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Medicina e Segurança do Trabalho Professor Mestre Rafael Delapria Dias dos Santos Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; SANTOS, Rafael Delapria Dias dos. Medicina e Segurança do Trabalho. Rafael. Delapria Dias dos Santos. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 89 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTOR Rafael Delapria Dias dos Santos • Graduado em Engenharia Mecânica - UNIOESTE • Graduado em Administração - FAPAN • Mestre em Bioenergia - Área de Concentração em Biocombustíveis - UNIOESTE • Pós-Graduado em Engenharia e Segurança do Trabalho - UEM • Pós-Graduado em Tecnologia Mecânica do Setor Sucroalcooleiro - UEM • Técnico em Segurança do Trabalho/SENAI • Pós-Graduando em MBA Gestão Executiva - Faculdade Integrado de Campo Mourão • Pós-Graduando em MBA Gestão Estratégica do Agronegócio - Faculdade Inte- grado de Campo Mourão Atua como Engenheiro Mecânico (Chefe do Departamento de Manutenção de Veí- culos - Setor de Transporte) na Coamo (Cooperativa Agroindustrial Mourãoense) - Campo Mourão - PR. (2013 - Atual). Já atuou como Subcoordenador e Professor do Curso de Pós- -Graduação em Gestão da Produção Industrial - Lean Manufacturing - FCV, Maringá-PR (2013 - 2018). Já atuou como professor: Cursos de Engenharia Civil e Produção - Faculdade Integrado - Campo Mourão. Experiência na área de Engenharia Mecânica, com ênfase em Engenharia de Manutenção, atuando principalmente nos seguintes temas: manutenção de sistemas industriais, manutenção de frota de veículos, engenharia mecânica, aderência ao orçamento de manutenção e Engenharia de segurança no trabalho • Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/1713203174684838 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Prezado(a) aluno(a), se você chegou até este ponto e está determinado a ir além começando mais esta disciplina, saiba que será uma grande jornada rumo aos seus obje- tivos. Nesta disciplina iremos começar aprendendo, na Unidade I, a história do surgimento do trabalho, para que possamos contextualizar o surgimento do acidente de trabalho e das doenças que podem acontecer no ambiente de trabalho. Feito a contextualização, veremos as legislações e normas regulamentadoras que definem e regem a medicina e segurança do trabalho, garantindo ao máximo o bem estar físico e psicológico do funcionário. Na segunda unidade iremos discutir sobre os equipamentos de proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção coletiva (EPC), veremos quais os direitos e deveres que as normas regulamentadoras estabelecem, tanto para os empregados quanto para os empregadores, quando o assunto é equipamento de segurança. Ainda na segunda unidade iremos aprender sobre sinalização e definição de cores para ambiente de trabalho, além de ações e atitudes que ao serem tomadas, ajudam a evitar acidentes. Já na Unidade III estudaremos sobre a NR-10 (Norma regulamentadora para servi- ços elétricos) e NR-12 (Norma regulamentadora da segurança em máquinas, equipamentos e ferramentas). Discutiremos suas funções, sua implantação, suas particularidades e, na sequência, iremos aprender as atitudes corretas e necessários que deverão ser tomadas em caso de acidente com o auxílio do CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho). Finalizaremos nossos estudos apresentando três organizações de grande impor- tância: o SEMST (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), a CIPA (Comissão Interna de Prevenção a Acidentes) e o PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho). Aproveito para reforçar o convite a você, para que juntos possamos traçar este caminho e concluir esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 O Ambiente e as Doenças do Trabalho UNIDADE II ................................................................................................... 25 Gerência de Riscos UNIDADE III .................................................................................................. 45 Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações UNIDADE IV .................................................................................................. 65 CIPA, SESMT e PCMAT 6 Plano de Estudo: • Introdução e conceitos; • Legislação de segurança do trabalho; • Medicina no trabalho; • Acidentes e doenças do trabalho: princípios, regras e métodos de prevenção. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar o ambiente de trabalho e seus riscos; • Compreender os diferentes tipos de normas existentes; • Estabelecer a importância da prevenção de acidentes. UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho Professor Mestre Rafael Delapria Dias dos Santos 7UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho INTRODUÇÃO O trabalho existe desde o surgimento da humanidade e desde quando o homem adquire a consciência de risco, passa a existir métodos para prevenção de acidentes e doenças. Há relatos desde a época dos homens das cavernas com suas pinturas rupestres em caça, representando o risco do animal a ser caçado. Com o passar do tempo e com o advento da revolução industrial que intensificou ainda mais as jornadas de trabalho e aumentou a periculosidade do ambiente, passou-se a intensificar também as legislações de trabalho, surgindo, então, leis que proibiam o trabalho infantil e adequavam às mulheres, idosos e mulheres grávidas, de acordo com sua capacidade de produção. O tempo passou e surgiram normas específicas para cada tipo de trabalho com perigo presente, as chamadas Normas Regulamentadoras (NRs). Existem ainda as legislações que ditam as obrigações entre empregados e empregadores, para assegurar o bem-estar físico e mental de ambas as partes. A medicina no trabalho surgiu um pouco mais tarde do que a segurança, no entanto não deixa de ser menos importante. A medicina no trabalho garante ao funcionário sua plena capacidade de trabalhar, visando sempre diagnósticos precisos e justos para ambos os lados. Existem inúmeras atitudes que tanto a empresa, quanto o empregador devem tomar para evitar riscos de acidentes e doenças, e tudo isso veremos nesta apostila. 8UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho 1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS De acordo Melo Júnior (2011), os direitos fundamentais do trabalhador objetivam fazer com que estes usufruam de uma boa qualidade de vida. Uma vez que não foi feita a ligação entre direitos humanos com qualidade de vida, foi necessário efetivar os direitos trabalhistas. Ao longo da história há vários relatos de abusos e exageros físicos de tra- balhos que incentivaram e serviram de gatilho para a criação de diversas normas e leis trabalhistas. As doenças tidas como modernas, como stress, neurose e lesões por esforço repetitivo (LER), já há séculos são diagnosticadas em determinados serviços. Ferreira et. al (2012) afirmam que as preocupações maisantigas relacionadas à segurança do trabalho estão registradas em documentos egípcios. Por exemplo, há marcos que, no ano de 2360 a.C., uma insurreição geral por parte dos trabalhadores das minas exigia ao faraó melhores condições de vida dos escravos. Ainda de acordo Ferreira et. al. (2012), o império Romano também se preocupava com a segurança no trabalho, apresentando estudos de proteção médico-legal dos traba- lhadores, chegando inclusive a elaborar leis para sua garantia. Foi no Império Romano a primeira vez em que trabalhadores utilizaram máscaras para evitar respirar poeira metálica. Após a primeira grande revolução industrial, que se iniciou na França e na Ingla- terra, os problemas relacionados à saúde e segurança no trabalho se intensificaram uma vez que o trabalho humano se intensificou em condições desumanas de trabalho (MELO JUNIOR, 2011). 9UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho A primeira vez que líderes e autoridades ordenaram que seus trabalhadores utilizas- sem equipamentos de segurança, segundo registros históricos, foi durante a idade média. Houve inclusive um levantamento das doenças causadas pelos trabalhos existentes, que mais tarde serviram como base para novos registros de segurança do trabalho durante o renascimento. Destacam-se nesse período: Samuel Stockausen, como pioneiro da inspe- ção médica no trabalho, e Bernardino Ramazzini, como sistematizador do conhecimento acumulado sobre segurança (FERREIRA et al. 2012). Ritti e Pinto (2016) relatam em sua obra que em 1779 já constavam em anais e congressos trabalhos com temas relacionados à medicina e saúde do trabalho. Em Milão, no mesmo ano, houve a função de uma sociedade que tinha como objetivo o bem-estar do trabalhador, uma vez que a revolução industrial passou a exigir esse cuidado. Ainda de acordo com Ritti e Pinto (2016), o movimento de prevenção tomou conta primeiro dos Estados Unidos, no início do século XX, enquanto que no resto do mundo (África, Ásia, Austrália e o resto da América) o movimento de prevenção nasceu logo após a fundação da organização internacional do trabalho (OIT), em 1919. A OIT visava uniformizar questões trabalhistas relacionadas à escravidão, con- dições subumanas, limitação da jornada de trabalho, proteção à maternidade, trabalho noturno para mulheres, idade mínima para admissão de crianças e o trabalho noturno para menores (MELO JUNIOR, 2011). Em 1919, por meio do Decreto Legislativo nº 3.724 (BRASIL, 1919, p. 1013), im- plantaram-se serviços de medicina ocupacional com fiscalização por parte do governo nas empresas e indústrias. Essa fiscalização aumentou após a Segunda Guerra Mundial, uma vez que o senso humanitário cresceu com