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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE UM OLHAR PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS: A INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Alessandra Iguassú da Fonseca Orientadora Prof ª. Edla Trocoli Niterói, 2011 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 2 PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE UM OLHAR PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS: A INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Educação Infantil e Desenvolvimento Por Alessandra Iguassú da Fonseca 3 AGRADECIMENTOS À Deus pela força e crença de que no fim tudo vai dá certo; Ao meu companheiro e amigo Luiz Carlos, pelo apoio e confiança; À minha professora Edla Trocoli pelo carinho e dedicação à conclusão do curso. 4 DEDICATÓRIA Aos meus alunos especiais que me fizeram crescer ao ensinar e me ensinaram ao aprender. 5 RESUMO Este estudo teve como objetivo compreender o conhecimento dos professores de Educação Infantil sobre as necessidades educacionais especiais que surgem neste segmento de ensino. Para tanto, foram entrevistadas oito professoras da rede municipal de ensino, que atuam na Educação Infantil, no município de Maricá. O presente estudo faz um levantamento histórico sobre a concepção de infância no contexto da educação, e traz apontamentos sobre a identidade e a formação do profissional de Educação Infantil. Posteriormente, apresenta os dispositivos legais que se refere à Educação Inclusiva no Brasil, até a Educação Infantil. No contexto teórico-metodológico organizado no estudo, a questão da Educação Inclusiva está ligada a concepção de educação para todos; o termo "necessidades educacionais especiais" refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Assim, a entrevista foi o meio escolhido para estar analisando o contexto escolar e de trabalho das professoras de Educação Infantil. Um dos resultados encontrados na pesquisa é a necessidade que as professoras sentem de terem um apoio de profissionais especializados no contexto escolar além de ter formação continuada sobre o assunto. Dessa forma, esta pesquisa aponta para a necessidade de reflexão sobre a Educação Inclusiva no contexto da Educação Infantil. Palavras-chave: Educação Infantil; educação inclusiva; identidade e formação de profissionais da educação infantil. 6 METODOLOGIA Este estudo teve caráter exploratório e qualitativo. Iniciou-se com um significativo levantamento bibliográfico a respeito da Educação Infantil, seu contexto histórico e de formação de profissionais; além do levantamento de referências sobre Educação Inclusiva. Como baseia-se num estudo das ciências humanas e sociais, foi de fundamental importância para a pesquisa a entrevista como método de coleta de dados. Foram entrevistadas oito professoras que atuam na rede municipal de educação de Maricá, em uma escola que atende somente à Educação Infantil. As entrevistas mostraram-se satisfatórias e enriquecedoras, apontando a concepção que estes profissionais tem sobre a educação inclusiva na Educação Infantil, além de contribuírem para refletirmos sobre as reais necessidades educativas que permeiam a Educação Infantil. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 Capítulo I - EDUCAÇÃO INFANTIL: HISTÓRIA E IDENTIDADE PROFISSIONAL 11 Capítulo II – POLÍTICAS DE INCLUSÃO NO BRASIL 21 Capítulo III – A INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA PERSPECTIVA PELOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL 30 Capítulo IV – Considerações Finais 40 Índice 42 Referências Bibliográficas 43 8 INTRODUÇÃO O crescimento da oferta da Educação Infantil no Brasil e no mundo vem ampliando gradativamente nas últimas décadas, acompanhando as mudanças organizacionais e estruturais na família, a maior participação da mulher no mercado de trabalho, o crescimento urbano acelerado, e a concepção de criança como ser social. Neste sentido, a sociedade vem exigindo mais e compreendendo melhor a importância das experiências na primeira infância. Nesta conjunção de fatores a criança de 0 a 6 anos passa a ter um atendimento específico reconhecido, primeiramente na Constituição Federal de 1988, no qual o atendimento dessas crianças em creches e pré-escolas passou a ser um direito do Estado e da criança. E logo no Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, que também assegura o direito de atendimento à criança. Reafirmando estas mudanças, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394, de 1996, estabelece que a Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social (Art.29), inclusive as com necessidades educacionais especiais (Art.58). Dessa maneira, a Educação Infantil enfrenta hoje um grande desafio: a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas creches e pré-escolas. Essa nova situação que engloba a construção do conhecimento de alunos que apresentam níveis e possibilidades diferentes vem levantando questões sobre a formação e o preparo do profissional de Educação Infantil do ensino regular que estará trabalhando diretamente com estes alunos, estimulando suas possibilidades. Mais do que um processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, deparamos com o desafio de lidar com as diferenças na escola em uma sociedade homogeneizante, na qual o diferente ainda é visto como uma ameaça. 9 Segundo Pacheco (2008) a “diferença” é normal, não é deficiente. Deficientes são as práticas escolares que se baseiam no pressuposto de que somos todos iguais, que tornam homogêneo o que é diverso, mascarando ou negando as diferenças.(p.7-8) Entretanto, é o conhecimento do profissional de educação infantil sobre como orientar os princípios pedagógicos aplicados a cada criança que permitirão conceder ás noções de diferença e diversidade poderes emancipatórios ou discriminatórios. Neste sentido, esta pesquisa busca compreender o conhecimento dos professores sobre as necessidades educacionais especiais que surgem na Educação Infantil. Para tanto, estarei analisando entrevistas realizadas com professoras/es da educação infantil, apontando o conhecimento destes profissionais a respeito da educação inclusiva na educação infantil. No Brasil, o professor de educação infantil deve ter no mínimo formação a nível médio, segundo a LDB, Art.62, para atuar com crianças de 0 a 6 anos, mas ainda evidencia-se uma desarticulação quanto a identidade do profissional de educação infantil visto que muitos municípios ainda não tem uma política municipal de educação integrada a uma política da infância. Quando o profissional de educação infantil recebe em sua turma um aluno com necessidadeseducativas especiais, este é visto com reservas, explicitando ideias preconcebidas sobre a deficiência/ “diferença”. Tais entendimentos demonstram falta de conhecimento do desenvolvimento infantil e dos fatores que o envolvem, bem como pelo fato de alguns profissionais vincularem suas atividades às experiências pessoais, sem uma formação adequada. A organização do trabalho se deu em três capítulos. No primeiro capítulo, Educação Infantil: história e identidade profissional, inicio uma discussão buscando contextualizar historicamente a Educação Infantil e a 10 formação dos profissionais que atuam nesta área de ensino além de apresentar questões sobre suas condições de trabalho no cotidiano escolar. No segundo capítulo, Políticas de Inclusão no Brasil, discuto a trajetória das políticas desenvolvidas e aplicadas para educação inclusiva até a educação infantil, além de problematizar a questão da diferença e diversidade na escola. No terceiro capítulo, A Inclusão na Educação Infantil: uma perspectiva pelos profissionais de Educação Infantil, torno vivas as falas de professoras diante de seus olhares e experiências com a diversidades em sala de aula. Em fim, este estudo pretende examinar o entendimento dos profissionais de educação infantil a respeito da diferença e da diversidade em sala de aula, contribuindo mais para a reflexão do como ensinar do que sobre o que ensinar, isto é, a pedagogia por trás da inclusão. 