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FUNDAMENTOS DE ÁLGEBRA Maria Eugênia de Carvalho e Silva Daniele Cristina Thoaldo E d u ca çã o F U N D A M E N T O S D E Á L G E B R A M ar ia E ug ên ia d e C ar va lh o e S ilv a D an ie le C ris tin a Th oa ld o Curitiba 2016 Fundamentos de Álgebra Maria Eugênia de Carvalho e Silva Daniele Cristina Thoaldo Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501 S586f Silva, Maria Eugênia de Carvalho e Fundamentos de álgebra / Maria Eugênia de Carvalho e Silva, Daniele Cristina Thoaldo. – Curitiba: Fael, 2016. 224 p.: il. ISBN 978-85-60531-75-2 1. Álgebra I. Thoaldo, Daniele Cristina II. Título CDD 512 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz Revisão e Diagramação Editora Coletânea Projeto Gráfico Sandro Niemicz Capa Vitor Bernardo Backes Lopes Imagem da Capa Shutterstock .com/9george Revisão de diagramação Evelyn Caroline dos Santos Betim Sumário Carta ao aluno | 5 1. Os Números Inteiros | 7 2. Relações | 29 3. Aplicações e Operações | 63 4. Grupos | 99 5. Anéis e Ideais | 125 6. Anéis de Polinômios | 173 7. Anéis e Corpos Ordenados | 193 8. Anéis Fatoriais | 207 Conclusão | 219 Lista de símbolos | 221 Referências | 223 Carta ao aluno Prezado(a) Aluno(a), O estudo da Matemática, tal qual se apresenta hoje, é voltado para suas aplicações. Ninguém pode prescindir da sua utilização, seja no gerenciamento de suas finanças pessoais ou de sua empresa, seja para a compreensão de fenômenos sociais, como o crescimento da população ou o comportamento da economia e da inflação, seja para a validação de procedimentos médicos ou medicamentos, atra- vés da estatística. Mas a Matemática, do alto de sua importância como ciência, também é útil a todas as outras ciências. A Matemática se constitui numa poderosa ferramenta simbólica que pode explicitar relações entre grandezas e relações lógicas e traduz, essencialmente, a lingua- gem da Ciência. Desta forma, não há outra linguagem que possa melhor representar o pensamento humano. – 6 – Fundamentos de Álgebra O estudo da Álgebra abstrata, pelo alto grau de abstração e pela carac- terística de seus fundamentos, leva a uma melhoria na compreensão de con- ceitos de outras áreas do conhecimento, pois requer o desenvolvimento de habilidades e raciocínios necessários a todas as ciências. Ao se iniciarem os estudos da Matemática, é necessário estabelecer alguns entes primitivos. Assim, ponto, reta e plano são entes primitivos da Geometria. A partir destes entes primitivos, podem ser definidos outros obje- tos, e a partir destes, os estudos vão sendo ampliados, num estudo sem fim. No século XX, os estudos de várias áreas da Matemática, como a aná- lise, geometria, topologia e também a Álgebra, tiveram um alto grau de abstração formal e muitas obras escritas foram produzidas nesse sentido, ao lado do desenvolvimento da Matemática aplicada. Esses estudos aprofun- dados mostraram que a Álgebra tem grande aplicação em vários campos, daí sua importância. Neste livro, procurou-se dar ênfase a exemplos que possam permitir a significação dos conceitos, através da união de novos e antigos conhecimen- tos. Pretende-se que o leitor compreenda a importância do conteúdo estu- dado e que talvez sinta a necessidade de novos conhecimentos, a partir de sua própria autonomia. A Álgebra é muito mais que este livro, mas, por meio dele, talvez se pos- sam abrir caminhos e novos horizontes ao leitor. Alguns objetos matemáticos são admitidos de forma primi- tiva , não necessitando de definição . Como exemplo , temos o ponto e a reta , que não são definidos . Também podemos conceber um objeto matemático estabelecendo propriedades que ele deve satisfa- zer . Essas propriedades são chamadas axiomas ou postulados e diz- -se que tal objeto foi construído axiomaticamente . Os Números Inteiros 1 – 8 – Fundamentos de Álgebra Em uma teoria axiomática , os objetos são obtidos de forma primitiva e sobre eles são estabelecidas propriedades que eles devem satisfazer . Um exem- plo de teoria axiomática é a Geometria Euclidiana , que foi construída a partir dos entes primitivos ponto , reta e plano e de axiomas , os chamados Postula- dos de Euclides , como : 2 dados dois pontos distintos , por eles passa uma única reta ; 2 uma reta sempre contém dois pontos distintos ; 2 existem três pontos que não pertencem a uma mesma reta ; 2 dados uma reta e um ponto que não pertence a ela , por esse ponto passa uma única reta paralela à reta dada . Uma teoria matemática pode ser ampliada a partir de novas proprieda- des estabelecidas por meio de lemas , proposições , teoremas e corolários . Um lema serve de base para a demonstração de teoremas , que são essenciais no desenvolvimento das teorias matemáticas . Um corolário é uma consequência imediata de uma proposição ou de um teorema . Lemas , teoremas e corolários devem ser devidamente demonstrados , pois tudo o que é demonstrado mate- maticamente tem sua veracidade comprovada , indubitavelmente . 1 .1 O conjunto dos números inteiros O conjunto dos números inteiros é indicado por Z , sendo { }... 3, 2, 1, 0,1 , 2, 3, ...Z = − − − . No conjunto Z estão definidas as operações de soma e produto que admitem as seguintes propriedades : I. ( ) ( )x y z x y z+ + = + + : propriedade associativa da soma II. 0 Z∃ ∈ tal que 0 0x x x+ = + = : existência do elemento neutro III. x Z∃ − ∈ tal que ( ) ( ) 0x x x x+ − = − + = : existência do inverso aditivo de cada x Z∈ IV. x y y x+ = + : propriedade comutativa da soma – 9 – Os Números Inteiros V. ( ) ( )x y z x y z⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ : propriedade associativa do produto VI. 1 Z∃ ∈ tal que 1 1x x x⋅ = ⋅ = : existência da unidade VII. x y y x⋅ = ⋅ : propriedade comutativa do produto VIII. ( )x y z x y x z⋅ + = ⋅ + ⋅ : propriedade distributiva do produto em relação à soma IX. 0 0 0x y x ou y⋅ = ⇒ = = : Z não possui divisores de zero Observações 2 Veremos , adiante , que existem estruturas algébricas que não satisfa- zem a propriedade (IX) , isto é , estruturas nas quais 0 x y⋅ = , mas 0x ≠ e 0y ≠ . 2 Para representar o produto dos elementos x e y em Z , usaremos a notação xy em vez de x y⋅ . Dizemos que Z , munido de soma e produto , é um domínio de integri- dade , por satisfazer as nove propriedades citadas . Em Z existem as noções de ordem ( )≤ e de módulo ( ) . 1 .2 Relação “menor ou igual” A noção de ordem leva à relação “menor ou igual” , que satisfaz às seguin- tes propriedades : I. x x≤ , x Z∀ ∈ : reflexiva II. x y≤ e y x x y≤ ⇒ = : antissimétrica III. x y≤ e y z x z≤ ⇒ ≤ : transitiva IV. Dados x e y em Z , então x y≤ ou y x≤ : totalidade V. x y x z y z≤ ⇒ + ≤ + , z Z∀ ∈ : compatibilidade com a adição VI. x y≥ e 0 0y xy≥ ⇒ ≥ : compatibilidade com a multiplicação – 10 – Fundamentos de Álgebra Observações 2 O conjunto dos inteiros positivos é indicado por Z + , sendo { } 0,1 , 2, 3, ...Z + = . Z + é um subconjunto de Z e { }0,1,2,3,...Z N+ = = é o conjunto dos números naturais . Se x Z +∈ , 0x ≥ . 2 O conjunto dos inteiros estritamente positivos também é um sub- conjunto de Z e é indicado por *Z + , sendo { }* 1, 2, 3, ...Z + = . 2 Dado x Z∈ , se x Z +− ∈ dizemos que x é negativo ; e se *x Z +− ∈ , dizemos que x é estritamente negativo . As regras de sinais são válidas nas seguintes implicações : a) 0x > e 0 0y xy> ⇒ > b) 0x > e 0 0y xy< ⇒ < c) 0x < e y xy< >0 0 1 .3 Princípio da boa ordenação (ou do menor número inteiro) Todo subconjunto não vazio S de Z de elementos não negativos pos- sui um primeiro elemento , isto é , 0 x S∃ ∈ tal que 0x x≤ , x S∀ ∈ . Dizemos , então , que S é limitado inferiormente . Damos o nome de mínimo de S ao elemento 0x assim definido . Exemplo1 .1 O conjunto { } 4, 5, 6, 7, ...S = é limitado inferiormente . Os limites infe- riores de S são 4, 5, 6, ... . O mínimo de S é 4 . Exemplo 1 .2 O conjunto { } ..., 2, 1, 0,1 , 2, 3L = − − não é limitado inferiormente . Não existe o mínimo de L . – 11 – Os Números Inteiros 1 .4 Primeiro princípio de indução (ou indução fraca) Dado a Z∈ , suponhamos que , a cada inteiro , n a≥ esteja associada a uma afirmação ( )P n . Então , ( )P n será verdadeira para todo n a≥ desde que seja possível provar que : a) ( )P a é verdadeira ; b) se ( )P r é verdadeira para r a≥ , então ( )1P r + também é ver- dadeira . Em outras palavras : a) ( )0P é verdadeira . Significa que 0 tem a propriedade P . b) Para qualquer inteiro positivo k , ( ) ( )1P k P k⇒ + . Significa que , se algum número tem a propriedade P , então o número seguinte também a tem . Se pudermos provar as sentenças a e b , então ( )P n vale para qualquer inteiro positivo n . De uma maneira prática , podemos exemplificar como : a) Você pode subir o primeiro degrau de uma escada . Esta é a tese ( )0P . Se você está em um degrau qualquer da escada , isso implica que você pode subir mais um degrau : ( ) ( )1P k P k⇒ + . Conclusão : então você pode subir todos os degraus da escada . Exemplo 1 .3 Provar que , para qualquer inteiro n , 2n n> , 0n∀ ≥ . Solução Para 0n = , isso é verdadeiro , pois 02 1 0= > . – 12 – Fundamentos de Álgebra Vamos supor 2k k> , 0k ≥ (hipótese de indução) como verdadeira e pro- curar concluir , a partir daí , que também é verdadeiro 12 1k k+ > + . Multiplicando ambos os lados da hipótese de indução por 2 , temos que 1 2 2 2 2 2 2 k k k k k k+ > ⋅ > ⋅ > 12 1 k k k k+ > + ≥ + para qualquer inteiro 0k > . Portanto , 12 1.k k+ > + Isso prova que , para qualquer inteiro n , 2n n> , 0n∀ ≥ . Exemplo 1 .4 Provar que , para qualquer inteiro positivo n , ( ) 21 3 5 ... 