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Aula 1 Adm. de Serviços Hospitalares

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- -1
ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS 
HOSPITALARES
COMPONENTES DA SAÚDE, QUANTIDADES 
E QUALIDADES RELACIONADAS
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1- Compreender como os componentes da saúde interagem na organização em suas diversas relações;
2- Identificar a influência dos componentes na condução da tomada de decisão gerencial focada no atingimento
dos resultados esperados da organização de saúde e seus serviços específicos.
1 Introdução
Em um sistema de saúde, a composição dos componentes da saúde é explicitada na relação que o conjunto de
organizações de saúde mantém entre si. Não há um consenso sobre qual é o modelo ideal de organização, ou
mesmo sobre quais os seus componentes e as suas responsabilidades por tipos distintos, mas podemos
estabelecer requisitos relacionados aos componentes, às suas funcionalidades e, com isso, obtermos os seus
serviços resultantes.
Essencialmente, pode-se se dizer que nas diversas organizações de saúde temos os locais onde são prestados os
diversos serviços de saúde.
Sendo uma das formas de resposta da sociedade aos problemas percebidos em saúde, os serviços nessa área
correspondem a uma concepção mais ampla de saúde, em que os fatores determinantes e condicionantes de
saúde refletem e desdobram a própria política e organização do estado nesta área.
Nesta aula, vamos estabelecer uma compreensão do que são os componentes da saúde, seus desdobramentos na
visão da OMS, e como eles podem ser condicionantes na estratégia de estruturação de serviços de saúde.
2 Componentes da saúde, quantidade e qualidades 
relacionadas
Os “componentes da saúde” identificam o que constitui a saúde, enquanto as “consequências” se referem ao
impacto das doenças na condição de saúde da pessoa.
Neste momento, faz-se necessária uma descrição da realidade vivida nas organizações hospitalares, no que tange
às suas peculiaridades e ao seu ambiente estratégico.
Para um entendimento maior do conceito de hospital, podemos defini-lo como sendo parte integrante de uma
organização social de saúde, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica
- -3
curativa e preventiva, com quaisquer regimes de atendimento, incluindo o domiciliar, sendo também centro,
capacitação e de pesquisa em saúde, supervisionando e orientando os serviços de saúde a eles vinculados.
É uma instituição com objetivos específicos, norteados pela função social de prestar serviços de saúde à
comunidade. Entretanto, tais objetivos não o isentam de dispensar cuidados administrativos adequados e
sensíveis às suas peculiaridades. Os objetivos referentes ao bem-estar da comunidade não devem ser esquecidos.
Podemos relacionar alguns dos principais objetivos da organização hospitalar:
• Serviços técnicos de alta qualidade.
• Acessibilidade.
• Disponibilidade de serviços.
• Eficiência.
• Satisfação dos indivíduos e dos profissionais de saúde.
• Responsabilidade profissional.
Tais considerações parecem deixar clara a necessidade da adoção, por parte dos hospitais, de técnicas
administrativas que possibilitem uma gestão eficiente, voltada para os objetivos estratégicos da organização.
A demanda por serviços de saúde resulta da conjugação de fatores sociais, individuais e culturais prevalentes na
população. O conhecimento do padrão de utilização desses serviços se torna essencial, para que as respostas a
essa demanda reflitam decisões equânimes e efetivas.
Nesse contexto e como estudamos em Fundamentos da Gestão Hospitalar, estamos passando por uma transição
de modelo de gestão de saúde e assistência médica, saindo de um modelo centrado na relação doença x cura,
para uma visão mais ampla onde se objetiva promover saúde no grupo social (e por decorrência no indivíduo
nele inserido).
Neste novo modelo, o foco é o indivíduo e o seu grupo social de forma prioritária em relação aos serviços de
saúde.
O sistema de saúde atual é ainda organizado e financiado segundo o modelo curativo, mas a nossa visão de saúde
deveria ser ampliada para um modelo que inclua outras dimensões, como a social e a mental do indivíduo.
Esta visão mais ampla não exclui o conceito de medicina curativa, nem é uma evolução do conceito de medicina
preventiva, mas foca na promoção de saúde e bem-estar, reconhecendo a importância de diversos fatores
(psicológicos, sociais e comportamentais) que ampliam a defesa do indivíduo em relação às doenças e
incapacidades, incorporando o conceito de geração e manutenção da saúde.