11 CAPÍTULO I EDUCAÇÃO INFANTIL: HISTÓRIA E IDENTIDADE PROFISSIONAL “Trabalhar conscientemente em favor da infância e perseverar a fundo nesse trabalho (...) equivaleria a conquistar o segredo da humanidade, como já foram conquistados tantos segredos da natureza.” (MONTESSORI, 1989) A Educação voltada para de crianças de 0 a 6 anos como um direito é um cenário recente no Brasil e no mundo, que foi ao longo da história sendo construída a medida que foi-se modificando a concepção de infância. Segundo Ghiraldelli Jr. (2000), como as relações entre os homens são históricas e estabelecidas por eles, o interesse pela infância também é histórico e se altera através dos tempos. 1.1 . O CONCEITO DE INFÂNCIA Na Europa, na Idade Média não havia distinção entre criança e adulto, pois não existia um sentimento de infância. Nesta época havia grande mortalidade infantil e esta fase da vida era considerada passageira. A criança era considerada um pequeno adulto. Neste sentido, não cabia às crianças um tratamento diferencial dos adultos, tampouco havia vestimenta especial para elas. Isto é “a idade média vestia indiferentemente todas as classes de idade, preocupando-se apenas em manter visíveis através das roupas os degraus de hierarquia social” (ARIÈS, 1981, p.70, apud FARIA, 1997, p.11). A partir dos 7 anos, todas as crianças independente de sua classe social, iam viver em famílias estranhas para aprenderem os serviços 12 domésticos que não eram vistos como degradantes, e sim, como uma forma de educação. No século XVI, houve transformações significativas no conceito de infância. A criança nobre passou a ser valorizada pelos pais e estes passaram a dar a seus filhos um tratamento especial, não permitindo mais que fossem viver com outras famílias. A criança passou a ser vista como um ser frágil e ameaçado, surgiu um sentimento de dor pelas crianças que morriam cedo. Contudo, as pobres, continuam a ser vistas da mesma forma que na Idade Média. É no século XVIII, portanto, que se manifesta a preocupação de separar a criança do mundo adulto. Moralistas e educadores foram os principais defensores dessa postura, e esta tem grande importância para o desenvolvimento do sentimento de infância, por simbolizar e defender este período do desenvolvimento humano como uma etapa marcada pela necessidade de proteção e cuidado. Os colégios foram responsabilizados pela educação e moralização das crianças. Neste século, a vestimenta passou a diferenciar as crianças nobres e burguesas dos adultos. A partir do século XVIII, então, que o sentimento de infância passa a ser revelado. Momento em que tanto o Estado, como a família, convergiram para o sentido de proteção à criança. A preocupação com a mortalidade infantil e com um maior investimento na educação das crianças pequenas passa a fazer parte das preocupações das famílias. Neste sentido, algumas instituições surgem com o objetivo de proteger as crianças. Mas as classes sociais, até então não se misturam. As instituições escolares são voltadas para a burguesia. A constituição de instituições pré-escolares teve um cunho assistencialista, ocorrendo pela articulação de forças jurídicas, empresariais, políticas, médicas, pedagógicas e religiosas. Esse atendimento tem no século XIX, uma ênfase maior no viés médico e sanitarista. Com a revolução industrial, muitas mulheres tiveram que ir 13 trabalhar e seus filhos passaram a ficar nestas instituições. Iniciada, neste momento por pensadores como Pestalozzi, Froebel, Montessori, a pré- escola passa a ser encarada como uma forma de superar a miséria, a pobreza e a negligência familiar. Nessa época surgem três tipos de instituições básicas: as creches, as escolas maternais e os jardins de infância, as quais têm como características peculiares o atendimento à criança pequena a partir de iniciativas coletivas que surgem não dos poderes oficiais, mas de iniciativas isoladas, principalmente da igreja. As creches abrigavam crianças pobres e abandonadas. Os jardins de infância tinham o papel de iniciar a parte educativa destinada a classe dominante como complemento da ação familiar. Já as escolas maternais tinham o objetivo de amparar órfãos e filhos de operárias, oferecendo-lhes a guarda e alguma ação educativa. Apenas no início do século XX, são implantadas as primeiras instituições pré-escolares assistencialistas no Brasil e são fundadas as primeiras creches, precedendo, assim, à posterior criação dos jardins de infância. As creches surgiram não para atender as necessidades da criança, mas sim, para permitir a ida das mães ao trabalho. Como acrescenta FARIA (1997), “[...] o atendimento à infância não era atendido enquanto direito do trabalhador, mas enquanto uma dádiva dos filántropos.” (p.25). Nestas instituições infantis desenvolvia-se um trabalho de cunho assistencial- custodial, pois a preocupação era apenas com a alimentação, higiene e segurança física. Segundo Oliveira (1992), na segunda metade do século XX, no período de 1930-60 diante da preocupação da marginalização da população mais pobre, as creches passam a ser agência promotora de bem – estar social, e que posteriormente essa idéia é aprofundada, baseada na teoria da “privação cultural”, por volta da década de 70, para um atendimento que possibilitaria as crianças a superação das precárias condições sociais a que elas estavam sujeitas, através de uma “educação compensatória”. 