o fim da guerra. Ainda após a segunda guerra, foi assinada a Carta das Nações Unidas, em São Francisco, que previa a preservação das condições de vida das futuras gerações (PINHEIRO, 2012). Também após a segunda guerra mundial, em 1948, criou-se a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com ela veio o conceito de que saúde é o completo bem-estar físico, mental e social, não somente a ausência de algum tipo de enfermidade ou doença. A OMS diz ainda que o gozo do grau máximo de saúde que se pode alcançar é um dos direitos fundamentais do trabalhador (MELO JUNIOR, 2011). Moraes (2011) diz que, no ano de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas, aprova a Declaração Universal dos Direitos Humanos do Homem. A declaração garante ao trabalhador a aplicação das normas jurídicas relacionadas ao direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, às condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra 10UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho ao desemprego; o direito ao repouso e ao lazer, limitação de horas de trabalho, férias periódicas remuneradas, além de padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar. Ainda de acordo Moraes (2011), com a ânsia dos países de se reerguerem pós segunda guerra, houve uma série de problemas relacionados a acidentes e doenças no meio industrial. Era necessária a criação de novos meios de intervenção nas causas dos problemas. Em 1949, a Inglaterra deu início à pesquisa de ergonomia, com o objetivo de organizar o ambiente de trabalho com base na realidade do homem trabalhador. Em 1952, com a fundação da Comunidade Européia do Carvão e do Aço -CECA, as questões voltaram-se para a segurança e medicina do trabalho nos setores de carvão e aço, que até hoje estimula e financia projetos no setor. Na década de 60 inicia-se um movimento social renovado, revigorado e redimensionado marcado pelo questionamento do sentido da vida, o valor da liberdade, o significado do trabalho na vida, o uso do corpo, notadamente nos países industrializados como a Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e Itália (ESQUERDO, 2012, p. 11). Segundo Martins (2011), a empresa Farmitalia, localizada na Itália, iniciou um procedimento de conscientização de seus funcionários quanto ao perigo que produtos quí- micos representam, alinhados com seus técnicos para ajudar na detecção de problemas. 1.1 A Medicina do Trabalho Para Melo Junior (2011), a medicina do trabalho ou, como também é conhecida, a medicina ocupacional é uma especialidade do ramo da medicina que se ocupa em estudar a preservação da saúde do trabalhador, sendo que o profissional da área deve avaliar a ca- pacidade do candidato a realizar determinada função, sendo necessário realizar avaliações periódicas e expor os riscos ocupacionais a qual esse funcionário tem contato. A diferença da segurança e a saúde ocupacional é que esta é uma área que protege empregados, clien- tes, fornecedores e público em geral que possam ser afetados pelo ambiente de trabalho. 11UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho 2 LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO As Normas Regulamentadoras (NR) constituem um conjunto de obrigações, direitos e deveres que devem ser cumpridos tanto pelos empregados, quanto pelos empregadores, objetivando garantir trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e aciden- tes de trabalho. Cabe ao Ministério do Trabalho tanto a elaboração, quanto a revisão das NR. A seguir encontram-se todas as normas (NRs) existentes, retiradas do site do Go- verno Federal de Inspeção do Trabalho (ENIT, 2018). NR-1 - Disposições gerais NR-2 - Inspeção prévia NR-3 - Embargo ou interdição NR-4 - Serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho NR-5 - Comissão interna de prevenção de acidentes NR-6 - Equipamento de proteção individual - EPI NR-7 - Programa de controle médico de saúde ocupacional NR-8 - Edificações NR-9 - Programa de prevenção de riscos ambientais NR-10 - Segurança em instalações e serviços em eletricidade NR-11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais 12UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho NR-12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos NR-13 - Caldeiras, vasos de pressão e tubulações e tanques metálicos de armazenamento NR-14 - Fornos NR-15 - Atividades E operações insalubres NR-16 - Atividades E operações perigosas NR-17 - Ergonomia NR-18 - Condições E meio ambiente de trabalho na indústria da construção (texto vigente) NR-19 - Explosivos NR-20 - Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis NR-21 - Trabalhos a céu aberto NR-22 - Segurança e saúde ocupacional na mineração NR-23 - Proteção contra incêndios NR-24 - Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho NR-25 - Resíduos industriais NR-26 - Sinalização de segurança NR-27 - Registro profissional do técnico de segurança do trabalho (revogada) NR-28 - Fiscalização e penalidades NR-29 - Norma regulamentadora de segurança e saúde no trabalho portuário NR-30 - Segurança e saúde no trabalho aquaviário NR-31 - Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária silvicultura, exploração florestal e aquicultura Nr-32 - Segurança e saúde notrabalho em serviços de saúde NR-33 - Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados NR-34 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, reparação e desmonte naval NR-35 - Trabalho em altura NR-36 - Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados NR-37 - Segurança e saúde em plataformas de petróleo Lucena (2013) afirma que, para um bom entendimento e ordenamento das normas e regulamentações, faz-se necessárias as leis e legislações pertinentes ao assunto, que servem para garantir a sobrevivência e o bom convívio dos empregados e empregadores. 13UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho De acordo Lucena (2013), a regulamentação da prevenção de acidentes no Brasil está prevista na consolidação das leis do trabalho (CLT) e o detalhamento das ações de prevenção estão dispostas nas NRs, normas das quais vem sendo escritas e alteradas a anos, sempre visando a atualização e a coesão com o trabalho e o trabalhador. A NR 1 (Disposições Gerais), disponível gratuitamente no site do Governo Federal, regulamenta à segurança e medicina do trabalho, criada em 1978 e última atualização em 2009. Vejamos agora o que a Norma diz (BRASIL, 2018): ● As normas Regulamentadoras (NRs) são obrigatórias tanto para as empresas públicas quanto para as empresas privadas, bem como para os órgãos públicos dos Poderes Legislativos e Judiciários que possuam funcionários no regime CLT. ● As diretrizes estabelecidas pelas Normas Regulamentadoras devem ser apli- cadas e consideradas a todos (trabalhadores avulsos, entidades, empresas, sindicatos e demais categorias profissionais). ● O seguimento das Normas Regulamentadoras não desobriga as empresas e indústrias a seguires outras normas e leis estabelecidas por outros setores como códigos de obras, regulamentos sanitários, leis estaduais, leis municipais, entre outras. 2.1 Definição De Termos (Retirada da NR-1) A. Empregador: empresa individual ou coletiva, que assume o risco da contratação efetiva de um empregado por meio de atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Além das empresas, inclui-se também ao grupo: profissionais liberais, associações e outras instituições que, mesmo sem fim lucrativo, possui trabalhadores como empregados; B. Empregado: pessoa física que assume a responsabilidade da prestação de serviço, cuja atividade não se assemelha a de empregador; C. Empresa: todo e qualquer estabelecimento, local de trabalho, canteiro de obra e outras que utilizam da mão de obra do empregador para atingir seus objetivos (podendo ser lucrativo ou não); D. Estabelecimento: são as diferentes unidades de uma empresa que apresentam diferentes funções e que se localizam em diferentes lugares, por exemplo: fábri- ca, refinaria, usina, escritório, loja, oficina, depósito, laboratório; 14UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho E. Setor de serviço: é a menor unidade operacional estabelecida num mesmo ambiente; F. Canteiro de obra: é uma área de trabalho fixa (no entanto temporária) em que acontecem operações de apoio e execução à construção, demolição ou reparo de uma obra; G. Frente de trabalho: é uma área de trabalho móvel e temporária, onde atividades de apoio ao desenvolvimento são desenvolvidas, como demolição ou reparo de uma obra; H. Local de trabalho: a área onde são executados os trabalhos. 2.2 Obrigações entre Empregador e Empregado (Retirado da NR-1) De acordo dados retirados do site do Ministério do Trabalho (2009), tanto empre- gados, quanto empregadores possuem certas obrigações referentes à segurança, vejamos a seguir: Cabe ao empregador: A) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentadas relacionadas à segurança e medicina do trabalho; B) elaborar ordens de serviço relacionadas ao assunto de segurança e medicina do trabalho, fazendo com que os empregados foquem nos seguintes objetivos: I. Prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho; II. Divulgar as obrigações e proibições que os empregados devam conhecer e cumprir; III. Dar conhecimento aos empregados de que serão passíveis de punição, pelo descumprimento das ordens de serviço expedidas; IV. Determinar os procedimentos que deverão ser adotados em caso de aciden- te do trabalho e doenças profissionais ou do trabalho; V. Adotar medidas determinadas pelo Ministério do trabalho (MTB); VI. Adotar medidas para eliminar ou neutralizar a insalubridade e as condições inseguras de trabalho. C) informar aos trabalhadores: I. Os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II. Os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; 15UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho III. Os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diag- nóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV. Os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. D) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho. Cabe ao empregado: A) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador; B) usar o EPI fornecido pelo empregador; C) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras - NR; D) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras - NR; Na norma consta ainda que caso o empregador, porventura, descumpra algum dos itens estabelecidos, acarretará em aplicação de penalidade (multa) prevista na legislação. 16UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho 3 MEDICINA NO TRABALHO 3.1 Introdução à Medicina no Trabalho O homem sempre apresentou uma ligação direta com o trabalho, saúde e doença e sempre reconheceu essa ligação, mesmo que de formas e meios indiretos. Essa ligação vem sendo representada por meio de obras (pinturas, textos, pensamentos etc.) desde os primórdios da história humana, no entanto, apesar de tão antiga a relação homem-traba- lho-medicina, é relativamente recente as produções relacionadas ao tema (MELO JUNIOR, 2011). De acordo com Macedo (2008), Bernardino Ramazzini, nascido em 1633, é con- siderado o pai da medicina do trabalho, um médico italiano com grande participação na literatura a respeito do assunto. No livro As doenças dos trabalhadores, publicado em 1700, o médico descreve 54 profissões e relaciona as principais doenças de trabalho que cada uma das profissões pode vir a acarretar para que, desta forma, outros médicos conheçam as diferentes ocupações e passem a tratar seus pacientes de forma correta. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, desencadeando grandes transformações na vida das pessoas relacionadas a sua produção, a sua vivência e ao seu trabalho, logo, a transformação atingiu a forma de adoecer e a forma de morrer das pessoas, servindo de impulso para a efetivação da Medicina do Trabalho, que veio acompanhando as mudanças exigidas dos diferentes processos (ANAMT, 2017b). 17UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho O termo “medicina do trabalho” pode ser definido como sendo uma especialidade médica, com a saúde dos trabalhadores em seu ambiente de trabalho. Tem por objetivo de prevenir doenças, acidentes de trabalho e promover a saúde e a qualidade de vida por meio de ações efetivas da medicina que são capazes de assegurar a promoção à saúde física e mental das pessoas (ANAMT, 2017a). Melo Junior (2011) afirma ser amplo o campo de atuação da Medicina do Trabalho, sendo uma área que extrapola em relação às outras áreas da medicina. O autor apresenta em sua obra os seguintes campos de atuação: ● Empresas com empregado nos Serviços Especializados de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho (SESMT); ● Prestação de serviçostécnicos, atuando na elaboração do programa de controle médico de saúde ocupacional (PCMSO); ● Consultoria; ● Na normalização e fiscalização das condições de saúde e segurança no trabalho desenvolvida pelo Ministério do Trabalho; ● Na rede pública de serviços de saúde, no desenvolvimento das ações de saúde do trabalhador; ● No setor de assessoria à saúde ocupacional dos sindicatos dos trabalhadores, nas organizações de trabalhadores e de empregadores; ● Perícia Médica da Previdência Social, enquanto seguradora do Acidente do Trabalho (SAT); ● Atuação junto ao Sistema Judiciário, como perito judicial em processos traba- lhistas, ações cíveis e ações da Promotoria Pública; ● Atividade docente na formação e capacitação profissional; ● Atividade de investigação no campo das relações Saúde e Trabalho, nas insti- tuições de Pesquisa; ● Consultoria privada no campo da Saúde e Segurança no Trabalho. 18UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho 4 ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO: PRINCÍPIOS, REGRAS E MÉTODOS DE PREVENÇÃO Simões (2010) afirma que um acidente provocado em ambiente de trabalho ou a contração de uma determinada doença no ambiente de trabalho pode se tornar um fator extremamente negativo para a empresa, para o trabalhador e para a sociedade. O elevado custo e prejuízo que a sociedade, as empresas e os trabalhadores so- frem são divulgados anualmente e as taxas estão altas quando tratamos dos acidentes e doenças de trabalho registradas pelas estatísticas, uma vez que são considerados apenas os dados de trabalhos formais (SESI-SEBRAE, 2005). De acordo Melo Júnior (2011), o somatório das perdas é determinado e quantificado de acordo os danos causados à integridade física e mental do trabalhador, os prejuízos da empresa e os demais custos resultantes para a sociedade. 4.1 Danos Causados ao Trabalhador A previdência Social é o órgão público responsável pelo registro de todo e qualquer tipo de acidente e doença de trabalho provocado nos funcionários, sejam estes públicos ou privados. O órgão revela anualmente uma grande quantidade de pessoas prematuras que são mortas ou se tornam incapazes de trabalhar após o acidente. Os funcionários que so- brevivem à tais acidentes, muitas vezes acabam carregando sequelas em suas vidas, não apenas físicas, mas também materiais, vejamos algumas delas levantadas por Sesi-Sebrae (2005): 19UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho ● Sofrimento físico e mental; ● Cirurgias e remédios; ● Próteses e assistência médica; ● Fisioterapia e assistência psicológica; ● Dependência de terceiros para acompanhamento e locomoção; ● Diminuição do poder aquisitivo; ● Desamparo à família; ● Estigmatização do acidentado; ● Desemprego; ● Marginalização; ● Depressão e traumas. 4.2 Prejuízos da Empresa Ainda de acordo com a apostila educacional elaborada por SESI-SEBRAE (2005), as micro e pequenas empresas são as que mais sofrem os impactos das consequências dos acidentes e doenças, no entanto, nem sempre seus gerentes enxergam isso. Ainda de acordo a apostila, o custo total de um acidente é fornecido a partir da soma de duas parcelas, são elas: o custo direto, também conhecido como custo segurado (recolhimento mensal feito à previdência social), justamente para pagamentos de seguros contra acidentes do trabalho. Já a segunda parcela, de acordo Costa (2009), é referente ao custo indireto que o acidente causa, ou seja, a tudo aquilo que gera custo e não é segurado. Costas (2009) afirma ainda que a proporção de custo segurado para o não segurado é de 1 para 4, ou seja, a cada 1 real gasto com o custo segurado, são gastos 4 com os custos não segurados. 4.3 A Importância de Conhecer os Riscos Segundo o Ministério da Saúde (2016), os próprios locais de trabalho, de acordo com a natureza de atividades desenvolvidas e pelas características da organização, rela- ções interpessoais, manipulação, exposição a diferentes tipos de riscos: físicos, químicos ou biológicos podem comprometer a atividade do funcionário envolvido a curto, médio ou longo prazo. No entanto, é importante dizer que nem sempre a presença de produtos químicos ou agentes nocivos nos locais de trabalho implicam necessariamente na existência de um perigo à saúde. A presença ou não do risco irá depender de diversos fatores, como a concentração, a forma de contaminação, a forma de manuseio, tempo de exposição, entre 20UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho outros, sendo necessário sempre um bom estudo do local e levantamento de riscos para que se possa tomar as atitudes corretas (SESI-SEBRAE, 2005). De acordo o Ministério da Defesa (2020), a primeira medida a ser tomada caso aconteça um acidente de trabalho é procurar um médico e avisar a instituição do ocorrido. A lei exige que toda instituição preze pela segurança de seus funcionários e a conscienti- zação e educação dos funcionários é a melhor forma de evitar acidentes. O site oficial do Ministério da defesa elaborou 15 dicas para evitar acidentes de trabalho, veja a seguir: ● Utilize os Equipamentos de Proteção Individual (EPI); ● Mantenha áreas de circulação desobstruídas; ● Não obstrua o acesso aos equipamentos de emergências (macas, extintores etc.); ● Informe ao superior imediato sobre a ocorrência de incidentes, para que se possa corrigir o problema e evitar futuros acidentes; ● Não execute atividade para a qual não está habilitado; ● Não improvise ferramentas. Solicite a compra de ferramentas adequadas à atividade; ● Não faça brincadeiras durante o trabalho. Sua atenção deve ser voltada apenas para a atividade que está executando; ● Oriente os novos colaboradores sobre os riscos das atividades; ● Cuidado com tapetes em áreas de circulação; ● Não retire os Equipamentos de Proteção Coletiva das máquinas e equipamen- tos. Eles protegem você e demais trabalhadores simultaneamente; ● Não fume em locais proibidos. Procure os locais destinados para tal; ● Evite a pressa, ela é “inimiga da perfeição”. Além de se expor ao nível de risco maior, seu trabalho não terá uma boa qualidade; ● Confira sua máquina ou equipamento de trabalho antes de iniciar suas ativida- des, através do check list; ● Ao sentar, verifique a firmeza e a posição das cadeiras; ● Não deixe objetos caídos no chão. 21UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho SAIBA MAIS O artigo O ensino da Medicina do Trabalho e a importância das visitas aos locais de tra- balho, elaborado por médicos da área da saúde ocupacional, ressalta a importância do trabalho conjunto de profissionais da saúde com os profissionais da indústria. A seguir está o resumo do trabalho dos pesquisadores. A leitura do artigo é de suma importância para entender melhor o conteúdo estudado nesta apostila. “Este artigo enfatizou a importância das visitas nos locais de trabalho no ensino de medicina do trabalho para os estudantes de Medicina. Métodos: Foram analisados 216 relatórios de visitas a pequenas, médias e grandes empresas de diferentes ramos de atividade e processos produtivos da região de Campinas, em São Paulo, Brasil. Por meio do método de análise de conteúdo, foram codificadas aprioristicamente algumas categorias: importância da anamnese ocupacional, significado das visitas, significado do trabalho no processo saúde-doença, percepção sobre as condições de trabalho e riscos à saúde, importância dos fatores de risco psicossociais e ergonômicos e medidas preventivas e uso de equipamento de proteção individual. Conclusões: O conteúdo dos relatórios das visitas, destacados no texto, demonstrou a importância desta atividade na formação de futuros profissionais”. Leia: LUCCA, S. R.; KITAMURA, S. O Ensino Da Medicina Do Trabalho E A Importância Das Visitas Aos Locais De Trabalho. Rev. Bras. Med. Trab., v. 10, n. 2, p. 41-8, 2012 REFLITA “Nenhum trabalho será tão urgente ou importante, que não possa ser planejado e exe- cutado com segurança”(Petrobras). 22UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade estudamos como se deu o início da segurança do trabalho e como ela foi evoluindo com o passar dos anos, principalmente após a segunda grande guerra mundial, em que os países que participaram da guerra precisavam se reerguer e as indús- trias não estavam dando muita atenção à segurança do trabalho. Foi quando se intensificou as normas e legislações para assegurar o bem-estar dos funcionários. Estudamos também a função da medicina no trabalho, bem como as legislações que regem esse campo, que não são poucas. Vimos que cada tipo diferente de risco no trabalho apresenta uma norma regulamentadora diferente. Por fim, entramos em acidentes e doenças do trabalho e vimos uma série de dicas para evitará-los, garantindo a vida e a saúde física e mental do traba- lhador. 23UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho LEITURA COMPLEMENTAR Como sugestão de leitura complementar, deixo a Revista Brasileira de Saúde Ocu- pacional. Segue resumo descrito pela própria revista: A Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO) é o periódico científico do cam- po da Saúde do Trabalhador publicado pela Fundacentro desde 1973. O percurso histórico, o desempenho atual, os desafios e as perspectivas futuras da RBSO são discutidos a partir de análise documental. A história da revista pode ser dividida em três períodos, começando durante o governo militar. No início, se constituiu em veículo de difusão de conhecimentos e da política de prevenção de acidentes, na qual a Fundacentro desempenhava papel central. No início dos anos 80 abre-se espaço para publicações de caráter técnico científico, assim como o campo da Saúde do Trabalhador surge em suas páginas. Em 2005-6, um processo de reestruturação é implementado, assegurando política e estruturas editoriais indepen- dentes. Desde 2006, 139 artigos originais e nove dossiês temáticos foram publicados; a Revista está indexada em 9 bases; Qualis/CAPES B1 na área Interdisciplinar e B2 em Saúde coletiva, com tendência ascendente no Fator de Impacto SciELO e índice h5 no Google Scholar. Leia: FILHO, J. M. J., ALGRANTI, E. SAITO, C. A., GARCIA, E. G. Da Segurança e Medicina do Trabalho à Saúde do Trabalhador: história e desafios da revista brasileira de Saúde Ocupacional. São Paulo, 2015. 24UNIDADE I O Ambiente e as Doenças do Trabalho MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Segurança e Medicina do Trabalho • Autor: Equipe Atlas • Editora: Atlas • Sinopse: A obra Segurança e Medicina do Trabalho consolida décadas de tradição do Grupo Editorial Nacional Editora Atlas na publicação de livros jurídicos. Confiantes em superar os constantes desafios, entregamos ao público um material consistente, funcional e atualizado, com projeto gráfico prático e moderno, que permite a otimização na busca de informações. Trata-se de legislação crite- riosamente selecionada e organizada para atender a estudantes, candidatos a concursos públicos, técnicos e profissionais do Direito e das mais diversas áreas do conhecimento. Este amplo material apresenta a seguinte estrutura: Normas Regulamentadoras – NRs 1 a 37ª Constituição Federal – Consolidação das Leis Trabalhistas –Súmulas selecionadas dos Tribunais, OJs e PNs do TST; Índice alfabético-remissivo unificado. Além disso, o GEN disponibiliza:• Acompanhamento legislativo online – destaque para informações sobre as normas de maior impacto nos principais ramos do Di- reito brasileiro, bem como aquelas que alterem os dispositivos legais contidos nesta obra, publicadas ao longo do ano;• E-book gratuito atualizado até 30-11-2019 – permite a consulta de todo o conteúdo em diferentes dispositivos, como tablet, smartphone e desktop;• Material suplementar para download – aos adquirentes da presente edição, é oferecido conteúdo online exclusivo e gra- tuito: o Convenções da OIT e normas selecionadas Questões de concursos Formulários editáveis Atualização até 30-11-2019• QR code – acesso fácil e prático de conteúdo interativo, oferecido ao profissional na prática das suas atividades: Tabelas dinâmicas o Calculadoras. FILME/VÍDEO • Título: Incontrolável • Ano: 2011 • Sinopse: Uma grande locomotiva, sem tripulação, está fora de controle, e um descarrilamento não parece ser o maior problema. O trem está carregado de produtos químicos tóxicos e um acidente poderia destruir uma cidade, causando um desastre ambiental. A única esperança de parar o trem com segurança está nas mãos de um maquinista veterano e um jovem condutor, que arriscam suas vidas para salvar aqueles no caminho do trem desgovernado. 25 Plano de Estudo: • Equipamento de proteção individual e coletiva; • Análise de riscos; • Sinalização de segurança; • Prevenção e combate a incêndio; • Sinalização de segurança. Objetivos de Aprendizagem: • Contextualizar os diferentes tipos de equipamentos de proteção (EPI e EPC); • Compreender os tipos de sinalizadores; • Estabelecer a importância da análise de risco; • Explicar e estabelecer a importância de equipamentos contra incêndio. UNIDADE II Gerência de Riscos Professor Mestre Rafael Delapria Dias dos Santos 26UNIDADE II Gerência de Riscos INTRODUÇÃO Olá, aluno(a)! Animado(a) para mais um momento de aprendizado? Nesta segunda apostila, começaremos aprendendo sobre equipamentos de pro- teção individual e equipamento de proteção coletivo (EPI e EPC, respectivamente), quais são, em qual ambiente é necessário ser usado, a norma que regulariza e comercializa esses equipamentos, além de discutirmos sobre os direitos e deveres do empregado e do empregador quando tratamos de EPIS. Veremos também como é realizada uma análise de risco, qual a sua importância para a empresa e quais as vantagens de realizar esse processo dentro da indústria. Na ter- ceira parte iremos discutir sobre as diferentes cores que são utilizadas como sinalizadores de segurança. Você sabia que cada cor possui uma função específica? Veremos exemplos de aplicação de cada uma. Para encerrar, iremos entrar no tópico de prevenção e combate ao incêndio. Apren- deremos atitudes que devem ser tomadas para prevenir incêndios e atitudes que devem ser tomadas caso um incêndio venha a acontecer. Finalizaremos a nossa segunda unidade ressaltando a importância do fator humano numa empresa quando tratamos de acidentes de trabalho e incêndio. Preparado(a)? Então, vamos juntos para mais uma unidade! 27UNIDADE II Gerência de Riscos 1 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA A Portaria MTB n° 3214, de 08 de julho de 1978, em sua Norma Regulamentadora – NR 06, estabelece que a empresa tem por obrigação o fornecimento gratuito de equipa- mentos de segurança individual (EPI) aos seus funcionários (BRASIL, 2010). Peixoto (2011) alerta a preocupação que funcionários e empresas devem ter ao receber um EPI. É necessário que haja o Certificado de Aprovação, sem o qual o EPI não deve ser utilizado. Faz parte da responsabilidade da empresa vistoriar, controlar e disciplinar o uso dos equipamentos fornecidos aos seus funcionários, cabendo-lhe a aplicação das punições previstas em lei para aquele que se recusar a usá-los ou para a empresa que não cumprir com o seu papel (SAUDAX, 2018). É dever do funcionário utilizar de forma correta o EPI fornecido pela empresa e zelar por sua conservação e bom estado. É considerado equipamento de proteção todo e qualquer equipamento fabricado em série ou desenvolvido para casos específicos, com a função de garantir a proteção, saúde e integridade física do trabalhador (PEIXOTO, 2011). 1.1 Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC Equipamentos de proteção coletiva, como o próprio nome já sugere, servem para proteger mais de uma pessoa ao mesmo tempo. São equipamentos instalados no local de trabalho, como exaustores, ventiladores, paredes acústicas e térmicas, luzes de emergên- cia, extintores, alarmes, entre outros (GOVERNO DO ESTADODO CEARÁ, 2018). 