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Prof. MSc. Éverton Duarte UNIDADE I Psicologia Interdisciplinar Psicologia Interdisciplinar – Campo configuracional Processos psicológicos básicos Neurociências Psicopatologia Sensação e percepção Memória Estados de consciência Sensação: procedimento neurológico responsável por organizar as informações recebidas do ambiente (interno – corpo e externo – mundo) para que sejam usadas, de forma apropriada, no dia a dia. Gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, originados fora ou dentro do organismo, que produzem as alterações nos órgãos receptores, estimulando-os. Quando o cérebro processa as sensações de forma eficaz, as respostas adaptativas são geradas, de modo que a pessoa consegue lidar com o seu ambiente e manter uma rotina sem problemas. (DALGALARRONDO, 2000) Percepção: tomada de conhecimento sensorial de objetos ou de fatos exteriores, mais ou menos, complexos. Toda percepção fornece ao indivíduo um percepto, mais ou menos, definido. (PIÉRON, 1996 apud DALGALARRONDO, 2000) Sensação e percepção – Conceito Olho: recebe a informação para que a mesma seja tratada em processos neurais que ocorrem no cérebro, para ser decodificada. Percepção visual: elaboração cortical das informações que a retina transmite ao cérebro através das vias visuais – percepção de objetos. Reconhecimento de padrões: identificação ou reconhecimento de estímulos bi ou tridimensionais – equiparação com a informação armazenada. Sensação – Funções visuais Fonte: https://edisciplinas.usp.br Área cerebral: lobos occipitais. Funções: Recebe e processa a informação visual; Áreas associativas: interpretação do mundo visual e do transporte da experiência visual para a fala. Disfunções: Córtex visual: cegueira cortical, alucinações visuais e ilusões visuais. Sensação – Funções visuais Córtex Parietal Posterior V5/MT V1 V4 Córtex Temporal Inferior Fonte: Adaptado de: http://old.scielo.br Função tátil: Área cerebral: lobo parietal. Função auditiva: Área cerebral: lobo temporal. Função olfativa: Área cerebral: córtex orbitofrontal. Função gustativa: Área cerebral: o bulbo recebe a informação, envia para o tálamo e, depois, para o córtex. Sensações – Funções Fonte: Adaptado de: https://www2.ibb.unesp.br/ Córtex Gustativo Córtex Olfatório Córtex Auditivo Córtex Somestésico Córtex Visual Cerebelo Tálamo Olho Nariz Som Equilíbrio Orelha Dor Temperatura Pressão Propriocepção Língua 2 1 3 Ilusões e alucinações (conteúdo, sistema sensorial envolvido, circunstâncias de aparecimento). Ilusão: fenômeno psicopatológico; ocorre, principalmente, em situações de alteração qualitativa da consciência. Percepção deformada e alterada, de um objeto real e presente. Alucinação: percepção de um objeto, sem que este esteja presente, sem o estímulo sensorial respectivo. A clínica registra os indivíduos que percebem, perfeitamente, uma voz ou uma imagem, com todas as características de uma percepção normal, sem a presença real do objeto. Pseudoalucinação: percepção sem que haja qualquer estímulo sensorial, mas o paciente mantém a crítica, assume a vivência como não real. Alterações qualitativas da sensopercepção Agnosia: incapacidade do indivíduo reconhecer as pessoas ou os objetos, mesmo quando as modalidades sensoriais estão intactas. Causas: danos ao cérebro decorrentes de lesão; derrame; demências; traumatismos e doenças neurológicas. Prosopagnosia: prejuízo no reconhecimento de uma face conhecida. Em casos mais graves, a pessoa não consegue reconhecer a própria imagem no espelho. Lesão: occipitotemporal (porções inferiores: giros lingual e fusiforme), bilateral, principalmente, direita. Síndrome da negligência: inatenção aos estímulos próprios ou ambientais em um dimídio corporal (geralmente, à esquerda). Alterações da sensopercepção Fonte: https://anatpat.unicamp.br/ bineucerebrorntermo.html “Memória é a aquisição, a formação, a conservação e a evocação de informações. A