Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
0 CURSO DE PEDAGOGIA PROJETOS E PRÁTICAS DE AÇÃO PEDAGÓGICA SUPERVISÃO ESCOLAR E ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL POSTAGEM 2: ATIVIDADE 2 PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO INCLUSIVA - PRÁTICAS INCLUSIVAS NO AMBIENTE EDUCACIONAL MAGNOLIA SANTOS RA: 1883525 THIAGO COSTA RA: 1889254 Polo Jabaquara 2020 1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA - PRÁTICAS INCLUSIVAS NO AMBIENTE EDUCACIONAL MAGNOLIA SANTOS RA: 1883525 THIAGO COSTA RA: 1889254 Polo Jabaquara 2020 2 SUMÁRIO TEMA 03 JUSTIFICATIVA 05 SITUAÇÃO-PROBLEMA 06 PÚBLICO-ALVO 07 OBJETIVOS 08 EMBASAMENTO TEÓRICO 10 PERCURSO METODOLÓGICO 17 RECURSOS 19 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 20 AVALIAÇÃO 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22 3 TEMA Este trabalho na área de supervisão escolar tem como tema: “Educação inclusiva: Práticas inclusivas no ambiente educacional”. A inclusão é a equiparação das oportunidades de desenvolvimento de todos os indivíduos da sociedade, garantindo acesso igualitário em todos os campos da vida, proporcionando relações de acolhimento e aceitação das diferenças. A inclusão escolar é parte integrante desse processo e deve oferecer educação de qualidade para todos, desconsiderando qualquer tipo de discriminação. A inclusão rompe com os paradigmas que sustentam o conservadorismo das escolas, contestando os sistemas educacionais em seus fundamentos. Dessa forma, a inclusão escolar se faz necessária a cada dia, com ela o desafio de garantir uma educação de qualidade para todos. A partir de uma motivação do Supervisor Escolar, com a colaboração do Orientador Educacional de uma escola da rede pública estadual de São Paulo, e também pelo desejo de contribuir para com uma visão de maior interesse sobre a questão inclusão escolar de crianças com necessidades especiais, foi desenvolvido este projeto, cujo tema é: Educação Especial: A visão dos professores a respeito da inclusão da criança no cotidiano da escola. De acordo com as novas diretrizes para o ensino no Brasil, estabelecidas em leis - Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - a pessoa com necessidades especiais tem o direito de suprir essas necessidades no próprio ambiente das demais pessoas, ou seja, sem a segregação normalmente existente quando se pensa na criação de ambientes especiais. Em outras palavras, a inclusão significa a convivência natural da pessoa com necessidades especiais dentro do ambiente escolar. Com isso, é de suma importância, refletir sobre o desafio da educação inclusiva em sala de aula com alunos inclusos e comuns, bem como as dificuldades encontradas pelos professores frente essa problemática, ministrar aulas na perspectiva da educação inclusiva, sem a capacitação em serviço. 4 Tendo-se em vista que; os benefícios da inclusão, não é só para a escola pública, mas para toda a sociedade. A metodologia para elaboração deste projeto foi de pesquisas em meio eletrônico, tendo como recursos para elaboração a internet, um computador e orientações do ambiente virtual de aprendizagem da universidade, da disciplina de Projetos e Práticas de Ação Pedagógica de um curso EAD em pedagogia de uma universidade do município de São Paulo. Este relatório é a parte 2/2 de um trabalho a ser realizado no 6º semestre, tendo como Postagem 1: Painel e Postagem 2: Relatório. 5 JUSTIFICATIVA Acredita - se que as concepções dos professores que trabalham nas séries iniciais do ensino fundamental, divergem das concepções teóricas da atualidade, o que gera uma problemática, situação em que essas concepções são inadequadas, as metodologias utilizadas em práticas docentes, alterando a dinâmica inclusiva em sala de aula, o que favorece ainda mais as dificuldades do professor , no que se refere a prática metodológica, especialmente, em ministrar os mesmos conteúdos para alunos comuns e alunos inclusos. É fato que a inclusão escolar traz em si um novo paradigma de educação. Alguns desafios que se colocam para a efetiva inclusão escolar de pessoas com necessidades educativas especiais é a falta de preparo do professor e a existência nas escolas publicas de currículos tradicionais e inadequados, à prática da educação inclusiva. Os Projetos Políticos Pedagógicos nessas escolas não contemplam a educação inclusiva com as mudanças necessárias. Funciona