2 1n n+ + + + − = . Solução Neste exemplo , a propriedade ( )P n é que a equação anterior é verda- deira . No primeiro membro dessa equação , temos a soma de todos os inteiros ímpares de 1 até ( )2 1n − . Certamente, se substituirmos os termos por alguns inteiros ímpares, veremos que essa equação é sempre verdadeira. Mas , para provarmos essa afirmação , devemos prová-la para todos os infini- tos inteiros ímpares . Por meio da indução matemática , estabelecemos ( )1P quando 1n = : 21 1 .= A hipótese de indução é que ( )P k é verdadeira para qualquer inteiro positivo k . Então , substituindo n por k , temos : 21 3 5 ... (2 1)+ + + + − =k k . No próximo passo , queremos mostrar que ( )1P k + também é verdadeira , ou seja , a equação é verdadeira quando n assume o valor de 1k + . Isso ocorre quando acrescentamos mais um termo ao primeiro membro de ( )1P k + . Como agora n é igual a 1k + , o resultado da expressão é 2 2( 1)n k= + . – 13 – Os Números Inteiros ( ) ( )( ) 21 3 5 ... 2 1 2 1 1 ( 1)k k k+ + + + − + + − = + Mas , pela equação ( )P k , sabemos que a primeira parte da expressão , no primeiro membro , vale 2k . 1 3 5 2 1 2 1 1 1 2 2+ + + + - + + - = +... ( ) ( ( ) ) ( )k k k k � ���� ���� Substituindo , temos : ( )( )2 22 1 1 ( 1)k k k+ + − = + Desenvolvendo o primeiro membro , vem : 2 2 2 2 2 2 2 2 1 ( 1) 2 1 ( 1) ( 1) ( 1) k k k k k k k k + + − = + + + = + + = + Encontramos uma igualdade verdadeira , portanto , a propriedade ( )1P k + é verdadeira , o que prova que , para qualquer inteiro positivo n , ( ) 21 3 5 ... 2 1 .n n+ + + + − = Exemplo 1 .5 Provar que 2 11 2 2 ... 2 2 1, 1k k k++ + + + = − ∀ ≥ . Solução ( )1P é verdadeira , pois 21 2 2 1 3 3+ = − ⇒ = . Supomos ( )P k verdadeira : 2 11 2 2 ... 2 2 1, 1k k k++ + + + = − ∀ ≥ e pro- vamos para 1n k= + : ( )1 12 11 2 2 ... 2 2 2 1kk k + +++ + + + + = − . Substituímos , no primeiro membro , a expressão equivalente a ( )P k : ( )1 11 1 1 2 2 2 2 1 2 2 1 2.2 1 2 1 2 1 2 1 kk k k k k k + ++ + + + + + − + = − − = − − = − conforme queríamos demonstrar . – 14 – Fundamentos de Álgebra Exemplo 1 .6 Provar que , para qualquer inteiro positivo n , ( )1 1 2 3 ... 2 n n n + + + + + = . Solução Esta é a soma de Gauss , que descobriu , ainda criança , como calcular a soma dos n primeiros números naturais . ( )1P é verdadeira , pois ( )1 1 11 1 1 2 + = ⇒ = . Supomos ( )P k verdadeira : ( )11 2 3 ... 2 k k k + + + + + = e provamos para 1n k= + : ( ) ( ) ( )1 1 1 1 2 3 ... 1 2 k k k k + + + + + + + + + = . Substituímos , no primeiro membro , a expressão equivalente a ( )P k : ( ) ( ) ( ) ( )1 1 11 1 2 2 k kk k k + + + + + + = . Desenvolvendo ambos os membros : ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( ) 2 2 2 2 1 1 11 1 2 2 1 2 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 2 3 2 2 2 k kk k k k k k k k k k k k k k k k k k + + + + + + = + + + + + = + + + + + + = + + + + = conforme queríamos demonstrar . Exemplo 1 .7 Provar que 2 3n n> , para 4.n ≥ – 15 – Os Números Inteiros Solução Neste caso , a hipótese de indução deve ser feita para 4n = . ( )4P é verdadeira , pois 24 3 4 16 12> ⋅ ⇒ > . Supomos ( )P k verdadeira : 2 3k k> e provamos para 1n k= + : 2 3n n> ( )2( 1) 3 1k k+ > + Desenvolvendo apenas o primeiro membro dessa desigualdade : 2 2( 1) 2 1k k k+ = + + Mas , pela hipótese de indução : 2 3k k> Substituindo 2k na igualdade anterior , ela se torna uma desigualdade : 2 2( 1) 2 1k k k+ = + + 2 2 1 3 2 1k k k k+ + > + + Como 4k ≥ , podemos substituir k por 4 e escrever : 3 2 1 3 8 1 3 2 1 3 9 k k k k k k + + ≥ + + + + ≥ + que é maior que 3k + 3 . Então , ( ) ( )2 3 2 1 3 1 ( 1) 3 1 k k k k k + + ≥ + + ≥ + conforme queríamos demonstrar . – 16 – Fundamentos de Álgebra 1 .5 Segundo princípio de indução (ou indução completa) Dado a Z∈ , suponhamos que a cada inteiro n a≥ esteja associada uma afirmação ( )P n . Então , ( )P n será verdadeira para todo n a≥ desde que seja possível provar que : a) ( )P a é verdadeira ; b) dado r a> , se ( )P k é verdadeira para todo k tal que a k r≤ < , então ( )P r também é verdadeira . Demonstração Seja ( ){ | }L x Z a x e P x é falsa= ∈ ≤ . Queremos mostrar que L é o conjunto vazio , ou seja , não existe x nessas condições . Se { } L ≠ , como L é limitado inferiormente , então existe o mínimo 0l de L . Mas temos em (a) que 0l a≠ . Sendo 0l o mínimo de L , então ( )P k é verdadeira , ,x Z∀ ∈ tal que 0 a x l≤ < . Com base em (b) podemos concluir que ( )0P l é verdadeira , o que é um absurdo . Portanto , o segundo princípio de indução é verdadeiro . Observação As proposições para o primeiro e o segundo princípios da indução pode- riam ser enunciadas a partir do número inteiro 1 em vez de zero . Nesse caso , a hipótese (a) de indução seria ( )1P e verdadeira . A demonstração continua válida , com as devidas alterações . As seguintes implicações são verdadeiras : 2 indução forte implica em indução fraca ; 2 indução fraca implica em princípio da boa ordenação ; 2 princípio da boa ordenação implica em indução forte . Portanto , esses princípios são equivalentes e , quando um deles é verda- deiro , todos os outros também o são . – 17 – Os Números Inteiros 1 .6 Múltiplos e divisores Os múltiplos de um número inteiro a são os números também inteiros obtidos de sua multiplicação por qualquer número inteiro 0, 1, 2, ...± ± , ou seja , 0, , 2 , ...a a± ± . Se ka e ha são múltiplos de a , então sua soma e seu produto também são múltiplos de a , pois ( )ha ka h k a+ = + e ( )( ) ( )ha ka hak a= também são múltiplos de a . Na expressão , , , c ab a b c Z= ∈ , a é um divisor de c e dizemos que : 2 a divide c ou que a é um divisor de c ; 2 c é divisível por a ou c é múltiplo de a . Notação : a c . Assim , sendo , ,a b c Z +∈ , tem-se : I. a a , pois 1a a= ⋅ . II. Se a b e b a , então a b= . III. Se a b e b c , então |ac . IV. Se a b e a c , ( )|a bx cy+ , x∀ , y Z∈ . De fato , se 1b ad= e 2c ad= , tem-se ( )1bx a xd= e ( )2cy a yd= . Portanto , ( ) ( ) ( )1 2 1 2 bx cy a xd a yd a xd yd+ = + = . O que prova que a divide ( )bx cy+ . Na divisão , temos que um número n dividido pelo dividendo tem como resultado o divisor , sobrando um resto r . 1 .7 Algoritmo da divisão Sejam , n d N∈ e 0d > , então existem únicos q , r N∈ , tais que n qd r= + e 0 r d≤ < . – 18 – Fundamentos de Álgebra Demonstração Usando o segundo princípio da indução sobre n : se n d< exis- tem 0, q r n= = , assim , temos que 0n d≥ > . Então temos 0 n d n≤ − < e , pela hipótese (b) do segundo princípio de indução , temos que 1q∃ , r N∈ , tais que 1n d q d r− = + , onde 0 r d≤ < de onde vem que ( )1 1 n q d r= + + , onde 0 r d≤ < . Portanto , existem ( )1 1 q q e r N= + ∈ , como queríamos demonstrar . Provando a unicidade : suponhamos que existam 1q , 1r , 2q , 2r N∈ , tais que 1 1 1 0n q d r e r d= + ≤ < e 2 2 2 0n q d r e r d= + ≤ < . Então 1 1 2 2 q d r q d r+ = + , onde 10 r d≤ < e 2 0 r d≤ < . Mas 0d > e basta pro- varmos que 1 2 r r= , pois nesse caso teríamos 1 2q d q d= , ou seja , 1 2 .q q= Suponhamos , por absurdo , que 1 2 r r≠ , por exemplo , 1 2 r r> Sendo assim , teríamos ( )1 2 2 10 r r q q d< − = − . Mas temos também que 1 2r r d− < , pois 1r d> e 2r d< , portanto , segue que ( )1 2 2 10 r r q q d d< − = − < , o que é um absurdo , como quería- mos demonstrar . Esse resultado recebe o nome de algoritmo da divisão ou algoritmo de Euclides . Exemplo 1 .8 Dividindo 7 por 3 , temos que 7 2 3 1= ⋅ + , onde o quociente é 2q = e o resto é 1r = . Exemplo 1 .9 Dividindo 30 por 6 , temos que 30 6 5 0= ⋅ + , onde o quociente 5q = e o resto 0r = indicam que a divisão é exata . 1 .8 Máximo divisor comum Sejam a , b , d Z∈ . Dizemos que d é máximo divisor comum entre a e b se , sendo 0d ≥ , e d a , 'd é um número inteiro tal que 'd a e ' 'd b d d⇒ . – 19 – Os Números Inteiros Observações a) Se d e 'd são máximos divisores comuns entre a e b , então 'd d= . b) Se 0a b= = , então 0d = . c) Se 0a = e 0b ≠ , então d b= . d) Se d é máximo divisor comum entre a e b , então d também é máximo divisor comum entre a e b− , entre a− e b e entre a− e b− . Costumamos indicar o máximo divisor comum entre a e b por ( ),mdc a b . 1 .9 Números primos Um número p Z∈ é chamado número primo se : I. 0p ≠ II. 1p ≠ ± III. Os únicos divisores de p são 1 , 1− , p , p− . Os números 1 , 1− , p , p− são os divisores triviais de p . . Se um número é primo , então seus únicos divisores são os triviais . Um número a Z∈ , tal que 0 , 1a a≠ ≠ ± e não primo é chamado de número inteiro composto . Por exemplo , o número 10 é composto , pois , além dos divisores 1 , 1− , 10 e 10− , que são os triviais , admite também os divisores 2 , 2− , 5 e 5− . 1 .10 Congruências Seja 1m > um número inteiro , dizemos que a é côngruo de b , módulo m , se , e somente se , ( )|m a b− . Notação : ( )mod a b m≡ . – 20 – Fundamentos de Álgebra Exemplo 1 .10 ( )30 2 mod 4≡ , pois 30 2 28− = é divisível por 4 . Propriedades das congruências : I. ( )moda a m≡ , a Z∀ ∈ , pois 0a a− = é divisível por m . II. ( ) ( )mod moda b m b a m≡ ⇒ ≡ . III. ( )moda b m≡ e ( ) ( )mod modb c m a c m≡ ⇒ ≡ . IV. ( )moda b m≡ e ( ) ( )( )mod modc d m a c b d m≡ ⇒ + ≡ + . V. ( ) ( )mod moda b m ac bc m≡ ⇒ ≡ , c Z∀ ∈ . Exemplo 1 .11 Demonstrar o critério de divisibilidade por 3 por meio da relação de congruência . Solução Quando se usa a base 10 , todo número natural maior ou igual a 1 pode ser decomposto em função dos algarismos das unidades , das dezenas , das cente- nas , etc . Portanto , qualquer número natural a , maior ou igual a 1 , pode ser escrito como : 2 1 2 1 0 10( ... )n na a a a a a−= 2 1 21 2 1 010 10 ... 