14 Kramer (1995), ao discutir esse assunto, ressalta que o discurso do poder público, em defesa do atendimento das crianças das classes menos favorecidas, parte de determinada concepção de infância, já que o mesmo reconhece esse período da vida da criança de maneira padronizada e homogênea. A idéia é a de que as crianças oriundas das classes sociais dominadas são consideradas “[...] carentes, deficientes e inferiores na medida em que não correspondem ao padrão estabelecido; faltariam a essas crianças privadas culturalmente, determinados atributos ou conteúdos que deveriam ser nelas incutidos” (p.24). Por esse motivo e a fim de superar as deficiências de saúde e nutrição, assim como as deficiências escolares, são oferecidas diferentes propostas no sentido de compensar tais carências. Enquanto as instituições públicas atendiam às crianças dascamadas mais populares, as propostas das particulares, de cunho pedagógico, funcionavam em meio turno, dando ênfase à socialização e à preparação para o ensino regular. Além de haver “preocupações com a criatividade, a sociabilidade, o desenvolvimento infantil como um todo.” (OLIVEIRA, 1992, p.21) Desta maneira, nota-se que as crianças das diferentes classes sociais eram submetidas a contextos de desenvolvimento diferentes, onde o “cuidar” confundia-se com o “educar”, onde a educação era vista como assistencial. Nos anos 80, os movimentos sociais se intensificaram e manifestaram o desejo de ampliação do atendimento educacional brasileiro bem como a melhoria. Com a Constituição de 1988, definiu-se como sendo a obrigação 15 do Estado o atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade e um direito da criança. Em conformidade com a Constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, reafirma este direito (1990, art.54, inciso IV) e ressalta que a família seja parte integrante e parceira da escola na definição de propostas pedagógicas. Posteriormente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394 de 1996, incorpora a educação infantil no primeiro nível da educação básica, sendo oferecida de 0 a 3 anos em creches e de 4 a 6 anos em pré-escolas, inserida no Sistema Educacional e desenvolvida em regime de colaboração nas diferentes instâncias: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Aos municípios, importante salientar, compete além de oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas e manter o ensino fundamental, baixar normas complementares às leis maiores, bem como autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos de seus sistemas de ensino, e aqueles mantidos por particulares. O município portanto, carrega grande responsabilidade para com a educação infantil. Nesta trajetória em torno da construção da concepção de infância nos deparamos com diversas políticas de atendimento à Educação Infantil, e percebe-se que muito ainda tem que ser feito e adquirido para uma educação de qualidade que entenda a criança como um ser histórico, crítico e produtor de cultura. É importante delimitarmos a identidade da Educação Infantil, que atualmente ora tende para escolarização/preparação para o Ensino fundamental, ora para o assistencialismo, entendido como cuidar das crianças desprovidas de atenção e criar hábitos de civilidade, numa contribuição que se estende para a família e para a comunidade. 16 Ao concebermos uma identidade à Educação Infantil estaremos traçando caminhos para uma educação cidadã que se inicia desde a primeira infância e se segue por toda uma vida. 1.2. Professor de Educação Infantil: identidade e formação Pensar em Educação Infantil e não refletir sobre o profissional responsável por essa educação esvazia-se o objetivo de criarmos uma educação que pense a criança com um todo, como um sujeito que produz conhecimento e que transforma e se transforma socialmente. O profissional de Educação Infantil tem grande responsabilidade a medida que compreende seu papel diante de um aprendiz, capaz de modificar e criar ambientes para uma aprendizagem significativa na vida dessas crianças. Em termos legais, o professor de Educação Infantil deve ter como formação mínima o ensino médio, na modalidade Normal. (Art.62 da LDB de 1996). No entanto, a qualidade da formação é outra questão que merece análise. Estudos têm mostrado (Kramer, 2005) que a formação do professor da educação básica, nela incluída a educação infantil, deixa muito a desejar no Brasil. O circulo vicioso "baixa remuneração - pouca qualificação" estabelecido na área requer, para que seja superado, o investimento nos dois lados. No caso da educação infantil, que abrange o atendimento às crianças de zero a seis anos em creches e pré-escolas, exigindo que o profissional cumpra as funções de cuidar e educar, o desafio da qualidade se apresenta com uma dimensão maior, pois é sabido que os mecanismos atuais de formação não contemplam esta dupla função. E preciso, portanto, que formas regulares de formação e especialização, bem como mecanismos de atualização dos profissionais sejam assegurados e que esta formação seja orientada pelos pressupostos e diretrizes expressos na Política de Educação Infantil (MEC/SEF/DPEF/COEDI, 1994) 17 Sem perder de vista que são trabalhadores, cidadãos, professores, torna-se necessário tomá-los como seres humanos produtores da história e nela produzidos, criadores e criaturas da cultura, constituídos na linguagem. Segundo Souza e Kramer: “Só é possível concretizar um trabalho com a infância, voltado para a construção da cidadania e a emancipação... se os adultos envolvidos forem dessa forma considerados. Isso implica no entendimento de que os mecanismos de formação sejam percebidos como prática social inevitavelmente coerente com a prática que se pretende implantar na sala de aula e implica em salários, planos de carreira e condições de trabalho dignas." (Souza e Kramer. 1992, p. 54-55). Políticas de formação engajadas na emancipação e na construção da cidadania precisam, sobretudo, garantir as condições para que as práticas desenvolvidas sejam entendidas como práticas sociais, e seus atores (educadores e crianças) sejam percebidos como sujeitos autores dessa prática. Souza e Kramer (1992) sugerem como uma das possíveis alternativas de estruturação curricular para a formação de profissionais da educação infantil, como requisitos: superar a fragmentação do trabalho e a mera justaposição de linhas; construir bases teóricas da ação pedagógica que permitam articular a singularidade das situações cotidianas com a totalidade da vida social e política; ter clareza de que a formação visa simultaneamente a ampliação crítica dos conhecimentos e a construção da autonomia e da cooperação do trabalho (p.62/63). 18 Fala-se muito, de um lado, na valorização dos profissionais, enquanto, de outro, se enfatiza a necessária formação em serviço, sem que, no entanto, a segunda reverta em benefícios concretos para a primeira. Diante das diversas maneiras de buscar a qualidade na educação infantil perante, também, a formação do professor é preciso nos questionar: como se caracteriza este profissional de educação infantil? Que trajetórias ele vem seguindo e como vem se constituindo neste papel de educar e cuidar? Kramer (2005), em uma pesquisa realizada com gestores e profissionais de educação infantil nos municípios do Estado do Rio de Janeiro, faz um amplo caminho discutindo a formação de profissionais de educação infantil, registrando suas histórias de formação, condições de trabalho, dificuldades e conflitos. Segundo a autora, a “identidade” do professor de educação infantil engloba aspectos relativos ao que significa ser profissional de educação infantil dos quais ela aponta como escolha ou opção pela educação infantil; paixão pela profissão e pessoal; caminho no magistério até a chegada na educação infantil e especificidade do professor de educação infantil. Kramer aponta em sua pesquisa que vários caminhos levaram essas profissionais ao magistério e à educação infantil: opção; escolhas possíveis (diante da falta de recursos e de alternativas de estudo nos seus municípios) e escolhas dentro da não-escolha. Em fim, retrata a vontade de ingressar na educação infantil aliada aos estudos e ao trabalho. As narrativas contêm ambigüidades; apontam que apesar das dificuldades e por elas, elas quiseram permanecer como professoras de educação infantil, aspecto que se relaciona com o envolvimento ou engajamento que têm com a educação infantil: a paixão pela profissão. Depoimentos sobre esse envolvimento se expressam de duas formas: de um lado, a paixão foimencionada como fruto ou motivo de luta, devido a uma realidade difícil, num contexto em que a educação infantil não tem apoio: várias entrevistadas falam do forte compromisso com a atuação coletiva, do contexto político mais amplo ou do contexto de vida e trabalho cotidiano. De outro lado, a paixão foi mencionada sem justificativa; algumas professoras não 19 explicam o que as fez permanecer: apenas dizem que estão na educação infantil por paixão, como se amar fosse suficiente. Além disso, aspectos identificados como conquistas constituem problemas: os responsáveis pela formação não percebem que para se concretizar uma concepção, exige-se formar os profissionais de acordo com os princípios dessa nova concepção. Dentre as conquistas e dificuldades encontradas, o tema do educar e cuidar aparece – com grandes contradições. Alguns relatos apresentados pela autora acentuam o fato de que a importância educativa passou a ser reconhecida; outros apontam que o professor se sente desvalorizado ao fazer tarefas relacionadas ao cuidar; nesses casos, o cuidar aparece separado do educar e a visão das responsáveis pela educação infantil (coordenadoras e diretoras) é que os professores acreditam que tais práticas desvalorizam o profissional; para outros, ainda, o cuidar e o educar caminham juntos. Sarat (2001) ilustra essa dicotomia entre o educar e o cuidar, tantas vezes presente na realidade da educação infantil, diferenciada por dois perfis de profissionais: por um lado, uma profissional para as ações de “cuidado”, geralmente leigo, carga horária em tempo integral; e por outro lado, uma profissional com formação pedagógica, responsável pela “educação”, formada em cursos de nível médio ou superior, trabalhando com carga horária de quatro horas durante o calendário escolar. “Na maioria das vezes, por conta da qualificação, as pessoas se negam a atender a criança no âmbito das ações que não reconhecem como sendo seu papel. É comum, por exemplo, encontrar professoras que não querem trocar ou limpar uma criança, por alegarem não ser parte da sua função, bem como auxiliares (...) se negando a desenvolver determinadas atividades por considerarem 20 ações de caráter pedagógico, que seriam a função da professora.” (idem, p.141) Nos Referenciais Curriculares para Educação Infantil (1998), apresenta um perfil de profissional associado à polivalência, aquele que trabalha com conteúdos de naturezas diversas, que abrangem desde cuidados básicos essenciais (satisfação das necessidades básicas) até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do conhecimento para o desenvolvimento de projetos. “Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática.” (RCNEI, p.41, 1998) Desta forma, a fim de que a educação infantil de qualidade seja de fato direito de todos coloca-se como desafio, a formação profissional de todos os professores: formação como um direito à educação, de todos (crianças, jovens e adultos e dentre eles professores); formação nas áreas básicas do conhecimento (linguagem, matemática, ciências naturais e sociais); e formação cultural, com oportunidades de se discutir valores, preconceitos, experiências e a própria história. Formação entendida como qualificação, na melhoria da qualidade do trabalho pedagógico, e de profissionalização, garantido avanço na escolaridade, carreira e salário. Formação que implica em constituir identidades. Formação que garanta espaço para pluralidade e para que professores narrem suas experiências, reflitam sobre práticas e trajetórias vividas, compreendam sua própria história, ampliem seu saber e seu saber fazer. Formação permanente exercida com condições dignas de vida e de trabalho. 21 CAPÍTULO II POLÍTICAS DE INCLUSÃO NO BRASIL “Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.” (FREIRE, p.23, 1996) A educação de alunos com necessidades educacionais especiais que, tradicionalmente se pautava num modelo de atendimento segregado, tem se voltado nas últimas duas décadas para a Educação Inclusiva. Esta proposta ganhou força, sobretudo a partir da segunda metade da década de 90 com a difusão da conhecida Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que entre outros pontos, propõe que “as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar...”, pois tais escolas “constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos...” (p. 8-9). Sob este enfoque, a Educação Especial, que por muito tempo configurou- se como um sistema paralelo de ensino, vem redimensionando o seu papel, antes restrito ao atendimento direto dos educandos com necessidades especiais, para atuar, prioritariamente como suporte à escola regular no recebimento deste alunado. 2.1. Inclusão Escolar: uma descrição No Brasil a educação inclusiva ganha espaço com a Constituição Federal de 1988 que traz como um dos seus objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º, inciso IV). No seu artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na 22 escola” como um dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208, inciso III). O debate a respeito da oferta de educação aos alunos com necessidades especiais amplia-se nos documentos oficiais e internacionais como a Declaração Mundial de Educação para Todos (Jomtien, na Tailândia, 1990) e a Declaração de Salamanca (1994) que passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação inclusiva no Brasil. A Declaração de Salamanca (p.1,1994) proclama que: • “toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, • toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas, • sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades, • aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades, • escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em 23 última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.” Promover uma educação para todos inclui pensarmos a criança como ser único, com o direito de ter uma educação apropriada a suas necessidades, circunstâncias e aspirações. Uma escola voltada para essa estrutura de educação inclusiva deve adequar-se à todas as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. Nesta perspectiva, a escola deve incluir crianças deficientes e super- dotadas, crianças pertencentes a minoria étnicas ou culturais e de grupos marginalizados. Nesse contexto, o termo "necessidadeseducacionais especiais" refere- se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e, portanto, possuem necessidades educacionais especiais em algum ponto durante a sua escolarização. As escolas devem buscar formas de educar tais crianças de maneira bem sucedida, incluindo aquelas que possuam