Assim, podemos definir inicialmente os componentes da saúde, não como uma lista exaustiva, mas como
dimensões de componentes que interligados e interdependentes auxiliam na promoção da saúde. Problemas ou
deficiências nesses componentes predisporiam o estado de doença.
Podemos elencar como dimensões da saúde, associadas aos componentes:
•
•
•
•
•
•
- -4
Física A saúde física inclui a integridade funcional e estrutural (por exemplo, capacidade
funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde).
Mental
Fatores psicológicos ou emocionais do indivíduo. Envolvem vitalidade, o estado emocional
(humor), disposições (atitude mental), crenças e expectativas (autoestima, autocontrole,
autoeficácia).
Social
Voltada para as interações do indivíduo com o meio e não com sua posição social na
sociedade ou nível socioeconômico. Está relacionada com a sociabilidade e a rede de
suporte com colegas, amigos ou familiares. A rede social constrói comunidades e contribui
para o suporte social, manutenção da saúde e recuperação de doenças. Nesse contexto está
inserida a ideia de “ ”.e-patient
E-PATIENT (e-paciente): São consumidores de saúde que utilizam a internet para recolher informações sobre 
uma condição médica de particular interesse para eles, e que usam ferramentas de comunicação eletrônica
(incluindo ferramentas de Web 2.0) para lidar com condições médicas. O termo engloba tanto aqueles que
buscam orientação on-line para seus males próprios, ou os amigos e familiares (e-cuidadores) que acessam a
internet em seu nome.
Os e-pacientes relatam dois efeitos de sua pesquisa em saúde on-line:
Melhor informação dos serviços de saúde, e diferentes (mas nem sempre melhor) relações com seus médicos.
Os e-pacientes estão cada vez mais ativos no seu cuidado e estão demonstrando o poder da medicina
participativa ou modelo de atenção.
Buscando um entendimento destes componentes, vêm sendo sucessivamente estabelecidas classificações para
detalhar estes componentes.
Estabelecer um mapeamento e a coleta de dados dos componentes associados a estas dimensões tem sido uma
preocupação constante dos diversos sistemas de saúde e da própria OMS.
A OMS possui diversas classificações internacionais, constituindo o quadro de referência universal adaptado pela
OMS para descrever, avaliar e medir a saúde e a incapacidade a nível individual e a nível populacional.
A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como
Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa
padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. A CID 10 fornece códigos relativos
- -5
à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas,
circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A cada estado de saúde é atribuída uma
categoria única à qual corresponde um código CID 10.
Essa classificação já vem sendo utilizada na área de saúde há muito tempo e constitui um baluarte para a
vinculação de procedimentos a realizar em organizações de saúde. Por si só, ela com a percepção de diagnóstico.
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é um sistema de classificação
inserido na Família de Classificações Internacionais da Organização Mundial de Saúde (OMS) (World Health
Organization Family of International Classifications – WHO-FIC).
A CIF pertence à “família” dasclassificações internacionais, desenvolvida pela OMS para aplicação em vários
aspectos da saúde.
A família de classificações internacionais da OMS proporciona um sistema para a codificação de uma ampla gama
de informações sobre saúde (por exemplo: diagnóstico, funcionalidade e incapacidade, motivos de contato com
os serviços de saúde) e utiliza uma linguagem comum padronizada que permite a comunicação sobre saúde e
cuidados de saúde em todo o mundo, entre várias disciplinas e ciências.
Em maio de 2001, a 54ª Assembleia Mundial de Saúde aprovou o novo sistema de classificação com a designação
de International Classification of Functioning, Disabilities and Health, conhecida abreviadamente por ICF,
visando a sua utilização nos diferentes países membros. Na sua versão oficial para a língua portuguesa, aprovada
pela OMS, ela intitula-se de Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF.
O objetivo geral da classificação é proporcionar uma linguagem unificada e padronizada, assim como uma
estrutura de trabalho para a descrição da saúde e de estados relacionados com a saúde. A classificação define os
componentes da saúde e alguns componentes do bem-estar relacionados com a saúde, tais como educação e
trabalho. Os domínios contidos nas CIF podem, portanto, ser considerados como domínios da saúde e domínios
relacionados com a saúde. Estes domínios são descritos com base na perspectiva do corpo, do indivíduo e da
sociedade.
Como classificação, a CIF agrupa sistematicamente diferentes domínios de uma pessoa com uma determinada
condição de saúde (por exemplo: o que uma pessoa com uma doença ou perturbação faz ou pode fazer).
A funcionalidade é um termo que engloba todas as funções do corpo, atividades e participação. Assim, ela
trabalha com a dimensão da função.