10 10 n n n na a a a a a − −= ⋅ + ⋅ + + ⋅ + ⋅ + Usando a relação de congruência , tem-se : ( )0 0 mod3a a≡ ( )1 110 mod3a a≡ , pois ( )10 1 mod3≡ ( )2 2 210 mod3a a≡ , pois ( )210 1 mod3≡ . . . ( )10 mod3n n na a≡ , pois ( )10 1 mod3n ≡ Somando as congruências , de acordo com a propriedade IV , vem : – 21 – Os Números Inteiros 2 ( )0 1 1 2 ... mod3na a a a a a≡ + ≡ + + + Portanto , concluímos que 0 1 2 ... na a a a a= + + + + é divisível por 3 se , e somente se , é côngruo a zero módulo 3 , isto é , o número a é divi- sível por 3 se a divisão da soma de seus algarismos por 3 dá resto zero . Em outras palavras , o número a é divisível por 3 se a soma de seus algarismos for um número divisível por 3 . Como exemplo desse critério , verificamos que os números 1251 , 255 e 37821 são divisíveis por 3 , pois : 2 1251 1 2 5 1 9⇒ + + + = , que é divisível por 3 ; 2 255 2 5 5 12 1 2 3⇒ + + = ⇒ + = , que é divisível por 3 ; 2 37821 3 7 8 2 1 21 2 1 3⇒ + + + + = ⇒ + = , que é divisível por 3 . Os números 344 , 5675 e 99992 não são divisíveis por 3 , pois : 2 344 3 4 4 11⇒ + + = , que não é divisível por 3 ; 2 5675 5 6 7 5 23 2 3 5⇒ + + + = ⇒ + = , que não é divisível por 3 ; 2 99992 9 9 9 9 2 38 3 8 11 1 1 2⇒ + + + + = ⇒ + = ⇒ + = , que não é divisível por 3 . Exemplo 1 .12 Provar que , para qualquer inteiro positivo n , o número 22 1n − é divi- sível por 3 . Solução ( )1P é verdadeira , pois 22 1 4 1 3− = − = é divisível por 3 . Supomos ( )P k verdadeira : 22 1 3k m− = , onde m é um número inteiro e , portanto , 3m é divisível por 3 . Agora , provamos para 1n k= + : ( ) ( ) 2 1 2 2 2 1 2 1 k k + + − = = − = – 22 – Fundamentos de Álgebra 2 22 2 1k= ⋅ − = (utilizando a propriedade de produto de potências de mesma base) 2 22 2 1k= ⋅ − = Da hipótese de indução , 2 22 1 3 2 3 1k km m− = ⇒ = + Substituindo , vem : ( ) ( ) ( ) 22 . 3 1 1 4. 3 1 1 12 4 1 12 3 3 4 1 m m m m m = + − = = + − = = + − = = + = = + = Mas ( )4 1m + é um número inteiro , portanto , ( )3 4 1m + é múltiplo de 3 , conforme queríamos demonstrar . Exemplo 1 .13 Demonstrar o critério de divisibilidade por 5 por meio da relação de congruência . Solução Seja o número 1 2 1 0 10( ... )n na a a a a a−= 1 2 1 2 1 010 10 ... 10 10 n n n na a a a a a − −= ⋅ + ⋅ + + ⋅ + ⋅ + Considerando a divisão dos algarismos desse número por 5 , tem-se : ( )010 1 mod5≡ , pois ( )00 010 1 mod 5a a⋅ ≡ ⋅ ( )110 0 mod5≡ , pois ( )11 110 0 mod 5a a⋅ ≡ ⋅ ( )210 0 mod5≡ , pois ( )22 210 0 mod 5a a⋅ ≡ ⋅ . . . ( )10 0 mod5n ≡ , pois ( )10 0 mod 5nn na a⋅ ≡ ⋅ – 23 – Os Números Inteiros Assim , 1 2 1 0 10( ... )n na a a a a a−= é divisível por 5 se o algarismo da unidade o for , ou seja , se o número terminar em 0 ou 5 . Como exemplo do critério de divisibilidade por 5 , temos que os números 5 , 505 , 9780 e 44630 são divisíveis por 5 , pois terminam em 0 ou 5 . Já os números 564 , 9987 , 55461 e 12 não são divisíveis por 5 , pois não terminam em 0 ou 5 . Exemplo 1.14 Provar, por indução, que 2 1 22 .3 1n n− + + é divisível por 11, , 1n N n∀ ∈ ≥ . Solução Para n = 1: 2.1 1 1 2 2 1 3 12 .3 1 2 .3 1 2 .27 1 2.27 1 54 1 55− + −+ = + = + = + = + = P(1) é verdadeira, pois 55 é divisível por 11. Hipótese de indução Supomos P(k) verdadeira: 2 1 22 .3 1k k− + + é divisível por 11. Tese Devemos provar para 1n k= + : ( ) 2( 1) 1 ( 1) 2 2 2 1 1 2 2 2 1 1 2 2 1 2 2 1 2 2 .3 1 2 .3 1 2 .2 .3 .3 1 4.2 .3.3 1 12. 2 .3 1 k k k k k k k k k k + − + + + − + + − + − + − + + = + = + = + = + Substituindo 12 por 11 + 1, vem: ( )2 1 2(11 1). 2 .3 1k k− ++ + – 24 – Fundamentos de Álgebra Distribuindo: ( ) ( )2 1 2 2 1 211. 2 .3 2 .3 1k k k k− + − + + + Obviamente, ( )2 1 211. 2 .3k k− + é divisível por 11, e ( )2 1 22 .3 1k k− + + é a hipótese de indução. A soma de dois números divisíveis por 11 também é divisível por 11, portanto a expressão toda é divisível por 11 e a proposiçãoé verdadeira. Exemplo 1.15 Provar, por indução, que 22 15 1n n+ − é divisível por 9, , 1n N n∀ ∈ ≥ . Solução Para n = 1: 2.1 22 15.1 1 2 15 1 4 15 1 18+ − = + − = + − = P(1) é verdadeira, pois 18 é divisível por 9. Hipótese de indução Supomos P(k) verdadeira: 22 15 1k k+ − é divisível por 9. Tese Devemos provar para 1n k= + : 2( 1) 2 2 2 2 2 2 15( 1) 1 2 15 15 1 2 .2 15 15 1 4.2 15 15 1 k k k k k k k k + + + + − = + + − = + + − = + + − Substituindo 4 por 3 + 1, vem: 2(3 1).2 15 15 1k k+ + + − – 25 – Os Números Inteiros Distribuindo: ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 2 2 3.2 2 15 15 1 3.2 2 15 1 15 2 15 1 3.2 15 k k k k k k k k k + + + − = + + − + = + − + + Obviamente, ( )22 15 1k k+ − é a hipótese de indução e, portanto, é divi- sível por 9. A soma de dois números divisíveis por 9 também é divisível por 9, portanto a expressão toda será divisível por 9 se ( )23.2 15k + também for divisível por 9. Vamos provar por indução novamente. Então, na segunda parte do pro- blema, temos: 23.2 15k + é a hipótese de indução. Para k = 1: 2 2.13.2 15 3.2 15 3.4 15 12 15 27k + = + = + = + = P(1) é verdadeira, pois 27 é divisível por 9. Hipótese de indução Supomos P(k) verdadeira: 23.2 15k + é divisível por 9. Tese Devemos provar que ( )23.2 15k + é divisível por 9, para 1k h= + : 2 2( 1) 2 2 2 2 2 2 3.2 15 3.2 15 3.2 15 3.2 .2 15 3.4.2 15 12.2 15 k h h h h h + + + = + = + = + = + = + – 26 – Fundamentos de Álgebra Substituindo 12 por 9+3, vem: ( ) 2 2 2 2 2 (9 3).2 15 9.2 3.2 15 9.2 3.2 15 h h h h h + + = + + = + + Como 29.2 h é divisível por 9 e, por hipótese, 23.2 15h + também é divi- sível por 9, temos uma soma de dois números divisíveis por 9. Portanto, na segunda parte da demonstração, ( )23.2 15k + é divisível por 9. Concluí- mos, então, que 22 15 1n n+ − é divisível por 9. Exemplo 1.16 Provar, por indução, que ( )2 213| 9 4n n− , , 0n Z n∀ ∈ > . Solução Passo 1 − Para n = 1: 9 4 9 4 9 4 81 16 652 2 2 1 2 1 2 2n n- = - = - = - =. . Concluímos que, para n = 1, a afirmação é verdadeira, pois 65 é múlti- plo de 13. Passo 2 − Supomos que a p(k) é verdadeira para n = k, isto é, 9 42 2k k-( ) é um múltiplo de 13. Passo 3 − Para n = k + 1 9 4 9 4 9 9 4 4 9 81 4 16 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 ( ) ( ) . . . . k k k k k k k k + + + + - = = - = = - = = - Substituímos 81 por 65 + 16: – 27 – Os Números Inteiros 9 81 4 16 9 65 16 4 16 9 65 9 16 4 16 2 2 2 2 2 2 2 k k k k k k k . . .( ) . . . . - = + - = + - Colocamos 16 em evidência: = - +16 9 4 9 652 2 2( ) .k k k A expressão que multiplica 16 é p(k), que supomos verdadeira. Logo 16 9 42 2( )k k- é um múltiplo de 13. No segundo termo, 65 é múltiplo de 13, portanto 9 652k. é um múltiplo de 13. Logo, ficamos com uma soma de dois termos que são múltiplos de 13. Portanto, P(k + 1) é múltiplo de 13. Concluímos, então, que 13 9 42 2| n n-( ) . Atividades 1. Prove , por indução , que ( )5 1 5 10 15 ... 5 2 n n n + + + + + = . 2. Prove , por indução , que ( )( )2 2 2 1 2 11 2 ... 6 n n n n + + + + + = . 3. Prove , por indução , que a fórmula da soma dos n primei- ros termos de uma progressão geométrica , para 1n ≥ , é 2 1 ... 1 n n a ara ar ar ar r − −+ + + + = − . 4. Enuncie o critério de divisibilidade por 9 e justifique-o . 5. Enuncie o critério de divisibilidade por 11 e justifique-o . – 28 – Fundamentos de Álgebra Comentários As atividades 1 e 2 têm como propósito fixar os conceitos de indução . Por meio do princípio da indução , é necessário seguir os três passos : I. Provar que ( )1P é verdadeira ; II. Supor ( )P k verdadeira ; III. Provar para 1n k= + . A atividade 3 usa conceitos de progressão geométrica , que é toda sequên- cia numérica em que cada termo , a partir do segundo , é igual ao produto do termo anterior por uma constante q , chamado de razão da progressão . Nesta atividade também devem ser seguidos os três passos sugeridos anteriormente . Na atividade 4 , observa-se que ( )10 1 mod9≡ e , portanto , ( )10 1 mod9i ≡ , qualquer que seja o inteiro i . Conclua para 10iia e some essas congruências . Na atividade 5 , observa-se que ( )10 1 mod 1 1≡ − . Conclua para 10i , sendo i par ou ímpar . O conceito de relação na Matemática é muito utilizado na Álgebra e na Geometria . Por exemplo , se quisermos definir se : um número é maior que ou se um número é múltiplo de , entre outros conceitos . Relações 2 – 30 – Fundamentos de Álgebra 2 .1 Relações binárias Relações entre dois elementos constituídos por pares ordenados são cha- madas de relações binárias . Definição Sejam dois conjuntos A e B , não vazios , sendo os conjuntos formados por todos os pares ordenados ( ),x y , com x pertencente a A e y perten- cente a B . Chama-se relação binária o produto cartesiano de A por B representado por A B⋅ . Assim , representamos por ( ){ }, / A B x y x A e y B⋅ = ∈ ∈ . Onde : 2 :R A B→ é um subconjunto R de A B⋅ ; 2 :R A B R A B→ ⇒ ⊂ ⋅ ; 2 ( ),a b R aRb∈ ⇒ . Dizemos que o conjunto A é o conjunto de partida e o conjunto B é o conjunto de chegada de uma relação R . Exemplo 2 .1 Considere os conjuntos { }0,1,2,3,4A = e { }1,0,1,2,3B = − . Deter- mine o subconjunto de A B⋅ . Solução A solução consiste em formar os pares ordenados A B⋅ = −( ) ( ) ( ) ( ) ( ) −( ) ( ) ( ) (0 1 0 0 0 1 0 2 0 3 1 1 1 0 1 1 1 2, , , , , , , , , , , , , , , , , )){ ( ) −( ) ( ) ( ) ( ) ( ) −( ) ( ) ( , , , , , , , , , , , , , , , , , ,1 3 2 1 2 0 2 1 2 2 2 3 3 1 3 0 3 1)) ( ) ( ) −( ) ( ) ( ) ( ) ( )} , , , , , , , , , , , , , ,3 