desvantagens rigorosas. Segundo Ferreira (2005), a Educação Inclusiva: “... não diz respeito somente as crianças com deficiência – cuja a grande maioria no Brasil ainda permanece fora das escolas, porque nós nem tentamos aceitá-las – mas diz respeito a todas as crianças que enfrentam barreiras: barreiras de acesso a escolarização ou acesso ao currículo, que levam ao fracasso escolar e à exclusão social.” (p.42) Na verdade, são estas barreiras que criam diversos desafios aos sistemas escolares. Principalmente no que tange as crianças com deficiências 24 físicas, mentais ou sensoriais, na rede regular, que precisam de apoio à aprendizagem dentro da escola e, conforme necessário, o fornecimento de assistência dada por professores especializados e pessoas de apoio externo. A Educação Especial é uma modalidade de ensino (LDB 9.394/96, Art.58) que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. Assim, torna-se importante salientar que as escolas especiais complementam e não substituem a escola comum. (Mantoan, 2006). Elas oferecem um atendimento especializado que promovem a escolarização na rede regular de ensino, como uma maior autonomia e independência do educando dentro da escola e fora dela. Para compreender melhor a função da Escola Especial, A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (MEC, 2007) vem explicitando como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais, garantindo: • Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; • Atendimento educacional especializado; • Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; • Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar; • Participação da família e da comunidade; • Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e • Articulação intersetorial na implementação das políticas públicas. 25 2.2 Educação Infantil e inclusão A Educação Infantil, faz parte da educação básica, (LDB 9.394/96) atendendo crianças de 0 à 6 anos, em favor do desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social (Art.29), dando início também a educação especial (Art.58). Atualmente, a escola encontra-se perante um desafio: conseguir que todos os alunos tenham acesso à aprendizagem básica, por meio da inclusão escolar de todas as crianças, respeitando as diferenças culturais, sociais e individuais, que podem configurar as chamadas necessidades educacionais especiais. Diante deste contexto, a política nacional de implementação da educação inclusiva vem traçando novos rumos para o ensino especial e regular, que passam a se integrar também na esfera da educação infantil. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (1998) constitui-se em um conjunto de referências e orientações didáticas e traz diretrizes para a prática educativa, além de oferecer o atendimento as necessidades básicas de desenvolvimento socio-afetivo, intelectual, físico e, ao mesmo tempo, garantindo o avanço na construção do conhecimento, mediante procedimentos didáticos e estratégias metodológicas adequadas as necessidades de todas as crianças. Assim, o RCNEI, numa proposta inclusiva na educação infantil, garante um currículo e objetivos gerais para a educação de alunos com necessidades educativas especiais, não requerendo um currículo especial, mas modificações nos objetivos específicos, conteúdos, procedimentos didáticos e metodológicos que propiciem o avanço no processo de aprendizagem desses alunos. Então, como instrumento complementar para ação do RCNEI na educação inclusiva, a Secretaria de Educação Especial/MEC sugere às instituições de educação infantil (creches e pré-escolas) algumas ações que considera importantes enquanto recursos de apoio à educação dessas 26 crianças e elabora o Referencial curricular nacional para a educação infantil: estratégias e orientações para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais (2000) cujo o objetivo é subsidiar a realização do trabalho educativo junto às crianças que apresentam necessidades especiais, na faixa etária de zero a seis anos . Esse documento apresenta subsídios em três vertentes, em consonância com o movimento de educação para todos: • “Garantir o acesso e a permanência, com êxito, das crianças com necessidades educacionais especiais na Educação Infantil (creche e pré-escola) da rede regular de ensino. • Organizar e redimensionar os programas de estimulação precoce e das classes pré-escolares pertencentes às Instituições de educação especial. • Apoiar o processo de transição dos alunos atendidos anteriormente nos centros de educação especial para a rede regular de ensino, por meio de ações integradas de apoio à inclusão.” (RCNEI, 2000, p.11) No que diz respeito ao período da infância, este Referencial (2000) considera a inclusão escolar como alternativa necessária, a ser implementada desde os primeiros anos de vida. Nessa nova perspectiva, a educação assume as funções: social, cultural e política, garantindo dessa forma, além das necessidades básicas (afetivas, físicas e cognitivas) essenciais ao processo de desenvolvimento e aprendizagem, a construção do conhecimento de forma significativa, através das interações que estabelece com o meio. Ressaltando uma escola que promova a oportunidade de convívio com a diversidade e singularidade, a participação de alunos e pais na comunidade de forma aberta, flexível e acolhedora. Segundo o RCNEI para crianças com necessidades educacionais especiais, o projeto pedagógico da escola deve orientar a operacionalização do currículo, como um recurso para promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos. As propostas contidas no RCNEI (1998), que ao ser 27 desenvolvido pode ser flexibilizado, ou seja, adequado às necessidades educacionais especiais das crianças, servirá de base para a organização de planos individuais de intervenção, de orientação, para a previsão de técnicas e materiais pertinentes e para embasar as ações integrantes da equipe escolar. Caso seja necessário, uma adequação curricular mais específica pode-se embasar o currículo de acordo com o “PCN – Adaptações Curriculares - Estratégias para a Educação de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais”(1998), que considera os seguintes aspectos: • a adoção de currículos abertos e propostas curriculares diversificadas, em lugar de uma concepção uniforme e homogeneizadora de currículo; • a atitude favorável da escola para diversificar e flexibilizar o processo de ensino-aprendizagem, de modo a atender às diferenças individuais dos alunos; • orientações didáticas: organização do espaço, tempo e seleção de materiais; • observação, registro e avaliação formativa;• a flexibilidade quanto à organização e ao funcionamento da escola, para atender à demanda diversificada dos alunos; Essa concepção coloca em destaque a adequação curricular como um elemento dinâmico da educação para todos e a sua viabilização para os alunos com necessidades educacionais especiais: “não se fixar no que de especial possa ter a educação dos alunos, mas flexibilizar a prática educacional para atender a todos e propiciar seu progresso em função de suas possibilidades e diferenças individuais.” (SEESP/MEC/2003, p.33) 28 Assim a escola inclusiva