como um documento paralelo que não atravessa o cotidiano da escola fica restrito à categoria de um arquivo, apenas engavetado. Pensar educação inclusiva é refletir sobre a função de cada profissional da escola e no desafio que esta tarefa exige. Sendo muito importante a visão dos professores a respeito da inclusão da criança no cotidiano da escola, tendo como foco principal o preparo dos professores e a adequação da escola para a inclusão. Assim, é importante compreender a visão dos professores sobre a inclusão da criança com necessidades especiais no cotidiano escolar, bem como avaliar em que medida a teoria e a prática se associam na visão dos professores, como os professores enxergam a questão em relação ao seu lado prático, ou seja, quando lidam com alunos com necessidades especiais. Cabe ao Supervisor Escolar, Orientador e Coordenador da escola, numa gestão baseada em diálogos, saber como os profissionais de ensino lidam com a questão da inclusão. 6 SITUAÇÃO-PROBLEMA O padrão de inclusão não se restringe ao aluno com deficiência ou aquelas com necessidades educacionais, mas atinge todo aluno, em sua diversidade de habilidades e dificuldades. Com isso, evidencia-se a falta de capacitação do corpo docente e a falta de estruturação do ambiente escolar, afim de promover um espaço inclusivo. Em vista do exposto, o Supervisor Escolar tem o seguinte problema de pesquisa: Qual a visão, a percepção real e a postura adotada por professores e outros profissionais de ensino diante de situações com crianças com necessidades especiais no cotidiano da escola? Outra questão é a percepção de como a pessoa com necessidades especiais vê o mundo à sua volta, as dificuldades que enfrenta, os preconceitos que sofre, e temas relacionados à educação dessas pessoas, principalmente a visão do professor sobre a inclusão. Não se trata de entrevistar pessoas com necessidades especiais para conhecer os seus problemas, mas sim de observar como a sociedade viu e vê essa pessoa ao longo da história. Outro ponto é que a escola tem um papel importante, que é o da inclusão do indivíduo na sociedade, independente de ter ou não deficiência. Portanto, o papel da escola é o de integrar, democratizar e não segregar, selecionar, escolher quem é que pode ter melhores oportunidades na vida social. Como ponto de partida para reflexão, de acordo com os pressupostos básicos expressos na Declaração de Salamanca (1994), não deveriam ser separados os ambientes escolar, familiar, profissional ou social, quando se trata da inclusão da pessoa com necessidades especiais. 7 PÚBLICO-ALVO O projeto de intervenção será aplicado primeiramente em uma escola pública da rede estadual de São Paulo, para posteriormente expandir para as demais unidades sob responsabilidade do Supervisor Escolar. O Supervisor contará com o apoio do Orientador Educacional e/ou Coordenador Pedagógico da escola. A pesquisa e observação pretendem-se atingir todos os profissionais da unidade escolar, principalmente os professores eos demais funcionários que lidam com as crianças no dia-a-dia da escola. 8 OBJETIVOS Na educação inclusiva, a escola deve estar revisando suas práticas, mudando concepções, revendo seu papel, reconhecendo e valorizando as diferenças, explicitando claramente no seu projeto pedagógico, o compromisso com o êxito do processo de ensino, a capacitação de seus profissionais e a oferta de recursos pedagógicos especiais aos alunos que deles necessitarem. Assim, o Supervisor Escolar pode apresentar atitudes para uma prática pedagógica inclusiva, destacando algumas necessidades dirigidas ao professor do ensino regular, tais como: promover uma cultura de convivência com as diferenças e as exigências legais da Educação Inclusiva, Contribuir no suporte pedagógico aos docentes em assuntos referentes à Educação Inclusiva; estimular tanto o trabalho individual quanto as atividades grupais; promover a construção ativa do conhecimento; oferecer ajuda mútua e solidariedade. Para uma prática pedagógica inclusiva, é importante destacar algumas necessidades dirigidas ao professor do ensino regular, tais como: -Promover uma cultura de convivência com as diferenças e as exigências legais da Educação Inclusiva. - Estimular tanto o trabalho individual quanto as atividades grupais, pois a combinação de ambos ajuda no desenvolvimento de responsabilidades e da consciência de que o saber é resultado da