2 3 3 4 1 4 0 4 1 4 2 4 3 Observação Podemos também utilizar a notação , por exemplo , para representar a relação do par ordenado ( )3,1 como 3 1R , assim como para 4 1R − sendo – 31 – Relações ( )4, 1− . Agora , para representar um par ordenado que não faz parte dessa relação , escrevemos 3 R 4 ; observe que o par ordenado ( )3,4 não é solução no exemplo apresentado . Qualquer subconjunto de é uma relação de em . Exemplo 2 .2 No exemplo 2 .1 , foi obtido como solução o seguinte subconjunto : ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )} 0, 1 , 0,0 , 0,1 , 0,2 , 0,3 , 1, 1 , 1,0 , 1,1 , 1,2 , 1,3 , 2, 1 , 2,0 , 2,1 , 2,2 , 2,3 , 3, 1 , 3,0 , 3,1 , 3,2 , 3,3 , 4, 1 , 4,0 , 4,1 , 4,2 , 4,3 A B⋅ = − − − − − Represente cada uma das relações a seguir : a) A B→ , x y> ; b) A B→ , x y= ; c) A B→ , x y< . Solução a) A B→ , x y> Com relação ao subconjunto , temos como solução : ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ ( ) ( ) ( ) ( ) ( )} 1 1,0 , 2,0 , 2,1 , 3, 1 , 3,0 , 3,1 , 3,2 , 4, 1 , 4,0 , 4,1 , 4,2 , 4,3 R = − − Outra forma de escrever a relação é : 1 0R , 2 0R , 2 1R , 3 1R − , 3 0R , 3 1R , 3 2R , 4 1R − , 4 0R , 4 1R , 4 2R e 4 3R , por outro lado , podemos afirmar que a relação 1 3R entre outros 1 R 3 . b) A B→ , x y= Com relação ao subconjunto , temos como solução ( ) ( ){ ( ) ( )} 2 0,0 , 1,1 , 2,2 , 3,3R = ou 0 0R , 1 1R , 2 2R , 3 3R . – 32 – Fundamentos de Álgebra c) A B→ , x y< Com relação ao subconjunto , temos como solução ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )}{ 3 0,1 , 0,2 , 0,3 , 1,2 , 1,3 , 2,3R = ou 0 1R , 0 2R , 0 3R , 1 2R , 1 3R , 2 3R . 2 .1 .1 Domínio Chamamos de domínio todos os elementos x do conjunto A que esta- rão relacionados com um y existente do conjunto B . Definição Seja x um elemento pertencente ao conjunto A e y um elemento existente em B , tal que xRy . Simbolicamente : ( ) { }/ ,D R x A y B xRy= ∈ ∃ ∈ . Exemplo 2 .3 Seja { }2 2, / , , 4R x y x R y R x y= ∈ ∈ + = . Obtenha o domínio de R . Solução A equação dada é a equação de uma circunferência de raio igual a 2 , assim , temos o domínio sendo ( ) { }/ 2 2D R x R x= ∈ − ≤ ≤ . – 33 – Relações 2 .1 .2 Imagem Chamamos de imagem todos os elementos y do conjuntoB que esti- verem relacionados com um x existente do conjunto A . Definição Seja y um elemento pertencente ao conjunto B e x um elemento existente em A , tal que xRy . Simbolicamente : ( ) { }Im / ,R y B x A xRy= ∈ ∃ ∈ . Exemplo 2 .4 Seja { }2 2, / , , 4R x y x R y R x y= ∈ ∈ + = . Obtenha a imagem de R . Solução A equação dada é a equação de uma circunferência de raio igual a 2 , assim , temos a imagem sendo ( ) { }Im / 2 2R y R y= ∈ − ≤ ≤ . Imagem Exemplo 2 .5 Considere os conjuntos { }1,2,3A = e { }1,0,1B = − . Determine : a) o subconjunto de A B⋅ ; b) o domínio de R ; c) a imagem de R . – 34 – Fundamentos de Álgebra Solução a) O subconjunto de A B⋅ . ( ) ( ) ( ){ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )}1, 1 , 1,0 , 1,1 , 2, 1 , 2,0 , 2,1 , 3, 1 , 3,0 , 3,1A B⋅ = − − − . b) ( ) ( ){ }1,2,3D R = . c) ( ) ( ){ }Im 1,0,1R = − . 2 .1 .3 Representação Serão apresentados dois tipos de representação de relação : a representa- ção gráfica e a representação por meio de diagramas . 2 .1 .3 .1 Representação gráfica A representação gráfica aqui apresentada é dada a partir de pares orde- nados , por meio de uma relação em que sua representação é dada em um sis- tema de plano cartesiano ortogonal . O conjunto A é o conjunto de partida e o conjunto B é o conjunto de chegada , ou seja , os elementos do conjunto A são os primeiros , conhecidos como abscissas , e os elementos do conjunto B são os segundos , conhecidos como ordenadas . Figura 2 .1 – Plano cartesiano ortogonal – 35 – Relações Exemplo 2 .6 Marque no plano cartesiano ortogonal os pontos ( ) ( ) ( ){ } 1 0,1 , 2,4 , 3, 1R = − . Solução No plano cartesiano ortogonal , apresentamos os pontos : Têm-se três pontos : observe que o primeiro elemento do par ordenado refere- -se ao eixo das abscissas e o segundo elemento refere-se ao eixo das ordenadas . Exemplo 2 .7 Marque no plano cartesiano ortogonal os pontos ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ } 2 2,2 , 1,1 , 0,0 , 1, 1 , 2, 2R = − − − − . Solução No plano cartesiano ortogonal , apresentamos os pontos : – 36 – Fundamentos de Álgebra Exemplo 2 .8 Marque no plano cartesiano ortogonal os pontos , sabendo-se que A R B R e R x y x= = = ( ) >{ }, , / 0 . Solução No plano cartesiano ortogonal , apresentamos os pontos : – 37 – Relações Neste exemplo , temos infinitos pontos . 2 .1 .3 .2 Representação por meio de diagramas A representação por meio de diagramas cabe a exemplos com pontos finitos , por isso aconselha-se a não usar diagramas para grandes quantidades de pontos . O diagrama de flechas recebe o nome de Diagrama de Venn . Exemplo 2 .9 Represente os pontos 1 0,1 , 2,4 , 3, 1R = − por meio do Dia- grama de Venn . Solução Observa-se que , para cada elemento do conjunto A , existe um corres- pondente no conjunto B . Exemplo 2 .10 Represente os pontos dados nos conjuntos { }0,1,2,3A = e { }1,0,1B = − sabendo-se que ( ) ( ){ }1, 1 , 1,1R = − por meio do Diagrama de Venn . – 38 – Fundamentos de Álgebra Solução 2 .1 .4 Relação inversa Chamamos de relação inversa quando os elementos do conjunto B são os primeiros e os elementos do conjunto A são os segundos . Definição Chama-se de relação inversa a relação de A em B de R a relação de B em A , representada por ( ){ } 1 , ,R y x B A xRy− = ∈ ⋅ . Exemplo 2 .11 Seja R uma relação de A em B . Dados os conjuntos { }1, 2, 3, 4, 5A = − − − − − e { }1,2,3,4,5B = , sabendo-se que ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 3,3 , 4,4 , 5,5R = − − − − − , deter- mine a relação inversa 1R − . Solução Para determinar a relação inversa , de acordo com a definição , temos : ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ } 1 1, 1 , 2, 2 , 3, 3 , 4, 4 , 5, 5R − = − − − − − . – 39 – Relações Exemplo 2 .12 Seja R uma relação de A em B . Dados os conjuntos { }1,2,3,4,5A = e { }1,2,3,4,5B = , sabendo-se que ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 3,3 , 4,4 , 5,5R = , determine a relação inversa 1R − . Solução Para determinar a relação inversa de acordo com a definição , temos ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ } 1 1,1 , 2,2 , 3,3 , 4,4 , 5,5R − = . Como os elementos do conjunto A se relacionam com os mesmos elementos do conjunto B , a relação de A em B é igual à relação de B em A . Nos exemplos apresentados , fica claro o posicionamento de cada ele- mento quando determinada a relação inversa . Exemplo 2 .13 Seja R uma relação de A em B . Dada a relação 2, / 3R x y R x y= ∈ = , determine a relação inversa 1R − e represente graficamente cada uma delas . Solução A relação inversa é dada por ( ){ }1 2, / 3R y x R y x− = ∈ = . – 40 – Fundamentos de Álgebra Com relação ao gráfico, as duas retas das extremidades representam a relação R e a relação inversa 1R − . Podemos observar que as duas retas são simétricas em relação à reta central pontilhada dada por y x= . Exemplo 2 .14 Seja R uma relação de A em B . Dada a relação ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 3,3R = − − − , determine a relação inversa 1R − e repre- sente por meio do Diagrama de Venn . Solução A relação inversa é dada por ( ) ( ) ( ){ }1 1, 1 , 2, 2 , 3, 3R − = − − − . Relação de A em B : Relação inversa de B em A : – 41 – Relações 2 .1 .4 .1 Propriedades da relação inversa I. ( ) ( )1 ImD R R− = II. ( ) ( )1Im R D R− = III. ( ) 11R R R−− = 2 .1 .5 Relação sobre um conjunto O conceito de relação sobre um conjunto será utilizado nos tópicos pos- teriores em relações de equivalências e relações de ordem . É muito útil a representação do esquema de flechas quando se possui poucos elementos . A representação é feita por meio de flechas (origem, extremidade) indicadas por um par ordenado. Definição Seja o conjunto A B= e R uma relação de A em B , ou seja , R é uma relação de A em A ou , ainda , R é uma relação em A . Exemplo 2 .15 Seja R uma relação sobre A . Dada a relação ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 2,3 , 3,2 , 2,1R = , determine a relação sobre A por meio do diagrama de flechas . Solução – 42 – Fundamentos de Álgebra 2 .1 .5 .1 Propriedades da relação sobre um conjunto Seja R uma relação sobre A . a) Reflexiva Dizemos que R é relação sobre um conjunto reflexiva se todos os elementos de A se relacionam com ela mesma . Então escrevemos x A∀ ∈ , xRx . Exemplo 2 .16 Dada a relação ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 1,2 , 2,1R = , verifique se é reflexiva . Solução É reflexiva , pois 1 1R , 2 2R . Exemplo 2 .17 Suponha que um casal tenha 3 filhos : Antônio , Beatriz e Cleber . Definimos o conjunto { }, ,A a b c= . Verifique se é reflexiva . Solução Temos ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }, , , , , , , , , , ,R a b a c b a b c c a c b= . Não é reflexiva , pois ninguém é irmão de si mesmo . Observe que temos ( ),a a , ( ),b b e ( ),c c , que são os pares que não podem ocorrer . b) Simétrica Dizemos que R é relação sobre um conjunto simétrica se , quando x estiver se relacionando com y , tivermos também y se relacio- nando com x . Então escrevemos ,a b A∀ ∈ se aRb bRa⇒ . Exemplo 2 .18 Dada a relação ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 2,3 , 3,2 , 2,1R = , verifique se é simétrica . – 43 – Relações Solução É simétrica , pois temos 2 3R , 3 2R . Exemplo 2 .19 Suponha que um casal tenha 3 filhos : Antônio , Beatriz e Cleber . Definimos o conjunto { }, ,A a b c= por xRy x↔ é irmã de y . Verifique se é simétrica . Solução Não é simétrica , pois ( ) ( ){ }, , ,R b a b c= , já que Beatriz possui apenas irmãos . Observe que , para ser simétrica , Beatriz deveria ter uma irmã . c) Transitiva Dizemos que R é relação sobre um conjunto transitivo se estiver se relacionando com y e y estiver se relacionando com z , então x estará se relacionando com z . Por isso escrevemos , ,a b c A∀ ∈ , se aRb e bRc aRc⇒ . Exemplo 2 .20 Dada a relação ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 3,3 , 1,2 , 2,3 , 1,3R = , verifi- que se é transitiva . Solução É transitiva , pois temos 1 2R e 2 3R , logo , 1 3R . d) Antissimétrica Dizemos que R é relação sobre um conjuntoantissimétrico quando x estiver se relacionando com y e y estiver se relacionando com x , onde x y= . Então escrevemos ,a b A∀ ∈ se aRb e bRa a b⇒ = . Exemplo 2 .21 Dada a relação ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 3,3 , 1,2 , 2,3R = , verifique se é antissimétrica . – 44 – Fundamentos de Álgebra Solução Essa relação é antissimétrica pois temos , por exemplo : 1 2R está na relação e 2 1R não está na relação ; embora 1 1R seja simétrico , isso não implica que a relação será simétrica . 