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N2 - TRABALHISTA

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (ÍZA) FEDERAL DA 
50ª VARA DO TRABALHO DE ASSIS/SP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autos nº XXX. 
 
 
SUPERMERCADO TANGERINA LTDA, empresa 
devidamente inscrita no CNPJ nº, e-mail, devidamente estabelecida na Logradouro, nº, 
Cidade, Estado, CEP, por seu advogado que esta subscreve (procuração em anexo), com 
escritório localizado na Logradouro, nº XXX, Cidade, Estado, CEP, onde recebe suas 
notificações e intimações, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência, com 
fulcro no artigo 847 da CLT, oferecer 
CONTESTAÇÃO 
À Reclamação trabalhista que lhe move ISALINA, 
devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, pelas razões de fato e direito 
a seguir expostas. 
 
1- DOS FATOS 
A Reclamante, Isalina, alega ter ocupado o cargo de 
gerente geral no Supermercado Tangerina Ltda, durante 5 anos, sendo responsável pelo 
controle do desempenho profissional e jornada de trabalho dos funcionários, bem como 
pelo desempenho comercial do estabelecimento. Aduz que recebia salário mensal de R$ 
5.000,00, acrescido de gratificação de função no percentual de 50% em relação ao cargo 
efetivo. 
Contudo, alega que seu salário era inferior ao do gerente 
Mélvio Tomate, que percebia remuneração de R$ 7.000,00 no mercado de grande porte, 
atendendo tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Requer, portanto, as diferenças salariais 
e seus reflexos. 
Isalina afirma que trabalhava das 8h às 20h, de segunda 
a sábado, com intervalo de 20 minutos, e pleiteia o pagamento de horas extras e reflexos 
decorrentes dessa jornada. 
Adicionalmente, alega ter sido transferida de São Paulo 
para Assis/SP após um ano de serviço, estabelecendo residência com sua família nesta 
cidade. Por essa razão, requer o pagamento do adicional de transferência. 
Além disso, Isalina solicita a devolução dos descontos 
relativos ao plano de saúde que assinou no ato da admissão, indicando dependentes. 
Por fim, a Reclamante requer a aplicação da multa 
prevista no Art. 477 da CLT, alegando que foi notificada da dispensa em 17/04/2023, uma 
segunda-feira, e que a empresa somente efetuou o pagamento das verbas rescisórias e a 
homologação da dispensa em 27/04/2023, um dia após o prazo legal. 
 
2 – DO DIREITO 
2.1 – DIFERENÇAS SALARIAIS E REFLEXOS 
O salário de cada empregado é estabelecido conforme o 
cargo exercido, suas responsabilidades e a política remuneratória da empresa. No caso 
em questão, a Reclamante, embora alegue receber remuneração inferior ao gerente 
Mélvio Tomate que trabalhava em mercado de grande porte e atendia pessoas físicas e 
jurídicas, o que justifica essa diferença salarial. 
Ou seja, a Reclamante não tem direito a equiparação 
salarial prevista no artigo 46, §1º da CLT, pois, o empregado só terá direito a equiparação 
salarial sendo de função idêntica, ao mesmo empregador e no mesmo estabelecimento 
empresarial. 
Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de 
igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo 
estabelecimento empresarial, corresponderá igual 
salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou 
idade. 
 §1º Trabalho de igual valor, para os fins deste Capítulo, 
será o que for feito com igual produtividade e com a 
mesma perfeição técnica, entre pessoas cuja diferença 
de tempo de serviço para o mesmo empregador não seja 
superior a quatro anos e a diferença de tempo na função 
não seja superior a dois anos. 
Também como prevê a súmula nº 6 do TST, incisos III, 
conforme a seguir: 
EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT. 
III - A equiparação salarial só é possível se o empregado 
e o paradigma exercerem a mesma função, 
desempenhando as mesmas tarefas, não importando se 
os cargos têm, ou não, a mesma denominação. 
2.2 DO PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS E REFLEXOS 
A jornada de trabalho alegada pela Reclamante, das 8h 
às 20h, de segunda a sábado, com intervalo de 20 minutos, totaliza 12 horas diárias, o que 
extrapola o limite legal de 8 horas diárias de trabalho. Porém, como Isalina era gerente, 
de acordo com o artigo 62, II da CLT e a súmula 287 do TST, não faz jus a hora extra. 
Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste 
capítulo: 
II - Os gerentes, assim considerados os exercentes de 
cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do 
disposto neste artigo, os diretores e chefes de 
departamento ou filial. 
287- JORNADA DE TRABALHO. GERENTE 
BANCÁRIO. 
A jornada de trabalho do empregado de banco gerente 
de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto 
ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o 
exercício de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 
62 da CLT. 
 