Podemos comparar as duas classificações nas óticas diagnóstico/funcionalidade, como no esquema a seguir:
- -6
Porém, a CIF também relaciona os fatores ambientais que interagem com todos estes constructos. Neste sentido,
a classificação permite ao utilizador registrar perfis úteis da funcionalidade, incapacidade e saúde dos indivíduos
em vários domínios.
Nesta aula, vamos expandir a conceituação da CIF como forma de ampliar o conhecimento na promoção da saúde
e modificar o paradigma Doença x diagnóstico x cura para uma dimensão maior, a fim de que possamos entender
a formação estrutural dos serviços de saúde de maneira ampliada.
Com a adoção da CIF, passa de uma classificação de "consequência das doenças" (versão de 1980) para uma
classificação de "componentes da saúde" (CIF), sendo decisivo o seu papel na consolidação e na
operacionalização de um novo quadro nocional da funcionalidade, da incapacidade humana e da saúde.
Nas classificações internacionais da OMS, os estados de saúde (doenças, perturbações, lesões etc.) são
classificados principalmente na CID-10 (abreviatura da Classificação Internacional de Doenças, Décima Revisão),
que fornece uma estrutura de base etiológica. A funcionalidade e a incapacidade associadas aos estados de saúde
são classificadas na CIF. Portanto, a CID-10 e a CIF são complementares.
Os “componentes da saúde” identificam o que constitui a saúde, enquanto que as "consequências" se referem ao
impacto das doenças na condição de saúde da pessoa. Deste modo, a CIF assume uma posição neutra.
- -7
Se duas pessoas com a mesma doença podem ter níveis diferentes de funcionamento, e duas pessoas com o
mesmo nível de funcionamento não têm necessariamente a mesma condição de saúde, a utilização conjunta
aumenta a qualidade dos dados para fins clínicos. A utilização da CIF não deve substituir os procedimentos
normais de diagnóstico. Em outros contextos, a CIF pode ser utilizada sozinha.
Diz-nos a OMS que a CIF é uma classificação com múltiplas finalidades, para ser utilizada de forma transversal
em diferentes áreas disciplinares e setores:
[...] Saúde, educação, segurança social, emprego, economia, política social, desenvolvimento de políticas e de
legislação em geral e alterações ambientais. Foi por isso foi aceita pelas Nações Unidas como uma das suas
classificações sociais, considerando-a como o quadro de referência apropriado para a definição de legislações
internacionais sobre os direitos humanos, bem como de legislação nacional.
A CIF toma em consideração os aspectos sociais da deficiência e propõe um mecanismo para estabelecer o
impacto do ambiente social e físico sobre a funcionalidade da pessoa.
Por exemplo, quando uma pessoa com uma deficiência grave tem dificuldade em trabalhar num determinado
edifício porque não existem rampas ou elevadores, a CIF identifica as prioridades de intervenção, o que supõe,
neste caso, que esse edifício possua essas acessibilidades, em vez de essa pessoa se sentir obrigada a desistir do
seu emprego.
A CIF coloca todas as doenças e problemas de saúde em pé de igualdade, sejam quais forem as suas causas. Uma
pessoa pode não ir trabalhar devido a uma gripe ou uma angina, mas também por causa de uma depressão. Esta
aproximação neutra colocou as perturbações mentais ao mesmo nível das patologias físicas e contribuiu para
reconhecer e estabelecer a carga mundial de morbidade associada aos problemas depressivos, que representam
atualmente a causa principal de anos de vida perdidos em razão das incapacidades.
A CIF resulta de um esforço de 7 anos de um trabalho, no qual participaram ativamente 65 países. Foram
empreendidos rigorosos estudos científicos de forma a que a CIF se possa aplicar independentemente da cultura,
grupo etário ou sexo, de modo a tornar possível a coleta de dados confiáveis e susceptíveis de comparação,
relativamente aos critérios de saúde dos indivíduos e das populações. Atualmente, a OMS está realizando
pesquisas em todo o mundo para recolher dados baseados na CIF.
Objetivos da CIF:
A CIF é uma classificação desenvolvida com o duplo propósito de utilização em várias disciplinas e em diferentes
setores. Os seus objetivos específicos são os seguintes:
• Apresentar uma base científica para a compreensão e o estudo da saúde e dos estados com ela 
relacionados, bem como os resultados e suas determinantes.