2 .2 Relações de equivalências Quando uma relação R sobre um conjunto A não vazio for reflexiva , simétrica e transitiva , dizemos que R é uma relação de equivalência sobre A . Na linguagem matemática , usamos o símbolo “ ≡ ” para representar equivalência , por exemplo : m n≡ , que se lê “ m é equivalente a n ” . Exemplo 2 .22 Dada a relação ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 3,3 , 1,2 , 2,1 , 2,3R = , verifi- que se R é uma relação de equivalência sobre { }1,2,3A = . Solução Para que seja uma relação de equivalência , é necessário atender às três sentenças : reflexiva , simétrica e transitiva . Iniciamos analisando a sentença reflexiva . É reflexiva , pois temos 1 1R , 2 2R e 3 3R . Agora vamos analisar a sentença simétrica . É simétrica , pois temos 1 2R e 2 1R . E agora analisamos a sentença transitiva : 1 2R e 2 3R . Portanto , dizemos que é uma relação de equivalência sobre A . 2 .2 .1 Classe de equivalência Denomina-se classe de equivalência de a o conjunto de todos os ele- mentos que são relacionados a um elemento a de A . – 45 – Relações Definição Seja R uma relação de equivalência de a em A , com a A∈ . Chamamos de classe de equivalência de a por intermédio de R o subconjunto ( )cl a de A , formado pelos elementos x e x R a e denotado por ( ) { } / cl a x A x R a= ∈ . Exemplo 2 .23 Dada a relação ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 3,3 , 1,3 , 3,1R = , determine a(s) classe(s) da relação de equivalência sobre { }1,2,3A = . Solução De acordo com a definição , temos : 2 ( ) { }1 1,3cl = 2 ( ) { }2 2cl = 2 ( ) { }3 3,1cl = Definição Dado um conjunto A por R , no qual A divide R e é representado por /A R , é o conjunto das classes de equivalência módulo R . Exemplo 2 .24 Dada a relação ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2,2 , 3,3 , 1,3 , 3,1R = , determine /A R da relação de equivalência sobre { }1,2,3A = . Solução Iniciamos verificando quais são os elementos que se relacionam com o pró- prio 1 : { }1 1,3= . Na sequência , fazemos a análise para verificar quais são os elementos que se relacionam com o 2 : { }2 2= . Fazemos também a análise para verificar quais são os elementos que se rela- cionam com o 3 : { }3 1,3= . – 46 – Fundamentos de Álgebra De acordo com a definição , estamos interessados em determinar o conjunto quociente /A R , em outras palavras , queremos determinar quais são os conjuntos das classes de equivalências que formam o conjunto R . Assim , temos { } { }{ }/ 1,3 , 2A R = . 2 .2 .2 Partição sobre A Consideramos partição sobre A os subconjuntos P não vazios de A . Definição Seja uma classe P de subconjuntos do conjunto A não vazios uma partição se , e somente se : I. a união de todos os elementos de P for o conjunto A ; II. para quaisquer dois conjuntos iP e jP têm-se i j iP P P∩ = ou i jP P∩ =∅ . Exemplo 2 .25 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5A = e os subconjuntos { }1 1,3,5P = e { }2 2,4P = . Verifique se 1P e 2P são subconjuntos de A . Solução De acordo com a definição , temos : I. 1 2A P P= ∪ ; II. 1 2P P∩ =∅ . Portanto , dizermos que 1P e 2P são subconjuntos de A . Quando a quantidade de elementos for finita , podemos representar o exem- plo 2 .25 em forma de diagrama : – 47 – Relações Teorema Toda relação de equivalência de R em A gera uma partição P , então /A R é uma partição de A . Demonstração Seja R uma relação de equivalência em A e , para cada a A∈ e b A∈ , consideramos o conjunto P da partição , tal que P contém a e b . I. Como R é reflexiva , ou seja , cada elemento está relacionando com ele mesmo , aRa , temos que para todo x em A existe uma classe em P tal que a A∈ . II. Sendo a e b A∈ , temos que aR b , o que implica que existe uma partição 1P em A . Como b A∈ implica em b , logo a A∈ implica em bRa . Portanto R é simétrica . III. Sendo a , b e c A∈ , temos aRb que implica que existe um 1P em A tal que 1, a b P∈ , e bRc implica que existe um 2P em A tal que 2, b c P∈ . Como 1P e 2P são conjuntos não vazios , então 1 2P P= . Isso significa que aRc . Logo , R é transitiva Exemplo 2 .26 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5A = e , dada a relação de equivalência ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 1,2 , 2,2 , 3,3 , 4,4 , 4,5 , 5,4 , 5,5R = , determine a partição . Solução De acordo com a definição , temos { } { } { }{ }1,2 , 3 , 4,5P = . – 48 – Fundamentos de Álgebra 2 .3 Relações de ordem Podemos verificar a relação de ordem naturalmente em nosso cotidiano , por exemplo , na senha retirada ao entrar em um banco ou na lista de presença de sala de aula . O conceito de relações de ordem é muito intuitivo devido ao constante aparecimento em nossa vida . Vamos separar o conceito de relações de ordem em dois casos : relação de ordem parcial em A e relação de ordem total em A . 2 .3 .1 Relação de ordem parcial em A Definição Seja A um conjunto no qual R é uma relação sobre A não vazio . Dize- mos que é uma relação de ordem parcial se , e somente se : I. x A∀ ∈ , xRx (reflexiva) ; II. , ,a b c A∀ ∈ se aRb e bRc aRc⇒ (transitiva) ; III. ,a b A∀ ∈ se aRb e bRc a b⇒ = (antissimétrica) . É importante que estabeleçamos algumas notações matemáticas : 2 para indicar que a precede b em relação a R : a b≤ , ou seja , esta- mos exprimindo que a é menor ou igual a b ; 2 para indicar que a precede estritamente b em relação a R : a b< , ou seja , estamos exprimindo que a é apenas menor que b , em outras palavras , a b≠ . Exemplo 2 .27 Considere o conjunto { }, , , ,A a b c d e= . A relação é dada por a b≤ , c b≤ , c d≤ e d e≤ . Construa um diagrama que represente essa relação . – 49 – Relações Solução b c d e 2 .3 .2 Relação de ordem total em A Seja A um conjunto no qual R é uma relação sobre A não vazio . Dize- mos que é uma relação de ordem total se , e somente se : I. x A∀ ∈ , xRx (reflexiva) ; II. , ,a b c A∀ ∈ se aRb e bRc aRc⇒ (transitiva) ; III. ,a b A∀ ∈ se aRb e bRc a b⇒ = (antissimétrica) ; IV. para quaisquer dois valores a e b , tivermos que a b≤ ou b a≤ . Exemplo 2 .28 Considere o conjunto { }, , ,A a b c d= e a relação ( ) ( ) ( ) ( )( ) ( ) ( ) ( ){ }, , , , , , , , , , , , , ,R a a b b c c d d a b b c c d a d= . Construa um diagrama que represente a relação . Solução – 50 – Fundamentos de Álgebra A ordem é total , pois pode-se observar no diagrama que todos os pontos estão sendo ligados , ou seja , não há dois pontos que não estejam ligados por uma flecha . 2 .3 .3 Limites inferiores e superiores Pode-se determinar os limites superiores e inferiores de um conjunto de números reais A se o conjunto for finito e contiver um elemento menor ou igual a todos os outros ou se contiver um elemento maior ou igual a todos os outros . 2 .3 .3 .1 Limites inferiores Quando qualquer elemento do conjunto A for maior ou igual a esse elemento , dizemos que esse conjunto está limitado inferiormente . Definição Um elemento A∈� é limitado inferiormente em P se x P x∀ ∈ ⇒ ≤� . Exemplo 2 .29 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5,6,7,8,9A = e o subconjunto { }7,9P = . Determine os limites inferiores de acordo com o diagrama apresentado . – 51 – Relações Solução Observe no diagrama que tomamos o caminho mais curto até chegar aos ele- mentos de P e que todos os valores que estão abaixo de { }7,9P = , inclusive o 7 , são oslimites inferiores , ou seja , 1 , 2 , 4 , 5 e 7 . 2 .3 .3 .2 Limites superiores Quando qualquer elemento do conjunto A for menor ou igual a esse elemento , dizemos que esse conjunto está limitado superiormente . Definição Um elemento L A∈ é limitado superiormente se x P x L∀ ∈ ⇒ ≤ . Exemplo 2 .30 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5,6,7,8,9A = e o subconjunto { }2,4,5P = no diagrama a seguir e determine os limites superiores . – 52 – Fundamentos de Álgebra Solução Observe no diagrama que todos os valores que estão acima de { }2,4,5P = são os limites superiores , ou seja , 7 e 9 . 2 .3 .4 Máximo e mínimo O estudo de máximo e mínimo nos permite analisar um elemento em um subconjunto , quanto a ser o menor ou o maior elemento deste conjunto . 