aquisição é também chamada de aprendizagem: só se “grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é também chamada de recordação, lembrança, recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos, aquilo que foi aprendido”. (IZQUIERDO, 2018) As três fases da memória: 1. Aquisição; 2. Consolidação; 3. Evocação das informações. Classificação das memórias. Conteúdo: declarativa, não declarativa e memória de trabalho (working memory). Duração: curto prazo, longo prazo e remota. Memória Memória declarativa: Está relacionada à habilidade de armazenar e recordar fatos e eventos. Episódica: Relacionadas aos eventos, os quais podemos ter participado ou, simplesmente, assistido. Estas memórias são autobiográficas. Semântica: Referentes aos nossos conhecimentos gerais. Memória de trabalho (working memory): Pode ser considerada como um armazenamento temporário de informações recentes que serão úteis para o raciocínio imediato e a resolução de problemas, mantendo-as durante alguns segundos ou poucos minutos, enquanto estão sendo processadas. Sistemas de memória Memória não declarativa: Relacionada às memórias de capacidades, ou habilidades motoras ou sensoriais; é o que chamamos de “hábitos”; Condicionamento simples e aprendizagem associativa simples: adquiridas através da associação de um estímulo com um outro estímulo ou com uma resposta (Pavlov); Pré-ativação (Priming): são as memórias evocadas através de dicas (fragmentos); Processual: relacionadas ao “saber como”, isto é, para que possamos demonstrar que as temos, precisamos fazer (exemplos: andar de bicicleta, nadar, saltar etc.). Sistemas de memória A área cerebral envolvida nos processos de memória é o sistema límbico, sobretudo, o hipocampo, localizado nas áreas mesiais do lobo temporal. Memória – Localização e declínio Fonte: Adaptado de: Salthouse (2009). Fonte: Adaptado de: https://www.yumpu.com/ Sistema límbico Límbico Borda → Estruturas anatômicas ao redor do cérebro → Todo circuito neuronal Controla o comportamento ↓ Emocional Forças motivacionais corpos mamilares hipocampo amígdala hipotálamo bulbo olfativo Idade D e s e m p e n h o 20 25 30 35 40 45 50 55 60 0,6 0,4 0,2 0,0 -0,2 -0,4 Memória Raciocínio Visão espacial Rapidez de resposta Amnésia: perda parcial ou total da memória, prejudicando o indivíduo na sua capacidade de reter e evocar as informações. Amnésia retrógrada: caracteriza-se pela perda da memória para os eventos anteriores ao trauma (se esquece de coisas que já sabia). Amnésia anterógrada: dificuldade da capacidade de consolidar novos conhecimentos após um trauma cerebral. Amnésia global transitória: envolve um período bem mais curto, na qual um acesso repentino de amnésia anterógrada dura, apenas, um período de minutos a dias, acompanhada por uma amnésia retrógrada para os eventos recentes que precederam o ataque. Amnésia dissociativa ou psicogênica: conhecida como psicológica. Decorre de síndromes emocionais ou traumas, sendo, geralmente, temporária. Memória – Alterações Hipermnésia: Não possui relação com o nível intelectual, e pode ser permanente ou temporária. Fatores que podem contribuir: Resposta sensorial incomum aos estímulos. Sinestesia: fenômeno em que os estímulos sensoriais evocam as sensações, normalmente, associadas com os estímulos de outra natureza. Desvantagens da supermemória: As sensações complexas evocadas pelos estímulos interferiam na sua habilidade de integrar e lembrar-se de coisas mais complexas. Memória – Alterações O caso do paciente H.M. ficou conhecido mundialmente na literatura médica. Ele foi submetido a uma neurocirurgia, decorrente de um quadro de epilepsia. Foi realizadaa remoção bilateral do _____________________, considerado a sede da memória, o que gerou uma amnésia ____________________, o que o incapacitou de formar novas memórias, a partir daquele momento. Assinale a alternativa que preenche, corretamente, as lacunas: a) Hipocampo e retrógrada. b) Hipocampo e