produção coletiva; - Promover a construção ativa do conhecimento, contra a ideia de fornecer o ensinamento, infelizmente comum nas culturas escolar e familiar; - Oferecer ajuda mútua e solidariedade; - Recusar o espírito de competição e concorrência no ato de aprender; - Lembrar que a noção de incompletude (ninguém é autossuficiente) é essencial para entender as diferenças; - Dizer não a todo tipo de generalização. Assim, para que tudo passe a acontecer na forma desejada nas escolas, um dos primeiros objetivos do Supervisor Escolar é sensibilizar a todos: funcionários e professores, entre outros. Mas é importante também sensibilizar 9 os pais, sobretudo os dos não deficientes, levando ao entendimento de que todos devem desempenhar um papel ativo no processo de inclusão. 10 EMBASAMENTO TEÓRICO A Educação inclusiva compreende a Educação especial dentro da escola regular e transforma a escola em um espaço para todos. Ela favorece a diversidade na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais em algum momento de sua vida escolar. Há, entretanto, necessidades que interferem de maneira significativa no processo de aprendizagem e que exigem uma atitude educativa específica da escola como, por exemplo, a utilização de recursos e apoio especializados para garantir a aprendizagem de todos os alunos. A Educação é um direito de todos e deve ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento e do fortalecimento da personalidade. O respeito aos direitos e liberdades humanas, primeiro passo para a construção da cidadania, deve ser incentivado. Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar. A opção por este tipo de Educação não significa negar as dificuldades dos estudantes. Pelo contrário. Com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas como diversidade. É essa variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças. Com base nos pressupostos legais da Constituição Federal de 1988, o artigo 205 prevê o direito de todos à educação e o artigo 208 prevê o atendimento educacional especializado, e a inclusão escolar, fundamentada na atenção à diversidade, exigindo mudanças estruturais nas escolas comuns e especiais. Beauclair (2007), afirma que a inclusão é o movimento humano de celebrar a diversidade, envolvendo o sentimento de pertencer, de fazer parte de, é a valorização da diferença e a busca de uma cidadania ativa construtora de qualidade de vida para todos. Stainback e Stainback (1999) complementam essa definição, especificando que o objetivo da inclusão é criar uma comunidade em que todas as crianças trabalhem juntas e desenvolvam repertório de ajuda mútua e apoio dos colegas. Neste contexto, a educação inclusiva busca assegurar a todos os 11 estudantes a igualdade de oportunidades educativas, proporcionando espaço para o desenvolvimento integral dos mesmos, levando em consideração suas potencialidades e especificidades, favorecendo a construção de uma sociedade mais democrática e flexível. De acordo com Pessotti (1984), de um modo geral, a deficiência é vista sobretudo sob o prisma da capacidade do indivíduo em se adaptar socialmente. Assim, segundo o autor, devido à menor capacidade do indivíduo em responder às demandas da sociedade, as formas de lidar com crianças deficiência foram diferentes ao longo do tempo. Diz que até o século XV as crianças que nasciam deformadas eram sacrificadas, ou seja, “descartadas”, da sociedade. Tanto na Grécia quanto na Roma Antiga existia o costume de se abandonar crianças, principalmente aquelas com deficiência, sendo que em Roma eram simplesmente jogadas nos esgotos. Porém, também segundo Pessotti (1984), ainda na Idade Média, em algumas regiões da Europa, os deficientes podiam encontrar abrigo nas Igrejas. Outros tinham suas vidas preservadas, porém em funções imbuídas de grandes preconceitos, como a de “bobos da corte”, por exemplo, isto é, pessoas destinadas a divertir a nobreza. Até mesmo Martinho Lutero, o grande reformador religioso e criador da primeira Igreja protestante, via os deficientes a partir de um ponto de vista nada humano, pois para ele, segundo Pessotti (1984), os deficientes mentais, por exemplo, eram seres diabólicos que mereciam castigos para serem purificados. Para outras formas de deficiência a visão era basicamente a mesma. Entre os séculos XVI e XIX, a sorte das pessoas com deficiência adquire um novo rumo, porém, segundo Pessotti (1984), continuavam isoladas do resto da sociedade, “protegidas” em asilos, conventos e albergues. Foi nesse período, segundo o autor, que surge o primeiro hospital na Europa destinado ao tratamento de pessoas com deficiência mental, abrindo assim espaço para se pensar no abrigo de outros tipos de deficientes. Porém, lembra também que todas as instituições dessa época não passavam de prisões, sem tratamento especializado nem programas educacionais. Pessotti (1984) indica que somente no século XX é que as pessoas com deficiência passaram a ser vistos como cidadãos, adquirindo assim direitos e 12 deveres de participação na sociedade, porém, diz o autor, sob uma ótica muito mais assistencial e caritativa do que propriamente um reconhecimento de igualdade. Essa igualdade passa a ser reconhecida em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela qual todo o ser humano tem direito à educação. Ou seja, ainda que falte o reconhecimento de fato, por parte da sociedade, ao menos esse reconhecimento passa a existir na forma de um documento de âmbito mundial. No Brasil, segundo Pessotti (1984), começa a ocorrer nos anos 60 uma certa organização por parte de parentes de pessoas deficientes e ainda no início dessa década aparece uma referência legal para a educação especial, expressa na Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1961. Essa lei determinava que, dentro do que for possível, a educação das pessoas com deficiência - tratadas, então, como “excepcionais” - deve enquadrar-se no sistema geral de educação. Mas é nos Estados Unidos, a partir dos anos 70, que se avança nas pesquisas e teorias de inclusão, havendo, porém, uma motivação particular para estes estudos: a existência de mutilados da Guerrado Vietnã. De qualquer modo, uma lei sobre educação de pessoas com deficiência (Lei nº 9414, de 1975) dá início naquele país à educação inclusiva que estabelecendo as necessárias mudanças nos currículos. Nos anos 80, segundo Santos (1992), a questão da inclusão adquire um contorno global e surgem declarações e tratados mundiais que passam a defender a inclusão em larga escala. Essas declarações, segundo a autora, são em grande parte resultados das lutas e das muitas ações em favor das minorias, desencadeadas nos anos 70. Em 1994, é assinada na Espanha a Declaração de Salamanca, por dirigentes de mais de oitenta países reunidos, representando um dos mais importantes documentos de compromisso de garantia de direitos educacionais, que proclama as escolas regulares inclusivas como o meio mais eficaz de combate a discriminação. Nesta declaração fica determinado direitos iguais às crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou linguísticas. No Brasil, a partir da promulgação da Constituição de 1988, e com reflexo que se estenderam pelos anos 90, o atendimento educacional 13 especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino, passa a constar do amparo legal, sendo que a Lei Federal nº 7853, de 1989, prevê a oferta obrigatória e gratuita da educação especial nos estabelecimentos públicos de ensino. A lei prevê também a punição de um a quatro anos e multa aos dirigentes de ensino que recusarem e suspenderem sem justa causa a matrícula de um aluno. Nessa mesma década, o Brasil aprova o Estatuto da Criança e do Adolescente, que reitera os direitos garantidos na Constituição: “atendimento educacional especializado para pessoas com deficiência”. De forma mais específica, em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases, nº 9394, se ajusta à legislação federal e aponta que a educação de pessoas com deficiência deve dar-se preferencialmente na rede regular de ensino. Porém, mais do que uma questão legal, a inclusão social é uma questão de humanidade e justiça: A exclusão social nas escolas lança as sementes dos descontentamento e da discriminação social. A educação é uma questão de direitos humanos, e os indivíduos com deficiências devem fazer parte das escolas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos (STAINBACK e STAINBACK, 1999). A mensagem acima, segundo (Stainback e Stainback, 1999) foi transmitida pela Conferência Mundial de 1994 da UNESCO, em referência às necessidades educacionais especiais. A mensagem procura tornar evidente que “... o ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos - independentemente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou origem cultual – em escolas e salas de aula provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são satisfeitas”. Os autores vão além, e dedicam a obra aqui referenciada a mostrar, entre outros pontos importantes, que a inclusão escolar não trata apenas do âmbito escolar propriamente dito e sim da preparação do indivíduo para a vida em comunidade e, talvez até o mais importante, da preparação da comunidade para a inclusão das pessoas com deficiência. Ou seja, não basta apenas preparar o indivíduo e a escola, mas sim preparar a própria sociedade. Este é o papel da escola. 