28UNIDADE II Gerência de Riscos 1.2 Equipamento de Proteção Individual - EPI Todo e qualquer equipamento, dispositivo ou produto de uso individual que possui a função de proteção de ricos que os funcionários possam estar sujeitos, ameaçando sua saúde e integridade física (GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, 2018). Independentemente de o EPI ser simples, conjugado, produzido no Brasil ou no exterior, o equipamento só poderá ser comercializado se possuir o Certificado de Aprova- ção (CA), expedido pelo órgão nacional competente, localizado dentro do Ministério do Trabalho e Emprego (EDITORA SARAIVA, 2018). Todo EPI deverá, por obrigação, apresentar as seguintes características de forma bem visível: o nome comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA; em caso de EPI importado, deverá apresentar também o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA (OLIVEIRA, 2017). Podemos considerar como exemplos de EPI as máscaras de proteção respiratória, proteção auricular, luvas, óculos de segurança, calçado de segurança, jaleco de couro, entre outros, como ilustra a Figura 1. Figura 1 – Ilustrações de EPIs Fonte: adaptado de Peixoto (2011). Além dos equipamentos de proteção individual, destinados a uma única função, temos também os EPIs conjugados que possuem vários dispositivos, já de fábrica, para a proteção de mais de um tipo de risco de acidente que possa ocorrer de forma simultânea. Um exemplo clássico de EPI conjugado é o capacete com proteção auricular embutida (PEIXOTO, 2011). 29UNIDADE II Gerência de Riscos A Norma Regulamentadora de Equipamentos de Proteção (NR-6) traz em seu texto as responsabilidades do empregador e responsabilidades do empregado, referentes ao uso do EPI, vejamos a seguir: 1.3 Responsabilidades do Empregador Conforme estabelece a NR 6, cabe ao empregador, em relação aos Equipamentos de Proteção Individual: ● Adquirir o adequado ao risco de cada atividade; ● Exigir seu uso; ● Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; ● Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; ● Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; ● Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; ● Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada; ● Registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. 1.4 Responsabilidades do Empregado ● Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; ● Responsabilizar-se pela guarda e conservação; ● Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; ● Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. 30UNIDADE II Gerência de Riscos 2 ANÁLISE DE RISCOS Análise de risco possui como objetivo a minimização de ameaças presentes no am- biente de trabalho. É simplesmente o processo realizado para mapear os riscos existentes no ambiente de trabalho (UNIFAL, 2018). Em outras palavras, a análise de risco na segurança do trabalho tem como objetivo reportar os possíveis ricos em cada uma das etapas/setores que uma empresa possui, bem como sugerir e implantar processos e procedimentos necessários para a eliminação do risco e aumentar a saúde dos trabalhadores (VIANA; ALVES; JERÔNIMO, 2012). Para Oliveira, Oliveira e Almeida (2010), a Análise de Risco tem como objetivo iden- tificar os ricos presentes na empresa e promover a boa prática de medidas relacionadas à segurança de trabalho por meio do conhecimento, treinamento e capacitação. Segundo Prometal (2018), a Análise de risco pode também auxiliar em outras ferra- mentas de riscos, aumentando a segurança do ambiente, uma vez que é através da análise de riscos que é elaborado o Programa de Proteção de Riscos Ambientais (PPRA), o Mapa de Risco, o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), o Programa de Conservação Auditiva (PCA) entre outros. A análise de risco é um processo que pode ser dividido em qualitativo ou quanti- tativo, e o processo escolhido irá depender dos objetivos e metas traçadas pela empresa. No processo qualitativo da análise de riscos o objetivo é determinar onde estão os riscos no ambiente de trabalho, porém não tem o foco na mensuração da intensidade do risco, ao 31UNIDADE II Gerência de Riscos contrário da análise quantitativa, que determina a quantidade do risco presente (PROME- TAL, 2018). 2.1 Análise de Riscos Qualitativa A análise qualitativa tem como objetivo apontar onde estão localizados os riscos e quais são esses riscos presentes dentro do local de trabalho. É comum identificar esses ricos em grupos com diferentes cores, que identificam as seguintes categorias: risco físico, risco químico, risco biológico e risco ergonômico (CIPA-USP, 2018). A Secretária do Estado da Saúde define, com exemplos, cada um desses riscos, vejamos a seguir: a) Riscos físicos: ruído, vibrações, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, frio, calor, pressões anormais, umidade e temperaturas extremas. b) Riscos químicos: poeiras, fumos metálicos, névoas, neblinas, gases, vapores e substâncias químicas no geral. c) Riscos biológicos: vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas, bacilos e animais peçonhentos. d) Riscos ergonômicos: esforço físico intenso, levantamento manual de peso, exi- gência de postura inadequada, monotonia e repetitividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno diurno e noturno, jornada de trabalho prolongada, situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico e controle rígido de pro- dutividade. e) Riscos de acidentes: arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem a devida proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação ina- dequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, picadas de insetos, cobras e aranhas e outras situações de risco que contribuem para acidentes. 2.2 Análise de Riscos Quantitativa Mata (2019) explica que a análise de riscos quantitativa objetiva fazer um levanta- mento da quantidade, frequência e intensidade de todos os riscos mapeados pela análise qualitativa. Tem como objetivo produzir dados estatísticos que apontem as principais e mais recorrentes ameaças do local de trabalho. Camargo (2011) descreve as etapas do processo de análise de riscos: ● Etapa 1 – Caracterização do empreendimento; ● Etapa 2 – Identificação dos riscos (Análise Qualitativa); 32UNIDADE II Gerência de Riscos ● Etapa 3 – Projeção/Estimativas dos riscos (frequência e consequências – Aná- lise Quantitativa); ● Etapa 4 – Avaliação das Estimativas realizadas; ● Etapa 5 – Administração dos riscos (ação a ser aplicada); ● Etapa 6 – Monitoramento dos Riscos (padronização e melhoria contínua). 33UNIDADE II Gerência de Riscos 3 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA A Norma Regulamentadora – NR 26, disponível no site do Ministério do Trabalho, tem como objetivo estabelecer as cores que devem ser usadas em ambientes de trabalho para prevenir acidentes, identificar equipamentos de segurança, delimitando áreas de peri- go, identificando as canalizações empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e gases e advertindo contra riscos (BRASIL, 2011). A Figura 2 ilustra as cores que a norma regulamenta e a seguir poder ver o que cada cor indica. Figura 2 – Cores estabelecidas pela NR-26 Fonte: adaptado de Peixoto (2011). Vejamos agora as definições de cada cor e sua utilidade, retirado da NR-26 (BRA- SIL, 2011). 34UNIDADE II Gerência de Riscos 3.1 Vermelho O vermelho deverá ser usado para diferenciar e indicar equipamentos e dispositivos de proteção e combate a incêndio. Por ser de pouca visibilidade, quando comparado com a cor amarela, a cor vermelha não é usada na indústria para assinalar perigo. É empregado para identificar: ● Caixa de alarme de incêndio.● Hidrantes. ● Bombas de incêndio. ● Sirene de alarme de incêndio. ● Caixas com cobertores para abafar chamas. ● Extintores e sua localização. ● Indicação de extintores (visível à distância, dentro da área de uso do extintor). ● Localização de mangueiras de incêndio (a cor deve ser usada no carretel, su- porte, moldura de caixa ou nicho). ● Baldes de areia ou água para extinção de incêndio. ● Tubulações, válvulas e hastes do sistema de aspersão de água. ● Transporte com equipamentos de combate a incêndio. ● Portas de saídas de emergência. ● Rede de água para incêndio (Sprinklers). ● Mangueiras de acetileno (solda oxiacetilênica) A cor vermelha é usada excepcionalmente com sentido de advertência de perigo: ● Nas luzes a serem colocadas em barricadas, tapumes de construções e quais- quer outras obstruções temporárias. ● Em botões interruptores de circuitos elétricos para paradas de emergência. 3.2 Amarelo O amarelo deverá ser empregado para indicar “Cuidado!”. É empregado para iden- tificar: ● Partes baixas de escadas portáteis. ● Corrimões, parapeitos, pisos e partes inferiores de escadas que apresentem risco. ● Espelhos de degraus de escadas. ● Bordos desguarnecidos de aberturas no solo (poço, entradas subterrâneas etc.) e de plataformas que não possam ter corrimões. 35UNIDADE II Gerência de Riscos ● Bordas horizontais de portas de elevadores que se fecham verticalmente. ● Faixas no piso da entrada de elevadores e plataformas de carregamento. ● Meios-fios em que haja necessidade de chamar atenção. ● Paredes de fundo de corredores sem saída. ● Vigas colocadas à baixa altura. ● Cabines, caçambas e gatos-de-pontes-rolantes, guindastes, escavadeiras etc. ● Equipamentos de transportes e manipulação de material, tais como: empilha- deiras, tratores industriais, pontes-rolantes, vagonetes, reboques etc. ● Fundos de letreiros e avisos de advertência. ● Pilares, vigas, postes, colunas e partes salientes da estrutura e equipamentos em que se possa esbarrar. ● Cavaletes, porteiras e lanças de cancelas. ● Bandeiras como sinal de advertência (combinado ao preto). ● Comandos e equipamentos suspensos que ofereçam risco. ● Para-choques para veículos de transportes pesados, com listras pretas e ama- relas. ● Listras (verticais ou inclinadas) e quadrados pretos serão usados sobre o ama- relo quando houver necessidade de melhorar a visibilidade da sinalização. 