2.3 – DO ADICIONAL DE TRANFERÊCIA 
A transferência da Reclamante para Assis/SP ocorreu 
após um ano de serviço, tendo lá fixado residência com sua família, requerendo o 
pagamento do adicional de transferência. 
Há previsão de transferência para empregados que 
exercem cargo de confiança no artigo 469, §3º da CLT, porque a transferência foi 
definitiva. 
Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o 
empregado, sem a sua anuência, para localidade 
diversa da que resultar do contrato, não se considerando 
transferência a que não acarretar necessariamente a 
mudança do seu domicílio. 
§ 3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador 
poderá transferir o empregado para localidade diversa 
da que resultar do contrato, não obstante as restrições 
do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado a 
um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte 
e cinco por cento) dos salários que o empregado 
percebia naquela localidade, enquanto durar essa 
situação. 
Porém, a Orientação Jurisprudencial 113 da Secção de 
Dissídios Individuais, Subseção 1 do TST, arrola que está transferência está apta a 
legitimar a percepção de adicional de transferência, se for de forma provisória, não se 
aplicando no caso em questão. 
 
2.4 – DA DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS RELATIVOS AO PLANO DE SAÚDE 
A Reclamante aderiu voluntariamente ao plano de saúde 
no momento da admissão, indicando seus dependentes. Os descontos realizados em seu 
salário são proporcionais às coberturas e benefícios concedidos pelo plano de saúde, e 
não configuram qualquer irregularidade ou prejuízo à reclamada. 
Os descontos salariais efetuados pelo empregador, 
autorizado pelo empregado por escrito, integrando planos de assistência médico-
hospitalar, odontológicos, de seguro, de previdência privada, mencionadas na Súmula 342 
do TST. E em benéfico do empregado e de seus dependentes, não afrontam a disposição 
do artigo 462 da CLT e a súmula 342 do TST 
Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer 
desconto nos salários do empregado, salvo quando este 
resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de 
contrato coletivo. 
DESCONTOS SALARIAIS. ART. 462 DA CLT. 
Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a 
autorização prévia e por escrito do empregado, para ser 
integrado em planos de assistência odontológica, 
médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, 
ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-
associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de 
seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 
da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de 
coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico. 
 
2.5 DA MULTA PREVISTA NO ART. 477 DA CLT 
Requer a Reclamante a multa do art. 477 da CLT, tendo 
em vista que as verbas rescisórias foram pagas no dia 27/04/2023, sendo que a dispensa 
se deu em 17/04/2023. 
Porém, verifica-se que o prazo de 10 (dez) dias prescritos 
no artigo 477 da CLT. Desta forma, o prazo terminou exatamente no dia 27/03/2023. 
A Reclamada informa que cumpriu todas as obrigações 
legais e rescisórias devidas à Reclamante. A alegação de que teria ocorrido atraso no 
pagamento e na homologação da dispensa não procede, uma vezque a empresa efetuou 
o pagamento e a homologação dentro do prazo previsto em lei. 
 
3 – DO PEDIDO 
Diante do exposto, a Reclamada requer: 
1. A improcedência dos pedidos formulados pela 
Reclamante, notadamente quanto às diferenças salariais, horas extras, adicional de 
transferência, devolução dos descontos do plano de saúde e multa prevista no Art. 477 da 
CLT; 
2. A produção de todas as provas admitidas em direito, 
especialmente documental, testemunhal e pericial; 
3. A reclamante seja condenada ao pagamento das custas 
processuais, honorários advocatícios de Sucumbência. 
Termos em que, 
pede deferimento 
Local … Data … 
Advogado … 
OAB …

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