14 O ganho resultante das atitudes inclusivas é para todos, dizem Stainback e Stainback (1999), enfatizando que além de uma atitude humanitária e de justiça, a inclusão significa benefícios gerais para a sociedade. Segundo os autores, capacitação e participação são aspectos fundamentais para o bem-estar do indivíduo com deficiência, mas são também fatores de benefícios para a sociedade, no sentido de que essas pessoas podem contribuir socialmente tanto quanto aquelas que não têm nenhuma deficiência. Mas há um ponto importante a ser considerado, segundo Stainback e Stainback (1999), no que diz respeito às experiências dos professores com a inclusão. Segundo demonstram, para a maioria dos professores, o primeiro contato de um professor com a inclusão costuma gerar reações dos mais variados tipos, muitas delas, inclusive, negativas, seja por gerar um sentimento de impotência, diante da situação, seja pelo próprio inusitado que é deparar-se com alguém ‘diferente’. No entanto, as experiências mostram que, uma vez passado espanto inicial, o desfecho da situação tende sempre a caminhar no sentido de acrescentar ao professor uma grande dose de crescimento profissional e pessoal. Em outras palavras, mostram os autores que trabalhar para a inclusão é uma experiência altamente enriquecedora. Num sentido geral, a deficiência somente ocorre ou faz sentir seus efeitos com relação a um ambiente, pois uma criança não é deficiente dentro do seu próprio universo individual de existência. Os problemas começam a surgir a partir do ambiente onde é inserida. O primeiro ambiente da criança é a família, e até esse ponto encontra um meio no qual sua deficiência não é tão percebida, desde que envolvida com os cuidados e os carinhos dos demais membros da família. Mas a família não é o único ambiente da criança, pois à medida que cresce, vai aos poucos se integrando aos grupos sociais com os quais tem contato, até que se torna adulta. Se em outros tempos o mundo da criança deficiente era restrito ao seu lar ou a grupos sociais restritos, essa visão mudou radicalmente. Atualmente se acredita que o ambiente da criança deve ser alargado desde cedo, para que não sofra depois os efeitos da não-inclusão. No dizer de Stainback e Stainback (1999), “em geral, quanto mais tempo os alunos 15 com deficiências passam em ambientes inclusivos, melhor é seu desempenho nos âmbitos educacionais, social e ocupacional”, isto porque, conforme ressaltam estes e também outros autores, não se aceita mais a ideia de que a criança deficiente deve ficar “protegida” dentro do seu ambiente familiar, com a pretensão de que ali ela esteja imune aos impactos que a sua deficiência pode lhe trazer, quando convivendo em outros ambientes. Foi a partir da visão de que a criança com necessidades especiais não apenas tem o direito como também necessita participar dos diversos ambientes dentro de uma sociedade que começaram os movimentos pela ‘inclusão’. As escolas públicas destinadas a alunos com deficiências funcionavam até então como um sistema de segregação, na medida em que separava tais alunos dos “normais”. Segundo Stainback e Stainback (1999), isso criava uma situação em que para alguns casos, como de deficientes visuais ou auditivos, entre outros, existiam escolas especiais, enquanto que: (...) outros alunos com déficit importante de desenvolvimento em geral não tinham nenhum tipo de serviço educacional disponível e ficavam quase sempre nas alas dos fundos das grandes instituições do Estado (...) Quase todas as crianças confinadas a cadeiras de rodas, não treinadas no controle das funções fisiológicas ou consideradas ineducáveis eram excluídas, devido aos problemas que o seu ensino iria envolver (STAINBACK e STAINBACK, 1999:39). No Brasil, segundo Mazzotta (2005),: (...) a inclusão da educação de deficientes, da