3.3 Branco O branco será empregado em: ● Passarelas e corredores de circulação, por meio de faixas (localização e largu- ra). ● Direção e circulação, por meio de sinais. ● Localização e coletores de resíduos. ● Localização de bebedouros. ● Áreas em torno dos equipamentos de socorro de urgência, de combate a incên- dio ou outros equipamentos de emergência. ● Áreas destinadas à armazenagem. ● Zonas de segurança. 3.4 Preto O preto é empregado para indicar as canalizações de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade (exemplo: óleo lubrificante, asfalto, óleo combustível, alcatrão, piche etc.). 36UNIDADE II Gerência de Riscos 3.5 Azul O azul será utilizado para indicar “Cuidado!”. Empregado em barreiras e bandei- rolas de advertência a serem localizadas nos pontos de comando, de partida ou fontes de energia dos equipamentos. Será também empregado em: ● Canalizações de ar comprimido. ● Prevenção contra movimento acidental de qualquer equipamento em manuten- ção. ● Avisos colocados no ponto de arranque ou fontes de potência. 3.6 Verde O verde caracteriza “Segurança”. Deverá ser empregado para identificar: ● Canalizações de água. ● Caixas de equipamentos de socorro de urgência. ● Caixas contendo máscaras contra gases. ● Chuveiros de segurança. ● Macas. ● Fontes lavadoras de olhos. ● Quadros para exposição de cartazes, boletins, avisos de segurança etc. ● Porta de entrada de salas de curativos de urgência. ● Localização de EPI. ● Caixas contendo EPI. ● Emblemas de segurança. 3.7 Laranja O laranja deverá ser empregado para identificar canalizações contendo: ● Partes móveis de máquinas e equipamentos. ● Partes internas das guardas de máquinas que possam ser removidas ou abertas. ● Faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos. ● Faces externas de polias e engrenagens. ● Dispositivos de corte, bordas de serras e prensas. ● Botões de arranque de segurança. 3.8 Púrpura A cor púrpura deverá ser usada para indicar os perigos provenientes das radiações eletromagnéticas penetrantes de partículas nucleares. É utilizada em: 37UNIDADE II Gerência de Riscos ● Portas e aberturas que dão acesso a locais onde se manipulam ou armazenam materiais radioativos ou materiais contaminados pela radioatividade. ● Locais onde tenham sido enterrados materiais e equipamentos contaminados. ● Recipientes de materiais radioativos ou refugos de materiais e equipamentos contaminados. ● Sinais luminosos para indicar equipamentos produtores de radiações eletro- magnéticas penetrantes e partículas nucleares. 3.9 Lilás O lilás deverá ser usado para indicar canalizações que contenham elementos quí- micos de característica básica. Refinarias de petróleo normalmente utilizam o lilás para a identificação de lubrificantes. 3.10 Cinza Deverá ser empregado: ● O cinza claro para identificar canalizações em vácuo. ● O cinza escuro para identificar eletrodutos. 3.11 Alumínio O alumínio será utilizado em canalizações contendo gases liquefeitos, inflamáveis e combustíveis de baixa viscosidade (exemplo: óleo diesel, gasolina, querosene, óleo lubri- ficante etc.). 3.12 Marrom O marrom pode ser adotado para identificar qualquer fluído não identificável pelas demais cores As cores mais comumente usadas são: vermelho, amarelo, azul, verde e laranja, de forma resumida, temos: ● Vermelho → PERIGO ● Amarelo → CUIDADO ● Azul → AVISOS ● Verde → SEGURANÇA ● Laranja → ATENÇÃO 38UNIDADE II Gerência de Riscos 4 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA SMUL (2018) explica que fogo nada mais é que uma reação química e tem como produto a liberação apenas de calor ou calor + luz. Para que a combustão seja efetuada, é necessária a presença de três elementos: o primeiro é o combustível (aquilo que será queimado), o segundo é o calor (aquele que dá início ao fogo) e o terceiro é o oxigênio (conhecido como comburente). Comumente, encontramos os três elementos em locais de trabalho. O primeiro elemento pode ser madeira, papel, tecido, álcool, entre outros. A fonte de calor que dará início ao fogo pode ser a eletricidade, lâmpada, cigarro, maçarico etc. E o oxigênio está presente em todo lugar. 4.1 Técnicas de Prevenção de Incêndio Robert (2015) diz que a proteção começa com medidas internas, ou seja, partindo do bom senso da empresa e dos trabalhadores com pequenas medidas paliativas. No en- tanto, existem algumas maneiras básicas de evitar, combater e eliminar focos de possíveis incêndios, o autor cita algumas dessas maneiras: ● Armazenamento de material: se possível, manter a substância inflamável longe de fontes quentes de comburente. Manter no local de trabalho a menor quan- tidade de inflamáveis, deixando apenas os essenciais ao trabalho. Possuir um depósito fechado, porém com ventilação, para armazenamento de produtos 39UNIDADE II Gerência de Riscos inflamáveis e, se possível, longe da área de trabalho. Além de proibir que se fume nas áreas de armazenamento de produtos inflamáveis; ● Manutenção adequada; ● Instalação elétrica apropriada (não deixar fiação exposta ou fios descascados, uma vez que podem produzir faíscas por meio de curto circuito); ● Instalações elétricas bem projetadas; ● Pisos anti faísca; ● Manutenção de equipamentos: para evitar o atrito e o aquecimento dos equipa- mentos, é fundamental manter uma boa manutenção e lubrificação. ● Ordem e limpeza: evitar deixar lixo acumulado pelos corretos (estopas, papéis, latas de óleoetc.), pois são produtos que podem dar início a chama. ● Instalação de para-raios: todas as edificações devem possuir o sistema de para-raios. 4.2 Combate a Incêndios Ferreira e Peixoto (2015) relatam que mesmo que medidas de prevenção sejam adequadas, é necessário também possuir o conhecimento de como combater o fogo, caso uma das medidas de prevenção venha a falhar. Os autores dizem que o início do incêndio é mais fácil de controlar e quanto mais rápido o ataque às chamas, maior a possibilidade de apagar. Como existem diversas formas de começar um incêndio e diversos materiais inflamáveis, é necessário tomar cuidado com a forma que você irá combater esse fogo, pois uma medida errada pode acabar aumentando e espalhando ainda mais o fogo. Veja a seguir alguns tipos de equipamentos utilizados para combater incêndios. 4.2.1 Extintores a) Extintor de espuma. b) Extintor de água pressurizada: o agente extintor é a água. c) Extintor de gás carbônico. d) Extintor de pó químico seco. Cada tipo de extintor é indicado para um tipo de incêndio diferente, como explica a Figura 3. 40UNIDADE II Gerência de Riscos Figura 3 – Classe do fogo e extintor adequado Fonte: adaptado de Peixoto (2011). 4.2.2 Hidrantes e chuveiros automáticos Os sistemas de combate a incêndio, como hidrantes, chuveiros automáticos e semelhantes, são equipamentos que devem ser estudados e estar previstos dentro de projetos de engenharia (ROBERT, 2015). 4.2.3 A importância do fator humano SMUL (2018) destaca a importância o fator “homem”. Empresas que possuem mais de 50 funcionários devem possuir uma brigada de emergência contra incêndios. Os integrantes são funcionários da própria empresa que possuem como obrigação eliminar riscos de incêndio, além de verificar condições inseguras. O grupo deve ser constituído preferencialmente por membros dos setores de manutenção e supervisão e todos os funcionários devem receber treinamento constante para aprenderem a lidar com as mais diversas situações, como: 41UNIDADE II Gerência de Riscos ● Saber localizar, de imediato, o equipamento de combate ao fogo; ● Usar um extintor; ● Engatar mangueiras e acionar o sistema de hidrantes; ● Controlar o sistema de “sprinklers” (chuveiros automáticos contra fogo); ● Conhecer as instalações e os diferentes tipos de risco da empresa; ● Conhecer as saídas de emergência. SAIBA MAIS Você sabia que quem sofre acidente de trabalho também tem direitos trabalhistas? Caso o acidente tenha deixado algum tipo de lesão que deixe o trabalhador afastado, a empresa irá pagar os primeiros 15 dias, depois de 15 dias a responsabilidade passa a ser do INSS que pagará ao funcionário o benefício devido (em regra, auxílio doença). Todo funcionário (registrado ou não), desde que seja segurado, tem direito a receber o benefício previdenciário. Após receber alta médica do INSS, o empregado deve retornar ao trabalho e não poderá ser dispensado do serviço sem justa causa pelo prazo mínimo de 12 meses, contados a partir do dia da alta médica. Veja o texto completo no site: https://eieiri.jusbrasil.com.br/artigos/456663772/sofri-um-acidente-de-trabalho-quais-sao-os-meus-direitos REFLITA “Os acidentes são acidentes apenas para ingênuos” (Geoge Santayana). 