deve favorecer um ambiente facilitador para a aprendizagem, num movimento para uma escola de qualidade para todos, onde todos, professores, alunos, gestores, especialistas, profissionais e comunidade, estejam comprometidos com a melhoria da escola para todos. Segundo AINSCOW (1997), as escolas , assim como outras instituições da sociedade, são influenciadas pelas percepções socioeconômicas, da raça, da língua e do sexo, e diante destas percepções devemos nos questionar como estas influenciam na dinâmica da sala de aula e no método do professor. Assim, “os métodos atuais devem ser ampliados de forma a revelar o quão profundamente à orientação baseada na deficiência influencia o modo como encaramos a ‘diferença’.” (p.119) A pedagogia centrada no método vem revelando ano após ano que a diversidade na sala de aula vem sendo deixada de lado, e a culpa pela falta, pela não aprendizagem recaindo sobre o aluno que não aprende. Não é fácil compreender a diversidade em sala de aula, ela exige do professor e da escola uma pedagogia diferenciada, uma pedagogia centrada no aluno. Segundo PACHECO (2008), a sociedade é formada por identidades plurais, particulares, especificidades, e que a diferença é normal. O que se torna “anormal” na escola é pautar o trabalho escolar pela igualdade. Segundo o autor: “A diferença é normal, não é deficiente. (...) Deficientes são as práticas escolares que se baseiam no pressuposto de que somos todos iguais, que tornam homogêneo o que é diverso, mascarando ou negando as diferenças. A forma como se organizam muitas escolas não permite, efetivamente, dar respostas aos diferentes.” (p.7-8) 29 Mas muitas práticas educativas ainda conotam olhares sobre os “diferentes” baseadas em oposições como anormalidade/normalidade, incompletude/completude, demonstrando a naturalização e a homogeneização das diferenças diante da falta: o que falta no corpo, na mente, na linguagem, etc. Desta maneira, importante assinalar que à diferença não confere valor (isto é, ninguém é melhor ou pior apenas por ser diferente), e portanto, não deveria tornar alguém desigual, mas devidamente valorizado na sua diversidade. A Educação Infantil, como início da escolarização básica torna-se campo fértil para iniciarmos uma pedagogia centrada na criança, onde a diversidade seja fonte de estudos na realização de um currículo democrático da qual a diferença promova a igualdade: igualdade de direitos, igualdade nas condições de aprendizagem, igualdade nas condições de acesso aos bens culturais e econômicos. Um espaço onde seja possível reconhecer e valorizar o diferente. 30 Capítulo III – A INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA PERSPECTIVA PELOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL 3.1. Definindo a pesquisa e caracterizando o espaço escolar Inicialmente farei uma breve apresentação do espaço observado e escolhido para a realização da pesquisa de campo que integra este estudo. Em seguida, serão levantadas questões pertinentes à metodologia e análise das entrevistas. A pesquisa foi realizada com professoras de Educação Infantil, que lecionam em uma escola municipal do município de Maricá, no Centro Educacional Infantil Municipal Prof.ª Ondina de Oliveira Coelho. A escola atende cerca de 350 crianças entre 3 à 5 anos durante dois turnos, manhã e tarde. Sua existência soma-se mais dez anos, ampliando seu corpo docente e discente ao longo dos anos. Em sua estrutura administrativa, conta com Orientação Educacional, Orientação Pedagógica, Direção Adjunta e Direção Geral. Os funcionários de apoio, merendereiras e limpeza, são terceirizados, exceto os inspetores de alunos que são concursados. A escola ainda não tem formulado um Projeto Político Pedagógico atual, apenas uma proposta pedagógica de 2002, que não se encontra de acordo com as mudanças estruturais e humanas que a escola sofreu no decorrer dos anos. Segundo a administração da escola está em andamento, juntamente com o corpo docente e funcionários da escola a elaboração de um PPP atualizado. A escolha da escola para realização desta pesquisa deveu-se o fato de ser uma escola localizada no centro do município, atender um número significativo de alunos deste segmento, Educação Infantil, e ter professores que trabalhem com esta faixa etária durante o processo de entrevistas. 31 Este estudo tem como objetivo buscar compreender o conhecimento dos professores sobre as necessidades educacionais especiais que surgem na Educação Infantil. Para tanto, estarei analisando entrevistas realizadas com professoras da educação infantil, apontando o conhecimento destas profissionais a respeito da educação inclusiva na educação infantil. As entrevistas foram desenvolvidas perante questionário, após um diálogo sobre os objetivos da pesquisa entre entrevistadas e entrevistador. Para análise das entrevistas, foi acordado com as entrevistadas o sigilo de suas identidades a fim de respaldar seu trabalho. Assim, os nomes dos entrevistados serão fictícios. 3.2. Olhares para inclusão na Educação Infantil: análise das entrevistas As entrevistas foram realizadas com oito professoras, concursadas que atuam com Educação Infantil. Todas as professoras apresentam curso superior, sendo que uma incompleto, em curso, e duas com pós-graduação. O que nos mostra que as professoras em atuação buscam uma formação que vai além do mínimo exigido em lei, que é o Curso Normal. De acordo com o tempo de trabalho em escola pública, a maioria apontou experiência maior com crianças de creche e pré-escola, do que em outro segmento, até mesmo quando apresenta apenas um ano de experiência, apresentado por uma entrevistada, na rede pública, esta é concomitante a Educação Infantil. Em relação à formação para trabalhar com Educação Infantil cinco professoras relatam que adquiram na faculdade, em disciplinas específicas, e em cursos de capacitação, extensão. Assim, como o conhecimento sobre Educação Inclusiva as professoras narram terem adquirido pelos estudos. 32 Todas as professoras responderam que tem conhecimento sobre educação inclusiva, seja adquirido pelos estudos acadêmicos, formações continuadas ou experiências cotidianas. O discurso sobre a escola inclusiva vem, ao longo dos anos, ganhando maior destaque nas escolas e a busca por informações também caminham na mesma trajetória. Segundo Prieto (2006): “os conhecimentos sobre o ensino de alunos com necessidades educacionais especiais não podem ser de domínio apenas de alguns ‘especialista’, e sim apropriado pelo maior número possível de profissionais da educação, idealmente por todos.” (p.58) Desta maneira, a expansão de alunos com necessidades educativas especiais às classes comuns, demanda investimentos de diversas naturezas para também assegurar sua permanência, compreendida como aprendizagem e desenvolvimento. E nisso inclui a formação de professores, para que sejam aptos a elaborar novas propostas e práticas de ensino para responder as características de seus alunos, incluindo aquelas evidenciadas pelos alunos com necessidades educacionais especiais. Mas como estas professoras percebem a Educação Inclusiva no contextoda Educação Infantil? Suas experiências a respeito do assunto, citadas nas entrevistas, revelam que apenas três professoras já tiveram alunos com necessidades especiais em sala de aula e uma relata que vivenciou a experiência como coordenadora, de uma forma mais ampla no contexto escolar. Para melhor elucidar estas perspectivas e olhares sobre a Educação Inclusiva na Educação Infantil, a análise das entrevistas foram elaboradas duas categorias: (i) Inclusão de todos ou inclusão de deficientes; (ii) Escola Inclusiva: hoje e amanhã. 