educação dos excepcionais ou da educação especial na política educacional brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos cinquenta e início da década de sessenta do século XX (Mazzotta, 2005). O histórico mostrado Mazzotta (2005) mostra que o caminho, além de curto, menos meio século, praticamente, também foi trilhado nos mesmos moldes que os modelos europeus e norte-americanos, ou seja, com a criação de escolas especialmente adaptadas para alunos com deficiência, 16 notadamente aquelas mais comuns ou perceptíveis, como a deficiência auditiva e a deficiência visual, por exemplo. Dentre as instituições listadas pelo autor, algumas são para deficientes visuais,como o Instituto Benjamin Constant, que em 1942 editou em braile a Revista Brasileira para Cegos; o Instituto de Cegos Padre Chico, fundado em 1928 na cidade de São Paulo; a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, instalada em 1946, graças aos esforços de Dorina de Gouvea Nowill, professora de deficientes visuais, cega aos 17 anos. A lista prossegue, mas cumpre destacar pelo menos mais uma instituição: a Associação de Assistência à Criança Defeituosa (AACD), fundada em 1950 e mantenedora dos mais importantes Centros de Reabilitação do Brasil. É uma “instituição particular especializada no atendimento a deficientes físicos não-sensoriais, de modo especial com paralisia cerebral e pacientes com problemas ortopédicos” (Mazzotta, 2005). Fica evidente, portanto, que o principal objetivo destas instituições é integrar pessoas com deficiências à sociedade, preparando-as para o exercício profissional e outras atividades. Embora não se possa negar o caráter necessário desse tipo de “assistência”, pois as pessoas com deficiência precisam de alguma forma estar integradas à sociedade, sob o risco de ficarem segregadas no próprio ambiente doméstico, a discussão em torno da questão ganhou uma amplitude muito maior, no sentido de chegar ao entendimento de que a integração por si é um primeiro passo, mas o objetivo final é a inclusão. 17 PERCURSO METODOLÓGICO O projeto será dividido em algumas etapas, com uma duração aproximada de um ano, sendo primeiramente implantado em uma unidade escolar, para depois ser expandido para as outras unidades de responsabilidade do Supervisor Escolar. A metodologia será realizada em uma escola da rede pública estadual de São Paulo, no município de São Paulo, que atua com alunos do Ensino Fundamental I. No primeiro trimestre será realizada uma pesquisa entre Professores e sociedade com base a essa temática sobre a educação inclusiva e suas possíveis ações para melhoria e o papel do Professor diante a essa temática. Com isso, será implantado uma pesquisa de campo envolvendo profissionais da educação, principalmente os professores, sendo elaborados e aplicados questionários, avaliando em detalhes a visão, as perspectivas e as experiências práticas dos professes em relação a alunos com necessidades especiais. As questões referem-se: sobre as condições que a escola oferece; sobre a formação geral dos professores; sobre a forma para se manter atualizado; opinião sobre a inclusão; sobre as principais dificuldades encontradas na prática escolar. O Supervisor, junto com o Orientador e/ou Coordenador da escola farão uma análise do ambiente, observando as mudanças necessárias para uma adaptação física da escola para recebimento de alunos com necessidades especiais, seguidos de questionários, registros e levantamentos. No segundo trimestre será feita a apresentação e análise dos resultados para os envolvidos e será introduzido encontro de capacitação aos professores para lidarem com a educação inclusiva. Esses encontros de capacitação oferecidos aos professores serão realizados uma vez por semana. Como suporte aos professores e demais profissionais, serão realizadas palestras e a construção de uma rede de apoio, com uma equipe multiprofissional com: psicopedagogos, psicólogos, assistente social, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional. Além disso, os profissionais terão encontros com temática bem fundamentadas que poderão 18 guiar o professor a desenvolver as capacidades de seus alunos, a partir de uma nova perspectiva em relação ao aluno e a suas diferenças. Isso também fará com que ele venha a ter um melhor desenvolvimento, respeitando sempre suas características e especificidades e o seu tempo de aprendizado. Com