2 .3 .4 .1 Mínimo Quando qualquer elemento do subconjunto P do conjunto A for maior ou igual a esse elemento , dizemos que esse elemento é o menor ele- mento do conjunto A . Definição Um elemento m P∈ é um mínimo de P se x P m x∀ ∈ ⇒ ≤ . Exemplo 2 .31 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5,6,7,8,9A = e o subconjunto { }2,4,5P = . Determine o elemento mínimo com relação ao diagrama apresentado . – 53 – Relações Solução Observe no diagrama que , de todos os valores que estão sendo apresentados no subconjunto , o menor deles é o de valor do 2 . . 2 .3 .4 .2 Máximo Quando qualquer elemento do subconjunto P do conjunto A for menor ou igual a esse elemento , dizemos que esse elemento é o maior ele- mento do conjunto A . Definição Um elemento M P∈ é um máximo de P se x P x M∀ ∈ ⇒ ≤ . – 54 – Fundamentos de Álgebra Exemplo 2 .32 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5,6,7,8,9A = e o subconjunto { }2,4,5P = . Determine o elemento máximo com relação ao diagrama a seguir . Solução Observe no diagrama que não existe um valor máximo , pois os valores 4 e 5 possuem a mesma posição . . 2 .3 .5 Elementos maximais e minimais No estudo dos elementos maximais e minimais , veremos os elementos que fecham o subconjunto P do conjunto A . – 55 – Relações 2 .3 .5 .1 Minimais São chamados de elementos minimais os elementos que fecham o sub- conjunto P do conjunto A por baixo , ou seja , quando o único elemento que o precede é ele mesmo . Definição Um elemento Pµ ∈ é um elemento minimal de P se µ∀ ∈ ⇒ ≤x P x . Exemplo 2 .33 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5,6,7,8,9A = e o subconjunto { }2,4,5P = . Determine o elemento minimal com relação ao diagrama a seguir . Solução No diagrama , observamos que o elemento que define o “início” do subcon- junto P do conjunto A é o 2 . . – 56 – Fundamentos de Álgebra 2 .3 .5 .2 Maximais São chamados de elementos maximais os elementos que fecham o sub- conjunto P do conjunto A por cima , ou seja , quando o único elemento que o precede é ele mesmo . Definição Um elemento ϻ ∈ P é um elemento maximal de P se x P x∀ ∈ ⇒ ≤ ϻ . Exemplo 2 .34 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5,6,7,8,9A = e o subconjunto { }2,4,5P = . Determine o elemento maximal com relação ao diagrama a seguir . Solução No diagrama , observamos que os elementos que definem o “fim” do subcon- junto P do conjunto A são os elementos 4 e 5 . . 2 .3 .6 Supremo e ínfimo Chama-se de supremo de P , caso exista , o mínimo dos conjuntos dos limites superiores de P . – 57 – Relações Exemplo 2 .35 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5,6,7,8,9A = e o subconjunto { }2,4,5P = . Determine o elemento supremo com relação ao diagrama a seguir . Solução No diagrama , observamos que o elemento supremo , ou seja , o primeiro ele- mento acima do subconjunto P , é o 7 . – 58 – Fundamentos de Álgebra Chama-se de ínfimo de P , caso exista , o máximo dos conjuntos dos limites inferiores de P . Exemplo 2 .36 Considere o conjunto { }1,2,3,4,5,6,7,8,9A = e o subconjunto { }2,4,5P = . Determine o elemento ínfimo com relação ao diagrama a seguir . Solução O elemento ínfimo para o diagrama apresentado é o 2 , pois é onde se inicia o subconjunto P máximo do limite inferior . . Exemplo 2 .37 Considere o conjunto { }, , , , , , , ,A a b c d e f g h i= e o subconjunto { }, ,P b d e= seguindo a ordem apresentada no diagrama . Determine : – 59 – Relações a) limites superiores ; b) limites inferiores ; c) supremo ; d) ínfimo ; e) máximo ; f ) mínimo ; g) elementos maximais ; h) elementos minimais . Solução 2 Limites superiores : g e i . 2 Limites inferiores : a e b . 2 Supremo : g . 2 Ínfimo : b . – 60 – Fundamentos de Álgebra 2 Máximo : não existe . 2 Mínimo : b . 2 Elementos maximais : d e e . 2 Elementos minimais : b . Atividades 1. Seja ( ){ }2 2, / , , 36R x y x R y R x y= ∈ ∈ + = . Obtenha : a) o domínio de R ; b) a imagem de R ; c) 1R − . 2. Considere o conjunto A , o conjunto de todas as retas paralelas de um plano . Verifique se é : a) reflexiva ; b) simétrica ; c) transitiva ; d) antissimétrica . 3. Considere o conjunto { }0,2,4,6,12A = e o subconjunto { }4,6P = . Determine os limites superiores e inferiores . 4. Seja R uma relação de A em B . Dados os conjuntos { }3, 2, 1A = − − − e { }4,5,6B = , sabendo-se que ( ) ( ) ( ){ }3,4 , 2, 5 , 1,6 R = − − − , determine a relação inversa 1R − . Comentários As atividades têm como propósito fixar os conceitos de relações . Na ati- vidade 1 , tem-se como objetivo determinar o domínio , a imagem e a inversa . Logo , deve-se encontrar como solução : – 61 – Relações a) ( ) { } / 6 6D R x R x= ∈ − ≤ ≤ b) ( ) { }Im / 6 6R y R y= ∈ − ≤ ≤ c) ( ){ }1 2 2 2, / 36R x y R x y− = ∈ + = Na atividade 2 serão utilizados os conceitos de retas paralelas , assim , temos que : a) vale a reflexiva ; b) vale a simétrica ; c) vale a transitiva ; d) não vale a antissimétrica . Na atividade 3 , temos como limite superior 12 e limite inferior 0 e 2 . Na atividade 4, para determinar a relação inversa de acordo com a defi- nição , temos que R - = -( ) -( ) -( ){ }1 4 3 5 2 6 1, , , , , . Aplicações são relações que associam os elementos de dois conjuntos , através de regras específicas . Em especial , as funções são aplicações do conjunto dos números reais no conjunto dos números reais . As funções matemáticas são fundamentais em qualquer área , constituindo-se numa importante ferramenta para analisar o com- portamento de fenômenos cotidianos . Aplicações e Operações 3 – 64 – Fundamentos de Álgebra 3 .1 Aplicações Definição Seja f uma relação de A em B . Dizemos que f é uma aplicação de A em B se : i. ( )D f A= ; ii. Dado ( )a D f∈ , existe um único elemento b B∈ tal que ( ),a b f∈ . Se f é uma aplicação de A em B , então dizemos que b é a imagem de a através de f , ou seja , ( )b f a= . De maneira simbólica , :f A B→ indica que f é uma aplicação de A em B . Para essa aplicação , também pode- mos utilizar a notação ( )x f x� para indicar que ( )f x é a imagem do elemento x . O conjunto A é o domínio da aplicação f e o conjunto B é o contradomínio de f . Observação Se o contradomínio de uma aplicação f é um conjunto numérico , cha- mamos f de função . Exemplo 3 .1 Sejam { } { }1, 2, 3, 4 2, 4, 6, 8A e B= = . Considere as seguintes relações de A em B : 1R não é uma aplicação de A em B , pois ( ) { }1 1, 2, 4D R A= ≠ , ou seja , ( )13 D R∉ . – 65 – Aplicações e Operações 2R não é uma aplicação de A em B , pois o número 2 está associado a dois elementos de B , isto é , tem duas imagens . 3R é uma aplicação de A em B , pois cada elemento de A tem a sua imagem em B . Além disso , cada elemento de A tem uma única ima- gem em B . Exemplo 3 .2 Considere as seguintes relações de R em R , representadas pelos gráfi- cos no sistema cartesiano : ( ) 2 21 2{ , | 4}R x y R x y= ∈ + = 1R representa uma circunferência com centro na origem e raio igual a 2 . 1R não é aplicação , pois cada elemento do domínio , exceto 2 e –2 , está associado a dois elementosdo contradomínio . – 66 – Fundamentos de Álgebra ( )2 2{ , | }R x y R y x= ∈ = 2R representa a reta que passa pela bissetriz dos quadrantes ímpares . É aplicação , pois cada elemento do domínio está associado a um único ele- mento do contradomínio . E todo elemento do domínio está associado a algum elemento do contradomínio . Então dizemos que 2R é uma função de R em R , isto é , :f R R→ . – 67 – Aplicações e Operações Exemplo 3 .3 Determinar todas as aplicações de { }2, 4, 6A = em { }, B a b= . Solução As aplicações de A em B são dadas por todas as possibilidades de associação entre um elemento de A e um elemento de B . Isso pode ser determinado através de uma tabela : Imagem de 2 Imagem de 4 Imagem de 6 Aplicações A a a {(2 ,a) ,(4 ,a) ,(6 ,a)} b {(2 ,a) ,(4 ,a) ,(6 ,b)} b a {(2 ,a) ,(4 ,b) ,(6 ,a)} b {(2 ,a) ,(4 ,b) ,(6 ,b)} B a a {(2 ,b) ,(4 ,a) ,(6 ,a)} b {(2 ,b) ,(4 ,a) ,(6 ,b)} b a {(2 ,b) ,(4 ,b) ,(6 ,a)} b {(2 ,b) ,(4 ,b) ,(6 ,b)} Exemplo 3 .4 Considere a aplicação :f R R→ definida por partes da seguinte forma : ( ) 2 2, 3 , 3 2 3, 2 se x f x x se x x se x ≤ − = − < ≤ + > Determinar ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 10 , 3 , 2 , 1 , 2 , 5 , 2f f f f f f f − . Solução Essa função é definida em três intervalos distintos : ]-∞,-3], ]-3,2] e ]2,∞[ 20 ] 3,2] (0) 0 0 3 ] , 3] ( 3) 2 f f ∈ − ⇒ = = − ∈ −∞ − ⇒ − = – 68 – Fundamentos de Álgebra 2 2 2 2 2 ] 3,2] (2) 2 4 1 ] 3,2] (1) 1 1 2 ] 3,2] ( 2 ) 2 2 5 ]2, ] ( 5) 5 3 1 1 1 1] 3,2] 2 2 2 4 f f f f f ∈ − ⇒ = = ∈ − ⇒ = = ∈ − ⇒ = = ∈ +∞ ⇒ = + ∈ − ⇒ = = Exemplo 3 .5 Seja a aplicação :f N N N× → tal que ( ) ( ), ,f x y mmc x y= . Deter- minar ( ) ( ) ( ) ( )2,3 , 5,10 , 6,8 , 13,2f f f f . Solução ( ) ( ) ( ) ( )2,3 6; 5,10 10; 6,8 24; 13,2 26f f f f= = = = Exemplo 3 .6 Verificar se as funções ( ) ( ) 2 5 6 3 2 x x f x e g x x x − + = = − − são iguais para { | 2}x R x∈ ≠ . Solução São iguais , pois para 2x ≠ tem-se ( ) ( )( ) ( ) ( ) 2 3 25 6 3 2 2 x xx x f x x g x x x − −− + = = = − = − − . Exemplo 3 .7 Considere o diagrama de conjuntos que representa a aplicação :f A B→ . – 69 – Aplicações e Operações Determinar : { }( ) { }( ) ( ) ( ) ( )1 10,1 , 3,4 , , , f f f A f b f a− − . Solução { }( ) { } { }( ) { } ( ) { } ( ) { } ( ) { } 1 1 0,1 , 3,4 , , , 0 f a c f d f A a c d e f b f a − − = = = = = Exemplo 3 .8 Seja :f R R→ tal que ( ) f x sen x= . Determinar : [ ]( ) ( ), 0, , 2 f f f R π π . Solução 1 2 f π = [ ]( ) [ ]0, 0,1f π = é a imagem do intervalo que vai de 0 a π , no primeiro quadrante . O menor valor da imagem desse intervalo é 0 e o maior é 1 . ( ) [ ]1,1 f R = − Para qualquer valor de x , a imagem sempre estará entre -1 e 1 . – 70 – Fundamentos de Álgebra Exemplo 3 .9 Seja :f R R→ tal que ( ) *, nf x ax n N= ∈ . Determinar a e n para que ( ) 4125fof x x= . Solução ( ) ( )( ) 2 2 4 4 1 3 4 ( ) 125 . . 