33 3.2.1 Inclusão de todos ou inclusão de deficientes. O termo deficiência é usado para caracterizar a disfunção ou ausência de uma estrutura fisiológica, psicológica ou anatômica, diz respeito ao biológico da pessoa. Este conceito foi definido pela Organização Mundial de Saúde. Assim, a expressão pessoa com deficiência pode ser aplicada referindo-se a qualquer pessoa que possua uma deficiência. Mas, deve-se considerar que em contextos legais ela é utilizada de uma forma mais restrita e refere-se a pessoas que estão sob o amparo de uma determinada legislação. No entanto o termo deficiente vem ao longo dos anos sendo inapropriado quando se pretende legalmente e socialmente buscar igualdades de oportunidades e o respeito à diferença nos diversos contextos sociais. A medida que todas as pessoas, apesar de qualquer limitação que tenha, tem sempre uma contribuição significativa a dar a si mesma, às demais pessoas e à sociedade como um todo. Por isso, torna-se necessário compreender a importância e a função da educação especial e da educação inclusiva. Neste sentido, a entrevista levantou duas questões para as educadoras da Educação Infantil: 1. O que é, para você, educação Inclusiva? 2. Quando uma criança deve ser considerada com deficiência? As professoras em seus depoimentos sobre educação inclusiva apontaram um entendimeto amplo sobre o conceito, como podemos verificar nas seguintes falas: “É o atendimento as “necessidades” educativas “especiais” de todos os sujeitos-alunos, em salas de aulas comuns, em um sistema de ensino regular, de forma a promover a aprendizagem e o desenvolvimento, como um todo.” (Márcia) “Uma educação que possa favorecer o acesso à Educação e à cultura de toda e qualquer pessoa independente de suas limitações” (Daniela) http://pt.wikipedia.org/wiki/Contexto_legal 34 “Oportunizar situação de aprendizagem em um ambiente escolar regular” (Sandra) “Favorecer a “integração” ou aceitação dos diferentes no grupo social”. (Lena). Também, referiram-se à Educação Inclusiva como inclusão de alunos com necessidades especiais: “É a oportunidade da criança, jovem ou adulto com necessidades especiais, sejam matriculados na rede regular de ensino.” (Célia) “É incluir uma criança (pessoa) com deficiência, dando oportunidades para que se desenvolva.”(Patricia) “É ter na escola regular, alunos com os mais variados tipos de necessidades especiais (devido a alguma deficiência) estudando na mesma classe com alunos ditos normais.” (Ana Claudia). “É a possibilidade de alunos com necessidades especiais freqüentarem a escola regular” (Betina) Diante do questionamento do que consideram crianças com deficiência, as professoras relatam: “Quando tem uma das habilidades afetadas, por exemplo: cego, deficiente auditivo...” (Lena) “Como educadora (e não especialista) precisaria de um diagnóstico preciso sobre “necessidade especial” do individuo” (Márcia) 35 “Quando apresentar alguma dificuldade cognitiva, motora ou neurológica.” (Daniela) “Quando uma criança tem uma deficiência física ou neurológica.”(Patrícia) “Quando é portadora de alguma necessidade especial” (Betina) Das entrevistadas, três professoras mencionaram a deficiência na perspectiva das necessidades educativas especiais, que vai além da deficiência física, neurológica ou sensorial, englobando as necessidades comportamentais, emocionais e sociais. “Quando apresenta alguma alteração no seu desenvolvimento” (Célia) “Quando um fator físico, biológico, mental ou social pode apresentar um obstáculo para o seu desenvolvimento e inclusão na sociedade.” (Ana Claudia) “Quando apresentar características físicas aparentes ou/e comportamento e/ou atraso no seu desenvolvimento.” (Sandra) 3.2.2. Escola Inclusiva: hoje e amanhã Nesse momento a pesquisa procurou conhecer as experiências das profissionais de Educação Infantil diretamente com alunos como necessidades educativas especiais e compreender o olhar delas para que a educação inclusiva dê certo, aconteça verdadeiramente na escola. As experiências relatadas foram diversas, incluindo expectativas negativas como a de Ana Cláudia: 36 “Minha experiência com inclusão foi antes de realizar a graduação e a pós-graduação. Por isso não tenha sido satisfatória na primeira vez.” Apontaram a importância da participação da família junto aos filhos e o reflexo disso na escola, além da parceria escola regular e acompanhamento especializado: “Tive 2 alunos com Síndrome de Down em dois anos, ambos na Educação Infantil. O menino tinha muita dificuldade, pois a mãe não aceitava suas limitações e queria que ele fizesse o mesmo que as outras crianças. Com isso, não fazia nenhum acompanhamento especial. A menina tinha algumas limitações, mas era participativa e, com ajuda, acompanhava a turma. Contudo, a mãe a levava para tratamento com auxílio de cavalos, fonoaudióloga e todas as possibilidades de ajuda para a aluna.” (Betina) “Foi com um aluno de seis anos com seqüela cirúrgica neurológica, em que o mesmo apresentava comprometimento na coordenação motora. O mais importante para o bom resultado do processo foi a parceria professora, escola e responsável.” (Célia) E uma delas, a Patrícia, relatou a experiência com três alunos no mesmo ano, na mesma turma. Apresentando uma característica que muitos profissionais se fixam ao receber um aluno com necessidades educativas especiais que é a questão do laudo clínico. “Neste ano tive 3 experiências: 1 aluno com laudo e 2 alunos sem laudo, mas já encaminhados para a triagem. Com o aluno com laudo, aprendi muito, pois a todo momento tive que inovar, pesquisar e criar atividades diferenciadas para tentar resgatar esse aluno. Já com os 2 alunos sem laudo, ficou um pouco mais difícil, pois sem saber exatamente o que a criança tem, tive que tentar algumas atividades até descobrir o jeito 37 melhor para se trabalhar com eles. Mas, de todo, foi uma experiência boa, pois estava a todo momento sendo desafiada e fazendo inovar. Aprendi muito com a experiência.” Para pesquisar a perspectiva dos profissionais de Educação Infantil de uma educação inclusiva que realmente aconteça nas escolas regulares de ensino, foram elaborados oito itens que acompanham a escola inclusiva segundo os levantamentos bibliográficos apontados no Capítulo II deste estudo. Assim, para melhor análise destes itens, elaborou-se uma tabela. Tabela: O que você julga de importante para que a Educação Inclusiva dê certo? Para que uma Escola Inclusiva aconteça verdadeiramente, todas as professoras apontaram sobre a necessidade do apoio de profissionais especializados como Psicólogos, Fonoaudiólogos, Assistente Social, Especialista em Educação Especial nas escolas