Textual Gêneros Textuais Elementos do Texto Dissertativo-Argumentativo
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