• Estabelecer uma linguagem comum para descrever a saúde e os estados com ela relacionados, para 
melhorar a comunicação entre os diferentes usuários, tais como profissionais de saúde, investigadores, 
legisladores de políticas de saúde e a população em geral, incluindo as pessoas com deficiência.
• Permitir a comparação dos dados entre países, entre as disciplinas de saúde, entre os serviços, e em 
•
•
•
- -8
• Permitir a comparação dos dados entre países, entre as disciplinas de saúde, entre os serviços, e em 
diferentes momentos ao longo do tempo.
• Proporcionar um esquema de codificação sistematizado de forma a ser aplicado nos sistemas de 
informação da saúde.
Estes objetivos encontram-se interligados entre si, uma vez que a necessidade e a utilização da CIF requer a
construção de um sistema relevante e útil que possa ser aplicado em âmbitos distintos:
• Na política de saúde
• Na avaliação da qualidade da assistência
• Na avaliação das consequências em diferentes culturas
A CIF é útil num âmbito muito largo de aplicações diferentes, por exemplo, em segurança social, na avaliação da
gestão dos cuidados de saúde, em inquéritos à população a nível local, nacional e internacional.
Oferece uma estrutura conceptual para a informação aplicável aos cuidados pessoais de saúde, incluindo a
prevenção, a promoção da saúde e a melhoria da participação, removendo ou atenuando as barreiras sociais e
estimulando a atribuição de apoios e de facilitadores sociais.
É também útil no estudo dos sistemas de cuidados de saúde, tanto em termos de avaliação, como de formulação
de políticas.
O Universo da CIF engloba todos os aspectos da saúde humana e alguns componentes relevantes de domínios
para a saúde relacionados com o bem-estar e descreve-os em termos de saúde domínios relacionadoscom a
saúde.
A classificação é circunscrita ao amplo contexto da saúde e não cobre circunstâncias que não estão relacionadas
com a saúde, tais como as que resultam de fatores socioeconômicos.
Por exemplo, algumas pessoas podem ter uma capacidade limitada de executar uma tarefa no ambiente em que
vivem, por causa da raça, sexo, religião ou outras características socioeconômicas, mas essas restrições de
participação não estão relacionadas com a saúde no sentido que lhe é atribuído na CIF.
Muitas pessoas consideram, erradamente, que a CIF se refere unicamente a todas as pessoas com incapacidades.
Na verdade, ela aplica-se à saúde e os estados relacionados com a saúde associados a qualquer condição de
saúde podem ser descritos através da CIF. Por outras palavras, a CIF tem aplicação universal. Em seu âmbito, a
CIF permite descrever situações relacionadas com a funcionalidade do ser humano e com suas restrições e serve
como enquadramento para organizar esta informação. Ela estrutura a informação de maneira útil, integrada e
facilmente acessível.
Funcionalidade e incapacidade
Corpo
O componente inclui duas classificações, uma para as funções dos sistemas orgânicos e outra para as estruturas
do corpo. Nas duas classificações os capítulos estão organizados de acordo com os sistemas orgânicos.
Atividades e Participação
•
•
•
•
•
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O componente cobre a faixa completa de domínios que indicam os aspectos da funcionalidade, tanto na
perspectiva individual, como social.
Fatores Contextuais
Exemplos de domínios da saúde incluem ver, ouvir, andar, aprender e recordar, enquanto que exemplos de
domínios relacionados com a saúde incluem transporte, educação e interações sociais.
Os Fatores Pessoais
Também são componentes dos Fatores Contextuais, mas eles não estão classificados na CIF devido à grande
variação social e cultural associada aos mesmos. Os componentes de funcionalidade e da incapacidade da CIF
podem ser expressos de duas maneiras. Por um lado, eles podem ser utilizados para indicar problemas (por
exemplo: incapacidade, limitação de atividade ou restrição de participação designadas pelo termo genérico); por
outro lado, eles podem indicar aspectos não problemáticos (isto é, neutros) da saúde e dos estados relacionados
com a saúde.
Unidade de classificação
A CIF classifica a saúde e os estados relacionados com a saúde. A unidade de classificação corresponde, portanto,
a categorias dentro dos domínios da saúde e daqueles relacionados com a saúde. Assim, é importante notar que
nesta classificação, as pessoas não são as unidades de classificação, isto é, a CIF não classifica pessoas, mas
descreve a situação de cada pessoa dentro de uma gama de domínios de saúde ou relacionados com a saúde.
Além disso, a descrição é sempre feita dentro do contexto dos fatores ambientais e pessoais.