anterógrada. c) Hipocampo e dissociativa. d) Cerebelo e retrógrada. e) Cerebelo e anterógrada. Interatividade O caso do paciente H.M. ficou conhecido mundialmente na literatura médica. Ele foi submetido a uma neurocirurgia, decorrente de um quadro de epilepsia. Foi realizada a remoção bilateral do _____________________, considerado a sede da memória, o que gerou uma amnésia ____________________, o que o incapacitou de formar novas memórias, a partir daquele momento. Assinale a alternativa que preenche, corretamente, as lacunas: a) Hipocampo e retrógrada. b) Hipocampo e anterógrada. c) Hipocampo e dissociativa. d) Cerebelo e retrógrada. e) Cerebelo e anterógrada. Resposta Conhecimento compartilhado com outro e, por extensão, o conhecimento “compartilhado consigo mesmo”, apropriado pelo indivíduo. (ZENAN et al., 1997) É a percepção pessoal dos estímulos internos (sensações corpóreas e noções de identidade) e externos (eventos do ambiente). Definição neuropsicológica: estado de estar desperto, acordado, vígil, lúcido. Definição psicológica: soma total das experiências conscientes de um indivíduo em determinado momento. Relação do “eu” com o meio ambiente; é a capacidade do indivíduo entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos. Definição ético – filosófica: capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e os deveres concernentes a essa ética. (DALGALARRONDO, 2000) Estados de consciência – Conceito e definições Para a atividade mental consciente, observa-se a participação do lobo parietal direito (relacionado ao reconhecimento do próprio corpo, dos objetos e do mundo, e na apreensão daquilo que denomina-se realidade), e as áreas frontais são fundamentais na organização da atividade mental consciente. A consciência pode sofrer alterações por processos fisiológicos e patológicos. São divididos em alterações quantitativas (rebaixamento do nível de consciência) e alterações qualitativas (algum grau de rebaixamento – mínimo). Estados de consciência – Áreas cerebrais Fonte: https://commons.wikimedia.org/ Sono: é um estado comportamental, e uma fase fisiológica normal e necessária do organismo. Perda do nível de consciência por um período limitado de tempo. Se divide em sono REM e não REM. Não REM: sincronizado sem os movimentos oculares rápidos; com quatro estágios. REM: movimentos oculares rápidos e conjugados associado a um relaxamento muscular profundo e generalizado. O ciclo do sono é repetido, por noite, cerca de quatro vezes, havendo uma mudança na duração da Fase REM. O sonho é um fenômeno associado ao sono e pode ser considerado uma “alteração normal” da consciência. São vivências, predominantemente, visuais, raramente ocorrendo percepções auditivas, olfativas ou táteis. Duração de 5 a 30 minutos – (25%). Alterações normais da consciência Obnubilação ou turvação da consciência: rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. Diminuição do grau de clareza do sensório, com a lentidão da compreensão e a dificuldade de concentração. Dificuldade para integrar as informações sensoriais oriundas do ambiente, não conseguindo reagir a certos estímulos externos. Sopor: estado no qual o paciente pode ser despertado, apenas, por um estímulo enérgico, sobretudo, de natureza dolorosa. Mostra-se sonolento, pode apresentar reações de defesa, mas é incapaz de qualquer ação espontânea. A psicomotricidade encontra-se mais inibida do que nos estados de obnubilação. Coma: impossibilidade de qualquer atividade voluntária consciente e ausência de qualquer indício de consciência. Os graus de intensidade são classificados em grau I (semicoma), grau II (coma superficial), grau III (coma profundo) e grau IV (coma dépassé). Estados de consciência – Alterações quantitativas Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento do nível de consciência: Delirium: é uma síndrome neurocomportamental, causada pelo comprometimento transitório da atividade cerebral, invariavelmente