42UNIDADE II Gerência de Riscos CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizamos mais uma unidade. Na primeira parte aprendemos o que são EPIs e EPCs e qual a sua importância para o ambiente de trabalho. Vimos que a empresa tem como obrigação fornecer EPIS (luvas, colete, óculos de proteção, capacete, protetores au- riculares, entre outros) para seus funcionários e vimos também que é dever do empregado utilizar de forma correta e prezar por seus dispositivos. Aprendemos a importância do processo de análise de risco e quais etapas consti- tuem o processo (1 - caracterização da empresa, 2 - identificação do risco; 3 - estimativa dos riscos; 4 - avaliação das estimativas; 5 - administração dos riscos e 6 - monitoramento dos ricos). Na terceira parte aprendemos a importância das cores para a sinalização de se- gurança, vimos que existem 12 cores básicas estabelecidas pela norma regulamentadora NR-26 que determina cada nicho de diferentes perigos, avisos e cuidados a serem segui- dos. Por fim, encerramos nossa jornada discutindo a respeito da prevenção e combate a incêndio e sinalização de segurança. Aprendemos sobre técnicas de prevenção, sobre diferentes tipos de equipamentos para apagar incêndios e em quais casos cada um deve ser usado. Finalizamos discutindo como prevenir e evitar acidentes relacionados a fogo. 43UNIDADE II Gerência de Riscos LEITURA COMPLEMENTAR Como sugestão de leitura complementar, indico a notícia (caso real) de um acidente que aconteceu na Bahia, em 2017. Segundo a notícia, a empresa não forneceu cinto de segurança, além de não ter fornecido o treinamento pertinente para o exercício da atividade em instalações elétricas, nos termos da NR-10 do Ministério do Trabalho e Emprego. A empresa foi condenada a pagar uma multa de 25 mil reais. Link da notícia: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/empresa-e-condenada-a-pagar-r-25-mil-por-acidente- -que-deixou-funcionario-paraplegico-na-bahia.ghtml 44UNIDADE II Gerência de Riscos MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Segurança e Medicina do Trabalho - 24ª Edição • Autor: Editora Saraiva • Editora: Saraiva • Sinopse: A obra Segurança e Medicina do Trabalho vem para atender plenamente o acadêmico de Direito e mais especificamen- te os interessados em segurança e medicina do trabalho (técnicos, engenheiros e médicos), estudantes e professores de cursos téc- nico-profissionalizantes da rede oficial e particular, entre outros. Reúne as Normas Regulamentadoras 1 a 37, acompanhadas de dispositivos da Constituição Federal e CLT, bem como da legislação complementar pertinente, súmulas, orientações jurisprudenciais e precedentes normativos. Apresenta projeto gráfico moderno, colorido, com tarjas laterais e índice alfabético-remissivo geral, organizado de forma simples e eficiente. Destaques desta edição: - Atualizações nas NRs 1, 3, 5, 9, 10, 12, 13, 16, 20, 22, 24, 28, 32, 33, 34 e 35. - Conselho Nacional do Trabalho (Decreto n. 9.944, de 30/07/2019). - Embargos e Interdições (Portaria n. 1.069, de 23/09/2019). FILME/VÍDEO • Título: Silkwood - O Retrato de uma Coragem • Ano: 1983 • Sinopse: Baseado na história real de Karen Silkwood, uma fun- cionária de uma fábrica de componentes nucleares. Quando Karen passa a perceber as práticas inseguras no seu local de trabalho, ela decide denunciar as violações da empresa. Na tentativa de dar continuidade à sua investigação, ela acaba descobrindo mais do que os proprietários esperavam e agora a sua vida pode estar em risco. 45 Plano de Estudo: • Serviços de eletricidade; • Segurança de máquinas, equipamentos e ferramentas; • CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho; • Investigação de acidentes; • Ergonomia. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar a NR-10; • Contextualizar a NR-12; • Compreender a importância do CAT; • Estabelecer a importância da investigação de acidentes; • Estabelecer a importância da ergonomia. UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Professor Mestre Rafael Delapria Dias dos Santos 46UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações INTRODUÇÃO Na terceira unidade faremos uma caminhada mais aprofunda pelas normas NR-10, referente a serviços elétricos, e NR-12, referente à segurança em máquinas, equipamentos e ferramentas. Em ambos os casos veremos dicas e conselhos do que deve ser feito e do que não deve ser feito. Veremos como implementar a segurança e o que devemos fazer caso algo dê errado. Na sequência, já continuando o gancho do acidente dos tópicos anteriores, tra- balharemos com a ferramenta Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). Veremos de quem é a obrigação de realizar a comunicaçãopós acidente e como proceder quando um acidente acontecer. Estudaremos também como devem ser realizadas as investigações que acontecem em caso de acidentes de trabalho, nesse tópico serão fornecidas dicas de como proceder e será introduzido também o diagrama de Ishikawa (causa e efeito) para a implantação das soluções encontradas durante a investigação do acidente. Por fim, para finalizar nossa Unidade III, iremos estudar um pouco sobre a ergono- mia, da onde surgiu e onde se aplica. Preparado(a) para mais essa jornada? 47UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 1 SERVIÇOS EM ELETRICIDADE A NR-10, cujo título é: Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, esta- belece normas e condições mínimas de segurança de trabalho em serviços com eletricidade envolvida, seja de forma direta ou indireta (SESI, 2008). A NR-10 tem sua existência jurídica garantida pelos artigos 179 a 181 da CLT e abrange desde a geração de energia, até distribuição e consumo de energia elétrica, inclui inúmeras etapas que constam com a elaboração de projetos, construção e montagem de projetos, operações relacionadas, como manutenção e instalação, entre diversos outros (PEREIRA, 2015). 1.1 Objetivo da NR-10 A NR-10, como já dito, possui como objetivo estabelecer os requisitos mínimos de operação de trabalho, visando a implantação, controles e sistemas preventivos, visando a máxima segurança e saúde dos trabalhadores envolvidos com eletricidade (FIRJAN-SE- NAI, 2020). 1.2 Medidas de Controle Prioritárias De forma prioritária, as medidas de proteção coletiva compreendem: a desenergiza- ção elétrica; isolação das partes vivas, barreiras, sinalizações, sistemas de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático e outras medidas disponí- 48UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações veis no item 10.2.8.2 da NR-10. Além das medidas de proteção coletiva já citadas, temos ainda o aterramento das instalações elétricas que deve ser realizado de acordo com as normas e regulamentos estabelecidos por órgãos competentes e na sua ausência, devem ser seguidas as normas internacionais (BARROS et al. 2017; BOTELHO; FIGUEIREDO, 2017). 1.3 Medidas de Proteção Individual Em serviços e trabalhos envolvendo instalações elétricas, cuja proteção coletiva seja inviável ou insuficiente para conter todos os riscos envolvidos faz-se necessário ainda a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), já estudados e disponíveis na NR-6. As vestimentas de trabalho devem ser adequadas (botas de plástico, luvas e óculos de proteção, entre outros), é necessário que os EPIs contemplem a condutibilidade elétrica, a inflamabilidade e a influência eletromagnética, sendo proibido o uso de adornos pessoais (pulseiras, anéis, brincos, correntes e semelhantes) nas proximidades e execução do tra- balho (BRASIL, 2016a). 1.4 EPIs Obrigatórios da NR-10 Entre os equipamentos de proteção individual previstos para assegurar a integridade física do trabalhador que executa serviços elétricos, temos: capacete classe B, óculos com proteção contra a radiação de Raios Ultravioleta A (UVA) e Raios Ultravioleta B (UVB), as luvas e mangas isolantes de borracha, os calçados de segurança com solado de borracha isolante e a vestimenta condutiva de segurança (para trabalhos em linha viva) e vestimenta resistente ao arco elétrico. Há ainda outros equipamentos que podem ser aplicados depen- dendo do serviço a ser executado, podemos citar: luvas de cobertura (usadas acima da luva de borracha), máscaras respiradoras, cinto de segurança, entre outros (SENAI, 2008). Os calçados de segurança indicados para uso em serviços com eletricidade têm seu certificado de aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho, sendo essa a forma de caracterizar o equipamento de forma correta. Existem calçados que atendem apenas a norma de segurança para eletricidade, existem calçados que atendem apenas a norma de segurança para trabalhos mecânicos (com bico de metal) e existem calçados que atendem as duas normas ao mesmo tempo, ou seja, possuem a biqueira (de aço) e, mesmo assim, são resistentes à eletricidade. Em caso de dúvida, é recomendado o contato com o fabri- cante ou com o laboratório credenciado que realizou o ensaio de proteção (SENAI, 2018). 49UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 1.5 Profissionais Qualificados para Trabalhar com a NR-10 A exigência da qualificação dos funcionários para executar trabalhos que envolvam a eletricidade encontra-se amparada na própria CLT, em seu artigo 180 (Decreto-Lei n. 5.452 de 01/05/1943), que diz: “Somente profissional qualificado poderá instalar, operar, inspecionar ou reparar instalações elétricas” (BRASIL, 2016a). Logo, a qualificação deve acontecer por meio de cursos reguladores, autorizados e reconhecimentos pelo Ministérios da Educação e Cultura (MEC), com carga horária apro- vada, mediante comprovação de exames avaliativos, estabelecidos pelo Sistema Oficial de Ensino (SENAI, 2008). 50UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 2 SEGURANÇA EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS A Norma Regulamentadora 12, intitulada Máquinas e Equipamentos, estabelece as regulamentações de segurança e higiene do trabalho a serem seguidas pelas empresas em instalações, operações e manutenção de máquinas e equipamentos, com o objetivo de evitar acidentes no trabalho. A NR-12 é uma norma assegurada pelos artigos 184 a 186 da CLT (ARAÚJO, 2012). 