Visão geral dos componentes da CIF
Definições no contexto de saúde:
Funções do corpo: São as funções fisiológicas dos sistemas orgânicos (incluindo as funções psicológicas).
Estruturas do corpo: São as partes anatômicas do corpo, tais como órgãos, membros e seus componentes. 
Deficiências: São problemas nas funções ou nas estruturas do corpo, tais como um desvio importante ou uma 
perda.
Atividade: É a execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo. 
Participação: É o envolvimento de um indivíduo numa situação da vida real. 
Limitações de atividade: São dificuldades que um indivíduo pode ter na execução de atividades. 
Restrições de participação: São problemas que um indivíduo pode enfrentar quando está envolvido em
situações da vida real.
Fatores ambientais: Constituem o ambiente físico, social e das atitudes em que as pessoas vivem e conduzem 
sua vida.
- -10
A seguir, temos um quadro exemplificativo que relaciona componentes e as partes do modelo da classificação
CIF.
Modelo médico e modelo social
Para compreender e explicar a incapacidade e a funcionalidade, foram propostos vários modelos conceituais.
Esses modelos podem ser expressos numa dialética de “modelo médico” versus “modelo social”.
Modelo médico: Um considera a incapacidade como um problema da pessoa, causado diretamente pela doença, 
trauma ou outro problema de saúde, que requer assistência médica sob a forma de tratamento individual por
profissionais. Assim, os cuidados em relação à incapacidade têm por objetivo a cura ou a adaptação do indivíduo
e mudança de comportamento. A assistência médica é o termo "modelo" e significa o próprio paradigma atual.
Modelo social: O outro, por sua vez, considera a questão principalmente como um problema criado pela
sociedade e, basicamente, como uma questão de integração plena do indivíduo na sociedade.
A incapacidade não é um atributo de um indivíduo, mas sim um conjunto complexo de condições, muitas das
quais criadas pelo ambiente social.
Assim, a solução do problema requer uma ação social e é da responsabilidade coletiva da sociedade fazer as
modificações ambientais necessárias para a participação plena das pessoas com incapacidades em todas as áreas
da vida social.
Portanto, é uma questão de atitude ou de ideologia que requer mudanças sociais que, a nível político, se
transformam numa questão de direitos humanos. De acordo com este modelo, a incapacidade é uma questão
política.
A CIF baseia-se numa integração desses dois modelos opostos. Para se obter a integração das várias perspectivas
de funcionalidade, é utilizada uma abordagem "biopsicossocial".
- -11
Assim, a CIF tenta chegar a uma síntese que ofereça uma visão coerente das diferentes perspectivas de saúde:
Interações entre os componentes da CIF
Utilização da CIF
Assim, podemos usar estas classificações como base condicionante para percebemos como podemos estruturar
os diversos serviços de saúde nas diferentes organizações dessa área.
- -12
A classificação está organizada de acordo com um conjunto de princípios que se referem à capacidade de inter-
relação dos níveis e à hierarquia da classificação (conjuntos de níveis). No entanto, algumas categorias na CIF
estão organizadas de maneira não hierárquica, sem nenhuma ordem, mas como membros iguais de um mesmo
ramo.
Para efeito de complementação de conhecimento, estão detalhadas a seguir as características estruturais da
classificação, que têm impacto na sua utilização. São as seguintes:
(1) A CIF propõe definições operacionais padronizadas dos domínios da saúde e dos domínios relacionados com
a saúde em contraste com as definições correntes de saúde. Essas definições descrevem os atributos essenciais
de cada domínio (por exemplo, qualidades, propriedades e relações) e contêm informações sobre o que cada
domínio inclui ou exclui. Como as definições contêm pontos de referência usualmente utilizados para a avaliação,
podem ser facilmente utilizadas em questionários.
De modo inverso, os resultados dos instrumentos de avaliação existentes podem ser codificados em termos da
CIF. Por exemplo, as “funções visuais” são definidas em termos de capacidade de perceber a forma e o contorno
dos objetos, a várias distâncias, utilizando um ou ambos os olhos, de maneira que a gravidade das dificuldades
de visão pode ser codificada nos níveis leve, moderada, grave ou completa em relação a esses parâmetros.
(2) A CIF utiliza um sistema alfanumérico no qual as letras são utilizadas para indicar Funções do Corpo,
Estruturas do Corpo, Atividades e Participação e Fatores Ambientais. Essas letras são seguidas por um código
numérico que começa com o número do capítulo (um dígito), seguido pelo segundo nível (dois dígitos) e o
terceiro e o quarto níveis (um dígito cada).