125 . 5 n n n n n n fof x f f x a ax x a a x x a x x+ = = = = = = = Logo , 2 5 1 3 2 4 2 a n n n n = + = ⇒ = = ⇒ = Portanto , 25nax x= Podemos fazer uma verificação : ( )( ) 2 2 4 45(5 ) 5 . 25 125f f x x x x= = = 3 .2 Aplicações injetoras Definição Considere a aplicação :f E F→ . f é uma aplicação injetora quando a seguinte condição se verifica : para todo 1 2, ,x x E∈ se 1 2, x x≠ , então ( ) ( )1 2 f x f x≠ , ou seja , elementos distin- tos de E têm imagens distintas em F , através da função f . Disto , decorre : para todo 1 2, ,x x E∈ se ( ) ( )1 2 f x f x= , então 1 2 x x= . 3 .3 Aplicações sobrejetoras Definição Considere a aplicação :f E F→ . – 71 – Aplicações e Operações f é uma aplicação sobrejetora quando a seguinte condição se verifica : ( )Im f F= . Se uma aplicação é sobrejetora , então para todo y F∈ existe um x E∈ , tal que ( )y f x= . Em outras palavras , todo elemento de F é imagem de algum elemento de E . 3 .4 Aplicações bijetoras Definição Dizemos que f é uma aplicação bijetora quando f é injetora e sobrejetora , ao mesmo tempo . Exemplo 3 .10 Se { }1, 2, 3, 4A = e { }3, 4, 5, 6B = , a aplicação ( ) ( ) ( ) ( ){ }1, 3 , 2,4 , 3,5 , 4,6f = de A em B é injetora , pois para cada x em A existe uma única imagem em B , e cada imagem em B corres- ponde a um único x em A . Além disso , todo elemento de B é imagem de algum elemento de A . Ao analisar o diagrama de conjuntos , observamos que todo elemento de A tem sua imagem , isto é , está associado a algum elemento de B . Cada elemento de B é imagem de um único elemento de A . Todos os elemen- tos de B são imagem de algum elemento de A . – 72 – Fundamentos de Álgebra Exemplo 3 .11 O diagrama seguinte representa uma aplicação sobrejetora , porém não bijetora , pois existem elementos em B que são imagens de mais de um elemento em A . Exemplo 3 .12 A função :f R R→ definida por ( ) 2f x x= é sobrejetora , pois todo y R∈ é imagem de algum x R∈ . Porém , existem y R∈ que são ima- gens de mais de um x R∈ . Observe : 2 ( ) ( )1 1 1f f= − = 2 ( ) ( )2 2 4f f= − = 2 ( ) ( )3 3 9f f= − = . . . Portanto , ( ) 2f x x= não é bijetora . Exemplo 3 .13 A função :f R R→ , definida por ( ) 2f x x= + é sobrejetora , pois todo y R∈ é imagem de algum x R∈ . Além disso , é bijetora , pois todo y R∈ é imagem de um único x R∈ . 3 .5 Imagem direta e imagem inversa Definição Considere a aplicação :f E F→ . – 73 – Aplicações e Operações Dado ]A E⊂ , a imagem direta de C , através de f , indicada por ( )f A , é o seguinte subconjunto de B : ( ) ( ){ | }f A f x x A= ∈ . Então , ( )f A é o conjunto das imagens de todos os elementos de A , através da função f . Dado B F⊂ , a imagem inversa de B , através de f, indicada por ( )1f B− , é o seguinte subconjunto de E : ( ) ( )1 { | }f B x E f x B− = ∈ ∈ . Então , ( )1f B− é o conjunto dos elementos de E que têm imagem em B , através da função f. Exemplo 3 .14 Seja a função :f R R→ , dada por ( ) 1f x x= + . { }( ) { }0,1 , 2 1, 2, 3f = é a imagem dos elementos 1 , 2 e 3 . [ ]( ) ( ) [ ]0, 2 { | 0 2} { 1| 0 2} 1, 3f f x x x x= ≤ ≤ = + ≤ ≤ = 3 .6 Aplicação inversa Teorema Seja a aplicação :f E F→ . Uma condição necessária e suficiente para que ( )1f x− seja uma aplicação de F em E é que f seja bijetora . Demonstração I. Condição necessária : se 1f − é aplicação , então f é bijetora . a) Sejam 1 2, x x E∈ , tais que ( ) ( )1 2 f x f x y= = . Então ( ) ( )1 11 2 x f y e x f y− −= = . Como 1f − é uma aplicação , ( )1f y− é único e 1 2 x x= . Portanto , f é injetora . b) Seja y F∈ . Como 1f − é uma aplicação de F em E , existe x E∈ , tal que ( )1f y x− = , portanto ( ).y f x= Logo , f é sobrejetora . – 74 – Fundamentos de Álgebra II . Condição suficiente : se f é bijetora , então 1f − é aplicação . a) Como f é sobrejetora , para cada y F∈ existe x E∈ , tal que ( )y f x= e , portanto , ( ) 1, y x f −= . Logo , ( )1D f F− = . b) Como f é injetora , se 1 2, x x E∈ , tem-se : 2 se ( ) ( )1 2 f x f x y= = , então 1 2 x x= . 2 se ( ) ( )1 11 2, , y x f e y x f− −∈ ∈ , então 1 2 x x= . Portanto , para todo y F∈ , existe um único elemento x E∈ , tal que ( ) 1, y x f −∈ . Exemplo 3 .15 Vimos anteriormente que :f R R→ , dada por ( ) 2f x x= + , é bije- tora , portanto admite inversa . Sua inversa é dada por : ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1 2 2 2 2 { , | , } { , | 2} { , | 2} { , | 2} f y x R x y f y x R y x y x R x y y x R y x − = ∈ ∈ = = ∈ = + = = ∈ = + = = ∈ = − Portanto , a inversa da aplicação ( ) 2f x x= + é a aplicação 1 2f x− = − . Se f é bijetora , então 1f − também é . Como ( ) 11f f−− = , temos que 1 f e f − são inversas entre si . 3 .7 Composição de aplicações Definição Considere as aplicações :fE F→ e :g F G→ . A aplicação composta de f e g , de E em G , indicada por gof (lê-se : g círculo f) é definida da seguinte maneira : ( )( ) ( )( )gof x g f x= , tal que x E∈ , que é o domínio do primeiro conjunto . – 75 – Aplicações e Operações Por meio de diagramas de conjuntos , tem-se : Figura 3 .1 Exemplo 3 .16 Sejam :f R R→ , tal que ( ) 2 1f x x= + e :g R R→ , tal que ( )g x x= . A aplicação composta de f e g é a aplicação :gof R R→ tal que : ( )( ) ( )( ) 2 1gof x g f x x= = + Exemplo 3 .17 Sejam :f R R→ , tal que ( ) xf x e= e :g R R→ , tal que ( ) 3 2g x x= + . A aplicação composta de f e g é a aplicação :gof R R→ tal que : ( )( ) ( )( ) ( )3 2 3 2x xgof x g f x e e= = + = + Observe que a aplicação composta de f e g só é definida quando o con- tradomínio de f coincide com o domínio de g , no caso , o conjunto F . A composta de f e g tem o mesmo domínio de f , o conjunto E , e o mesmo contradomínio de g , o conjunto G . – 76 – Fundamentos de Álgebra Se E=G , temos : :f E F e g F E→ → , então podemos definir , além de gof , a aplicação fog , que é a composta de g e f , indicada por : ( )( ) ( )( )fog x f g x= , para todo x F∈ . Neste exemplo , ( )( ) ( )( ) 3 2xfog x f g x e += = . 3 .8 Aplicação idêntica Definição Dado um conjunto A diferente do conjunto vazio , a aplicação :AI A A→ , dada por ( )I x x= é chamada aplicação idêntica de A . Para cada conjunto A considerado , existe uma aplicação idêntica I , pois os domínios são diferentes . Exemplo 3 .18 Sejam as aplicações idênticas :AI A A→ e :BI B B→ dadas por ( )I x x= . Sendo { }1, 2, 3A = e { }, , , B a b c d= , escrever os elementos dessas aplicações . Solução Os elementos de :AI A A→ são dados por ( ) ( ) ( ){ }1,1 , 2, 2 , 3, 3AI = . Os elementos de :BI B B→ são dados por ( ) ( ) ( ) ( ){ }, , , , , , , BI a a b b c c d d= . Proposição Se :f A B→ é bijetora , então 1 Bfof I − = e 1 Af of I − = . Demonstração Sabemos que , se f é bijetora , então 1f − é uma aplicação bijetora de B em A . Se x B∈ , então ( ) ( )( ) ( )1 1 1 Bfof x f f x x e fof x I− − −= = = . – 77 – Aplicações e Operações Analogamente , se x A∈ , então ( ) ( )( ) ( )1 1 1 Af of x f f x x e f of x I− − −= = = . 3 .9 Aplicações monótonas Definição Considere :f A B→ , com A e B parcialmente ordenados . A aplicação f é crescente em A , se ( ) ( ) ( )( )1 1 1, x x A x x f x f x∀ ∈ ≤ ⇒ ≤ . A aplicação f é decrescente em A , se ( ) ( ) ( )( )1 1 1, x x A x x f x f x∀ ∈ ≤ ⇒ ≥ . Uma aplicação crescente ou decrescente é chamada de aplicação monótona . Exemplo 3 .19 A função 2y x= é monótona crescente no intervalo ] [0, ∞ , e monó- tona decrescente no intervalo ] [, 0 −∞ . A função 3 1y x= + é monó- tona crescente em todo o seu domínio . 3 .10 Aplicação estritamente monótona Definição Uma aplicação estritamente monótona em A é uma aplicação :f A B→ que seja : a) estritamente crescente − ( ) ( ) ( )( )1 1 1, x x A x x f x f x∀ ∈ < ⇒ < ; b) estritamente decrescente − " ˛( ) < >( )x x A x x f x f x, ( ) ( )1 1 1 . Exemplo 3 .20 A função 3 1y x= + é estritamente monótona crescente em todo o seu domínio . A função 6y x= − + é estritamente monótona decrescente em todo o seu domínio . – 78 – Fundamentos de Álgebra 3 .11 Operações Definição Sendo A um conjunto não vazio , toda aplicação :f A A A× → recebe o nome de operação sobre A ou lei de composição sobre A . Uma operação f sobre A associa a cada par ordenado (x , y) de A A× um elemento x*y de A . A . Portanto , é um conjunto munido da operação * . Observações 1. Leitura de x*y : “x estrela y” . 2. x*y é a imagem ( ),f x y . 3. * é uma notação geral para indicar uma operação sobre o conjunto A . Podemos ter outros símbolos para operações genéricas , como , , , ,T∆ ⊗ ⊕ entre outros que podem ser escolhidos . O elemento x*y é composto de x e y pela operação f . Os elementos x e y de x*y são os termos da composição : x é o primeiro termo e y é o segundo termo do composto . Exemplo 3 .21 Seja a aplicação :f N N N× → , tal que ( ),f x y x y= + . A aplicação f associa a cada par ordenado ( ),x y a sua soma x+y . A aplicação f é a ope- ração de adição sobre N . Neste caso , o símbolo da operação é + , o com- posto x+y é chamado soma e os termos x e y são as parcelas do composto . Exemplo 3 .22 Seja a aplicação :f R R R× → tal que ( ),f x y x y= ⋅ . A aplicação f associa a cada par ordenado ( ),x y o seu produto x .y . A aplicação f é a operação de multiplicação sobre R . Neste caso , o símbolo da operação é “ .” , a operação é a multiplicação e os termos x e y são os fatores . Exemplo 3 .23 A aplicação :f Z Z Z× → tal que ( ),f x y x y= − é a operação de subtração sobre Z . – 79 – Aplicações e Operações Observação As operações de soma e multiplicação acima podem ser estendidas aos conjuntos Z , Q , R e C . A operação de subtração pode ser estendida aos con- juntos Q , R e C . Exemplo 3 .24 Seja a aplicação :f A A A× → , na qual m nA M ×= , em R , é o conjunto das matrizes de ordem m n× e os elementos dessas matrizes são números reais . ( ),f x y x y= + é a operação de adição sobre m nM × , em R . 