2.1 Cuidados Especiais com as Máquinas e os Equipamentos com Dispositivos de Acionamento e Parada Céspede e Rocha (2018) elencam alguns itens importantes relacionados aos cuida- dos especiais com máquinas e equipamentos com dispositivos de acionamento e parada: ● Seja acionado ou desligado pelo operador na sua posição de trabalho; ● Não se localize na zona perigosa da máquina ou do equipamento; ● Possa ser acionado ou desligado, em caso de emergência, por outra pessoa que não seja o operador; ● Não possa ser acionado ou desligado, involuntariamente, pelo operador, ou de qualquer outra forma acidental; ● Não acarrete riscos adicionais. 51UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 2.2 Cuidados Especiais com as Máquinas e Equipamentos com Acionamento Repe- titivo A NR-12 estabelece que máquinas e equipamentos com acionamento repetitivo e que não possuem proteção adequada oferecem riscos ao operador e às pessoas que possam estar próximas das máquinas. O dispositivo de segurança deve evitar o aciona- mento e não efetivamente o contato com as partes perigosas, como contato com prensas, cortadores, rolamentos entre outros (SCHNEIDER, 2011). 2.3 Mecanismos de Segurança que Podem Existir nas Máquinas e Equipamentos João Neto e Almeida (2018) exemplificam alguns possíveis mecanismos de segu- rança que podem existir nas máquinas e equipamentos de segurança, vejamos: ● Comando bimanual: o acionamento da máquina é realizado com ambas as mãos; ● Feixes de luz (dispositivos de células fotoelétricas): se a mão ultrapassar os feixes de luz, a máquina para de funcionar, automaticamente; ● Enclausuramento ou barreiras: protege o trabalhador por causa do tamanho, da posição ou do formato da abertura para alimentação da máquina; ● Corte automático: a máquina para quando alguém ou algo entra na zona de perigo; ● Dispositivo para afastar as mãos: operado por cabo de aço, é preso aos pulsos do operador ou aos seus braços, para afastar suas mãos quando estas se en- contrarem na zona perigosa. Pimentel (2009) lembra que reparos, limpezas, setup, ajustes, inspeção ou qualquer outra atividade semelhante só poderão ser realizadas em máquinas e equipamentos com elementos rotativos e sistemas de transmissão se ela estiver parada, salvo emcasos cujo movimento seja indispensável para sua realização. 2.4 Cuidados Especiais no Uso de Ferramentas e Equipamentos Manuais Muitos acidentes que acontecem na empresa são devido ao uso incorreto ou ina- dequado de ferramentas e equipamentos, como, por exemplo: a troca da chave de boca ajustável pela chave de porca fixa. Sesi (2008) cita alguns cuidados especiais que podem evitar acidentes: ● Ferramentas de impacto (martelos, talhadeiras e marretas): devem possuir como material em sua cabeça o aço ou algum outro tipo material metálico. Há 52UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações casos em que são elaborados com bronze ou outro material antifaiscante para a utilização em ambiente com risco de explosão. Além disso, as cabeças de martelos devem estar bem fixadas para que não se soltem, causando lesões ou acidentes. ● Ferramentas com pontas afiadas (facas, machados e serrotes): devem ser man- tidas afiadas. O risco de lesões é maior com ferramentas cegas do que com as afiadas. O transporte deve ser realizado em cinturões de couro; ● Ferramentas elétricas: nunca se deve remover as proteções coletivas usadas nas lâminas dos serrotes, lixadeiras, esmerilhadeiras e amoladores, pois as ferramentas elétricas implicam em maiores riscos que as ferramentas manuais. Teixeira (2017) descreve alguns cuidados básicos, porém essenciais, a serem tomados no local de trabalho e nos equipamentos durante o serviço de manutenção, como a utilização correta de sinalização de advertência em botões de acionamento e placas sinalizando trabalho em andamento ou máquinas com problemas. 2.5 Medidas para Evitar Acidentes Durante os Trabalhos de Manutenção de Máquinas e Equipamentos O trabalho de manutenção de máquinas e equipamentos é essencial, pois pode prever e corrigir falhas, melhorando o desempenho da máquina, no entanto o trabalho de manutenção pode apresentar riscos. Por exemplo, ao colocar placas de cuidado próximas ao ambiente de manutenção, elas podem cair ou alguém pode retirar por engano, por isso é recomendado que o interruptor seja travado, para que, desta forma, não haja a chance real de ligar o sistema/máquina com esta em manutenção (ARAÚJO, 2014). 53UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 3 COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO - CAT Segundo o site do INSS (2019), a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento emitido para o reconhecimento de acidentes de trabalho ou até mesmo de doenças ocupacionais. Ainda de acordo INSS (2019), acidentes de trabalho ou acidentes de trajeto é o acidente que ocorre durante o exercício da atividade profissional, podendo este ser a serviço da empresa ou até mesmo durante o deslocamento no trajeto casa-trabalho ou trabalho-casa, causando lesões corporais, lesões funcionais ou provocando a perda ou redução (permanente ou temporária) da capacidade para executar o trabalho ou em casos mais extremos, causando a morte. Enquanto que doenças ocupacionais é a doença que surgiu ou foi desencadeada devido ao exercício de determinada função de forma constante 3.1 Quando Realizar o CAT? É obrigação da empresa informar à Previdência Social todo e qualquer tipo de acidente de trabalho ocorrido com seus empregados em suas dependências, mesmo que o acidente ocorrido não provoque afastamento das atividades. O aviso deve acontecer até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e em caso de morte, a comunicação deve acontecer de forma imediata (OLIVEIRA, 2018). A empresa que não informar à Previdência Social o acidente de trabalho dentro do prazo legal estará sujeita a aplicação da multa prevista pelos artigos 286 e 336 do Decreto nº 3.048/1999 (INSS, 2019). 54UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações Se a empresa não fizer o registro da CAT, o próprio trabalhador, o dependente, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública (magistrados, membros do Ministério Público e dos serviços jurídicos da União e dos Estados ou do Distrito Federal e comandantes de unidades do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar) poderão efetivar a qualquer tempo o registro deste instrumento junto à Previdência Social, o que não exclui a possibilidade da aplicação da multa à empresa (UNILA, 2019, on-line). 3.2 Registro da CAT On-Line Corrêa (2018) explica que o registo do CAT pode ser realizado de forma on-line, desde que sejam preenchidos, obrigatoriamente, todos os campos requisitados. Outra opção é gerar o formulário em branco e preencher manualmente. 3.3 Procure uma Agência do INSS No site da Justiça do trabalho encontram-se as orientações para caso não seja pos- sível a realização do informativo CAT de forma on-line, desta forma, a empresa não estará sujeita à aplicação de multa por descumprimento do prazo estabelecido pela legislação. O registro do CAT pode ser realizado em agências do INSS e, para que seja validado, o registro deve estar devidamente preenchido e assinado (JUSTIÇA DO TRABALHO, 2018). De acordo informações retiradas do site do INSS, para que o atendimento presen- cial ocorra é necessária a apresentação de documento com foto e o número do CPF. 55UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações 4 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES Nunes (2012) define “acidente” como sendo um evento aleatório que atrapalha, incomoda ou interrompe o desenvolvimento de uma determinada função. O acidente pode ou não causar danos à propriedade, máquinas, equipamentos ou ao operador. De acordo Ferreira e Peixoto (2012), o acidente de trabalho é um evento que causa a sensação de derrota e desgosto aos profissionais da área de segurança da empresa, pois é um indicativo de falha nas medidas preventivas. No entanto, de acordo os autores, o foco do SESMT e da CIPA deve ser trabalhar para que isso não aconteça novamente e não focar na sensação de derrota. É necessário analisar as ações preventivas que falharam e determinar sua solução/correção. Nodari (2017) conclui que a investigação de acidentes é uma ferramenta que obje- tiva a determinação das causas dos acidentes, bem como determinar as soluções para que o acidente não volte a ocorrer. De acordo com a NR-4 (serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho), é papel do SESMT: “analisar e registrar em documento(s) específico(s) todos os acidentes ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença ocupacional [...]” e cabe à CIPA “participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados” (BRASIL, 2016b, p. 4). 56UNIDADE III Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações O objetivo principal de uma investigação de acidente, segundo Ferreira e Peixoto (2012), deve ser sempre focado em encontrar os fatos que levaram ao acidente e não foca- do na busca por culpados, isso deve ocorrer para que o foco não seja perdido, garantindo, desta forma, o encontro da solução do problema e para que os trabalhadores não tenham a sensação de que alguém será “caçado” e punido. Ainda segundo os autores, a investigação deve ser realizada em equipe para garantir a confiabilidade de informações, além de que o SESMT e o CIPA devem sempre estar envolvidos no caso e até mesmo profissionais externos (como peritos) que possuam conhecimento no assunto para ajudar a encontrar possíveis causas e soluções. Mesmo em um simples acidente de trabalho, muitas causas podem estar envol- vidas. Um colaborador pode descumprir uma norma por diversos motivos, como: falta de treinamento, falta de motivação, falta de conscientização da importância da prevenção, ne- gligência, imprudência, pressão de superiores, entre diversos
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