(3) As categorias da CIF "encaixam-se" de maneira que as categorias mais amplas são definidas de forma a
incluir subcategorias mais detalhadas. (por exemplo, o Capítulo 4, do componente: Atividades e Participação
sobre Mobilidade inclui subcategorias separadas, como ficar de pé, sentar-se, andar, transportar objetos etc.). A
versão reduzida da CIF cobre dois níveis,enquanto que a versão completa (detalhada) estende-se por quatro
níveis. Os códigos das versões completa e reduzida são correspondentes, e a versão resumida pode ser obtida a
partir da versão completa.
(4) A um qualquer indivíduo pode-lhe ser atribuída uma série de códigos em cada nível. Estes podem ser
independentes ou estar inter-relacionados.
(5) Os códigos da CIF só estão completos com a presença de um qualificador, que indica a magnitude do nível de
saúde (por exemplo, gravidade do problema). Os qualificadores são codificados com um, dois ou mais dígitos
após um ponto separador. A utilização de qualquer código deve ser acompanhada de, pelo menos, um
qualificador. Sem eles, os códigos não têm significado.
- -13
(6) O primeiro qualificador para Funções e Estruturas do Corpo, os qualificadores de desempenho e capacidade
para Atividades e Participação, e o primeiro qualificador dos Fatores Ambientais descrevem a extensão dos
problemas no respectivo componente.
(7) Todos os três componentes classificados na CIF (Funções e Estruturas do Corpo, Atividades e Participação e
Fatores Ambientais) são quantificados através da uma mesma escala genérica. Um problema pode significar uma
deficiência, limitação, restrição ou barreira. As palavras de qualificação apropriadas, conforme indicado nos
parênteses abaixo, devem ser escolhidas de acordo com o domínio de classificação relevante (onde xxx significa
o número de domínio do segundo nível). Para que essa quantificação seja utilizada de maneira universal, os
procedimentos de avaliação devem ser desenvolvidos através de pesquisas.
(8) No caso dos fatores ambientais, pode ser utilizado um qualificador para indicar a extensão dos efeitos
positivos do ambiente, isto é, facilitadores, ou a extensão dos efeitos negativos, isto é, barreiras.
(9) Para diferentes utilizadores, pode ser apropriado e útil acrescentar outros tipos de informações à codificação
de cada item. Há uma variedade de qualificadores adicionais que podem ser úteis.
(10) As descrições dos domínios da saúde e dos domínios relacionados com a saúde correspondem à sua
utilização em dado momento (isto é, como numa fotografia instantânea). No entanto, procedendo de forma
repetitiva, utilizando múltiplos pontos no tempo, é possível descrever uma trajetória ao longo do tempo e do
processo.
(11) A CIF atribui aos estados da saúde e aos estados relacionados com a saúde de uma
pessoa, tendo uma gama de códigos que englobam as duas partes da classificação.
Assim, podemos usar estas classificações como base condicionante para percebemos como podemos estruturar
os diversos serviços de saúde nas diferentes organizações dessa área.
Saiba mais
1- “Relação entre satisfação com aspectos psicossociais e saúde dos trabalhadores”.
2 - Manual da OMS – CIF – Versão portuguesa: “CIF- Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde”.
3 - Artigo – CIF – 2005: “A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
da Organização Mundial da Saúde: Conceitos, Usos e Perspectivas”.
4 - CIF – Banco de dados: “Classificação Internacional de Funcionalidades”.
5 - Artigo - Introdução à CIF: “Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e
Saúde”.
6 - Atenção Básica PROESF: “Componentes I, II e III”.
7 - E-patient net (em inglês): “E-patients.net – because health professionais can’t do alone”.
8 - E-patiente conections (em inglês): “e-Patient Connections”.
- -14
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes:
• Conhecer a percepção com que a organização carrega em sua própria concepção a incerteza como parte 
da condução administrativa.
• Identificar a incerteza na condução administrativa da organização da saúde.
• Acompanhar e minimizar os efeitos da incerteza nas diversas variáveis atuantes.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreendeu como os componentes da saúde interagem na organização em suas diversas relações.
• Identificou a influência dos componentes na condução da tomada de decisão gerencial focada no 
atingimento dos resultados esperados da organização de saúde e seus serviços específicos.
•
•
•
•
•
	Olá!
	1 Introdução
	2 Componentes da saúde, quantidade e qualidades relacionadas
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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