secundário aos distúrbios sistêmicos; Estão menos conscientes do ambiente, distraem-se, facilmente, e têm dificuldade para concentrar-se e seguir os comandos. Manifestações de pensamento desorganizado, alteração do nível de consciência, alterações perceptuais (alucinações e ilusões visuais), distúrbios do ciclo sono–-vigília, atividade motora aumentada ou diminuída, e piora ao anoitecer; Mudanças relacionadas com a idade do cérebro predispõem as pessoas idosas ao delirium durante os distúrbios fisiológicos, que são tolerados em indivíduos mais jovens. Estados de consciência – Alterações quantitativas Estados crepusculares: estado patológico transitório no qual uma obnubilação da consciência (mais ou menos perceptível) é acompanhada de relativa conservação da atividade motora coordenada (POROT, 1967 apud DALGALARRONDO, 2000). Ocorrem atos explosivos violentos e episódios de descontrole emocional. Geralmente, ocorre a amnésia lacunar para o episódio, onde o indivíduo se lembra de alguns fragmentos isolados. Dissociação da consciência: fragmentação ou a divisão do campo da consciência, ocorrendo a perda da unidade psíquica do ser humano. Observa-se uma dissociação da consciência, um estado semelhante ao sonho, geralmente, desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos. Transe: estado de dissociação da consciência que se assemelha a sonhar acordado; presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários. Estados de consciência – Alterações qualitativas Drogas: são substâncias utilizadas para produzir as mudanças nas sensações, na consciência e nas emoções. Estas alterações variam de acordo com: características da pessoa, droga utilizada e circunstâncias do uso. Tipos: Depressoras da atividade mental: álcool, ansiolíticos ou tranquilizantes, e solventes ou inalantes; Estimulantes da atividade mental: anfetaminas, cocaína e crack; Perturbadoras da atividade mental: maconha, LSD, chá de cogumelo; As drogas provocam alterações em várias regiões cerebrais, predominantemente, em córtex pré-frontal e regiões temporais; Prejudicam diversas capacidades cognitivas, tais como a atenção, a memória e as funções executivas; Há fortes indícios sugerindo que os déficits cognitivos persistam por algum tempo, mesmo após a retirada das drogas. Estados de consciência – Alterações com o uso de drogas Considere os níveis de consciência detectados no relato a seguir: O paciente apresenta a desorientação temporo-espacial, ansiedade, agitação e lentificação psicomotora. Observa-se flutuações do quadro ao longo do dia, com piora ao anoitecer. A partir das características relatadas, conclui-se que os graus de alterações da consciência detectados no paciente são, respectivamente, identificados como: a) Obnubilação da consciência. b) Estados crepusculares. c) Sopor. d) Coma. e) Delirium. Interatividade Considere os níveis de consciência detectados no relato a seguir: O paciente apresenta a desorientação temporo-espacial, ansiedade, agitação e lentificação psicomotora. Observa-se flutuações do quadro ao longo do dia, com piora ao anoitecer. A partir das características relatadas, conclui-se que os graus de alterações da consciência detectados no paciente são, respectivamente, identificados como: a) Obnubilação da consciência. b) Estados crepusculares. c) Sopor. d) Coma. e) Delirium. Resposta DALGALARRONDO,P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. FELDMAN, R. S. Introdução à Psicologia. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015. GIL, R. Neuropsicologia. Tradução de Maria Alice Araripe de Sampaio Doria. São Paulo: Livraria Santos Editora; 2003. IZQUIERDO, I. Memória. 3. ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2018. MYERS, D. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2012. ZEMAN, A. Z. J.; GRAYLING, A. C.; COWEY, A. Contemporary theories of consciousness. Journal of Neurology, Neurosurgery and Psichiatry, n. 62: 549-552, 1997. Referências ATÉ A PRÓXIMA!