regulares. Além de cursos de formação continuada sobre o assunto. M ár ci a D an ie la A n a C lá u d ia P at rí ci a S an d ra C él ia L en a B et in a T O T A L Boa vontade do professor X X X X - X - X 6 Que faça parte do projeto pedagógico X X X X - X - - 5 Que a equipe escolar seja favorável X X X X - - - - 4 Que haja apoio da diretoria X X X X - X - - 5 Que o professor saiba sobredeficiências X X X X X X - X 7 Que o professor tenha apoio de equipe técnica (Psicólogo, Fonoaudiólogo, Assistente Social, Especialista em Educação Especial) X X X X X X X X 8 Que sejam oferecidos cursos de formação continuada sobre o assunto X X X X X X X X 8 Que tenha colaboração entre educação regular e educação especial X X X X - - - X 5 TOTAL 8 8 8 8 3 6 2 5 --- 38 Outro aspecto que aparece, evidenciado por sete professoras, é o conhecimento sobre deficiências. Assinalada também nas experiências, na qual a professora Patrícia disse ter tido mais dificuldade quando não sabia o laudo de dois de seus alunos com necessidades educativas especiais. O conhecimento sobre deficiências torna-se imprescindível no contexto escolar, apesar de o professor não se tornar um especialista sobre síndromes, aspectos psicológicos, emocionais, motores e outros, conhecer melhor seu aluno possibilitará uma melhor planejamento de suas atividades, e relação desse sujeito no contexto escolar. Para isso, como explicitam seis professoras, a boa vontade do professor para estar em uma escola inclusiva caracteriza-se como fator positivo para que realmente aconteça a inclusão. O sentido de boa vontade, colocado na entrevista, referia-se a estar disposto à, favorecer para que se realize algo, no caso aqui, a Educação Inclusiva. O texto da Declaração de Salamanca afirma que: “enquanto escolas inclusivas fornecem o contexto favorável para atingir oportunidades iguais e participação total, no processo de ensino e aprendizagem, seu sucesso requer um esforço articulado não somente entre professores e o pessoal da escola, mas também entre colegas, pais, famílias e voluntários. A reforma das instituições sociais não constitui somente uma tarefa técnica; ela depende, sobretudo, da convicção, compromisso e boa vontade dos indivíduos que constituem a sociedade.” (UNESCO, 1994, p.11) Outros aspectos que se sobressaem nos apontamentos das professoras, apresentado por cinco delas, são o apoio da direção, a 39 colaboração entre educação regular e educação especial e que a Educação Inclusiva faça parte do projeto pedagógico. 40 IV – BIBLIOGRAFIA Esta pesquisa surgiu não exatamente por uma questão, no sentido que pode ter esta palavra na esfera dos estudos acadêmicos. Esta investigação foi motivada, principalmente, pelas inquietações, angústias de uma professora que se depara com alunos especiais em sua sala de aula e busca realizar um trabalho onde efetivamente aconteça educação, proporcionando ensino e aprendizagem. O caminho percorrido neste estudo aponta para o emaranhado que envolve a problemática da Educação Inclusiva no Brasil, em especial no segmento da Educação Infantil. E como professora, diante das angústias e incertezas, buscou-se nesta pesquisa estar revelando os olhares das profissionais de Educação Infantil diante deste cenário que cresce ligeiramente que é a Educação Inclusiva. Quais são os conhecimentos dos profissionais de educação infantil a respeito de alunos com necessidades educacionais especiais? Como se sentem estes profissionais, amparados ou não, na escola em que trabalham, diante da inclusão de alunos com necessidades educativas especiais? Podemos refletir sobre o conceito de inclusão quando nos reportamos ao seu sinônimo: exclusão. Quais são os alunos que são excluídos na escola? Que tipo de exclusão vivenciamos no cotidiano escolar? Que tipo de currículo estamos preparando para favorecer a aprendizagem de todos? Muito mais que pensar na inclusão de alunos com necessidades especiais, temos que olhar para as reais necessidades educativas dos educandos. O que definiríamos como aluno especial na sala de aula? Apenas aqueles que são visíveis como uma deficiência física, mental ou sensorial, em detrimento das deficiências emocionais e sociais. A educação de qualidade para todos caminha para a construção de uma escola inclusiva, ou mesmo especial, especial no sentido de focar a aprendizagem na criança, revelando suas necessidades de 41 conhecimento do mundo e possibilitando sua autonomia e participação na sociedade. Para isso, se faz necessária: (a) formação do corpo docente para que compreenda o processo de aprendizagem de seus alunos e crie metodologias de ensino que favoreça a aprendizagem; (b) formação da equipe de gestores, coordenadores, orientadores, para que possibilitem que a escola como um todo seja meio de inclusão dos alunos na vida escolar e na comunidade; (c) informação aos responsáveis para que sejam participativos nesta comunhão entre a vida escolar e a vida social da criança; (d) políticas públicas que favoreçam a concretização destes processos formativos/informativos para que a educação se cumpra com um direito realmente adquirido. Neste sentido, devemos pensar no caminho que estamos construindo, para uma Educação Inclusiva. Para construção de um mundo que caminhe para uma sociedade cada vez mais inclusiva. Atualmente a inclusão é um processo mundial irreversível. Veio para ficar e multiplicar-se abrindo caminhos para a construção de uma sociedade verdadeiramente para todos, sem exceção sob nenhuma hipótese. 42 ÍNDICE INTRODUÇÃO 8 Capítulo I - EDUCAÇÃO INFANTIL: HISTÓRIA E IDENTIDADE PROFISSIONAL 11 1.1 . O Conceito de Infância 11 1.2. Professor de Educação Infantil: identidade e formação 16 Capítulo II – POLÍTICAS DE INCLUSÃO NO BRASIL 21 2.1. Inclusão Escolar: uma descrição 21 2.2. Educação Infantil e inclusão 25 Capítulo III – A INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA PERSPECTIVA PELOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL 30 3.1. Definindo a pesquisa e caracterizando o espaço escolar 30 3.2. Olhares para inclusão na Educação Infantil: análise das entrevistas 31 3.2.1. Inclusão de todos ou inclusão de deficientes 33 3.2.2. Escola Inclusiva: hoje e amanhã 35 Capítulo IV – Considerações Finais 40 Índice 42 Índice de tabela 43 Referências Bibliográficas 44 43 ÍNDICE DE TABELA 1. Tabela: O que você julga de importante para que a Educação 37 Inclusiva dê certo? 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AINSCOW, Mel. Educação para todos: torná-la uma realidade. IN: Caminhos para as escolas inclusivas. Lisboa, Instituto de Inovação Educacional.1997.pp.14-28. ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: Editora Guanabara,1981. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em <www.planalto.gov.br/legislação/leis> Acesso em 05.11.2010. ______. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990. Brasil. Secretaria de EducaçãoFundamental. Parâmetros curriculares nacionais : Adaptações Curriculares / Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. – Brasília : MEC / SEF/SEESP, 1998. BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. 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