3 .12 Propriedades das operações Considerando * uma lei de composição interna sobre o conjunto A , e , , x y z A∈ , temos as seguintes propriedades : I. Propriedade associativa : ( ) ( )* * * * , , , x y z x y z x y z A= ∀ ∈ Exemplo 3 .25 As adições em N , Z , Q , R e C satisfazem a propriedade associativa . Por exemplo , 1 2 5 1 2 5 2 3 7 2 3 7 + + = + + . As multiplicações em N , Z , Q , R e C satisfazem a propriedade asso- ciativa . Por exemplo , ( )( ) ( ) ( )0,37 0,555 1,23 0,37 0,555 1,23− × × = − × × . Exemplo 3 .26 A adição sobre as matrizes de ordem sendo os elementos das matri- zes números reais satisfaz a propriedade associativa . Por exemplo , – 80 – Fundamentos de Álgebra 2 5 1 6 1 5 2 5 1 6 1 5 3 0 4 3 2 0 3 0 4 3 2 0 3 11 1 5 2 5 0 11 7 3 2 0 3 0 6 3 2 16 2 16 9 3 9 3 − − + + = + + − + = + = Exemplo 3 .27 A multiplicação sobre as matrizes de ordem sendo os elementos dessas matrizes números reais satisfaz a propriedade associativa . Por exemplo , 3 1 3 1 2 3 5 0 7 2 3 5 0 7 1 2 1 2 1 4 1 1 1 1 4 1 1 1 6 5 6 5 1 20 39 33 0 7 2 3 5 2 5 13 14 1 1 1 4 1 5 37 33 240 33 240 14 77 14 77 × × = × × − − × = × − = Exemplo 3 .28 A divisão no conjunto dos números reais não é associativa . Veja o exemplo : ( ) ( )100 10 2 100 10 2 10 2 100 5 5 20 ÷ ÷ ≠ ÷ ÷ ÷ ≠ ÷ ≠ Em operações associativas , o uso de parênteses é dispensável . – 81 – Aplicações e Operações Se uma operação não é associativa , o uso de parênteses é obrigatório . II. Propriedade comutativa : * * , , x y y x x y A= ∀ ∈ Exemplo 3 .29 As adições em N , Z , Q , R e C satisfazem a propriedade comutativa . As multiplicações em N , Z , Q , R e C satisfazem a propriedade comutativa . Por exemplo , ( ) ( ) 5 8 8 5 3 7 7 3 + = + − × = × − Exemplo 3 .30 A adição sobre as matrizes de ordem m n× , sendo os elementos dessas matrizes números reais , satisfazem a propriedade comuta- tiva . Por exemplo , 2 5 1 6 1 6 2 5 3 0 4 3 4 3 3 0 3 1 1 3 1 1 7 3 7 3 + = + = Exemplo 3 .31 A subtração no conjunto dos números reais não é comutativa . Veja o exemplo : 20 15 15 20 5 5 − ≠ − ≠ − III. Propriedade do Elemento Neutro (e) : e A∈ é um elemento neutro para a operação * se * *e x x e x= = – 82 – Fundamentosde Álgebra Exemplo 3 .32 O número 0 é o elemento neutro para a operação de adição sobre os conjuntos N , Z , Q , R e C , pois 0 0 , x x x x+ = + = ∀ . O número 1 é o elemento neutro para a operação de multiplicação sobre os conjuntos N , Z , Q , R e C , pois 1 1 , x x x x× = × = ∀ . Exemplo 3 .33 A matriz nula O de ordem m n× é o elemento neutro da adição de matrizes de ordem m n× , pois ,A O O A A+ = + = para toda matriz A pertencente ao conjunto das matrizes de ordem m n× . Veja um exemplo no conjunto das matrizes de ordem 2 3× : 2 1 3 0 0 0 0 0 0 2 1 3 2 1 3 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 1 + = + = Exemplo 3 .34 A matriz identidade I de ordem m é o elemento neutro da mul- tiplicação de matrizes de ordem m , pois A I I A A× = × = para toda matriz A pertencente ao conjunto das matrizes de ordem m . Veja um exemplo no conjunto das matrizes quadradas de ordem 3 : 4 5 3 1 0 0 1 0 0 4 5 3 1 0 1 0 1 0 0 1 0 1 0 1 2 2 3 0 0 1 0 0 1 2 2 3 4 5 3 1 0 1 2 2 3 × = × = − − = − – 83 – Aplicações e Operações Exemplo 3 .35 A subtração nos conjuntos N , Q , Z , R e C não admite elemento neutro , pois não existe elemento e em N , Q , Z , R e C tal que * *e x x e x= = , para qualquer x em N , Q , Z , R e C . Proposição Unicidade do elemento neutro : Se existe um elemento neutro para a operação * em A , ele é único . Demonstração Suponha que e e e’ sejam elementos neutros da operação * . Então : 2 para o elemento neutro e , tem-se : e*e’=e’*e=e’ 2 para o elemento neutro e’ , tem-se : e’*e=e*e’=e Portanto , e’=e . IV. Propriedade do Elemento Simétrico : Considere a operação * que tem elemento neutro e em A . Dizemos que x A∈ tem um elemento simétrico em A se existe 'x A∈ , tal que * ' '*x x x x e= = . Se a operação é a adição nos conjuntos Z , Q , R ou C , então o simé- trico de x é –x , chamado de oposto de x . Se a operação é a multiplicação nos conjuntos Q , R ou C , então o simétrico de x é 1 1 x x − = , chamado de inverso de x . Exemplo 3 .36 Vejamos o simétrico de alguns números em Q e Z . 2 O simétrico de 5 para a operação de adição em Z é seu oposto -5 , pois 5 + (-5) = 0 , lembrando que 0 é o elemento neutro da adição em Z . – 84 – Fundamentos de Álgebra 2 O simétrico de 5 para a operação de multiplicação em Q é seu inverso 1 5 , pois 15 1 5 × = , lembrando que 1 é o elemento neutro da multiplicação em Q . 2 O simétrico de -3 para a operação de multiplicação em Q é seu inverso 1 3 − , pois 13 1 3 − × − = . 2 O simétrico de 0 para a operação de multiplicação em Q não existe , pois não existe seu inverso 1 0 , já que a divisão por 0 não é definida . Dizemos que 0 não é simetrizável para a mul- tiplicação . 2 O simétrico de 4 para a operação de multiplicação em Z não existe , pois não existe seu inverso 1 4 em Z . Dizemos que x Z∈ não é simetrizável para a multiplicação . Exemplo 3 .37 4 5 3 1 0 1 2 2 3 A = − é simetrizável para a adição de matrizes . Seu simétrico é sua matriz oposta de A , 4 5 3 1 0 1 2 2 3 A − − − − = − − − − , pois 4 5 3 4 5 3 0 0 0 1 0 1 1 0 1 0 0 0 2 2 3 2 2 3 0 0 0 − − − + − − = − − − , – 85 – Aplicações e Operações que é o elemento neutro da adição de matrizes de ordem 3 3× . Exemplo 3 .38 2 5 4 1 A = é simetrizável para a multiplicação de matrizes . Seu simétrico é sua matriz inversa 1 1 5 18 18 2 1 9 9 A− − = − , pois 1 5 1 5 2 5 2 5 1 018 18 18 18 2 1 2 14 1 4 1 0 1 9 9 9 9 − − × = × = − − , que é o elemento neutro da multiplicação de matrizes quadradas de ordem 2 . Exemplo 3 .39 Vejamos o exemplo de uma matriz não simetrizável . A matriz 3 5 6 2 1 3 A = − não é simetrizável para a mul- tiplicação de matrizes , pois não existe 1A− tal que 1A A I−× = . Lembre-se que apenas matrizes quadradas cujos determinantes sejam diferentes de 0 possuem inversa . Exemplo 3 .40 14 7 4 2 A = não é simetrizável para a multiplicação de matrizes , apesar de ser uma matriz quadrada . Suponha que sua matriz inversa seja 1 a b A c d − = . – 86 – Fundamentos de Álgebra Então , 14 7 1 0 4 2 0 1 a b c d × = . Desenvolvendo o produto de matrizes , temos : 14 7 1 14 7 0 4 2 0 4 2 1 a c b d a c b d + = + = + = + = Este sistema é impossível , portanto a matriz 14 7 4 2 A = não pos- sui inversa . Observe que ( ) ( ) ( )det 14 2 4 7 28 28 0A = × − × = − = . Proposição Considere a operação * sobre o conjunto A e um elemento x A∈ simetrizável . Se a operação * em A é associativa e tem elemento neutro , então o simétrico de x é único . Demonstração Sejam x’ e x” simétricos de x . Então , ( ) ( )' * ' "* * ' "* * ' "* "x e x x x x x x x x e x= = = = = . Proposição Considere a operação * sobre o conjunto A com elemento neutro e . 2 Se x é simetrizável , então x’ também é e (x’)’=x . 2 Se * é associativa e , x y A∈ são simetrizáveis , então x*y é simetrizável e ( )* ' '* 'x y y x= – 87 – Aplicações e Operações V. Propriedade dos Elementos Regulares : Definição Dizemos que um elemento a A∈ é regular em relação à operação * se ,x y A∀ ∈ , sendo : (1) * * a x a y x y= ⇒ = (a é regular à esquerda) . (2) * * x a y a x y= ⇒ = (a é regular à direita) . Se a operação * em A é comutativa , se a é regular à esquerda , tam- bém é regular à direita . Exemplo 3 .41 Qualquer a N∈ é regular para a adição em N , pois , , .a x a y x y x y N+ = + ⇒ = ∀ ∈ Qualquer a Z∈ é regular para a multiplicação em Z , pois , ,a x a y x y x y Z× = × ⇒ = ∀ ∈ 0 não é regular para a multiplicação em R , pois 4 0 5 0 4 5.e× = × ≠ VI. Propriedade distributiva : Definição Sejam * e ◊ duas operações sobre o conjunto A . Dizemos que ◊ é distributiva em relação a * se : (1) ( ) ( ) ( ) * *x y z x y x z◊ = ◊ ◊ ◊ (é distributiva à esquerda de *) . (2) ( ) ( ) ( )* *y z x y x z x◊ = ◊ ◊ ◊ (é distributiva à direita de *) . Se a operação * em A é comutativa , se a é distributiva à esquerda , também é distributiva à direita . Exemplo 3 .42 A multiplicação em R é distributiva em relação à adição em R , pois ( ). , , ,x y z xy xz x y z R+ = + ∀ ∈ . – 88 – Fundamentos de Álgebra Exemplo 3 .43 No conjunto nM de matrizes quadradas de ordem n , a multiplica- ção é distributiva em relação à adição , pois ( ). . . , , , nA B C A B A C A B C M+ = + ∀ ∈ . Exemplo 3 .44 Verifique se a operação * sobre R , definida como 3* 2 x x y y = é asso- ciativa , comutativa e se tem elemento neutro . Solução Verificando se * é associativa : ( ) 33 23 9 9* * * 2 2 2 .2 4 x yx x x x y z z y z y z yz = = = = ( ) ( ) 3 3 3 3* * 332 * 32 2 x x x xz xz x y z yyy z y y zz = = = = = Como ( ) ( )* * * *x y z x y z≠ , a operação * sobre R , assim definida , não é associativa . Verificando se * é comutativa : 33* * 2 2 yx x y e y x y x = = Como * *x y y x≠ , a operação * sobre R , assim definida , não é comutativa . Verificando se * tem elemento neutro : 2 2 2 2 * * 3 3 6 6 2 2 x e e x x e e x e x e x e