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Capítulo 3 • Energia, catálise e biossíntese 85 50 ocorre em função de um grande número de probabilidades e coloca poucas restrições na orientação de cada moeda individualmente, diz-se que ela é “mais desordenada”. Pela mesma razão, a casa de cada pessoa se torna cada vez mais desordenada se não for feito um esforço intencional para arrumá-la. O movi- mento em direção à desordem é um processo espontâneo, necessitando de uma entrada periódica de energia para revertê-lo (Figura 3-4). A medida do estado de desordem de um sistema é denominada entropia do sistema, sendo que quanto maior a desordem, maior a entropia. Assim, uma terceira maneira de expressar a segunda lei da termodinâmica é dizer que o sis- tema mudará espontaneamente para o estado de organização que tiver maior entropia. As células vivas, ao sobreviverem, crescerem, formarem comunidades complexas e mesmo organismos inteiros, geram ordem e então podem dar a im- pressão de que elas desafiam a segunda lei da termodinâmica. Mas não é assim, porque as células não são sistemas isolados. Pelo contrário, tomam energia dos ambientes em que estejam, na forma de alimento, moléculas inorgânicas e fótons do sol, e usam essa energia para gerar ordem para elas mesmas, formando novas ligações químicas e construindo grandes macromoléculas. Durante a realização das reações químicas que geram a ordem, alguma energia é perdida sob a forma de calor. O calor (ou energia cinética) é a energia na sua forma mais desordena- da: a colisão aleatória entre moléculas (analogamente às moedas que estão na caixa). Devido ao fato de que as células não são sistemas isolados, o calor gerado nessas reações é rapidamente disperso pelos arredores das células, onde aumen- (A) (B) (C) (D) (E) 20 mm0,5 mm10 μm50 nm20 nm REAÇÃO “ESPONTÂNEA” com o decorrer do tempo O ESFORÇO PARA ORGANIZAR REQUER SUPRIMENTO DE ENERGIA Figura 3-3 As estruturas biológicas são altamente organizadas. Padrões espaciais bem definidos e rebuscados podem ser vistos em cada um dos níveis de organiza- ção dos seres vivos. Em ordem crescente de tamanho: (A) moléculas de proteínas do envelope de um vírus (parasita que, embo- ra tecnicamente não seja vivo, contém os mesmos tipos de moléculas encontradas nas células vivas); (B) arranjo regular dos microtúbulos da cauda de um espermato- zoide, vistos em secção transversal; (C) su- perfície de um grão de pólen (uma única célula); (D) secção transversal do caule de samambaia, mostrando o padrão da organi- zação das células; e (E) flor com pétalas em arranjo espiralado, cada uma formada por milhões de células (A, cortesia de Robert Grant, Stéphane Crainic e James M. Hogle; B, cortesia de Lewis Tilney; C, cortesia de Colin MacFarlane e Chris Jeffree; D, corte- sia de Jim Haseloff.) Figura 3-4 Experiência quotidiana da tendência espontânea à desordem. Reverter essa tendência natural à desordem requer um esforço intencional e um supri- mento de energia. A partir da segunda lei da termodinâmica, pode-se ter certeza de que é necessário haver intervenção humana para liberar calor para o ambiente em quan- tidade suficiente para compensar o restabe- lecimento da ordem neste quarto. Alberts_03.indd 85Alberts_03.indd 85 16/01/2017 09:10:2316/01/2017 09:10:23
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