isso, podemos perceber a importância da ressignificação das práticas educativas para inclusão de todos. O professor deve manter-se em constante atualização para que possa acolher as diversas realidades que chegam à escola, podendo assim adaptar atividades e avaliações de acordo com as especificidades dos alunos. No terceiro e quarto trimestre será feita o planejamento e aplicação das atividades propostas e uma avaliação das condições apresentadas, incluindo respostas dos professores quanto à melhora na qualidade de ensino na questão da inclusão escolar. Será dada a continuidade na aplicação das propostas citadas acima, assim como o acompanhamento e ampliação dos profissionais formadores da rede de apoio. Será possível também uma prévia avaliação das condições apresentadas, incluindo respostas dos professores quanto à melhora na qualidade de ensino na questão da inclusão escolar. O Supervisor Escolar deverá estar atento a todas estas modificações e avaliações, assim como estar sempre disponível e aberto para mudanças e opiniões. Seu esforço deverá ser grande na busca de recursos financeiros e recursos humanos, tentando trabalhar em equipe, numa gestão participativa e inclusiva. Toda ajuda será bem vinda e todo o trabalho será recompensado no decorrer das transformações. Não há um ponto final, pois, uma escola está em constantes mudanças e atualizações. 19 RECURSOS Dentre os recursos materiais necessários estão os listados abaixo: Humanos- Professores e gestão educacional; Supervisor educacional. Materiais- Prédio escolar, salas para reunião dos encontros e capacitação da equipe docente e materiais pedagógicos; Imateriais- Questionários pré-estabelecidos; Leis e orientações normativas, Artigos e periódicos que fundamentam e embasam as ações na educação inclusiva. 20 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES Calendário escolar; observações e registros, levantamento de hipóteses, questionário, reuniões, encontros e oficinas e avaliações. Tempo estimado- um ano. 21 AVALIAÇÃO Este projeto propõe alternativas de solução para as dificuldades constatadas na instituição e estará sendo avaliado no final de cada ano letivo através de reuniões específicas para este fim com a comunidade escolar, com o propósito de fazer um diagnóstico de todos os segmentos da escola, reavaliar as ações e listar as prioridades para o próximo ano letivo, podendo sofrer adaptações. O Supervisor, Orientador e Coordenador, assim como os professores envolvidos deverão fazer anotações regulares e depois discuti-las entre si, buscando detectar pontos falhos e procurando meios de corrigi-los. A ação avaliativa abrange a auto avaliação e também a de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Na medida em que a ação de avaliar exerce uma função dialógica e interativa, ela promove a reflexão crítica do resultado do trabalho, sendo contínua e diagnostica. A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação. É a partir da análise de situação de vida por nós pedagogos no nosso cotidiano é que reconduziremos nossas perspectivas de melhoria da qualidade do trabalho pedagógico. O trabalho de inclusão não poderá ser finalizado enquanto existir necessidade de aprimoramento tanto das práticas de ensino como também dos sistemas educacionais. A inclusão é uma realidade que não pode mais esperar melhores preparos por parte das instituições de ensino, como também dos responsáveis em promover a dignidade humana, buscando com isso os valores éticos para que todos tenham lugar e vez nos demais segmentos da sociedade. Todos são responsáveis pela inclusão, tanto a escola como a sociedade de um modo geral. 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares.Secretaria de Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 1999 DECLARAÇÄO DE SALAMANCA. Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. Espanha: Salamanca, 1994. MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar, o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. MAZZOTTA, Marcos J. da Silveira. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2005. PESSOTTI, Isaías. Deficiência mental: da superstição à ciência. São Paulo: Editora 34, 1984. SANTOS, M.P. Educação especial: integrada paralela? Revista Vivência, pg.10 a 15, edição out/nov 1992. STAINBACK, Susan e STAINBACK, William. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artmed, 1999.
Compartilhar